Revista Estilo Zaffari - Edição 72

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Ano 12 N0 72 R$ 6,90

Brincar Explorar, descobrir, fantasiar, criar, correr, pular. O brincar precisa ser lĂşdico e ativo. Se for ao ar livre, melhor ainda!


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A NOVA TENDÊNCIA É VOCÊ VIVER AQUI.

INFINIT Y POOL

COFFEE CORNER

INDOOR POOL

VISITE OS DECORADOS NO ESPAÇO FWD - AV. I P I R A N GA , 8 2 2 3 - T E L : . 3 0 2 6 . 7 5 94

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CRECI: J – 23028

CRECI: 22916J

CRECI: 22.461-J

O ANO DA SUA CONQUISTA Imagens meramente ilustrativas. Incorporação registrada sob matrícula nº 173.692 do Registro de Imóveis da 3ª Zona de Porto Alegre. Projeto arquitetônico: Pedro Gabriel e Bonini Arquitetura - CAU A9397-1. Projeto paisagístico: Tellini Vontobel - CAU 2097-2. Decoração de interiores: Zeca Amaral - CAU 28562-5. O intermédio de todas as vendas será feito através de um corretor de imóveis e a sua respectiva comissão de corretagem deve ser suportada pelo adquirente.






Milene Leal milene@contextomkt.com.br

EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO REDAÇÃO Ana Guerra, Flavia Mu, Paula Taitelbaum, Loraine Luz, Milene Leal, Luciane Garcia REVISÃO Flávio Dotti Cesa DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade ILUSTRAÇÕES Moa FOTOGRAFIA Letícia Remião, Cris Berger, Carin Mandelli COLUNISTAS Carla Pernambuco, Cris Berger, Celso Gutfreind, Cherrine Cardoso, Fernando Lokschin, Luís Augusto Fischer, Roberta Coltro, Tetê Pacheco EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS)

Izabella Boaz izabella@contextomkt.com.br

DIRETORA DE ATENDIMENTO A revista Estilo Zaffari é uma publicação trimestral da Contexto Marketing Editorial Ltda., sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. Distribuição exclusiva nas lojas da rede Zaffari e Bourbon. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem

Ano 12 N0 72 R$ 6,90

prévia autorização e sem citação da fonte.

TIRAGEM 25.000 exemplares IMPRESSÃO Gráfica Pallotti

ENDEREÇO DA REDAÇÃO Rua Cel. Bordini, 675/cj. 301 – Porto Alegre/RS – Brasil – 90440 000 (51) 3395.2515 (51) 3395.2404 estilozaffari@contextomkt.com.br

Brincar Explorar, descobrir, fantasiar, criar, correr, pular. O brincar precisa ser lúdico e ativo. Se for ao ar livre, melhor ainda!

FOTO: LETÍCIA REMIÃO




N OTA

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E D I TO R

BRINCAR É PRECISO! Que saudade de ser criança! Quem já não pensou isso em algum momento? É quase inevitável, pois sempre associamos a infância a diversão, leveza, liberdade, tempo disponível, descontração, espontaneidade... Ser criança, na verdade, é mesmo uma delícia, ainda mais quando se tem por perto adultos carinhosos, cuidadosos e que estimulem o desenvolvimento. Aproveitando que outubro é o mês de homenagear as crianças, nossa reportagem de capa é sobre o brincar. Conversamos com pais, psicólogos, pedagogos, entrevistamos profissionais que trabalham com crianças e com entretenimento, gente que cria coisas bacanas que tornam o universo infantil algo ainda mais encantador. Tudo para trazer aos nossos leitores algumas informações que, embora possam parecer óbvias, estão sendo esquecidas por muitos e muitos pais: crianças precisam brincar, precisam conviver com outras crianças, precisam de espaço, de ar livre, de simples oportunidades para serem criativas, espontâneas, verdadeiras. Para ilustrar essa ideia, levamos 12 crianças de diferentes idades para uma praça e deixamos que brincassem à vontade. Elas são as estrelas dessa linda matéria, com fotos de Letícia Remião e texto de Ana Guerra. Na amada seção Sabor temos uma deliciosa reportagem com três chefs que se reuniram ao ar livre, à beira d’água, para preparar receitas com peixes e frutos do mar que não costumam frequentar a lista de best sellers do mercado, mas que rendem pratos saborosíssimos. A matéria foi escrita e produzida pela jornalista Flavia Mu, com fotos belíssimas de Denison Fagundes. Esta edição tem também duas imperdíveis reportagens sobre lugares bem diferentes, mas que têm algo em comum: uma gastronomia espetacular. Paula Taitelbaum nos leva a um passeio delirantemente delicioso por Lima, capital peruana, e Luciane Garcia revela suas belas descobertas em Portugal, entre Lisboa e arredores. Depois de tanta comida boa, para inspirar o movimento e garantir a emoção, a Estilo Zaffari fala também de esportes radicais, praticados por gente que é movida a adrenalina. Na neve, na montanha, no ar, esse pessoal se aventura e se diverte de verdade. Grande inspiração! Nossos colunistas aprontaram textos bárbaros, e a revista finaliza com as Mulheres que Amamos: Rosane Marchetti, Roberta Sudbrack, Kathia Zanata e Elin Lautert. Final de gala para uma edição pra lá de especial. Divirta-se! OS EDITORES


