outubro 2016 Diretor Fundador João Ruivo Diretor João Carrega Publicação Mensal Ano XIX K No224 Assinatura anual: 15 euros
Suplemento
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Distribuição Gratuita
Mia couto, escritor
África no coração Pedro Soares H
O segundo volume da trilogia “As areias do imperador” foi o mote para uma entrevista a um dos mais importantes escritores em língua portuguesa. Mia Couto, em discurso direto, fala sobre África, a lusofonia, a tecnologia, a globalização e o ensino. C
P2a5
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P 18 e 19
Jorge Rio Cardoso, Professor
Ensino Magazine em Madrid e Lisboa
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P 15
A partir do seu exemplo pessoal, Jorge Rio Cardoso dá conselhos para combater o insucesso escolar e defende que o propósito da escola deve ser formar os jovens para fazer escolhas e tomar decisões.
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Como combater o insucesso escolar
Felicita o Instituto Politécnico de Castelo Branco pelo seu 36º Aniversário
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Mia Couto, escritor
«A escola não acompanhou as mudanças do mundo» 6 O segundo volume da trilogia “As areias do imperador” foi o mote para uma entrevista a um dos mais importantes escritores em língua portuguesa. Mia
Couto, em discurso direto, fala sobre África, a lusofonia, a tecnologia, a globalização e o ensino. “Mulheres de cinza”
foi o primeiro volume de uma trilogia centrada nos últimos anos do Estado de Gaza, o império que Ngungunyane – conhecido em Portugal como Gungu-
nhane – liderou no sul de Moçambique, no final do século XIX. Agora lança “A espada e a azagaia”, a segunda parte. Este é o mais ambicioso projeto ficcional
da sua carreira? Sem dúvida. Quando iniciei este projeto não tinha a noção do quanto é que ele iria exigir em termos de tempo e de pesquisa.
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Este segundo volume, até pelo título, é mais bélico que o primeiro? É verdade. O primeiro volume teve como intenção apresentar aquilo que era o quadro humano e geográfico, no fundo, fornecer o contexto ao resto da história. E também anunciar aquilo que se iria desenrolar no futuro. Mas agora as coisas acontecem mesmo. Os confrontos militares e as grandes batalhas, a derrocada do império, a captura do imperador Gungunhane, surgem em força, indo ao encontro da necessidade de incluir nesta narrativa uma dinâmica de ação que não estava na primeira. Contudo, o traço do livro é o relato de uma história de amor em tempo de guerra. Diz que este livro é um contributo para a dignificação de Moçambique. Em que medida? No sentido em que dignifica os moçambicanos que compõem Moçambique e tem a intenção de tornar visível o mosaico que é aquele país. É uma nação recente, que está ainda a ser construída como um projeto e em cima de nações que já existiam. Portanto, como costurar esta diferença? Como unificar, sem anular o outro ou colocá-lo num plano secundário? É um enorme desafio. Estes seus dois últimos livros surgem numa altura em que a tensão volta a apoderar-se de Moçambique. Foi público que revelou ao presidente moçambicano que temia que estas obras literárias podiam
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«despertar fantasmas». Os seus receios confirmaramse? Antes de mais devo ressalvar que essa conversa com o presidente Nyusi aconteceu durante o período da pesquisa, e é preciso referir que pesquisar em Moçambique é uma realidade completamente diferente da pesquisa que fiz do lado português. Do lado português existe o registo escrito desta história e há muita documentação, muita dela escrita com qualidade, quase literária, nomeadamente por parte dos oficiais portugueses. Do lado moçambicano o registo existente era oral e daí a necessidade de fazer entrevistas com pessoas que ainda têm ecos desse período. E quase sempre me diziam, «não te metas nisso», advertindo-me que esta investigação ia levantar os tais fantasmas. Mas o presidente acabou por encorajá-lo a prosseguir? O diálogo aconteceu poucos dias antes dele tomar posse. Ele perguntou-me o que eu estava a escrever e eu confessei que estava com algum receio. Ao que ele respondeu: «antes despertarmos nós os fantasmas que eles nos despertem a nós». E tinha toda a razão. A literatura permite que se olhe sem culpa para esse passado em que houve, dentro de Moçambique, vencedores e vencidos. Parte do primeiro livro foi escrito num castelo em Itália, já para o segundo volume viajou até aos Açores, mais concretamente até à ilha Terceira, onde vivem muitos descendentes do imperador. Chegou a travar conhecimento com algum deles? Não cheguei a conhecer. Havia quatro afri- ;
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canos na Terceira: um era o próprio Gungunhane, que deixou descendência em Portugal continental, onde residem netas e bisnetas. E havia outro que, esse sim, deixou descendência na Terceira e também no território continental. Mas pude constatar que se desenharam muitas histórias de amor e paixão, mesmo num contexto de exílio e de guerra. Esta necessidade de ir ao terreno é a faceta de biólogo de formação que emerge na conceção dos seus livros? Não tanto. É a necessidade de alimento que me faz ir ao terreno. O escritor é um escutador. Eu preciso de ser estimulado, preciso de receber sugestões daquilo que é uma boa história. Os moçambicanos são bons contadores de histórias, muito devido ao facto de viverem no mundo da oralidade, eminentemente rural. Já sabe onde vai escrever o último capítulo da trilogia? Ainda não, só tenho uma vaga ideia, mas será fora do meu país. O escrever fora de Moçambique dá-me uma vantagem porque a realidade local é muito intensa e apelativa, por vezes dramática, que aconselha a uma distância para não ser absorvido pelo quotidiano. «As guerras são tapetes. Por debaixo deles se ocultam as imundícies dos pode-
rosos» é a mensagem que deixa na contracapa do livro. É uma mensagem também para os poderosos que mandam no mundo? Com certeza. Veja o que aconteceu no Iraque, por exemplo. Como se inventou um motivo para fazer uma guerra, invadindo um território soberano. E isso foi o “tapete”, debaixo do qual se esconderam várias coisas. A intranquilidade permanente em que vive o Médio Oriente relaciona-se com os interesses estratégicos ligados ao petróleo e à situação privilegiada de alguns países. Estamos perante coisas que nos parecem muito longínquas, como seja a Rússia dos czares ou a Alemanha como uma grande potência que estrutura toda a Europa. Isto são fenómenos que ciclicamente surgem e ressurgem. Não são propriamente novos. Este seu livro é uma crítica aos senhores da guerra? Sem dúvida. Os senhores que fazem a guerra nunca têm rosto e nunca aparecem. Você sabe quem são os donos da indústria automóvel, da indústria informática e da Apple, mas não conhece o rosto e a identidade dos donos da grande indústria do armamento.
em António Guterres foi formalmente designado novo secretário-geral da ONU. Se a estrutura das Nações Unidas se mantiver intacta e não se questionar como é que o Conselho de Segurança tem na sua composição cinco das maiores potências que são fabricantes de armas e que são responsáveis por discutir a paz no mundo, não sei como será. Acho que algo para mudar terá de ser abalado. O que quer dizer é que os líderes políticos com rosto estão manietados na sua ação? Não é apenas na decisão de fazer ou não a guerra. É principalmente nas decisões políticas e económicas. Em que nações se mantém a soberania dos dirigentes nacionais? Tenho dificuldade em responder. Cá também nos queixamos que a nossa soberania está hipotecada e nas mãos de Bruxelas…
E que elegem muitos dos poderosos deste mundo…
E porventura não são decididas em Bruxelas. Mas é esta ausência de um rosto que é mais inquietante. Quando era adolescente e era militante político, havia um nome. Era fácil saber onde estava o grande inimigo. Agora o inimigo tornou-se muito mais difuso. Transformou-se num sistema, que é global.
Sim. Esta entrevista acontece no dia
«O português do Brasil vai dominar»,
disse numa entrevista recente. Pensa que o poder económico e cultural do maior país do mundo a falar a língua de Camões vai prevalecer? Vai prevalecer, no sentido em que os portugueses terão a sua variante, os moçambicanos a sua, os angolanos a sua, etc. Não no sentido de fazer dissolver tudo numa massa homogénea. Repare, eu viajo para qualquer país do mundo e se tenho de procurar um serviço de um tradutor ou um intérprete aparece-me sempre um brasileiro. Muita gente que está a estudar português, sejam europeus, chineses ou de outro continente, quando questionados sobre a variedade de português que estiveram a estudar, a resposta que surge é sempre do Brasil. Não temos que ficar assustados com isso. Aquela também não é a nossa língua? O novo acordo ortográfico é uma vitória dos brasileiros? Não tenho nenhuma preocupação com ele. Não sou adepto, não sou a favor. O meu computador diz que está mal e eu corrijo-o a seguir. Moçambique ainda não aderiu ao acordo, por isso, também é uma questão que não se coloca para mim. Mas creio que seria mais importante debater outras coisas relacionadas com a língua. Como por exemplo? ;
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Porque é que estamos tão afastados uns dos outros. Será que os portugueses conhecem bem os novos escritores brasileiros que estão a surgir? Não me parece. Da mesma forma que os brasileiros desconhecem o que se está a passar em Portugal em termos de literatura, excetuando que conhecem dois ou três autores. Sabemos quem está a escrever o quê em Angola? Não. E só estou a falar no domínio da literatura. O acordo ortográfico não vai resolver este problema, por isso, não é importante. A língua, que devia ser fator de proximidade, está a afastar? O problema não é a língua, são os interesses económicos e as estratégias que têm cada um dos países. Se o Brasil está virado para o Mercosul, o que é que ele tem a ganhar com um projeto no âmbito da lusofonia? As relações entre Portugal e Angola estão a um nível muito tenso. Pensa que há algum passado mal resolvido? Não gostaria de falar de Angola, mas quase sempre são os fatores de natureza económica que provocam essas zangas de primos. Dizia Fernando Pessoa, que Mia Couto considera o seu «guia» e que o «ajudou a resolver-se internamente», que a sua pátria era a Língua Portuguesa. Cidadãos e governantes têm a real dimensão do património inestimável que constitui este recurso intangível? Essa é uma pergunta complicada. O país de onde eu sou originário, Moçambique, tem 25 línguas que não são o português. Repare que a maior parte dos moçambicanos não tem o português como língua materna. Se esta política a que dão o nome de lusofonia esquece ou marginaliza esta gente eu não tenho nenhuma simpatia por esse projeto. Chega a ser perigoso se as relações entre estes países forem construídas no pressuposto falso que existe só uma língua. O espaço lusófono foi abalado com a entrada recente da Guiné Equatorial para a CPLP, um país que tem um ditador como governante, mas com muitos recursos petrolíferos. A identidade da lusofonia foi, de alguma forma, desvirtuada? Não encontro nenhuma explicação lógica para incluir a Guiné Equatorial na CPLP. Talvez com estatuto especial, de simpatizante, etc. Mas antes de falar sobre quem adere à CPLP, talvez seja melhor perguntar: a CPLP existe? Está viva? Qual a relevância para a lusofonia da vitória de António Guterres, um português, na corrida a secretário-geral da ONU? Acho que é importante porque nos sentimos representados – e penso que posso falar pelos países de língua portuguesa e pelos meus compatriotas - por alguém que pode fazer a defesa de uma
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Pedro Soares H
outra visão do mundo, independentemente de ser de língua portuguesa, até porque deu prova de uma eficiência enorme como comissário dos refugiados. África é o eterno continente esquecido com fome, guerras e doenças, sendo alvo da cobiça pelos seus recursos ener-
géticos. Para quando uma África exportadora de pensamento e tendências de vanguarda? África apresenta-se da forma como descreve, porque também é a forma como é vista. Os jornais e as televisões olham para África como o continente
CARA DA NOTÍCIA Biólogo com veia de escritor 6 Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955. Foi jornalista e professor e é, atualmente, biólogo e escritor. Está traduzido em diversas línguas. Entre outros prémios e distinções (de que se destaca a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de “Terra Sonâmbula”, como um dos 12 melhores livros africanos do século XX), foi galardoado, pelo conjunto da sua vasta obra, com o Prémio Vergílio Ferreira 1999 e com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas 2007. Ainda em 2007, Mia Couto foi distinguido com o Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura pelo seu romance “O outro pé da Sereia”. “Jerusalém” foi considerado um dos 20 livros de ficção mais importantes da rentrée literária francesa por um júri da estação radiofónica France Culture e da revista Télerama. Em 2011 venceu o Prémio Eduardo Lourenço, que se destina a premiar o forte contributo de Mia Couto para o desenvolvimento da língua portuguesa. Em 2013 foi galardoado com o Prémio Camões e com o prémio norte-americano Neustadt. Em 2015 foi finalista do “The Man Booker Prize”. Lançou o ano passado, “Mulheres de cinza”, o primeiro volume da trilogia “As areias do imperador”, que tem seguimento com “A espada e a azagaia”, editado no início de outubro de 2016. K
que vende pela desgraça, ou seja, pela guerra e pela fome. Alguém se vai interessar se eu disser que determinado país africano teve sucessos na educação ou na saúde? Quem é que pára para ler uma notícia dessas? Não há uma preocupação de procurar uma outra África. Essa outra África está lá, está viva, tem gente que pinta, escreve, faz música, teatro, etc. A África é desconhecida porque são os africanos que não exportam essa imagem de si próprios. Eu não sou o único escritor moçambicano no ativo. Há vários bons escritores, mas são pouco conhecidos e não vejo grande vontade de os conhecer. O triunfo de José Saramago no Nobel da Literatura, em 1998, constituiu impulso à muita ignorada literatura nacional. Em 2013, Mia Couto ganhou o «Nobel» americano da literatura. Ainda sonha com uma distinção da academia sueca ou é muito difícil romper a hegemonia anglo-saxónica? Não penso sequer e seria uma terrível ousadia pensar que estou candidatável. Essa distinção não mudaria a sua forma de escrever? ;
Não mudaria nem a forma de ser, nem de escrever. O que mudaria, porventura, seria a conta bancária. No mundo atual impera a narrativa do medo e a falência de soluções políticas para por cobro a graves problemas sociais. Na sua opinião, o que é que pode salvar um mundo à deriva? A literatura? Não, mas pode ajudar. Está a globalizar-se e a generalizar-se um certo cansaço e um certo desespero. Não há país imune e o medo está por toda a parte. Contudo, estou otimista que esta crise vai acabar por produzir soluções. Falta globalizar a esperança? Eu acho que o outro lado do cansaço vai fabricar soluções e uma esperança. Foi jornalista, é escritor, mas a paixão é, desde sempre, a biologia e as questões relacionadas com o ambiente e os ecossistemas. Que recordações tem da nobre e difícil arte de ser professor e de ensinar futuras gerações? Foi um período muito feliz da minha vida em que travei contacto com a população estudantil de Moçambique e que me fez evoluir muito como ser humano. A possibilidade de ensinar, aprendendo e aprender, ensinando.
Pedro Soares H
Não deu aulas na Europa, mas deu palestras a estudantes. Encontra diferenças?
ção literária, são uma ameaça potencial e o caminho irreversível para o fim dos livros e dos jornais em papel?
Muitas, especialmente na atitude. Quando venho a uma escola na Europa os alunos estão muito mais descontraídos. A escola para eles já não é uma conquista, é uma chatice. Em Moçambique, você não ouve uma mosca na sala de aula. A escola para esses meninos é um momento quase religioso. E nas condições mais difíceis, muitas vezes sem carteiras, sem material, chove lá dentro, etc. Dá muito prazer desenvolver essa relação com quem quer verdadeiramente aprender.
