setembro 2018 Diretor Fundador João Ruivo Diretor João Carrega Publicação Mensal Ano XXI K No247 Assinatura anual: 15 euros
suplementos
www.ensino.eu Distribuição Gratuita
universidade
Évora estuda saúde de docentes C
Alice Vieira, jornalista e escritora
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politécnico
IPCB abre curso no Fundão Leiria com mais bolsas Portalegre recebe alunos da Guiné Curso de Indústria Automóvel no IPG C
P 10,11, 16 e 17
santander é parceiro
NOVA SBE é um laboratório vivo com talento e inovação
Os jornalistas são operários das palavras C
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lourenço medeiros
Pedro Santa-Clara, presidente da Fundação Alfredo de Sousa e criador do novo campus, fala da nova escola. C P 27
C P 21
Tecnologia sem segredos nem tabus C
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Alice Vieira, jornalista e escritora
Um livro aberto de histórias 6 Sucessivas gerações cresceram com a leitura dos seus livros, mas é no jornalismo que tem as suas raízes e onde tudo começou. As diferentes faces de Alice Vieira, na primeira pessoa. Li no «Jornal de Mafra»,
jornal onde ainda colabora, uma descrição sua: «operária das palavras e mulher de alma grande». Revê-se? De alguma forma. Todos os jornalistas são operários das palavras. Quando me perguntam a profissão eu digo logo: sou uma jorna-
lista que também escreve livros. Porquê? Porque o jornalismo define muito a nossa maneira de escrever e dá muita atenção às palavras. E é uma «mulher de alma grande»? Sou amigo-dependen-
te e não passo sem eles. Eu fiz 75 anos no dia 20 de março e até agosto já festejei o meu aniversário seguramente em oito festas diferentes. Se isto é ter uma alma grande, então eu tenho. Gosto de pessoas.
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Recentemente foi publicado um livro que a homenageia e a que se chamou «Retratos contados». O autor procurou descobrir as diversas Alices: a criança, a escritora, a jornalista, a mãe, a avó e a mulher. Em qual destas peles se sente mais confortável? Não consigo separar. Sinto-me confortável em todas, mas talvez a que pratique menos é a de avó, porque eles estão todos longe. Mesmo os mais novos, que moram mais perto, vivem em Torres Novas. Mas procuro ser uma avó o mais presente possível. É no jornalismo que desaguam todas as suas conversas. Depois do «Diário de Lisboa», seguiu-se o «Diário Popular» e o «Diário de Notícias». É vício, paixão ou o seu prolongamento? É paixão. Segundo me disseram no outro dia, tenho 84 livros publicados. São bastantes. Se os meus editores me dissessem para eu parar, eu parava, logo. Já quando não tenho nenhum jornal para escrever, e isso felizmente acontece pouco, confesso que me custa muito. A escrita de jornal é outra coisa, definitivamente. Comecei muito cedo nos jornais e
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é uma paixão que me vai acompanhar até morrer. Considero que sou muito mais jornalista do que escritora. É uma apaixonada por «estórias» e histórias? Completamente. Até as discussões entre casais aqui no meu bairro são logo fator de inspiração para as minhas crónicas. Se estivermos de olhos e de ouvidos abertos temos sempre histórias para contar. Lembro-me de um grande jornalista, o Carlos Pinhão, que dizia com graça e realismo, «eu vou ali à rua buscar uma história». O jornalismo vive tempos perigosos. Foi um murro no estômago ver o seu «DN» passar a semanário? Foi um grande murro no estômago, especialmente para os jornalistas da velha guarda. E não sabemos onde foram parar os arquivos do jornal, o que é duplamente preocupante. Penso que esta decisão é o anúncio da morte anunciada do jornal ou então ficará apenas em versão digital. Não se revê no jornalismo atual? Mudou muita coisa. Lembro-me que no meu tempo os jornalistas ;
tinham liberdade completa para fazerem o que quisessem e só quando regressavam à redação é que comunicavam ao chefe o que tinham em mãos. Custa-me muito ler notícias em três linhas, mal feitas, pior escritas. Com tanta escola de jornalismo por aí… A passagem de muitos títulos para a posse de grupos económicos foi determinante? Não sei. Há muita informação a circular. Li no outro dia um artigo, já não me recordo o autor, que dizia algo como «estes jornais não são para velhos». Quem é que compra hoje um jornal em papel? São os mais velhos e até duvido que muitos destes leitores se revejam no produto que têm nas mãos. E dar notícias que já todos sabem de véspera vale de muito pouco. Os jornais de hoje teriam de mudar, acima de tudo, fazer diferente. Mas não é isso que está a acontecer. Pelo contrário, os jornais da atualidade estão todos iguais. As redações perderam memória? Confrontamo-nos com algo terrível, e que por vezes se consegue constatar em notícias, aqui e ali, que o que se passou há meia dúzia de anos dificilmente é conhecido pelos profissionais mais novos. As escolas de jornalismo e os cursos
de comunicação social pecam por ensinar muita teoria e pouca prática? Vou contar-lhe uma história: no primeiro congresso de jornalistas lembro-me de estar com o Afonso Praça e passarem uns alunos da faculdade de jornalismo e ele dizer, no seu estilo: «Esta gente está toda cheia de semiótica nas cabeças!». Isto para lhe dizer que a bagagem é importante, mas só com a tarimba é que um profissional consolida os seus conhecimentos. A prática é que vai ensinar tudo. Mas digo-lhe já: não é por se ter um curso numa universidade de jornalismo que se fica jornalista. Costuma dizer que falta a camaradagem do seu tempo e as tertúlias e os jantares nos restaurantes e nos bares de Lisboa… O contexto era diferente. Não havia net e se queríamos notícias tínhamos de andar à procura delas. E não havia melhor sítio do que os restaurantes e os bares de Lisboa. Reconheço que não tínhamos grande vida privada, porque depois de fechado o jornal, o trabalho continuava à mesa. E esse convívio pós-trabalho reforçava, e muito, os laços de solidariedade entre nós. O espírito de corpo era muito forte. Ainda hoje quando nos encontramos, um grupo a que se deu o nome de ADN (Antigos do Diário de Notícias), recordamos esses tempos com muita sauda-
de. Foram momentos que nos marcaram bastante. O cheiro a chumbo das redações é algo que lhe ficará para sempre… Sempre. Estas novas gerações não sabem o que isso é. O barulho da máquina escrever, o cheiro a chumbo e o paginar no chumbo, são vivências que nunca sairão da minha memória. Vamos agora para a Alice escritora. Quando é que se apercebeu que era um fenómeno literário de crianças e adolescentes? Eu, fenómeno literário? Gosto que as pessoas me leiam e que venham falar comigo, nomeadamente na Feira do Livro, onde estou do princípio ao fim. A escrita nasceu comigo, mas na edição de livros já estou há cerca de 40 anos. Aqui há uns dias fui a uma escola e uma miúda deu-me um livro para assinar e verifiquei que estava muito manuseado. Então não é que naquele livro eu já tinha feito dedicatórias para a avó, para a mãe e agora para a filha? Viveu em Paris durante alguns anos e chegou mesmo a experienciar o Maio de 68. O que é que trouxe da cidade luz? Fui para Paris zangada com toda a gente. E deparei-me com um mundo de opor-
tunidades e de experiências novas. Por isso costumo dizer que Paris foi a minha universidade. Fui viver com uma prima minha que estava lá exilada, a jornalista Maria Lamas. Esta ativista extraordinária recebia personalidades da reputação do Jorge Amado, da Zélia Gaitan, o Pablo Neruda, o Jorge Semprun, etc. Quando cheguei a Lisboa, de mente aberta, vinha decidida a fazer o que me vinha na alma e assim foi. Foi o clique que faltava a uma jovem de vinte e poucos anos. Falemos agora da educação literária e que voltou a ser relançada com a polémica em torno de «Os Maias». Qual é a sua opinião? Há livros que têm mesmo de ser dados. Tenho muito medo destas modernices, em que só se lê aquilo ou assado. Não faz mal nenhum puxar pela cabeça dos miúdos. E acho que «Os Maias» facilita esse exercício. Eu todos os anos leio «Os Maias» e descubro sempre coisas novas. Por falar em «Os Maias», ainda estamos muito próximos, como país, desse Portugal do século XIX? Então não estamos? «Os Maias» somos nós. Mas é um livro riquíssimo pela forma de escrever e pelas maravilhosas histórias que Eça descreve ao longo de toda a obra. É um livro fascinante. ;
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Teve uma infância conturbada e diz mesmo que o Liceu Dona Filipa de Lencastre, em Lisboa, foi a sua verdadeira família. Como recorda esses tempos? Vivi sempre com tios velhotes e não fui à escola. Aprendi com uma senhora a ler, a contar, etc. Era obrigatório fazer o exame da quarta classe a uma escola pública e lá fui. Quando eu disse que queria ir para o liceu, os meus familiares iam-me matando, argumentando que eu não ia gostar de estar com crianças. Puro engano. Eu até inventava aulas que não tinha para lá estar mais tempo. Eu era muito popular, ia aos casamentos das empregadas, à casa dos professores, etc. Foi muito marcante. A minha sala de aula nesse liceu tem hoje o meu nome.
qualquer dia faço cursos para ensinar como se usa o Facebook. É um perigo? É, se nós deixarmos. É uma invasão de privacidade? Sim, se permitirmos. Mas esta ferramenta bem utilizada é extraordinária. Eu dei uma queda, em Paris, há cerca de dois anos. Quando cheguei a Lisboa, cheia de dores, escrevi no Facebook o que se tinha passado. Num ápice, tinha a Ana Escoval, a diretora de todos os hospitais de Lisboa, a mandar-me uma mensagem informando-me que tinha consulta marcada no hospital Curry Cabral. Eu cheguei lá e o médico diz-me: «Podia ter ficado paralítica!»
Visita cerca de 80 escolas por ano. Tem algum secretário para fazer a gestão dos agendamentos? É a minha editora que trata da logística. Às vezes tratam diretamente comigo, mas eu procuro sempre encaminhá-los para lá. Agora no mês de setembro vão começar a cair os primeiros pedidos. Não podemos ir a todas, mas a maior concentração de solicitações e de visitas é quase sempre no norte, uma região do país particularmente ativa neste campo.
Preocupa-a o tempo que os mais jovens passam diante de aparelhos tecnológicos? Há tempo para tudo, mas o que me assusta é a exclusividade para essas maquinetas todas. Os miúdos conversam muito pouco e não é dando um telemóvel a um miúdo pequeno para o calar que o vão incentivar ao diálogo. As crianças aprendem é com o exemplo.
Diz que tem paciência com os alunos, mas confessa que por vezes a perde com os professores. Pode explicar-nos? Os professores são, por vezes, muito «certinhos», enquanto os alunos são mais expansivos. Faz muito diferença – e isso nota-se – ver alunos tratados por professores que dão todos os dias o seu máximo por uma escola melhor. No outro dia tive um episódio muito divertido e triste ao mesmo tempo. Ligaram-me de uma escola a convidar para lá ir, mas disseram-me que naquele estabelecimento não entravam livros, nem cadernos. «Ai é? Então eu também não entro aí. Obrigado». Saem todos as perder com o braço de ferro entre os professores e o Ministério? Nunca foram fáceis as relações entre professores e Ministério da Educação, mas acho que está na hora de chegarem a um consenso e de porem a mão na consciência e reconhecer que são sempre os miúdos os mais prejudicados. Define-se como uma fanática do Facebook. O que é que a atrai? Faço todos os anos cursos de escrita criativa, mas já disse que
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Tem muitos bloqueados no seu Facebook? Ui, tantos. Aquilo é o meu quintal e é para eu me divertir.
CARA DA NOTÍCIA Referência no jornalismo e nos livros 6 Alice Vieira é um livro aberto de histórias que vai desfiando a um ritmo avassalador, intervalando-as com sonoras e contagiantes gargalhadas. Recebe-nos a meio da manhã de um tórrido agosto na sua casa das Avenidas Novas, em Lisboa. Alice Vieira nasceu em 1943, em Lisboa. É licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras de Lisboa. Iniciou a sua carreira de jornalista aos 18 anos, no Diário de Lisboa. Trabalhou em vários jornais, entre os quais o Diário de Notícias, a cuja redação pertenceu até 1990, data em que deixou o jornalismo diário, para ficar como free-lancer, sendo durante muitos anos colaboradora do Jornal de Notícias e da revista Activa. Atualmente está reformada do jornalismo, mas trabalha no Jornal de Mafra e, desde há 13 anos, na revista juvenil Audácia, dos missionários combonianos. Em 1979 publicou o seu primeiro romance juvenil — Rosa, Minha Irmã Rosa — que nesse ano ganhou o “Prémio de Literatura do Ano Internacional da Criança”. Desde então tem publicado regularmente romances juvenis, poesia, teatro, recolhas de histórias tradicionais, livros infantis. Fez parte da equipa de escritores dos programas de televisão “Rua Sésamo”, “Jornalinho”, “Hora Viva”, “Arco-Íris”, etc. Desloca-se quase diariamente a escolas e bibliotecas de todo o país – e também de países onde os seus livros estão traduzidos (Espanha, Alemanha, Holanda, Itália, Suécia, Sérvia, etc.). K
Para finalizar, a Alice e o país. Disse que «foram precisos 75 anos para gostar do Presidente da República, do Primeiro-Ministro, do presidente da Câmara e da presidente da junta». Como é que explica esta coincidência, sendo estas personalidades de gerações diferentes? Marcelo Rebelo de Sousa é meu amigo há muitos anos e tenho com ele aqueles contactos malucos que toda a gente tem. Já lhe disse: «não votei em ti, mas na próxima voto». Estou perfeitamente rendida. Eu fui muito amiga do pai do António Costa, o escritor Orlando Costa. O Fernando Medina é meu vizinho e sou muito amiga da mãe. Finalmente, gosto muito da presidente da junta, a Ana Gaspar. Penso que todos têm feito bons trabalhos, ainda por cima em contextos difíceis. Já disse que «a minha gargalhada tem-me ajudado a sobreviver» e, para ser franco, tenho sido testemunha disso nesta hora que levamos de entrevista… As pessoas já me vão conhecendo pela minha gargalhada. Em qualquer local, eu rio-me e as pessoas sabem que eu estou lá. K Nuno Dias da Silva _ Direitos Reservados H
Diplomada em Évora
Prémio Nacional de Demografia Mário Leston
Ana Filipa reforça Benfica
Évora ganha troféu
6 Formada em Ciências do Desporto pela Universidade de Évora, atualmente a realizar a dissertação de mestrado em Direção e Gestão Desportiva na mesma Universidade, Ana Filipa Mendonça vai representar a equipa de futsal do Sport Lisboa e Benfica nesta temporada desportiva. Aos 25 anos de idade, a estudante troca a cidade alentejana de Évora, onde começou a jogar futsal federada no Juventude Sport Clube, pela capital portuguesa e atuar na posição “universal” na equipa bicampeã nacional de Futsal Feminino. A estudante da UÉ recorda que começou a jogar esta modalidade numa altura em que “pouco ou nada se falava em futsal”. K
6 Andréia Maciel, investigadora do Laboratório de Demografia do CIDEHUS - UÉvora, foi a vencedora da 2ª edição do Prémio Nacional de Demografia Mário Leston Bandeira, que distingue a melhor tese de doutoramento na área de Demografia e Estudos de População. Esta é a segunda vez que a Universidade de Évora e o CIDEHUS recebem este galardão. O prémio, concedido pela Associação Portuguesa de Demografia, em parceria com a Câmara Municipal da Mealhada, foi atribuído por unanimidade ao trabalho “Baixa fecundidade: adaptação tardia às mudanças estruturais ou consolidação da preferência por famílias de padrões reduzidos?” A tese em apreço conclui que “O declínio da fecundidade em Portugal
foi primeiramente marcado por uma intensa redução do quantum (nº de filhos) e, a seguir, pelos efeitos do tempo – contínuo adiamento do nascimento dos filhos para idades cada vez mais tardias – e pelas motiva-
ções para a parentalidade, com uma crescente valorização dos filhos.” A data para a entrega do prémio será anunciada brevemente pela Associação Portuguesa de Demografia. K
Universidade de Évora
Música premiada em Ávila Conferência
Dieta e Gastronomia na Universidade de Évora 6 A Conferência Internacional sobre Dieta e Gastronomia Mediterrânica: Ligando Inovação, Sustentabilidade e Saúde, organizada pela Universidade de Évora, decorrerá nos dias 15 e 16 de outubro de 2018. Durante os dois dias da conferência, especialistas nacionais e internacionais partilham conhecimento e a visão sobre o que motiva o consumo destes alimentos e como a gastronomia baseada na ciência pode ser uma ferramenta preciosa
para promover produtos alimentícios tradicionais e a Dieta Mediterrânea. Classificada pela UNESCO, em 2010, como Património Cultural Imaterial da Humanidade, a Dieta Mediterrânea reúne gastronomia, tradição, cultura e saúde. Inspirada pela paisagem cultural em constante mudança da região da bacia do Mediterrâneo, essa dieta é um diálogo aberto entre práticas seculares e inovação. K
6 Patrícia Pereira Camelo, licenciada em Música pela Escola de Artes da Universidade de Évora (UÉ), ganhou o 2º Prémio do III Concurso Internacional de Clarinete Baixo, organizado no âmbito do Curso Internacional de Clarinete Julián Menéndez, em Ávila, Espanha, que decorreu no passado dia 21 de julho. Trata-se de uma competição internacional do mais elevado nível no que diz respeito ao clarinete baixo, recebendo nesta edição candidatos de três continentes: Ásia, América e Europa. Para Ana Telles, diretora da Escola de Artes da UÉ, este resultado, à semelhança de outros que têm vindo a ser alcançados, mostram o trabalho desenvolvido pela Escola que dirige e o esforço e a dedicação dos premiados, numa profissão “exigente, estimulante e apaixonante” como é a de músico, en-
dereçando os parabéns a Patrícia Camelo e a Luís Gomes, professor do Departamento de Música desta Universidade. A obra ‘Manuel Fernández, Fantasía para clarinete bajo y piano’, de Salvador Chuliá, um dos grandes compositores espanhóis do século XX e XXI, com
mais de 700 composições no seu currículo, foi a escolhida pela organização para os finalistas executarem neste concurso internacional, tendo os mesmos interpretado na semifinal a peça ‘Ballade’, de Eugéne Bozza, acompanhados ao piano pelo alemão Reiner Klaas. K
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Rita Ruivo
Psicóloga Clínica (Novas Terapias)
Ordem dos Psicólogos (Céd. Prof. Nº 11479)
Av. Maria da Conceição, 49 r/c B 2775-605 Carcavelos Telf.: 966 576 123 | E-Mail: psicologia@rvj.pt
