outubro 2018 Dossier dedicado ao projeto +Agro Qualificação organizacional, energética e de segurança e saúde no trabalho da indústria agroalimentar
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+ agro REÚNE ACADEMIAS, ASSOCIAÇÕES E EMPRESAS
Agroindustrial com propostas inovadoras
Castelo Branco recebeu durante dois dias o Congresso +AGRO 2018. O dinamismo do setor agroindustrial foi a chave deste evento internacional, integrado no projeto +Agro, dedicado às ciências e tecnologias alimentares. congresso internacional
Projeto de investigação
Consórcio junta indústria e academia C
+Agro inova sector agroalimentar C
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Congresso +AGRO 2018
Castelo Branco lidera tecnologia alimentar 7 O projeto +AGRO 2018, que originou um congresso internacional em Castelo Branco, visa qualificar as Pequenas e Médias Empresas (PME) do sector agroalimentar, nomeadamente nos seguintes subsetores de produtos: Cárneos, Hortofrutícolas, Lácteos e Panificação. Este projeto, apresentado numa cidade que aposta forte nas tecnologias alimentares, adoptou estratégias inovadoras, com recurso às Tecnologias de Informação, Comunicação & Eletrónica (TICE), que permitem às empresas aumentar a sua produtividade e eficiência ao nível da prevenção de riscos no trabalho; eficiência energética e otimização de processos de produção. O projeto é organizado por um consórcio liderado pela Universidade da Beira Interior, que alia ainda a Universidade de Évora, os Institutos Politécnicos de Coimbra, Castelo Branco, Guarda e Viana do Castelo e a InovCluster - Associação do Cluster Agroindustrial do Centro. Foi neste âmbito que nos dias 3 e 4 de outubro estiveram
reunidos no Centro de Empresas Inovadoras, em Castelo Branco, académicos, investigadores, cientistas, decisores políticos, profissionais e estudantes de campos relacionados com alimentos. Os objetivos do congresso passaram por compartilhar conhecimentos sobre os métodos e processos utilizados ao longo da cadeia de processamento de alimentos, bem como as suas tecnologias, de grande importância para a comunidade científica e para a indústria alimentar. K
Pedro Dinis (UBI) coordena o projeto +Agro
Secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão
“Região é exemplo de captação de investimento” 7 A importância do Congresso +AGRO 2018 fica assinalada pela presença do Secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza, no encerramento dos trabalhos. O governante fez questão de começar por dizer que “Castelo Branco e toda a região são exemplos de captação de investimento”. Para Nelson de Souza, o projeto +AGRO vai ainda ao encontro da visão estratégica do Governo: “Não temos preconceitos em relação a sectores como o agroalimentar, classificados à partida como atividades tradicionais onde há pouca inovação. O nosso entendimento é que a inovação, a qualificação e a internacionalização não escolhem sectores”, disse. Levar as empresas a participar em mais projetos de investigação e desenvolvimento é, por isso, um objetivo. “É graças a organizações como o InovCluster que sectores como o agroalimen-
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tar têm-se afirmado em territórios como Castelo Branco enquanto indústrias competitivas e inovadoras”, sustentou o governante. A participação de diferentes instituições do ensino superior foi saudada pelo Secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão. “É importante juntar empresas com instituições que lhes aportam conhecimento para que
o meio empresarial aceda a tecnologia”, afirmou. Nelson de Souza adiantou ainda que, no âmbito do Portugal 2020, o Governo prevê apoiar as empresas em mais 5 mil milhões de euros de investimento. Desse investimento, garante, já estão comprometidos 1,7 mil milhões de euros para as regiões de baixa densidade. K
Os números do projeto +Agro ∏ ∏ 1 Setor - Indústria Agroalimentar ∏ ∏ 3 Áreas de investigação - Eficiência Organizacional,
Eficiência Energética e Eficiência na Segurança e Saúde no Trabalho ∏ ∏ 17 Ferramentas de análise disponíveis online ∏ ∏ 300 Empresas interessadas ∏ ∏ Mais informações: maisagro.pt
consórcio de sucesso
A perspetiva da academia e da indústria Aproximar a ciência das empresas é uma das metas do projeto +AGRO. Um consórcio de grande prestígio - envolvendo o ensino superior e a agroindústria - tem colhido frutos do trabalho desenvolvido. Damos a palavra aos responsáveis.