Não me preocupa muito que o livro surja num formato ou noutro. Não é a invasão tecnológica que me inquieta, mas sim a ausência desta presença humana e da história que é contada pela mãe, pelo pai e pela avó. Preocupa-me esta
demissão dos laços familiares que entregam para uma escola, ou outra entidade qualquer, o dever de criar. O fascínio pela presença do outro está a perder-se. No fundo, não é o excesso tecnológico que me preocupa, é sim o défice do lado humano. É frequente ver jovens e menos jovens a sorrir para os telemóveis. É mais
um inquietante sinal dos tempos? Eles que peçam ao telemóvel que os abrace… K Nuno Dias da Silva _
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E o ensino pode mudar o mundo? Acho que é preciso repensar profundamente a escola. Esta escola não acompanhou as mudanças profundas que o mundo está a sofrer. Já no tempo em que estudava eu me interrogava o que ia mudar na minha vida se soubesse as equações de segundo grau, as derivadas, etc. Era ensinado de forma tão mecânica que não me fazia apaixonar pelo assunto. O professor que não ensina de forma apaixonada nunca vai transmitir saber nenhum. O professor deve fazer perceber aos alunos que está ali não para cumprir uma função profissional, mas porque essa é a sua vocação e ele ama aquilo que faz. Para finalizar, uma questão sobre a ideologia tecnológica, que domina os tempos em que vivemos. De que forma a internet, nomeadamente os e-books e os tablets, e a consequente desmaterializa-
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UBI atribui Doutoramentos Honoris Causa
Reconhecer o mérito
6 A Universidade da Beira Interior atribuiu, no passado dia 10 de outubro, o título de Doutor Honoris Causa ao poeta António Salvado, à historiadora Elisa Pinheiro e ao docente Ryszard Kowalczyk. Na cerimónia, presidida pela Secretária de Estado do Ensino Superior, Fernanda Rollo, e que marcou o início do ano letivo na UBI, o reitor da instituição, António Fidalgo, diz ser um privilégio da UBI, poder “colher as suas experiências e reconhecer publicamente a entrega e generosidade com que, ao longo das suas carreiras, se dedicaram à cultura e à ciência, engrandecendo-as”. Sobre o poeta albicastrense, que teve como padrinho na cerimónia António dos Santos Pereira, referiu ser “uma figura cimeira da cultura e da poesia portuguesa. Para além da poesia, tem desenvolvido um aturado trabalho em prol não só da excelência da língua portuguesa, com várias obras publicadas em Portugal e no Brasil, mas também da consolidação e divulgação do cânone literário português, com a edição de antologias e a elaboração da biografia dos principais poetas portugueses e estrangeiros, traduções, edições, roteiros, entre outros, e ainda organização de jornadas e colóquios, um sem-número de atividades que constituem um currículo riquíssimo”. António Fidalgo acrescentaria ainda que “a par de todas estas atividades, presidiu à direção do Museu Francisco Tavares Proença durante mais de quinze anos e é hoje uma das figuras maiores da cultura Albicastrense e Beirã, mas de incontornável espírito universal”. Elisa Pinheiro desempenhou, no entender de António Fidalgo, um trabalho que “tendo por fundo o passado da indústria têxtil da região, é fundamental não só para a UBI, mas também para toda a memória da Covilhã e, consequentemente, para as gerações futuras. Tudo o que é o património industrial da cidade, que neste momento se concretiza no Museu de Lanifícios, tem em Elisa Calado Pinheiro uma figura central”. António Fidalgo lembraria ainda que Elisa Pinheiro desenvolveu “um extenso e laborioso trabalho de salvaguarda e conservação ativa do património industrial têxtil, associado à investigação e à divulgação da tecnologia associada tanto à manufatura como à industrialização dos lanifícios, do qual resultou um Museu que, além de ter sido galardoado com o prémio de Melhor Museu Português 1999-2001 pela Associação Portuguesa de Museologia, contextualiza esta atividade nas vertentes antropológica, económico-social, cultural, político-institucional e ambiental, numa vasta área que tem por matriz a Serra da Estrela e por centro histórico a cidade da Covilhã, afirmandose como um centro de interpretação da rota turística peninsular Rota da Lã-TRANSLANA”. Já sobre Ryszard Kowalczyk. “Em 1992, foi um dos vários professores que vieram da Polónia para a instituição, onde desempenhou os cargos de diretor de curso e presidente do Departamento de Engenharia Civil. Paralelamente às funções desempenhadas,
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Minho nas 600 melhores T A Universidade do Minho está entre as 600 melhores universidades do mundo, segundo o ranking Times Higher Education (THE), um dos mais conceituados a nível mundial. A UMinho destaca-se pela sua relação com a indústria, pela visibilidade internacional e pela qualidade da investigação. Este ranking, que lista 980 instituições de 79 países, reúne grande prestígio e avalia o desempenho global universitário. K
UBI felicita Guterres T Na qualidade de primeira instituição portuguesa a atribuir o Doutoramento Honoris Causa ao antigo Primeiroministro português, a Universidade da Beira Interior congratulou-se com a eleição, por aclamação, de António Guterres para Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O Reitor António Fidalgo afirmou em nota à Comunicação Social, que António Guterres é “um político de convicções, honrando no exercício do poder os princípios normativos que defendeu e praticou dos quais se destacam a solidariedade social, o entendimento e a cooperação entre os povos, o progresso económico pela aposta nas pessoas e o diálogo como método de atuação”. K
Laboratório de Fabricação T A Universidade da Beira Interior inaugurou, a 6 de outubro, o Laboratório de Fabricação. O espaço instalado na Faculdade da Engenharia permite passar do desenho à prática no âmbito de investigações ou projetos de investigação que, frequentemente, necessitam de construir protótipos. Está afeto ao Centre for Mechanical and Aerospace Science and Technologies, mas poderá prestar apoio a diversas áreas da Universidade, como a bioengenharia ou biomedicina, além da aeronáutica, engenharia civil ou eletromecânica. A UBI abre ainda portas à criação de novas parcerias com a indústria, nomeadamente no desenvolvimento de projetos de investigação com empresas que operem com materiais duros. K
UBI investe 400 mil foi, com o seu forte dinamismo e liderança natural, um dos mais empenhados membros da comunidade de professores polacos na UBI, que soube construir pontes de cooperação entre esta Universidade e as suas congéneres na Polónia, desenvolvendo e fortalecendo o intercâmbio de estudantes, docentes e não docentes, e até mesmo as próprias relações entre ambos os países. Deixou a UBI em 2009, para voltar para a Polónia. É uma figura de renome internacional e que já recebeu outros doutoramentos Honoris Causa, algo que deixa feliz a UBI,
uma vez que é um elemento que faz parte da história da Universidade”, disse. A cerimónia, emotiva, coube a António Salvado agradecer a distinção em nome dos três novos doutores. Numa tarde em que a ciência, a cultura e o saber estiveram de mãos dadas, Fernanda Rollo, secretária de Estado do Ensino Superior, foi muito clara na necessidade de trazer mais jovens para o ensino superior. “A formação dos nossos jovens tem que ser um direito inalienável e a sociedade tem que se convencer de que esse conhecimento é necessário”, disse. K
T A Universidade da Beira Interior vai investir 400 mil euros para facilitar o acesso dos cidadãos aos seus serviços através do Portal do Cidadão, contribuir para o aumento da utilização da Chave Móvel Digital e racionalização de custos no âmbito da utilização dos telefones e manutenção de computadores. O Sistema de Apoio à Modernização e Capacitação da Administração Pública (SAMA2020) vai apoiar financeiramente estas intervenções com fundos europeus. K
Novos investigadores FCT
UBI garante quatro 6 Raquel Ferreira, Carla Cruz e Diana Costa, do Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS), e Alexey Koshelev, do Centro de Matemática e Aplicações (CMA) são os novos investigadores FCT, que garantem assim a realização de um projeto de investigação com a duração de cinco anos, após a participação num concurso entre investigadores que é considerado altamente competitivo. A título de exemplo, a UBI apresenta candidaturas a este concurso desde o seu surgimento, em 2012, e até ao momento apenas lhe tinha sido atribuído um investi-
gador FCT em 2013. O vice-reitor da UBI para a área da Investigação, Paulo Moniz, considera que a UBI conseguiu atingir um novo patamar no seu percurso de afirmação de excelência, pois a presença de um Investigador FCT constitui, para uma instituição de Ensino Superior, um modo de inserir na sua equipa alguém com elevada capacidade de produção científica, de manifesta qualidade e potenciando, deste modo, um rejuvenescimento possível a médio prazo nos seus quadros. K Rafael Mangana _
Academia Júnior de Ciências da UBI
Terceira edição no terreno 6 A Universidade da Beira Interior (UBI) conta este ano com 40 alunos de 12º Ano que estão a participar na terceira edição da Academia Júnior das Ciências, que decorre até março, e que lhes permitirá aprender a fazer ciência e investigação na UBI, nas áreas de Ciências, Engenharia, Física, Química e Matemática. Esta é uma oportunidade para os jovens poderem optar, com maior conhecimento, pelo caminho a seguir no Ensino Superior. “Neste momento estamos a duplicar o número de estudantes e os resultados que temos obtido têm sido verdadeiramente extraordinários”, afirma o reitor da UBI, António Fidalgo, que sublinha a importância do “trabalho em equipa”
na formação pessoal e académica dos jovens, que podem, através deste projeto, potenciar a sua “inteligência coletiva”. Os alunos vão ter a oportunidade de entrar em contacto com equipamentos, docentes e investigadores da UBI, formando equipas que vão trabalhar em projetos associados às áreas do conhecimento envolvidas. Estão ainda programadas quatro palestras temáticas Matemáticas impuras; Química e nanocoisas; A Matemática no Cinema e na TV e Relatividade restrita), duas visitas de estudo (Data Center e ao Voo vertical, em Manteigas, uma observação astronómica e o já habitual concurso de pontes de esparguete. K
Universidade do Minho
Suíça garante bolsa 6 Patrícia Monteiro, da Universidade do Minho, é a primeira cientista radicada em Portugal a receber a bolsa Society in Science - The Branco Weiss Fellowship, uma das bolsas de pós-doutoramento mais prestigiadas no mundo, sendo atribuída pelo Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça. Patrícia Monteiro tem agora até cinco anos de financiamento para estudar de que forma o stress crónico conduz a doenças como a depressão e a ansiedade. A cientista do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho vai utilizar novas técnicas de optogenética, que permitem ligar/desligar regiões cerebrais específicas através de lasers. O objetivo é registar a atividade neuronal das regiões afetadas pelo stress crónico e testar a relação entre a disfunção daquelas regiões e as respostas comportamentais observadas. A pesquisa pretende
contribuir para desenvolver novas abordagens no tratamento das doenças neuropsiquiátricas. O estudo decorre na Escola de Ciências da Saúde e no laboratório associado ICVS/3B’s, em Braga, no grupo liderado pelo professor Nuno Sousa. “É excelente ver reconhecida a qualidade do nosso projeto e das suas abordagens inovadoras. Este importante apoio financeiro estimula a investigação nacional e reforça a vontade de trabalhar em Portugal, valorizando os nossos investigadores, a nossa Ciência e os nossos institutos”, refere Patrícia Monteiro. K
Melhores universidades do mundo
UBI entra no ranking
6 A Universidade da Beira Interior (UBI) integra a lista das melhores instituições de Ensino Superior do mundo, de acordo com o ranking elaborado pela Times Higher Education (THE), o que levou o reitor da instituição, António Fidalgo, a destacar o “prestígio” associado à presença na lista elaborada por aquela publicação inglesa. “Rankings há muitos e há até rankings onde a Universidade da Beira Interior não aparece. Mas o ranking da Times Higher Education é dos mais prestigiados do mundo e o facto de nós entrarmos de imediato para esta posição – que é excecional, no patamar 601-800 das melhores universidades do mundo – é tanto mais especial quando temos de ter em atenção que este ranking apenas contém 980 universidades. Ou seja, deixa 95 por cento das universidades de todo o mundo de fora”, sublinha o reitor da UBI A admissão na avaliação da Times Higher Education surge na sequência da entrada em outras listagens internacionais de que é exemplo o U-multirank, onde a UBI está representada há três anos consecutivos.
Este ranking, avalia 13 indicadores, de cinco grandes áreas. A UBI consegue os seus melhores resultados – dentro da média de todas as instituições participantes –, no item ‘Citações’ e ‘Internacionalização (docentes, alunos e investigação)’, tendo ainda sido analisados ‘Relação com as empresas’, ‘Ensino” e “Investigação’. Consegue, assim, entrada direta para o grupo 601-800 das melhores universidades do mundo. O reitor da UBI lembra que, “apesar de termos aparecido nesta lista de repente, o nosso trabalho é que não é de repente. É um trabalho que já tem 40 anos. E se há algo que nos caracteriza
é o facto de trabalharmos de uma forma séria e honesta, com muita solidez”, considera. E concretiza: “Não trabalhamos para métricas, mas as métricas acabam por ser o reflexo exterior daquilo que somos. Sendo um espelho, ao mesmo tempo reflete para outras realidades, que também vão buscar esse espelho como referência”.. Com a entrada da UBI no ranking, Portugal passa a ter oito universidades incluídas numa lista que comparou 980 academias de 79 países. A liderar a classificação na atual edição, referente a 2016/2017, está a Universidade de Oxford, de Inglaterra. K Rafael Mangana _
Gestão para cidade inteligente
UBI apresenta modelo na China 6 Flávio de São Pedro Filho, investigador da Universidade da Beira Interior (UBI), acaba de apresentar um modelo de gestão para cidade inteligente, que tem como principais vantagens aumentar a qualidade de vida das populações e reduzir os custos na gestão dos serviços públicos. O modelo, que exige investimentos iniciais mas permite depois reduzir os custos de gestão a posteriori, foi apresentado no 2016 International Forum on Smart City, que decorreu em setembro, em Chengdu, na China. “A qualidade de vida dos cidadãos não tem preço. Os habitantes podem usufruir de imediato aquilo que desejam, desde o pronto atendimento no supermercado, até à localização exata dos filhos no trajeto da escola. O que se percebe dos factos é que os investimentos serão razoáveis na implantação, e que a satisfação dos moradores de uma Smart City supera o custo-benefício da sua implantação”, explica. Flávio de São Pedro Filho,
doutorado em Administração pela Universidade de São Paulo, é atualmente docente e investigador da Universidade Federal de Rondônia (Brasil). Está a realizar um pós-doutoramento em Gestão na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior, sob a orientação da docente Maria José Aguilar Madeira, com o projeto de invetigação aprovado e em andamento,
intitulado de ‘Estratégia de gestão para inovação e sustentabilidade’. A docente da UBI é também co-autora do artigo “Public Management of the Smart City”, onde é sugerida a proposta de gestão de smart city, e que é assinado por Flávio de São Pedro Filho, Maria José Madeira, Benxiang Zeng, Cléofas Aristoteles Nogueira e Franklin Soares Rodrigues. K
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Cooperação
Évora e Huawei juntos 6 A Universidade de Évora assina acordo de colaboração nos domínios da formação e da investigação com a multinacional chinesa Huawei. A assinatura do documento teve lugar dia 12 de outubro, na sede da Huawei, em Shenzhen, no âmbito da visita do primeiroministro António Costa à China.A sessão contou com a presença de João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria e João Oliveira, secretário de Estado para a Internacionalização da Economia. Para a Reitora da UÉ, Ana Costa Freitas, “este acordo é uma oportunidade e uma aposta no
A Promoção da Cultura futuro dos nossos estudantes, ao potenciar a colaboração com uma multinacional especializada em equipamentos para redes e teleco-
municações”. Foram ainda assinados com a empresa, acordos com outras instituições portuguesas. K
Curso de Turismo
Évora ganha prémio 6 A Licenciatura em Turismo da Universidade de Évora foi a vencedora do Prémio Portugal Travel Awards 2016 na categoria de Instituição de Ensino Superior em Turismo. A cerimónia de entrega do prémio teve lugar, no passado dia 16 de setembro, no Convento São Francisco em Coimbra. A atribuição do prémio pela Travelport Portugal teve como critérios: “cursos de turismo que melhor se enquadram com as necessidades do mercado de trabalho, preparação dos alunos; organização de congressos envolvendo organizações nacionais e internacionais do sector; intercâmbio com outros países; atribuição de prémios internacionais a teses e trabalhos científicos de docentes”. Também teve em conta a parceria que a Universidade de Évora tem com a Travelport Portugal onde em algumas unidades curriculares “adota o sistema Galileo em ambiente real, com documentação e módulos próprios estruturados para o ensino, permitindo aos alunos um acesso ao ambiente real mais próximo do que encontrarão no mercado de trabalho”. Para Noémi Marujo, diretora da Licenciatura em Turismo o prémio, “é um reconhecimento do trabalho que a Comissão de Curso tem desenvolvido junto dos alunos e junto do sector público e privado do turismo. Este prémio não só dignifica o Curso de Turismo mas também a Universidade e a região Alentejo”. Segundo a diretora da Licen-
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Évora conversa às quintas 6 “Conversas às Quintas” é uma iniciativa coordenada por Fátima Nunes, Professora Catedrática do Departamento de História da Universidade de Évora, e que tem como objetivo “explorar ideias e práticas em torno da existência do mote: interioridade no centro da excelência em ciências sociais”. Fátima Nunes considera que “o interior e as regiões têm polos de excelência, sejam académicos, políticos e sociais, que promovem uma interioridade de qualidade” e que esses “polos de excelência” devem ser convidados a debaterem diversas temáticas na academia.