Correio RECADINHOS QUERIDOS QUE A ESTILO ZAFFARI 71 RECEBEU PELO FACEBOOK

sempre um prazer trabalhar com essa duplinha. E elas me oportunizam conviver com gente fera: Letícia Remião, Carin Mandelli, Marcelo Donadussi, Luciane Trindade, que deixam as reportagens incríveis, lindas e coloridas. Por isso é essa alegria quando a Estilo Zaffari chega nas lojas! FLAVIA MU

NA CHEGADA DA EDIÇÃO ÀS LOJAS DA CIA. ZAFFARI:

Sou apaixonada por esta revista. A última está especial... Os textos que falavam sobre os alimentos para consumirmos no inverno, em que se indicavam caldos, sopas e outras “gordices”, como eu falo, estão divinos... Um forte abraço em todos.

Como é bom fazer o que se ama, né? Estou MUITO feliz por fazer parte mais recente edição da revista Estilo Zaffari. Tive o prazer e honra de escrever sobre duas Mulheres que Amamos: Tatiana Suarez e Clarice Chwartzmann. Milene Kraemer Leal, obrigada pela confiança! E que nossa parceria seja longa! ANA GUERRA

Revista incrível, dicas ótimas e tudo com muito bom gosto.

ANGELA DE ABREU RODRIGUES

Somente hoje consegui ver a revista Estilo Zaffari deste mês. Confesso que fiquei emocionada e sem palavras para agradecer o carinho de Milene Kraemer Leal, Izabella Truda Boaz, Dóris Fialcoff e Letícia Remião pela homenagem. Ser lembrada pela revista, que tanto valoriza a gastronomia, é uma honra. Meninas, só posso dizer obrigada. Vocês tornaram meus dias mais felizes. Ainda mais pela referência ao Saborosa Viagem, minha mais nova paixão.

RAQUEL MEDEIROS

Está muito linda!! Louca pra comprar a minha! PATI VENTURINI

Adoooro, mas não consigo aqui em MS... morro de saudade da revista... Guardo todas as antigas. VERA CHAVES

Capa está lindíssima, só imagino o recheio.... Adoro!!!

BETE DUARTE

ANA GASPARY

Parabéns, gurias! Está linda a edição. Amei a matéria comigo! Ficou linda! Com a foto da Letícia Remião, que captura a alma, e o texto da Ana Guerra! Obrigada pelo espaço e carinho! Bjaoo!

Adoro a tua revista! Bj. MARISA FRESINA

Amanhã corro pegar a minha!!

CLARICE CHWARTZMANN

Em 2015, a Fundação Ecarta está comemorando uma década de dedicação à cultura e à educação no Rio Grande do Sul. A deliciosa e linda revista Estilo Zaffari, que acaba de sair do forno, está prestando uma bela homenagem à instituição. Obrigada pelo carinho, Milene Kraemer Leal, em meu nome e de toda a equipe da Fundação. DÓRIS FIALCOFF

Muita sorte. Só tenho gente especial na minha volta. A Milene e a Izabella, sempre incríveis, apostam no meu trabalho, incentivam, mandam “tocar ficha”. É

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Estilo Zaffari

ADRIANA BONDAR ZIMERMAN

Oi, revista Estilo Zaffari! vocês sobem a matéria em algum lugar na internet? Namastê! NANDA BARRETO

Oi, Nanda Barreto! As edições anteriores da Estilo Zaffari estão disponíveis no site issuu.com Abraço! capa!