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UTAD investiga na área do cancro
Veterinária combate cancro nos humanos 6 Estudos no âmbito da medicina veterinária, sobre as semelhanças clínicas e moleculares dos carcinomas inflamatórios da mama entre a cadela e a mulher, reforçam a cadela como modelo espontâneo para o estudo destes tumores e abrem perspetivas animadoras à contribuição na pesquisa para a cura do cancro nos humanos. Esta é a convicção da investigadora Felisbina Queiroga, docente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). “O paradigma do cancro significar uma ‘sentença de morte’ está a mudar, hoje encaramos este diagnóstico como uma doença que queremos tornar crónica”, defende a investigadora, que é coautora (juntamente com outros investigadores do Departamento de Ciências Veterinárias da UTAD e de centros de investigação do Reino Unido, EUA e Argélia) de
um artigo publicado recentemente na publicação científica Seminars in Oncology, onde o tema é debatido. Das perspetivas clínicas mais animadoras, a investigadora destaca o desenvolvimento da imunoterapia, acreditando que “em
breve haverá muitas novidades a este respeito”. Trata-se de um método inovador de tratamento do cancro, que passa pela ativação do próprio sistema imunitário do organismo. “Existem já várias empresas que estão a desenvolver novos medicamentos neste campo e, na minha opinião, é uma das áreas que irá sofrer maior desenvolvimento na próxima década”, sustenta Felisbina Queiroga. Nesse sentido, adianta ainda, “a nossa equipa de investigação tem vindo a desenvolver vários trabalhos relacionados com o infiltrado inflamatório presente no estroma dos tumores de mama. Constatámos já que existe relação entre a quantidade de Macrófagos e Linfócitos presente no estroma do tumor e o prognóstico destas neoplasias, o que vem apoiar o desenvolvimento de vacinas anti-tumorais”. K
O fim da Teoria de Marcus
Coimbra ganha luta com 25 anos 6 A conhecida teoria de Marcus, que explica a transferência de eletrões em reações químicas, foi invalidada por uma equipa de cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), liderada pelo professor catedrático Luís Arnaut. O artigo científico publicado na Nature Communications, do grupo Nature, prova que a teoria desenvolvida em 1956 por Rudolph Arthur Marcus, e que lhe valeu a atribuição do prémio Nobel da Química em 1992, está errada. Em causa está a reorganização de moléculas necessária para a transferência de eletrões. Para ocorrer este tipo de reações químicas, a teoria de Marcus prevê que essa reorganização tem de ser principalmente efetuada nos solventes, mas o estudo agora publicado diz que não é assim, evidenciando que a chave para a transferência de eletrões está nos reagentes. Esta descoberta é o culminar de duas décadas e meia de estudos desenvolvidos no Departa-
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mento de Química da FCTUC, que geraram muita controvérsia dentro da comunidade científica ao longo do percurso. O grande impulsionador de toda esta investigação foi o químico Formosinho Simões (catedrático da FCTUC, falecido em dezembro de 2016), que sempre questionou a teoria de Marcus. “O Doutor Formosinho Simões defendia que a chave para transferência de eletrões estava nos reagentes, mas faltava uma evidência experimental decisiva para refutar a teoria de Marcus,
pois Marcus era um cientista muito credível e a sua teoria foi premiada com o prémio Nobel da Química 1992”, conta Luís Arnaut. Confrontado com duas visões radicalmente opostas em relação a esta reação química, “em 1993 reuni os químicos mais eminentes do mundo num NATO Workshop em Portugal para discutir o problema. À exceção de Formosinho Simões, ninguém ousou questionar o prémio Nobel. Foi uma discussão muito intensa”, recorda o docente da FCTUC. K
Melhor tese de Doutoramento da Europa
Margarida Carvalho vence 6 Margarida Carvalho, da Universidade do Porto, é a grande vencedora do EURO Doctoral Dissertation Award, uma distinção que representa o reconhecimento de dissertações de doutoramento excecionais na área de investigação operacional (IO). É a primeira vez que um português vence este prémio, que avalia a originalidade e novidade do tema da tese, a pertinência para a área de IO, a profundidade e amplitude dos resultados, as contribuições práticas e teóricas, as aplicações dos resultados, o impacto nas áreas de investigação e a qualidade das publicações associadas. A tese desenvolve resultados matemáticos que mostram como a teoria pode ser útil na prática. As conclusões apresentadas na
tese têm um potencial prático no âmbito da saúde, com aplicações em casos de transplante renal. Orientada por João Pedro Pedroso e Andrea Lodi, no âmbito do doutoramento em Ciências dos Computadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), intitula-se ‘Computation of equilibria on integer programming games’ e cruza duas áreas científicas: otimização combinatória e teoria dos jogos. O EURO Doctoral Dissertation Award foi lançado em 2003 e distingue contribuições de estudantes de doutoramento ou cientistas que tenham menos de dois anos de experiência desde a conclusão do doutoramento na área da investigação operacional. K
Combustíveis renováveis e menos CO2
Aveiro inova na energia 6 A Universidade de Aveiro acaba de conseguir, num só projeto, produzir combustíveis renováveis, usar um método limpo que faz uso da cortiça (renovável) e ainda retirar dióxido de carbono da atmosfera. Os resultados são do projeto H2Cork, do Instituto de Materiais de Aveiro e Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica (CICECO), em parceria com o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) e o PROcédés, Matériaux et Énergie Solaire (PROMES), em França. Tendo como objetivo a produção de combustíveis renováveis, mais concretamente, o hidrogénio, a equipa de investigadores criou um material (ecocerâmicas de cério à base de cortiça) que foi utilizado como catalisador para a separação do dióxido de carbono utilizando apenas luz solar concentrada. As ecocerâmicas apresentam uma estrutura alveolar que replica a estrutura da cortiça que serve de molde. A cortiça é sujeita a pirólise, ou seja, decomposição através de alta temperatura e ausência de oxigénio, formando-se uma estrutura de carbono que é posteriormente
infiltrada com uma solução cerâmica gerando, após um ciclo térmico, um catalisador cerâmico de óxido de cério (CeO2). Este material, extremamente leve e poroso, pode então ser utilizado como catalisador para a produção de combustíveis renováveis através da ação do sol. A posterior oxidação deste material, que pode ser obtida pela injeção de CO2, permite separar o CO2 em monóxido de carbono e oxigénio, os quais podem ser usados para a produção de combustíveis renováveis. A equipa que desenvolve o projeto H2Cork é formada pelos investigadores Robert Pullar, Rui Novais e Ana Caetano. K
Mestre pela Universidade de Évora
Arquitectura em livro 6 Gonçalo Matos, mestre em Arquitectura pela Universidade de Évora (UÉ), acaba de lançar, o livro “Mina das Barrojeiras“ que teve por base a dissertação de Mestrado apresentada em 2016. O autor destaca que, “numa região outrora dominada pela ruralidade”, a mina que dá nome à obra, localizada em Alcanadas, “desempenhou, na primeira metade do século XX, no conjunto das concessões do Couto Mineiro do Lena, um papel de grande destaque socioeconómico”.
A diretora da Escola de Artes da Universidade de Évora, Ana Telles endereçou os parabéns ao autor pela publicação e por todo o trabalho de investigação precedente, indicado que a Biblioteca da Universidade de Évora contará com um exemplar do livro, editado pelo Município da Batalha, que “enriquecerá o acervo e repositório da instituição e contribuirá para a divulgação da sua atividade enquanto entidade formadora do ensino superior português”. K
Évora e Algarve fizeram estudo
A saúde dos professores
Architecture Archeology and Tourism
Évora em Siracusa 6 O Departamento de Arquitectura da Escola de Artes da Universidade de Évora (UÉ), membro fundador com a Universtà Iuav di Venezia, da rede internacional de escolas de arquitectura, Designing Heritage Tourism Landscapes, vai participar no 5º Workshop Internacional de Arquitectura que terá lugar em Siracusa, Itália, em setembro de 2018. “Arquitectura, Arqueologia e Turismo” é o tema central para as visitas e trabalho de campo que se realizarão nos lugares históricos e arqueológicos de Palazzolo
Acreide, nas imediações de Siracusa. Este evento é realizado após Workshops em anos anteriores terem sido realizados em Veneza, Alqueva, Roquebrune-Cap Martin e Guanabacoa em Havana. A coordenação científica está a cargo de Bruno Messina e Emanuela Fidone, professores da Universitá degli Studi di Catania e de Mauro Marzo, professor da Univers´tà Iuav di Venezia, já a participação da UE é coordenada por João Rocha, professor do Departamento de Arquitectura. K
tecnologias em Agricultura de precisão
UÉ com novo mestrado 6 A Universidade de Évora através da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT/UÉ) e a Universidade Nova através da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT/UNL) lançam o Mestrado em “Tecnologias em Agricultura de Precisão”. O novo mestrado entra já
em funcionamento no ano letivo de 2018/2019, com duração de 4 semestres, funcionando o primeiro semestre na FCT/UNL, e o segundo semestre na Universidade de Évora, enquanto os terceiro e quarto semestres dependerão da opção dos alunos em termos de tese. K
6 Os resultados de três estudos realizados na Universidade de Évora (UÉ) e Universidade do Algarve (UAlg) foram apresentados na academia alentejana. Considerados como os maiores estudos feitos até ao momento no nosso país sobre “stress”, motivação e a saúde dos professores em Portugal, os investigadores destacam que, numa amostra de 12.158 professores portugueses, 52.4% percecionam bemestar do desempenho da sua atividade profissional, 50.2% sofrem de esgotamento, 26.9% de distúrbios cognitivos, 32% de distúrbios músculo-esqueléticos e 27.9% de alterações na voz. Na apresentação deste estudo, os organizadores deixaram o convite à participação no Seminário Internacional sobre Investigação e Intervenção em Stress a realizar a 29 de setembro na Universidade de Évora, (Colégio do Espírito Santo) com o apoio das Universidades do Algarve, Universidade da Madeira, Universidade Autónoma de Lisboa, Universidade de Leipzig, Universidade de Zwickau, Universidade de Barcelona, entre outras No estudo verifica-se, ainda, que os resultados obtidos nas várias dimensões de saúde dos professores portugueses são, na sua generalidade, inferiores aos dos espanhóis, observando-se maiores diferenças nas dimensões bem-estar e esgotamento. As análises realizadas permitiram à equipa definir três níveis de intervenção diferenciados, de acordo com o índice de saúde. Um primeiro nível onde 24.4% dos professores apresentam baixos resultados e cuja intervenção a realizar deve ser, essencialmente, ao nível do tratamento dos problemas diagnosticados e de promoção do bem-estar; um segundo
nível (saúde média), com 45.2%, onde devem incidir com intervenção preventiva; e um terceiro nível (saúde alta), com 30.4%, que evidenciam um grupo de professores resilientes, envolvido na sua profissão e que experienciam bemestar, e que, como tal, deverão ser melhor investigados no sentido de ajudarem os investigadores a identificar modelos promotores de bem-estar e resiliência na profissão docente. Encontram-se mais professores portugueses no índice de saúde mais baixo e menos nos índices médio e alto, quando comparamos com os professores espanhóis. Os resultados indicam-nos que os professores do ensino público, do 2º e 3º ciclo, e secundário, do género feminino, com mais de 50 anos e 20 de serviço são os que apresentam menor bem-estar e mais problemas relacionados com as dimensões de perda de saúde e, sobre os quais devem incidir urgentemente um programa de intervenção de primeiro nível. Este estudo revela ainda que o principal preditor da baixa saúde dos professores portugueses é a exaustão; 24,4% dos professores portugueses apresenta baixos resultados no índice de saúde profissional, enquanto em Espanha se haviam verificado 20% dos professores nesta situação (N=11668). No estudo sobre mobbing/assédio no trabalho, com 2003 professores, 22,5% dos professores têm consciência que sofrem com este fenómeno, no entanto, 75,1% dos professores assinalaram pelo menos um item da escala de mobbing LIPT-60, mas não reconhecem estar a ser vítimas (N=1504). Em média, os professores relatam 9 condutas de mobbing no local de trabalho, as condutas de agressão mais verificadas inserem-se no bloqueio à co-
municação (47%), ou seja, condutas que não deixam provas físicas. Dos professores que referem ter sido vítimas de mobbing, 83% consideram que tal teve consequências na sua saúde e desses 59% recorreu pelo menos 1 vez por ano ao atestado médico e 19 % recorreu pelo menos 2 vezes ao atestado médico. Por fim, o estudo relativo à influência de variáveis organizacionais, individuais e pertencentes à interface sujeito-organização (N=1129), demonstrou que: a relação entre a satisfação no trabalho e o desejo de permanecer na escola é parcialmente explicada pela identificação psicológica dos docentes com o estabelecimento de ensino; a combinação das perceções sobre a avaliação de desempenho e a justiça organizacional facilitam os recursos psicológicos positivos dos docentes (autoeficácia, resiliência, otimismo e esperança); a associação entre uma cultura de suporte (focada nas relações interpessoais e caracterizada por uma comunicação aberta) e o funcionamento da escola fomentam a satisfação laboral; a relação entre o clima da escola e o seu funcionamento contribui, igualmente, para uma maior satisfação no trabalho; e, quando os docentes se sentem justamente tratados pela sua escola e o funcionamento desta é visto como eficaz, vai surgir uma maior identificação psicológica com o estabelecimento de ensino e uma maior satisfação com as tarefas desempenhadas. A sessão contou com a presença de, entre outros, José Verdasca, coordenador do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, Adelinda Candeias, professora da Universidade de Évora e por videoconferência, Saúl Neves de Jesus, vice-reitor, da Universidade do Algarve. K
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Proteção e prevenção da lombalgia
UTAD inova na saúde 6 Um grupo de investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), juntamente com a Unidade de Fisioterapia do Instituto Piaget de Viseu e o Centro de tecnologia têxtil CITEVE, está a desenvolver um equipamento inovador de prevenção e proteção contra as lombalgias, recorrendo a têxteis inteligentes, o qual poderá substituir as ortóteses lombares comuns. Este estudo, que serviu de base às provas de mestrado em engenharia mecânica de Ana Raquel Teixeira de Sousa, é orientado pelos docentes e investigadores Paula Braga da Silva e José Manuel Xavier. Segundo aqueles especialistas, o equipamento em apreço resulta de “um projeto bastante inovador visto que alia têxteis inteligentes a materiais biológicos,
de forma a obter-se uma ortótese lombar completamente diferente das comuns”. A ortótese em causa “estará inserida numa camisola e será respirável, rígida mas elástica, o suficiente para suportar a coluna lombar e utilizará um material biodegradável”. A coluna lombar é uma estrutura anatómica de extrema importância pois suporta grande parte do peso corporal, em virtude da deslocação do ser humano. Desta forma, está sujeita a desgaste, forças e momentos excessivos que podem estar na origem de distintas patologias, como a lombalgia, uma disfunção frequente em trabalhadores que causa diminuição da qualidade de vida, produtividade, incapacidade funcional e absentismo. Dada a crescente dimensão que o problema
tem assumido, vários grupos de investigação têm procurado identificar fatores predisponentes para o desenvolvimento e manutenção da cronicidade. No caso do estudo da UTAD, os têxteis inteligentes exibem várias vantagens, visíveis pela elevada versatilidade das roupas, tanto nos processos de produção como nos produtos finais. A investigadora Ana Raquel Teixeira de Sousa é clara nas suas expectativas: “As fibras podem ser organizadas de várias formas, dando origem a produtos bidimensionais ou tridimensionais. Mas, mesmo depois das estruturas têxteis fabricadas, ainda é possível implementar características complementares através de processos de acabamento, como elasticidade ou rigidez”. K
Universidade
Europeia com empregabilidade 6 A Universidade Europeia, o IADE-Universidade Europeia, o IPAM–Lisboa e o IPAM-Porto, viram progredir a sua empregabilidade para 97% em 2018, tendo em conta a análise global dos dados de 2018 do Portal Infocursos. A empregabilidade da Universidade Europeia aumentou de 97% para 98% enquanto no IPAM-Lisboa subiu de 93% para 96% e no IPAM-Porto escalou de 91% para 94%. Os estudantes destas instituições são dos mais
procurados pelos empregadores em Portugal e os cursos de Gestão de Marketing - oferecido pelo IPAM- Lisboa (96%) e pelo IPAMPorto (94%) -, de Informática de Gestão (98,4%), Turismo (95,3%), Gestão de Empresas (96,3%) e Marketing, Publicidade e Relações Públicas (97%) - disponibilizados pela Universidade Europeia - são algumas das licenciaturas com maior taxa de empregabilidade em Portugal. K
Exposição patente no Salão Nobre
Diretor do IADE-UE distinguido em Loures Gestão Financeira
Minho preside na Europa 6 Manuel Rocha Armada, professor catedrático da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, acaba de tomar posse como presidente da Associação Europeia de Gestão Financeira (EFMA), tornando-se o único português a ter chegado à liderança desta associação, que foi criada em 1991 e reúne várias centenas de investigadores. A nomeação foi anunciada recentemente no Meeting Anual da EFMA, em Milão, Itália. O docente volta ao cargo que já ocupou em 2011 e fica, assim, responsável pela organização da Conferência Anual da EFMA, uma
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referência mundial neste âmbito, já marcada para junho de 2019 em Ponta Delgada, Açores, e com a presença do Nobel da Economia Robert Merton, do MIT (EUA). Na Conferência Anual que organizou em 2011, na UMinho, também tinha trazido outro Nobel, William Sharpe, da Universidade de Stanford, EUA. O professor foi ainda nomeado, há dias, como próximo presidente da “Portuguese Finance Network” (PFN), a qual também dirigiu em 2000. Manuel José Rocha Armada é licenciado em Gestão pelo Instituto Superior de Economia e Gestão
