Revista Estilo Zaffari - Edição 71

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Ano 12 N0 71 R$ 5,90

fr

A estética do

BUENOS AIRES

BEM-ESTAR

CASA

O PULSO AINDA PULSA!

YOGA NAS PRAÇAS DE PORTO ALEGRE

A BRASILIDADE NA DECORAÇÃO


C E N T R A L

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A NOVA TENDÊNCIA É VOCÊ VIVER AQUI.

INFINIT Y POOL

COFFEE CORNER

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VISITE OS DECORADOS NO ESPAÇO FWD - AV. I P I R A N GA , 8 2 2 3 - T E L : . 3 0 2 6 . 7 5 94

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CRECI: J – 23028

CRECI: 22916J

CRECI: 22.461-J

O ANO DA SUA CONQUISTA

Imagens meramente ilustrativas. Incorporação registrada sob matrícula nº 173.692 do Registro de Imóveis da 3ª Zona de Porto Alegre. Projeto arquitetônico: Pedro Gabriel e Bonini Arquitetura - CAU A9397-1. Projeto paisagístico: Tellini Vontobel - CAU 2097-2. Decoração de interiores: Zeca Amaral - CAU 28562-5. O intermédio de todas as vendas será feito através de um corretor de imóveis e a sua respectiva comissão de corretagem deve ser suportada pelo adquirente.






Milene Leal milene@contextomkt.com.br

EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO REDAÇÃO Cris Berger, Flavia Mu, Loraine Luz, Milene Leal REVISÃO Flávio Dotti Cesa DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade ILUSTRAÇÕES Moa FOTOGRAFIA Letícia Remião, Cris Berger, Carin Mandelli COLUNISTAS Carla Pernambuco, Cris Berger, Celso Gutfreind, Cherrine Cardoso, Fernando Lokschin, Lenice Zarth Carvalho, Luís Augusto Fischer, Roberta Coltro, Tetê Pacheco EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS)

Izabella Boaz izabella@contextomkt.com.br

DIRETORA DE ATENDIMENTO A revista Estilo Zaffari é uma publicação trimestral da Contexto Marketing Editorial Ltda., sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. Distribuição exclusiva nas lojas da rede Zaffari e Bourbon. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem

Ano 12 N0 71 R$ 5,90

prévia autorização e sem citação da fonte.

TIRAGEM 25.000 exemplares IMPRESSÃO Gráfica Pallotti

ENDEREÇO DA REDAÇÃO Rua Cel. Bordini, 675/cj. 301 – Porto Alegre/RS – Brasil – 90440 000 (51) 3395.2515 (51) 3395.2404 estilozaffari@contextomkt.com.br

fr

A estética do

BUENOS AIRES

BEM-ESTAR

CASA

O PULSO AINDA PULSA!

YOGA NAS PRAÇAS DE PORTO ALEGRE

A BRASILIDADE NA DECORAÇÃO

FOTO: LETÍCIA REMIÃO


N OTA

D O

E D I TO R

COISAS DO SUL Se existe algo de bom no inverno é o fato de que ele estimula o aconchego. Quem não gosta? E esse aconchego tem muitas possibilidades... Em família, ver televisão debaixo das cobertas pode ser o melhor dos programas. As baixas temperaturas convidam a encontros mais “intimistas”, dentro de casa, em torno do fogo, ao redor de uma mesa repleta de quitutes que aquecem o corpo e a alma. O inverno é, nesse sentido, extremamente agregador! Nesta edição, nossa reportagem da seção Sabor fala de frio e de como ele influencia os hábitos, o comportamento, a cultura e a gastronomia do povo do sul do Brasil. Conversamos com o músico Vitor Ramil, autor do termo “estética do frio” – que se refere justamente a essa espécie de condicionamento gerado pelas baixas temperaturas –, e convidamos o chef Marcelo Schambeck a interpretar em receitas o efeito do inverno sobre o paladar do gaúcho. Ficou uma delícia! E já que estamos falando em hábitos do povo do sul, visitar Buenos Aires no inverno sempre foi um dos programas preferidos da gauchada. Só que, de uns anos pra cá, esse hábito foi caindo em desuso, atrapalhado por notícias sobre a crise econômica na Argentina, o fechamento de lojas de grife, cafés e restaurantes, menções a problemas de violência urbana. Pois a Estilo Zaffari se propôs a mostrar que Buenos Aires segue linda, cosmopolita, moderna, vibrante e, o melhor de tudo, continua aqui pertinho, a duas horas de voo de Porto Alegre. Cris Berger, nossa viajante profissional, foi pra lá, passou alguns dias garimpando novidades e checando os endereços consagrados. E gerou a belíssima e inspiradora matéria “O pulso ainda pulsa”. Dá vontade de pegar o primeiro voo pra BA! Esta edição invernal tem ainda uma reportagem sobre prática de yoga nas praças, uma matéria sensacional sobre a brasilidade na decoração, um giro de 24 horas por Casablanca, o retorno da seção Mulheres que Amamos e os brilhantes textos dos nossos colunistas. Tá tinindo de tão bacana! Boa leitura! OS EDITORES


Correio RECADINHOS QUERIDOS QUE A ESTILO ZAFFARI 70 RECEBEU PELO FACEBOOK NA CHEGADA DA EDIÇÃO ÀS LOJAS DA CIA. ZAFFARI:

Amei a revista, esta reportagem está imperdível! Quero Marrocos! CRISTINA K. LEAL

Sim, revista linda só pode ser comemorada com ceva. UBIRATAN FERNANDES

Já estamos todos embriagados com essa edição. Tá linda, Luciane Trindade! CLAUDIO FRANCO

Que linda! Também... só tem gente boa trabalhando nela. LUCIANA MONSALVE BING

Linda, como sempre, né, gurias? Bjos LISIANE COHEM

Parabéns!!!! Louca para conferir e curtir! MARISU BUQUET

Estilo Zaffari embarcando para o Rio! Minha irmã recebendo um pedacinho da gente lá, pelas mãos da minha mãe! É sempre bom ter perto da gente, que somos gaúchos! @bellaboaz e @ cris_berger, linda a revista! ALESSANDRA BECKER

Que linda capa... parabéns pelo trabalho.

Quintal Orgânico na capa da Revista Estilo Zaffari!!! Obrigada a Milene Kraemer Leal, Izabella Truda Boaz e equipe pela confiança e o carinho de sempre. Leticia Remião, as fotos estão demais, valeu!! ALINE ELWANGER

Vou buscar a minha, já!! CARMEM GAMBA

Que maravilha! A capa está linda :), como sempre. Correndo buscar a minha! Parabéns, Milene Kraemer Leal, querida, por mais esta belezura! Beijocas DÓRIS FIALCOFF

Bela edição, Milene! Parabéns! SNOW DOWN

Louca para ler! CLAUDIA GABBARDO

Loka p ler. LETÍCIA MELO

Maravilhosa! PÂMELA ABREU

Uau!!! Capa linda!!! TATI LEAL

Que linda! MARCELO SCHAMBECK

Que legal, Milene! Parabéns para você e a toda a equipe! Beijos ROBERTA COLTRO

Amei esta edição, como sempre impecável!! ELIANE MACHADO

Marrakech realmente eh lindo!!! ADRIANA ROSITO C- FIGUEROA

TANIA BRIZOLLA

Tua filha mais velha desse mês tá linda!! VIVIAN SCHERER

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Estilo Zaffari

www.facebook.com/Revista Estilo Zaffari



Cesta Básica Humanas Criaturas Viagem Buenos Aires Me Gusta Coluna Comer, Comer Sampa Coluna Vida O Sabor e o Saber Coluna Equilíbrio Mulheres que Amamos Moda Palavra

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CASABLANCA Em 24 horas, caia de amores pela Medina e pela Mesquita de Hassan II

60 A ESTÉTICA DO FRIO

Marcelo Schambeck sugere receitas ideais para o frio que


MUDANDO MUNDOS EXPRESSÃO DE BRASILIDADE

Ao ar livre, nas praças e parques da cidade, yoga para todos

Objetos e móveis de alma bem brasileira compõem modernos – e belos – projetos de decoração

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74 molda o jeito de ser do gaúcho

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Cesta básica

NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA A DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MÚSICA, MODA, LITERATURA, ARTE, LUGARES, VIAGENS, OBJETOS ESPECIAIS, PESSOAS GENIAIS, COMIDINHAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO!

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Estilo Zaffari

T E X TO S

P O R

LO R A I N E

LU Z

DICAS QUENTES Para quem pensa em visitar o Chile, vale conhecer o LikeChile, um blog com dicas afiadíssimas, especialmente pensadas para brasileiros. Há três anos no ar, o LikeChile é criação do casal Camila Carrasco e David Gormaz. Uma viagem à Ilha de Páscoa, feita pela Camila, uniu os dois. David veio para o Brasil por causa disso e juntos se dedicam, cada vez mais, ao blog, que conta com mais de 1,9 mil visitas diárias. De volta ao Chile recentemente, a ideia agora é percorrer o país inteiro, para gerar mais conteúdo para o blog e conquistar novos parceiros. As aventuras do casal podem ser acompanhadas no canal nowww.youtube. com/likechiletours. Recentemente, o LikeChile passou a contar com um sistema de descontos, que permite conhecer novas atividades e poupar na viagem. “Isso nasceu como uma resposta a nossos seguidores, que sempre nos perguntavam quanto dinheiro precisariam levar na viagem”, comenta David. “Como conhecemos os fornecedores, escolhemos aqueles que a gente tem certeza de que vão dar um serviço seguro e de qualidade”, completa. A ferramenta, segundo Camila, permite planejar e reservar passeios com antecedência.

www.likechile.com/blog


PARABÉNS, ECARTA A Fundação Ecarta acaba de completar 10 anos de ações permanentes nas áreas da Cultura e Educação, por meio de cinco projetos: Galeria de Arte, Ecarta Musical, Núcleo Cultural do Vinho, Conversa de Professor e Cultura Doadora. A Ecarta é uma realização do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS). Não são apenas porto-alegrenses os beneficiados pelas atividades realizadas no casarão amarelo da Avenida João Pessoa, quase no centro da Capital. Também no interior do Estado milhares de pessoas já participaram dos eventos promovidos pela Ecarta, viabilizados por meio de parcerias regionais. Em uma década, um público superior a 51 mil pessoas esteve presente nos 871 eventos, entre shows musicais, exposições de arte, palestras, oficinas, feiras de livros, etc. Somente em 2014, mais de 7 mil participaram da programação realizada em Porto Alegre e no interior. Seu nome, Ecarta, foi construído a partir das iniciais das atividades que se propõe a desenvolver: Educação, Cultura, Arte, Recreação, Tecnologia e Assistência. Sua fundação ocorreu em 2003, e o início efetivo, dois anos depois, em 29 de abril, com o primeiro projeto cultural, a Galeria de Arte. Entre as outras atividades, estão Ecarta Musicial, Conversa de Professor, Núcleo Cultural do Vinho e Cultura Doadora.

www.ecarta.org.br

PÃO COM CAFÉ O café da Barbarella Bakery sempre esteve à altura das delícias de pães servidas no local. Agora, passa a ser um item de destaque no cardápio da casa, com o lançamento do café especial Barbarella. Ana Zita Fernandes, engenheira de alimentos e proprietária, é uma verdadeira especialista: desde 2002, quando abriu a padaria, busca a excelência nos produtos e serviços oferecidos, pesquisando insumos, processos de produção e opções de acompanhamentos. Com a consultoria de Jonathan Hutchins, da William & Sons Coffee Co., responsável pela torrefação e seleção dos cafés especiais, foi criado um sabor exclusivo para a Barbarella: um blend de torra média clara, com grãos selecionados do Sítio Bela Vista de Alto Jequitibá, Serra do Caparão, Minas Gerais. Os clientes podem esperar por um aroma marcante e toques de chocolate, que envolve o paladar e complementa uma refeição. O café pode ser degustado na padaria ou levado para casa – um moedor específico oferece diversas graduações de moagem, adequando o grão ao processo de preparo da bebida.

BARBARELLA BAKERY DINARTE RIBEIRO, 56 MOINHOS DE VENTO I PORTO ALEGRE I RS 51 3346.7164 e 51 3268.9720 www.barbarellabakery.com

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Cesta básica

PARA CELEBRAR JUNTO À NATUREZA Tem lago, tem figueiras, pomar, tem mata e belas e confortáveis construções que preservaram as belezas naturais locais. Assim é a Estância Christina, fazenda de 60 hectares da família Harbich que agora abre para eventos, na área rural de Viamão. Umas das construções abriga dois quartos de hóspedes, uma adega com lareira, uma área grande com bar, dois terraços externos generosos e uma área com piscina interna – que agora coberta ficou ideal para festas. Além disso, a fazenda tem quadra de tênis, garagem para tratores e maquinários agrícolas, hotelaria de cavalos, piquetes e uma área que pode ser usada como pista de treinamento. Todos esses espaços são circundados por caminhos que servem para passeios a pé ou de charrete. Casamentos, aniversários ou um fim de semana prolongado ficam encantadores nesse cenário. A equipe permanente e responsável pelo local conta com cinco pessoas que moram na Estância, um administrador e uma secretária de eventos. As operações serão feitas através de organizadores de eventos ou contato direto com essa equipe.

ESTÂNCIA CHRISTINA www.estanciachristina.com.br 51 9981.0491 e 51 8179.2019 16

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TESTADO E APROVADO O retorno positivo e carinhoso de seguidores motiva a blogueira Eline Prando, que criou há quatro anos o Mel e Pimenta, sobre culinária. A intenção? Compartilhar seu amor pela cozinha e fazer com que mais pessoas passassem a preparar suas refeições em casa, compartilhando e dividindo bons momentos com a família e os amigos. As receitas postadas no blog são todas testadas. Alguns dos resultados podem ser acompanhados na revista Donna online, em que é colunista, com publicações às quartas-feiras. Eline prepara e fotografa todos os pratos. “Afinal, para mim, cozinhar é uma das maiores demonstrações de afeto”, comenta.

www.melepimenta.com


ORGÂNICOS UNIDOS!

UMA HOMENAGEM MUITO ESPECIAL Mãe de dois filhos (um de 13 e outro de 7 anos de idade), a escritora Leticia Wierzchowski traz um pouco da sua experiência de vida em uma homenagem mais do que especial a essas mulheres incansáveis e infinitamente amorosas. Com frases emocionantes e fotos irresistíveis, “Coração de Mãe” é o presente perfeito para as mamães de todo o mundo, em qualquer tempo! O livro conta, em versos cheios de graça e ternura, a aventura diária vivida por toda mãe, com seus altos e baixos, momentos de carinho e de aprendizado — tudo para ver seu filho crescendo seguro e feliz. Mãe passa noites em claro, nutre, vibra e sofre, diz “não”, faz várias piruetas no ar e se prepara para tudo. E nesse coração sempre cabe mais um. Acompanhado de dezenas de fotos de bebês e de suas mamães, este livro é capaz de derreter qualquer coração.

CORAÇÃO DE MÃE AUTORA: LETICIA WIERZCHOWSKI EDITORA: AGIR PÁGINAS: 80

Enquanto se intensifica o questionamento em torno dos métodos da agricultura tradicional, no que se refere a uso de agrotóxicos e transgênicos, mais e mais gente busca os produtos orgânicos. Fora atender a preocupações com saúde, a agroecologia também estabelece novas relações de consumo e de ação no mundo, já que prioriza o pequeno produtor, sem intermediários, e colabora para o equilíbrio do meio ambiente. O buscador Teia Orgânica surge em boa hora, portanto. É um guia online que mapeia fornecedores e comerciantes orgânicos, de todo tipo de cultura, da Região Sul. Reúne restaurantes vegetarianos, veganos e convencionais – que priorizam ingredientes orgânicos –, lojas especializadas, produtores agropecuários e agroindustriais, feiras, além de informações sobre produtos orgânicos manufaturados. O buscador aproxima as pessoas desse tipo de alimento e dá visibilidade a fornecedores e comerciantes que acreditam nessa proposta. A ideia surgiu da dificuldade dos sócios do projeto, Guilherme Soster Santos e Carolina Rigo, em encontrar informações sobre venda e produção de orgânicos. Guilherme é vegetariano desde 2005. Carolina se voltou mais atentamente para o tema quando, em 2014, engravidou. A tentativa, frustrada, de comer apenas orgânicos durante a gestação foi um elemento impulsionador na decisão de aceitar o convite de Guilherme para se tornar sócia do Teia Orgânica.

TEIA ORGÂNICA www.teiaorganica.com.br

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Cesta básica

UMA LENDA, UM VINHO Para produzir um vinho com terroir extremo, a Routhier & Darricarrere, de Rosário do Sul, foi buscar inspiração na literatura gaúcha. A lenda Salamanca do Jarau, escrita por João Simões Lopes Neto, empresta seu nome para a mais recente produção da vinícola. A história, que remete ao surgimento do Rio Grande do Sul, traz uma essência semelhante ao conceito do vinho: a valorização da terra. No processo de produção, uvas de um mesmo vinhedo foram fermentadas espontaneamente com leveduras indígenas. “É um típico Cabernet Sauvignon com aromas de frutas vermelhas, couro e cedro. Há sabor de fruta, café e especiarias, como pimenta preta e noz- moscada”, descreve o enólogo Anthony Darricarrere. O Salamanca do Jarau é uma edição limitada do ícone da vinícola, o Província de São Pedro, safra 2012, com 100% de uvas Cabernet Sauvignon. Os rótulos são assinados pelo artista plástico Gelson Radaelli, que também é proprietário do restaurante Atelier de Massas, em Porto Alegre, e que fez trabalhos para as vinícolas Juan Carrau, do Uruguai, e para a Tempus Alba, da Argentina. Atualmente, o Salamanca do Jarau integra a carta de vinhos de restaurantes como D.O.M., do chef Alex Atala, e Cipriani, do Copacana Palace, no Rio. A vinícola fica na região da Campanha, na faixa do paralelo 300, onde estão também as principais vinícolas do mundo, em países como Argentina, Chile, África do Sul e Nova Zelândia. O vinhedo Routhier & Darricarrère é a continuidade do trabalho da famíla francesa Darricarrère, que se dedica ao cultivo de uvas e à produção de vinhos faz 10 gerações.