No passado dia 13 de outubro o tema da conversa foi “A Promoção da Cultura”, e contou com a presença de Nuno Marçal, da Biblioteca Móvel do Município de Proença a Nova que abordou a importância da biblioteca móvel em comunidades isoladas. Noémi Marujo, diretora da Licenciatura em Turismo da Universidade de Évora foi outra convidada que falou da relação entre turismo e cultura. Para Fátima Nunes, coordenadora da iniciativa, a temática “promoção da cultura” foi bastante enriquecedora porque consistiu numa reflexão sobre “pessoas, identidades culturais, sítios e cultura de livros”. K
Ambiente Marinho Publituris H
ciatura em Turismo, o plano de estudos do referido curso permite que os licenciados trabalhem em diversos campos na atividade turística. “Temos uma licenciatura polivalente que tem como objetivo principal promover a inovação, a investigação e a intervenção inter, trans e multidisciplinar em turismo. A nossa principal função é dotar os alunos de saberes teórico-práticos para o mercado de trabalho”. O plano de estudos do curso contempla um estágio no último semestre e, segundo a diretora de curso, ele “é uma excelente oportunidade para os alunos ingressarem no mercado de trabalho”. Acrescentou ainda que a Licenciatura tem mais de 120 protocolos celebrados entre a Universidade de Évora e diversas organizações turísticas públicas e privadas em várias zonas geográficas do país, onde os alunos podem realizar estágios. “Todos os anos temos uma preocupação em celebrar novos protocolos de estágio. Por outro lado, procura-
mos sempre incentivar os alunos a realizarem estágios de verão para ganharem experiência e, por isso, fazemos muito trabalho de bastidores que é estabelecermos relações com os diferentes agentes do turismo”. Noémi Marujo referiu ainda que a Licenciatura em Turismo da Universidade de Évora é um “curso de excelência” e que cada vez mais capta alunos de diversos pontos do país. “Este ano tivemos mais de 70 candidatos em primeira opção para 27 vagas e os que entraram não foram só da região Alentejo. O nosso Curso tem alunos de Lisboa, Leiria, Setúbal, Sesimbra, Sintra, Castelo Branco, etc). Refira-se que as instituições nomeadas para o prémio foram as seguintes: Universidade de Aveiro; Universidade de Évora; Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril; Instituto Politécnico de Leiria, Instituto Politécnico de Viana do Castelo; Instituto Politécnico de Beja e ISLA de Gaia. K
Docente do Algarve na ONU 6 Maria João Bebianno, professora catedrática e diretora do Centro de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Algarve, vai integrar um Grupo de Peritos da Organização das Nações Unidas que irá elaborar o processo regular de avaliação do Estado do Ambiente Marinho para o período 2017-2020, incluindo os aspetos socioeconómicos. Este grupo é composto por 25 elementos, cinco por cada região, que se distribuem da seguinte forma: Europa Ocidental e outros Estados, Europa Oriental, Ásia-Pacífico, América Latina e Caraíbas e Estados Africanos. Além de Portugal, representado por Maria João Bebianno, dentro dos Estados da Europa Ocidental e outros Estados estão representados peritos do Reino Unido, Grécia, Estados Unidos da Améria e Austrália. Prevê-se que
o grupo de peritos agregue elementos das Agências das Nações Unidas, tal como a Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco e o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP). O Grupo de Peritos reunir-se-á periodicamente na Sede das Nações Unidas e terão ainda lugar dois grupos, de cinco workshops cada, nas diferentes regiões geográficas. K
Povoado com cinco mil anos
Évora estuda em Mora 6 Um grupo de alunos de Arqueologia da Universidade de Évora está em Brotas, concelho de Mora, a estudar o povoado de Santa Cruz 13, do calcolítico, que foi identificado no âmbito de trabalhos de prospeção realizados entre 2002 e 2004, importantes para o conhecimento das populações que habitaram este território nessa altura e que foram os responsáveis pela construção dos monumentos megalíticos funerários (antas) existentes no concelho. Apesar da quase totalidade das antas terem sido intervencionadas no decorrer do séc. XX por V. Correia (1914-1918) e por Manuel Heleno (1933-1938), a equipa da Universidade tem poucos dados sobre o povoamento, uma vez que apenas um povoado foi escavado na totalidade e realizadas sondagens em mais dois lo-
cais, todos por V. Correia. Todo o espólio recolhido nestas intervenções antigas está depositado no Museu Nacional de Arqueologia. A equipa da universidade espera com esta intervenção, para além dos dados científicos que são extremamente importantes, vir a obter um novo conjunto de materiais que permitam vir a remodelar o museu de Mora, a médio prazo. O trabalho insere-se num projeto de investigação que a coordenadora do mestrado de Arqueologia da Universidade de Évora, Leonor Rocha, tem em curso e que visa estudar o modo de vida destas primeiras sociedades camponesas e resulta de uma parceria entre a Universidade de Évora e a Câmara Municipal de Mora, autarquia que apoia financeira e logisticamente os trabalhos. K
Projetos de Acessibilidade
FCT premeia UTAD 6 A Universidade de Trásos-Montes e Alto Douro (UTAD) acaba de ver vários dos seus investigadores distinguidos pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), que premiou projetos no âmbito do Prémio Inclusão e Literacia Digital, na área da acessibilidade a pessoas com deficiência. O Sistema Integrado para Aumento da Autonomia de Cegos constitui um avanço ao nível das ajudas técnicas disponíveis para os cegos na sua autonomia quotidiana, combinando tecnologias emergentes que vão permitir transmitir aos cegos uma perceção do mundo circundante e facilitar a interação com o ambiente. Este sistema inovador integra Publicidade
soluções de mobilidade com a localização de objetos, por forma a potenciar a autonomia quotidiana dos cegos. Foi financiado com 29 mil euros e é liderado pelo investigador João Barroso. Metáfora de interação acessível para navegação Web sem recurso a texto foi também premiado no valor de mais de vinte e um mil euros. Trata-se de uma aplicação Web com funções de pesquisa por categorias representadas por ícones, com ajuda áudio e que funciona apoiada na API do Youtube. Ao clicar nos ícones, o utilizador acede a vídeos apresentados no Youtube, numa interface alternativa acessível. O projeto é liderado por Tânia Rocha. K
Jorge Sampaio na Universidade de Évora
Refugiados e o ensino
6 Jorge Sampaio, antigo Presidente da República Portuguesa, defendeu, na Universidade de Évora, no passado dia 12, que “o acesso à educação superior por parte dos refugiados, não é apenas um direito, mas um poderoso vetor de esperança, para os estudantes, suas famílias e comunidades”. O antigo Presidente da República falava no âmbito da conferência “Refugiados no Mundo e a criação de um mecanismo de resposta rápida para a educação superior nas emergências”, organizada pelo CICS.NOVA.UÉVORA. A reflexão centrou-se na problemática dos refugiados e das dinâmicas de (des)entendimento global. Em 2013, Jorge Sampaio, lançou a Plataforma Global para os Estudantes Sírios, que pretende alertar para a necessidade de “fazer mais, melhor e mais depressa, para reforçar o Ensino Superior em situações de emergência”. Mais recentemente, em março último, propôs na ONU um mecanismo para reforçar o sistema de Ensino Superior em situações de emergência, alertando para o facto de que na Síria já se perdeu uma geração de licenciados após o início do conflito. Esta aposta na formação superior é, na opinião de Jorge Sampaio, “uma forma de os an-
corar a uma dinâmica positiva, contrapondo-se ao desespero e ao fomento de insatisfações”. Na sua perspetiva, “criar essas oportunidades é também começar a preparar a paz”, permitindo “desenvolver uma nova geração de líderes capazes de reconstruir o estado e a sociedade”. Num mundo cada vez mais global, a exigência das organizações mundiais perante estes conflitos aumenta, mas a resposta por parte destas organizações “tarda a chegar”, afirma Jorge Sampaio, explicitando que “não se tem feito o suficiente em termos de esforços diplomáticos para a mediação dos conflitos e a procura de soluções negociais” e
que “nem o sistema das Nações Unidas nem as instâncias europeias têm sabido ou tem podido exercer influência significativa na prevenção e resolução dos conflitos”. Neste sentido é sua convicção que o “multilateralismo tem de ser reforçado e não dispensado”. Em relação aos desastres naturais que geram igualmente situações de emergência humanitária, Jorge Sampaio referiu o caso do Haiti, atingido recentemente pelo furacão Matthew, que causou pelo menos 473 mortos e milhares de desalojados, frisando a necessidade de haver “uma resposta urgente” por parte da comunidade internacional. K
Avaliar leitura no 1º ciclo do Ensino Básico
Coimbra inova
6 Uma equipa de investigadores do Instituto de Telecomunicações da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra desenvolveu uma tecnologia capaz de avaliar, em tempo real, a capacidade de leitura em voz alta das crianças do primeiro ciclo do Ensino Básico, a tecnologia LetsRead - Automatic assessment of reading ability of children, desenvolvida em parceria com a Microsoft. Assente em modelos inteligentes de reconhecimento e processamento de fala de crianças com redes neuronais, a tecnologia de aprendizagem assistida “deteta e quantifica o número de palavras corretas, erros de pronúncia, hesitações, velocidade de leitura e outros indicadores, calculando de forma automática um índice global de capacidade de leitura do aluno”, explica Fernando Perdigão, coordenador do projeto. Através de um processo simples e rápido, bastará aceder a
uma página web criada para o efeito, “o professor obtém o desempenho da turma, permitindolhe gerir melhor a expectativa do ano escolar, identificar dificuldades e corrigir discrepâncias entre alunos”. Além disso, adianta, esta tecnologia poderá ser usada “como uma ferramenta didática ou para detetar problemas como, por exemplo, dislexia”.