Vou correndo comprar a minha!!!! Tá linda esta CARIN MANDELLI

Parabéns! Capa linda de uma revista muito TOP! MARA RUBIA ANDRÉ ALVES DE LIMA



Cesta Básica

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Gula: Lima

42

Coluna Humanas Criaturas

54

Me Gusta

56

Coluna Vida

74

Sampa

84

O Sabor e o Saber

98

Coluna Equilíbrio

102

Moda

104

Mulheres que Amamos

106

Coluna Palavra

114

MOVIDOS A ADRENALINA

Esportes radicais, desafiadores e seus intrépidos praticantes

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DELÍCIAS QUE VÊM DAS ÁGUAS


PORTUGAL E SEUS MUITOS ENCANTOS

Um roteiro prático com dicas para curtir o melhor de Portugal

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BRINCAR É PRECISO! Crianças adoram estar ao ar livre, soltas, simplesmente brincando. Dê a elas essa oportunidade!

Três chefs preparam pratos saborosos usando peixes e frutos do mar que não são os best sellers do mercado

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Cesta básica NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA A DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MÚSICA, MODA, LITERATURA, ARTE, LUGARES, VIAGENS, OBJETOS ESPECIAIS, PESSOAS GENIAIS, COMIDINHAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO! T E X TO S

P O R

LO R A I N E

LU Z

CADA BELEZA NO SEU QUADRADO

Fotografia, design, poesia, arte e humor, ou seja, olhares e impressões do mundo estão reunidos em CUADRADO, uma galeria virtual. A produção de diferentes autores está lá, para o visitante escolher e comprar online. Em 20x20x4cm, os “cuadrados” podem ser customizados ou a partir de imagens do próprio portfólio. A empresa, criada por Vicky Fernandez, conquista seguidores e o mercado da decoração. O acervo tem inúmeras imagens, e uma curadoria seleciona o material que irá ao catálogo. São mais de 2 mil imagens, de mais de 60 autores, além de fotos e frases. Faz sucesso, ainda, a possibilidade de o cliente poder enviar suas próprias imagens direto da sua rede social – comenta Vicky. Recentemente, chamam a atenção os novos tamanhos e o lançamento dos Cuadrados Para Colorir: seguindo a linha e a qualidade das peças regulares, estes tem papel Canson 180g aplicado e ilustrações de diversos temas e complexidades para pintar com lápis, canetas ou outros pigmentos. Todos os modelos vêm acompanhados de um rascunho para testar as cores. Destaque para a coleção “A Cozinha Secreta”: desenhos de Marican, artista brasileira radicada na Toscana, cujo tema é a culinária. Junto de cada cena, uma receita assinada por um chef. Em Porto Alegre os CUADRADOS podem ser encontrados na Casa de la Madre, na Pra Presente (no Iaiá Bistrô), na Koralle do Santander Cultural e na Loja D’Arte da Fundação Iberê Camargo.

www.cuadrado.com.br 16

Estilo Zaffari


BODEGA E HOTEL LUXUOSOS Com produção de 2006 e safra 2009, o blend de Camenère, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Syrah não é a única atração de Viña Vik. A sede da vinícola, no Vale de Millahue (Chile), tem ares futurísticos: um prédio em arco precedido por um espelho d’água pontilhado com rochas de granito da região, assinado pelo arquiteto chileno Smiljan Radic. No interior, ficam as cubas de fermentação, as adegas de garrafas e os 1.600 barris de carvalho francês novos. A produção é sustentável: uso da energia solar e reaproveitamento da água da chuva – armazenada em um lago – para irrigar os 400 hectares de vinhedos. O conjunto vitivinícola se baseia num conceito holístico de sinergia entre a terra, o homem, o clima e alta tecnologia. A força empreendedora é do norueguês Alexander Vik, com negócios em vários países, que decidiu produzir uma marca vinho de qualidade na América do Sul. Após testes geológicos, escolheu a propriedade de 4.300 hectares na região Central do país (a 200 km de Santiago). Além da vinícola, é atração também o hotel de luxo, projeto assinado pelo uruguaio Marcelo Daglio em parceria com os proprietários, inaugu-

rado em setembro de 2014. Tem teto de titânio bronzeado, piscina de borda infinita e 22 suítes – e banheiros – decorados individualmente com obras de arte, em sua maioria de artistas chilenos, entre eles Sebastián Valenzuela, Francisco Uzabeaga e Pablo Montealegre. Uma ampla sala de estar central e o jardim interno acolhem os hóspedes, apoiados pelo restaurante avarandado voltado à face Leste. A gastronomia na Viña Vik resgata o terroir chileno, privilegiando os pescados frescos do Pacífico, o salmão chileno, boas carnes – grande parte defumadas ali mesmo – e ingredientes trazidos de produtores da região, além de pães caseiros e doces, preparados artesanalmente. Tudo acompanhado, é claro, do vinho VIK, produzido e engarrafado na propriedade – que pode ser servido na sala de jantar ou no terraço com vista para as colinas cobertas pelas vinhas. De degustações acompanhadas por especialistas na bodega VIK aos passeios de bicicleta pelos vinhedos, cavalgadas e até voo de balão, as atividades de lazer na Viña Vik agradam a visitantes de todos os perfis.

www.vikretreats.com

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FESTA DE BRINCAR

EI, MENINO!