de Lisboa, mestre em Management Science pela Universidade de Kent e doutor em Business Administration pela Manchester Business School (ambas do Reino Unido). É professor convidado nas universidades de Bérgamo (Itália), Mackenzie, São Paulo e Unisinos (Brasil), Saragoça e Santiago de Compostela (Espanha), tendo ainda sido visiting scholar na London Business School, Manchester Business School (ambas no Reino Unido) e The Wharton School (EUA), entre outras. Tem sido orador convidado de conferências internacionais e já venceu vários prémios científicos. K
6 Carlos Rosa, diretor do IADE–Universidade Europeia, antigo aluno da Escola Secundária José Afonso, em Loures, acaba de ser distinguido pela sua carreira na área das artes e do design, com uma exposição dos seus trabalhos nos Paços do Concelho de Loures. Integrada no âmbito da exposição ‘Venham Mais Cinco’, que reúne ao obra de cinco antigos alunos da Escola Secundária José Afonso, a iniciativa tem como objetivo valorizar o ensino artístico desta escola e assinalar o sucesso de profissionais consagrados que têm algo em comum: todos passaram pela mesma escola. Designer de formação, Carlos Rosa assumiu a direção do IADE–Universidade Europeia em 2017. Doutorado em Design pela Faculdade de Arquitetura de Lisboa, Carlos Rosa exerceu funções como professor e investigador em
Design no IADE, onde lecionou na Licenciatura em Design e no Mestrado em Design e Cultura Visual. Em 2012 foi considerado “Ícone de Design” pela reputada revista Computer Arts. Foi galardoado pelo Centro Português de Design com o Prémio Nacional de Design para o biénio 2009-2011. K
Ex-Vice presidente do IPCB assume ETEPA
João Ruivo é o novo diretor 6 João Ruivo, docente universitário que já exerceu funções de vice-presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco e de diretor da Escola Superior de Gestão do IPCB, é o novo diretor da Escola Tecnológica e Profissional Albicastrense (Etepa). Doutorado em Teoria e História da Educação, é um dos principais investigadores portugueses na área da educação, sendo o seu trabalho reconhecido no nosso país e no estrangeiro, mantendo colaborações com diversas instituições internacionais, casos das universidades de Salamanca, Extremadura e Joanesburgo, ou dos Politécnicos de Macau (é avaliador externo), Leiria e Castelo Branco. Foi também um dos docentes que publicamente, e em conferências nacionais, defendeu o ensino técnico e profissional no nosso país. A apresentação pública do novo diretor da Etepa decorreu dia 3 de setembro, na sede da Associação Comercial e Empresarial da Beira Baixa (Acicb), em conferência de imprensa, onde marcou também presença o presidente da Associação, Sérgio Bento. João Ruivo diz ter aceite o convite da direção da Associação, como um desafio importante. “Senti uma grande cultura de apoio à escola por parte da direção da Acicb, para que esta se projetasse no futuro. Gosto de projetos vencedores”, disse. O novo diretor da Etepa adianta que um “dos motivos
que me levou a aceitar este convite foi o acreditar no ensino profissional. Sempre tive a perspetiva de que o ensino normalizado não serve a toda a gente. As aprendizagens são diferenciadas. A grande vantagem do ensino técnico é que permite diversidade e não discrimina quem opta por esta via”, justifica, lembrando a possibilidade dos alunos deste tipo de ensino “poderem prosseguir estudos para o ensino superior”. João Ruivo e a sua equipa propõem-se elaborar um plano estratégico para os próximos anos da escola. O diretor da Etepa recorda que “é preciso perceber quais são as atividades de eleição na próxima década”, acrescentando que o grande desafio das instituições de ensino é o de “formar técnicos sem
saber quais serão as profissões daqui a 15 anos. Não conseguimos adivinhar o médio e o longo prazo, mas no curto prazo devemos saber intervir. Por isso devemos responder áquilo que a Etepa deve ser daqui a três anos”. O diretor da Etepa fala em três princípios que a escola deve cultivar: “autonomia, autoavaliação e empreendedorismo. São desafios muito grandes. Espero contar com todos - direção da Acicb, diretora financeira da Etepa, docentes e não docentes - para os concretizar”. João Ruivo falou ainda da necessidade de reforçar o laço dos alunos e antigos alunos à escola, e também o ensino à distância. “As escolas devem ter um sistema de formação à distância (o qual pode permitir atualizações de
formação); e devem saber onde estão os seus diplomados. Estes dois aspetos vão fazer com que os alunos estejam sempre ligados à escola”. A concluir, João Ruivo agradeceu o trabalho desenvolvido pelas anteriores diretoras da instituição, Irene Matos, Olga Preto e Cristina Granada. Sérgio Bento, presidente da Associação Comercial e Empresarial da Beira Baixa (entidade proprietária da Etepa), considerou que com o “início do ano letivo chegamos também ao início de um novo ciclo na direção da escola. A professora Cristina Granada foi a diretora pedagógica da Etepa nos últimos três anos. Ciclo esse que agora chegou ao fim e pelo qual manifestamos os nossos agradecimentos tendo em conta
todo o tempo e dedicação dispensados”. A escolha do novo diretor, para além do seu currículo, teve em conta o trabalho que tem realizado: “Acreditamos que o professor João Ruivo é a pessoa indicada para, conjuntamente com o corpo docente e com os restantes colaboradores da Etepa, levar esta escola por novos rumos, sempre contando com o apoio e a disponibilidade da ACICB”. Sérgio Bento considera que a Etepa reúne “todos os requisitos necessários para ampliar o seu trabalho, pelo que contamos que nos próximos anos venha a ter o impulso esperado no sentido de se aproximar das exigências que atualmente pautam a vida profissional e académica do ensino superior, sendo esta última vertente cada vez mais presente nos alunos que concluem a sua formação na Etepa”. A Etepa foi fundada há 26 anos e inicia o próximo ano letivo com 141 alunos, distribuídos por 10 turmas de cursos profissionais e duas turmas de cursos de educação formação. Este ano recebe quatro novas turmas para os cursos de Animador Sociocultural; Técnico de Artes Gráficas; Comunicação Marketing Relações Públicas e Publicidade; e ainda Técnico de Comércio. Nos Cursos de Educação e Formação, a Etepa abre turmas em Acompanhante de Crianças; e Assistente Administrativo. K
Docente da Esart
Daniel Raposo publica no Reino Unido 6 O docente da Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, Daniel Raposo, acaba de editar o livro “Communicating Visually: The Graphic Design of the Brand” (Comunicar Visualmente: O Design Gráfico das Marcas). A obra é publicada pela Cambridge Scholars Publishing (Reino Unido). Em nota de imprensa, o politécnico albicastrense adianta que “os pontos de partida deste livro baseiam-se em como comunicamos visualmente e como as marcas constituem formas de interação cultural e social”.
Na mesma nota é referido que «Comunicar Visualmente» “é um livro que se centra nos vários vetores da comunicação visual, particularmente em marcas contemporâneas enquanto fenómenos sociais e culturais e na forma como as pessoas comunicam e criam significados, sempre na perspetiva do design”. Daniel Raposo adianta que o livro permite que o leitor tenha um visão holística e humanista incomum quando nos referimos a marcas ou a marcas gráficas, estabelecendo sempre a relação entre teoria e prática através de
casos reais. A marca é abordada na perspetiva da comunicação, do design, do universo simbólico, da cultura, da estética, da perceção visual e da gestão de marca. Cada capítulo corresponde a um ensaio inscrito numa lógica sequencial para explicar as relações entre comunicação visual, design e marca, consideradas como um fenómeno social, cultural e simbólico, particularmente em contextos nos quais impacta na vida das pessoas. O docente da ESART-IPCB, Daniel Raposo, contou com a colaboração de importantes profis-
sionais e académicos, tais como Joan Costa, Emilio Gil, Albert Culleré, Eduardo Herrera e Leire Fernández, de Espanha, Francisco Providência e Fernando Oliveira, de Portugal, Félix Beltrán, do México, e Bruno Maag, do Reino Unido. O livro estará à disponível para venda mundialmente, com desconto de 50% no mês de setembro diretamente no website da editora e disponível através de livrarias e distribuidores internacionais como Amazon, Blackwell, Baker & Taylor, YBP e Ingram, bem como através de parcerias
de distribuição em importantes territórios geográficos, como EUA, China, Índia e Oriente Médio. K
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CTESP
IPCB abre curso no Fundão 6 O Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) pretende lecionar no Fundão o Curso Técnico Superior Profissional (CTeSP) em Comunicações Móveis. Em nota enviada ao Ensino Magazine, o Politécnico albicastrense refere que o objetivo é iniciar a formação “já no próximo ano letivo”. A criação deste curso resulta de uma parceria entre o IPCB, a Câmara do Fundão, a empresa Altran e a Escola Profissional do Fundão. António Fernandes, presidente do Politécnico (na foto), citado na mesma nota, explica que “a oferta deste curso no Fundão insere-se na orientação estratégica delineada para o IPCB, incluindo na sua oferta formativa cursos com forte e demonstrada interação com as empresas, e apostando em formatos mais flexíveis e adaptados às necessidades das organizações, dos territórios e das expectativas dos estudantes”. O presidente do Politécnico adianta que “a ligação ao tecido empresarial e institucional, com a aposta em iniciativas conjuntas, melhora a dinâmica de atração,
Música
Esart ganha Folefest captação e fixação de jovens e técnicos qualificados na região”. O curso irá funcionar nas instalações da Escola Profissional do Fundão e da Altran, e todos os estágios curriculares serão realizados na Altran. Os interessados em se candidatarem a este curso, que tem um número máximo de 20 vagas, devem ter o 12.º ano de escolaridade concluído, mais de 23 anos e aprovação em provas especial-
mente adequadas ou titularidade de um Curso de Especialização Tecnológica ou outro grau de ensino superior. Recorde-se que o IPCB tem disponíveis para o próximo ano letivo um total de 560 vagas para este grau de ensino superior, distribuídas pelos 25 Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) que funcionarão nas suas escolas superiores: Agrária, Artes, Educação, Gestão e Tecnologia. K
6 O grupo Colapseis, composto por Ana Domingues (flauta transversal), Bárbara Dias (clarinete), Daniel Mota (oboé), Inês Lemos (fagote), Márcia Eira (trompa) e Fernando Brites (acordeão), alunos da licenciatura em Música, variante Instrumento da Escola Superior de Artes Aplicadas do IPCB, alcançou o 1º lugar na Categoria Superior de Música de Câmara no concurso Folefest - Festival e Concurso de Acordeão. Um dos prémios atribuídos ao 1º lugar, foi a realização de um concerto na Casa da Música, no Porto, intitulado ”Folefest - Concerto dos Laureados” que decorreu em julho. A 2º parte do concerto esteve a cargo do grupo Colapseis que interpretou, entre outras obras, uma estreia a nível mundial do docente e compositor da Escola Superior de Artes Aplicadas do IPCB, Paulo Jorge Ferreira. Fernando Brites interpretou a 1ª parte do Concerto dos Laureados também com uma estreia a nível mundial do docente e compositor Daniel Schvetz.
O sexteto Colapseis teve início no âmbito da disciplina de Música de Câmara da ESART-IPCB, tendo já atuado em diversos locais, incluindo o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), também no âmbito do concerto de laureados do Folefest, com gravação em direto para a Antena 2 e no auditório da Academia de Música de Paços de Brandão, no 40º Festival Internacional de Música de Verão (FIMUV). O sexteto Colapseis interpreta essencialmente repertório contemporâneo e original. Segundo a organização, o Folefest tem um papel crucial na divulgação do acordeão erudito, através de um concurso e de um festival que têm dado a conhecer instrumentistas e repertório de qualidade excecional. O Concerto de Laureados do Folefest apresentou os premiados da última edição do concurso, dando mostra da diversidade de formações em que o acordeão participa com um fascinante repertório. K
IPCB
ESE questiona povo Castelo Branco
Docente preside a APEduC
6 Fátima Paixão, docente da Escola Superior de Educação do IPCB, acaba de tomar posse como presidente da Associação Portuguesa de Educação em Ciências (APEduC) para um mandato de quatro anos. A direção daquela associação integra ainda Paulo Silveira, outro docente da ESE de Castelo Branco. Os novos corpos sociais,
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eleitos há cerca de um mês em Castelo Branco, integram elementos dos institutos politécnicos de Castelo Branco, Coimbra e do Porto, do Agrupamento de Escolas de Ílhavo e da Escola Secundária Alves Martins de Viseu, e das Universidades de Aveiro, do Minho, de Trás-osMontes e Alto Douro, de Lisboa e dos Açores.
Em nota enviada ao nosso jornal, Fátima Paixão refere que “esta é uma associação de âmbito nacional, e que estes corpos sociais são representativos dessa dimensão e da sua pluralidade agregadora de todos os que se interessam ou desenvolvem atividade em todos os níveis e contextos de educação e ensino das Ciências”. K
6 Duas alunas do Mestrado em Gerontologia Social, da Escola Superior de Educação do IPCB, vão percorrer as ruas da cidade de Castelo Branco a efetuar questionários à população albicastrense. Esta iniciativa decorre no âmbito do projeto PerSoParAge, desenvolvido pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco em colaboração com os Politécnicos de Bragança, de Portalegre e da Guarda e em parceria com as Câmaras de Castelo Branco e Idanha-a-Nova. Em nota informativa, o IPCB revela que estes questionários irão permitir um levantamento
das necessidades e expetativas, atuais e futuras, da população sobre o seu envelhecimento. A aplicação dos questionários terá início em agosto e decorrerá até ao final de setembro. As duas alunas da ESE-IPCB estarão devidamente identificadas. Recorde-se que o projeto PerSoParAge visa atuar nas zonas envelhecidas através do desenvolvimento de ferramentas de análise e criação de propostas de intervenção que fomentem a autonomia, a integração e a participação das pessoas idosas na vida local e no desenvolvimento dos territórios. K
VI Encontro IPL Indústria
Empresas oferecem 40 bolsas
Candidaturas aos TeSP
IPLeiria coloca mais de mil alunos
6 O Politécnico de Leiria colocou 1.031 estudantes na primeira fase de candidaturas aos cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP), de um total de 1.228 candidatos, o que representa um acréscimo de 12% de estudantes colocados e reflete um aumento de cerca de 200 candidaturas face ao ano anterior. A segunda fase de candidaturas aos TeSP, para as cerca de 250 vagas ainda existentes, decorre até 10 de setembro. O Politécnico de Leiria oferece cursos TeSP através das suas cinco Escolas – nas cidades de Leiria, Caldas da Rainha, Pe-
niche e Torres Vedras – nas áreas de artes e design, ciência e tecnologia do mar, ciências empresariais e jurídicas, educação e ciências sociais, engenharia e tecnologia, saúde e desporto, e turismo. A conclusão de um TeSP permite a obtenção de um diploma de técnico superior profissional equivalente ao nível 5 do Quadro Nacional de Qualificação, e o prosseguimento de estudos nas licenciaturas do Politécnico de Leiria. Com a duração de quatro semestres, os TeSP contemplam formação geral, científica e técnica e em contexto de trabalho (estágio). K
Superior de Saúde de Leiria
Gulbenkian aprova projeto 6 A Escola Superior de Saúde de Leiria acaba de ver aprovado, pela Fundação Calouste Gulbenkian, um projeto de promoção de competências em crianças e jovens da região, para que sejam capazes de enfrentar positivamente um futuro em rápida mudança, tornando-se assim uma Academia do Conhecimento. O projeto envolve crianças, jovens e pais das comunidades municipais de Leiria e de Porto de Mós, e procura desenvolver o pensamento crítico, a comunicação, a resiliência, o trabalho em equipa, a superação da frustração, a capacidade de resolver problemas complexos e a adaptação à mudança. Liderado por Vanda Varela, docente da licenciatura em Terapia
Ocupacional, o projeto envolve como parceiros as câmaras municipais de Leiria e de Porto de Mós, e cerca de uma dezena de docentes da ESSLei. Para Carolina Henriques, subdiretora da Escola, “a aprovação deste projeto traduz o empenho, a dedicação e o rigor que a Escola tem pautado nas atividades de investigação e de translação do conhecimento científico. Prova disso é o vasto número de projetos de investigação em que atualmente estão envolvidos estudantes e docentes, na procura de respostas para questões do domínio conceptual das diferentes disciplinas das Ciências da Saúde e da prática clínica”. K
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6 No próximo ano letivo sobe para 32 o número de empresas que patrocinam 40 bolsas de estudo IPL Indústria a estudantes de oito cursos do Politécnico de Leiria (IPL), lecionados na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria, com destaque para 19 bolsas a atribuir a estudantes de Engenharia Mecânica. Os resultados positivos do protocolo firmado entre o Politécnico de Leiria, a Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI) e a Associação Nacional de Indústria de Moldes (CEFAMOL) foram apresentados em julho, no VI Encontro IPL Indústria, numa sessão que juntou convidados e empresários da região, para realçar a ligação já consolidada entre a Academia e a Indústria. Rui Pedrosa, presidente do IPL, destacou os conceitos da letra “i” que aparece três vezes no nome do protocolo ‘IPL Indústria’, que foram o mote para as palavras inovação, investigação e internacionalização. Jorge Santos, presidente da Nerlei, destacou que o que diferencia as empresas são as pessoas, chamando a atenção para novos desafios: “Inteligência artificial, tecnologias aditivas e digitalização são alguns dos novos desafios que nos obrigam a mudar o nosso modelo de negócio, os processos produtivos ou até comerciais”.