O que foi discutido? O Congresso +Agro 2018 colocou em cima da mesa várias questões importantes. A saber:
∏ ∏ Novas tecnologias emergentes para processamento de alimentos;
∏ ∏ Inovações em alimentos;
Cláudia Domingues Presidente da InovCluster - Associação do Cluster Agroindustrial do Centro «Castelo Branco é a cidade certa para a realização deste congresso. É uma referência no empreendedorismo e na inovação. Palavras como cooperação e eficiência coletiva estão na base de toda a estratégia que a InovCluster tem levado a cabo, sempre com a preocupação de juntar parceiros. O projeto +AGRO surge precisamente de parcerias em torno das dinâmicas da indústria agroalimentar e vem demonstrar que é possível a instituições de ensino superior de vários pontos do país, em complementaridade com a agroindústria, fazer acontecer e desenvolver o tecido empresarial. Cooperar para competir é o nosso lema.»
José Páscoa Marques Vice-Reitor da Universidade da Beira Interior
Constantino Rei Presidente do Instituto Politécnico da Guarda
Rui Teixeira Presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo
«É um mito que as instituições de ensino superior não estão próximas das empresas. Este congresso é a prova disso, pois decorre de uma mudança na forma como as empresas olham para as instituições de ensino superior e vice-versa. O projeto que está subjacente ao congresso é um exemplo de boas práticas. Mostra que se todos trabalharmos em conjunto torna-se tudo mais fácil.»
«Este congresso só pode dar bons frutos. O facto de deixarmos de estar isolados nas nossas quintas e trabalharmos em conjunto é fundamental. O desafio é continuarmos para além deste encontro para que possamos disponibilizar um conjunto de soluções técnicas e tecnológicas que as empresas possam utilizar. Essa é a meta derradeira do projeto que estamos a desenvolver.»
«O +AGRO é um projeto perfeito. Temos de reconhecer a qualidade do trabalho desenvolvido. Além disso, deixa claro que é a partir do ensino superior que temos a hipótese de influenciar a mobilidade social. Tenho todas as razões para estar otimista quanto ao futuro e acredito que este projeto poderá continuar a evoluir no sentido da sua aplicação por parte das empresas.»
∏ ∏ Ciências e tecnologias da carne;
∏ ∏ Processamento de
produtos hortícolas;
∏ ∏ Tecnologias e processos lácteos;
∏ ∏ Tendências e inovações
em padaria e pastelaria;
∏ ∏ Segurança e saúde no trabalho na indústria agroalimentar;
∏ ∏ Eficiência energética; ∏ ∏ Gestão organizacional; ∏ ∏ Tecnologias da infor-
mação, comunicação e eletrónica (TICE) na indústria agroalimentar;
∏ ∏ Segurança alimentar; ∏ ∏ Redução de resíduos e sustentabilidade;
∏ ∏ Empreendedorismo; ∏ ∏ Transferência de António Fernandes Presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco «O +AGRO é um projeto muitissimo interessante, ligado a três valências: a eficiência energética, a eficiência do ponto de vista da saúde e das condições de trabalho e a eficiência organizacional. São temas muito importantes para as empresas. Desde a redução de custos até à mitigação das alterações climáticas são vários os factores a debater.»
Carlos Dias Pereira Instituto Politécnico de Coimbra «Um aspecto fulcral deste projeto é o facto de consolidar uma equipa que já vem de trás. Esperamos que a parceria se mantenha por longos anos, visto que demonstra a nossa capacidade de trabalhar em prol de objetivos comuns. O objetivo é transferirmos agora aquilo que conseguimos desenvolver durante o projeto para o tecido empresarial. Estou confiante que isso possa acontecer.»
Miguel Elias Pró-Reitor da Universidade de Évora
conhecimento, saberes e qualificações.