A Loft 313 Lugar de Brincar chegou um tanto diferente da maioria presente no mercado de festas infantis. Nada de brinquedos eletrônicos, por exemplo. A aposta foi em atividades lúdicas como oficinas de artes, culinária, música e teatro, incentivando uma volta à antiga forma de brincar. A proposta é dos empresários Haydée Hennig, Vivian Hennig, Lucia Dias e Rogério Dias. Que tal um teatro de madeira de pinus de reflorestamento para as crianças realizarem apresentações de música, dança, mágica e o que mais sonharem? Já para os bebês, o baby tatame, rodeado de puffs e mesinhas, permite que os pais brinquem junto ou apenas fiquem cuidando de seus filhos. O projeto arquitetônico é de Tatiana Weihmann, que remodelou a antiga fábrica de móveis operante no local tendo como referências espaços criativos e contemporâneos pelo mundo, entre os quais os clássicos lofts nova-iorquinos (a edificação da Loft 313 foi uma fábrica de móveis). A combinação dos tijolos originais do prédio, cimento, madeira, detalhes coloridos no mobiliário e pantalhas gigantes tornam o espaço despojado e aconchegante. Além disso, a gastronomia da casa oferece opções de cardápios que vão dos tradicionais às comidinhas mais saudáveis, acompanhando o estilo de vida de quem se preocupa com a saúde e boa alimentação. O lugar recebe até 200 pessoas. Tem capacidade para realizar aniversários para crianças de 1 a 10 anos, chás de bebê e outras comemorações para esse público. Os ambientes são adaptáveis a eventos corporativos como workshops, reuniões, entre outros, conforme a necessidade do cliente.

Leticia Wierzchowski dá sequência à produção de histórias infantojuvenis com Brinca, Menino. O novo título se soma aos já lançados Come, Menino e Dorme, Menino. Os livros são publicados sob selo Nova Fronteira, da Ediouro. Em Brinca, Menino, a autora conta a história de um garoto que só quer saber de jogar videogame. O texto delicado de Leticia aborda a trivialidade desse cotidiano – comer, dormir, brincar –, tão presente na vida de crianças e pais, com graça e poesia. Como nos títulos anteriores, Cado Bottega vai no mesmo tom e assina as ilustrações. Leticia publicou seu primeiro livro em 1998 – O Anjo e o Resto de Nós – e, a partir de A Casa das Sete Mulheres, de 2002, que teve edições estrangeiras e adaptação para TV, ganhou popularidade e reconhecimento. Cado tem mais de 30 anos de experiência no mercado publicitário.

LOFT 313 – LUGAR DE BRINCAR RUA LÍBERO BADARÓ, 313 I BAIRRO BOA VISTA 51 3508.5550 www.loft313.com.br

BRINCA, MENINO LETICIA WIERZCHOWSKI E CADO BOTTEGA NOVA FRONTEIRA I 32 PÁGS. I R$ 26,90


20 ANOS DE LETRAS

BOLOS E BOLINHOS

Foi numa caminhada meio sem pretensão pela Miguel Tostes com a minha irmã que descobrimos uma pequena fachada colorida e cheia de vida recém-aberta ao público. Ali pertinho da loja Pandorga, a Maria Bolaria nos intrigou e nos fez entrar. Um lugar pequeno, cheio de vida e de vidas. Detalhes por todos os lados. Mesinhas pequenas recheadas de conversas, cheiro de bolo recém-saído do forno, que lembrava a casa da minha vó. Um pequeno balcão com opções de bolos do dia para escolher e degustar ali mesmo. Um bolo e um café, para acompanhar uma boa conversa de manas. Um resgate do essencial. Olhos nos olhos e experiências simples e verdadeiras. Momentos de pausa que fazem a vida valer a pena. Na saída, escolho bolinhos pequenos, individuais, para levar comigo um pouco deste momento, reviver e compartilhar. POR CLAUDIA MAGNUS CHAVES