O secretário-geral da Cefamol, Manuel Oliveira, mostrou a satisfação da parceria entre as três entidades e a forma como tem sido acolhida pelos parceiros, empresas e comunidade académica. “Esta é uma ligação que fortalece a indústria e a região, sobretudo a indústria de moldes, que se destaca pela inovação, know-how e rigor”, frisou Os resultados do protocolo IPL Indústria relativos a 2017/2018, apresentados por Carlos Capela, diretor da ESTG, mostram valores muito positivos. A parceria entre as três entidades resultou no último ano letivo na realização de 34 visitas de estudo, e ao nível da formação em contexto empresarial destaca-se a concretização de 98 estágios extra-
curriculares de verão, 142 estágios curriculares de licenciaturas, 34 estágios curriculares de mestrado nas empresas e 48 trabalhos de investigação. Durante os cinco anos de cooperação foram organizados 220 seminários, workshops, aulas abertas e ações de formação para colaboradores de empresas e 28 prestações de serviço a empresas. No âmbito dos desafios para o futuro da parceria IPL Indústria, Carlos Capela enunciou o alargamento do âmbito do protocolo, o follow-up do percurso dos estudantes premiados com bolsas, a intensificação da partilha e valorização do conhecimento com o tecido empresarial, e a organização de um dia aberto para as empresas. K
Programa “Homem e Biosfera” da UNESCO
Docente de Leiria coordena
6 Sérgio Leandro, docente da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM) do Politécnico de Leiria, acaba de ser indicado, pelo comité português do Programa Man & Biosphere (MaB) da UNESCO, como perito nacional para integrar o grupo de trabalho internacional que irá definir as diretrizes técnicas da Rede Mundial de Reservas da Biosfera. O Conselho Internacional de Coordenação do MaB é composto por peritos de todo o mundo, que irão durante os próximos dois anos desenvolver as orientações para as Reservas da Biosfera da UNESCO, em quatro áreas prioritárias: zonamento, governança, política, planos de gestão e de negócios, bem como e monitorização e gestão de dados. O MaB é um programa científico da UNESCO que tem como finalidade promover o equilíbrio entre as sociedades humanas e os ecossistemas, a conservação da biodiversidade, a promoção do desenvolvimento económico sustentável, e a melhoria da qualidade de vida
das populações. Além do investigador do IPLeiria, e atualmente subdiretor da ESTM, integram o painel de peritos os portugueses António Domingos Abreu e Eduardo Carqueijeiro, num total de 47 especialistas de todo o mundo. A Rede Nacional de Reservas da Biosfera da UNESCO integra atual-
mente 11 territórios, no continente (Paul do Boquilobo, Berlengas, Transfronteiriça Gerês-Xurés, Tranfronteiriça Meseta Ibérica, Transfronteiriça Tejo e Castro Verde), e nas regiões autónomas dos Açores (Ilha do Corvo, Ilha Graciosa, Ilha das Flores e Fajãs de São Jorge) e da Madeira (Santana). K
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Licenciatura em Acupuntura de Setúbal
IPS faz curso na China
6 Os estudantes da licenciatura em Acupuntura, lançada pela Escola Superior de Saúde de Setúbal em 2017, vão poder frequentar um ano extra na Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Tianjin, China, completando assim uma licenciatura de dupla titulação, com a duração total de cinco anos. O acordo que estabelece os termos desta licenciatura conjunta foi assinado, em julho, pelo presidente do IPS, Pedro Dominguinhos, e pelo reitor da Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Tianjin, Zhang Boli, no âmbito de uma visita aos campi do Barreiro e de Setúbal de uma comitiva de académicos com responsabilidades
nas áreas da internacionalização e modernização da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). O acordo tem duração até 2021 e determina que, ao longo do quinto ano, os estudantes da ESS/IPS tenham oportunidade de finalizar as matérias teóricas e de fazer prática clínica nos dois hospitais afetos à Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Tianjin, onde são tratados cerca de 10 mil pacientes por dia. “O objetivo deste acordo é que os nossos estudantes de Acupuntura possam beneficiar de uma experiência na China, numa das universidades mais reputadas na área da Medicina Tradicional Chinesa, o que, em última instância, lhes dará mais
possibilidades do ponto de vista profissional”, referiu o presidente do IPS, adiantando que já está a ser estudado um novo acordo com a Universidade de Medicina Tradicional Chinesa Tianjin, tendo em vista a mobilidade de docentes. Para o diretor da escola, António Manuel Marques, esta é uma excelente oportunidade de “reforçar a internacionalização da licenciatura em Acupuntura”, a primeira em Portugal a ser reconhecida pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), sendo que “não é possível desenvolver este programa de estudos em Acupuntura sem a colaboração dos especialistas chineses”. K
Aprendizagem ativa
Conferência no Politécnico de Viseu 6 O Instituto Politécnico de Viseu vai receber, a 26 e 27 de setembro, a Conferência Internacional sobre Aprendizagem Ativa - International Conference on Ative Learning and Education, a qual decorre no âmbito do Projeto Learnin’s Creatin. O evento, uma organização do IPV em parceria com a Flipped Learning Global Initiative, conta com a participação de Jon Bergmann, um dos pioneiros da Flipped Learning, a quem caberá a abertura,
com uma keynote virtual. A conferência terá outras sessões plenárias, workshops, comunicações e terminará com uma mesa-redonda, sempre com o tema central como foco: aprendizagem ativa (sala de aula invertida, aprendizagem por projeto, entre outras). A participação é gratuita, tanto para apresentar comunicações ou dinamizar workshops, como para assistir. Neste último caso é necessária inscrição prévia. K
Turismo e Aeronáutica
Politécnico de Viseu
Agrária estuda floresta urbana 6 A Escola Superior Agrária de Viseu está a realizar um trabalho de investigação sobre a floresta urbana da cidade de Viseu, denominado ‘Inventário Arbóreo e Sistema de Gestão das Árvores do Município de Viseu’, o qual é promovido pela Câmara de Viseu e é desenvolvido em parceria com a Associação para o Desenvolvimento e Investigação de Viseu, com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e com a Quercus. O estudo visa promover o planeamento e a adoção de boas práticas na salvaguarda e manutenção dos exemplares da floresta urbana, a sua avaliação biomecânica e fitossanitária. Foi ainda identificada a necessidade da realização de um inventário arbóreo e a criação de uma base de dados das árvores
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da cidade de Viseu. Visa ainda a apresentação de uma proposta de requalificação de espaços verdes e a criação de percursos arbóreos. Neste sentido, surgiu, em 2016, o Projeto Treegest, que promove desde então a gestão eficiente do património arbóreo de Viseu e o apoio à decisão através de planos técnico-científicos. Cada árvore inventariada foi alvo de um determinado procedimento de recolha de dados. Toda a informação recolhida foi compilada numa base de dados que estará interligada com o WebSIG. A base de dados permite a gestão, análise e o processamento dos dados recolhidos ao longo do inventário. Os resultados do projeto foram apresentados pelos investigadores Helder Viana e Paulo Barraco-
sa. Para o docente Helder Viana, “a gestão do património arbóreo das cidades é fundamental para melhorar a qualidade de vida nos espaços urbanos. Conhecer as árvores que nos rodeiam bem como avaliar o seu estado fitossanitário e biomecânico é fundamental também para garantir a segurança de pessoas e bens. A cidade de Viseu tem sido pioneira ao desenvolver um projeto desta natureza, que se espera estender para o restante concelho, que tem um património arbóreo único. Este projeto tem merecido o interesse de outras autarquias que pretendem também implementar um sistema de gestão do seu património arbóreo”. K Joaquim Amaral _
Grândola assina com Setúbal 6 O Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) e a Câmara de Grândola assinaram um protocolo de colaboração que permitirá a criação de dois cursos técnicos superiores profissionais (CTeSP) em Gestão Turística e Produção Aeronáutica, áreas consideradas de interesse estratégico para aquele concelho do distrito de Setúbal. Firmado no edifício dos Paços do Concelho, em julho, pelo presidente do município, António Figueira Mendes, e pelo presidente do IPS, Pedro Dominguinhos, o documento considera a “especificidade do concelho de Grândola, com eixos de desenvolvimento estratégicos assumidos e de elevado potencial, que carecem de uma articulação institucional forte e duradoura”, e justifica o reforço
das relações entre as entidades signatárias “com o objetivo de responder à matriz de desenvolvimento da região e à sua estratégia de especialização inteligente”. Os dois cursos previstos, de nível superior, visam reforçar a qualificação dos recursos humanos locais para o aproveitamento das possibilidades abertas em setores como a aeronáutica e o turismo, “onde o concelho é já referência e apresenta fortes indícios de crescimento”. Além dos CTeSP, o protocolo prevê ainda a organização de cursos de formação não formal, tais como colóquios, conferências e seminários, bem como o desenvolvimento de projetos de investigação aplicada nas áreas de interesse para a região. K
Hipertensão
IPCB estuda população do concelho da Covilhã Congresso internacional
Docente da Agrária em Valência 6 Ofélia Anjos, docente da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco, participou na 2nd World Chemistry Conference and Exhibition (WCCE-2018) em Valência, Espanha, com uma comunicação oral intitulada “Potentiality of FT-Raman spectroscopy for physicochemical characterization of Lavandula spp. honey: comparison with other techniques.” O trabalho, apresentado em julho nesta Conferência Mundial, foi efetuado em coautoria com António Santos, do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia; Vasco Paixão, da Bruker, e Maria Letícia Publicidade
Estevinho do Instituto Politécnico de Bragança. O convite para a comunicação oral surgiu no seguimento de um artigo publicado no início deste ano, na revista Talanta (Q1), e também devido ao crescente interesse pelas técnicas de espectroscopia, nomeadamente FT-RAMAN, para a caracterização química de diversos materiais. Este equipamento de espectroscopia encontra-se no laboratório de espectroscopia e cromatografia do Centro de Biotecnologia de Plantas da Beira Interior (CBPBI), sendo todos os trabalhos coordenados pela docente da ESA-IPCB, Ofélia Anjos. K
6 O estudo realizado no Concelho da Covilhã, pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco, no âmbito do Programa da Pressão Arterial da Beira Baixa (PPABB), demonstra que “a prevalência de hipertensão arterial na população adulta do concelho da Covilhã é de 56,0%, sendo ligeiramente superior no género masculino (58,3%) quando comparada ao género feminino (54,1%)”. Os dados foram divulgados pelo IPCB, onde também é “possível constatar que 43,3% da população inquirida apresenta hipertensão arterial não controlada, valores estes que assumem dimensões preocupantes. A par destes resultados, foi ainda possível perceber que os fatores de risco mais comuns na população adulta do concelho da Covilhã são a obesidade e o sedentarismo”. Márcia Santos, aluna da licenciatura em Fisiologia Clínica da Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias do IPCB, foi quem operacionalizou a recolha dos dados, tendo concluído recentemente a sua licenciatura com a apresentação pública do estudo em questão. A amostra do estudo foi de 1045 indivíduos, com idades compreendidas entre os 18 e os
99 anos, sendo 54,4% do género feminino e 45,6% do género masculino, com residência oficial no concelho da Covilhã. Os dados foram recolhidos de forma aleatória. Foi ainda estudada a prevalência de hipotensão ortostática, cujos valores se revelam também eles preocupantes. A prevalência para esta variável foi de 10,5%, o que permite concluir que tanto a hipertensão arterial como a hipotensão ortostática apresentam elevadas prevalências no concelho da Covilhã. Face aos valores encontrados, uma das recomendações do estudo menciona a realização de campanhas de prevenção primária de alerta e consciencialização da população aos problemas que poderão advir desta patologia, de forma a minimizar
a incidência de hipertensão arterial, aumentar o seu controlo e tratamento e diminuir os fatores de risco modificáveis mais prevalentes nesta população. O programa da Pressão Arterial da Beira Baixa do IPCB é um projeto cujo principal objetivo é, não só a determinação da prevalência de hipertensão arterial e hipotensão ortostática na região da Beira Baixa, como também o seguimento dos indivíduos hipertensos por profissionais de saúde especializados na área. O Programa encontra-se, neste momento, integrado na Unidade de Investigação QRural (Qualidade de Vida no Mundo Rural), unidade recém-criada no Instituto Politécnico de Castelo Branco, cuja coordenação está a cargo da docente da ESALD-IPCB, Patrícia Coelho. K
Contabilistas
ESG faz curso de acesso à Ordem 6 A Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova do Instituto Politécnico de Castelo Branco, vai realizar uma nova edição do Curso Breve de Preparação para o Exame de Admissão para a profissão de Contabilista Certificado exigido pela OCC (Ordem dos Contabilistas Certificados). O curso, regido por docentes da ESGIN-IPCB e por especialistas de reconhecido mérito, visa atualizar os conhecimentos dos formandos adquiridos ao longo do seu percurso académico e/ou profissional, nas áreas da Conta-
bilidade e Relato Financeiro, da Contabilidade Analítica e de Gestão, da Fiscalidade e da Ética e Deontologia.
O curso decorre de 14 de setembro a 20 de outubro nas instalações da ESGIN-IPCB, às sextas e sábados. K
www.ensino.eu SETEMBRO 2018 /// 013
Lourenço Medeiros, jornalista
Na vanguarda tecnológica 6 Explica ao grande publico, de forma simples e acessível, como é que a tecnologia muda as nossas vidas. Lourenço Medeiros, editor de novas tecnologias da SIC, aborda o lado virtuoso e pernicioso das invenções do ser humano. Intitula-se como um «divulgador de novas tecnologias» e não como um técnico. Afinal, quem é o Lourenço Medeiros que entra pela casa dos portugueses? A minha paixão é mesmo mostrar o que está à acontecer, e não apenas na área informática, mas em especial no domínio científico. O que me tem dado prazer é descobrir que tem de haver uma ponte entre um informático e um cientista e as pessoas que, à partida, não vão à procura destas temáticas. Mas, no fundo, são matérias que dizem respeito a todos nós, mesmo os que se auto-denominam info-excluídos e até com os que se assustam com a linguagem informática ou científica. Por coincidência, eu tenho um enorme prazer em falar sobre estas matérias. Junta-se o útil ao agradável. Ou como é comum ouvir-se, faço uma coisa que gosto e ainda me pagam. A crescente sofisticação tecnológica é um maravilhoso mundo novo por descobrir. Das muitas feiras e eventos nos quais participa consegue eleger a novidade mais surpreendente com que se deparou? Na minha carreira, não tenho dúvida em afirmar que a invenção mais espantosa das últimas décadas foi a internet, incluindo a world wide web, e em especial quando se tornou acessível à maior parte das pessoas. Basta pensar o que era o mundo antes da internet. Mas eu com 55 anos consigo espantar-me com alguma facilidade. Sou aquele tipo que olha para um avião, que já existia quando eu nasci, e sou capaz de ficar pasmado perante aquele objeto, eu que já fiz centenas e centenas de voos. A tecnologia é hoje, claramente, um prolongamento do ser humano. Aqui e ali a utilização não pecará por excesso? Não é só aqui e ali, constantemente há uma tendência para exagerar em tudo o que fazemos. A nossa sociedade não consegue acompanhar a velocidade da tec-
014 /// SETEMBRO 2018
aprender. Não me assusta que o Google saiba imenso de mim. Os algoritmos acabam por ajudar a minha vida. Desse ponto de vista, não me assusta a privacidade ou a falta dela. Assusta-me mais quando os políticos se metem nisso e criam leis fazendo parecer crer que estão a controlar as empresas privadas às quais compram serviços. O escândalo da Cambridge Analytica baseiase, no fundo, no que os políticos tentam fazer há muitos anos, mas usando a internet: influenciar as pessoas diretamente. Os políticos demonstrarem a sua ignorância é grave e uma forma de sacudir a água do capote, porque eles próprios têm interesse em que essas campanhas manipuladoras existam. Como é óbvio, os políticos são os primeiros a terem interesse na manipulação do eleitorado.
nologia nos dias que correm. E isso torna-se um problema. Mas também é verdade que a expansão e a globalização da comunicação acaba por amplificar o efeito tecnológico. Vivemos num tempo em que a catadupa de informação que circula nunca foi tão acessível a tanta gente, como agora. Mas, se me permite, aí entra o debate entre o que é informação, nem sempre útil, e o que é conhecimento… Claro. Vem ganhando peso a teoria da aparente não necessidade de acumular conhecimento em nós próprios. Mas o chamado «empinar» e o decorar de determinadas matérias, por exemplo, é importante, até certo ponto, na medida em que ensina a digerir o conhecimento. Esta coisa de que se preciso de saber um factóide qualquer, entro na internet e fico
a saber, não nos dá o treino que um determinado tipo de estudo mais intenso pode dar. Temos a sensação de termos toda a informação que precisamos na ponta nos dedos, mas se calhar não temos o conhecimento que precisamos sobre ela. A Apple é, provavelmente, a marca mais icónica em termos universais e que tem seduzido milhões. Também se rendeu ao fascínio da marca da maçã? Eu sou fascinado por todas as marcas. Eu utilizo qualquer marca, seja da Apple ou de outras. É assim o meu trabalho. Tenho pena que nos telemóveis o sistema operativo da Microsoft não tenha vingado, fazia falta um terceiro oponente. O que eu gosto é de estar constantemente a saber o que é que a Apple, a Google ou o Android fazem de novo. A Apple operou várias rev-
oluções, mas não foi a única. Conseguiram, por exemplo, que os telemóveis fossem completamente transfigurados, mesmo os de gama mais fraquinha. Nos computadores, por exemplo, acho que o Windows é que mudou quase tudo – talvez por isso continue a ser o mais usado no mundo. Em resumo, a Apple domina em termos de imagem de marca, enquanto a Google marca mais profundamente em termos de influência na nossa vida quotidiana. Basta ver que devem ser poucas as pessoas que não têm um endereço eletrónico Gmail. O acesso aos nossos dados privados por parte destes gigantes é, para si, uma preocupação, enquanto utilizador? É, sobretudo, um problema de transparência da parte deles e de aprendizagem por parte dos utilizadores. E insistimos em não
CARA DA NOTÍCIA Tudo é tecnologia 6 Lourenço Medeiros tem 55 anos. Colaborou esporadicamente na rádio e na imprensa escrita, mas é na televisão que se tornou conhecido do grande público. Primeiro na RTP, onde criou o programa «2001» e mais tarde na SIC, desde 1999, onde é atualmente editor de Novas Tecnologias. Assina há 11 anos a rubrica «Futuro Hoje» no «Jornal da Noite» da televisão sediada em Carnaxide. Também na SIC foi um dos fundadores e diretor editorial da SIC Online. É presença assídua em feiras e eventos, realizados em qualquer parte do mundo, sobre as mais recentes novidades no âmbito da tecnologia e da informática. K
Esteve recentemente em Silicon Valey. Como foi a experiência na sede do Facebook? Cruzou-se com Mark Zuckerberg? Não me cruzei com o Sr. Zuckerberg e confirmei que o Facebook preza muita a sua privacidade. Foi absurda a forma como não nos deixaram filmar boa parte das suas instalações, controlando de uma ponta a outra o trabalho dos jornalistas. A sensação de liberdade foi muito reduzida. Mas constatei uma realidade empresarial muito interessante na relação com os colaboradores: desde refeições gratuitas, oficina para arranjar bicicletas, jogos, massagens, etc. Têm uma aparente descontração naquilo tudo. Mas é apenas aparente, porque na verdade cada pessoa é muito responsabilizada pelo seu trabalho. Uma coisa inusitada é ver tanta gente na rua, em grupos de três e quatro pessoas, a passear junto ao edifício em horário laboral. Sabe o que estão a fazer? Reuniões de trabalho informais, em andamento. Nenhuma destas empresas é um parque de diversões. Praticam uma lógica laboral informal, mas muito responsabilizadora dos seus profissionais. Trata-se de um exemplo fantástico para aquelas empresas cinzentas, em que os seus colaboradores vestem todos fato e gravata, frequentam reuniões muito pouco produtivas e depois dizem para o exterior que são empresas muito responsáveis. Fala-se bastante de in-
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teligência artificial e robotização e da ameaça que as máquinas vão roubar os nossos empregos. Este temor é para levar a sério? A revolução industrial destruiu imensos empregos e criou outros. Cada mudança desta magnitude gera novas formas de vida e novas formas de estar na sociedade. Estou convicto que vai doer e muito. Aqui há uns anos, o dono da Amazon chinesa, a Alibaba, disse: «A revolução digital vai provocar milhões de desempregos». E ficou tudo pasmado a olhar. É verdade e, de certo modo, inevitável. O que há a fazer é minimizar o estrago. Podemos até vir a viver melhor, mas vai ser doloroso. Cada movimento deste provocará muitas vítimas pelo caminho. Como defender-se perante este movimento devastador? Estar atento e estudar, minimizando os impactos negativos. Mas eles vão existir e farão mossa. E como é que a escola e as universidades devem preparar-se para estas alterações dos mercados laborais?