A tecnologia LetsRead está pronta para ser implementada nas escolas do 1º ciclo de Ensino Básico do país, assim o Ministério da Educação tenha essa vontade. O projeto, desenvolvido no âmbito da tese de Doutoramento do investigador Jorge Proença, foi galardoado recentemente com o Prémio Camões 2016 para as Tecnologias da Língua Portuguesa. K
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IPG
Politécnico da guarda
Malásia faz acordo 6O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e a Universiti Teknologi Malaysia (UTM) assinaram, recentemente, um Memorandum de Acordo e um Memorando de Entendimento para colaborar no desenvolvimento de uma Graphic Processing Unit (GPU), uma unidade de cálculo acelerado para análise de mega dados. “Trata-se de um acordo que veio formalizar uma colaboração técnica e científica especializada que já decorre há algum tempo e que nasceu dos trabalhos de doutoramento de Noel Lopes, professor de Informática na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPG”, esclareceu o presidente do Instituto Politécnico da Guarda, Constantino Rei. Para o presidente do IPG “é
uma grande satisfação ver que em terras tão distantes, o trabalho dos nossos docentes é reconhecido e valorizado, o que prestigia o Politécnico da Guarda”
Um olhar italiano A colaboração agora firmada assegura uma plataforma para que ambas as partes trabalhem, em conjunto, na investigação científica de mega dados, traduzindo a sua investigação em ferramentas e metodologias que ativem indústrias e academias na Malásia. A cerimónia de assinatura teve lugar na cidade de Johor Bahru, no sul da Malásia, onde se situa um pólo da UTM, durante a comemoração do segundo International Workshop on Big Data Analytics (IWBDA 2016), organizado pelo UTM Big Data Centre, que contou com a presença de dezenas de investigadores oriundos da Malásia, Tailândia, Indonésia, Canada, India, Egipto, Alemanha e Marrocos. K
Cooperação do IPG com Universidade Brasileira
Curso de gestão internacional
6 No âmbito do protocolo de cooperação académica, científica e cultural existente entre o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e a Universidade Metodista de São Paulo (Brasil) está a decorrer no IPG, até
21 de outubro, um curso de curta duração em Gestão, organizado por docentes de ambas as instituições de ensino superior. Neste contexto, e à semelhança do que ocorreu no passado ano, o
Instituto Politécnico da Guarda recebe um grupo de dezoito participantes, entre alunos e professores, que durante este período se envolvem ativamente nos seminários e visitas de estudo. K
Guarda
Toponímia em fórum
6 Na Guarda vai decorrer, no próximo dia 28 de outubro, o V Fórum sobre Toponímia, promovido pelo Instituto Politécnico. Este Fórum terá lugar no Auditório dos Serviços Centrais do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), a partir das 9 horas. “Guarda – Toponímia e Cristãos Novos, finais do Século XVI” (Manuel Luis Santos), “As mulheres Emparedadas do santuário de Milreu e da Senhora do Templo-Tempre” (Fernando Monteiro Correia), “Particularidades da to-
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ponímia na Freguesia da Ramela” (Vanda Sá Rodrigues), “Ainda o Côa (Questionando)” (Eurico Morais Palos), “Novas Placas Toponímicas na Guarda” (Sérgio Costa) e “A Guarda escrita por Vergílio Ferreira, Tomás Ribeiro e Augusto Gil” (Anabela Pereira Matias) são os temas das comunicações agendadas para o período da manhã. O programa prosseguirá a partir das 14h30 com intervenções subordinadas aos temas “Toponímia: de Aldeia Lourenço a Malta”, (Manuel
Martins Neves) e “Safed – a tradição judaica que abraçou a Guarda” (José Levy Domingos), as quais antecedem a apresentação do livro «História da Companhia de Jesus em Portugal», da autoria de Maria de Deus Beites Manso. Incrementar o estudo/divulgação através de diversificadas e distintas perspetivas que, globalmente, propiciem a guarda da memória e um melhor conhecimento da toponímia, é o objetivo deste Fórum. K
6 Riccardo Di Cori é um jovem italiano, licenciado pela Universidade SSML Gregório VII (Roma), que está a desenvolver um programa de mobilidade no Instituto Politécnico da Guarda (IPG). Depois de concluir a sua licenciatura – em Interpretação e Tradução – apostou numa nova experiência formativa, tendo preferido aumentar o seu domínio da língua portuguesa. Atualmente está a desenvolver um estágio, de dois meses, no Gabinete de Mobilidade e Cooperação (GMC) do IPG. “O estágio consiste em ajudar as colegas do GMC no plano das relações internacionais, preparando a documentação para os alunos do IPG que vão sair para mobilidades Erasmus, isto a par de responder a e-mails de alunos internacionais, sobre dúvidas, e ajudando-os a procurar uma casa ou um quarto para alugar, e sobretudo auxiliando-os nos primeiros contactos com o IPG e com a cidade”. Afirmou-nos Riccardo Di Core para quem o Politécnico da Guarda “é uma instituição muito grande e bem organizada em programas de intercâmbios e protocolos com universidades tanto portuguesas como internacionais, mas que ainda tem a possibilidade de se expandir”. Questionado sobre a oferta formativa do Politécnico da Guarda, este jovem italiano, de 23 anos, considera que o IPG tem uma “boa variedade de cursos, em muitos campos diferentes, com possibilidade de práticas e especializações em sectores mais técnicos e específicos. Contudo, sendo eu um estudante dum contexto linguístico, dei conta que,
entre as várias possibilidades, não há cursos relativos a línguas, que possam ser, por exemplo, tradução, linguística, letras e/ou culturas estrangeiras.” Riccardo Di Cori está pela primeira vez que está em Portugal. A Guarda foi a primeira cidade portuguesa que conheceu. “A primeira impressão sobre a Guarda e, consequentemente, sobre Portugal foi muito positiva, como imaginava. Gostei, de imediato, do ambiente e da hospitalidade; as pessoas estão sempre disponíveis para ajudar-me em qualquer pequena dificuldade que possa ter como estrangeiro, fizeramme sentir em casa e, ao mesmo tempo, abraçar uma nova cultura diferente da minha. Fui criado e residi em Roma, uma capital onde um bairro é maior do que toda a cidade da Guarda, mas as diferenças não me incomodaram. Tenho apreciado a calma e sobretudo a vista estupenda, a paisagem que se pode admirar do ponto mais alto da Guarda”. Sobre a mobilidade de jovens, entre diferentes países, Riccardo Di Cori disse-nos que é “muito importante para os estudantes, quer ao nível formativo e cultural, quer ao nível curricular”. K
IPG
Novos alunos erasmus 6 No Instituto Politécnico da Guarda decorreu, este mês, a sessão de boas-vindas aos novos alunos ERASMUS. De Espanha vieram este ano estudantes das universidades espanholas de Burgos, Extremadura, Florida, Granada, Huelva, Jaén, León, Universidade Miguel Hernandez e Universidade de Sevilha. Aos estudantes espanhóis juntaram-se alunos turcos provenientes das universidades Cannakale University, Cumhuryet, Karabuk Karadeniz, Kirikkale, Mu-
gla, Sakarya e Trakya. No conjunto de estudantes ERASMUS do IPG estão também alunos italianos da Universidade de D’Aquila e da Universidade Degli Studi di Urbino; alunas belgas da Artesis Plantijn Hogeschool Antwerpen; estudantes polacos da Universidade de Kielce e alunas da Universidade de Ostrava (República Checa). Na Escola Superior de Turismo e Hotelaria encontram-se duas alunas lituanas da Universidade de Kaunas e uma estudante turca da Universidade de Izmir. K
Ideas Web Summit
Politécnico de Leiria apresenta
IP Coimbra selecionado
Do mar ao prato!
6 Um dispositivo que promete ajudar a reduzir a sinistralidade rodoviária associada à condução sob o efeito do álcool, concebido por dois estudantes (atualmente, enfermeiros recém-diplomados) e uma professora da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, foi um dos vencedores do ‘Ideas Web Summit’, concurso de ideias inovadoras no âmbito do programa ‘Born from knowledge’, lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e pelo Ministério da Economia. O projeto ‘Pitbox’, de Jimmy Martins, Tiago Silva e Teresa Barroso, ficou classificado em 5º lugar. Os autores foram premiados com bilhetes para a “Web Summit”, o maior evento de empre-
endedorismo, tecnologia e inovação da Europa, que decorre em Lisboa, de 7 a 10 de novembro, e com a participação num programa/ação de imersão promovido pela Agência Nacional de Inovação, prémio apenas atribuído às 10 melhores ideias de negócio de produtos de base científica ou tecnológica apresentadas por equipas compostas por estudantes do ensino superior e investigadores. O ‘Pitbox’ é uma ideia inovadora que está inserida no projeto de investigação H2Q: ‘Home to Queima: come and go safe’, inscrito na Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem, da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. K
6 O Politécnico de Leiria acaba de lançar a obra ‘Do mar ao prato – biologia, ilustração e gastronomia’, que reúne gastronomia tradicional e contemporânea, acompanhada de ilustração científica, e resulta do contributo de diversos docentes da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM), em Peniche, que pertence ao Politécnico de Leiria. Apresentado a 28 de setembro, em Peniche, o livro responde à crescente relevância da sustentabilidade dos recursos naturais, e à necessidade de contribuir para a sensibilização e educação ambiental dos consumidores, além da promoção do consumo responsável dos recursos marinhos. Inclui ainda, para cada recurso do mar, a sua biologia/ecologia, o perfil nutricional, a gastronomia tradicional e a gastronomia moderna, “salteada” com a arte da ilustração científica. Trata-se de uma abordagem inovadora, que integra a ciência e a arte, e que se constitui num contributo efetivo para a divulgação do património gastronómico nacional, para a dinamização das
atividades económicas diretamente relacionadas com as localidades costeiras, nomeadamente hotelaria e restauração, assim como para a valorização da experiência turística. Sérgio Leandro, subdiretor da ESTM e um dos autores do livro, explica que “para as comunidades dependentes da pesca, a gastronomia do mar assume especial relevo para o seu desenvolvimento económico, contribuindo para a promoção e atratividade do seu território, e consequente garante de muitos postos de trabalho. Além disso, a gastronomia do
mar constitui um património cultural das comunidades costeiras, pelo que deve ser perpetuada e enriquecida por forma a ser apreciada no presente e reconhecida no futuro”. Além de Sérgio Leandro, são autores Pedro Salgado, Paulo Maranhão, Catarina Barraca, Catarina Correia, Patrícia Borges, docentes e investigadores do Politécnico de Leiria, e António Alexandre, chef executivo do Lisboa Marriott. As ilustrações são da responsabilidade do conceituado ilustrador científico português Pedro Salgado. K
Politécnico de Leiria Mariana Sampaio e Patrícia Shenriq, diplomadas pela ESAD.CR
Diplomadas da ESAD.CR/IPLeiria
Portuguesas em Londres 6 Mariana Sampaio e Patrícia Shenriq, diplomadas pela Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha (ESAD.CR) do Politécnico de Leiria, são as duas únicas portuguesas a integrar a Artrooms, a maior feira gratuita de arte para artistas independentes. À exposição concorreram artistas de todo o mundo, sendo pré-selecionados 800, dos quais foram efetivamente selecionados apenas 78 artistas. Patrícia Shenriq é estudante do mestrado em Artes Plásticas, e Mariana Sampaio é licenciada e mestrada em Artes Plásticas pela escola. A Artrooms 2017 decorre de 20 a 23 de janeiro, no Hotel Meliá White House no coração de Londres. Trata-se de “uma exposição interativa dos artistas mais provocadores, alucinantes e inspiradores de hoje, cuidadosamente selecionados de todo o mundo; esta é a oportunidade única de Londres ver as novidades e tendências na arte”, explica a organização. Os artistas são
desafiados a expor o seu trabalho dentro do quarto do hotel (de 24 m2 aproximadamente), sem que nada do que existe no quarto saia para efeitos da exposição, tendo assim de encontrar uma maneira criativa de expor o seu trabalho num espaço completamente mobilado. Podem também apresentar um projeto/instalação de site function pensado no espaço em si. Mariana Sampaio explica que a sua peça “é uma instalação da site function, funciona em todos os lugares, anfiteatros, escadas, espaços de formato irregular ou numa sala completamente mobilada, uma vez que os materiais utilizados são tão flexíveis: a pele sintética, o feltro, o plástico”. Patrícia Shenriq revela que o trabalho I’ll fix you “representa a história do meu corpo, funcionando como metáfora do mesmo. A escolha do feltro justifica-se pela sua maleabilidade, onde em cada dobra e cada viragem constitui um processo pessoal terapêutico”. K
Nova empresa vai avançar 6 Nuno Fonseca e Gustavo Reis, docentes do Politécnico de Leiria, conquistaram o terceiro lugar no concurso nacional Poliempreende e vão agora concretizar a sua ideia de negócio, que consiste no desenvolvimento do software 3D áudio Sound Particles, vocacionado para profissionais de som nas áreas do entretenimento (cinema, televisão, videojogos, etc.). O Sound Particles é único no mercado e já se encontra a ser utilizado nos estúdios de Hollywood - Skywalker, Universal, Warner Bros, Fox, Sony, Paramount, Pinewood e Park Road. O software utiliza sistemas de partículas de forma a criar facilmente milhares de sons em simultâneo, dando origem a efeitos sonoros de elevada complexidade, e em pouco tempo. Com a conquista do prémio no Poliempreende, o projeto vence 3.000 euros para a execução da ideia de negócio (patrocínio da Ordem dos Contabilistas Certificados). Depois de vencer a componente regional do Poliempreen-
Gustavo Reis e Nuno Fonseca, docentes do Politécnico de Leiria
de, a ideia de negócio de Nuno Fonseca e Gustavo Reis concorreu a nível nacional, sendo avaliado por um júri distinto, composto por representantes do Santander Totta, Delta Cafés, AICEP, Gastão Cunha Ferreira, Lda. e Ordem dos Contabilistas Certificados, e do dinamizador desta edição do concurso, o Instituto Politécnico de Setúbal, que entendeu ser uma das três melhores ideias apresentadas. O Poliempreende, promovi-
do pelos institutos superiores politécnicos portugueses, tem por objetivo desenvolver o espírito de iniciativa, a vontade de empreender que possa conduzir à criação da própria empresa e gerar postos de trabalho, explorando o caráter eminentemente prático e profissionalizante da sua formação, avaliando e premiando projetos de vocação empresarial, apresentados por alunos, diplomados ou docentes destas instituições. K
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2ª Edição do Summer Course
Santarém internacional 6 A International School do Instituto Politécnico de Santarém organizou, de 7 a 16 de setembro, a segunda edição do Summer Course, integrado na estratégia de internacionalização do Instituto, que durante dez dias permitiu aos 15 alunos de países como a Holanda, Bélgica, Roménia e República Checa, um primeiro contacto com a língua e a cultura portuguesa. No arranque do curso os alunos do Summer Course, juntamente com outros do mestrado Erasmus Mundus da Escola Superior de Saúde, foram recebidos nos Paços do Concelho e desfrutaram de uma visita guiada à cidade escalabitana que lhes deu a conhecer um pouco da história da região e a oportunidade de apreciar o património cultural e paisagístico da cidade. O responsável da International School, Hélder Pereira, reconhece que “estas iniciativas são uma forma de captar a atenção dos alunos internacionais para o Politécnico de Santarém e a sua oferta formativa,
assim como fomentar uma cultura internacional na instituição, cada vez mais aberta para novas realidades e para novas pessoas”. O programa contou com atividades diversificadas, desde o primeiro contacto com a aprendizagem da língua portuguesa, à proximidade com outras áreas de conhecimento através de workshops, sobre História e Sociedade Portuguesa, União Europeia, e, na área da saúde e do desporto, sobre Suporte Básico de Vida, Saúde e Alimentação e Fitness e Desportos da Natureza. Por fim, usufruíram também da possibilidade de participar num workshop de Empreendedorismo, uma área em voga no mundo dos negócios e das empresas. Os alunos em mobilidade e a frequentar este Summer Course do IPSantarém visitaram ainda as Escolas de Saúde e de Desporto e tiveram a possibilidade de participar em várias atividades de lazer, como frequentar uma aula de ténis na Escola de Ténis do IPSantarém. K
Idanha-a-Nova