ROUTHIER & DARRICARRÈRE www.redvin.com.br

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RUMO AOS SEUS SONHOS

PARA VIVER O MUNDO A agência de viagem OP Turismo - Ouro e Prata Turismo até 2013 - completa 40 anos em 2015 e terá uma programação especial ao longo do ano. O projeto comemorativo “Encontros para viver o mundo” – bate-papos descontraídos sobre experiências em destinos interessantes entre pessoas com espírito de viajante – teve início em maio com o psiquiatra Sérgio de Paula Ramos em sua exposição fotográfica “Visto Permanente”, no Margs, em Porto Alegre. Em junho, a OP Turismo promove a viagem de Manuela Bordasch, Catharina Dieterich e Arthur Chini, da plataforma fashion “Steal the Look,” e seus convidados para Ibiza, na Espanha. O foco da viagem será a geração de conteúdo relacionado a moda e lifestyle. Até dezembro, a OP Turismo terá novos encontros com convidados especiais falando sobre temas como destinos exóticos e gastronomia. A programação será divulgada pelas redes sociais. Desde 1975, a OP Turismo desenvolve roteiros de viagem personalizados para cada cliente e para grupos. Em 2012, passou a integrar a rede global “Virtuoso”, que reúne hotéis, companhias aéreas, tour operadores e agências de viagem com serviços diferenciados e de alto padrão.

www.opturismo.com.br facebook.com/ouroeprataturismo 51 3357.5353

Nilzo Andrade somou mais um tanto à centena de feedbacks positivos que recebe de quem participa de seus cursos e treinamentos. Dessa vez, foi em Porto Alegre. A palestra “Construa a Sua Melhor Versão”, com enfoque teórico e prático, aconteceu em junho, promovida pelo Método DeRose – Mont’serrat. Andrade é treinador de alta performance em Curitiba (PR) e realiza atendimentos personalizados no Brasil e no Exterior. Sua metodologia, que conjuga princípios de coaching e técnicas do Método DeRose, foi destacada pelos participantes gaúchos – bem como as qualidades de Nilzo como orador, professor e motivador. À escola Mont’serrat, agradecimentos pela oportunidade (que foi aberta a não alunos também). Os ensinamentos do professor podem ser aplicados no trabalho, na profissão, nos esportes, na vida pessoal. E tudo causa imediatamente grande impacto, porque faz as pessoas pararem para pensar (e escrever) sobre aspectos quase sempre pouco nítidos, mas que são determinantes para as escolhas de vida. Todo mundo tem sonhos, mas poucos sabem o caminho até a realização deles. Nilzo põe luz aí. Que tal começar a pensar e a se comprometer com as respostas às seguintes perguntas: Qual o meu propósito de vida? Quais são os meus valores essenciais? Quais são as minhas metas para um, cinco e dez anos? Por cerca de três horas, Nilzo conduz os participantes a uma profunda reflexão, fazendo-os trilhar passos claros rumo à concretização de ideais. A sensação de todos ao final da tarde? “Rendeu muito!”

MÉTODO DEROSE MONT’SERRAT RUA EUDORO BERLINK, 955 PORTO ALEGRE I RS 0800.510.2813 www.deroseportoalegre.com.br


Cesta básica MINI WEDINGS NA SERRA Fugir do convencional, comemorar o casamento de um jeito diferente. Muitos casais modernos têm esse desejo, e estão descobrindo a tendência dos “mini weddings”: comemorações pequenas e charmosas, de clima intimista, com poucos e seletos convidados, realizadas em locais surpreendentes. A magia fica por conta da descontração que um casamento pequeno favorece, pela proximidade com as pessoas importantes na vida do casal e pela oportunidade de dar ao evento a personalidade dos noivos. Em Canela, na serra gaúcha, o Magnólia – Cine Gastrô Bar tem sido cenário de vários mini weddings. Instalado em uma linda residência dos anos 50, o local reúne gastronomia, bar e cinema, em uma proposta surpreendente. O espaço proporciona uma viagem glamourosa às décadas passadas e dispensa grandes investimento em decoração. O décor vintage já serve de cenário para o evento, sendo necessárias apenas pequenas complementações desejadas pelos noivos. Também dispensa locação de móveis e louças. A casa recebe até 100 convidados e oferece cardápios pensados especialmente para cada evento. E já que o negócio do mini wedding é fugir do convencional, a dica dos proprietários Fernanda Chies, Alan Togne e Rafael Kroeff é apostar no brunch para tornar o evento ainda mais surpreendente. Foi o caso dos noivos Gisele e Jonas Baretta, que aderiram à proposta “Do It Yourself” e cuidaram de todos os detalhes do casamento. Após a cerimônia a festa aconteceu no jardim, onde foram colocados sofás e poltronas para que os convidados pudessem curtir o dia ensolarado ao som de jazz. Tudo no melhor estilo vintage e descontraído da casa.

MAGNÓLIA – CINE GASTRÔ BAR 54 8123.0231 contato@magnoliacanela.com.br

MEXICAN FOOD NO SHOPPING CENTER O Jalapeño é o primeiro restaurante de comida mexicana localizado em um shopping center no Rio Grande do Sul. Com menu variado e prático, ele é flexível também na maneira de servir. O Burrito, carro-chefe do cardápio, pode ser servido em sua forma original ou no prato, pra ser saboreado com talheres. Em resumo: lanche vira refeição e refeição vira lanche! No Jalapeño o cliente decide o quão picante será a sua refeição. Os Nachos, Tacos e Quesadillas são todos acompanhados de molhos com ou sem pimenta. Para beber, há diversas opções. Dentre as alcoólicas destacam-se as cervejas mexicanas e as Margaritas feitas na hora, que fazem do Jalapeño uma ótima opção para a Happy Hour. O projeto arquitetônico do espaço, que fica no Bourbon Wallig, em Porto Alegre, reproduz a identidade visual alinhada com o conceito da marca: sofisticado, sem deixar de ser simples, usando as cores que remetem às vestimentas típicas mexicanas. Tudo muy Rico!

JALAPEÑO MEXICAN FOOD www.jalapenos.com.br/facebook

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UM MUNDO DE CHURROS

APP BOM DE GARFO Totalmente em português e disponível em aplicativos para Android e iOS, o The Table promete facilitar a escolha de restaurantes com critério de primeira linha: avaliações de profissionais em 22 cidades do mundo. Além disso, por meio de parceria com o Grubster, também é possível reservar uma mesa diretamente pelo aplicativo. The Table agrega as avaliações de todos os jornais, revistas, sites e guias mais importantes, inclusive o prestigiado Guia Michelin, analisa de acordo com parâmetros objetivos, incluindo a credibilidade da fonte. Por fim, seu algoritmo cria um ranking dos melhores restaurantes da cidade. “Nós não consideramos avaliações de usuários comuns. Nós respeitamos as críticas gastronômicas profissionais e os especialistas com paladar treinado e profundo conhecimento sobre comida. Os guias que levam em conta as avaliações de usuários acabam dando mais destaque a restaurantes mais populares e muito frequentados por turistas”, explica Niv Farchi, fundador da The Table, que tem sede em Tel Aviv, em Israel. O aplicativo abrange 19 cidades: São Paulo e Rio de Janeiro (Brasil), Sydney (Austrália), Paris (França), Madrid e Barcelona (Espanha), Chicago, Las Vegas, Los Angeles, São Francisco e Nova York (EUA), Berlim e Munique (Alemanha), Roma e Milão (Itália), Istambul (Turquia), Lisboa (Portugal), Londres (Inglaterra) e Tel Aviv (Israel).

O de doce de leite está lá, é o campeão de vendas, mas a loja El Churrero vai além do que se imagina quando pensamos em churros. A inspiração veio do Uruguai, mas foi na Argentina que o proprietário, Lucas Menegassi, aprendeu de fato a receita matadora. O resultado? Massa na medida, crocante por fora, com recheios surpreendentes. Fritos sim, porém sequinhos, sem um pingo de lembrança de óleo. Que tal churros salgado? O recheado com cream cheese e envolto por queijo parmesão promete competir de igual para igual com os sabores doces. De baunilha, de beijinho (branquinho com coco), de chocolate ao leite, canela com açúcar, goiabada… são oito as opções. Nas quintas-feiras, tem noite de panchos, o tradicional cachorro-quente uruguaio. Para harmonizar, um boa marca de cerveja artesanal. Mas os churros continuam lá. É possível levar para casa porção com míni, em embalagem com oito deles, na versão tradicional, ou seja, açúcar e canela, mas com um detalhe: acompanhados de qualquer outro recheio para lambuzar-se. E que tal oferecer em festas e eventos? Dá também: recheios a escolher, no copinho, com churros mergulhado ali. Para o inverno, a casa passa a oferecer também chocolate quente. Uma segunda loja na cidade está a caminho. E Lucas estuda franquias pelo interior do Estado.

EL CHURRERO RUA BENTO FIGUEIREDO, 26 BOM FIM I PORTO ALEGRE I RS 51 8298.4266

http://thetable.me.

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Cesta básica

ESQUI EM PUNTA ARENAS

RENOVADOS

Uma parceria entre o Hotel Rey Don Felipe e o Club Andino de Punta Arenas, cidade mais ao sul do Chile, é a chance de experimentar a prática de esqui em um local com vista deslumbrante, não importa para qual direção se olhe. Punta Arenas é a capital da Patagônia Austral Chilena e porto de embarque para o continente Antártico, ilhas e canais do sul, de onde se pode percorrer e apreciar os fiordes, geleiras e glaciares milenares. O Hotel Rey Don Felipe tem 45 apartamentos e fica a dois quarteirões da principal praça da cidade, próximo de prédios históricos e palácios, museus, porto e de outros pontos turísticos importantes. O Centro de Esqui é a grande atração dos pacotes criados com a parceira entre o hotel e o clube. São 14 diferentes pistas, com desenhos e terrenos para prática em diferentes níveis. Características de frio e vento produzem uma neve com textura peculiar, outro destaque. A região integra a Reserva Florestal Magallanes: 209 hectares, dos quais 18 são para esqui. Os praticantes podem contar com um aconchegante refúgio, de aproximadamente 420 metros quadrados, onde podem desfrutar dos serviços de cafeteria, restaurante, banheiros, oficina e escolar de esqui. Dali é possível apreciar as pistas de prática. A escola de esqui recebe adultos e crianças, além de promover programas de contato com o esporte com duração de um dia, semanas ou toda a temporada.

Chega a 60 o número de rótulos na Carta de Cervejas recém renovada pela churrascaria Komka. É a terceira edição. Do total, mais da metade é artesanal. No cardápio do restaurante, a novidade é o retorno das deliciosas Milanesas. Com as obras de ampliação realizadas no verão deste ano, a cozinha ganhou fritadeiras exclusivas para o preparo das milanesas, oferecidas em cortes de filé, alcatra, frango e porco. A Cervejaria Lorena, uma das estreantes na Carta, aparece com três rótulos e estilos: Helles, Witbier e Weissbier. Também estão lá a Lake Side Bier, primeira cerveja sem glúten nacional, e a Farrapos – ambas produzidas em Passo Fundo. São mais de 35 cervejas especiais. “Os clientes gostam de experimentar novos rótulos e apreciam a diferença entre um produto artesanal, com grande cuidado durante todo seu processo produtivo, e a cerveja comum”, explica Deco Komka, proprietário da casa.

www.clubandino.cl www.hotelreydonfelipe.com 22

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KOMKA AV. BAHIA, 1.275 I ESQUINA COM A VIENA SÃO GERALDO I PORTO ALEGRE I RS www.komka.com.br 51 3222.1881


BLADIHAUS, MOBILIÁRIO EXCLUSIVO E FUNCIONAL

FEITO COM CARINHO Artesanato sempre traz um pouquinho da energia de quem pensou e desenvolveu aquele produto com todo carinho e dedicação. É isso que torna um objeto feito à mão tão especial. Depois dos bazares e das exposições temáticas – Dia das Mães, Páscoa, Natal, a ideia de um endereço fixo tomou forma e virou loja Pra Presente, anexa ao bistrô Iaiá, na Zona Sul de Porto Alegre. A rede de artesãos cresceu e, hoje, o espaço oferece opções de lembrancinhas produzidas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Acre e Piauí. “Fiquei completamente encantada com o valor das peças manufaturadas produzidas por mãos de artistas, designers e artesãos. Estou conhecendo pessoas interessantes e me apaixonando pela ideia de ter um espaço para vender essas peças que me tocam a alma”, reconhece Elisa Hegedus, proprietária da loja e “garimpeira” de talentos. O horário de atendimento é bem diferente (bom para quem trabalha fora o dia todo): das 15 às 21h, de quarta a sexta-feira, das 12h às 21h aos sábados, e das 12 às 17h, aos domingos.

Apartamentos compactos pedem soluções inteligentes de mobiliário. Morar de aluguel determina a necessidade de móveis soltos. Situações cotidianas, somadas à tendência do handmade e à inspiração no movimento consagrado por arquitetos renomados, como Paulo Alves, Oscar Niemeyer e Sérgio Rodrigues – que projetam a casa e também o mobiliário –, levaram as arquitetas Laura e Alice Blacher, do BladiHaus, a apostar no desenho de móveis como complemento para seus projetos de interiores. As peças são desenhadas pelas arquitetas e desenvolvidas em parceria com uma equipe de marceneiros. Privilegiam o uso de madeira pinus, proveniente de reflorestamento, com cortes e acabamentos diferenciados. “Os móveis, além de dialogar com o ambiente, solucionam necessidades específicas, sejam de espaço ou de funcionalidade. Estamos conseguindo trazer um pouquinho da nossa identidade da arquitetura para o mobiliário: traços simples, limpos e com alguma irreverência”, comenta Laura. Depois das boas experiências com projetos simples, como banquinhos de madeira com pinturas em estêncil e um conjunto de mesinhas laterais, as arquitetas evoluíram para peças mais elaboradas, como a versão pequena do carrinho de bar para encaixar no living de uma sala compacta. Um projeto de luminária com estrutura de madeira deve sair do papel em breve. “O interessante é poder oferecer um produto totalmente exclusivo feito para aquele projeto e para aquele usuário”, completam.

www.bladihaus.com.br contato@bladihaus.com.br

PRA PRESENTE RUA CHAVANTES, 636 I VILA ASSUNÇÃO I PORTO ALEGRE 51 9992.3687 facebook.com/arteprapresente

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Cesta básica

ÔÔÔ LÁ EM CASA… Um lugar com astral despojado para o desfrute de uma refeição como se fosse em casa e naquele dia superespecial, quando se decide preparar um prato caprichado, capaz de nutrir corpo e alma.Essa é a proposta do Clementina, aberto recentemente em São Paulo. No comando, Carla Pernambuco e Carol Brandão. É um charmoso bistrô que lembra “a casa da gente”. Ou a “cozinha da nossa casa”, como dizem as idealizadoras. No cardápio especial, são oferecidos petiscos, como coxinha de frango com catupiry e empadinhas de milho com pupunha e queijo meia cura, salada, alguns pratos fixos, como um steak de ancho com salada e batata frita, uma omelete, uma massa com um molho diferente a cada semana, seguido de dois a três favoritos que mudam diariamente, além de imperdíveis sobremesas, como o Sorvetão (sorvete de leite ninho, recheado de doce de leite e chocolate meio-amargo), o pudim de coco e tapioca e a terrine de chocolate. À noite, o Clementina recebe somente sob reserva para pequenos eventos privados.

CLEMENTINA FORNO&FOGÃO www.facebook.com/clementinafornoefogao

EU VOU PRA CALIFÓRNIA… O Shorebreak está à beira-mar. Até aí, nada de extraordinário. Muitos hoteis ficam junto ao mar no Brasil e fora dele. Acontece que, no caso do Shorebreak, estamos falando do mar de Huntington Beach, mundialmente conhecido pelo circuito do surfe internacional. E a Kimpton Hotels & Restaurants, rede com sede na Califórnia, escolheu um dos pontos mais badalados da praia, cercado de agito, lojas, restaurantes e atrações, para erguer 157 suítes. A decoração, claro, é inspirada na cultura das pranchas e das ondas. Os ambientes são despojados e confortáveis. O hotel está localizado a 45 minutos de Downtown Los Angeles. O restaurante Zimzala, com um disputado terraço ao ar livre e música ao vivo duas vezes por semana, traz um menu que espelha a atual cena gastronômica californiana, no sentido de priorizar os produtos orgânicos e resgatar ingredientes de produtores locais. O Shorebreak chega para completar o portfólio da marca no sul do estado, que já conta com hotéis em San Diego, La Jolla, Los Angeles, Santa Barbara e Goleta.

shorebreakhotel.com


SPA DE EMAGRECIMENTO EM MEIO À NATUREZA Felicidade, autoestima, qualidade de vida. Deixar a pressa de lado. Cuidar, integralmente, da saúde, física e mental. Esta é a proposta do One Day Spa, que há oito anos abriu sua primeira unidade, um spa urbano localizado no bairro Mon’t Serrat, em Porto Alegre (RS). A empresa agora inicia uma nova etapa, com as atividades do One Spa Emagrecimento, novo empreendimento localizado em meio à natureza exuberante do Vila Ventura Ecoresort, em Viamão (RS), um refúgio de bem-estar, beleza e segurança. À frente deste projeto está a empresária Fabiane Alves, diretora. O programa One Spa Emagrecimento é inovador e desenvolvido por uma qualificada equipe multidisciplinar. A proposta de atingir as metas com leveza está unida a um plano com abordagens distintas, como relaxamento, hábitos alimentares saudáveis, vivência de exercícios físicos e técnicas de coaching, focadas em uma profunda mudança comportamental. O local também oferece oficinas de culinária fit, que oportunizam aprendizado completo sobre comidas saudáveis e seus principais ingredientes, tudo pensando na reeducação alimentar. “As pessoas deixam o spa cheias de receitinhas, sabendo produzir em casa aquilo que faz bem à saúde. Isso é fundamental para compreensão dos males causados pelo excesso de peso, fortalecendo esclarecimentos em busca de melhor qualidade de vida”, conclui Fabiane.

