Suplemento do Ensino Magazine nº 223 dedicado ao Aeródromo

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setembro 2016 Suplemento dedicado ao Aeródromo Municipal de Ponte de Sor Edição RVJ - Editores

www.ensino.eu dossier

André Garcez H

Ponte de Sor tem campus aeronáutico de excelência

6 O Aeródromo Municipal de Ponte

de Sor é uma das infraestruturas de referência no setor da aviação no país e assume-se como um centro aeronáutico de excelência, onde um conjunto de estruturas e instituições diferentes e complementares, o tornam multifacetado e cosmopolita, empregando já cerca de 200 profissionais. Com uma pista de 1800 metros de comprimento, o complexo que começou a funcionar em 2003, acolhe uma escola de pilotos de aviação que tem alunos de 29 nacionalidades (muitos deles já associados a companhias de

aviação) e a Autoridade Nacional da Proteção Civil (Operações no âmbito da Proteção Civil, nomeadamente Salvamento e Luta Contra Incêndios; e uma base para manutenção de aeronaves do Estado, como os Kamov e Ecureil). A vertente empresarial também surge no Aeródromo. A Câmara de Ponte de Sor soube criar as condições para que outras empresas, para além da escola de aviação, ali se instalassem. A mais recente é Tekever que a curto prazo produzirá drones para fins militares. Mas há outras como a HeliA-

vionics Lab (manutenção e reparação de componentes aviónicos), e a Fly Tech (manutenção de ultraleves). O próprio Aeroclube de Portugal ali tem instalações. A aposta da Câmara de Ponte de Sor, presidida por Hugo Hilário, não se ficou por aqui. O Campus Aeronáutico possui ainda um moderno edifício com 2360 metros quadrados, divididos por três pisos, para apoio ao desenvolvimento das atividades da escola de aviação e para dar seguimento às parcerias firmadas com diferentes instituições de ensino superior, como o

ISEC, Universidade da Beira Interior, Universidade de Évora e os institutos politécnicos de Portalegre, Setúbal e Castelo Branco. É esse edifício que acolhe salas de formação e de estudo, e uma residência, com quartos topo de gama, áreas de lazer, restaurante e bar. A aposta é para continuar numa perspetiva de desenvolvimento da região e do país, associando os conhecimentos científico e empresarial, tornando cada vez mais forte e atrativo o Aeródromo Municipal de Ponte de Sor, como explica Hugo Hilário, presidente K do Município, ao Ensino Magazine. SETEMBRO 2016 ///


Hugo Hilário, presidente da Câmara de Ponte de Sor

Aeródromo topo de gama

6 Hugo Hilário, presidente da Câmara de Ponte de Sor, explica ao Ensino Magazine a estratégia que o concelho está a implementar no setor aeronáutico. Uma aposta que já criou cerca de 200 postos de trabalho no Aeródromo de Ponte de Sor, que reúne instituições de ensino superior, empresas, Proteção Civil e uma escola de aviação num complexo que começa a ser cada vez mais procurado e que tem marcado a diferença. No aeródromo de Ponte de Sor já foram criados 200 postos de trabalho, fruto das entidades e empresas ali estabelecidas e do investimento da autarquia. Como avalia este percurso? É importante referir que tudo começa na implementação de uma estratégia de desenvolvimento económico. Considerámos fundamental cabimentar, no nosso orçamento, uma verba significativa para essa questão. Fizemos isso, tendo em conta os pontos fracos e fortes do nosso território. Tentámos reforçar as atividades inerentes ao setor da cortiça, que é o que pauta a atividade do nosso concelho, com 600 postos de trabalho diretos e indiretos. Mas nunca fugindo à nossa essência na perspetiva de cimentar os setores florestal e agrícola, surgiram novas apostas por audácia e visão de executivos anteriores, tendo em conta a carta estratégica que o município lançou. O que acontece é que as coisas foram evoluindo. Começámos com uma pista mais pequena, mas as coisas foram crescendo. Ganhámos um concurso para a instalação dos meios aéreos da Proteção Civil, e a pista teve que ser aumentada. Tornámo-nos cada vez mais atrativos, quer pela infraestrutura, quer pela localização, pelo não congestionamento do tráfego aéreo, ou pela proximidade de um plano de água. Isso garantiu atratividade? Sim, e as empresas começaram a querer vir para Ponte de Sor. Não queremos ganhar dinheiro com Aeródromo, queremos que ele seja auto-sustentável. E por isso somos mais competitivos. A Câmara, à semelhança do que fez na zona industrial em que criou condições para que quatro grandes grupos económicos no setor da cortiça aqui se instalassem, ou como fez no «ninho de empresas», que permitiu fixar pequenas e micro empresas, também está a investir no Aeródromo sempre na perspetiva de criar emprego.