Master em Turismo Rural 6 O Politécnico de Castelo Branco, o Politécnico de Porto e a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril vão lançar em janeiro de 2017, em consórcio, um Master Executive em Gestão de Unidades de Turismo Rural. A formação será ministrada respetivamente pelas escolas Superior de Gestão de Idanha-a-Nova, Superior de Hotelaria e Turismo de Vila do Conde e Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. A formação é planeada à medida das necessidades do setor e terá como parceiros estratégicos a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, a Federação Portuguesa de Turismo Rural, a TURIHAB, e outras organizações que desde logo assumiram vontade de apoiar a todos os níveis esta aposta. Dirigido a profissionais e a interessados pela área, este curso terá a duração de um ano, e será suportado
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por um plano de estudos desenhado à medida para a valorização deste segmento que cada vez assume maior importância na Europa e em Portugal. K
IPPortalegre colabora com empresa
Novo produto no mercado 6 A empresa Pecplus, Lda acaba de apresentar a última versão do seu produto PECmanga, um sistema que permite tirar partido dos identificadores por rádio frequência presentes nos animais, construindo bases de dados de informação para a gestão pecuária, o qual foi desenvolvido em parceria com o Instituto Politécnico de Portalegre. O sistema foi apresentado na Feira Agrícola de Portalegre, que decorreu nos dias 30 de setembro, 1 e 2 de outubro, por João Paulo Crespo, diretor geral da empresa, com sede em Vaiamonte, concelho de Monforte, que destacou a colaboração dos investigadores do C3i, a Coordenação Interdisciplinar para a Investigação e Inovação do Instituto Politécnico de Portalegre. Com base na informação que permite recolher, o sistema decide a porta para a qual cada animal deve
ser encaminhado e permite, ainda, entre outras funções, encontrar e separar um animal, fazer a conferência do rebanho, separar os machos das fêmeas, separar animais por parâmetros produtivos, estado reprodutivo ou outro qualquer parâmetro zootécnico. Estas tarefas, que antes poderiam demorar dias, passam assim a demorar minutos. O sistema permite desenvolver as diversas tarefas de forma automática e sem esforço para o operador ou para o animal. Valentim Realinho, investigador da C3i e coordenador do Núcleo de Computação, Design e Marketing, refere que este foi um projeto multidisciplinar, envolvendo diversas áreas do saber, desde a Engenharia Informática e Eletromecânica até ao Design e contou com a participação de diversos investigadores e diplomados do Instituto Politécnico de Portalegre. K
Portalegre
Serviço Social acreditado 6 O Curso de Serviço Social, da Escola Superior de Educação e de Comunicação Social de Portalegre, foi acreditado pela A3ES por 6 anos, acreditação máxima, o que vem valorizar uma licenciatura essencial para a região e reconhecer a sua qualidade. O mesmo reconhecimento já havia acontecido recentemente com a Licenciatura em Jornalismo e Comu-
nicação. Luís Miguel Cardoso, diretor da instituição, considera que estas acreditações são a validação pela A3ES do trabalho estratégico que foi realizado na oferta formativa, nomeadamente na qualificação do corpo docente, investigação e internacionalização, apostas que considerou fundamentais para a consolidação do Politécnico de Portalegre. K
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Politécnico do Porto e Associação Nova Aurora
Um grupo musical original 6 A Tuna da Escola Superior de Saúde, do Politécnico do Porto associou-se a um conjunto de utentes da Associação ‘Nova Aurora’ e criaram o Contratempo, projeto que tem por base um grupo musical, constituído por estudantes do ensino superior e pessoas com problemas de saúde mental, em particular Esquizofrenia. Depois de garantido o financiamento da Fundação Calouste
Gulbenkian (Programa Partis II), o apoio da ESMAE, da Casa da Música e o grupo tem já um calendário de atuações, até abril do próximo ano. Este projeto conta com um envolvimento muito forte do Politécnico do Porto, quer pela ligação que a instituição tem com a comunidade, quer pelo conhecimento, de foro científico, da relação íntima da música com a saúde mental e
com o objetivo de contribuir para o fim do estigma social em torno destas pessoas. Os espetáculos já calendarizados do Contratempo pretendem consciencializar e modificar as crenças e estereótipos existentes sobre a doença mental na comunidade. Previstas estão ainda a produção de um CD, exposição fotográfica e um vídeo- documentário, com a ajuda da ESMAE e ESMAD.K
Dia do Politécnico de Setúbal
Novo plano estratégico 6 O Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) assinalou a 07 de outubro o dia da instituição com a inauguração do novo espaço alimentar no campus de Setúbal, seguido da sessão solene de abertura do ano académico 2016/2017, na qual foi apresentado o novo Plano Estratégico de Desenvolvimento do IPS para 2016-2018 e atribuído o primeiro Prémio Carreira alumniIPS. O presidente do IPS, Pedro Dominguinhos, salientou que 2016 tem sido um ano de conquistas para a instituição, com a liderança de um projeto H2020, a abertura de novos laboratórios e o alargamento da oferta formativa com duas novas licenciaturas (Bioinformática e Tecnologias do Ambiente e do Mar) e mais de 20 CTeSP, lecionados em Setúbal e Barreiro, mas também em Lisboa e em Ponte de Sor. Sobre o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Instituto, adiantou que envolve toda a comunidade académica e comunidade externa em torno da visão de afirmar o IPS como “uma referência no ensino superior”, promovendo “a responsabilidade, a excelência e a inovação como valores essenciais da sua atuação”. A sessão contou também com as intervenções de personalidades na área do ensino como o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), David Justino, e o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Joaquim Mourato, que evidenciou o “crescimento dos candidatos colocados nas instituições politécnicas pelo terceiro ano consecutivo, com mais estudantes de primeira opção”. Destacou o trabalho dos institutos politécnicos, em especial do IPS “pela excelência da sua atividade” que em muito “prestigia o ensino superior politécnico português”. Na conferência inaugural, David Justino desafiou a plateia a questionar-se sobre “Que educa-
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13ª edição do Poliempreende
Viseu distinguido 6 A equipa do Instituto Politécnico de Viseu ‘Cynatura’ foi distinguida com uma Menção Honrosa na 13ª edição do concurso Poliempreende, iniciativa que visa, através de um concurso de ideias e de planos de negócios, avaliar e premiar projetos desenvolvidos e apresentados por alunos, diplomados ou docentes de instituições de ensino superior politécnico O plano de negócio consiste no aproveitamento da planta do cardo no seu todo, desde as raízes, folhas, caule, flor, até à semente. O projeto visa a aplicação, criação e inovação de um conhecimento multidisciplinar numa
espécie funcional com vocações e aplicações diversas, em áreas fundamentais como alimentação e nutrição, saúde e cosmética, energia e óleos, proteção de plantas e biocidas, privilegiando a sustentabilidade ambiental e a integração social. A equipa é constituída pelas alunas Ana Rita Pires Ferreira, Manuela Miguel Antunes e Maria Manuela Dias Alves (Engenharia Agronómica da Superior Agrária de Viseu), pelos docentes António Pinto e Paulo Barracosa, pelo técnico de laboratório Rui Coutinho e pelo designer gráfico Paulo Medeiros. K Joaquim Amaral, Carlos Rua e Paulo Barracosa _
Alunos internacionais
Viseu com 70 estrangeiros 6 O Instituto Politécnico de Viseu conta este ano com cerca de 70 alunos estrangeiros, (IPV), ao abrigo da mobilidade Erasmus+, que vêm de Espanha, Lituânia, Polónia, Alemanha, Bélgica, Croácia, França, Finlândia, Hungria, Itália e Roménia. A receção aos alunos, o Eras-
ção queremos e para que sociedade?” e, em particular, “como é que vamos criar valor a partir do conhecimento e que tipo de conhecimento nos permite criar maior valor”. Para o presidente do CNE as entidades de ensino superior têm de encontrar formas de acrescentar valor na tecnologia, nas pessoas e no conhecimento como bem transacionável, destacando também o trabalho desenvolvido pelo IPS “que tem conseguido criar uma identidade própria, o que se reflete na procura por parte dos alunos, na empregabilidade e na produção cientifica”. Pela primeira vez o IPS atribuiu o Prémio Carreira alumniIPS aos diplomados Ricardo Pereira e Hélio
Sousa, licenciados em Engenharia Informática e Desporto, respetivamente. Para Ricardo Pereira, CEO do Grupo Empresarial Comon, vencer este prémio foi “um grande orgulho, porque é um orgulho fazer parte desta família”, afirmando que no IPS existe algo de diferente face a outras entidades de ensino no qual “encontrei alunos que trabalhavam realmente em conjunto, que partilhavam apontamentos, que tinham uma competitividade muito saudável”. Finalizou referindo que “o IPS deu-me espaço para crescer”. Hélio Sousa é atualmente Treinador da Federação Portuguesa de Futebol tendo sido, em 2016, campeão como treinador nacional de sub 17 no Europeu do Azerbeijão. K
mus+ Welcome Day, decorreu a 20 de setembro na Aula Magna do IPV, tendo ainda participado dois alunos do Brasil que, ao abrigo de um protocolo firmado com o IPV, desenvolvem um período de estudos na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu. K
Informática educativa
Prémio para Viseu 6 Cristina Azevedo Gomes, Anabela Novais e Isabel Abrantes, docentes da Escola Superior de Educação de Viseu, venceram a 4.ª edição do prémio ‘Antonio Vaquero’, que distingue o melhor artigo apresentado nos Simpósios Internacionais de Informática Educativa (SIIE), cuja XVIII edição decorreu, de 14 a 16 de setembro, na Universidade de Salamanca.
O artigo premiado, “Exploring the Vine Cycle: mobile technology in non-formal environmental education settings”, foi desenvolvido no âmbito de uma parceria entre a Escola Superior de Educação e a Escola Superior Agrária do IPV, com apoio da Câmara Municipal de Viseu. K Joaquim Amaral _
Editorial
Um ano mais a abrir 7 Com o início de mais um ano escolar, no ensino superior recomeçam as rotinas académicas, os desafios da aprendizagem, os roteiros da camaradagem, a construção de percursos de vida. Porém, as escolas e as comunidades em que estas estão inseridas são instituições complexas que comportam grandes sonhos, mas também muitas e profundas desilusões. Ao rigor e exigência que se pretende imprimir nos ciclos de formação e ao estimulante ambiente académico que ajuda a desenvolver, continuam a juntar-se infelizes práticas que os currículos ocultos motivam, e que se materializam através do apelo a irresponsáveis rituais de iniciação que, por sua vez, tendem a transformar-se em tradições mais ou menos institucionalizadas. Há, neste momento, por todo o lado, um justificado e aplaudido movimento de repulsa
destas iniciativas. Mas também, em muitas situações fora das paredes das escolas, elas persistem, ainda que por vezes encapotadas de eufemismos. Sejamos directos: nestas matérias não vale a pena utilizar o agastado e hipócrita argumento de crítica ao papel e desempenho social das novas gerações, sobretudo quando as tentam comparar com as gerações que as precederam: os jovens só querem ter o mesmo direito à partilha de um pedaço da felicidade que também nos coube. O mal não são os outros, somos nós. Partilhámos o sonho e a utopia, desejámos construir um homem novo, uma sociedade mais justa e igualitária, até fizemos (dizem) uma revolução. E, pelo caminho, fomos semeando, entre as nossas contradições e desilusões, a semente da anomia, da não participação na construção do caminho comum, do desinteresse social
por uma comunidade que, afinal, não revelou interesse e, por vezes, nem lhes interessa. Conhecemos o perigo das generalizações precipitadas. Mas vale a pena o esforço de reflexão e de diálogo que nos interrogue sobre o nosso papel de educadores e sobre a relação e o conhecimento que temos das gerações que estamos a formar. Sobre os valores que lhes transmitimos, mesmo quando negamos a transmissão desses valores. Sobre as condutas que observamos, com olhar distanciado. Sobre a barreira de afectividade que a ciência e o ensino dessa ciência construiu entre uns e os outros. Se reconhecermos que, no ensino superior, professores e alunos se encontram, enquanto adultos, numa parceria de mútuas aprendizagens, então temos também que admitir que talvez seja dentro das paredes dessas instituições que se
devem centrar os nossos esforços e as nossas vontades de construirmos o tal homem novo, não na modelagem do que somos, ou do que desejaríamos ter sido, mas antes à imagem e semelhança daqueles que estão em condições de o poder ser. É um esforço de renovação, mas também um imperativo da razão que nos recoloca o problema da formação pessoal e da formação em aptidões pedagógicas dos docentes do ensino superior, formações que devem conduzir ao encorajamento de uma busca constante de inovação, quer nos curricula, quer nos métodos de ensino, quer no conhecimento e reforço dos processos de aprendizagem. Neste entendimento, o desenvolvimento de um novo paradigma das instituições só terá pleno significado se prosseguir o aumento da autonomia dos seus alunos, na indagação de um projecto pessoal
e profissional em que se revejam, que possa ser permanentemente adaptado a novas condições, e propiciador do conforto e estabilidade emocionais que devem acompanhar todas as incisões e clivagens da vida. Numa sociedade que tende a universalizar-se, num mercado assumidamente global, seria estranho se as nossas escolas ficassem prisioneiras de ritos e ritmos que mais lembram os tempos do obscurantismo, do que as novas eras de mentes abertas que procuram permanentemente o saber e a inovação. K João Ruivo _ ruivo@rvj.pt Este texto não segue o novo Acordo Ortográfico _
primeira coluna
Revolução digital na Península Ibérica 7 Este mês voltamos a marcar presença em duas das principais feiras da Península Ibérica dedicadas à educação e às novas tecnologias. Em Madrid reafirmamos o nosso projeto na SIMO Educación, ao lado de quem mais sabe de novas tecnologias ligadas ao setor educativo, casos da Microsoft, da Google, da Apple ou da Intel. Mas apresentamo-nos também junto das academias, dos estudantes de formação inicial e pós graduada, e da exigente comunidade educativa internacional. Em Lisboa, na Expo Sync, no Parque das Nações, juntamos a nossa experiência a um conjunto de empresas e entidades que dominam o mundo das novas tecnologias. Em ambos os casos o Ensino Magazine associa-se com a convicção de que o trabalho em rede e em parceria é mais profícuo. Vivemos numa época em que os jovens que estão na escola são nativos digitais, como
lhes chamou Prensky. Isto é, são jovens que nasceram com as novas tecnologias, que muitas vezes as dominam melhor que os professores e que os seus pais. Jovens que estão mais recetivos
em aprender com as novas tecnologias, com novos métodos e plataformas. Estes dois certames constituem uma boa oportunidade para a comunidade educativa
refletir, observar e experimentar o que de melhor está a ser feito. Que novos instrumentos podem a escola, os professores e alunos utilizar. A nós, enquanto elemento comunicativo e informativo, cabe-nos fazer parte desta revolução digital que, sendo natural, continua a ser exigente, de difícil implementação nas escolas e que teima em não ter o enquadramento legal necessário, pois a proibição de dispositivos móveis nas escolas é uma realidade. A escola, no seu todo, a sociedade e quem tem responsabilidades governativas deve olhar para esta revolução digital com rigor e firmeza e não com ligeireza. As tecnologias digitais devem ser vistas e utilizadas como um aliado na promoção do saber, e não um bicho de sete cabeças que só serve para distrair quem ensina e quem aprende. Nestes dois eventos muito se falará sobre o tema, mas acima de tudo muito
será mostrado do que é possível fazer-se e do que não deve ser feito, pois como em tudo na vida, há prós e contras que devem ser avaliados. E nós cá estaremos, como sempre, na linha da frente para sermos um espaço de reflexão e de promoção do que corre por esse mundo fora e nas nossas escolas e academias… K João Carrega _ carrega@rvj.pt
www.ensino.eu OUTUBRO 2016 /// 015
crónica salamanca
Socavar la universidad pública 6 En español el verbo “socavar”, según el Diccionario de la Real Academia de la Lengua Española, significa: “excavar por debajo alguna cosa dejándola en falso”. Solo falta indicar la existencia de intencionalidad en ese acto, que puede producir el derrumbamiento de un edificio en sentido literal, o de una institución en sentido figurado, pero no menos real. Puede existir una acción inconsciente por parte del propietario de un edificio que inicia una obra sin suficiente garantía técnica, y al fin la acción de socavar produce el derrumbamiento, pues ha quedado en el aire, en falso, una parte del mismo, y se produce la destrucción total o parcial. Puede organizarse, sin embargo, una acción consciente, de zapa, de creación de socavones, pensada con malevolencia y perfidia para destruir una determinada instalación. Así, cuando en el ejército un grupo de especialistas en preparar socavones en las instalaciones del pretendido adversario actúa con profesionalismo se les llama “zapadores”. Ellos resultan fundamentales para coPublicidade