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Sabor

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A estética do

A MÚSICA DE VITOR RAMIL INSPIRA A GASTRONOMIA DE MARCELO SCHAMBECK

Um homem, acompanhado de seu cavalo, veste um poncho de lã. A fumaça sobe ao servir a água do seu chimarrão e, em meio à imensidão do pampa, naquela linha reta no horizonte, a celebração da mais emblemática particularidade do Sul do Brasil: o frio. A cena, comum ao imaginário do gaúcho, ganha suavidade e trilha sonora em Milonga das Sete Cidades, do músico Vitor Ramil, que descreve, inspirado pelo pampa, as propriedades daquilo que chamou de “estética do frio”. Em seus versos, rigor, profundidade, clareza, concisão, pureza, leveza e melancolia aparecem como adjetivos para esse lugar que, quem sabe, seja o mais diferente num país de tantas diferenças. P O R

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F L AV I A

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Num dia qualquer do mês de junho, em seu apartamento em Copacabana, Vitor Ramil assistia a cenas do carnaval fora de época do Nordeste em um jornal na televisão. “O âncora descrevia a cena com um tom de absoluta normalidade, como se fosse natural que aquilo acontecesse em junho, como se o fato fizesse parte do dia a dia de todo brasileiro. Não podia me imaginar atrás daquele caminhão como aquela gente, não me sentia motivado pelo espírito daquela festa.” E, na mesma edição, o telejornal mostrou cenas da chegada do frio no Sul. “Vi o Rio Grande do Sul: campos cobertos de geada na luz branca da manhã, crianças escrevendo com o dedo no gelo depositado nos vidros dos carros. Re-

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L E T Í C I A

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FOTO: SATOLEP PRESS

conheci imediatamente o lugar como meu, e desejei estar não em Copacabana, mas num avião rumo a Porto Alegre”, revela no livro “A Estética do Frio”, que nasce a partir deste “estranhamento”, apresentado na Conferência de Genebra, na Suíça, em 2003. Ainda que as temperaturas também caiam em outras regiões do país, o rigor do inverno talvez seja o principal símbolo que justifique as diferenças no jeito de ser do povo gaúcho quando comparado ao “Brasil Tropical”. E, reduzindo ainda mais fronteiras geográficas, diversos elementos – passado, clima, cultura, colonização – vinculam o Sul do país aos vizinhos argentinos e uruguaios. A busca do artista é por uma imagem que represente e valorize essas diferenças. O Rio Grande do Sul, enquanto elo de três países, é cenário de um inspirador e rico encontro. “Minha busca de uma estética do frio começa pela recusa de me sentir à margem de um centro: ser um marginal em relação a uma cultura que parece representar o Brasil como um todo e que acontece no dito centro do país – o eixo Rio – São Paulo. Prefiro pensar que estamos no centro de uma outra história e, geograficamente, num lugar central entre os países do Prata e o grande Brasil, essa potência cultural latino-americana e mundial. Que lugar privilegiado, não?”, reflete. A alegria do inverno manifesta-se no modo de ser e parecer do gaúcho. Essa “estética do frio”, de Vitor Ramil, está longe de ser um culto ao inverno, mas uma referência a esse lugar do Brasil e um convite à reflexão: pensar de forma livre e leve suas particularidades.

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COMIDA PARA AQUECER Enquanto o “Brasil Tropical” tem a rua como cenário – carnaval, praia, calor –, o frio leva as pessoas para dentro de casa, pedindo recolhimento, introspecção e aconchego. O fogo, como contraste à temperatura e elemento comum entre os países platinos, é protagonista. “Estamos planejando uma reforma em nossa casa. Parte dessa reforma será aumentar a cozinha e colocar um fogão a lenha. Ficamos imaginando um espaço para cozinhar e conviver de modo mais prazeroso durante os dias de frio, sem termos de andar com três blusões e ceroulas dentro de casa. É um bom cenário para a gastronomia, não?”, revela. A comida, neste contexto de busca por uma estética do frio, remete a lembranças. “Vejo meu pai fazendo um churrasco de chão durante boa parte da manhã. Depois, a família reunida ali com violão e cantoria”, relembra. Marcelo Schambeck, chef do Del Barbiere, divide as angústias de “estar à margem do centro” com Vitor Ramil. E, nas reflexões do músico, encontrou novas perspectivas para sua gastronomia. “Só quando percebemos nossa identidade – essa mistura do Brasil alegre e cheio de cor com as peculiariedade do gaúcho e da estética do frio – é que podemos valorizá-la”, explica. Em sua cozinha, produtos locais e sazonais protagonizam os preparos. E, mais recentemente, técnicas começam a ser aplicadas revisitando receitas tradicionais, como é o caso da costela assada por 12 horas. “As tradições e os estereótipos ajudam a reafimar a identidade. No entanto, acredito que é preciso evoluir. A carne assada lentamente, naquele churrasco de chão, pode ser feita no forno do restaurante ou até de casa com técnicas especialmente pensadas para aprimorar sabores e texturas”, comenta. Para Schambeck, encontrar-se como “centro de outra história” transforma-se em manifesto. “Quando assumimos essa nossa ‘brasilidade diferente’ somamos outras referências. Passamos a olhar com mais atenção para o trabalho de chefs argentinos e uruguaios, como Francis Mallmann, e tudo isso sem perder o orgulho e a vontade de estar junto ao trabalho de Alex Atala, André Mifano, Roberta Sudbrack, entre tantos outros chefs brasileiros”, reconhece.

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“SÓ QUANDO PERCEBEMOS NOSSA IDENTIDADE – ESSA MISTURA DO BRASIL ALEGRE E CHEIO DE COR COM AS PECULIARIDADES DO GAÚCHO E DA ESTÉTICA DO FRIO – É QUE PODEMOS VALORIZÁ-LA”


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Costela 12 Horas de Forno 1/2 JANELA DE COSTELA 2 LITROS DE CALDO DE CARNE SAL MOÍDO MÉDIO (SAL DE PARRILLA) PIMENTA-DO-REINO

MODO DE FAZER: Preaqueça o forno a 110º. Atenção: não ligue o dourador, se tiver. A carne assará lentamente. Assim, a gordura da costela derreterá e infiltrará nas fibras da carne, deixando-a macia, a ponto de desmanchar, e úmida. É uma receita sem pressa. Portanto, não aumente a temperatura do forno em nenhum momento. Disponha a costela em uma forma, regue com 1/4 do caldo de carne e tempere com pouco sal e pimenta-do-reino. Leve ao forno e deixe assar por 12 horas. É importante ir regando com o caldo de carne durante esta cocção. Ao final, o caldo servirá de molho. Sirva com aipim cozido e farofa.

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Pão de Batata-Doce na Panela de Ferro 300 G DE FARINHA DE TRIGO 3 G DE FERMENTO FRESCO 150 G DE PURÊ DE BATATA-DOCE SAL E ÁGUA PANELA DE FERRO (SEM DETALHES EM MADEIRA OU PLÁSTICO)

MODO DE FAZER: Este método é o melhor para ter um pão com uma casca crocante. Comece “acordando” o fermento: misture-o com um pouco de farinha e água. Deixe numa textura pastosa. Após, deixe descansar até dobrar de tamanho. Essa mistura é chamada de “esponja”. Coloque num recipiente a farinha e abra

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um “buraco” para colocar a “esponja” e, ao redor, o sal. Vá misturando e acrescente o purê de batata, mas não todo. Não é possível saber a umidade certa do purê. Por isso, é importante colocá-lo aos poucos, intercalando com a água. Quando a massa estiver homogênea – a massa não precisa ficar lisa; uma sova leve é suficiente. Cubra a massa com um pano úmido e deixe fermentar até dobrar de tamanho. Depois disso, dê mais uma sovada e, por fim, molde o pão. Dica: para facilitar a colocação do pão na panela, a sugestão é moldar e colocar em cima do papel-manteiga. Assim, é só pegá-lo pelo papel para colocar na panela. Enquanto o pão fermenta novamente, ligue o forno a 200º e coloque a panela para aquecer com a tampa. Para assar, retire a panela do forno e coloque dentro a massa. Tampe e leve ao forno. Asse por, aproximadamente, 40 minutos.



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Consomê de Cogumelos e Pinhão

Ambrosia de Bergamota

150 G DE COGUMELO CASTANHO

1 LITRO DE LEITE

150 G DE COGUMELO SHIIMEJI

12 OVOS

100 G DE PINHÃO COZIDO

350 G DE AÇÚCAR

INGREDIENTES DO CALDO DE CARNE

250 G DE GELEIA DE BERGAMOTA

2 PEDAÇOS DE OSSOBUCO

MODO DE FAZER:

1 ALHO-PORÓ 1/2 SALSÃO 1 CEBOLA 3 CENOURAS PIMENTA-DO-REINO LOURO

Bata os ovos levemente e misture com o leite e o açúcar. Coloque numa panela funda e leve ao fogo baixo. A ambrosia cozinha em, aproximadamente, 2 horas. Dica: não fique mexendo, pois pode separar os “grumos”. Apenas mexa no fundo da panela para não grudar. Quando estiver quase pronta (1h40 de cocção), coloque a geleia de bergamota e deixe ferver mais um pouco.

SAL MANTEIGA

MODO DE FAZER: O primeiro passo é fazer o caldo, que é a base de sabor para o consomê. Asse o ossobuco no forno até dourar. Corte os legumes aromáticos e o louro e refogue numa panela alta e funda. Coloque o ossobuco e cubra tudo com água. Deixe ferver por 1 hora em fogo baixo. Coe, tempere com sal e pimenta do reino e reserve. Descasque os pinhões e corte ao meio. Corte os cogumelos em lâminas grossas, refogue na manteiga e acrescente o pinhão. Ajuste o sabor com sal e pimenta-do-reino. Disponha em prato fundo e acrescente o caldo de carne.

Chá de Erva-Mate e Limão-Bergamota 300 ML DE ÁGUA 2 COLHERES (SOPA) DE ERVA MATE-PURA FOLHA 1/2 LIMÃO-BERGAMOTA 1 COLHER (CAFÉ) DE MEL MODO DE FAZER: Ferva a água, desligue e acrescente todos os ingredientes. Coe e sirva.

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Humanas criaturas T E T Ê

PAC H E C O

MEDIDAS PARA UM NOVO MUNDO Você já deve ter reparado que o mundo tem mudado de dimensão. Não? Reflita. As distâncias, por exemplo, não são mais as mesmas. A tecnologia, os whatsapp da vida, encurtou distâncias estratosféricas entre os seres humanos. Estamos mesmo a milhas e milhas distantes dos nossos amigos europeus? Viveremos mos para ver milhas, m teclímetros, quilômetros, centímetros virarem digímetros? Novas medidas de tamanho manho também estão se estabelecendo. Alô, indústria. Na era da farinha nha vitaminada, crianças de 12 anos vestem 16, isso mesmo. E calçam 39/40. Por que a indústria da modelagem agem se recusa a mudar de patamar? Tente estacionarr o seu carro de hoje numa garagem de antigamente. mente. Os carros aumentaram de tamanho e as vagas e altura das entradas não. Complicado. ado. Sabe a sensação que você tem no trânsito que a qualquer momentoo pode arranhar o veículo ao lado? Não é falta de óculos, motorista ruim, nem lateralidade prejudicada. É que as ruas estão mais apertadas mesmo. Hoje em dia você tem que se preocupar com os raios UVs e com m Vs? os raios das SUVs. Pra que tanta SUVs? Complexo de inferioridade? adas de um Tente subir rapidamente as escadas prédio bem antigo. Mas cuidado, você pode cair. ernas menores. É que os degraus eram feitos para pernas Para pessoas de estatura mais baixa. O mesmo pode dios. Veja como ser observado nas varandas dos prédios. hoje é fácil a altura do parapeito ficar abaixo da

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linha da cintura. Chega a dar uma aflição. E também não podemos deixar de pensar nas medidas de comportamento. Aquelas que não cabem mais no mundo de hoje. Machismo. Não cabe mais, sinto muito. Já era pensar pequeno antes, mas hoje, emita uma opinião machista retrógra retrógrada e observe como é curta a distância em digím digímetros entre o que você disse e o que comun a comunidade inteira do facebook diz de você. nov tempos para as opiniões também. São novos Quando eu falo em machismo, não me refiro unicam unicamente a homens antigos, mas também a mulhere antigas. Pois machismo não é privilémulheres gio do ssexo masculino, infelizmente. Medidas de ri riqueza também são questionáveis no nov novo mundo.O luxo mudou de patamar. O qua quanto você ganha não diz mais respeito ao quanto você aproveita. Pois para isso hoje temos uma medida inexorável chamada tempo. O bem mais precioso de todos. Como um dia já foi o sal. O ouro e tantos outros. Sugiro uma nova moeda. TR$ (tempos reais). Palavras, por exemplo. Era comum antigamente não medi-las. No mundo do politicamente correto, medir palavras é sina sinal de sabedoria, vejam só. E por falar nisso nisso, vou me calando por aqui. A Até a próxima edição. Um mês, dois mese meses, quem sabe?

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NÓS TEMOS A EUROPA NA ESQUINA. E, SIM, ELA ESTÁ EM GRANDE FORMA. NOSSOS VIZINHOS VIVEM A CRISE LATINO-AMERICANA DE CABEÇA ERGUIDA. COM VOCÊS, BUENOS AIRES, O PULSO QUE AINDA PULSA!

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NÓS TEMOS A EUROPA NA ESQUINA. E, SIM, ELA ESTÁ EM GRANDE FORMA. NOSSOS VIZINHOS VIVEM A CRISE DOS PAÍSES LATINOAMERICANOS DE CABEÇA ERGUIDA. HÁ ALGUNS PONTOS OCASIONAIS DE GREVE, QUE ELES CHAMAM DE CORTES, POIS SÃO CONTESTADORES NATOS. ESTES ADORÁVEIS RABUGENTOS, TÃO BEM REPRESENTADOS POR DARÍN NAS PELÍCULAS ARGENTINAS, FAZEM SUAS VOZES SEREM OUVIDAS. SE HÁ FURTOS? NADA DIFERENTE DE QUALQUER METRÓPOLE. OS HOTÉIS, RESTAURANTES E CAFÉS ESTÃO CHEIOS. E A CIDADE, LIMPA. COM VOCÊS: O PULSO QUE AINDA PULSA E QUE ME ATREVO A DIZER: NUNCA DEIXARÁ DE PULSAR. BASTA VOCÊ ANDAR PELO CENTRO DA CIDADE E PELO BAIRRO DA RECOLETA PARA SENTIR-SE EM PARIS. AO ATRAVESSAR A NOVE DE JULHO E A LIBERTADOR, DUAS GRANDES AVENIDAS, ENTENDEMOS QUE BUENOS AIRES NÃO LEVA O TÍTULO DE CAPITAL EUROPEIA DA AMÉRICA LATINA POR ACASO E A ARQUITETURA DA BELLE ÉPOQUE AJUDA A LEMBRAR OS DIAS DE GLÓRIA.

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TÍNHAMOS AS MELHORES DESCULPAS PARA FICAR UM POUCO MAIS NO ACONCHEGO (E NA CAMA INCRÍVEL) DO HOTEL INSPIRADO EM ARTE. MAS A CIDADE CLAMA POR SER DESCOBERTA!

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UM DIA DIVIDIDO EM TEMPOS Foi em uma caminhada pelas quadras vizinhas do hotel Alvear Art, localizado a poucas quadras da Avenida Nove de Julho, no coração financeiro da cidade, que mais uma vez comprovei que olhos atentos e um espírito curioso podem levar a grandes descobertas. Lembro que o dia amanheceu cinzento e uma chuva fina caía sem dar trégua. Bárbaro! Tínhamos as melhores desculpas para ficar um pouco mais no aconchego (e na cama incrível) do hotel inspirado em arte. Em todas as partes, há quadros originais de artistas argentinos. Nem os elevadores escaparam da proposta cultural e fotos em preto e branco, de cenários urbanos da cidade, decoram as paredes. Após um demorado café da manhã repleto das especialidades locais, como medialunas e doce de leite, resolvemos deixar o hotel e nos aventurar pela vizinhança. Na mesma rua, a Suipacha, encontramos a Tienda de Curiosidades, uma loja que vende exclusivamente placas com frases divertidas, destas que encontramos nas feiras de antiguidade espalhadas pela cidade. Ela foi fundada em 1989 (vejam só!), é cuidada pelo amável senhor Eduardo e possui dezenas de quadrinhos de diversos tamanhos, cores e temas. Anote este nome se você quiser comprar um regalo (presente) tipicamente argentino e uma recordação.