Não vai ser um jornalista a ensinar às pessoas da educação o que é que a escola tem de fazer, mas há passos que são óbvios. Primeiro: estar atento às mudanças e isto passa não só por profissões que estão a desaparecer, mas compreender estes movimentos. Recentemente fiz uma reportagem sobre empregos do futuro e falei com vários especialistas que me referiram muito o crescimento dos empregos de serviços locais, no apoio a pessoas idosas, etc. Mas há mais: os jardineiros – há cada vez mais vivendas com pessoas que querem passar a sua reforma aí e não têm capacidade física para tratar das suas propriedades. Há grandes surpresas se analisarmos a fundo o que se vai passar. Não podemos ser simplistas e dizer que a tendência do mercado atual é engenheiros a subir de procura e jornalistas a descer. Se bem que isto é uma realidade. Mas cabe às universidades, onde se investiga tanto e matérias tão diversas, estudar os movimentos que estão e vão continuar a sacudir as sociedades. A aprendizagem do futuro
deve ser cada vez mais multidisciplinar, com enfoque nas tecnologias e na informática? Lidar com a programação é fundamental nos níveis mais básicos do ensino. Tenho visto exemplos fantásticos de professores que estão a dinamizar grupos em escolas e que têm tido resultados muito interessantes. Mas do contacto que tenho mantido, muitos deles enfrentam sérias resistências por parte de outros colegas. É preciso mudar algumas mentalidades. Eu estou apaixonado por uma ferramenta muito básica que ensina informática aos miúdos e que se chama Scracht. É ótimo para abrir os olhos aos mais novos, tanto para os que vão seguir áreas tecnológicas ou informáticas, como para outros, que preferem outras saídas. Mas neste campo o papel dos professores é fundamental. Da mesma forma que parece consensual que é preciso o conhecimento adequado da língua materna, mesmo que a pessoa não venha a ser escritora ou jornalista.
Muito se tem falado do lado perverso da tecnologia. Como vê este efeito no desempenho escolar? O exagero é sempre o lado nocivo, neste caso concreto, ao nível da tecnologia. Entendo que nomeadamente os telemóveis e os tablets devem estar disponíveis, mas com conta, peso e medida. No meu tempo a TV era o foco de todos os males, mais tarde foi a banda desenhada, depois os videojogos e agora são os…telemóveis. O importante – e sei que não é fácil – é que os pais acompanhem, participem com eles e estejam atentos ao que os filhos fazem, em qualquer prática relacionada com a tecnologia. Mas não se pode proibir. Se um jovem de hoje não está nas redes sociais é um pária, que acaba excluído do seu grupo. Não se pode negar esta realidade. Os pais devem esforçar-se por participar e interagir mais com os seus filhos? Os telemóveis e os ecrãs transformados em amas secas podem dar muito jeito, mas os pais não podem usar estas
tecnologias para se demitirem da sua função e isso acontece muito. No seu blog, chamado «Futuro Hoje» conseguimos vê-lo numa foto vestido de astronauta. Sonha ir ao Espaço? Morria de medo, mas ia. Aliás, adorava. Se sonho? Não. Não sou um excecional piloto ou engenheiro. Há notícia de um ou dois jornalistas japoneses que tiveram essa sorte, basicamente porque trabalhavam em meios de comunicação que na altura atiravam rios de dinheiro pela janela fora. No meu caso, não me parece possível que um qualquer órgão de comunicação social me pague um bilhete para viajar até ao Espaço. Daria para uma edição especial do «Futuro Hoje»? Não dava só para um programa. Havia matéria para vários programas. Seria a reportagem da minha vida. K Nuno Dias da Silva _ Direitos Reservados H
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40 alunos já este ano
Fase nacional do Poliempreende
Portalegre recebe Guiné
Portalegre recebe concurso
6 O Instituto Politécnico de Portalegre vai receber 40 novos alunos da Guiné-Bissau, no ano letivo de 2018/2019. A aposta na captação de estudantes oriundos deste País de Língua Oficial Portuguesa resultou do trabalho de cooperação desenvolvido entre o Politécnico de Portalegre e a Embaixada da GuinéBissau em Portugal. Os estudantes vão frequentar diferentes níveis de formação (CTeSP, licenciatura e mestrado), ao abrigo do estatuto de Estudante Internacional. INTERNACIONAL Entretanto, e como resultado do progressivo e sustentado processo de internacionalização, o Politécnico de Portalegre atinge no ano letivo 2018/2019 um número recorde de estudantes internacionais.
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Oriundos de 15 países diferentes, são mais de 100 os alunos que chegarão às quatro escolas do Politécnico de Portalegre já a partir da próxima semana. Este crescimento exponencial, que corresponde a um aumento de mais de 150% é o
resultado de uma aposta forte do Politécnico de Portalegre no processo de internacionalização, mas também do crescimento do reconhecimento da qualidade desta IES por parte dos seus parceiros internacionais. K
6 A 15ª edição do Poliempreende realiza-se em Portalegre, na semana de 10 a 14 de setembro, sob coordenação do Politécnico. Em nota enviada ao Ensino magazine, é referido pela organização que se esperam cerca de 80 participantes: representantes de 18 institutos politécnicos, escolas superiores não integradas e escolas politécnicas das universidades portuguesas, duas universidades espanholas e o Politécnico de Macau. O programa da 15ª edição do Poliempreende inclui visitas à região, estando as apresentações dos projetos empreendedores agendadas para os dias 13 e 14 de setembro. O Poliempreende é uma atividade da rede de instituições de
ensino superior, que surgiu em 2003. Esta é uma iniciativa que visa, através de um concurso de ideias e de planos de negócios, avaliar e premiar projetos desenvolvidos e apresentados por alunos, diplomados ou docentes destas instituições, ou outras pessoas, desde que integrem equipas constituídas por estudantes e/ou diplomados. O objetivo é fomentar uma cultura empreendedora e que impulsione o desenvolvimento de competências por parte dos estudantes, estimulando o empreendedorismo e proporcionando saídas profissionais através da criação do próprio emprego. K
Politécnico da Guarda
Lítio em conferência internacional 6 “Os Recursos do lítio em Portugal” é o tema de um EuroWorkshop que vai decorrer no Instituto Polittécnico da Guarda, entre os dias 20 e 22 de setembro. A iniciativa pretende dar a conhecer o importante papel que Portugal poderá ter na investigação e prospeção, bem como na eventual exploração de lítio à escala mundial. Entre os diversos temas a abordar, destacam-se as principais ocorrências de lítio já conhecidas em Portugal, e os aspetos legais associados a pedidos de atribuição de direitos de prospeção e pesquisa e de exploração. O evento vai abordar ainda o
Indústria Automóvel
papel das empresas de extração de minerais industriais, os avanços tecnológicos relativos ao seu processamento mineral e metalúrgico e o impacto ambiental relacionado com a sua prospeção e exploração. K
Novo curso no IPG supera expetativas 6 O número de candidatos para Indústria Automóvel, novo curso técnico superior profissional do Instituto Politécnico da Guarda, já ultrapassou o número de vagas existentes: 22. Com uma duração curricular de dois anos (quatro semestres), o curso tem por objetivos identificar e caracterizar os principais materiais utilizados na conceção de componentes para a indústria automóvel, com conhecimentos alargados sobre as principais as tecnologias e processos de fabrico e respetivos sistemas de automação e controlo; colaborar na programação da produção; planear, coordenar e supervisionar as atividades de uma ou mais áreas
da produção, tendo em vista a otimização do processo produtivo, de acordo com os procedimentos do sistema integrado de gestão. O presidente do Instituto Politécnico da Guarda, Constantino Rei, considera que a formação superior que vai ser ministrada na área da indústria automóvel permite colmatar dificuldades sentidas localmente, dado ter sido “identificada uma necessidade de formação de quadros intermédios, sobretudo orientados para a área dos polímeros”. Constantino Rei deseja que “este e outros cursos sirvam também de exemplo para outras áreas, porquanto esta interação potenciará a empregabilidade dos futuros
diplomados que, afinal, é o nosso principal objetivo: formar pessoas para o mercado de trabalho”. Clara Silveira, diretora da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Politécnico da Guarda, onde irá ser ministrado este curso, afirma que ele é muito importante em unidades fabris como unidades a ACI, COFICAB, DURA e SODECIA. A diretora da ESTG destaca que “é também um curso inovador ao nível dos estágios intercalares realizados ao longo do semestre aplicando os conhecimentos das áreas nucleares; constitui, ainda, um contributo para a criação de um centro de excelência da Indústria Automóvel na região da Guarda”. K
IPG Guarda
Jornadas de Fotografia em outubro 6 O Instituto Politécnico da Guarda e o Fotoclube da Guarda vão promover, no próximo dia 13 de outubro, as II Jornadas de Fotografia da Guarda. Esta iniciativa visa evidenciar o papel da fotografia na sociedade contemporânea e divulgar trabalhos fotográficos ou experiências em várias áreas. Se por um lado as Jornadas pretendem afirmar um eminente contributo formativo e pedagógico, por outro procuram estabelecer e consolidar ligações com pessoas pertencentes ao mundo da fotografia, sejam profissionais ou amadores. O programa contempla comunicações sobre “Fotografia de Natureza” por Eduardo Flor; “Será a nossa melhor fotografia aquela que nunca
iremos fazer? A experiência de um fotojornalista” por Miguel Pereira da Silva; “A utilização de drones em fotografia” por Maurício Matos; “Fotografia de paisagem” por Miguel Serra; “Do outro lado da câmara” por Filipa Barroso/Miss Portuguesa, “Fotografia de Rua” por Carlos Neves; a apresentação de um trabalho intitulado “The Portuguese Prison Photo Project” por Luis Barbosa / Fujifilm; o workshop “What to Frame” por Jonh Gallo /Olympus; e uma exposição fotográfica que vai estar patente na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico da Guarda. As inscrições são gratuitas, mas obrigatórias e limitadas à capacidade do auditório e devem ser feitas em http://www.ipg.pt/jornadas-fotografia/. K
Educação é tema de jornadas
6 A Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto do Instituto Politécnico da Guarda vai promover, nos dias 6 e 7 de novembro, as III Jornadas de Educação intituladas “Desafios, Práticas e Reflexões”. O objetivo destas jornadas é
criar um espaço e partilha de conhecimento em torno de temáticas relacionadas com a educação sexual ao longo da vida, a iniciação da leitura e da escrita, o referencial de educação para o desenvolvimento na formação inicial de educadores/ professores e os maus tratos em cri-
anças e jovens. Os participantes terão a oportunidade de assistir a conferências e painéis que vão envolver oradores de reconhecido mérito. O programa das jornadas é aberto à apresentação de comunicações livres e posters. K
Inscrições gratuitas
Fórum sobre toponímia 6 Aproxima-se mais uma edição do “Fórum sobre Toponímia” no Instituto Politécnico da Guarda. Esta iniciativa está marcada para 26 de outubro e pretende evidenciar a toponímia como referência de valores históricos, culturais e memória coletiva de factos, per-
sonalidades, tradições ou legados identitários. Para a organização deste Fórum, de âmbito nacional, “o estudo e valorização da toponímia permitem um melhor conhecimento de cada aldeia, cada vila e cada cidade. Assim, o IPG pretende
contribuir para um melhor conhecimento do país, dos valores históricos, culturais, sociais e políticos a ele associados”. Os interessados devem efetuar a inscrição (gratuita mas obrigatória) até 12 de Outubro, em www. ipg.pt/toponimia. K
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Macau
Universidade Eduardo Mondlane
Antigos alunos juntos 6 No âmbito da celebração dos 50 anos da Associação Académica de Maputo (AAM), várias gerações de pessoas que ao longo deste período se empenharam na edificação da história do clube, se encontraram nesta terça-feira (30/08/18), em Maputo, numa noite de gala, para confraternizar, conviver e partilhar as memórias e narrativas que marcaram a sua caminhada na Académica. Numa noite que juntou amantes do desporto, gestores, fãs, apoiantes e adeptos dos diferentes clubes e amigos da Associação Académica e da Universi-
dade Eduardo Mondlane, serviu igualmente para homenagear a todos, desde as equipas de gestão, quadros técnicos e atletas que trouxeram glórias e prémios para o País. Falando na ocasião, o reitor da UEM, Orlando Quilambo, manifestou o seu desejo de ver o papel da Académica se revitalizar, internamente, portanto, na esfera do ensino superior, e mais no apoio à formação académica, psicopedagógica e motora dos estudantes da ESCIDE, de modo a que a formação tenha uma ligação estreita com a prática, proporcionando, por con-
seguinte, espaço para pesquisa aplicada neste campo de saber, ajudando a UEM a tornar-se numa Universidade de Investigação. Quilambo referiu também que numa perspectiva de contributo mais amplo, para a sociedade em geral, e conciliando os interesses comuns, a UEM vai ter de criar condições para que a Académica e a ESCIDE se tornem no maior centro de alto rendimento desportivo de Moçambique, o principal centro de conhecimento na área do desporto e ciências do desporto a ser provido para a sociedade. K
Alunos em destaque 6 A Escola Portuguesa de Macau foi a única escola portuguesa no estrangeiro apurada para a segunda fase das VI Olimpíadas da Língua Portuguesa. A iniciativa
juntou cerca de 109 alunos, tendo os estudantes da EPM Miguel Nunes e Beatriz Valente conquistado o 13º e o 63º lugares, respetivamente. K
Universidade Lúrio – Moçambique
Ministro inaugura biblioteca 6 O Ministro da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional (MCTESTP), Jorge Nhambiu, inaugurou, no último mês, a nova biblioteca da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), da Universidade Lúrio (UniLúrio). O governante reconheceu o trabalho que tem sido feito ao nível da UniLúrio, definido por “profissionalismo que se procura no ensino público”. A nova biblioteca, na Ilha de Moçambique, conta com um acervo bibliográfico para minimizar as dificuldades que os estudantes enfrentavam e acima de tudo criar condições para que o acesso ao conhecimento esteja mais perto. Francisco Noa, reitor da instituição, lembrou que a FCSH duplicou o número de estudantes,
Moçambique
Ano com novidades
sublinhando que a aposta da Universidade passou pela diversificação de cursos, como é o caso dos oferecidos pela FCSH, para responder às necessidades das comunidades do norte do país, apoiando no desenvolvimento daquela região.