locar explosivos en puentes, vías de comunicación, abriendo vías de escape o interfiriendo la relación fácil de suministros. La política universitaria que los neoliberales españoles vienen articulando desde hace ya unos años hacia acá es decidida y pérfidamente planificada para ir socavando la universidad pública. Esa posición de los gobernantes llamados “populares” respecto a las universidades públicas españolas no tiene nada de casualidad, sino que es un ejercicio permanente de cinismo y malevolencia en contra de la universidad pública. Y lo llevan a cabo en todas las escalas donde tienen influencia o capacidad de gobierno. Pongamos algunos ejemplos. Si por una parte se llenan la boca en la comunidad autónoma de Castilla y León, por ejemplo, diciendo y perjurando que hay que planificar el mapa de titulaciones universitarias, porque se repiten en varias universidades, y ello conduce a la eliminación “consensuada” de alguna de estas titulaciones, a la media vuelta, y al mismo tiempo, conceden privilegios a universidades
privadas que acaban de romper el cascarón, y les permiten implantar una titulación que ya se repite por enésima vez. Ello sin considerar que tienen un manejo descarado y a su antojo de las decisiones de las llamadas agencias de evaluación y acreditación (merecida y altamente desacreditadas, por cierto). Increíble, pero cierto. No solo ocurre en nuestra Comunidad Autónoma, pues para ratificación de lo dicho remitimos a lo sucedido recientemente con la Universidad llamada San Jorge en Zaragoza, que es privada. Otro ejemplo muy reciente de los últimos días tiene que ver con la formación de los policías españoles, en la Academia General de Policía de Ávila, dependiente del Ministerio del Interior, pero hasta ahora con convenio firmado desde hace años con la Universidad de Salamanca para que sean profesores de la Facultad de Derecho, principalmente, quienes impartan la docencia oportuna de su especialidad en aquella Escuela General de Policía. Lo ocurrido hace muy pocos días es que el Ministro del Interior, señor Fernández Díaz, miembro reconocido del Opus Dei, sin previo aviso decide retirar a la Universidad de Salamanca esa responsabilidad formativa en la Escuela de Policías , que viene desempeñando con éxito reconocido desde hace más de veinte años, y se la atribuye a una minúscula institución como la Universidad Católica de Ávila. Se trata de una decisión completamente personalista, interesada en lo ideológico, y carente del más mínimo rigor científico y académico. No hablemos nada del terrible desmoche que ha representado esa política “deconstructiva” de la universidad pública española en los últimos años: reducción Publicidade
Publicação Periódica nº 121611 Dep. Legal nº 120847/98 Redacção, Edição, Administração Av. do Brasil, 4 R/C Apartado 262 Telef./Fax: 272324645 6000-909 Castelo Branco www.ensino.eu ensino@rvj.pt Director Fundador João Ruivo ruivo@rvj.pt Director João Carrega carrega@rvj.pt Editor Vitor Tomé vitor@rvj.pt
a un diez por ciento de la tasa de reposición de profesores fallecidos o jubilados, prohibición de contratar en libertad sin pasar el filtro y la aduana establecida por la administración, eliminación drástica de ayudas para organizar actividades científicas como congresos y seminarios, reducción fulminante de las asignaciones a proyectos de investigación (sobre todo para las humanidades y las ciencias sociales), parálisis de las inversiones en nuevos edificios universitarios o rehabilitaciones necesarias de locales, importante reducción de las becas a estudiantes necesitados, y no queremos seguir enumerando tristes medidas que denotan una auténtica barbarie de socavones hacia la universidad pública. Por todo ello, aparecen ya algunos indicadores estadísticos que, según los datos de un conocido sindicato de profesores, muestran que la universidad pública en España ha perdido en los últimos diez años nada menos que cien mil estudiantes, mientras que las universidades privadas han incrementado su matrícula en 25.000 estudiantes más. Son datos y situaciones que a todos nos hacen reflexionar, claro está. Veremos. K José Maria Hernández Díaz_ Universidad de Salamanca jmhd@usal.es
Editor Gráfico Rui Rodrigues ruimiguel@rvj.pt Serviço Reconquista: Agostinho Dias, Vitor Serra, Júlio Cruz, Cristina Mota Saraiva, Artur Jorge, José Furtado e Lídia Barata Serviço Rádio Condestável: António Reis, José Carlos Reis, Luís Biscaia, Carlos Ribeiro, Manuel Fernandes e Hugo Rafael. Guarda: Rui Agostinho Covilhã: Marisa Ribeiro Viseu: Luis Costa/Cecília Matos Portalegre: Maria Batista Évora: Noémi Marujo noemi@rvj.pt Lisboa: Jorge Azevedo jorge@rvj.pt Nuno Dias da Silva Paris: António Natário Amsterdão: Marco van Eijk Edição RVJ - Editores, Lda. Jornal Reconquista Grafismo Rui Salgueiro | RVJ - Editores, Lda. Secretariado Francisco Carrega Sílvio Mendes Relações Públicas Carine Pires carine@rvj.pt Colaboradores: Albertino Duarte, Alice Vieira, Antonieta Garcia, António Faustino, António Trigueiros, António Realinho, Ana Castel Branco, Ana Caramona, Ana Rita Garcia, Belo Gomes, Carlos Correia, Carlos Semedo, Cecília Maia Rocha, Cristina Ribeiro, Daniel Trigueiros, Dinis Gardete, Deolinda Alberto, Elsa Ligeiro, Ernesto Candeias Martins, Fernando Raposo, Florinda Baptista, Francisco Abreu, Graça Fernandes, Helena Menezes, Helena Mesquita, Joana Mota (grafismo), Joaquim Cardoso Dias, Joaquim Serrasqueiro, Joaquim Bonifácio, Joaquim Moreira, João Camilo, João Gonçalves, João Pedro Luz, João Pires, João de Sousa Teixeira, João Vasco (fotografia), Joaquim Fernandes, Jorge Almeida, Jorge Fraqueiro, Jorge Oliveira, José Felgueiras, José Carlos Moura, José Pires, José Pedro Reis, Janeca (cartoon), José Rafael, Luís Costa, Luis Lourenço, Luis Dinis da Rosa, Luis Souta, Miguel Magalhães, Miguel Resende, Maria João Leitão, Maria João Guardado Moreira, Natividade Pires, Nuno Almeida Santos, Pedro Faustino, Ricardo Nunes, Rui Salgueiro, Rute Felgueiras,Sandra Nascimento (grafismo), Sérgio Pereira, Susana Rodrigues (U. Évora) e Valter Lemos Contabilidade: Mário Rui Dias Propriedade: RVJ - Editores Lda. NIF: 503932043 Gerência: João Carrega, Vitor Tomé e Rui Rodrigues (accionistas com mais de 10% do Capital Social) Clube de Amigos/Assinantes: 15 Euros/ Ano Empresa Jornalistica n.º221610 Av. do Brasil, 4 r/c Castelo Branco Email: rvj@rvj.pt Tiragem: 20.000 exemplares Impressão: Jornal Reconquista - Zona Industrial - 6000 Castelo Branco
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‘Pedagogia (a)crítica no Superior’ (XVI)
HORÁRIOS - Feriados sim, Praxes não 7 «O grupo cercava-o faminto do gozo de cumprir a praxe.» (Porta de Minerva, Branquinho da Fonseca) A autonomia académica tem vindo a fazer emergir pequenos poderes nas instituições de ensino superior, que numa azáfama normativa de tudo regulamentar acabam mais papistas que os papas (Governos e A3ES). Uma coisa é consolidar o estado de direito, na universidade e no politécnico, outra é os poderes emergentes arrogarem-se em ‘legisladores’ invadindo áreas que não são da sua competência como, por exemplo, as do direito laboral, acordadas em sede de concertação social e vertidas depois em lei. Vem isto a propósito das orientações centrais para a elaboração do calendário escolar e dos horários docentes no presente ano lectivo (o Prof.S. estava descorçoado com o seu). Até há pouco tempo, esta era uma matéria que cada escola decidia democraticamente (nos seus respectivos órgãos) mas a deriva centralizadora tem vindo a esvaziar o poder das escolas e a impor o do Instituto. Este movi-
mento para a uniformização alinha pela tendência mais geral que vem também afectando outras áreas das sociedades modernas: uma espécie de cilindro que tudo arrasa e estandardiza. Naturalmente que estas directivas são justificadas em interpretações (sui generis) dos relatórios da A3ES (esse bicho papão) e dão azo a uma retórica assente nos chavões da ‘instituição de referência’, ‘qualidade’, ‘excelência’ e supremo interesse do estudante. E assim, os feriados (quatro dos quais acabados de repor pelo Governo, desfazendo a malfeitoria de Passos & Portas) deviam ser compensados pelos docentes. Como? Aumentando-lhes a carga horária semanal se o professor tiver aulas num desses dias de ‘descanso’ oficial (nacional). Concretizando melhor: as horas de contacto de uma UC, em vez de serem repartidas pelas 15 semanas do semestre são dividida por 13 (pois, neste 1º semestre, há 2 feriados à 5ª feira – 1 e 8 de Dezembro), ou repartem-se por 14 semanas se a aula da UC se efectivar às 4ª feiras (feriado do 5 de Outubro) ou nas 3ª feiras (feriado a 1 de Novembro). Exemplifiquemos com um caso concreto:
uma UC com 45 horas previstas de contacto, teria no horário docente 3h/semanais (45h/15 semanas); mas funcionando a UC às 5ª feiras, o horário passará para as 3,5 horas (45h/13 semanas). A justificação oficial para este procedimento é a seguinte: como «os cursos são acreditados [pela A3ES] com um determinado número de horas de contacto globais, que a Instituição se compromete cumprir», o horário do docente deve então compensar os feriados existentes. Mas são estes mesmos ‘papistas’ que: (i) não se coíbem de negociar o calendário escolar, com a Associação Académica, prevendo dias de paragem para a ‘integração’ (eufemismo de praxes) o que originou um parecer desfavorável do CTC o que nunca antes acontecera; (ii) toleram essas «manifestações de carácter boçal e grosseiro» (palavras certeiras do MCTES) em pleno campus, durante toda semana de 26 a 30 de Setembro, ficando as salas de aula praticamente vazias; (iii) interrompem as actividades lectivas num dia completo e numa manhã de outro para que «o acolhimento [dos novos estu-
dantes] possa decorrer como planeado»; (iv) suspendem as aulas durante as comemorações do dia do Instituto. Os professores sempre souberam compensar, com aulas extras, as suas faltas (por doença, idas a Congressos, etc.). Os feriados são um direito: devem ser gozados e essa deve ser a sua única consequência. E os sindicatos, que fazem? Andam os seus delegados distraídos ou as organizações sindicais só se ocupam com questões ‘magnas’? O sindicalismo no ensino superior sempre foi muito frágil e com a autonomia das escolas as ‘frentes de luta’ alargaram-se mas a sua influência tornou-se ainda mais ténue. O Prof.S. retirou deste processo as consequentes ilações pedagógicas: no arranque de ano lectivo, aplaudiu a acção do Ministro Manuel Heitor ao dirigir uma Carta Aberta aos Portugueses (sem data) «sobre a liberdade e emancipação dos jovens ao ingressarem no ensino superior», complementada pela Direcção-Geral do Ensino Superior que editou um folheto (com iconografia infantilizada) «A praxe não é obrigatória. É possível esco-
lher». Estas medidas da tutela contribuíram para «que a humilhação não seja uma tradição académica!» Mas os ‘papistas’ locais não lhes deram o devido seguimento, pelo contrário, esvaziaram as meritórias iniciativas do C. Pedagógico (aplicando as orientações do MCTES) ao serem cúmplices na manutenção do clima de laxismo: começa o ano escolar mas não se vai às aulas! Neste contexto de conivência com tantas paragens injustificadas que sentido faz a compensação horária dos feriados? K Luís Souta _ luis.souta@ese.ips.pt Este texto está redigido segundo a ‘antiga’ e identitária ortografia _
crónica
Cartas desde lá ilusion 7 Querido amigo: Hoy quiero comentarte una noticia que calificaría de altamente esperanzadora: Al parecer, en nuestro país (imagino que también en el resto de los países europeos), se comienza a pensar en que no necesitamos trasladarnos a contemplar sistemas educativos como el finlandés para comprobar que obtenemos resultados tan buenos, o mejores, que los de Finlandia (y otros países que, según el informe PISA, se encuentran más a la cabeza de la promoción educativa de futuro que el nuestro). Comienzan a aparecer informaciones a propósito de las bondades de determinados centros pertenecientes a nuestro sistema educativo. Podemos comenzar a pensar, por tanto, que el problema de la mejora del sistema educativo no depende, al menos en nuestro caso (tal vez no nos podamos comparar con la infraestructura del sistema educativo finlandés), de la política educativa del Estado exclusivamente (aunque debamos
reconocer que algunos países han desarrollado políticas educativas muy favorables), sino más bien de la práctica educativa de determinados centros. Me explico: no quiero quitar importancia a la infraestructura educativa que puedan promover los Estados (tienen derecho a legislar y hacer cumplir las leyes correspondientes en relación con su sistema educativo), pero, al mismo tiempo, quiero resaltar la importancia de que, más allá de las propuestas y/o directrices de las políticas educativas estatales, funciona (¡y vaya si funciona!) la política educativa de cada centro. ¿Cuál es, entonces, el problema? A mi juicio, el gran problema que tenemos en nuestro país (y creo que en otros bastantes más) es que nos liguemos rígidamente a las propuestas de las políticas educativas globales planteadas “para todos”. Estamos hartos de insistir, por otra parte, en la pluridimensionalidad de las culturas de los
países, y, en concreto, del nuestro (yo siempre he defendido, como sabes, que no se puede educar de la misma manera a los alumnos del Norte del país que a los del Sur, o a los del Este que a los del Oeste). Entonces, ¿qué es lo que realmente resulta eficaz? Siempre lo hemos sostenido (en la teoría), pero escasamente lo hemos practicado (en la realidad): lo que realmente resulta eficaz es adaptarse a las características psico-sociales (individuales, económicas, geográfico-culturales, etc.) de los alumnos. Pero esa adaptación ha encontrado siempre un obstáculo “insalvable”: los programas dictados por el Ministerio de Educación y su traducción subsiguiente en los libros de texto. Seguimos dando importancia a los contenidos y a los libros de texto (porque, reconozcámoslo, son la garantía de nuestra seguridad ante los alumnos, los padres de los alumnos y la Administración Educativa), y, en consecuencia, quitamos (o eliminamos) impor-
tancia a lo que realmente cuenta: los alumnos, sus capacidades, sus posibilidades, sus competencias, su futuro… Los centros que, sin dejar de pertenecer a nuestro sistema educativo, consiguen mejores resultados son los que dan la mayor importancia a los alumnos, los que creen en sus posibilidades (y, por tanto, tratan de que sean los propios alumnos quienes pongan en marcha y desarrollen esas posibilidades), los que se centran, consiguientemente, en la potenciación de sus competencias, los que impulsan su capacidad de emprendimiento, los que alientan su creatividad, los que trabajan para que desarrollen equilibradamente su personalidad (más que para que aprendan tal o cual contenido…), los que potencian el desarrollo en común de todos y cada uno de ellos (evitando así los problemas de marginación, de bullying, de desigualdad de clase social o de género), etc. Aun a riesgo de resultar “pesado”, permíteme que acabe con
las dos frases finales de mi carta anterior, que te reproduzco literalmente: “Como hemos comentado en muchas ocasiones, esto supone en los profesores un cambio de actitud… que implica un trabajo de desarrollo personal día a día. No podemos renunciar a la ilusión y al optimismo, a la espera de que cada vez más profesores se unan a estas nuevas propuestas y realidades que, a la larga, son las que harán cambiar nuestro sistema educativo”. Hasta la próxima, como siempre, ¡salud y felicidad! K Juan A. Castro Posada _ juancastrop@gmail.com
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Jorge Rio Cardoso, professor
«A escola é cruel e discriminatória para quem falha» 6 A partir do seu exemplo pessoal, Jorge Rio Cardoso dá conselhos para combater o insucesso escolar e defende que o propósito da escola deve ser formar os jovens para fazer escolhas e tomar decisões.
debater os pontos mais sensíveis. Finalmente, num terceiro modelo o elo privilegiado existe entre o professor e o aluno e o conhecimento fica para mais tarde. É neste método em que se podem treinar atitudes, comportamentos, trabalhos em grupo, etc. É uma lógica de projeto, que se utiliza muito na Finlândia, em que as disciplinas já não estão tão compartimentadas e em que se põe verdadeiramente a mão na massa. No fundo, ajuda a tomar decisões num contexto de incerteza. Por isso, é que o primeiro modelo que eu elenquei se chama ensinar e este último, noutra dimensão, é denominado formar.