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A “TIENDA DE CURIOSIDADES” VENDE PLACAS COM FRASES DIVERTIDAS, DESSAS QUE ENCONTRAMOS EM FEIRAS DE ANTIGUIDADES. ÓTIMA PARA A AQUISIÇÃO DE REGALOS

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EM BUENOS AIRES HÁ LIVRARIAS QUE PARECEM ANTIQÚARIOS, CHEIAS DE ALMA, DE PRECIOSIDADES LITERÁRIAS E DE SURPRESAS. LIVRARIAS QUE JÁ NÃO VEMOS MAIS PELO MUNDO AFORA

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A algumas quadras dali está a Poema 20, uma livraria com jeito de antiquário. Do lado de fora, você não tem ideia do que vai encontrar. Uma vez dentro, seus olhos se perdem entre as prateleiras dos móveis de madeira maciça repletas de livros de fotografia, arte e história; dignos de colecionadores e datados de muitos anos. Há quadros pendurados na parede pintada de azul, espalhados pela grande mesa central e no chão. Algumas estátuas dividem espaço com globos terrestres e toy art. Quem cuida deste fabuloso mundo é o Diran, um sujeito quieto e reservado. Para conquistá-lo fale em espanhol, não importa se certo ou errado, apenas tente. Peça uma indicação e aguarde. Certamente, ele lhe trará algumas opções raras. Então, virá a dúvida do que comprar. Escolha com cautela e leve para casa uma obra de qualidade e a lembrança de uma livraria com alma, destas que já não vemos mais por aí. O café tardio nos fez pular o almoço e no meio da tarde bateu uma fominha. Para estes casos, vá de Dandy (há alguns pela cidade), ele não se trata de uma cadeia sem graça e charme. Pelo contrário, o DNA é argentino, existem desde 1963 e servem uma pizza assada no forno a lenha e no formato retangular que é de comer até o último pedaço.


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NO RESTAURANTE EL BISTRO, NO HOTEL FAENA, O CENÁRIO PEDE UMA ROUPA MAIS ELEGANTE, AFINAL, TUDO É IMPECÁVEL: SERVIÇO, LOUÇA, CRISTAIS, MENU E CARTA DE VINHOS

Na programação do final da tarde estava o 170 andar do Alvear, onde fica a piscina climatizada com paredes e teto de vidro. Do alto, a cidade fica ainda mais poética e a luz da Casa Rosada se faz notar. Entre um mergulho e outro, imaginei o jantar reservado no El Bistro para aquela noite. Agradeci por aquele momento de profundo relaxamento, que foi renovador. EXPERIÊNCIA GASTRONÔMICA O espirituoso motorista buscava caminhos alternativos para fugir do trânsito, se certificava de que não havia manifestações pelo caminho e fazia piada de tudo. Devido à chuva, mal se podia enxergar através da janela do táxi a caminho do El Bistro. Mesmo assim, me dei conta de quando entramos em Puerto Madero e reconheci o prédio de tijolinhos à vista do hotel Faena, onde fica o restaurante branco com unicórnios, decorado pelo designer francês Philippe Starck. A entrada

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é linda, você segue o tapete vermelho, atravessa um pequeno jardim e ao cruzar a entrada principal se depara com um longo corredor, pé-direito duplo alto, espelhos e cortinas de veludo. De repente, uma porta à direita se abre e a experiência gastronômica começa no principal restaurante de Allan Faena. O cenário pede uma roupa mais elegante, afinal, tudo é impecável: serviço, louça, cristais, menu e carta de vinhos. Abrimos os serviços com o espumante Alma Pinot Noir Rosé 2012 e rasgamos elogios ao azeite Zuccardi. O creme de abóbora com pistache crocante surpreendeu, o salmão cru e temperado nos fez suspirar e o risoto de frutos do mar com Meluza Negra e camarão foi o ponto alto de um jantar que se manteve irretocável do início ao fim. O grande vinho da noite foi o El Enemigo Chardonnay safra 2011 produzido no Valle de Uco, em Mendoza. O segundo lugar ficou com o Malbec 2010 feito para o hotel pela vinícola Luigi Bosca. Por trás dos sabores marcantes


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está o chef Rodrigo Vazquez. Quem escolheu os vinhos da noite foi o ótimo sommelier Mariano Moreno. Assim, bem amparados, tivemos uma experiência gastronômica de quase quatro horas de duração. CLÁSSICOS E NOVIDADES Na Avenida Santa Fé, com seu comércio frenético, está a Ateneo, eleita pelo jornal britânico The Guardian como a segunda livraria mais bonita do mundo. Inaugurada em 1919 como Teatro Gran Spendid, teve Carlos Gardel apresentando-se no seu palco, que hoje se transformou em um café. Em 1929, ganhou o formato de cinema e exibiu o primeiro filme falado da Argentina. A partir do ano 2000, virou uma loja de livros e música. Apesar de ter sido reformada, conserva os afrescos do teto, as galerias do antigo teatro e as cortinas de veludo vermelho do palco. Um luxo! Pequenas ruas cortam a Santa Fé e foi justamente em uma delas, totalmente por acaso, que eu encontrei o Luba. Ele fica na Calle Ayacucho, com predominância de prédios residenciais, onde passam poucos carros e muitos cachorros passeando com os seus donos. Avistei de longe as mesinhas na calçada feita de pequenos ladrilhos, me interessei. Espiei pela janela em arco e apreciei o acolhedor espaço interno. Abri a porta com cuidado e entrei no pequeno restaurante quase pedindo licença. Logo, observei a prateleira de madeira, que toma conta de toda a parede, onde descansam garrafas de vidro, lampiões, vinhos, bules e xícaras de chá. Um senhor usando kipá ocupava a mesa lateral. Optei pelo frescor da manhã e por sentar ao ar livre. Depois de uma rápida espiada no cardápio imaginei que o Luba fosse um local, também, frequentado por judeus, pois além do indício do kipá há especialidades da culinária yidish. A Alejandra, dona do local, me explicou que eles servem comida kasher, ou seja, eles seguem as leis judaicas sobre o preparo os alimentos, independentemente da receita ser italiana, alemã, brasileira; portanto, espere encontrar pizzas, sanduíches, sopas, medialunas e pastas que são servidos durante o dia. Nós paramos apenas para tomar um cerveja Quilmes e, sem pedirmos, nos foi servida uma porção de queijo. Desejei estar com fome para almoçar e senti um carinho imenso por este lugar, que é frequentado por moradores do bairro e tem uma delicadeza própria. Caminhar é preciso e seguimos em direção ao Mal-

PEQUENAS RUAS CORTAM A SANTA FÉ, E FOI JUSTAMENTE EM UMA DELAS, TOTALMENTE POR ACASO, QUE EU ENCONTREI O LUBA, UM AGRADÁVEL E SURPREENDENTE RESTAURANTE DE BAIRRO

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CAMINHAR É PRECISO E SEGUIMOS EM DIREÇÃO AO MALBA, O MUSEU DE ARTE LATINO-AMERICANA. O MUSEO E A LIVRARIA ATENEO ESTÃO NA MESMA CATEGORIA: MERECEM INÚMERAS VISITAS

ba, o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, para ver a inovadora mostra Infinite Experience, que será exibida até o começo de agosto de 2015, e propõe a interatividade entre artistas, obras e público. O museu e a livraria Ateneo estão na mesma categoria: devem ser inúmeras vezes visitados. Para encerrar o dia de clássicos e novidades escolhemos um restaurante italiano em Palermo, que já leva muitos anos aberto, e tem uma alcachofra grelhada de enlouquecer. Provamos o menu degustação, que nos permitiu concluir que a cozinha do Guido consegue manter o padrão em todos os pratos. Um ponto forte da casa é o ótimo atendimento. No mais, espere encontrar um ambiente colorido, movimentado e divertido. COMO OS ARGENTINOS FAZEM… Acredito que haviam se passado mais de duas horas desde que deixamos o nosso quarto com “garras”. É verdade, estávamos inebriados com a qualidade, a quantidade e a apresentação do café da manhã do hotel Four Seasons. Os caixotes de madeira cumpriam o papel de expositores das frutas, pães, minichurros, pain au chocolat, medialunas e da cuia de mate. No balcão de mármo-

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SURPRESAS GASTRONÔMICAS, CINEMA DA MELHOR QUALIDADE, LUGARES LINDOS. ASSIM É BUENOS AIRES

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OS ARGENTINOS SÃO UM POVO SINGULAR. SEU HUMOR ÁCIDO, QUE É TÃO PECULIAR, ME PARECE GENIAL re estavam as panelinhas de doce de leite, as panquecas e os ovos. Os embutidos e queijos ficavam junto da balança vermelha no estilo vintage. Eu havia estado no Four Seasons há dois anos. Por sorte, o Gonzalo Bubillo, que estava atendendo a nossa mesa, me reconheceu e começamos a conversar. Comentei com ele sobre a minha vontade de ir ao cinema, pois achei que poderia nos ajudar, afinal é fotógrafo e cinéfilo. Acertei em cheio: a dica foi o Cine Gaumont, um cinema tradicional, que exibe apenas filmes argentinos. Sendo assim, pela primeira vez em uma viagem, reservei uma hora e quarenta minutos para assistir ao filme El Patrón, que não passará nas telas brasileiras. Posso afirmar que pretendo repetir a experiência. O mais inusitado aconteceu no final da sessão, quando todos aplaudiram. Realmente, os argentinos são um povo singular. É impressionante como a melancolia do tango se reflete na personalidade coletiva. O delicioso humor ácido, que lhes é tão peculiar, me parece genial. Se prestarmos atenção veremos os personagens representados por Ricardo Darín em muitas situações corriqueiras. O ator argentino – que não sucumbiu a Hollywood, mesmo depois do filme “O Segredo dos seus Olhos”, em que é protagonista, ganhar

o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro – esteve em cartaz no Teatro Maipo até o começo de junho com a peça “Cenas da Vida Conjugal”, de Ingmar Bergman. Descobri isso a caminho do aeroporto e confesso que pensei seriamente em cancelar meu retorno ao Brasil. À noite, voltamos ao Elena (o mesmo do café da manhã). Apesar da presença de muitos turistas, ele é frequentado por gente local, o que nos fez sentir um pouco mais porteños. Depois de uma reforma, ficou moderno e descolado. Obviamente, serve carnes e cortes de primeira, e não decepciona nas entradas e acompanhamentos. Seria um sacrilégio deixar de mencionar os pães, que são preparados todos os dias pelos padeiros que chegam às quatro da manhã. E, claro, a manteiga temperada é o par perfeito para os pães artesanais. Para terminar, um recado aos fãs de doce de leite: não hesitem, nem por uma fração de segundo, em pedir a panqueca de dulce de leche. E quem for forte o suficiente pode provar os gelatos artesanais Dolce Morte. Depois de desfrutar deste banquete, só o que pode ser acrescentado é que a perfeição mora ao lado, à uma distância bem curta que pode ser vencida via elevador... Isso, é claro, para quem tem a sorte de estar hospedado no Four Seasons.

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CARLA

PERNAMBUCO

ALIMENTOS QUE CURAM: FORTALEÇA SUAS RAÍZES ALINHANDO CORPO, MENTE E ESPÍRITO COM O MELHOR ALIMENTO NA ILHA DA MAGIA Parece mentira, mas metade do ano já se foi. Então, que tal uma pequena pausa para restaurar o equilíbrio, recuperar o pique e não deixar cair o ânimo pra fazer ainda melhor a outra metade que está por vir?! Não precisa ir longe, não. Força é algo que brota do chão, da terra, da pedra onde estoura a onda do mar. Força é um poder vindo da união, da consciência de que não estamos sós, de que somos parte. Cada um de nós, uma poderosa metade. Nossa força pode vir de qualquer lugar. Basta acreditarmos que ela está lá. Conhecimento fortalece na medida em que nos orienta até que possamos obter exatamente aquilo de que se precisa. Melhor ainda quando nos guia para dentro de nós mesmos. A força como puro efeito mágico do alimento certo. Que tal visitar comigo alguns lugares mais que especiais de Florianópolis e sentir na pele o poderoso efeito dos tubérculos!? As raízes e os tubérculos são alguns dos alimentos mais ricos e

nutritivos de que dispomos. Perfeitos aliados para encarar esses meses frios e chuvosos que temos pela frente. Poções de completa saúde que se formam embaixo da terra, reserva que se constrói por instinto, vida que se acumula e naturalmente se compartilha. A lista é grande, cheia de cores, cremosidade natural, extensa nuance de sabores: aipim, inhame, nabo, cenoura, beterraba, claro, jamais nos esqueceríamos das mais variadas e deliciosas batatas! Pedaços de estrutura, força, energia, consistência. Tradição como os próprios segredos que passam de geração em geração. Cada um com seu algo especial, detalhes que determinam receitas, definem pratos. Bom mesmo é combinar qualquer um deles com uma mesa cheia de amigos, histórias de sonhos, viagens e conquistas que nunca nos deixam sozinhos. Nada pode ser tão irresistível quanto amores multiplicados quando cuidamos do corpo, da mente e do espírito no mesmo bocado nutritivo. Mala pronta? Vem comigo!

SINTONIZE-SE COM OS INÚMEROS BENEFÍCIOS DAS RAÍZES E TUBÉRCULOS Excelente fonte de energia e calor, mantém nosso corpo alimentado e satisfeito por longos períodos de tempo com influência direta no nosso tão necessário bom humor Alimentos pigmentados são fontes de betacaroteno, um antioxidante essencial no combate ao envelhecimento precoce e toda beleza natural que podemos exibir através do corpo Oferecem minerais fundamentais para o organismo, como Ferro, Cálcio, Potássio Fontes de vitaminas A, C e do complexo B Ricos em fibras, ajudam a manter o bom funcionamento dos intestinos e todas as funções que se estabilizam a partir disso Por todo conjunto de benefícios, os tubérculos são amigos perfeitos do nosso coração, sendo muito eficazes na prevenção 56 doenças Estilo Zaffari de cardiovasculares.


te gustó? então me manda um e-mail contando onde você costuma encontrar e consumir alimentos que curam! (carlota@carlota.com.br)

SAÚDE INTEGRAL: A VERDADEIRA BELEZA

MODERNO É ALIMENTAR AS RAÍZES

ALEGRIA, ALIMENTO BÁSICO DA VIDA

Impecável é a palavra que melhor traduz a experiência oferecida pelo Lila, restaurante vegetariano dentro do também delicioso Mercado São Jorge (Rua Brejaúna, 43, Itacorubi). O ambiente exala delicadeza em cada detalhe e as refeições são preparadas com cuidado extremo pelo chef Élcio Alvim. Cada prato ainda é acompanhado e servido por generosos sorrisos da equipe da casa. Simplesmente irresistível, acolhedor e altamente nutritivo. Como não podia deixar de ser, na cozinha do Lila os tubérculos também têm um lugar essencial. Além de comporem as mais diversas refeições de segunda a sábado, a casa chama atenção para uma exclusividade: queijo vegetal de alta centrifugação feito a partir do inhame cru, um natural depurador do sangue e tônico das vias respiratórias. Nos almoços de sábado, sempre uma programação especial, vale a pena conferir. www.funcionalgourmet.com

Um clássico no centro de Florianópolis, o Restaurante Vida (Rua Visconde de Ouro Preto, 298) serve refeições lactovegetarianas desde 1979. Extremamente cuidadoso, investe em versões sem glúten e lactose ao mesmo tempo que se mantém simples e tradicional. Na Lagoa, o Uma Rosa (Av. Afonso Delambert Neto, 325) inova com combinações arrojadas de ingredientes frescos e versões saudáveis de pratos tradicionais. Outra boa opção para quem não abre mão de refeições equilibradas.

Florianópolis oferece sempre experiências únicas. Lembranças que nutrem nossa alma durante todo tempo que leva até podermos voltar e saciar essas vontades uma vez mais. Exatamente esse papel cumpre a Aldeia Índigo Centro Cultural, no Campeche (Av. Pequeno Príncipe, 1202). No buffet, opções seletas de pura saúde e, claro, sempre muitas raízes e tubérculos que aparecem como estrelas: Inhame assado com cebola roxa glaceada e alecrim, ou ainda na base de pratos mais elaborados. Destaque para a massa da Torta de Legumes feita a partir de batata baroa e também para a Ganache de cacau e biomassa de mandioca que nem de longe encerra a experiência no lugar. Tudo deliciosamente na medida sob o comando da chef Shira Maciel. Antes durante e depois, música, dança, yoga, palestras, atendimentos exclusivos tudo cheio de cores, aromas e o gostinho inconfundível de quero mais. www.aldeiaindigo.com.br

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CARLA

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PERSONAL CHEF: LUANA ERIG

NHOQUE DE BATATA-DOCE

POR LUANA ERIG

340 G DE BATATA-DOCE OU 3 PEDAÇOS MÉDIOS I 100 G DE FARINHA DE ARROZ I 1 PITADA DE NOZ-MOSCADA I 1 PITADA DE CANELA 1 PITADA DE SAL I 1 OVO CAIPIRA BATIDO

MODO DE FAZER: Asse a batata no papel alumínio por 45 minutos e espere amornar. Retire a casca e passe pelo espremedor de batatas. Acrescente os demais ingredientes à massa, misturando com o garfo até formar uma massa homogênea. Quando ela já estiver mais consistente (que não grude na mão), polvilhe a mesa e forme tirinhas de massa. Depois corte os pedacinhos. Se gosta do nhoque mais gordinho, capriche nas tiras e defina o tamanho no corte. Numa panela aqueça água com sal a gosto e um filete de azeite. Depois que a água já estiver fervendo, coloque os nhoques. Retire-os com escumadeira assim que retornarem à superfície. Sirva com o molho da sua preferência. Os mais pedidos, segundo Luana, são o clássico molho de tomate com alho e manjericão ou de o de cogumelos, substituindo neste o creme de leite pela biomassa de banana verde, deixando a opção ainda mais saudável. Bom apetite! Rende 2 porções.