demonstram os acordos com as instituições de ensino superior… Essa foi uma visão que tivemos no início deste mandato. Um investimento desta dimensão (humana, social e económica) não poderia ficar órfão da vertente académica e científica. É isso que vai sustentar as raízes que estão a ser criadas. Todas as empresas e alunos poderão beneficiar disso. Por exemplo, nós temos alunos de muitas nacionalidades que falam várias línguas. Com o Instituto Politécnico de Portalegre damos a possibilidade de eles aprenderem outras línguas, através da criação de uma escola internacional de línguas que funciona desde o ano passado no aeródromo, mas que também forma já alunos na própria cidade. A parte científica e de investigação abre-nos portas infinitas. Podemos entrar por várias áreas que podem fazer crescer as empresas e atrair outras. E isso é muito bom e interessa-nos.

E como é que as instituições de ensino superior responderam ao vosso desafio? Nós fizemos um percurso com pezinhos de veludo, pois sabíamos que estávamos a criar aqui qualquer coisa que iria ser invejada por muitos. E às vezes em Portugal é isso que acontece, pelo que percorremos o nosso caminho. Hoje o que aqui temos é uma realidade. A maior parte das instituições de ensino superior com formação ligada à aeronáutica não conhecia as nossas estruturas e nós convidámo-las a visitá-las. Todas as que convidámos, e só nos interessa as que têm atividades ligadas à aeronáutica, estabeleceram acordos de cooperação. As próprias instituições estão tão empenhadas como nós em desenvolver aqui um conjunto importante de atividades. Este é um embrião para que Ponte de Sor possa vir a ser a capital académica na

área da aeronáutica? Não vejo as coisas nessa perspetiva. A nossa região tem condições ímpares para que este setor se desenvolva. Estamos a uma hora de Évora e podemos ser complementares uma da outra. Quando todas as sinergias que se conseguirem criar estiverem cimentadas, e porque não associar Beja ou Castelo Branco, poderá desenvolver-se um cluster. Nós queremos ser uma parte dele. Não podemos é fazer o mesmo que os outros já fazem, que foi o grande erro que as instituições de ensino superior fizeram, replicando os cursos. Temos que ser diferenciadores. Já temos a Proteção Civil, a segurança com um corpo operacional de bombeiros no Aeródromo, a investigação, uma escola de aviação, o ensino superior, e empresas na área da aeronáutica. Estamos a sustentar um projeto que é diferenciador e enriquecedor para o interior do país. E nesse aspeto estamos satisfeitos. K

André Garcez H

Mas a aposta do município é feita também na qualificação e investigação, como o

Hugo Hilário, presidente da Câmara de Ponte de Sor, destaca a importância do Aeródromo e do seu Campus Aeronáutico

O Campus Aeronáutico é composto por salas de formação e de estudo, e uma residência, com quartos topo de gama, áreas de lazer, restaurante e bar

II

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Mais de 28 mil movimentos

Tekever

Fábrica de drones pronta a funcionar 6 O grupo Tekever é um dos que recentemente se instalou no Aeródromo de Ponte de Sor, fruto das condições criadas pelo município local. É nessas instalações que a empresa irá produzir aeronaves (drones) para fins militares.

A aposta passa também pelo desenvolvimento de novos produtos e pela elaboração de projetos no setor aeronáutico e aeroespacial. Com larga experiência na construção de drones, tudo indica que em Ponte de Sor será construído o modelo AR5. K

6 No ano passado o Aeródromo de Ponte de Sor registou 28 mil 533 movimentos, entre descolagens e aterragens. Os dados reforçam a aposta da Câmara de Ponte de Sor naquela infraestrutura que em 2014 tinha registado nove mil 939 movimentos. Com uma pista de 1800 metros de comprimento por 30 de largura, o Aeródromo está autorizado a receber e efetuar voos VFR noturnos e diurnos, e IFR. Possui também um serviço de informação de voo e está acreditado para receber aeronaves que podem ir ao Airbus A320 e ao Boing 737. O Aeródromo possui ainda uma placa de estacionamento com 25 mil e 800 metros quadrados e respetivo hangar com quatro mil 222 metros quadra-