Os seus livros são um verdadeiro sucesso junto da comunidade escolar. Qual é a explicação? No meu livro, dirigido em particular a estudantes do 2.º e 3.º ciclo e secundário, falo da parte técnica do aluno (que inclui o seu comportamento e atitude, como tira apontamentos, etc.) e depois há o lado motivacional. Eu acredito que ter más notas não é uma fatalidade. Isto é o princípio base de tudo. Outro aspeto que gosto de enfatizar, é o facto de eu também ter sido mau aluno e consegui alterar essa situação. O meu ponto de viragem foi quando comecei a fazer atletismo. Da mesma forma que também tive vários insucessos editoriais e os dois últimos livros foram grandes êxitos. Resistir à adversidade e ultrapassar os maus momentos é fundamental e dá grande satisfação pessoal. A predisposição do estudante para a escola é importante? Uma criança que esteja triste nunca vai aprender em condições e jamais vai acreditar que é possível fazer melhor. Só se investe no estudo se os alunos pensarem que do seu esforço vai resultar algo. O livro tem sido um sucesso, mas creio que quem o compra são os pais e os avós e os mais jovens podem ser alertados para uma ideia ou uma frase chamativa. O título é bastante apelativo, “Este ano vais ser o melhor aluno! Bora lá?”, apesar de eu achar que ficaria bem melhor sem o “o”, porque a escola não pode ser entendida como uma corrida desenfreada de cavalos. Mas acabou por prevalecer a decisão do editor por motivos de marketing. O que é para si o protótipo do bom aluno em termos de desempenho? Para mim o bom aluno não pode ser apenas aquele que tira notas excecionais. As empresas hoje em dia apreciam candidatos capazes de criar empatia com os outros, que respeitem o próximo, saibam trabalhar em grupo, etc. São competências essenciais e que para mim fazem o bom aluno. Como motivar as crianças para a escola quando o contexto social e familiar, bem como a tentação das tecnologias, acabam por desfocá-las do objeto? Os jovens e as crianças são hiper-estimulados e com tantas tentações como os telemóveis ou as redes sociais, o estudo fica para segundo plano por não ser muito chamativo. Por isso, defendo que o jovem para aprender tem de ter uma vida
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A escola é competitiva e impiedosa como a sociedade? Eu sei o que é que se sofre de estigmatização quando se é mau aluno. Mesmo que se diga o contrário, o foco dos professores é nos bons alunos. Em Portugal, os alunos têm muito medo de errar e a escola é cruel e discriminatória para os que falham. Infelizmente, não há muito a pedagogia do erro e considera-se socialmente inteligente uma pessoa que não decide e não se define. O erro não deve ser escondido. Deve ser identificado o motivo, o autor, para no futuro não repetir. Por isso, entendo que a escola deve, desde muito cedo, estimular os alunos para o empreendedorismo, para que eles se habituem a raciocinar e a decidir. relativamente equilibrada entre o estudo e outras atividades. O adquirir hábitos de trabalho é fundamental. O outro aspeto é estar inserido, paralelamente ao estudo, numa atividade extra-curricular que gostem muito. Eu dou sempre o meu caso, em que tudo mudou na escola a partir do momento em que comecei a fazer desporto. Deu-me uma concentração competitiva que depois passei a utilizar nos estudos. Eu para merecer o atletismo precisava de ter notas mínimas e isso fez-me melhorar o meu rendimento na escola. Quem diz o atletismo, diz outro desporto ou atividade, seja a dança, o teatro, a música, etc.
A escola continua a ser demasiado teórica e fornece pouca bagagem para o quotidiano? Sim. Há três modelos de ensino que devemos considerar: Durante muito tempo o elo privilegiado era entre o conhecimento e o professor. Foi o período do método expositivo, em que o aluno era o elemento passivo. Num segundo modelo, o elo privilegiado existia entre o aluno e o conhecimento, enquanto o professor tinha um papel mais subalterno. Basicamente foi o que se procurou fazer com Bolonha. O aluno chega à aula já com conhecimentos da matéria e a aula serve para aprofundar e
CARA DA NOTÍCIA O motivador 6 “Este ano vais ser o melhor aluno! Bora lá?” é o livro sobre as técnicas de ensino que Jorge Rio Cardoso aconselha aos alunos e que se encontra nos “tops” das livrarias de referência e nas grandes superfícies. Anteriormente, tinha escrito “O método ser bom aluno – Bora lá?”, que vendeu mais de 20 mil exemplares. Este professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa é ainda economista de profissão e técnico superior do Banco de Portugal. É doutorado em Ciências Sociais pela Universidade de Aveiro. Desde 2008, tem realizado centenas de palestras junto de alunos, docentes e encarregados de educação, com vista ao combate do insucesso escolar. É membro do conselho editorial do “Jornal do Comércio” e integra os órgãos sociais do Instituto Benjamim Franklin. K
Os TPC têm gerado grande polémica. Na sua opinião, são necessários? Não é possível dar uma resposta de sim ou não. Digo que brincar e ter tempo livre é fundamental, mas também deve haver espaço para os trabalhos de casa e a sua realização ajuda a que os jovens giram o seu tempo. E é fundamental, ao nível da escola, existir uma coordenação entre os vários professores para não sobrecarregar os alunos. Para além disso, os TPC devem ter um propósito e não serem passados apenas para “encher”. É muito solicitado para palestras em Portugal continental, nas ilhas e até junto das comunidades portuguesas no estrangeiro. O que é que procura transmitir nesse contacto de proximidade? Procuro recorrer a um tom descontraído e informal para chegar aos jovens, que são a maior parte dos meus ouvintes. As minhas palestras são basicamente motivacionais e procuro educar para os valores. Apresento algumas das 16 técnicas de organização de tempo, planeamento de tarefas e outras que vão para além do próprio estudo e que são mencionadas no livro. Falo sobre técnicas de relaxamento para combater uma situação de ansiedade antes de um exame e que acaba por bloquear o conhecimento que está armazenado no cérebro.
gente e livros
Ondjaki 7 «tinha aprendido que era muito importante criar desobjectos. certa tarde, envolto em tristezas, quis recusar o cinzento. não munido de nenhum artefacto alegre, inventei um espanador de tristezas. era de difícil manejo – mas funcionava.» In “Materiais para confecção de um espanador de tristezas”
O que é que lhe perguntam mais? Bom, adoram ouvir confessar que fui mau aluno, chumbei no 4.º e 7.º ano, e que adquiri competências com o atletismo, a partir dos 13 anos. Mas também ressalvo que não se passa num ápice de mau a bom aluno. Estou convicto que se o método de estudo for o adequado os resultados vão aparecer. E deixo uma palavra para os pais: incentivem os seus filhos, mesmo que a nota não surja imediatamente. Esta cidadania familiar é determinante para o sucesso escolar. Uma questão de âmbito sistémico. Mesmo seguindo o seu método é possível vingar com a instabilidade e o experimentalismo que existe há décadas na educação? Isso é verdade, as coisas podem não estar bem, o contexto pode não ser perfeito, mas penso que os agentes educativos não se podem resguardar nessas justificações. Penso que todos os intervenientes devem procurar contribuir para um modelo de ensino melhor e que responda mais eficientemente aos desafios e necessidades da sociedade. Pensar global e agir localmente, deve ser a receita. Creio que é crucial caminharmos para o modelo de formar e desenvolver competências. Já tem ideias para o próximo livro? Tinha um grande desejo de escrever sobre a escola do futuro. Aliás, o atual ministro tem dado passos no sentido de criar condições para que se treine mais as competências emocionais, relacionais, o viver uns com os outros, em vez do mero debitar de conhecimento que não leva a aprendizagens muito profundas. Formar o jovem do amanhã para as escolhas, as decisões e para ser uma melhor pessoa é um objetivo essencial na escola do presente e na do futuro. K Nuno Dias da Silva _ Direitos Reservados H
O poeta e escritor angolano Ndalu de Almeida, conhecido como Ondjaki, nasceu em Luanda, em 1977. Além da prosa e da poesia, a sua trajetória artística passa também pela atuação teatral e pela pintura. Desde cedo manifestou interesse pela literatura, logo aos 13 ou 14 anos. A banda desenhada de Asterix, Gabriel Garcia Márquez, Graciliano Ramos e Jean-Paul Sartre eram alguns dos seus livros e autores preferidos. Posteriormente Ondjaki optou por poemas e contos.
Soviético”. Em 2013, com “Os Transparentes”, ganhou o Prémio José Saramago, e em 2016, com o mesmo livro, o Prix Littérature-Monde 2016, em França. As suas obras estão traduzidas para diversas línguas, entre elas francês, inglês, alemão, italiano, espanhol e chinês. Atualmente, mora no Brasil, no Rio de Janeiro. K Tiago Carvalho _ homoliteratus.com H
edições
Novidades literárias 7
BOOKS.
PRIME
Futebol Ciência e Consciência é mais um excelente livro de Manuel Sérgio, o docente e investigador que apresentou o conceito de motricidade humana. Este livro condensa o seminário que o professor Manuel Sérgio realizou ao longo de uma semana nas instalações da Associação de Futebol do Porto, onde explicou os fundamentos do pensamento que tanto interesse despertou em José Maria Pedroto e que, anos mais tarde, veio a marcar de forma decisiva o trabalho de José Mourinho.
TOP SELLER. O Acordo, de Steve Cavanagh. O autor é visto como o novo grande mestre do thriller jurídico. Aqui uma prestigiada empresa de advocacia novaiorquina, a Harland & Sinton, há muito que
pratica fraudes graves a nível global. Quando David Child, um grande cliente desta firma, é preso e acusado de homicídio, o FBI procura Eddie Flynn para que este aceite a defesa de Child e o convença a testemunhar contra a empresa. Eddie Flynn não é o tipo de advogado que se preste a defender alguém culpado, mas o FBI reuniu provas incriminatórias contra a sua própria mulher, que trabalha na Harland & Sinton…
CASA DAS LETRAS. Uma Parte Errada de Mim, de Paulo M. Morais. Em meia dúzia de meses, Paulo M. Morais ficou sem trabalho, terminou um relacionamento de doze anos e viu-se obrigado a ven-
der a casa. Quanto tentava estar à altura dessa nova etapa da vida, descobriu que tinha um linfoma. Durante o tratamento de oito ciclos de quimioterapia, começou a escrever sobre a sua experiência. Este livro é mais que um testemunho sobre o cancro. É uma reflexão sobre a condição humana, escrita com a beleza e a cadência de um romance no qual se aguarda um final feliz.
D.QUIXOTE. Uma Morte Conveniente, de Sofie Sarenbrant. Este foi o primeiro livro de Sofie Sarenbrant, a mais promissora autora sueca de policiais, a cruzar as fronteiras, encontrando-se já traduzido em doze países. Inaugura uma série que tem como protagonista Emma Sköld, uma jovem e entusiasta inspetora da polícia. A autora imprime ao livro um ritmo imparável que nos leva a querer virar a página do primeiro ao último capítulo. K
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EspaçoPsi - Psicologia Clínica Av. Maria da Conceição, 49 r/c B 2775-605 Carcavelos Telf.: 966 576 123 E-Mail: psicologia@rvj.pt
Rita Ruivo Psicóloga Clínica (Novas Terapias)
Após realizar seus primeiros estudos em Angola, obtém a licenciatura em Sociologia, em Lisboa. Enquanto na capital portuguesa interessa-se pela interpretação teatral. Dedica-se ainda à pintura, apresentando duas exposições individuais, em Angola e no Brasil. No ano 2000 recebeu uma menção honrosa no prémio António Jacinto (Angola) pelo livro de poesia “Acto Sanguíneo”. É nesse momento que a sua poesia ganha projeção e começa a ser incluída em antologias internacionais (Brasil e Uruguai) e também numa antologia portuguesa. Foi laureado com o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, em 2007, pelo seu livro “Os da Minha Rua”. Recebeu, na Etiópia, o prémio Grinzane por melhor escritor africano Em 2010 ganhou, no Brasil, o Prémio Jabuti de Literatura, na categoria Juvenil, com o romance “AvóDezanove e o Segredo do
Ordem dos Psicólogos (Céd. Prof. Nº 11479)
“Quantas vezes, para mudar a vida, precisamos da vida inteira. Pensamos tanto, tomamos balanço e hesitamos, depois voltamos ao princípio, tornamos a pensar e a pensar, deslocamo-nos nas calhas do tempo com um movimento circular (…). Outras vezes uma palavra é quanto basta.” José Saramago, “Jangada de Pedra”
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press das coisas
pela objetiva de j.vasco
A rentrée da Atalaia
Señoritas «Acho que é meu dever não gostar» 3 Señoritas é o novo projeto de Mitó Mendes (A Naifa) e Sandra Baptista (A Naifa/ Sitiados) que, em 2014, após o fim de A Naifa, juntaram-se para ensaiar, compor e tocar juntas. Daí surgiu um conjunto de canções que giram em torno de um universo feminino e tendencialmente urbano. Com uma atmosfera densa, feminina e bem portuguesa, numa abordagem singular, canta-se a vida, mas de uma forma crua e direta. K
Digitalizador Portátil veho 3 O digitalizador de negativos e slides Veho Smartfix é leve, compacto e autónomo, dispensando até o PC ou MAC para usá-lo. Digitaliza os seus slides de 35 mm e negativos de 110 mm. Pode aproveitar para fazer um precioso backup dos seus documentos diretamente para o cartão de memória, preservando as suas memórias analógicas para o futuro. K 7 Todos os anos, no primeiro fim de semana de setembro, o jornal Avante, organiza a rentrée do Partido Comunista Português, na Quinta da Atalaia. Já lá vão 40 anos: foi organizada pela primeira vez na antiga FIL, Feira Internacional de Lisboa, em 1976. Ali a política convive muito bem com o desporto, a gastronomia, a ciência, o livro e o disco, a música, o cinema e o teatro. Há de tudo para todos, tornando esta Festa no maior
evento cultural, regular, anual. Este ano houve novidades. A primeira foi a ampliação do espaço, com o crescimento para a Quinta do Cabo, com a Festa a chegar ao Tejo. A segunda novidade foi o aparecimento do Espaço Fado, com sessões esgotadas em todas as noites. A importância progressiva dada ao Fado, com a participação de nomes como Camané, Kátia Guerreiro, Celeste Rodrigues, Aldina Duarte, entre outros e outras, foi sublinhada com o
encerramento, no Palco 25 de Abril, com a presença da fadista Ana Moura que segurou e encantou milhares de pessoas de todas as idades. Nos últimos dois anos a festa contou com a visita do cidadão Marcelo Rebelo de Sousa, atual Presidente da República, confirmando assim a Festa do Avante como uma verdadeira rentrée para todos e todas. Um espaço onde nos sentimos bem, independentemente das “dependências” ideológicas. K
google Chromecast 3 É um dispositivo de transmissão de conteúdo multimédia em fluxo contínuo que pode ligar à porta HDMI da sua TV. Basta utilizar o seu dispositivo móvel e o televisor compatível que já utiliza para transmitir os seus programas de TV favoritos, filmes, música, conteúdos de desporto, jogos e muito mais. K
Prazeres da boa mesa
Sopa Fria de Citrinos e Nectarinas, Ares de Espumante com Pisang 3 Ingredientes 100 gr de Limas 1500 gr de Laranjas de Sumo 100 gr de Açúcar 50 gr de Citronella 200 gr de Limão 300 ml de Espumante Bruto 4 Folhas de Gelatina Incolor 80 ml de Pisang Ambom 100 gr Açúcar em Pó 10 gr de Manjericão 250 mg de Açafrão em Rama 1000 gr Nectarinas 2 Capsulas de N2O Q.b. de Redução de V. Tinto Preparar Para a espuma: Demolhar as folhas de gelatina.