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A MELHOR COMBINAÇÃO: NUTRIÇÃO E SABOR FOTOS: FFOT FO OTTOS O OS: O SS:: GA GGABRIEL ABR BBRI RRIIEL EL MU MUN M MUNHOZ UUN NHO HHOZ OZZ O

A culinarista Luana Erig é quem lidera as panelas e faz bater o coração da Nossa Cozinha Criativa. Seja pousada, hotel ou casa, onde você estiver, ela vai atrás. Apaixonada por alimentar e servir, Luana tem voltado cada vez mais seu trabalho para uma alimentação saudável e nutritiva. Gaúcha, há quase dez anos escolheu como lar a Ilha da Magia e não quer outra vida. Os carros-chefes da casa levam raízes e tubérculos como ingredientes principais: Nhoque de Batata-Doce, Creme de Batata Baroa e o mais clássico Escondidinho de Carne. Não pode existir melhor remédio para o inverno. Comemorações especiais merecem os cuidados da chef que leva em conta cada detalhe e se propõe a encontrar soluções saborosas para todas as restrições. Para quem puder abusar, o Brownie de biomassa de banana verde deixa qualquer um mudo e ainda sem peso na consciência. Encomendas e agendamentos pelo fone 48 9661.8189 ou Facebook: NossaCozinhaCriativa

Talvez nada seja tão natural hoje em dia quanto a falta de tempo para preparar nossas próprias refeições. A nutricionista funcional Marina Hering conviveu de perto com os desafios dessa realidade por mais de 6 anos enquanto tentava ajudar seus pacientes. A Functional Gourmet nasceu como a melhor resposta e um forte aliado para cuidar da saúde através da alimentação, mesmo para quem vive na correria. Com lojas no Mercado São Jorge, no Centro, na Lagoa e ainda canal de tele-entrega, Marina oferece porções congeladas de comidas caseiras feitas numa deliciosa combinação entre sabor e saúde. Carros-chefe da casa não podiam deixar de ter as nossas estrelas da vez: Escondidinho de Carne de Panela e Creme de Mandioquinha com Gengibre. Outro mais pedido é o a Sopa de Frango Thai, engrossada com mandioquinha, feita com frango caipira, leite de coco, temperos aquecedores como curry e gengibre, além do inebriante perfume do limão siciliano.



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24 Horas em Casablanca T E X TO

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CHECK IN NA CIDADE BRANCA Maior cidade do Marrocos e do norte da África, com cerca de 5 milhões de habitantes, é a porta de entrada do país. Em sua história constam o terremoto de 1755, a ocupação francesa em 1907 – o que explica o fato do segundo idioma falado ser o francês – e o importante encontro de Roosevelt e Churchill em 1943. A colonização francesa aconteceu na primeira década de 1900. Nos anos seguintes, a cidade atingiu o seu apogeu, era o maior porto do continente africano. Tornou-se conhecida pelo filme americano de mesmo nome, estrelado por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. O filme não foi rodado lá, mas retratou a posição estratégica que a cidade ocupava em plena Segunda Guerra.

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EDITE O QUE SEUS OLHOS VIREM EM CASABLANCA. COLOQUE SUA ATENÇÃO EM DOIS ÍCONES: A MEDINA E A MESQUITA DE HASSAN II

Casablanca será o que a sua percepção enxergar. Edite as imagens que aparecem diante de seus olhos. Esqueça o trânsito pesado, o crescimento sem ordem e a poluição visual. Tente não comparar com a parte feia de São Paulo, apesar de ser quase inevitável. Coloque sua atenção em dois ícones: a Medina e a Mesquita de Hassan II. E acredite, Casablanca justifica uma viagem para o Marrocos, nem que seja por meras 24 horas, ou até mesmo um pit stop a caminho da Europa, se você viajar pela Royal Air Maroc.


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PARA UM FOTÓGRAFO A MEDINA É UM PLAYGROUND. UMA CIDADE MURADA E DENTRO DELA UM LABIRINTO DE RUELAS E CONSTRUÇÕES BAIXAS

Ande a pé e de táxi. Fique atento em relação aos motoristas que querem bancar os espertos: eu tive que brigar com um que tentou me cobrar o dobro do que o trajeto valia. No mais, espere encontrar um povo simpático e acolhedor. A ARTE DE NEGOCIAR A Medina (Cidade Antiga) foi edificada em 1770 pelo sultão Mohammed ben Abdallah, e consta que segue igual desde então. Para um fotógrafo ela é um playground. Para os curiosos, idem. Imagine uma cidade murada e dentro dela um labirinto de ruelas e construções baixas pintadas de branco, onde dificilmente se veem placas: os nomes dos restaurantes, cabelereiros, padarias, lojas de tapetes, artesanatos e pequenos hotéis estão escritos nas paredes. É fácil se perder; portanto, vale investir em um guia, por segurança e pelas dicas. Encontrei o meu por acaso. Havíamos chegado há pouco, eu estava em transe fotografando o “cheiro, o sabor e o ritmo” do mercado. Minha presença era pouco notada e ninguém dava a mínima importância à minha teleobjetiva, quando, de repente, fomos abordados por um simpático senhor que arranhava poucas palavras em inglês. Como não dominamos o francês, acabamos nos entendemos pelo vocabulário universal: a mímica. Ele falou algo relacionado a ervas e chás, ganhou a minha atenção e, quando vi, estávamos no segundo andar de uma loja de tapetes e artesanatos.

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Talvez este tenha sido o momento mais divertido das inesquecíveis 24 horas em território marroquino. Fomos recebidos por Mohammed Kaddari, um legítimo árabe galanteador e negociante – o que ele não sabia é que tinha um adversário à altura. Primeiro nos convidou a sentar, serviu uma xícara de chá e então começou a desenrolar dezenas de tapetes, que foram espalhados pela grande sala. Seduziu meu olhar, provocou meu desejo, pediu que eu elegesse o que gostaria de comprar e sugeriu que eu desse um preço. Até este momento eu ainda me achava dona da situação… Pensei o quanto poderia pagar e fiz minha oferta. Obviamente, ela não foi aceita, o que originou uma contraproposta. Enquanto isso, contei sobre o Brasil e disse que era jornalista. Fatalmente, falamos de futebol e citamos os fatídicos 7x1. Ele me falou da sua família e me explicou que todo filho primogênito leva o nome de Mohammed. Não chegamos a um consenso sobre o preço, mas quando eu disse que ia embora, acordamos em um valor. Assim, voltei para o Brasil com um tapete e uma toalha de mesa (que na minha casa foi parar na parede). Eu juro que ganhei do Kaddari, mas considero fortemente a possibilidade de ele ter sido mais esperto do que eu. Uma coisa é certa: foi uma bonita e respeitosa peleia.

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NA LOJA DE TAPETES, EXERCITEI A ARTE DA NEGOCIAÇÃO. VOLTEI PARA O BRASIL COM UM TAPETE E UMA TOALHA DE MESA...

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PEDI AO NOSSO GUIA QUE NOS LEVASSE A UM LOCAL ONDE OS ÁRABES ALMOÇAM. COM POUCOS DIRHAMS, COMEMOS O TÍPICO TAJINE

TAJINE NA MEDINA Pedi ao nosso guia que nos levasse a um local onde os árabes almoçam. Desta forma, com poucos dirhams (moeda marroquina) comemos o “arroz com feijão” do Marrocos: a tajine, que nada mais é do que um um cozido de batata, pimentão e carne, acompanhado de pão e preparado nas panelas de barro, que ficam em cima de fogareiros, à vista de quem passa. Ao lado, em uma salinha aberta para a rua, estão algumas mesas e cadeiras de plástico onde se pode sentar para comer. Um senhor de barba e túnica branca era o responsável por levar os pratos à mesa. A tajine, diga-se de passagem, estava deliciosa. Não vi uma mulher sequer por lá, mas tampouco encontrei olhares de censura pela minha presença. A MESQUITA O Atlântico banha e abençoa Casablanca. Não espere encontrar praias paradisíacas, mas conte com o horizonte largo do oceano e entardeceres poéticos onde a luz do farol acende de tempos em tempos. O extenso calçadão atrai moradores e visitantes para perto do mar, que se torna o grande astro, ao lado da majestosa Mesquita Hassan II, detentora do título de maior do Marrocos e terceira do mundo. Nela, se pode entrar mesmo não sendo muçulmano. Justamente no dia em que a visitei uma importante pessoa do governo teve a mesma ideia e, por isso, as entradas foram proibidas e me coube admirar por fora. O Rei Hassan II governou Marrocos até 1999, quando faleceu e seu trono foi herdado pelo filho, Mohammed IV. Deixou como legado o grande cartão-postal da cidade e templo de extrema importância para os muçulmanos. A Mesquita, que custou 800 milhões de dólares, começou a ser construída em 1987, deveria ficar pronta para o aniversário de 60 anos do Rei, mas levou seis anos para ser concluída. O mirante de 210 metros de altura é visto de boa parte da cidade e é iluminado durante a noite.

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A RIQUEZA DOS DETALHES IMPRESSIONA E A TECNOLOGIA ACOMPANHA O ESPETÁCULO DA MESQUITA DE 800 MILHÕES DE DÓLARES

A riqueza dos detalhes impressiona e a tecnologia acompanha o espetáculo: o solo da sala de orações é aquecido e o teto móvel leva apenas cinco minutos para ser aberto. É difícil tirar o dedo do obturador da câmera fotográfica, então clique em etapas. Procure se afastar para colocar o ambiente por inteiro no seu enquadramento, depois foque nos detalhes, que são muitos, espie pela porta a sala de orações e registre a silhueta dos fiéis com o vitral ao fundo. O mais importante: chegue pelas 16 horas e fique até o anoitecer, a mudança de luz é mágica. Ok, Casablanca não foi filmado in loco, mas o café onde boa parte do filme se passa está no Boulevard Sour Jdid. O mítico piano bar de 1942 saiu das telas e se materializou graças a Kathy Kriger, que se apaixonou por Marrocos, e teve a ótima ideia de recriar um dos cenários mais importantes de cinema americano. Assim, em uma mansão perto da Cidade Antiga é possível dizer: “Play it again, Sam.” Confesso: achei que era programa para inglês ver, mas que nada! O café é uma graça. Apesar de temático, é charmoso, a comida é boa e o lugar faz a gente sentir o “clima” do triângulo amoroso proposto pelo diretor Michael Curtiz. Coloque o Rick’s no roteiro e feche suas 24 horas como manda o figurino. QUEM VOA Royal Air Maroc www.royalairmaroc.com

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Comer, comer L E N I C E

Z A R T H

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O PRAZER ESTÁ NOS SENTIDOS, NÃO NA QUANTIDADE Frio. Adoro o frio para poder me aquecer. Frio combina com casacos, botas, mantas, cobertores, fogo, vinho e, claro, com comida. Comida quente no frio é uma delícia. Não me peçam para comer saladões gelados. Arroz e feijão, mandioquinha, sopa de creme de abóbora, escondidinho, lasanhas, pinhão, aipim com carne de panela, sopa de feijão com couve, chás, souflés, cogumelos recheados... Ok, legumes refogados ou assados também me agradam. Chega a dar fome! Para aqueles que se preocupam com as calorias, diria para ter cuidado com o tamanho da porção mas que nunca deixem de comer comida de verdade. Quanto mais caseira, melhor! Quanto mais tempero natural, melhor! Mais sabor, mais cheiro de comida boa. Quanto menos molho pronto, menos tempero artificial, menos fritura, menos molho gorduroso, menos tédio. Mais prazer.

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Estamos vivendo em uma época onde tudo parece proibido e na busca pela saúde estamos ficando sem noção, tentando reinventar a roda, abrindo mão do prazer da comida na troca por rações, shakes e fórmulas mágicas. Chega, né? Bastam o cuidado e o bom senso. Não confunda comer comidas quentes com comer comidas pesadas. O prazer está nos sentidos, no sabor, no olfato, na textura e não na quantidade. Se precisa comer muito, ou ficou muito tempo sem se alimentar ou é ansiedade, não fome. O prazer também deve estar na companhia, nas risadas e na imagem do frio que olhamos pela janela. Comer é socializar, conviver, estar junto. Espero que você desfrute do inverno desta maneira, comendo bem!

LENICE ZARTH CARVALHO É NUTRICIONISTA



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PROJETO: GISELE TARANTO ARQUITETURA LOCAL: RIO DE JANEIRO, RJ FOTO: ANDRÉ NAZARETH


Bra ExpressĂŁo de

sili dade Estilo Zaffari

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A ARQUITETURA É UMA DAS MAIS LEGÍTIMAS EXPRESSÕES DO JEITO DESCONTRAÍDO E CRIATIVO DE SER DO BRASILEIRO. “NIEMEYER, À SUA MANEIRA MAIS LIVRE, LEVE E ORGÂNICA, CRIOU UMA IDENTIDADE PARA A ARQUITETURA NACIONAL”, AFIRMA A ARQUITETA CLARICE DEBIAGI É nos detalhes que mostramos quem somos. A decoração da casa pode reconectar seus moradores com suas raízes, por meio de elementos que carregam significados e personalidade e tornam-se símbolos de um surpreendente sentimento ufanista. Essas “pitadas” de brasilidade mostram a vontade de querer pertencer a algo maior: um manifesto que valorize uma inconfundível criatividade. Oscar Niemeyer, mais celebrado arquiteto brasileiro, “absorveu o modernismo europeu – movimento que teve início por 1930 – e, à sua maneira mais livre, leve e orgânica, criou uma identidade para a arquitetura nacional”, comenta Clarice Debiagi, arquiteta que ministrou o curso “Pós-Niemeyer: reflexões sobre arquitetura, legado e identidade nacional” no Instituto Ling, em Porto Alegre. E, graças a ele, os brasileiros descobriram a riqueza do encontro da arquitetura com o design, a arte e o paisagismo, quando revelados nomes como Sérgio Rodrigues, Athos Bulcão, Roberto Burle Marx e tantos outros. A descontração e a vivacidade dão vida para a casa. O humor do mobiliário, a leveza dos azulejos artísticos, a alegria das samambaias. Pura identidade brasileira!

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PROJETO: LISIARA SIMON LOCAL: PORTO ALEGRE, RS FOTOS: CARIN MANDELLI Estilo Zaffari

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PROJETO: 0E1 LOCAL: PORTO ALEGRE, RS FOTO: MARCELO DONADUSSI

A CADEIRA DE PALHINHA GANHA NOVO SIGNIFICADO QUANDO SE DESCOBRE QUE AQUELE TRANÇADO É HERANÇA DO DESIGN ARTESANAL DOS ANOS 50 E 70

Uma mulher, sentada num banquinho de um pé só, ordenhando a vaca. Cena comum no interior e inspiração para a criação do Banco Mocho, primeiro móvel de Sérgio Rodrigues em 1954. “É, sem dúvida, um banco divertido, mas não perde a elegância. Traz simplicidade e tradição. Bem brasileiro. O destaque é a alça para carregá-lo na mão”, analisa Clarice Debiagi. Os móveis de Sérgio Rodrigues contam histórias e registram estas referências cotidianas da vida em terras tupiniquins. A cadeira de palhinha – aquela da casa da vovó de que você sempre gostou sem saber bem o motivo – ganha novo significado quando se descobre que aquele trançado é, na verdade, um legado do design de mobiliário mais artesanal feito nos anos 1950 e 1970. O designer apostou em materiais que, na época, não pareciam tão relevantes porque existiam em abundância: madeira, couro e palha. “Com palhinha e madeira, fez cadeiras que se tornaram clássicos, como a Poltrona Oscar, em homenagem a Niemeyer, e também a cadeira dedicada a Lucio Costa”, comenta Clarice.

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PROJETO: LISIARA SIMON LOCAL: PORTO ALEGRE, RS FOTOS: CARIN MANDELLI

NINGUÉM PODERIA ACREDITAR QUE A POLTRONA MOLE, DE SÉRGIO RODRIGUES, SERIA ÍCONE DO DESIGN BRASILEIRO. “OS CURIOSOS DE VITRINE DIZIAM: PRA CAMA DE CACHORRO ESTÁ MUITO CARO”

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“POLTRONA MOLE PARA QUEM DÁ DURO” É possível acreditar que a Poltrona Mole, antes de virar ícone, ficou esquecida na vitrine da Oca, loja do designer? E, com muito bom humor, Sérgio Rodrigues seguia apostando em sua criação. “Um pastelão de couro sobre aqueles paus era demais. Os curiosos de vitrine diziam: pra cama de cachorro está muito caro”, divertia-se ao descrever, em sua biografia, a reação do público sobre sua criação. Depois que conquistou o primeiro lugar no IV Concurso Internacional do Móvel, em Cantu, Itália, em 1961, é que tudo mudou. “Havia uma acentuação da brasilidade. Era uma peça que revelava facilmente o local onde tinha sido feita. Só podia ter surgido em um lugar onde houvesse muita madeira e muito couro. E havia uma informalidade no desenho”, contou o designer em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, em fevereiro de 2006. As criações e as histórias de Sérgio Rodrigues abriram portas e inspiraram outros designers brasileiros, como Irmãos Campana, Jader Almeida e Zanini de Zanine.


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PROJETO: RENATA BORDIN LOCAL: PORTO ALEGRE, RS FOTO: CARIN MANDELLI

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PROJETO: STEMMER RODRIGUES LOCAL: PORTO ALEGRE, RS FOTO: DIVULGAÇÃO PROJETO: GISELE TARANTO ARQUITETURA LOCAL: RIO DE JANEIRO, RJ FOTO: ANDRÉ NAZARETH

MOBILIÁRIO, AZULEJOS E COBOGÓS: ÍCONES DE BOM-HUMOR, CRIAÇÕES DESPRETENSIOSAS E DIVERTIDAS. ISSO NÃO DIZ MUITO SOBRE O BRASILEIRO?