Francisco Noa, que mantém a convicção de que a FCSH será um grande expoente para o crescimento do país (através da pesquisa e ensino), enaltece aquela faculdade que numa altura em que celebra um ano de existência, mostra grandes avanços. K
www.ensino.eu 018 /// SETEMBRO 2018
EPM H
6 A Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) iniciou o ano letivo de 2018/2019, num encontro com os pais e encarregados de educação. Nos dois dias reservados às receções aos alunos, a diretora Dina Trigo de Mira e o subdiretor pedagógico Francisco Carvalho relevaram a necessidade de uma contribuição conjunta para o sucesso dos estudantes e dos planos de estudo da EPM-CELP, através da responsabilidade e dedicação, pois “somos todos uma família”, declararam aqueles dirigentes. Falando para os alunos do ensino secundário, a diretora Dina Trigo de Mira desafiou os estudantes a serem exemplares na construção de uma identidade: “vocês são o exemplo para os
mais novos, para os vossos irmãos. Que sejam, de fato, essa inspiração para eles no ser, no estar e em todas as conquistas”. A novidade deste novo ano letivo é a introdução do Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular, especialmente dirigido para os alunos dos primeiro, quinto, sétimo e décimo anos de escolaridade. O programa foi concebido no âmbito da reorganização curricular proposta pelo Ministério da Educação do Governo de Portugal para o sistema educativo português, visando a promoção da qualidade do ensino e da aprendizagem, a garantia de uma escola verdadeiramente inclusiva e a valorização das línguas estrangeiras enquanto veículos de identidade global e multicultural, entre outras inovações. K
Editorial
Quando o saber não ocupa lugar 7 A indiscutível fonte do incremento do ensino superior nos países mais desenvolvidos da Europa e dos Estados Unidos tem-se realizado à custa da admissão de milhares de alunos seniores que aí procuraram uma formação que lhes permita sobreviver na feroz economia do mercado concorrencial, ou que aí regressam para melhorar, ou mesmo reconverter a sua formação de base. Para que isso acontecesse, foi necessário que essas instituições de ensino superior revelassem um grande grau de abertura à mudança, à incorporação do “novo” e uma clara percepção da estratégia a seguir face à evolução de uma sociedade cada vez mais erosiva e, logo, desactualizante. A procura constante desse “novo” encontrou fundamentação no princípio de que o ensi-
no superior é um dos recursos fundamentais e não esgotáveis para promover o bem-estar, a segurança pessoal e social dos povos e das nações, no pressuposto de que o capital intelectual tem tendência para substituir o capital financeiro e o capital físico, tornando-se, por isso, a pedra angular da prosperidade e do desenvolvimento. As instituições de ensino superior mais prestigiadas souberam seduzir e cativar esses novos aprendentes que hoje as robustecem e as revigoram. Agiram bem, porque é sabido que existem milhares de cidadãos que se interrogam face ao seu futuro nesta sociedade global e de grande mobilidade de gentes e de saberes, conscientes que estão da necessidade de manterem uma aprendizagem permanente, já que
a sociedade do conhecimento, dialecticamente, também gera a desactualização permanente. Esses novos aprendentes são constituídos por adultos integrados na força do trabalho, que interiorizaram o princípio da aprendizagem ao longo da vida, procurando, por essa via, novos saberes que reforcem a qualidade do exercício da sua vida profissional e lhes abram novos caminhos, ou diferentes percursos, no seu processo de crescimento pessoal. Claro que estes novos aprendentes obrigam a mudanças radicais nas rotinas organizacionais das instituições. Mudanças que abarcam sectores tão diferenciados quanto os que respeitam aos horários de funcionamento, à tutoria, à incorporação de novas tecnologias e do ensino a distância, tudo isso tendo em vista a cria-
ção de um clima organizacional de bem-estar e um atendimento pessoal e personalizado. Mudanças que envolvem, ainda, a criação de bibliotecas virtuais, ou a implementação de procedimentos de comunicação próximos do que poderíamos designar por uma “pedagogia digitalizada”. As alterações de que falamos exigem, também, o apoio da opinião pública. Vale a pena o esforço de informação e marketing no sentido de tentar alterar as atitudes mais conservadoras quanto ao papel do ensino superior: o que se está a tentar mudar são estruturas demasiado enraizadas nas representações do cidadão médio e cujas alterações custam a compreender e a acompanhar. Mau, muito mau mesmo, é não saber gerir os inevitáveis custos destas alterações, cultivando-se o natural imobilismo
de instituições seculares que tardam em aceitar os novos desafios, a mudança e a necessidade de alterar atitudes de quem aí trabalha, tendo em vista uma plena inserção na sociedade do próximo futuro. K João Ruivo _ ruivo@rvj.pt Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico _
Primeira coluna
O primeiro dia… 7 Quase 44 mil alunos entraram, na primeira fase do concurso nacional de acesso (CNA), para um curso de ensino superior. A estes juntar-se-ão aqueles que entrarem na segunda e terceira fases desse concurso, mas também através de outras vias, como os concursos especiais de acesso ou o estatuto do estudante internacional, por exemplo. Este ano concorreram ao ensino superior, pelo CNA, menos 3033 estudantes que em 2017. Uma redução, resultante da demografia, e do facto de ainda haver uma grande percentagem de alunos que concluem
o ensino secundário e que não prosseguem estudos. E se em termos demográficos a tendência não é positiva - há menos jovens a estudar nos ensinos básico e secundário -, importa reafirmar àqueles que estão no sistema que prosseguir estudos para o ensino superior é sempre uma mais valia. Desde logo pelo conhecimento e aprendizagem adquiridos, mas também pelo retorno económico que uma licenciatura, um mestrado ou um doutoramento lhes poderão trazer. Dados do Instituto Nacional de Estatística revelam que a diferença entre o salário médio
líquido de um licenciado e o salário médio líquido daqueles que apenas têm o 12º ano é de 466 euros mensais. A entrada no ensino superior constitui mais uma etapa na vida de muitos jovens, quiçá a mais importante, aquela que certamente mudará o modo de ver o mundo, que criará oportunidades, vivências diferentes e únicas, que lhes abrirá horizontes. É uma mudança séria, que exige comprometimento, esforço, capacidade de trabalho e de resiliência. Mas é acima de tudo um desafio enorme, que abre outros desafios como a possibilidade de se estudar
noutros países (através do Erasmus +), de contactar com outras realidades académicas e empresariais, de se ser ousado e empreendedor. Portugal possui uma rede de ensino superior de reconhecida qualidade, que não deixa ninguém de fora. E esta é uma vantagem que os alunos que concluem o secundário e as suas famílias devem saber aproveitar. Porque aquilo que está em causa não é a velha questão de que nem todos podemos ser doutores ou engenheiros, o que está em causa é que todos têm a sua oportunidade.
O primeiro dia do resto da vida de milhares de estudantes e para as suas famílias começa agora. Bem vindos às academias do saber. K João Carrega _ carrega@rvj.pt
www.ensino.eu SETEMBRO 2018 /// 019
CRÓnica
Museos universitarios y patrimonio colectivo 7 Lo que ha sucedido hace unos días en Rio de Janeiro con el incendio del Museo Nacional de Brasil es para colocarlo en formato foto bien visible en la cabecera de la cama de los responsables públicos de todo tipo de instituciones políticas culturales y educativas brasileñas, y en particular las cariocas, incluidas las universidades, desde luego. Por descuido, desidia, ausencia de apoyo económico y técnico al museo se generó un incendio que ha convertido en cenizas millones de referencias documentales, escritas y palpables, han desaparecido entre las llamas miles de colecciones, algunas de ellas únicas, para la historia de Brasil y del mundo, de ciencias naturales, antropología, historia, pensamiento, iconografía original. Las lágrimas de rabia de los trabajadores del museo, y de millones de ciudadanos de Brasil, y de todo el mundo civilizado y sensible a la cultura, están siendo una muestra de dolor cultural, y también de desprecio frente a las autoridades responsables en Brasil de no habilitar medidas seguras de mantenimiento de un museo tan especial. Por supuesto, hay que exigir a los administradores directos del tema las responsabilidades jurídicas, políticas y económicas pertinentes frente al desprecio sistemático de la cultura y el patrimonio colectivo que representa este museo quemado de Brasil, ubicado en Rio de Janeiro. Tuve la oportunidad de visitarlo en la primavera de 2016, acompañado de profesores de la Pontificia Universidad Católica de Rio de Janeiro (institución que
me había invitado a una estancia académica) y, al tiempo que disfrutaba de la riqueza de sus colecciones (principalmente de ciencias naturales y antropología), comentaba con mis acompañantes la fragilidad y obsolescencia de algunas de sus instalaciones y la escasez de medios de protección que observaba. La respuesta era que en cualquier momento podía suceder una terrible desgracia para todos, como ahora se ha producido de forma lamentable. Era posible y casi previsible una imagen de desolación como la que ahora hemos podido observar en algunas fotografías que nos han llegado. La mayor parte de los fondos de este rico museo brasileño simplemente ya no existen, han desaparecido. Ha sido la consecuencia “esperada” de la desidia institucional brasileña al más alto nivel y de su política cultural y patrimonial. Era un Museo Nacional. Lo sucedido debe ser también una llamada de atención preventiva para nuestras universidades y centros de educación superior, en lo que toca a defensa, protección y uso de todo tipo de fondos que componen el patrimonio universitario, que en el caso de algunas universidades de larga tradición histórica es o puede ser muy valioso, no sólo en términos económicos de mercado. Pensemos en bibliotecas históricas, archivos, pinacotecas, expresiones escultóricas, edificios nobles, colecciones especiales, y tantas manifestaciones culturales y/o artísticas visibles que van conformando un rico acervo patrimonial año tras año. El patrimonio histórico de una universidad, y en concreto sus
museos, es una de las principales señas de identidad de la institución, y espejo de la calidad cultural y formativa que ofrece a la sociedad, y desde luego a sus integrantes principales, que son los estudiantes, profesores y personal de apoyo. En este punto varias de las mejores universidades de Estados Unidos, públicas y privadas, deben ser un referente modélico de lo que en las universidades europeas, ricas en patrimonio histórico educativo, debe ser mejor explotado didáctica, cultural y económicamente. Recuerdo, por ejemplo, el Museo de Historia y Antropología de la Universidad de Indiana, en Bloomington, extraordinario, ricos en fondos y colecciones, bien organizado, protegido, vigilado, explicado, aprovechado para beneficio de todos los visitantes e interesados. Es indudable que se precisa dinero para sostener el buen funcionamiento de un museo universitario, pero ante todo se necesita voluntad y decisión por parte de las autoridades responsables, para fomentar iniciativas de esta clase, que repercute de manera directa en la imagen de la institución, y en el bienestar social y cultural de los visitantes e interesados, que no deben ser en absoluto solo los turistas de paso. Se impone un mejor uso didáctico de los museos propios de cada universidad y del patrimonio universitario en su conjunto. Esto es así porque un concepto actual de museo ya no admite su reducción a elementos artísticos “muertos “, bien o mal colocados, sino que un museo debe ser un espacio estético de interacción y crea-
Publicação Periódica nº 121611 Dep. Legal nº 120847/98 Redacção, Edição, Administração Av. do Brasil, 4 R/C Telef./Fax: 272324645 6000-909 Castelo Branco www.ensino.eu ensino@rvj.pt Director Fundador João Ruivo ruivo@rvj.pt Director João Carrega carrega@rvj.pt Editor Vitor Tomé vitor@rvj.pt Editor Gráfico Rui Rodrigues ruimiguel@rvj.pt
ción de emociones, racionalidad creadora, nuevas sensaciones, de invitación al disfrute y el gozo. Es indudable que un concepto diferente de la musealización de los espacios, de la puesta al día y en sociedad de los materiales históricos heredados, recibidos en donación o mecenazgo, o adquiridos en el mercado por razones justificadas, de su protección, conservación, mantenimiento y uso cuesta dinero y precisa de inversiones. Pero ahí está la clave de la buena gestión de los gobernantes universitarios, conceder la prioridad que merece la correcta atención a esta actividad académica, que de ninguna manera es secundaria. La catástrofe cultural y museística recientemente producida en Rio de Janeiro es una nueva llamada de atención para que todos estemos muy vigilantes sobre la calidad de uso de los bienes patrimoniales públicos, y desde luego los de las universidades. K José Maria Hernández Díaz_ Universidad de Salamanca jmhd@usal.es
Hotelaria e Turismo, Oceanografia e Ecologia
Shanghai Ranking destaca Algarve 6 A Universidade do Algarve volta a integrar a lista das melhores do mundo, desta vez no Shanghai Ranking’s Global Ranking of Academic Subjects 2018, destacando-se nas áreas de Hotelaria e Turismo e de Oceanografia, no intervalo 101-150, bem como na área de Ecologia (no intervalo 201-300). Os resultados obtidos decor-
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rem, em larga medida, da investigação na área do Mar e Ambiente e do Turismo, associada aos cursos de licenciatura como os de Biologia Marinha, Gestão Marinha e Costeira, Biologia e Bioquímica, Turismo e de Gestão Hoteleira, bem como mestrados e doutoramentos nestes domínios. Neste ranking são avaliadas 52 áreas científicas, nas quais
são listadas até 500 instituições de ensino superior, de entre mais de 1400 instituições oriundas de 80 países. O Shanghai Ranking’s Global Ranking of Academic Subjects baseia-se em indicadores de produtividade científica e qualidade da investigação, utilizando diferentes indicadores recolhidos de bases de dados reconhecidas internacionalmente,
tais como o número de artigos científicos publicados, a qualidade das publicações científicas medida através do número de artigos que integram a categoria dos mais citados na área em avaliação, o número de citações, os artigos publicados com colaboração internacional (índice de internacionalização) e prémios recebidos. K
Castelo Branco: Tiago Carvalho Guarda: Rui Agostinho Covilhã: Marisa Ribeiro Viseu: Luis Costa/Cecília Matos Portalegre: Maria Batista Évora: Noémi Marujo noemi@rvj.pt Lisboa: Jorge Azevedo jorge@rvj.pt Nuno Dias da Silva Paris: António Natário Amsterdão: Marco van Eijk Edição RVJ - Editores, Lda. Grafismo Rui Salgueiro | RVJ - Editores, Lda. Secretariado Francisco Carrega Relações Públicas Carine Pires carine@rvj.pt Designers André Antunes Carine Pires Guilherme Lemos Colaboradores: Agostinho Dias, Albertino Duarte, Alice Vieira, Antonieta Garcia, António Faustino, António Trigueiros, António Reis, António Realinho, Ana Castel Branco, Ana Caramona, Ana Rita Garcia, Artur Jorge, Belo Gomes, Carlos Correia, Carlos Ribeiro, Carlos Semedo, Cecília Maia Rocha, Cristina Mota Saraiva, Cristina Ribeiro, Daniel Trigueiros, Dinis Gardete, Deolinda Alberto, Ernesto Candeias Martins, Fernando Raposo, Florinda Baptista, Francisco Abreu, Graça Fernandes, Helena Menezes, Helena Mesquita, Hugo Rafael, Joana Mota (grafismo), Joaquim Cardoso Dias, Joaquim Serrasqueiro, Joaquim Bonifácio, Joaquim Moreira, João Camilo, João Gonçalves, João Pedro Luz, João Pires, João de Sousa Teixeira, João Vasco (fotografia), Joaquim Fernandes, Jorge Almeida, Jorge Fraqueiro, Jorge Oliveira, José Carlos Moura, José Carlos Reis, José Furtado, José Felgueiras, José Júlio Cruz, José Pires, José Pedro Reis, Janeca (cartoon), José Rafael, Lídia Barata, Luís Biscaia, Luís Costa, Luis Lourenço, Luis Dinis da Rosa, Luis Souta, Miguel Magalhães, Miguel Resende, Maria João Leitão, Maria João Guardado Moreira, Natividade Pires, Nuno Almeida Santos, Pedro Faustino, Ricardo Nunes, Rui Salgueiro, Rute Felgueiras,Sandra Nascimento (grafismo), Sérgio Pereira, Susana Rodrigues (U. Évora) e Valter Lemos Estatuto editorial em www.ensino.eu Contabilidade: Mário Rui Dias Propriedade: RVJ - Editores Lda. NIF: 503932043 Gerência: João Carrega, Vitor Tomé e Rui Rodrigues (accionistas com mais de 10% do Capital Social) Assinantes: 15 Euros/Ano Empresa Jornalistica n.º221610 Av. do Brasil, 4 r/c Castelo Branco Email: rvj@rvj.pt Tiragem: 20.000 exemplares Impressão: Jornal Reconquista - Zona Industrial - 6000 Castelo Branco
Agrupamento de de Paço de Arcos - Oeiras
Projetos da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável
6 O Agrupamento de Escolas de Paço de Arcos (AEPA) foi criado em junho de 2012, na sequência da agregação do anterior Agrupamento de Escolas de Paço de Arcos com a Escola Secundária Luís de Freitas Branco e é composto por cinco estabelecimentos de educação e ensino localizados na vila de Paço de Arcos, concelho de Oeiras, na periferia da cidade de Lisboa. O projeto educativo, em vigor desde 2016, definiu como missão a promoção das aprendizagens de qualidade, no respeito pela inclusão e diversidade de escolhas e contribuir para a formação de cidadãos responsáveis, autónomos, solidários e interventivos, capazes de responder aos desafios colocados pela sociedade do conhecimento. Assim, atenta às exigências da Educação para o Século XXI, o Agrupamento tem vindo a implementar medidas que enrique-
cem a formação global do aluno. Com a candidatura à Rede de Escolas Associadas da UNESCO, em outubro 2017, a Escola reforçou igualmente os objetivos definidos pela Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, já evidenciados na matriz do projeto educativo, através da promoção dos valores da cidadania. De acordo com o plano de trabalho apresentado à Comissão Nacional da UNESCO, privilegiaram-se no presente ano letivo as atividades no Ensino Pré-Escolar e nas escolas do 1º ciclo. Assim, as escolas comemoraram o Dia Internacional dos Direitos da Criança com diversas sessões práticas, incluindo as da Filosofia para Crianças. Com o objetivo de reforçar a literacia da leitura e da informação, os alunos destes níveis de ensino tiveram a oportunidade de participar nos projetos lançados pela Rede da Bibliote-
ca Escolar e do Plano Nacional de Leitura. As duas iniciativas
envolveram a participação dos professores titulares das turmas, das professoras das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) e da biblioteca escolar, quer para a pesquisa da informação, quer para o desenvolvimento das expressões artísticas e plásticas. Para além do AEPA ter recebido o prémio Projeto Escola (Escalão A), o concurso da Cultura Clássica permitiu um dinamismo que se alargou aos outros níveis de ensino. Na EB1 Anselmo de Oliveira, nas turmas do 1º e 4º anos decorreram várias sessões de sensibilização à história da língua portuguesa, com um professor convidado de cultura clássica. É de realçar que as lições foram muito divertidas e bem acolhidas pelos alunos. No próximo ano letivo, 2018-2019, o projeto UNESCO do Agrupamento de Escolas de Paço de Arcos aprofundará a sua linha de ação de uma forma mais ambiciosa e
interventiva ao nivel da prática da cidadania. O facto das escolas se situarem numa zona perto da costa marítima que tem por horizonte o Farol do Bugio, a equipa do Projeto Oeiras - Porta Aberta para o Oceano, apoiada pelo Diretor do Agrupamento, bem como pelo Conselho Pedagógico, lançará no início de setembro de 2018 um desafio educativo transversal aos vários níveis de escolaridade, a saber: promover o património oceânico, valorizando a sustentabilidade ambiental dos ecossistemas marinhos e o capital natural do oceano, com vista à dinamização do desenvolvimento e internacionalização da economia do mar sustentável . Assim, ao se orientar pelo programa da Escola Azul como farol de ação para o sucesso educativo, o Agrupamento visa contribuir, através da flexibilização curricular e das práticas de cidadania, para um desígnio nacional e internacional. K
APRENDER Y ENSEÑAR EN LA ERA DIGITAL
De los Sistemas educativos a la Sociedad del aprendizaje 7 Ya en el año 2010 el denominado Informe Cisco sostenía que la Educación y la Tecnología iban a ser los dos grandes ecualizadores en la vida de los próximos años. Y así está sucediendo. La educación y la tecnología van de la mano con la red que sirve de plataforma para lo que denominamos sociedad del aprendizaje. Su idea de partida es que el aprendizaje es fundamental para el progreso actual de la humanidad, para la prosperidad económica, el bienestar social, la realización personal, y para ayudar a asegurar un planeta más sostenible. Efectivamente, el aprendizaje es esencial para el futuro de nuestro mundo y, sin embargo, nuestros sistemas educativos actuales se enfrentan a desafíos sin precedentes. No podemos renunciar al poder de la red para conectar e involucrar a los estudiantes y educadores por igual, y para facilitar el acceso a
tantos nuevos recursos colectivos y de conocimiento. Los sistemas educativos tradicionales por sí solos, a pesar del papel esencial que han desempeñado y podrán seguir desempeñando en el aprendizaje, no son capaces por sí solos de servir de crecimiento del conocimiento y atender a las necesidades de la humanidad. Esta es la tesis que mantiene el mencionado informe, cuyas principales ideas resumimos en estas líneas. A pesar de haber realizado un aceptable papel, incluso los sistemas de más alto rendimiento nunca serán capaces de satisfacer la creciente y cambiante demanda mundial para aprender en la actualidad, si no modifican sus estrategias. Las prácticas empleadas hasta ahora no son suficientes. El aprendizaje no es ya una actividad ni un lugar y va más allá de la escuela y la universidad. La explosión del conocimiento
