Temperança
Ellen G. White
2005
Copyright © 2013 Ellen G. White Estate, Inc.
Seção 5 — Intoxicantes mais brandos
Capítulo 4 — Vinho na Bíblia O vinho em Caná não era fermentado — Em parte alguma sanciona a Bíblia o uso de vinho intoxicante. O vinho feito por Cristo da água, nas bodas de Caná, foi o puro suco da uva. Este é o vinho novo que se “acha num cacho de uvas”, de que a Escritura diz: “Não o desperdices, pois há bênção nele.” Isaías 65:8. Foi Cristo que, no Velho Testamento, advertiu a Israel: “O vinho é escarnecedor e a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio.” Provérbios 20:1. Ele nunca proveu tal bebida. Satanás tenta o homem a transigir com aquilo que obscurece a razão e embota as percepções espirituais, mas Cristo nos ensina a pôr a natureza inferior em sujeição. Ele nunca põe diante do homem aquilo que lhe seria uma tentação. Toda a Sua vida foi um exemplo de abnegação. Foi para vencer o poder do apetite que, nos quarenta dias de jejum no deserto, ele sofreu em nosso favor a mais rigorosa prova que a humanidade podia suportar. Foi Cristo que ordenou que João Batista não bebesse vinho nem bebida forte. Foi Ele que recomendou tal abstinência por parte da mulher de Manoá. Cristo não contradiz os próprios ensinos. O vinho não fermentado que Ele forneceu para os convivas das bodas, era uma bebida saudável e refrigerante. Foi este o vinho usado por nosso Salvador e Seus discípulos na primeira comunhão. É o vinho que se deve sempre usar na mesa da comunhão como símbolo do sangue do Salvador. O serviço sacramental destina-se a ser refrigerante para a alma, e comunicador de vida. Com ele não deve estar ligada coisa alguma que sirva ao mal. — A Ciência do Bom Viver, 333, 334. Vinho não intoxicante recomendado na Bíblia — A Bíblia não ensina em parte alguma a usar vinho intoxicante, seja como bebida, seja como símbolo do sangue de Cristo. Apelamos para a razão natural, se o sangue de Cristo é mais bem representado pelo puro suco de uva em seu estado natural, ou depois de convertido [98] em vinho fermentado e intoxicante. ... Insistimos em que o último nunca deve ser posto na mesa do Senhor. ... Protestamos que Cristo 97
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nunca fez vinho intoxicante; tal ato haveria sido contrário a todos os ensinos e exemplo de Sua vida. ... O vinho que Cristo fez da água mediante um milagre de Seu poder, era o puro suco da uva. — The Signs of the Times, 29 de Agosto de 1878.
Capítulo 5 — Os cristãos e a produção de artigos para a manufatura de bebidas espirituosas Muitas pessoas que hesitariam em pôr aos lábios de um semelhante bebida alcoólica, empenham-se no cultivo de lúpulo, emprestando assim sua influência contra a causa da temperança. Não posso ver como, em face da lei de Deus, cristãos se possam conscienciosamente empenhar no cultivo do lúpulo ou no fabrico de vinho e de sidra para o mercado. — Christian Temperance and Bible Hygiene, 32. Abster-se da aparência do mal — Quando homens e mulheres inteligentes que se professam cristãos alegam não haver mal em fazer vinho ou sidra para o mercado porque, quando não fermentados, não intoxicam, meu coração se entristece. Sei que há outro lado do assunto a que eles se recusam a olhar; pois o egoísmo lhes fechou os olhos aos males terríveis que podem resultar do uso desses estimulantes. Não vejo como nossos irmãos se possam abster de toda aparência do mal e dedicar-se amplamente a negócio do cultivo do lúpulo, sabendo a que uso irão esses lúpulos. Os que ajudam a produzir essas bebidas que estimulam e educam a sede de estimulantes mais fortes, serão recompensados segundo a suas obras. São transgressores da lei de Deus, e serão castigados pelos pecados que cometem e pelos que eles influenciaram outros a [99] cometer pela tentação que lhes puseram no caminho. Procedam todos quantos professam crer na verdade para este tempo, e ser reformadores, em harmonia com sua fé. Se uma pessoa cujo nome se encontra no livro da igreja fabrica vinho ou sidra para vender, importa que se trabalhe fielmente com ela, e, se continuar a assim fazer, deve ser posta sob censura da igreja. Os que não forem dissuadidos de fazer esse trabalho são indignos de um lugar e um nome entre o povo de Deus. Devemos ser seguidores de Cristo, aplicar o coração e a influência contra toda má prática. Como nos sentiríamos no dia em que os juízos de Deus forem derramados, ao encontrar-nos com homens 99