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Para a sopa: Triturar o açafrão com o sumo de laranja, o açúcar, a citronela, as nectarinas e o sumo dos restantes citrinos. Passar pelo passador fino. Levar ao frio até ficar bem frio. Empratar: Retificar os temperos e corrigir se necessário. Encher os pratos de sopa com
Derreter as folhas no pisang ambom, adicionar ao espumante e colocar tudo no sifão. Carregar 1 ou 2 capsulas de N2O e reservar no frio.
Para os crocantes: Laminar metade das limas, dos limões e das laranjas e levar ao forno a 90ºC, polvilhado com açúcar em pó, até ficar seco e crocante.
o preparado de citrinos. Fazer um cordão com a redução de vinho tinto. Aplicar a espuma de pisang e de espumante. Guarnecer com os crocantes e alguns cubinhos de nectarinas. Servir. K Mário Rui Ramos _ Executive Chef
Bocas do Galinheiro
Michael Kidd, acima de tudo um Coreógrafo
ro nome Milton Greenwald, estreou-se na Broadway em 1947 coreografando “Finian’s Rainbow” que lhe valeu o primeiro de cinco Tony que ganhou. Foi também ator e bailarino em “It’s Always Fair Weather”, (Dançando nas Nuvens, 1955), de Gene Kelly e Stanley Donen, onde aparece numa memorável cena de dança com Kelly e Dan Dailey, em que os três têm tampas de caixotes de lixo atadas aos pés. “Merry Andrew” (Viva o Palhaço, 1958), foi o único filme que dirigiu. O filme foi um falhanço e só esporadicamente voltou a colaborar com o cinema, tendo continuado a sua gloriosa carreira de coreógrafo no teatro e no ballet, Mas será que “Merry Andrew” foi assim tão mau? Pensamos que não. É evidente que não ocupa um lugar de destaque na história do musical. Como outros em que entrou, é um filme que vale essen-
cialmente pela presença de Danny Kaye, actor de múltiplos atributos e que nem sempre mereceu as honras da crítica mas que teve papéis de grande nível, alguns inolvidáveis, como em “Christian Andersen”, 1952, de Charles Vidor, um biopic sobre o grande escritor dinamarquês, “The Court Jester” (O Bobo da Corte, 1955), de Melvin Frank e Norman Panama, “A Song is Born”, (O Professor de Música, 1948), de Howard Hawks, “On The Riviera” (Escândalos na Riviera, 1951), de Walter Lang, bem como “Wonder Man (O Super Homem, 1945), de Bruce Humberstone, onde inicia o papel arquétipo da sua carreira, o desdobramento de personagens, que vai até ao Bobo da Corte e que passa pelo super “The Secret Life of Walter Mitty” (O Homem das Sete Vidas, 1947), de Norman Z. McLeod, talvez o melhor filme de Danny Kaye.
Em “Merry Andrew” ele é o professor e arqueólogo bem disposto e com métodos pedagógicos avançados, cujos exemplos se dão bem com uma boa canção ou uma bela dança, antípodas do conservadorismo da escola e do director, por acaso o seu pai, até que um dia uma escavação o leva ao contacto com o circo onde, por circunstâncias do acaso, se vê obrigado a dançar, a cantar, a fazer rir, afinal aquilo de que ele gostava mesmo. E, last but not the least, encontra o amor, o verdadeiro, de romance, com a belíssima Pier Angeli, a actriz italiana descoberta por Léonide Moguy com quem faz “Amanhã Será Tarde”, de 1950 e “Amanhã Será Outro Dia”, em 1951. Nascida em 1932, Anna Maria Pierangeli parte para Hollywood onde é rebatizada Pier Angeli. Lançada em 1951 com “Teresa”, de Fred Zinnemann, a história de uma jovem italiana que se apaixona e casa com um soldado americano durante a guerra. O seu idílio com James Dean será mais lembrado do que os filmes em que participou como “Marcado pelo Ódio” (1956), de Robert Wise, excelente fita sobre o universo do boxe onde contracena com Paul Newman, ou “Sodoma e Gamorra” (1962), de Robert Aldrich. Nos anos 60 do século passado ainda apareceu nalgumas produções internacionais de grande mediocridade, vindo a morrer em 1971, com uma overdose de barbitúricos, em Beverly Hills, um trágico fim, comparado com a alegria que alardeou em “Merry Andrew”. Vistas bem as coisas, o filme de Michael Kidd vale acima de tudo pelos atores, ela, e principalmente Danny Kaye, intérprete de luxo num filme que sem ele teria bem menos importância. Quanto ao realizador, será para sempre um dos grandes coreógrafos do grande écran. Até à próxima e bons filmes! K Luís Dinis da Rosa _
Cartoon: Bruno Janeca H Argumento: Dinis Gardete _
7 Michael Kidd tem o seu lugar na história do cinema como um dos grandes coreógrafos. Principalmente pelas novas conceções do bailado no cinema, essencialmente através de uma ligação estreita entre a dança e a ginástica, de que resultaram números vigorosos e enérgicos, mas plenos de harmonia e beleza em filmes e números como o da construção do celeiro, Barnrousing Ballet, seguramente o mais famoso do filme “Seven Brides for Seven Brothers” (Sete Noivas para Sete Irmãos, 1954), de Stanley Donen, Crafgame Number, de “Guys and Dolls” (Eles e Elas, 1955), de Joseph L. Mankiewicz, com Marlon Brando, Jean Simmons e Frank Sinatra, um elenco de luxo, ou Footsteps on Broadway, do mesmo filme, que Kidd considerou a sua obra prima e o filme onde teve mais poder, talvez devido ao facto de ser o primeiro musical de Mankiewicz, ao contrário de outros, Donen, por exemplo, com quem teve algumas dificuldades de relacionamento, porque Kidd achava que não deveria haver números de dança nas “Sete Noivas…”, mas depois de ter assinado o contrato, Donen ter-lhe-á dito, uma vez que já contamos contigo, haverá dança, ao que Kidd respondeu que nunca se sentira tão atraiçoado por um amigo. Nem mais. Por estas e por outras, é claro que Kidd ligou o seu nome aos melhores musicais. Para além dos já citados, podemos lembrar “The Band Wagon” (A Roda da Fortuna, 1953), de Vincente Minelli, ele que se estreou a coreografar para o cinema em 1952 em “Where’s Charley”, de David Butler, tendo ainda no seu activo filmes como “Knock on Wood” (Que o Diabo Seja Surdo, 1954), de Melvin Frank e Norman Panama, bem como “Hello Dolly”, de 1969, realizado por Gene Kelly ou “Star”, 1968, de Robert Wise. Nascido em 1915 em Brooklyn, Nova Iorque, Michael Kidd, de seu verdadei-
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Livro recorda histórias antigas
RVJ- Editores
Dos Enxidros aos Casais
6 Luto: realidade necessária e desafiadora é o nome do livro em que pároco José António Ribeiro Gonçalves aborda as vivências e interpelações pastorais na zona do pinhal interior sul. Editado pela RVJ – Editores, o livro tem o alto patrocínio da Câmara de Oleiros e será apresentado no próximo dia 1 de novembro, naquela vila. K
7 O livro “Dos Enxidros aos casais: histórias e gentes de S. Vicente da Beira” acaba de ser apresentado na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, numa cerimónia em que as emoções falaram mais alto e que contou com a participação do Rancho Vicentino, o qual cantou algumas músicas entre as muitas histórias lidas. Coordenado por José Teodoro Prata, docente de história na Escola Cidade de Castelo Branco e investigador, o livro tem a chancela da RVJ Editores e veio a lume graças ao apoio da Câmara de Castelo Branco e da Freguesia de São Vicente da Beira, revertendo as vendas para o Lar da Santa Casa da Misericórdia daquela freguesia. A obra teve a particularidade de envolver alunos do 2º ciclo de escolaridade do Agrupamento de Escolas de Alcains e S. Vicente da Beira, que produziram alguns desenhos, os quais surgem num caderno
6 O primeiro número da terceira série da revista Materiaes acaba de ser apresentado ao público. Com edição e propriedade da Sociedade dos Amigos do Museu Francisco Tavares Proença Júnior, de Castelo Branco, a revista foi concebida pela RVJ-Editores e reúne um conjunto de artigos científicos de diferentes autores. A sua publicação surge inserida nas comemorações do Centenário do falecimento de Francisco Tavares Proença Júnior. K
especial, impresso a cores, dentro do próprio livro. Também eles, com os seus professores, falaram sobre o significado de terem participado na elaboração do livro. A importância do livro para São Vicente da Beira foi bem vincada pelo presidente da Freguesia, Vitor Louro e pelo coordenador da obra, José Teodoro Prata. Já Fernando Raposo, vereador da cultura, sublinhou a política cultural da Câ-
mara de Castelo Branco que passa também por apoiar a edição deste tipo de obras. O autarca aproveitou a ocasião para frisar o trabalho que o município tem feito no domínio da cultura, quer através da Cultura Vibra que tem promovido um extenso conjunto de iniciativas culturais no concelho, quer no apoio que tem sido prestado na dinamização do setor cultural nas suas mais variadas vertentes. K
6 O investigador Joaquim Candeias de Silva apresenta-nos um livro sobre as Zebras, uma localidade do concelho do Fundão, que é descrita pelo autor como uma terra beirã com muita história e… com foral. A edição é da RVJ – Editores e a obra foi lançada pela Associação Recreativa e Cultural das Zebras, que assume também a propriedade do livro. Um excelente documento escrito por um dos mais prestigiados investigadores portugueses. K
setor automóvel Toyota CH-R disponível para pré-venda
Peugeot 3008 chega este mês
3 O Toyota CH-R, um novo SUV, está já disponível para pré-venda, com as primeiras unidades previstas para entrega antes do final do ano. O modelo apresenta aspeto coupé e tem cinco portas. Os preços iniciam nos 23 650 euros, no caso do motor 1.2 turbo de 116 cv, com uma caixa manual de seis velocidades. A versão hibrida tem 122 cv e preços a começarem nos 28 350 euros. Em Portugal, o Toyota CH-R vai contar com três níveis de equipamento: Active (apenas para o 1.2 turbo), Comfort e Executive. Estarão ainda disponíveis dois packs de equipamento: Style e Luxury. K
3 O novo Peugeot 3008 estará disponível no mercado português no mês de outubro. Os preços divulgados pela marca francesa arrancam nos 30 650 euros, para opção a gasolina 1.2 Puretech com 130 cv associada a uma caixa manual de seis velocidades. Já nos Diesel, os preços começam nos 32 750 euros, para motor 1.6 BlueHDI com 120 cv associado a uma caixa manual de seis velocidades. Também existem versões com caixa automática, a partir dos 36 550 euros. K
Citroën renova C4 Picasso 3 A Citroën acaba de lançar no mercado os monovolumes C4 Picasso e Grand C4 Picasso, de cinco e sete lugares, respetivamente. Os modelos chegam renovados, com novas opções de personalização exterior, inovações tecnológicas e um novo ambiente interior. O C4 Picasso está disponível a partir dos 21 960 euros, na versão 1.2 Puretech 110 S&S CVM, no nível de equipamento Live. Os preços do Grand C4 Picasso começam nos 25 460 euros, na versão 1.2 Puretech 130 S&S CVM6 Live. K
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Eleição esclarecedora
António Guterres é o novo Secretário Geral da ONU 6 O antigo Primeiro Ministro de Portugal, António Guterres, com raízes no distrito de Castelo Branco (freguesia de Donas, concelho do Fundão), é o novo secretário-geral da ONU, devendo tomar posse em janeiro do próximo ano. Na última e derradeira votação, voltou a destacar-se dos seus adversários (com 13 votos a favor), não tendo recebido qualquer “chumbo” dos cinco estados com poder de veto (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido). No dia 13 de outubro foi aclamado na Assembleia Geral da ONU. A sua eleição marca a história portuguesa, como referiu o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que expressou “uma palavra de orgulho. Orgulho de Portugal. Falo em nome de todas as portuguesas e portugueses por ver um português excecional e o melhor de todos chegar onde nenhum outro chegou”. O percurso político de António Guterres está intimamente ligado ao distrito de Castelo Branco por onde foi eleito à Assembleia da República, nas listas do Partido Socialista, tendo desempenhado as funções de Primeiro Ministro, entre 1995 e 2002. O ex-Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, entre 2005 e 2015, e novo Secretário Geral da ONU foi ainda distinguido com
o grau de doutoramento Honoris Causa, pela Universidade da Beira Interior, na Covilhã. Aliás, António Fidalgo, atual reitor da instituição, destacou isso mesmo na sessão solene de início do ano letivo, que distinguiu com o doutoramento Honoris Causa, António Salvado, Elisa Pinheiro e Ryszard Kowalczyk. “Não
posso aqui deixar de mencionar que foi essa entrega e generosidade que a UBI reconheceu em António Guterres em 2010 ao conferir-lhe o nosso doutoramento honoris causa. Hoje a comunidade das nações reconhece o valor e a capacidade de António Guterres para liderar a ONU em tempos difíceis. Aproveito para, deste lugar, lhe desejar as maiores felicidades no exercício da sua missão em prol da paz e da justiça no mundo”. Humildade e gratidão foram as ideias chave do discurso de António Guterres, após o seu nome ter sido aprovado por aclamação, no seio das Nações Unidas, em Nova Iorque. Humildade, disse, “pelos enormes desafios e a terrível complexidade dos dramas do mundo moderno. Mas também humildade que é necessária para servir, sobretudo para servir os mais vulneráveis, as vítimas dos conflitos, do terrorismo, das violações dos direitos, da pobreza e das injustiças deste mundo. E humildade para saber reconhecer a inspiração que vem da coragem e da
generosidade de tantos e tantos trabalhadores das Nações Unidas, e aos seus parceiros, que defrontam os maiores perigos ao serviço da comunidade internacional”. “Gratidão em primeiro lugar em relação ao membros do Conselho de Segurança, pela confiança que em mim exprimiram, mas gratidão também em relação à Assembleia Geral das Nações Unidas e a todos os Estadosmembros, por terem decidido um processo exemplar de transparência e de abertura, bem como aos meus colegas candidatos, cuja inteligência, dedicação e cujo empenhamento nesta campanha muito contribuíram para o prestígio das Nações Unidas.” No lançamento da sua candidatura e naquela que foi a sua primeira audição perante os membros da ONU, António Guterres, considerou que “o mundo precisa, com urgência, de liderança e valores”. No debate entre candidatos, o antigo Primeiro Ministro português, fez uma intervenção elogiada pela comunidade internacional, lembrando que o futuro Secretário Geral das Nações Unidas deve ser um símbolo de unidade, mas ao mesmo tempo deve saber “combater, e derrotar, o populismo político, o racismo e a xenofobia”. Valores, assegura, sempre ter defendido ao longo de toda a sua vida. K
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024 /// OUTUBRO 2016