impulsado por el poder de la red para conectar a las personas y difundir ideas, ha cambiado la propia naturaleza del aprendizaje. Hay que innovar y desarrollar nuevos modelos, tanto formales como informales, que cumplan con las exigencias de las sociedades basadas en el conocimiento en esta era de la información, señalaba el referido informe. Tenemos que adoptar nuevos rumbos a partir de fuentes no tradicionales y fomentar la innovación para que podamos anticiparnos a las necesidades de los estudiantes en el mundo que les rodea en la actualidad. Las personas necesitan aprender y volver a aprender durante toda su vida, como hemos indicado en nuestras colaboraciones anteriores sobre el aprendizaje de las personas mayores. Aun así, el aprendizaje debe centrarse cada vez más en la colaboración interdisciplinar y en las habilidades propias
del siglo XXI, como el pensamiento crítico y la resolución de problemas. El futuro de la educación está en red. Las personas deberemos colaborar mucho más para crear y compartir conocimientos, así como desarrollar nuevas formas de enseñanza y aprendizaje que atraigan la atención y la imaginación de los estudiantes en cualquier lugar, en cualquier momento y con cualquier dispositivo. “Satisfacer las necesidades cambiantes de los estudiantes durante toda su vida es el reto más importante y es más apremiante que nunca”, afirmaba John Chambers, presidente de Cisco Systems en 2010. Y su llamada continúa teniendo la misma urgencia en estos momentos. Pero ahora hay que verla como una gran oportunidad y una de nuestras mayores obligaciones respecto de las generaciones futuras. Conectar y capacitar a alumnos y educadores permitirá acelerar el
crecimiento económico y mejorar el bienestar social en todo el mundo. El informe que glosamos no pretende definir todas las estrategias, sino más bien estimular un diálogo global entre los que defendemos el poder de la educación para transformar todas las sociedades. Para ello será necesario “pasar de los sistemas educativos a la Sociedad del aprendizaje”. Esto significa que tenemos que replantear todo nuestro enfoque sobre el aprendizaje: la forma en que lo concebimos, organizamos, financiamos y desenvolvemos en escuelas y universidades tradicionales. K Florentino Blázquez Entonado _ Catedrático de Didáctica Emérito de la Universidad de Extremadura
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Candeias da Silva lança monografia
Orca, uma Freguesia com história
6 O investigador e professor universitário, Joaquim Candeias da Silva, apresentou, em agosto, o seu último livro: “Orca - Monografia Histórica de uma Freguesia com um passado multimilenar”, numa edição da RVJ Editores. A apresentação decorreu na Capela da Nossa Senhora da Oliveira, na Orca, um local muito importante para aquela freguesia. Na sessão que encheu por completo aquele templo onde a freguesia pode ter tido origem, o presidente do Município do Fundão, Paulo Fernandes, anunciou o desejo de ver classificada a capela em termos nacionais, referindo que a classificação municipal será uma realidade. Apresentada por Manuel Marques, a obra procura homenagear as gentes da fre-
guesia. Uma homenagem que como refere o autor neste livro, é feita “através de um
marco perene e significativo, um povo que é o meu povo e gente que é também mi-
nha gente, porque herdeira de gentes que me fizeram gente”. O livro, com cerca de 500 páginas, teve o apoio da Junta de Freguesia da Orca e da Câmara do Fundão. Marcaram presença o Presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, a vereadora da cultura Alcina Cerdeira, a presidente da Freguesia, Maria da Ressurreição Antunes, o editor, João Carrega e representantes das associações locais. Houve ainda tempo para momentos musicais, em que participaram músicos experientes e uma «netinha» do autor do livro. Tal como sucedeu com outros dois livros históricos, o professor universitário escolheu a RVJ Editores para a edição e dedica esta obra ao seu pai num ano em que se completam 100 anos do seu nascimento. K
Estudo de 1963 publicado em livro
Como o sal «matou» o bócio
6 O livro “Estudo da Endemia de Bócio no Concelho de Oleiros e terras limítrofes” foi apresentado em Oleiros, por ocasião do Dia do Concelho, numa cerimónia que encheu por completo o salão nobre dos Paços do Concelho. A obra, com a chancela da RVJ Editores, consiste na publicação do estudo efetuado pelos médicos Fernando Dias de Carvalho e José Lopes Dias, entre 1963 e 1966. Um documento importante que consistiu num levantamento exaustivo de como era o concelho de Oleiros na época, e que permitiu que em 1971 fosse implementada uma profilaxia com sal iodado. Em 1977 a endemia tinha praticamente desaparecido quer entre as crianças e jovens em idade escolar, quer nos adultos. Fernando Marques Jorge, presidente da Câmara de Oleiros, reforçou a importância deste estudo que permitiu erradicar a endemia de bócio do concelho, e do facto de com esta publicação uma parte da história Publicidade
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do concelho ficar registada. O autarca recordou o facto da população ter tido acesso ao sal iodado que foi fundamental para o tratamento do bócio. Dias de Carvalho aproveitou a sessão de apresentação, para recordar as dificuldades sentidas. O médico, que foi também diretor
do Hospital Distrital Amato Lusitano (tendo sido responsável pela criação de muitas das atuais especialidades existentes naquela unidade de saúde), recorda os tempos do Estado Novo e da censura a notícias sobre a endemia do bócio. O estudo abrangeu cerca de dois terços
da população do concelho na época (10441 dos 15553 habitantes) e revelava que eram portadores de bócio 4533 indivíduos, sendo 68,06% do sexo feminino e 29,7% do masculino. “Como consequência da endemia - além da hipertrofia da glândula tiroideia - observámos, também, casos de hipotiroidismo, cretinos e cretinoides”, refere Fernando Dias de Carvalho. 52 anos depois, Fernando Dias de Carvalho afirma que “hoje, Oleiros é uma vila moderna com meios de comunicação, edifícios escolares modernos e equipamentos de cultura e lazer graças ao Poder Local nascido em 1974”. E esta evolução surge também identificada no livro, o qual apresenta um conjunto significativo de imagens antigas, de meados do século passado, e modernas, da autoria de Acácio Fernandes, Alberto Ladeira e da RVJ Editores, onde se verifica muita da qualidade de vida conquistada no último meio século. K
gente e livros
edições
Novidades literárias 7 D.QUIXOTE. O Homem das Cavernas, de Jørn Lier Horst. A ficção policial escandinava mostra-se de boa saúde nas mãos do norueguês Jørn Lier Horst. Neste novo thriller, o detetive William Wisting é o protagonista. Durante quatro meses, um cadáver permaneceu por descobrir apenas a algumas portas da sua casa. A filha de Wisting, a jornalista Line, vai investigar o sucedido, enquanto o detetive tem em mãos um caso que começa a adquirir proporções inimagináveis: a suspeita de que um assassino em série norte-americano tem estado ativo na Noruega.
Ruy Belo 7 Ruy Belo (nome completo Rui de Moura Belo) é considerado um dos mais importantes poetas e ensaístas portugueses da segunda metade do século XX. Frequentou o Liceu de Santarém. Em 1951 ingressou na Universidade de Coimbra como estudante de Direito. Porém, terminou o curso na Faculdade de Direito de Lisboa. Em 1956, partiu para Roma, onde se doutorou em Direito Canónico com uma tese intitulada “Ficção Literária e Censura Eclesiástica”. Depois de regressar a Portugal, Ruy Belo tornou-se diretor literário da Editorial Aster. Mais tarde, foi chefe de redacção da revista Rumo. Em 1961 ingressou como investigador na Faculdade de Letras de Lisboa, através de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Estreou-se na poesia com as obras “Aquele Grande Rio Eufrates” (1961) e “O Problema da Habitação” (1962), mas publica também as colectâneas de ensaios “Poesia Nova” (1961) e
escritas.org H
“Na Senda da Poesia” (1969). “Boca Bilingue” (1966) e “Homem de Palavra(s)” (1969) foram outras edições deste período. Viveu ainda em Espanha onde foi leitor de Português na Universidade de Madrid, entre 1971 e 1977. Trabalhou no então Ministério da Educação Nacional, “mas a sua oposição ao regime de
Salazar, a participação numa greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pela Comissão Eleitoral de Unidade Democrática”, levam à recusa da sua candidatura a lecionar na Faculdade de Letras de Lisboa, conta o portal Escritas na sua biografia de Ruy Belo. Quando regressou a Portugal decidiu-se, por isso, pela Escola Secundária de Ferreira Dias, em Agualva-Cacém, onde lecionava no ensino nocturno. Faleceu em Queluz, a 8 de agosto de 1978, com apenas 45 anos, vítima de endema pulmunar. Na sua obra, destacam-se ainda os volumes “Transporte no Tempo” (1973), “País Possível” (1973), “A Margem da Alegria” (1974), “Toda a Terra” (1976) e “Despeço-me da Terra da Alegria” (1978). Traduziu ainda autores como Jorge Luís Borges, Federico García Lorca, Montesquieu e Antoine de Saint-Exupéry. K Tiago Carvalho _
TOP SELLER. Mademoiselle Chanel, de C. W. Gortner. O livro relata a história da menina abandonada que se transformou numa das mulheres mais poderosas do mundo. Gabrielle Chanel nasce no seio de uma família pobre. Aos 12 anos fica orfã de mãe e é abandonada pelo pai, sendo enviada com as irmãs para um orfanato, onde vive até à adolescência. É aí que Chanel começa a revelar as suas aptidões para a costura. A sua vida é feita de desafios e escolhas difíceis, mesmo após vingar no mundo da moda.
OFICINA DO LIVRO. Ricardinho: A Magia Acontece Onde Há Dedicação. Um exemplo de superação, Ricardinho é o melhor atleta de futsal de todos os tempos. A sua estatura rouboulhe o sonho de jogar futebol, mas não desistiu. Desiludido mas não vencido, acabou por brilhar no futsal, com a determinação que lhe é conhecida. Neste livro, Ricardinho ensina a importância da alimentação, do rigoroso plano de treinos, dos exercícios fundamentais na recuperação pós-jogos. Explica as regras do futsal e desvenda o segredo do famoso «cabrito». K
Edições RVJ Editores
Um século de vida editado em livro 7 Maria Amélia Pires Cardoso completou o seu 103º aniversário no passado domingo dia 2 de setembro. Este ano, o aniversário teve também a particularidade de servir de mote para a edição do livro “Maria Amélia - apontamentos de uma vida mais do que centenária”, da autoria do neto José Júlio Cruz, jornalista do Reconquista, resultado de uma conversa mantida com ela em meados de junho de 2015, a propósito do ano do seu centenário.
Histórias e episódios agora perpetuados numa publicação levada ao prelo pela RVJ Editores, de Castelo Branco. Atualmente a residir em Castelo Branco na casa da filha mais nova, faz questão de ir passar todos os anos parte do verão, incluindo o mês de agosto, à aldeia que a viu nascer, Perdigão (Vila Velha de Ródão). Foi precisamente em Perdigão que os familiares que puderam estar presentes na celebração desta jubilosa data se jun-
taram para passar um dia de convívio. Filhos, genros, nora, netos e bisnetos não faltaram à festa e puderam, mais uma vez, testemunhar a jovialidade e clarividência da idosa senhora que mantém uma saudável lucidez que a todos emociona. Com todos conversou e atendeu, como de costume, os telefonemas daqueles que, não podendo estar presentes, a quiseram felicitar por mais um aniversário. K
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press das coisas
pela objetiva de j. vasco
Sobre o retrato
Moov 3 Por razões circunstanciais tirei uma série de retratos ao Adriano Reis, Cabo Verdiano a residir em Portugal, que tem por profissão ser contador de estórias, normalmente de Cabo Verde. Se tirar um retrato pode ser um ato de carinho, editar o mesmo deve ser um ato de amor. O retrato não é aquela pessoa, mas é sempre uma memória construída num instante e, porque fica, deve ser cuidada sem ser adulterada. Um bom retrato dá-nos pistas sobre o retratado e sobre o fotógrafo. Em agosto visitei a magnifica exposição no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, Do Tirar Polo Natural, sobre o retrato em Portugal, da pintura è fotografia, passando pela escultura e pela arte urbana. Está lá, até 30 de setembro. K
3 As pulseiras de atividade Moov foram criadas com a última tecnologia e um design único e inovador. O software é compatível com Smartphones e Tablets, oferecendo medições para cinco desportos diferentes: corrida e caminhada, ciclismo, natação, cardio boxing e total body. Além disso, adiciona regularmente novos programas desportivos com os quais poderá realizar treinos mais eficazes e divertidos. Preço: 95,90 euros. K
www.ensino.eu
Aurea «Confessions» 3 No seu quarto álbum, Aurea partilha segredos e confissões que foram confidenciados. É um registo intimista e, em parte, autobiográfico. Com uma sonoridade diferente, as novas canções de Aurea representam uma nova fase na carreira da cantora portuguesa. K
Prazere da boa mesa
Carolo com leite de cabra caramelizado e alecrim 3Receita para 4 pessoas Ingredientes para: 150g de Carolo de Milho 6 C. de Sopa de Açúcar Branco 1 Casca de Limão 1 Pau de Canela Q.b. de Sal 1,2l de Leite de Cabra 300ml de Água 2 Gotas de Óleo Essencial de Alecrim AROMAS DO VALADO 3 C. de Sopa de Açúcar Demerara Q.b. Flores Comestíveis (Opcional) Preparação: Num tacho ao lume, colocar a água temperada com sal, a casca de limão e a canela. Quando ferver, misturar o carolo, mexendo sempre. Quando começar a engrossar, introduzir, pouco a pouco, o leite, o óleo essencial de alecrim e o açúcar, mexendo sempre. Colocar num tabuleiro forrado com película aderente e dispor o carolo quente. Deixar arrefecer
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Chef Mário Rui Ramos _ Chef Executivo
e cortar em quadrados e depois cortar ao meio, de forma a obter triângulos. Polvilhar o carolo com o açúcar, e queimar de seguida com o maçarico e servir. Decorar com flores comestíveis e servir. Apoio: Alunos das aulas práticas de cozinha (IPCB/ESGIN) Sérgio Rodrigues e alunos de fotografia (IPCB/ ESART) Helena Vinagre (Aromas do Valado)
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Bocas do Galinheiro
High Noon, de Fred Zinneman 7 Não sendo um tema recorrente, a verdade é que de vez em quando temos que revisitar o western. Desta feita a propósito da fascinação do Joaquim Cabeças por esta fita dos anos 50 do século passado, década a que particularmente dedica a sua enciclopédica sabedoria cinéfila. No início da década de 50 o western era um género que transpirava saúde. Muitos cineastas já com créditos firmados escolheram o género para as suas primeiras experiências a cores, casos de Delmar Daves e Anthony Mann, ou George Stevens, com “Shane” (1952), um marco dos filmes de “cóbois”. Não estranha que longas metragens como “The Gunfighter” (1950), de Henry King e “High Noon” (1952), de Fred Zinnemann, sejam considerados mais ambiciosos, porque “ainda” a preto e branco, mas também porque apontavam para novos horizontes no chamado cinema americano por excelência. Assim, quando em 1952 “High Noon” (O Comboio Apitou Três Vezes) chegou ao grande público, quer Fred Zinnemann, quer o argumentista Carl Foreman, a que podíamos acrescentar o produtor independente Stanley Kramer, melhor nesta sua faceta do que em muitos dos filmes que realizou, foram muito elogiados pelo grande público, mas também por alguma crítica. De facto, para os muitos que gostamos dele, este filme marca uma nova etapa na evolução do western, quase sempre estigmatizado como acolhimento de fitas de mera diversão, pecado de que já padecera, entre outros “Cavalgada Heróica” (1939), de John Ford. No western, sabemos que os ingredientes q.b. são as grandes cavalgadas, pancadaria entre bons e maus, os grandes espaços das pradarias, os ajustes de contas e o duelo final. Porém os argumentos evoluíram para a exploração de factores sociais, psicológicos e até políticos, de que são bons exemplos “The Bib Trail”, de Raoul Walsh, “Rio Vermelho”, de Howard Hawks ou “A Flexa Quebrada”, de Samuel
http://www.vanityfair.com/hollywood/2017/02/high-noons-secret-backstory H
Gary Cooper em “High Noon”
Fuller e, claro, este “High Noon”, de Fred Zinnemann. A propósito de Fred Zinnemann, deste e doutros dos seus filmes, é elucidativa a declaração de Betrand Tavernier, cineasta e crítico francês, na sua obra “50 Anos de Cinema Norte-Americano”, quando afirma que tanto ele como toda a crítica francesa foram muito cruéis com o realizador que retratou à época como “esse tarefeiro de prestígio cujos filmes se distinguem por uma total ausência de estilo e personalidade, mediocremente compensados por duvidosas aspirações e audácias convencionais que nunca chegam a passar o nível do guião”, dando como exemplos filmes como “From Here To Eternity”, de 1953, “A Hatful of Rain”,
de 1957 e “Oklahoma”, de 1955 que, diz, só podem suscitar descontentamento, para depois considerar agora que “também há ali preocupações humanistas e uma obra com uma coerência temática”. Em “O Comboio Apitou Três Vezes”, Zinnemann dirige com rigor e talento o argumento de Carl Foreman. São 10:30 horas e Will Kane, o xerife da pequena cidade de Hadleyville, no dia do casamento com uma jovem quaker, Amy Fowler (uma aparição relevante de Grace Kellt), que significava abandonar o cargo e deixar a cidade, tem conhecimento do regresso do fora da lei Frank Miller, que havia encarcerado anos atrás, e que este o espera na estação com três cúmplices, para se vingar. Está criado o ambiente
dramático que vai perpassar toda a intriga à medida que o xerife, um poderoso desempenho do veterano Gary Cooper, procura desesperadamente ajuda na população e amigos para a luta que se avizinha, que sucessivamente lhe vai sendo negada, vamos acompanhando o tic tac do relógio, que parece marcar o bater do coração de Kane, no aproximar da hora fatídica: meio-dia! Entre deixar a cidade e começar uma nova vida com a esposa quaker, conhecidos pelo seu pacifismo, Kane assume o seu dever (e da cidade, o que não é assumido pelos seus concidadãos) de enfrentar os seus inimigos. O que se segue é filmado com um ritmo que transmite toda a tensão, refletida nos planos do rosto de Kane. Angústia? medo? ou ambos?, até à luta final, um jogo de gato e ratos, com Kane a abater os fora da lei, contando com a preciosa ajuda de Amy que abate um deles antes de ser aprisionada por Miler que em desespero a quer usar como escudo, acabando por ser morto por Kane. Os que o abandonaram rejubilam agora com a sua vitória, mas Kane parte com a sua jovem esposa, não sem antes lançar a estrela, símbolo do xerife, para o chão, mostrando toda a sua indignação para com a cidade que o abandonou e a que agora ele vira costas. Uma personagem marcante do western, tal como Shane, exemplos de coragem moral, lúcida e adulta, ou, retomando Tavernier, as tais preocupações humanistas da obra de Zinnemann, um austro-húngaro, nascido em Rzeszów em 1907, que começou por estudar violino, depois dedicou-se ao direito em Viena, até que o cinema se impôs. Depois de algumas experiências na Europa, rumou aos Estados Unidos, onde se naturalizou americano e fez uma carreira de êxito em Hollywood de que o filme que escolhemos é disso exemplo acabado. Até à próxima e bons filmes! K Luís Dinis da Rosa com Joaquim Cabeças _ Vanity Fair H
Sopas e Geoturismo
Ródão recebe festivais 6 A primeira edição do Festival de Geoturismo junta-se, dia 16 de setembro, à sexta edição do Festival das Sopas de Peixe, em Vila Velha de Ródão, um evento que pretende destacar a beleza do geomonumento das Portas de Ródão. Assim, domingo, das 9H00 às 18H00, o I Festival de Geoturismo Portas de Ró-
dão decorrerá no Cais de Ródão, “uma ação focada nas atividades outdoor como Passeios de Barco, Torre de Slide, Escalada, Rappel na ponte sobre o rio Tejo, Canoagem, Paddle, Orbitball e BTT. A inscrição nas atividades é gratuita no local de realização das mesmas. Ainda no âmbito deste certame, estão
previstas palestras sobre o Monumento Natural Portas de Ródão, por elementos da Naturtejo e da Associação de Estudos do Alto Tejo. Este evento realiza-se no âmbito do projeto Provere 2020 iNature e é cofinanciado pelo Centro2020, Portugal 2020 e União Europeia, através do FEDER (Fundo
Europeu de Desenvolvimento Regional). O I Festival Geoturismo Portas de Ródão junta-se assim ao Festival das Sopas de Peixe, que decorre dias 15 e 16 de Setembro, aliando a gastronomia à música, teatro e à animação dos desportos outdoor. K
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Concurso Nacional de Acesso
Politécnicos com confiança 6 O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) considera que os resultados da 1ª Fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior são reveladores da resiliência e da confiança no sistema de ensino superior Politécnico. Em nota enviada ao Ensino Magazine, o CCISP refere que nesta “primeira fase do CNA, ingressaram nas instituições politécnicas 16.973 estudantes, o que representa uma taxa de colocação de cerca de 75% face às vagas colocadas a concurso”. Pedro Dominguinhos, presidente do CCISP, revela que “assistimos a uma maior atratividade das instituições localizadas no interior, revelada no incremento do número de colocados e nos candidatos em primeira opção”. Aquele responsável refere que nas “cinco instituições que mais cresceram em termos percentuais no número de colocados, três são politécnicos. Já que no se refere às escolhas em primeira opção, as cinco instituições que mais cresceram são todos Politécnicos e localizados em territórios de baixa densidade. Estes dados permitem a leitura que a política de
redução de vagas em Lisboa e no Porto, a par da candidatura ao programa Mais Superior em simultâneo com o Concurso Nacional de Acesso, estão a produzir os resultados desejados, evidenciado a importância e o papel que estes politécnicos têm no desenvolvimento e coesão destes territórios”.