ARTE NA PAREDE Os azulejos, herança da colonização portuguesa, ganharam sua versão brasileira pelas mãos de Athos Bulcão, artista que tem seus painéis espalhados por Brasília acompanhando as principais obras de Niemeyer. As criações que têm leveza e apresentam a arte de maneira despretensiosa e divertida. “Quando se visita o Congresso Nacional, o Teatro Nacional ou a Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, é possível perceber um ritmo na composição dos painéis, mas a única regra era bem simples: os empreiteiros – que tinham liberdade para aplicar as peças – não podiam fazer formas fechadas, óbvias ou repetitivas”, revela Clarice Debiagi. Athos Bulcão é referência para novos criadores que seguiram o caminho da criação de azulejos artísticos. “É, sem dúvida, uma referência tanto pelo modo como ele adequou a azulejaria à arquitetura moderna de Brasília como ao jeito como ele criou unidades de desenho, que sozinhas parecem tão simples, mas compostas em painéis são incríveis. Ele renovou uma herança colonial e transformou esse tipo de

azulejaria moderna em tradição nossa”, comenta Bruna Albuquerque, da Lurca. SIMPATIA FUNCIONAL Já ganha a simpatia pelo nome: cobogó, derivado da união das iniciais dos três engenheiros pernambucanos “donos da ideia”: Amadeu Coimbra, Ernest Boeckmann e Antônio de Góis. É inspirado na arquitetura colonial, fazendo um resgate daquele “jeito de viver brasileiro” do passado, aproximando as pessoas de suas raízes. O elemento, criado na década de 1920, é modular e vazado, feito cimento, mas ganhou versões coloridas de cerâmica, argila, vidro e madeira. É um aliado para a economia de energia, uma vez que filtra o sol e garante ventilação permanente. Não à toa nasceu no Nordeste, bem adequado ao clima e genuinamente brasileiro. Há, ainda, o aspecto estético promovido pela graciosidade nos desenhos geométricos. O cobogó, muito presente nas fachadas das construções dos anos 60, aparece com frequência na decoração, como solução charmosa para dividir ambientes.

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Sampa C R I S

B E R G E R

UM MUNDO PET FRIENDLY É, o mundo está mudando… se um dia os pets estiveram no pátio, hoje estão em cima do sofá. E vamos além, agora fazem parte da vida social dos seus donos. Isso mesmo, uma fração das 64% de famílias brasileiras que têm um pet em casa coloca seu melhor amigo peludo nos programas de lazer. Em Sampa, o movimento cresce velozmente. Selecionei 7 lugares pet friendly para curtir grudado nestas fofuras de quatro patas!

Tivoli

Le Botteghe

Ficar hospedado no Tivoli é ótimo para quem vem de fora e, também, uma bela pedida para os moradores da pauliceia desvairada. Dica: reserve a suíte 1906, que tem uma vista incrível para o Parque do Trianon, juro que você vai lembrar do Central Park ao olhar pela janela. Os pets são bem-vindos e têm direito a uma cama para chamar de sua, bolinha de borracha e potes para fazer as refeições. Ah, e biscoitos de boa noite.

A gelateria italiana Le Botteghe Di Leonardo, primeira no Brasil, se instalou na Rua Oscar Freire, em um sobradinho, e está encantando o paladar dos donos e dos cachorros! Isso mesmo, eles lançaram o picolé Peppino feito com iorgurte natural, uma gota de mel e fruta, especial para os dogs. Os donos ficam com os gelatos 100% naturais e muito saborosos!

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Parque Villa Lobos O que seria de Sampa sem os parques? Ficaríamos loucos, mas por sorte temos alguns! O Parque Villa Lobos tem uma vista belíssima do skyline da cidade e uma área cercada chamada Dog Zone, em que os cachorros podem ficar soltos para correr e brincar, com toda a segurança e sem amolar o vizinho.

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CRIS BERGER É JORNALISTA E ESCRITORA

Brasil a Gosto O jardim do Brasil a Gosto é um deleite! Em dias de sol, ele é quase uma obrigação. O programa pode ser a dois, quer dizer a três, pegue seu amor e seu cachorro e vá desfrutar da comida brasileira preparada com maestria pela chef Ana Luiza Trajano.

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crisberger@crisberger.com

www.guiapetfriendly.com.br

@guiapetfriendlydecrisberger

BrewDog

Fasano

La Cucina

O BrewDog Bar é para ir casado, solteiro ou em turma. E tem um diferencial incrível: os pets são aceitos em todas as partes: no deck da entrada e pelo espaçoso galpão! A cerveja artesanal, tirada nos barris, é a grande vedete da casa e os hot dogs, deliciosos! Em tempo: tem com salsicha vegetariana.

Sim, senhoras e senhores, o hotel Fasano é pet friendly! Não é o máximo? E todos aqueles mimos, atendimento de primeira e serviço cinco estrelas, destinados aos hóspedes, se estendem para os pets, que têm direito a caminha, brinquedo e lindos potes para beber água e comer. Também há ração premium, garrafinhas de água mineral e tapetes higiênicos, para xixis apertados.

O La Cucina Piemontese fica em Alphaville, 40 minutos de Sampa, e é o máximo! Para quem mora na capital, vira um tremendo programa de sábado ou domingo ir almoçar ou jantar por lá. Isolado da “civilização”, é rodeado de verde, charmoso e ama os pets, que podem ficar no delicioso deck ou na parte interna! Sendo assim, vale para qualquer condição climática.

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Vida C E L S O

G U T F R E I N D

PERTO DAS ESTRELAS O documentário Nostalgia da Luz, de Patrício Guzmán, divide-se entre dois temas. Em ordem de aparição, o primeiro retrata o trabalho dos astrônomos no deserto do Atacama, espaço privilegiado para observar as estrelas. Pelos depoimentos, aprendemos que não existe o tempo presente e toda percepção se dá pelo menos um milionésimo de segundo depois do acontecimento. A importância disso é tamanha, pois nos torna seres condenados a desvendar o que houve já na hora em que há. Conhecer nossas origens como seres vivos de um minúsculo planeta consiste no objetivo principal da astronomia que revela ainda algo impressionante em torno dessa questão. Quando conseguimos formular uma pergunta e respondê-la, pelo menos quatro novas a sucedem. Não bastasse a complexidade do primeiro assunto, logo chega o segundo, mais doloroso ainda. No mesmo deserto, transitam mulheres em busca dos restos mortais de seus familiares, dizimados pela ditadura de Pinochet que ali erigiu um campo de concentração para prender e matar seus opositores. Aqui os depoimentos e as imagens são ainda mais pungentes. Mulheres caminham pela imensidão, de olho (caído) em cada fossa e em todas as frestas numa busca comovente, infinita. Volta e meia, encontram um osso, algum sapato, depois retomam a procura. Elas parecem os astrônomos ali pertinho. Parecem? O entrelaçamento entre os dois temas ultrapassa a proximidade geográfica. Profissionais e sobreviventes têm em comum a procura de um passado, embora, segundo os primeiros, a comparação não pudesse ser feita, pois eles podem dormir depois de um dia de

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trabalho, enquanto as sobreviventes estão condenadas à dor e ao pesadelo noite adentro. Nem todas as histórias são assim. Valentina é uma jovem astrônoma, órfã de mãe e pai, assassinados pela ditadura. Criada pelos avós, ela encontrou no amor dos dois a possibilidade de superar a sua história. Trata-se de uma espécie de costura viva entre os temas. Observar estrelas, buscar origens, mergulhar no universo é para Valentina uma forma de relativizar um sofrimento que, olhado de forma nua e crua, seria insuportável. Ao mergulhar no estudo do espaço sideral, ela consegue sentir os pais vivos por dentro e, agora, seus dois filhos pequenos e todos eles como uma parte ínfima de um todo imensurável. Isso parece oferecer uma continuidade e torná-la uma pessoa repleta de vida apesar de tanta morte, a mesma que não falta às mulheres que buscam os traços de seus familiares. A única diferença, talvez, é que Valentina pode viver experiências novas. Há um momento no filme em que as viúvas alcançam o patamar de Valentina. É quando um astrônomo as convida para olhar no telescópio. Depois desse encontro e mais perto das estrelas, elas parecem encontrar alguma transcendência como a jovem. Tenho lido muitos psicanalistas que fazem perguntas sobre a origem de nossa dor de existir, mas há muito tempo não assistia a algo tão pleno de esperança de encontrar algum sentido como A nostalgia da luz. CELSO GUTFREIND É PSIQUIATRA E ESCRITOR, ESPECIALISTA EM PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA



Vida

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LO R A I N E

LU Z


coletivo

Que abrange. Unido. Compartilhado. Que coopera, colabora. Global, total, universal. Conjunto. Ligação. Conexão. União.

namaskar Cumprimento. Reverência. Reconhecimento. Uma saudação. Que honra, homenageia, valoriza, respeita, acata. Acolhe.

Completos em si, “coletivo” e “namaskar” têm significados convergentes. São irmãos, amigos, compadres. Completos e independentes sim, mas não fechados, ensimesmados, de costas para o mundo. Ao contrário: algo porosos, receptivos, imprescindindo daquilo que está por vir, do outro. Reforçando-se, cada um deles, justamente aí, quando há encontro e soma. E se eles próprios se somam, coletivo+namaskar? Aí, tudo se potencializa, e o resultado… bem, o resultado escapa à semântica. Faltam palavras. Sobram sorrisos e silêncios eloquentes. Estilo Zaffari

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Vida

“O SER HUMANO PRECISA DE AMOR E CUIDADOS PARA SE DESENVOLVER E AVANÇAR NO SEU CAMINHO, NA SUA VIDA. SE NÃO HOUVER QUEM CUIDE, JAMAIS HAVERÁ QUEM CRESÇA E SE FORTALEÇA. DE ALGUMA MANEIRA, NOS SENTIMOS CUIDADORES.” NANDA BARRETO, EM NOME DOS PROFESSORES DO COLETIVO NAMASKAR

Curto e grosso, o Coletivo Namaskar é prática de yoga ao ar livre. Free. Para quem chegar e quiser. Isso mesmo: uma iniciativa envolvendo yoga e que não leva yoga no nome. Mas é yoga, naquilo que essa filosofia tem de mais sutil e transformador. Se você quer ver de perto o resultado da soma Coletivo+Namaskar, para além do que sinaliza a semântica e seus olhos veem, vá sentir esse encontro. Via Facebook, escolhe o parque, o dia, o horário, confirme sua presença no evento, passe a mão em uma canga ou similar, peça na qual você possa sentar e deitar, de repente convida uma amiga, um amigo, um parente e vá. Mesmo que nunca tenha praticado yoga. Principalmente nesse caso. É grande o número daqueles que entram em contato com os asanas (posturas do yoga) pela primeira vez justamente ali, sobre a grama e sob o céu. Gente que chega não necessariamente convidada por um amigo ou conhecido, ou atenta aos convites nas redes sociais, mas que passava pelo parque bem na hora. A cada novo integrante que faz aumentar a roda, os professores do grupo

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se sentem mais recompensados. Do outro lado, de tão satisfeitas pela acolhida e pela prática, há pessoas que insistem no pagamento. O grupo estabeleceu, então, a contribuição espontânea, mas é comum ouvir os professores sugerirem: “pague” pela aula com sorrisos para o Universo, “contribuindo para a energia da abundância e a economia da felicidade”, ou seja, pelo seu bem-estar e o do outro. A atmosfera carinhosa e calorosa está no testemunho dos participantes – alguns deles falam a seguir. Ativo há pouco mais de um ano, o Coletivo soma mais de 5 mil curtidas no Facebook. O número de presentes a cada aula é sempre uma incógnita. Teve encontro com 1 e encontro com 50 participantes. Por alto, somando o trânsito semanal em todos os locais de prática, o Coletivo mobiliza em torno de cem pessoas por semana. De perfis variados: idade, profissão, experiência com yoga, objetivos, credo, raça, orientação sexual ou militância política. A maior parte, meninas e mulheres, é verdade, mas elas acabam, nas vezes seguintes, levando namorados, esposos, amigos.

“O LIVRE ACESSO, A CONDUÇÃO DA PROFESSORA, A MOTIVAÇÃO DE CONTRIBUIR PARA UM MUNDO MELHOR ME CHAMARAM ATENÇÃO NO COLETIVO. JÁ PRATICAVA YOGA ANTES E NÃO IMAGINO MINHA VIDA SEM ISSO. QUANDO NÃO VOU AOS ENCONTROS, FAÇO EM CASA” LAURA MAYNART, 51 ANOS, É SECRETÁRIA. CONTA QUE A PRÁTICA REGULAR DE YOGA REDUZIU AS DORES NO CORPO E A ENSINOU A RESPIRAR PARA ACALMAR E CENTRAR, NO MOMENTOS MAIS ESTRESSANTES DA VIDA

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Vida “NUNCA PENSEI QUE IA GOSTAR TANTO! EU IMAGINAVA QUE, POR SER GORDINHA E SEDENTÁRIA, NÃO IA ME ADAPTAR. MAS AS AULAS SÃO MARAVILHOSAS. A CADA DIA ME SINTO MAIS FLEXÍVEL E FORTE. O AMBIENTE DA REDENÇÃO TEM UMA ENERGIA ÚNICA! ALÉM DOS BENEFÍCIOS FÍSICOS, FINALMENTE CONHECI O SILÊNCIO DA MENTE E MINHA VIDA MUDOU DRASTICAMENTE. COMECEI A OLHAR MAIS PARA MIM MESMA. SÓ TENHO A AGRADECER ÀS PROFESSORAS DO COLETIVO POR ESSE TRABALHO LINDO QUE MUDA VIDAS!” LOUISIANA MEIRELES, 26 ANOS, É DOUTORANDA EM FISIOLOGIA PELA UFRGS. CRISES DE ANSIEDADE DIMINUÍRAM, ELA ESTÁ CONSEGUINDO CUIDAR MAIS DA ALIMENTAÇÃO E COMBATER O TABAGISMO. SENTE QUE SUA AUTOESTIMA MELHOROU

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Ainda que o caráter mítico do yoga intimide, a ideia de ser num parque, ao ar livre, atenua a resistência dos mais desconfiados. Não só pelo clima despojado, sem o formalismo de uma escola/academia, mas porque o cenário sozinho já tem potencial para fazer um bem danado a mentes e corpos estressados. O verde é terapêutico. No centro do espectro da luz visível, é a cor do equilíbrio e da harmonia, com efeito calmante. A arborização alivia o peso da poluição típica da cidade grande, inclusive e principalmente a sonora. Fora a mudança na relação com os espaços públicos, geralmente associados à violência. Enquanto se inspira e expira, seguindo as instruções dos professores, o ambiente vai ficando menos hostil. A presença de um grupo, a roda e a regularidade tornam o lugar familiar, parte da casa de cada um. Há despojamento, sim. E há responsabilidade, também. Os professores estão cientes do cuidado necessário na condução de uma prática física para corpos e mentes tão distintos. Não há posturas complexas, o respeito aos limites de cada um é lembrado a todo momento. E justamente por tamanha confiança depositada nos instrutores, eles se sentem estimulados a estudar mais e mais, promovendo aulas melhores. Em contrapartida, a dedicação ao


HÁ 25 ANOS Uma das pioneiras na ofer ta voluntária de prática de yoga na cidade foi Ana Maria Rossi, doutora em psicologia e referência quando o assunto é estresse. Ela começou em 1990, e a iniciativa acaba de fazer 25 anos. Inicialmente na chamada Praça da Encol, desde 2005 migrou para o parque do bairro Moinhos de Vento, graças à adoção da área pelo Grupo Zaffari e pelo Hospital Moinhos de Vento (o programa de adoção é uma parceria com a SMAM/PMPA). O grupo de yoga se reúne aos domingos, a partir das 10h30min. Todos são bem-vindos. Há 10 anos, ao apadrinhar o parque, colaborando com a manutenção do mesmo, o Grupo Zaffari incentiva também que os efeitos benéficos da prática de yoga cheguem a mais e mais pessoas.


Vida

“EU JÁ PRATICAVA EM CASA HÁ UNS DOIS MESES QUANDO FUI PARA O COLETIVO E GOSTEI MUITO DA CONDUÇÃO, DAÍ ME APAIXONEI MESMO. ME SINTO MUITO BEM, A PRÁTICA FÍSICA TEM ME PREENCHIDO BASTANTE, PERCEBO MAIOR CONSCIÊNCIA E UNIDADE COM AS PESSOAS, A CIDADE E A NATUREZA. A PARTIR DE MIM, DÁ PARA MELHORAR UM POUCO O MUNDO A MINHA VOLTA. TIVE UMA INFÂNCIA EM QUE CUIDAR DA SAÚDE ESTAVA PRESENTE, MEU PAI ERA MACROBIÓTICO. DEPOIS CRESCI E ABANDONEI ISSO, PASSEI A TER UM COMPORTAMENTO MAIS COMUM, DIGAMOS ASSIM. ESSE CONTATO COM O YOGA, AGORA, ESTÁ SENDO UM REENCONTRO COMIGO MESMO.” KAIÃ MACHADO, 27 ANOS, É BARTENDER E DIZ QUE PLANEJA MIGRAR PARA UMA NOVA OCUPAÇÃO. COMEÇOU CURSO DE FORMAÇÃO EM YOGA. HÁBITOS COM COMIDA E BEBIDA JÁ MUDARAM BASTANTE: SEM CARNES E BEM MENOS ÁLCOOL, POR EXEMPLO

trabalho voluntário, o serviço desinteressado, encontra ressonância no coração dos participantes, que retornam trazendo amigos. É uma troca. Em diferentes níveis. A pedido daqueles que, por compromisso de trabalho ou estudo, não conseguiam acompanhar regularmente a agenda da semana, o Coletivo criou o Domingo no Parque. Outra ideia é tornar o projeto itinerante, atingindo a periferia e a Região Metropolitana. As práticas dominicais ocorrem pela manhã, na Redenção, seguidas de uma segunda atividade afim: conversa, grupo de estudo, oficina, dança, canto… algo que tenha a ver com promoção de qualidade para a vida das pessoas. Fica quem quer. E é a chance, também, de os professores aprofundarem um pouco mais o compartilhamento da filosofia do yoga. Pois chegamos até aqui, no texto, e nem falamos exatamente sobre yoga. Será que não? Ok, não descrevi uma prática do Coletivo, na qual podem lá estar as posturas da árvore, da montanha, o cachorro olhando para baixo e para cima, o guerreiro 1 e 2, tantas outras, com seus nomes em sânscrito. Mas os asanas, ou posturas, são apenas uma parte dessa filosofia. Evitando polemizar, melindrar aqueles cujo entendimento do que é yoga está associado ao tipo de escola ou vertente praticada/estudada, vou me limitar a uma definição um tanto simplória ou superficial e que, ao final de contas, mesmo por caminhos ou métodos diferentes, aparece comumente: yoga é união. (Dica: não se contente com teorias. Tente compreender o yoga com sua própria experiência, e não com pré-julgamentos. O Coletivo nasce justamente para oportunizar a mais pessoas a forma mais efetiva de entender os benefícios do yoga: praticando.) União… Hmmm. Alguma semelhança com os significados de coletivo e namaskar, lá no início dessa conversa, talvez não seja mera coincidência.