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que se tornaram ébrios mediante nossa influência? Estamos vivendo no dia antitípico da expiação, e nossos casos devem ser em breve passados em revista por Deus. Como nos acharemos nos tribunais celestes, se nossa maneira de proceder animou o uso de estimulantes que pervertem a razão e são destruidores da virtude, da pureza, e do amor de Deus? — Testimonies for the Church 5:358, 359. O amor ao dinheiro não deve desencaminhar — Tenho alguns hectares de terra que, quando comprei, tinham sido destinadas ao cultivo de uvas para vinho; eu, porém, não venderei nem meio quilo dessas uvas a qualquer fábrica de vinho. O dinheiro que eu ganhasse com elas aumentar-me-ia o lucro; mas em vez de ajudar a causa da intemperança permitindo que elas se convertessem em vinho, eu as deixaria estragarem-se nas videiras. ... O amor ao dinheiro levará homens a violarem a consciência. Talvez aquele mesmo dinheiro seja levado ao tesouro do Senhor; Ele, porém, não aceitará qualquer oferta dessa espécie, ela é para Ele uma ofensa. Foi obtida por transgressão de Sua lei, que requer que um homem ame a seu próximo como a si mesmo. Não é desculpa para o transgressor dizer que, se ele não houvesse feito vinho ou sidra, alguém o haveria feito, e seu próximo se tornaria ébrio da mesma maneira. Porque alguém chega a garrafa aos lábios de seu [100] próximo, hão de cristãos se arriscarem a manchar suas vestes com o sangue de almas — incorrerem na maldição proferida sobre os que põem a tentação no caminho de homens errantes? Jesus chama Seus seguidores a postarem-se sob Sua bandeira e ajudarem a destruir as obras do diabo. O Redentor do mundo, que bem sabe o estado da sociedade nos últimos dias, apresenta o comer e o beber como os pecados que condenam este século. Ele nos diz que como foi nos dias de Noé, assim será quando o Filho do homem Se manifestar. “Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos.” O mesmo estado de coisas existirá nos últimos dias, e os que crerem nessas advertências exercerão a máxima cautela em não seguir uma direção que os ponha sob condenação. — The Review and Herald, 25 de Março de 1884. Em face das escrituras, da natureza e da razão — À luz de tudo quanto a Escritura, a Natureza e a razão ensinam em relação ao
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uso de intoxicantes, como cristãos se podem empenhar em cultivar lúpulo para fabricação de cerveja, ou na fabricação de vinho ou sidra, para venda? Se amam aos seus semelhantes como a si mesmos, como poderão auxiliar a pôr-lhes no caminho aquilo que lhes servirá de laço? — A Ciência do Bom Viver, 334. Irmãos, consideremos esses assuntos em face das Escrituras e exerçamos decidida influência ao lado da temperança em todas as coisas. Maçãs e uvas são dons de Deus; podem ser usadas de maneira excelente como artigos saudáveis de alimentação, ou podem ser desvirtuadas por serem mal empregadas. Deus já está arruinando a vinha e a colheita das maçãs devido às práticas pecaminosas dos homens. Encontramo-nos diante do mundo como reformadores; não demos nenhuma ocasião a que os infiéis ou os incrédulos vituperem nossa fé. Disse Cristo: “Vós sois o sal da Terra”, “Vós sois a luz do mundo”. Mostremos que nosso coração e consciência achamse sob a influência transformadora da graça divina, e que nossa vida é governada pelos puros princípios da lei de Deus, ainda que [101] esses princípios exijam o sacrifício dos interesses temporais. — Testimonies for the Church 5:361.
Capítulo 6 — Temperança e abstinência total Se alguma coisa é necessária para saciar a sede, água pura tomada algum tempo antes ou depois da refeição é tudo quanto a natureza requer. Nunca tomeis chá, café, cerveja, vinho, ou qualquer bebida espirituosa. Água, eis a melhor bebida possível para limpar os tecidos. — The Review and Herald, 29 de Julho de 1884. A lição aqui apresentada [de Daniel e seus companheiros] é daquelas que faríamos bem em ponderar. Nosso perigo não é o da escassez, mas da abundância. Somos constantemente tentados ao excesso. Os que quiserem conservar inalteradas suas faculdades para o serviço de Deus, precisam observar estrita temperança no uso das Suas munificências, bem como abstinência total de toda satisfação prejudicial ou aviltante. A geração nascente acha-se rodeada de seduções calculadas a tentarem o apetite. Especialmente em nossas cidades grandes, toda forma de condescendência é tornada fácil e convidativa. Aqueles que, à semelhança de Daniel, se recusam a contaminar-se, colherão a recompensa de seus hábitos temperantes. Com seu maior vigor físico e acrescido poder de resistência, têm um banco do qual sacar em caso de emergência. — Christian Temperance and Bible Hygiene, 27, 28. Alega-se muitas vezes que, a fim de se desviar a juventude das leituras sensacionais e indignas, deveríamos proporcionar-lhe melhor espécie de leitura de ficção. Isto equivale tentar a cura de um ébrio dando-lhe em lugar de uísque ou aguardente, os intoxicantes mais brandos, como vinho, cerveja ou sidra. O uso destes animaria continuamente o desejo dos estimulantes mais fortes. A única segurança para os bêbados, bem como para o homem temperante, é a total abstinência. A mesma regra se aplica ao amante de ficção. Sua única segurança é a total abstinência. — A Ciência do Bom Viver, [102] 446.
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