André Garcez H

Aeródromo em números

dos para aeronaves da Proteção Civil; placas de estacionamento para aeronaves civis (com 11725 e 12034 metros

quadrados), oito hangares para atividades aeronáuticas, e parques de estacionamento rodoviário. K

As instalações estão integradas no Aeródromo

Escola de aviação

Formar pilotos para o mundo 6 A GAIR Group — Escola de Treino e Formação (ATO) situada no Aeródromo de Ponte de Sor é uma das instituições de ensino de referência no setor aeronáutico, desenvolvendo a sua oferta formativa nos cursos de piloto de Linha Aérea (ATPL); Piloto Comercial Avião (CPL A) e Helicóptero (CPL H); Piloto Privado Avião (PPL A) e Helicóptero (PPL H); Comissário/Hospedeira de Bordo (PNC); Instrutor de Voo de Aviões e Helicópteros; Oficial de Operações de Voo; e Técnico de Manutenção de Aeronaves (B1 e B2). Em Ponte de Sor estudam alunos de 29 nacionalidades. A localização do Aeródromo tem sido uma mais valia, pois não estão sujeitos ao tráfego comercial existente por exemplo na região de Lisboa. O Grupo G Air desenvolve a sua atividade de treino em estreita parceria com empresas como a

Jeppesen-Boeing, a Oman Air e a SonAir, bem como instituições de ensino superior nacionais e internacionais, das quais se destaca a Emirates Aviation University, o Institute of Technology Carlow (Irlanda), a Bucks New University (Reino Unido), a Embry-Riddle Aeronautacal University (EUA), a Universidade Europeia de Madrid, o Instituto Politécnico de Madrid, o Instituto Superior de Educação e Ciências, o Instituto Politécnico de Portalegre, a Universidade Lusófona e a Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril. A GAir opera bases em Ponte de Sor, Cascais, Bérgamo e Sardenha (Itália), Omã e Dubai, e está certificada pelas autoridades nacionais da aviação civil de Portugal (ANAC), Angola (INAVIC), Brasil (ANAC), Reino Unido (CAA), bem como pela IATA - International Air Transport Association. K

Hugo Hilário junto ao Campus Aeronáutico. O autarca já assinou acordos com Universidades e Politécnicos

Protocolos com universidades e politécnicos

Academia sempre presente 6 Uma das componentes importantes associada ao Campus Aeronáutico de Ponte de Sor é a ligação às universidades e politécnicos. Nesse sentido a Câmara estabeleceu acordos de cooperação com vista à investigação e à implementação de cursos em vários domínios com seis instituições de ensino superior, a saber: ISEC; universidades da Beira Interior e de Évora, e institutos politécnicos de Portalegre, Setúbal e Castelo Branco. Já este ano irá funcionar, em Ponte de Sor, um curso Técnico Superior Profissional em Produção Aeronáutica ministrado pelo Poli-

técnico de Setúbal e cujas inscrições se encontram abertas. O Politécnico de Portalegre através do seu centro de línguas também tem ministrado diversas ações de formação. O acordo com o IPP é mais alargado e mereceu elogios por parte do presidente da instituição de ensino, Joaquim Mourato. Também a reitora da Universidade de Évora mostrou otimismo aquando da assinatura do acordo. Segundo Ana Costa Freitas, “deste protocolo resultará a elaboração de um plano de intervenção no âmbito destas áreas, em que a Universidade de Évora entra sobretudo ao nível do desenvolvimento de ações

de formação consideradas pertinentes, com vantagens claras para os dois outorgantes”. Já a UBI, que tem cursos em engenharia aeronáutica, estabeleceu um acordo que permitirá que alunos de Engenharia Aeronáutica, Eletromecânica e Eletrotécnica e Computadores realizem estágios naquele município através do aeródromo de Ponte de Sor. Por sua vez com o IPCB poderão vir a realizar-se cursos Técnicos Superiores Profissionais (Tesp) em proteção civil e outras formações breves, como referiu o seu presidente, Carlos Maia, aquando da assinatura do acordo. K

SETEMBRO 2016 /// III


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