Fontes: professoras Nanda Barreto e Gabi Dias, em nome do Coletivo Namaskar, que é composto ainda por Giovani Guichard, Mariana Umpierre, Carolina Massena, Ivan Cortez, Carmen Ramos, Karen Gonçalves, Lais Konrath e Maria Ines Martinez.

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“EU TINHA IDEIA DE QUE YOGA ERA DIFÍCIL, MAS NÃO É. AS AULAS SÃO ACESSÍVEIS E É BACANA O CONTATO COM A NATUREZA… O YOGA ENCONTROU UM LUGARZINHO NA MINHA VIDA. A PROFESSORA SEMPRE PERGUNTA, NO INÍCIO DAS PRÁTICAS, SE ALGUÉM TEM ALGUMA LESÃO. EU COSTUMAVA DIZER: CORAÇÃO PARTIDO. AGORA, DEPOIS DE PRATICAR DESDE NOVEMBRO DO ANO PASSADO, DIGO QUE TENHO UM CORAÇÃO ABERTO. APRENDI MUITA COISA, PRINCIPALMENTE A RESPEITAR MEUS LIMITES. NÃO QUERO PARAR, NÃO.” ANA CAROLINA PEREIRA, 28 ANOS, É ESTUDANTE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ESTÁ PROCURANDO UMA ESCOLA/STUDIO DE YOGA PARA AFINAR SUA RELAÇÃO COM A PRÁTICA. ESTÁ APRENDENDO A TER MAIS PACIÊNCIA, A SER MENOS IMPULSIVA, RESPIRAR COM CONSCIÊNCIA E ENCARAR OS PROBLEMAS DE OUTRA FORMA

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O sabor e o saber F E R N A N D O

LO K S C H I N

AZEITE DE OLIVA No memorial às vítimas do atentado terrorista de Madri em 2004, El Bosque del Recuerdo, erguem-se 170 ciprestes e 22 oliveiras, uma árvore por morto, os ciprestes a expressar o luto, as oliveiras, a esperança. Um ramo de oliveira no bico da pomba que retorna à arca salva-vidas de Noé sinaliza o fim do programa de destruição em massa divino, sua cólera genocida aplacada. Mas o pombo era o correio, simples mensageiro, a mensagem – a paz – era o ramo de oliveira. Antes da pomba e do aperto de mãos desarmadas, muito antes do cachimbo, a oliveira é o mais antigo símbolo de paz. Planta de crescimento lento, longeva, resistente à aridez do solo e até à chama do fogo, a oliveira tornou-se símbolo universal não só de paz e esperança, mas de tenacidade e renascimento. Suas raízes descem profundamente em busca de água e permitem regeneração mesmo após a destruição do tronco. Derrubar uma oliveira, mesmo propriedade inimiga, era sacrilégio – toda oliveira era sagrada. Ao grego não importava a falta de ouro no solo pátrio, desde que houvesse oliveiras. Atenas tem como marco fundador mítico uma oliveira presenteada pela deusa Atena, daí o nome da cidade. Hércules, cuja clava era de oliveira, teria disseminado as árvores pela bacia mediterrânea, sua décima terceira e maior façanha. Não era de louros, mas de ramos de oliveira a coroa olímpica – a primeira medalha. Para os gregos, “progenitores de todos os vícios” (Plínio), o óleo de oliva era a única vestimenta do atleta. O óleo esquenta o corpo no frio e resfria no calor. Na clássica descrição da Península Grega, St. John (1842) chega a descrever a cabeça do grego como imitando a forma oval da azeitona. Roma não nasceu em torno de uma oliveira, mas seus fundadores, Romulo e Remo, sim. O azeite era uma

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das principais mercadorias do Império Romano; taxas e impostos eram pagos em azeite e o cultivo de olivais isentava do serviço militar. Vendida nas ruas de Roma e Atenas, a oliva foi a fast food pioneira. Seu uso abarcava a cama, mesa e banho: azeitava-se a genitália para limpeza, lubrificação e anticoncepção. As mulheres bezuntavam com azeite seus olisbos, ‘pênis portáteis e privativos’, antes de usá-los. O uso religioso e medicinal precedeu o alimentar – o óleo de oliva era raro e caro. A primeira palavra para ‘médico’, o babilônico asu, significa ‘conhecedor do óleo’. O óleo da primeira prensagem era medicamento e alimento, o da segunda era coméstico, o da terceira, combustível para iluminação. No banquete romano o óleo impregnava as comidas, os lampiões e os comensais. Os patrícios de então versavam sobre nuanças de cor, brilho, sabor, origem e safra mais dos óleos que dos vinhos. Apesar da aura pacifista, o azeite foi o precursor dos lança-chamas e bombas incendiárias: óleo fervendo era derramado desde as muralhas sitiadas. A água cozinha, mas o azeite, com ebulição a 350 graus, frita. Como conta a história infantil: ‘– água meu netinho, azeite vovozinha’... No alfabeto semítico – uma declaração de valores daquela cultura –, logo após as letras aleph, beta e gama (touro, casa e camelo) vem a letra zai, ‘oliveira’. Esta raiz é a origem de azeitona e azeite – os luso-ibéricos importaram a palavra do árabe, enquanto os outros europeus conservaram a raiz hebraica el’yon ‘superior’ – um adjetivo na comparação aos outros óleos e gorduras, que gerou o Gr. elayon e o L. oleo. Na etimologia óleo de oliva soa redundante como azeite de azeitona. Oleo é afim ao L. olere, ‘exalar cheiro’, origem de olfato e odor. Sabor e odor são inseparáveis. Os hebreus consagravam reis e sacerdotes com um


ANTES DA POMBA E DO APERTO DE MÃOS DESARMADAS, MUITO ANTES DO CACHIMBO, A OLIVEIRA É O MAIS ANTIGO SÍMBOLO DE PAZ banho ritual de óleo; daí ungir, ‘untar, passar óleo’ ter o sentido de ‘dar posse, ter autoridade’. Cristo, rei dos reis, é a versão grega do H. Messiah (Messias) o ‘ungido, untado (com óleo)’. Bispos, papas e reis ainda recebem banhos de óleo em seus ritos de passagem. A oliveira testemunha o clímax da vida terrena de Cristo. Foi no Jardim das Oliveiras, onde oito descendentes ainda se erguem em Jerusalém, que Jesus se reuniu aos apóstolos para cear uma última vez. Todas as culturas mediterrâneas veneram a árvore que lhes dá sustento. Como no poema de Neruda, o ‘azeite é o filho essencial da oliveira’, um marco civilizatório equivalente – e vizinho no tempo e espaço – à agricultura, arado, roda, escrita, urbanização e impostos. A oliveira é manufaturada, brotou do engenho humano. Prima do lilás e do jasmim, in natura a oliveira cresce como um arbusto pequeno e espinhento, seu lenho e copa decorrem da seleção humana e anos de poda a fim de retardar o florescimento e frutificação. Nenhum parente botânico da oliveira frutifica e a oliva no pé não é alimento de qualquer mamífero. A oliva madura é mais adstringente que o caqui verde, tem a polpa tão pétrea como o caroço. É preciso curtir e fermentar o fruto por meses de imersão em água e sal para deixá-lo comestível. Os antigos aprenderam a agilizar o processo com soda (a mesma que desentope ralos e canos) obtidas de cinzas. E da oliveira nada se perde: a madeira, dura e bela, era moldada em utensílios domésticos, o bagaço servia de adubo, e a amurca, líquido subjacente ao óleo, era pesticida, amaciante de couros e lubrificante de rodas. O composto fenólico adstringente da oliva é a oleuropeína, aglutinação do nome botânico da planta, olea europea. Lineu era um eurocêntrico: a oliveira não é nativa da Europa, mas da Ásia Menor e norte da África.

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O sabor e o saber F E R N A N D O L O K S C H I N

CINCO MIL OLIVAS ESMAGADAS PRODUZEM 1 LITRO DE AZEITE. A MUTAÇÃO DA OLIVA EM ÓLEO É COMPARADA COM A DO CARVÃO EM DIAMANTE. O AZEITE DE OLIVA PARECE A PANACEIA: BOM PRA TUDO Um cinturão de oliveiras contorna tão marcadamente o Mediterrâneo que acreditavam que suas raízes dependessem do mar para viver. Na verdade a oliveira se beneficia do efeito moderador de temperatura exercido pela massa de água. Mediterrânea é a geografia – solo, clima, culinária – de qualquer lugar onde cresce a oliveira. Para Durrell (A Cela de Próspero), “O Mediterrâneo inteiro parece brotar do sabor da azeitona, um sabor mais antigo que os da carne e do vinho e tão puro quanto da água fresca”. E o óleo mais valorizado é o de olivas recém-maturadas, colhidas à mão e prensadas a frio em mó de pedra – há quem enfatize o horário da coleta, antes da aurora e depois do crepúsculo. O óleo ‘Prensado a Frio’ implica uma temperatura de preparo menor que 280C para que compostos voláteis de sabor não se percam. ‘Virgem’ é o óleo da primeira prensagem, de acides (ácido oleico) menor que 2% e ‘Extra’-Virgem, quando a acides é menor que 0.8%. No divertido de Isabel Allende, o óleo de oliva é a única circunstância onde virgindade confere prazer. Cinco mil olivas esmagadas produzem 1 litro de azeite. Todo Mediterrâneo compartilha da metáfora: requer pressão para que cada um produza o melhor de si. A mutação da oliva em óleo é comparada com a do carvão em diamante. A consciência judaico-cristã nasceu e cresceu no pão, no vinho e no azeite, a santíssima trindade alimentar. A vinha, o olival e o trigal deram o novo sentido à palavra cultura em contraste aos povos ‘bárbaros’ que viviam da cerveja, carne e bacon. Esta dualidade, mesclada em parte pela conquista de Roma por tribos germânicas, se conserva até nossos dias. Posidonius (séc. I A.C.) descreve os celtas com apetite de leões, mas com aversão ao azeite. Plutarco (séc. I D.C.) conta do encontro da senhora espartana, ‘cheirando a manteiga’, com Berenice a rainha dos Galaneis, ‘besuntada de azeite’. Uma sem suportar o cheiro da outra, logo se deram as costas e se afastaram.

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Os primeiros cozinheiros luso-ibéricos cozinhavam com banha. A adoção da oliva surgiu primeiro da conquista romana, depois pela presença judaica e ocupação moura, duas culturas que se interditam ao poucos. Dom João III, o rei português a quem é creditada a invenção do Brasil, baixou um decreto em 1555 isentando de taxação os três alimentos básicos de subsistência popular: pão, vinho e azeite. Bacalhau e sardinha ficaram de fora. Para os portugueses, o ‘azeite doce’ tem qualidade, seu sabor suave é expresso na ponta da língua, já o ‘azeite picante’, de olivas menos maturadas, tem o sabor no dorso do pálato. A oliveira sempre fascinou. Famoso pelos girassóis, outra fonte de óleo, Van Gogh pintou 19 quadros com olivais. Poeta de uma terra famosa pelas oliveiras, Lorca definiu os anjos pelo “coração de azeite de oliva”, como pressentisse a proteção cardíaca do azeite. ‘O azeite de oliva do mal livra’, ‘acomoda o comer’, diziam nossos avós. Tinham razão. Rico em gordura monoinsaturada, o azeite reduz o colesterol, os triglicerídios e a glicose no sangue. É antioxidante, anti-hipertensivo e antinflamatório – a oliveira, como o salgueiro, produz ácido salicílico, a base da aspirina. Dá alguma proteção para o esquecimento, osteoporose, depressão, tumores de colon e de mama. O azeite de oliva parece a Panaceia, bom para tudo, ruim para nada. Se o pão é questionado, se no vinho apregoam tratar o excesso de uns pela abstinência de todos (um erro corrigido por outro), o azeite permanece ungido, um rei dos reis alimentar, um messias que veio e permanece. O marinheiro Popeye faz uma ode à dieta mediterrânea tanto ao receber sua força do espinafre, vegetal verde, como ao entregar seu coração a Olivia Palito – Olive ‘Oyl’, no original. Nascido em 1929, Popeye é longevo e Olivia Palito é magra tais os que seguem a dieta mediterrânea. FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E GOURMET fernando@vanet.com.br


LEVE, CROCANTE E SABOROSO

IDEAL PARA COMER SOZINHO A QUALQUER HORA E LUGAR OU PARA SERVIR COMO APERITIVO PARA RECEBER OS AMIGOS, ACOMPANHAMENTO DE SALADAS, SOPAS OU PRATOS DIVERSOS.


Equilíbrio C H E R R I N E

C A R D O S O

ESCOLHA O AMOR E AME DE VERDADE “As virtudes, como as nuvens, ao longe parecem sólidas.” Esta frase do DeRose vem bem a calhar nesse pós 12 de junho, instituído no calendário como o Dia dos Namorados. O mês em que devemos celebrar o amor, o romantismo, o carinho, foi transformado em debate entre o que é certo e errado após uma grande marca de cosméticos, corajosamente, ter feito sua campanha à data com as mais variadas formas de casais que o mundo vê atualmente. Até as novelas já têm mostrado a diversidade do amor, por que então implicar com uma campanha publicitária? Se roteiristas de filmes, novelas, autores de livros entendem que não têm mais por que esconder o que a humanidade tem como instinto, por que então seguir questionando, julgando e condenando? Porque os seus valores e virtudes não condizem com o que está sendo exposto? Quer dizer então que a maioria está errada e você aí, que ainda não consegue entender que amor não tem sexo, forma ou cor, é que está certo? Ainda é difícil crer que tantas pessoas tenham dificuldade em aceitar que não há certo e errado quando se trata de amar. Amar verdadeiramente. Amar com respeito e compreensão. Não há certo e errado na forma que duas pessoas decidiram ficar juntas ou constituir sua família. Quem ainda tem dificuldade em aceitar um padrão diferente do imposto socialmente, de que somente duas pessoas de sexo oposto podem estar juntos e ser felizes, deve procurar ajuda. De verdade! Suas crenças, valores e educação estão equivocadas. Não foram pautadas no amor e sim no julgamento. E quem somos nós para julgar? Ninguém! Estamos no século XXI, minha gente. Jesus Cristo já esteve por estas bandas há mais de 2 mil anos e até agora tudo o que ele ensinou tem interpretações tão dúbias, que acho que ele podia voltar só pra proporcionar uma nova forma de as pessoas entenderem suas palavras. “Amai a todos os seres vivos. Amai ao próximo como seu irmão. Não faça aos outros o que não gostaria que fizessem com você (...)”, pra onde foram todos esses ensinamentos? Somos todos iguais (até isso foi dito por Jesus, “iguais perante Deus”, e olha que nem religiosa eu sou e estou aqui falando tanto sobre estes ensinamentos)! Iguais! Em formas

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diferentes, mas iguais no final das contas. Nascemos e morremos. Comemos e excretamos. Corremos e suamos. Todos da mesma forma. Enquanto houver esta tal discriminação, que diz que as verdadeiras virtudes e valores são aqueles que o próprio homem criou para se manter na sua zona de conforto, seguiremos matando uns aos outros. Seguiremos bradando que está errado homem com homem, mulher com mulher, negro com branco, japonês com amarelo, católico com ateu. Quanto tempo desperdiçado com o desejo e felicidade do outro. Quanto tempo perdido querendo que a sua verdade seja a verdade de todos. Quanta falta do que fazer ao culpar, machucar e até mesmo matar por ter uma visão e uma opinião diferente. Quanto medo do que é diferente! O que é certo para mim talvez não seja o certo para você. E tudo bem!!! O que seria do branco se todos só gostassem do azul? Vamos respeitar o desejo, vontade e opinião do outro. Vamos respeitar que somos diferentes na maneira de sentir e querer. E segue tudo bem! Não invada a liberdade do outro, só porque ele decidiu que será diferente de você. Seja mais humano. Ame de forma íntegra e não como se parecem as nuvens, sólidas de longe, mas fáceis de se desmanchar quando estão ao nosso alcance.Quando cada um olhar mais e melhor para o seu umbigo, para o seu eu interior, para sua verdadeira essência, percebendo que somos todos iguais, mesmo que em formas diferentes, só aí, o mundo poderá ser um lugar melhor para ser vivido por nós. Porque o bicho que mais causa sofrimento no outro por julgar é o homem. Animais não discriminam. Não matam por matar ou porque de repente o tigre resolveu se envolver com a zebra. Animais só se machucam para se defender ou por instinto de sobrevivência. Esta não tem sido a realidade entre nós, homens. E para mudar basta apenas uma coisa: querer! Escolha o amor e ame de verdade, acima de qualquer preconceito ou julgamento. E eu sigo torcendo por nós! JORNALISTA COM ESPECIALIZAÇÃO EM PUBLICIDADE & PROPAGANDA E MARKETING. INSTRUTORA DE ALTA PERFORMANCE DO MÉTODO DEROSE EM PELOTAS. WWW.METODODEROSEPELOTAS.COM



mulheres que amamos

ESTÁ DE VOLTA A NOSSA SEÇÃO MULHERES QUE AMAMOS! COMO VOCÊ DEVE LEMBRAR, PEGAMOS ESSE NOME “EMPRESTADO” DA REVISTA PLAYBOY, POIS NENHUMA OUTRA NOMENCLATURA PODERIA TRADUZIR MELHOR O CONTEÚDO DAS PÁGINAS QUE VOCÊ VAI LER A SEGUIR. AQUI REUNIMOS MULHERES ADMIRÁVEIS, NOTÁVEIS, INTERESSANTES, INDISPENSÁVEIS. MULHERES QUE REALMENTE DESPERTAM E MERECEM O NOSSO AMOR. NESTA EDIÇÃO, SAIBA O QUE ANDAM FAZENDO AS INTRÉPIDAS E DINÂMICAS CLARICE CHWARTZMANN, BETE DUARTE E TATI SUAREZ. ELAS SÃO FABULOSAS!