«Este projeto junta instituições do ensino superior e a InovCluster, uma entidade que representa os empresários. Essa aproximação é saudável e desejável porque os destinatários do projeto são as micro, pequenas e médias empresas. Estas empresas são a quase totalidade do tecido empresarial português e precisam de mais formação e de apoio, novas ferramentas e processos para terem sucesso.»
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Inovação
Agroalimentar é aposta que dá frutos 7 Há territórios onde o sector agroalimentar tem de ser uma aposta forte. A conclusão é do Congresso + Agro e foi partilhada com a audiência por Luís Correia, presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco. O autarca deu como exemplo o conjunto de infraestruturas da cidade albicastrense, nomeadamente a InovCluster, o Centro de Apoio Tecnológico Agro-Alimentar, a Central Meleira, o Parque de Leilões de Gado da Beira Baixa e a construção futura de uma Destilaria. “Definimos desde logo o agroalimentar como um sector importante. E, por isso, temos conseguido obter um desenvolvimento muito interessante”, disse Luís Correia, para explicar que “todas as infraestruturas estão ao dispor dos empresários”. O presidente da Câmara de Castelo Branco mostrou-se satisfeito em relação aos frutos obtidos com esta estratégia: “Felizmente, o esforço que temos dedicado ao sector agroalimentar tem resultado em vários sucessos, desde as instituições de ensino superior ao tecido empresarial. Muitos empresários que eram pequenos estão hoje a conseguir inovar e internacionalizar-se. Esse é o caminho, continuar a lutar pelo desenvolvimento de toda uma região”. O autarca aproveitou ainda a presença
Luís Correia, presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco
de um representante do Governo para defender mais iniciativas para o Interior do
país. “Temos um problema neste país que é o centralismo”, afirmou Luís Correia, para
apelar a “medidas de discriminação positiva e de diferenciação para estes territórios”. K
Tecnologia
Aproximar a ciência das empresas 7 A utilização de tecnologia de ponta no agroalimentar é uma realidade cada vez mais presente. Numa altura em que se começam a normalizar conceitos como Indústria 4.0, o Congresso +Agro 2018 divulgou várias ferramentas inovadoras. Foram os casos das soluções preconizadas pela FoodinTech e a ISQ, duas empresas convidadas para oferecer a sua perspetiva sobre a inovação num sector que durante anos resistiu à mudança. Miguel Fernandes, responsável da FoodinTech, defendeu a aposta em soluções de desmaterialização. A tecnologia da empresa permite sustentar e acelerar a tomada de decisões, para que os clientes obtenham maiores níveis de competitividade e rentabilidade. Os industriais conseguem, com a sua solução, aumentar a qualidade dos produtos, garantir a rastreabilidade e reduzir os custos de produção. A ISQ é outro exemplo de inovação.
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Financiamentos e incentivos públicos estiveram em debate
Mesas redondas
Oradores prenderam as atenções Octávio Lopes apresenta testemunho da ISQ
No congresso, Octávio Lopes avisou que o futuro é a implementação da digitalização e de sistemas inteligentes em toda a cadeia de valor. “A ligação entre pessoas e bens está a gerar novas oportunidades na Indústria 4.0, a dita quarta revolução industrial, que urge aproveitar”, afirmou. K
7 Workshops, networking e debates animaram os dois dias de congresso no Centro de Empresas Inovadoras, em Castelo Branco. Dois momentos importantes foram as mesas redondas dedicadas ao desenvolvimento empresarial das regiões e aos incentivos públicos de apoio às empresas. Os debates juntaram figuras de prestígio como Nuno Mangas, presidente da Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI), Miguel Antunes da Agência Nacional de Inovação (ANI), João Se-
queira da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e os presidentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (Ana Abrunhosa) e do Norte (Jorge Nunes). Ambos os painéis destacaram a importância do trabalho em rede, em particular nos territórios do Interior. A apresentação de bons projetos e as oportunidades oferecidas pelos sistemas de incentivos existentes foram outras das ideias transmitidas pelos oradores. K