Os resultados das colocações na área da formação de professores, em que se assistiu a uma redução de 350 candidatos, o que representa um decréscimo de cerca de um terço face ao ano anterior, “deve merecer de todos os atores uma reflexão aprofundada acerca das condições de ingresso aprovadas há 4 anos”, refere Pedro Dominguinhos.
O presidente do CCISP salienta ainda que “estamos perante os resultados da primeira fase do CNA. O número de estudantes colocados em licenciatura pela primeira vez irá crescer, quer por via das segunda e terceira fases do CNAES, quer ainda pelos dos regimes e concursos especiais, existindo fundadas expetativas que a quase totalidade das vagas colocadas a concurso sejam preenchidas após este processo”. Pedro Dominguinhos destaca ainda o forte crescimento do número de estudantes internacionais, de cerca de 20%, face a 2017, totalizando mais de 2.000 novos estudantes, e dos estudantes nos Cursos Técnicos Superiores Profissionais, em mais de 20%, num total de cerca de 7.800 novos estudantes, o que traduz “a qualidade das formações ministradas, o reconhecimento internacional do ensino superior Politécnico, a diversidade da oferta formativa, respondendo aos desafios da sociedade e dos novos públicos, e a forte capacidade de cooperação com as empresas”. K
AS ESCOLHAS DE VALTER LEMOS Suzuki Jimny - Um jipe à séria 3 A Suzuki fabrica veículos com tração integral há muitos anos. Um dos seus mais famosos jipes é o pequeno Jimny, que apareceu pela primeira vez em 1970 (!), já lá vão 48 anos, sob a designação SJ, que depois passou a Samurai e finalmente a Jimny, tendo já sido produzidos 2,9 milhões de unidades! Felizmente a Suzuki não cedeu à tentação da moda de transformar o seu pequeno jipe num SUV. Nada de arredondamentos e curvas. Uma aparência moderna e muito irreverente, mas cheia de ângulos vivos com genuíno ar de todo-o-terreno à séria com portão traseiro de abertura lateral e roda sobresselente do lado de fora. Até o chas-
Django - Quase irresistível 3 A Peugeot fabrica e comercializa scooters desde os anos 50 do século passado. Há cerca de dois anos relançou o seu modelo Django. Não sendo uma scooter tão carismática como a italiana Vespa da Piaggio, verdadeiro símbolo intemporal deste tipo de veículo, a nova Django é quase irresistível, apresentando-se como uma das mais bonitas do mercado. Sem nenhuma inovação significativa a Django apresenta, no entanto, uma estética bem “gira”, com assentos independentes para dois passageiros e quatro opções de acabamento (Heritage,
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Sport, Evasion e Allure). Mas, a Peugeot permite ao comprador personalizar o modelo com uma vasta gama de combinações de cores e outros acabamentos, através do configurador digital Django ID. O motor é um 125cc de injeção eletrónica, as rodas são de 12 polegadas, a travagem conta com ABS, apresenta óticas e piscas LED e instrumentação completa com esfera analógica e painel LCD. Os preços começam nos 2800 euros e o consumo anunciado é de 2,9l/100 Km, o que permite 300 kilómetros por cerca de 12 euros. K
sis continua a ser de travessas e longarinas. Também mantém eixos rígidos à frente e atrás, sistema de tração conectável, permitindo 4x2 (tração traseira) e 4X4 e com as já quase desaparecidas redutoras. E ainda um sistema de controlo de descidas. E o mais fantástico é que não adere à moda de botões de comando eletrónico, apresentando uma segunda alavanca da caixa para a gestão da tração, na tradição dos verdadeiros jipes. Mantendo um certo ar retro por fora, no interior o Jimny está modernizado com um generoso ecrã tátil para gestão das funções de informação e entretenimento e outras modernidades como o ar condicionado automático e o cruise control. Inserindo-se na atual tendência de motorizações, o Jimny só terá motor a gasolina, não havendo propulsão a gasóleo. O motor tem 1,5 litros de cilindrada e 102 cv de potência, o que parece ser suficiente para dar boas condições de agilidade e mobilidade eficaz ao pequeno jipe. O Jimny tem um ar simultaneamente irreverente e clássico, mas é um verdadeiro todo-o-terreno. Um jipe puro e duro, mas moderno e acessível. Num tempo em que os jipes têm vindo a ficar reservados a segmentos caros e de luxo, este Suzuki é uma verdadeira opção para gente jovem que goste de liberdade. Estará à venda a partir de outubro e ainda não há preços definidos, mas, como anteriormente, deverão ser no patamar dos automóveis da classe comum de utilitários. K
Nova SBE com vista para o mar | Santander parceiro de excelência
Laboratório vivo com talento e inovação 6 O novo Campus da NOVA SBE, em Carcavelos, surge como inovador e ousado, arrojado também, criando um ambiente académico diferente das academias tradicionais. Com vista para o mar e com uma ligação direta para a praia de Carcavelos, o novo campus reúne projetos inovadores e parcerias estratégicas, geradoras de oportunidades, que potenciam o saber e o empreendedorismo. O Banco Santander é um dos parceiros de excelência destacados por Pedro Santa-Clara, presidente da Fundação Alfredo de Sousa e criador do novo campus. Em entrevista fala também de outros projetos que estão a ser desenvolvidos com a CUF Saúde ou com a Jerónimo Martins. O objetivo é que a escola venha a ser uma das melhores do mundo. O seu campus académico, esse, já o é, seguramente. Este é um campus inovador, diferente do que existe no nosso país. Quais as mais valias para quem aqui aprende e ensina? Tentámos construir um campus diferente em várias dimensões. Este espaço não é apenas uma escola, mas sim uma plataforma de inovação com empresas e aceleradoras de startups. É um espaço aberto à comunidade, onde poderemos tirar partido desta localização extraordinária. Temos o balcão do futuro, do Banco Santander, que estamos já a desenvolver com os nossos alunos, no sentido de saber o que vai ser um balcão do futuro na era digital. Com a CUF Saúde vamos ter um espaço que promove estilo de vida saudável, que vai para além de um gabinete médico. Com a Cisco e a Microsoft teremos
escola pública, mas está a ser feita como uma parceria público-privada, no bom sentido, em que a Fundação Alfredo de Sousa, privada e sem fins lucrativos, tem como missão única apoiar a NOVA SBE. A Fundação é, portanto, a responsável pelo projeto? Há duas entidades que andam a par, que são a Fundação Alfredo de Sousa e a Nova School of Business and Economics, que conjuntamente prosseguem a sua missão.
Pedro Santa-Clara, mentor do novo Campus da NOVA SBE uma área para experimentar novas tecnologias. Com a Jerónimo Martins estamos a desenvolver uma loja de conveniência que vai ensaiar novas tecnologias de pagamento. Isto são exemplos do que queremos fazer aqui. Ou seja, olhar para a escola como um laboratório vivo, onde podemos ensaiar novos modelos de negócio e novas formas de vida em sociedade. A isto tudo juntamos a nossa localização junto ao mar e o clima maravilhoso que nós temos, para atrair o melhor talento para aqui estudar. A escolha do local foi também tido em conta para que a escola fosse mais atrativa para outros públicos? Claro que sim. A nossa escola já é muito internacional. Metade dos nossos alunos são estrangeiros.
À medida que a Europa, de forma muito acelerada, se está a tornar um espaço único de ensino superior, o nosso espaço de atração é o continente e o mundo. Por isso, temos que tirar partido de todos os trunfos que temos para captar talento. Este projeto tem a particularidade de reunir muito investimento privado... A Escola está a ser desenvolvida com o apoio da Câmara de Cascais, que nos cedeu um terreno único, de 39 empresas, e de mais de 900 pessoas a nível individual, que até à data nos doaram cerca de 42 milhões de euros. O objetivo é chegarmos aos 50 milhões de euros que pagarão o edifício. Até ao momento não tivemos nenhuma contribuição do governo para esta obra. É uma
E como é que foi possível captar o setor privado para este projeto. Os bons resultados da Nova SBE são reconhecidos internacionalmente. Foram esses os fatores importantes? A escola tem um reconhecimento extraordinário na sociedade portuguesa e não só. Quando há cinco anos procurámos apoio junto das empresas e das pessoas encontrámos uma generosidade incrível e uma grande vontade em colaborar com a escola. Este processo teve uma implicação importante, que foi o de abrir a escola para o exterior. Tradicionalmente as instituições de ensino superior tendem a ser um bocadinho torres de marfim, fechadas ao mundo. Neste processo vimo-nos compelidos a acolher e desenvolver iniciativas com uma série de parceiros, que é o que mais vai enriquecer este projeto.
mos uma das melhores escolas de gestão do mundo. Para isso teremos que ser inteligentes e fazer coisas diferentes. Temos que pensar com cuidado o que a escola faz, na qualidade de ensino e de investigação, mas também de toda a experiência de vida que proporciona aos alunos, de os estimular a serem empreendedores, a encontrem o seu propósito na sociedade e a tomarem a responsabilidade de serem parte da escola. E no contacto com todo este ecossistema da escola, que inclui nossos antigos alunos, empresas parceiras e o território em que nos incluímos, podemos desenvolver uma experiência que vai ser extraordinária. As duas aceleradoras de empresas aqui instaladas vão também potenciar esse dinamismo? Temos duas aceleradoras, a nossa própria, e uma que vem de Londres, porque os sócios gostam de surf e estão fartos de viver na capital inglesa. Essas aceleradoras vão estar no meio dos nossos alunos, e essa interação vai ser boa para ambos.
Este novo modelo acaba por garantir experiências diferentes aos alunos muito diferentes das que são disponibilizadas noutras instituições. Essa é uma vantagem? Claro. Nós temos um objetivo muito ambicioso, que é o de ser-
Um dos desafios que se coloca às instituições de ensino superior é o de formar diplomados para profissões que ainda não existem. É com este contexto que se pode fazer isso? Formar para algo que ainda não existe é difícil. Aquilo que poderemos fazer é criar abertura de espírito, a curiosidade, a capacidade de trabalhar em conjunto e de comunicar, para diplomar pessoas que sejam capazes de evoluir em qualquer contexto que o futuro venha a trazer. K
seu fluxo de informação. - Proco – Solução que junta estudantes, empresas e universidades, resolvendo muitos dos problemas do mercado de recrutamento com projetos conjuntos. - Gitsmart – Solução inovadora na área de recrutamento de
TI, reduzindo a quem procura o desperdício de tempo com candidatos não qualificados. Para além das dez equipas vencedoras foi ainda sorteado um 11º vencedor – Impower - solução que visa melhorar a qualidade de vida de pessoas com incapacidade. K
Com o apoio do Santander
O top 10 das ideias de negócio 6 No top 10 das melhores ideias de negócio da 2ª edição da European Innovation Academy (EIA), a que o Santander se associou, estão presentes 18 estudantes de Universidades e Institutos Politécnicos portugueses. Em oito das dez equipas vencedoras há um ou mais estudantes nacionais. O Instituto Superior Técnico, a Universidade do Porto, a Universidade NOVA de Lisboa (NOVA SBE, NOVA IMS, FCT e FCSH), a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, o Instituto Politécnico da Guarda, o Instituto Politécnico de Setúbal, o Instituto Politécnico
do Cávado e do Ave, a Universidade de Évora e a Universidade da Madeira são as Instituições de Ensino Superior nos projetos selecionados. Os prémios da European Innovation Academy incluem uma oportunidade única de contacto com aceleradoras e incubadoras de empresas de topo, tais como a Alchemist Accelerator, Dybaw Venture Capital, AG Consulting, Hunter & Bard, Pitch60 e a Nixon Peabody. Eis a lista das 10 equipas vencedoras da edição de 2018: - Plum – Plataforma digital que
liga expatriados que buscam comida caseira, fresca e saudável. - Baby Sisters – Plataforma de elevada qualidade que oferece serviços de babysitters profissionais on-demand. - Paralegal Bot – Plataforma de consultoria legal com base em Inteligência Artificial. - Navismart – Plataforma de troca de informação que visa otimizar o tráfego marítimo e as operações portuárias, fornecendo aos donos dos barcos informação em tempo-real durante a atracagem. Em simultâneo, ajuda portos e marinas a organizarem o
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Situado na Aldeia Histórica de Monsanto, o GeoHotel Escola é um hotel contemporâneo e inserido numa paisagem natural única, rodeado de património geomorfológico que conta uma história com mais de 600 milhões de anos.
www.monsantoghe.com
Escola Superior de Gestão do IPCB
Licenciaturas: - Gestão - Gestão Hoteleira - Gestão Turística - Contabilidade e Gestão Financeira - Gestão Comercial - Solicitadoria TeSP: - Gestão e Produção de Cozinha - Organização e Gestão de Eventos - Restauração e Bebidas - Gestão Empresarial - Comércio Eletrónico Mestrado: - Gestão de Empresas - Gestão de Negócios / Pós-Graduação Master: - Master Executive em Gestão de Unidades de Turismo em Espaço Rural Mais informações em: Instituto Politécnico de Castelo Branco www.ipcb.pt/esgin Câmara Municipal de Idanha-a-Nova www.cm-idanhanova.pt
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