Conheci Tati Suarez há cerca de duas décadas, quando ela era promoter de uma casa noturna em Porto Alegre, da qual fui frequentadora. Os agitos de sábado à noite ficaram para trás e nossas vidas tomaram rumos diferentes, mas sempre acompanhei, mesmo de longe, as novidades da dinâmica Tati. Hoje, com 40 anos, casada e mãe da Valentina e da Cora, ela é reconhecida e admirada por uma tribo diferente. Se antes brilhava nas baladas, hoje arrecada fãs mirins e suas mamães. Publicitária e designer por formação, Tati voltou sua criatividade para o público infantil em 2005, com a grife de roupas e toy art Muppa & Cuty. Após o nascimento da primeira filha, ela buscou roupinhas e brinquedos coloridos e divertidos, que inexistiam no mercado. Decidiu então produzir peças artesanalmente e logo as criações ganharam espaço em bazares e feiras, destacando-se pela originalidade. Apesar do sucesso da empreitada, Tati tomou um novo rumo ao ser convidada a ministrar uma aula de toy art. Descobriu assim que sua verdadeira vocação era levar conhecimento e diversão para crianças. Nasceram então as oficinas de scrapbooking, culinária e arte que ministra para os pimpolhos. Tati cria temas para as aulinhas inspirando-se em tudo que acha interessante e diferente. Ela foge dos tradicionais personagens infantis da TV e do cinema: super-heróis e princesas dão espaço a artistas como Frida Khalo, Tarsila do Amaral, Juan Miró e Vincent Van Gogh. Meninos e meninas pintam, desenham, recortam, bordam, se sujam, brincam e aprendem de forma leve e lúdica. Referência entre mães e pais, ela mantém no Facebook uma página onde divide com o público as inspirações que usa para criar brincadeiras e programas para as filhas. A fan page T de Tati é um verdadeiro guia para adultos e crianças, repleto de dicas, entrevistas e com roteiros culturais e gastronômicos superbacanas para toda a família. POR ANA GUERRA, JORNALISTA

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FOTO: ANDRÉ FELTES

TATI SUAREZ


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FOTO: LETÍCIA REMIÃO

CLARICE CHWARTZMANN Foi sentada sob uma árvore em uma ensolarada manhã de outono que Clarice Chwartzmann conversou comigo por 2 horas. Nem senti o tempo passar. Chimarrão em punho, ela me contou histórias surpreendentes. Sou muito grata por tê-la conhecido e por esta chance de contar um pouco de sua história. Nascida na cidade gaúcha de Passo Fundo, Clarice vem de família grande e amorosa. Sua mãe, Maria, a estimulou a explorar e conhecer o mundo, mas foi o pai Nahum que a escolheu, como mais velha de quatro meninas, para transmitir os segredos de um bom churrasco. Aos 12 anos, ela já participava ativamente do ritual de carne, carvão, tempero e fogo, orientada pelo pai. E a jovem Clarice logo aprendeu que com poucos e simples ingredientes podia preparar uma refeição farta e saborosa, unindo e nutrindo a família. Os encontros ao redor da churrasqueira se repetiram muitas vezes em todas as etapas de sua vida. Seu dom a transformou em assadora oficial da turma de amigos e colegas de trabalho. Mas antes de encarar este que é um dos principais costumes gaúchos como possibilidade profissional, ela seguiu outros rumos. Curiosa, cheia de ideias e energia, Clarice é uma cidadã do mundo e caiu na estrada muito cedo. Fez intercâmbio nos Estados Unidos numa época em que isso não era moda e viajou pela Europa durante um ano com uma mochila nas costas. Morou em cidades como Nova Iorque, Florianópolis, Salvador e Rio de Janeiro e trabalhou em agências de propaganda, em empresas de comunicação e aprendeu fotografia. Mas foi a longa carreira como produtora cultural que lhe proporcionou intensas experiências de vida. Conviveu de perto com artistas como Margareth Menezes, Maria Bethânia, Elba Ramalho e Cássia Eller. Entre as inúmeras histórias vividas nas décadas de 80 e 90, ela me contou uma especialmente divertida: foi produtora do cantor e compositor Wando, e como parte da performance do artista nos shows, ela muitas vezes era a responsável por jogar calcinhas no palco. Não bastassem as enriquecedoras experiências ao lado de grandes músicos brasileiros, participou

também de importantes projetos culturais gaúchos: atuou como captadora de recursos para o Porto Alegre em Cena, ao lado de Luciano Alarbarse, e para o Theatro São Pedro, trabalhando com Eva Sopher. Após tantos anos na área cultural, Clarice sentiu que precisava mudar. Em 2014, prestes a completar 50 anos, se viu tomada por uma profunda inquietação. Queria não apenas um novo ofício ou emprego, e sim um projeto autêntico e só seu. Nascia aí A Churrasqueira. A ideia, ao mesmo tempo simples e inovadora, gerou discussão desde o princípio: ensinar mulheres a preparar um bom churrasco, deixando de ser coadjuvantes e tornando-se protagonistas na arte do assado. E fazer isso em um estado conservador, onde a tradição é ter um homem coordenando os espetos, gerou polêmica. Com o ceticismo de alguns, mas com a admiração de muitos, o projeto decolou. Clarice motiva-se a formar mulheres churrasqueiras, pois esse ensinamento lhes dá autonomia, poder pessoal e autoestima. Em seu curso, as alunas aprendem a escolher as melhores carnes, temperá-las, acender o fogo e esperar o ponto certo de cozimento. Às vezes conta com a ajuda de especialistas de áreas afins: uma padeira para ensinar a fazer pão com alho ou uma sommelier para promover a harmonização perfeita entre churrasco e vinho. Em poucos meses, ela se viu assediada pela imprensa de todo o País. A novidade do projeto chamou a atenção de muita gente e ganhou asas: a churrasqueira palestrou recentemente no TEDx São Paulo Women e está de viagem marcada para Paris, onde levará sua arte para a L’association Sol do Sul, que promove a cultura brasileira na França. Atualmente, preparando-se para atuar também como assadora profissional em eventos, Clarice sente-se realizada. Para ela, churrasco é gastronomia, cultura e alegria. Ao resgatar da infância momentos mágicos e transformar este ritual em um ofício cheio de simbolismo e força, encontrou sua verdadeira vocação. Para finalizar, perguntei qual é o seu corte favorito. “Costela, acompanhada de salada de batata, farinha de mandioca e um bom Merlot.” POR ANA GUERRA, JORNALISTA

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mulheres que amamos

BETE DUARTE

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curiosidade e às várias mudanças de cidades e de estados pelas quais passou, foram constituindo a sua generosa e diversificada memória culinária. NOVAS VIAGENS Após 35 anos fazendo parte do time do Grupo RBS, em 2014 Bete se aposentou. No dia 12 de dezembro, assinou o último Gastrô, mas, com o carinho de sempre, acalmou a nós, seus leitores: “Este texto não é um adeus, é um até breve. Porque vamos continuar nos cruzando por aí”. Desde 24 de abril podemos embarcar com Bete e Anelise Zanoni em deliciosos roteiros. As amigas e colegas jornalistas colocaram ao nosso dispor a sua paixão por gastronomia, por conhecer lugares e culturas e pelo bem viver. Lançaram o site www.saborosaviagem.com.br para compartilhar conhecimentos e novidades nessas áreas, receitas e, sobretudo, gentilezas. Tal qual o prazer que sentia na infância ao acordar com o cheirinho do café preparado pela avó, o fascínio que sempre pautou a sua carreira profissional foi a oportunidade de conhecer pessoas, aprender com elas e contar suas histórias. E Bete sabe bem o que quer: “Eu tenho admiração por quem gosta do que faz. Optei por criar um portal porque queria continuar a ser feliz”. POR DÓRIS FIALCOFF, JORNALISTA

FOTO: LETÍCIA REMIÃO

Quem gosta de cozinhar ou é simplesmente um apreciador da boa mesa sabe que, no Rio Grande do Sul, jornalismo gastronômico tem nome e sobrenome: Bete Duarte. Nos últimos 21 anos, as sextas-feiras eram esperadas com curiosidade por essa legião de gourmands. Era nas sextas que circulava o caderno Gastronomia e, posteriormente, o Gastrô, no jornal Zero Hora. Mineira de Belo Horizonte, Bete acredita que tem a gastronomia correndo nas veias. O encantamento começou já na infância, durante as férias na casa da avó materna, Dona Alípia. Na pequena cidade de Nova Era, a cerca de 140 km da capital de Minas Gerais, ela despertava às 5 horas da manhã com o aroma do café passado de um jeito todo especial: coado no pano, já com a água adoçada. Depois, de pé em um banquinho, acompanhava atentamente os passos daquela que preparava delícias para reunir toda a família, pois assim é o jeito mineiro de ser. Já com a avó paterna, Dona Nina, que visitava em Pelotas, no Rio Grande do Sul, Bete tomou gosto pelas feiras-livres. O momento de pular da cama para ajudar a escolher frutas, verduras, legumes e temperos era sempre muito esperado. Diversão pura, ela garante. A mãe, Dona Lenita, também era uma quituteira de mão cheia, portanto, mais uma das suas grandes mestras. Esses exemplos, somados à sua imensa e peculiar


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Ser & Vestir R O B E R TA

C O LT R O

Cuidado com bolsos, eles tendem a criar uma ilusão ótica de aumento da silhueta. Se você não tem muita altura e está acima do seu peso, evite roupas que possuem muitos bolsos.

Você pode renovar seus looks casuais vestindo o seu jeans acompanhado de um casaco parka. Mas atenção, este casaco é extremamente informal para ambientes de trabalho. Evite.

Seguindo a linha inspirada no militar, sem muito investimento, você pode incluir apenas um acessório em estampa camuflada – um cinto, uma mochila de lona ou até mesmo um lenço, nos seus looks mais básicos.

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O PASSADO COMO INSPIRAÇÃO A elegância atual para o guarda-roupa masculino está linkada ao passado. Isto mesmo: ícones renovados, ou seja, inspirações clássicas. As principais tendências da última temporada internacional sinalizaram o retorno ao rock setentista e ao militarismo. Explico. O militarismo é um estilo que, como o próprio nome diz, está inspirado no universo militar: uniformes usados pelos homens em trincheiras e quartéis. No seu guarda-roupa, isto significa peças de corte mais ajustado ao seu corpo; muitos bolsos e botões; tecidos em fibras naturais como o algodão, a lã e o linho com espessura mais grossa. O casaco parka e o macacão – traje oficial dos pilotos – são peças-chaves. As cores? Neutras, como os tons de cáqui e os marrons, mas são os de tons cinza e de verde-musgo que criam as melhores novidades ao seu estilo. Recomendo. Já a inspiração no rock dos anos setenta pode renovar os seus looks de uma forma inusitada. Em vez de seguir a tão conhecida equação: jeans+camiseta+jaqueta de couro, looks bem casuais, que tal levar este estilo rocker para looks mais formais – estes que podem acompanhá-lo na sua semana de trabalho? Veja: você pode investir em um blazer ou jaqueta de couro. Ambos numa linguagem limpa, sem detalhes de bolsos ou botões chamativos. De tons sóbrios – como o preto ou o camelo, com gola tipo camisa de colarinho e algum detalhe de zíper. Esta peça pode acompanhar perfeitamente uma calça alfaiataria e uma camisa de tricoline mais acinturada. Experimente. E por fim, para quem quiser pensar no guarda-roupa do ano que vem, uma dica: a silhueta slim e skinny, onipresente há mais de uma década, será, aos poucos, substituída por casacos, blazers e calças maximizados. Conforto com um apelo retrô. Fique atento.


Dependendo do modelo, a blusa de gola alta pode desfavorecer quem tem ombros caídos. Neste caso, procure peças de tecido encorpado, que possam ter um detalhe sutil de ombreira.

MENOS DETALHES, VISUAL MAIS LIMPO Atualmente, a moda internacional está sugerindo um visual mais limpo, ou seja, zero bordados. Vale muito mais a construção sofisticada da peça em um tecido fosco e encorpado do que a riqueza de brilhos e transparências. Para quem gosta de minimalismo e de looks num estilo ultraelegante, atemporal, esta moda está agradando. Além disso, há uma outra tendência – superforte nesta e certamente nas próximas temporadas – que de forma bem genérica significa o seguinte: a região do pescoço ganhou importância. Traduzindo: a gola alta, os lenços amarrados e as camisas com laços vitorianos estão com tudo. Você pode aproveitar esta ideia com inteligência e ajustar ao seu estilo e tipo físico. Se você tem braços gordinhos, evite as blusas de gola alta sem manga. Aposte numa manga três quartos para dias de temperatura amena ou de manga longa, em tecido encorpado, nos dias frios. Um belo colar sobre a blusa de gola alta deixa o visual alongado, desde que este colar não tenha muito corpo, ou seja, desde que seja num estilo mais discreto. Caso contrário, engorda a silhueta. Mulheres acima do peso ou mesmo quem tem um rosto muito redondo pode entrar nesta tendência da gola alta e do pescoço ultraenfeitado, mas neste caso, sempre através de camisas de gola vitoriana – que sempre possui um decote em “v”. Na hipótese de querer usar a gola alta assim mesmo, então o truque é amarrar um lenço em forma de laço distante do rosto, construindo uma espécie de decote sobreposto à blusa de gola alta, que deve ter zero de volume. Para quem gosta de abusar de brincos grandes, evite golas altas com volumes exagerados. Opte por um estilo clean: uma blusa ajustada em tecido encorpado, definindo a silhueta, combina melhor. Neste caso, também evite colares junto a brincos grandes. Fica minha dica!

Para quem gosta de blusas de gola alta sem manga, atenção: apesar de nada de decote, elas são inadequadas ao dresscode de trabalho, onde os braços não podem estar totalmente a mostra. Prefira, neste caso, regatas, que têm um pouco de manga.

Golas altas podem ficar lindas em modelos de vestido de festa. Neste caso, escolha tecidos preciosos, como o brocado, a seda pura. E privilegie estampas ou recortes, evite bordados. O minimalismo da roupa festa continua em alta.

ROBERTA COLTRO É CONSULTORA DE MODA, ESTILO E COMPORTAMENTO

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Palavra LU Í S

AU G U S TO

F I S C H E R

O QUE O VITOR NOS DIZ Tive o grande privilégio de ver o Vitor Ramil tocar num lugar raríssimo, para uma plateia pequena e cem por cento fora do esperado: um pocket show em Reykjavik, capital da distante Islândia, uma ilha extraviada lá no norte do Atlântico. Lá se falam o islandês e o inglês, naquele país que é um dos menos desiguais do mundo ocidental – e o português é falado por umas poucas centenas de pessoas, das quais quase todas portugueses, e, bem, ao menos um gaúcho, Luciano Dutra, que vive lá há anos e foi o responsável pela ida do Vitor. Dono de uma microeditora, mas no país que mais lê e publica livros, proporcionalmente, em todo o Ocidente, o Luciano traduziu para a língua local o ensaio “A estética do frio” e convidou o Vitor para um showzito de lançamento. E eu, aproveitando a raríssima circunstância de estar a três horas de avião daquela cidade inesperada, lá me fui. Na rua, cumprindo um hábito trivial para aquela cidade, nevava. O chão estava todo branco, e todo mundo andava com muita roupa e proteção. A sensação térmica era de menos 12 graus centígrados. Lá dentro, com a calefação que é de regra, dava pra ficar de manga curta. E lá estava o Vitor, que escreveu sobre como o frio obriga os gaúchos a uma moldura particular, no país tropical e quente que é o Brasil. E ele cantou “Estrela, estrela”, entre muitas outras. Metade da plateia era de brasileiros, que provavelmente nunca tinham ouvido nada do excelente compositor e cantor gaúcho; a outra metade não devia entender sequer uma palavra do que ia cantado. Mas, ah, aí tem o valor da canção, que é, ao menos em metade de sua alma, música, que é, de todas as artes, a menos diretamente ligada a conteúdos demarcados historicamente, menos condicionados pela origem. Alguém assobia uma melodia, em qualquer

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quadrante do mundo, e em qualquer outro quadrante a melodia comunica algo, por cima e por baixo da eventual língua utilizada pelos dois, assobiador e ouvinte. Agora, é bom lembrar que também a música expressa uma época, um contexto, um estilo de vida. Podemos não entender nada da linguagem musical, podemos confundir uma trompa com um trompete e achar que o violão comum tem nove cordas – não importa: todos nós de algum modo relacionamos a música que ouvimos com determinadas experiências históricas. E as canções do Vitor Ramil têm uma força específica, que vai além das palavras. Certo, elas, as palavras, se organizam em letras que nos dizem muito, se prestamos atenção. Mas lá na Islândia o que importava era outra coisa. Me ocorre pensar que o que eles entendiam era mais ou menos o que nós todos percebemos na audição desatenta, atmosférica, que costumamos viver. Como eu conheci a obra musical do Vitor? Deve ter sido numa rádio. E deve ter sido mesmo “Estrela, estrela” a primeira música dele que me fisgou. Parece música de ninar, de tão singela, reiterativa sem nunca dar a impressão de ser repetitiva. Ela vai e volta, e sempre a imagem de uma estrela exata lá em cima, e cá embaixo alguém sozinho, cantando pra ela, em atitude próxima da contemplação religiosa. Não, nada a ver com alguma religião específica, muito menos com as religiões estridentes de hoje em dia: na mão do Vitor, na obra dele, o que acontece é uma busca de algo que nos ligue, ou nos religue, com o singelo, com o significativo, com o profundo, algo que se esconde de nós todo o tempo. E que só os melhores artistas nos ajudam a recuperar. LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR



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