MARIA BOLARIA RUA MIGUEL TOSTES, 845 I PORTO ALEGRE/RS 51 3019.7724 facebook.com/pages/Maria-Bolaria

Pequena, aconchegante, ousada. De todos os gêneros, como diz seu slogan, por isso acolhedora. A Bamboletras acaba de completar 20 anos e comemora o lugar cativo no shopping Nova Olaria, bairro Cidade Baixa, e no coração de seus assíduos frequentadores. Rodeada por bares, restaurantes, salas de cinema e cafés, atrai um público diverso, apreciador de literatura e artes. – Quando abrimos, 20 anos atrás, não havia nenhuma megastore na cidade. Não havia nem e-books. E a gente segue firme, com um público fiel – ressalta Lu Vilella, proprietária da Bamboletras. Depois de um ano na Rua da República, a livraria migrou para o Nova Olaria. Nesse início, só vendia livros para o público infantil, o que gerou a inspiração para o nome Bamboletras – “bambolê de letras”. Em seguida, ampliou e diversificou o acervo, investindo em obras da literatura nacional e estrangeira. A seleção de livros é criteriosa e variada, das mais diversas áreas do conhecimento: literatura infantil e adulta, sociologia, psicanálise, filosofia, antropologia, quadrinhos, política. Além dos livros, a Bamboletras oferece CDs de jazz, eruditos, alternativos, MPB e bossa nova, DVDs (Antonioni, Fellini, Bergman, Rossellini), bancos customizados com obras de artistas como Frida e Tarsila do Amaral, camisetas, caixas de diferentes formatos, marcadores de texto e ímãs de geladeira singulares. O horário de funcionamento é outro diferencial: das 10h às 22h, inclusive nos domingos e feriados.

LIVRARIA BAMBOLETRAS RUA GENERAL LIMA E SILVA, 776 51 3221.8764


Cesta básica

CONTÊINER E PERGOLADO DOS CROCCO

O gostoso endereço da Vila Conceição, que já abrigava o atelier de Heloisa Crocco e o contêiner com cozinha profissional do chef Vico Crocco, agora tem mais um atrativo, e este é imbatível. Tirando o melhor proveito de um terreno belíssimo, cercado de verde, os Crocco montaram junto ao contêiner um espaço multiúso onde tudo – de bom – pode acontecer: almoços, jantares, happy hours com música ao vivo, mostras de arte, bate-papos interessantes, palestras, shows musicais, encontros de amigos, celebrações... Sob um pergolado que se comunica totalmente com a natureza do entorno, mesas rústicas e aconchegantes convidam a momentos memoráveis, que podem ser criados segundo os desejos de cada cliente. Além dos eventos personalizados e planejados sob encomenda, o chef Vico já tem muitas ideias para o espaço: em breve deve ter início uma agenda de eventos periódicos que irão oferecer aos porto-alegrenses uma nova e fresca opção de programa para os finais de tarde ensolarados e as noites de verão, tudo com o bom gosto e o cuidado que caracterizam a culinária de Vico e as atividades da família Crocco. Aguarde as boas notícias! POR MILENE LEAL

RUA SIMÃO BOLIVAR, 603 I VILA CONCEIÇÃO I PORTO ALEGRE I RS contato@croccostudiodesign.com vicocrocco@hotmail.com

51 3519.5734


SANTA PADARIA!

FOTO: LETÍCIA REMIÃO

Embasada no conceito de padaria artesanal (resgatando o processo utilizado no passado, com fermentação natural), a Pão Santo oferece um ambiente atrativo e aconchegante para compra e degustação de diversos tipos e sabores de pães, além de dispor de um cardápio de cafés, doces e salgados. Um prático diferencial são os pães artesanais pré-assados e resfriados: você pode comer em casa um pão quente a qualquer hora do dia, pois bastam 5 minutos no forno (elétrico ou convencional) para que o produto esteja pronto para consumo. As opções de pães artesanais vão muito além do delicioso pãozinho francês, já que o portfólio da casa conta com mais de 25 tipos de pães. Eles são embalados em saco zip lock, que proporcionam praticidade e conveniência para conservação do alimento. Além disso, a padaria oferece frios fatiados na hora e bem fininhos. O cardápio de doces da Pão Santo tem a assinatura da consagrada pâtissier Nana Pereira: tortinhas de vários sabores, Nana Porções, bombons, minissobremesas. A ideia é oferecer sempre produtos especiais, tanto em sabor quanto em apresentação. A Pão Santo prioriza a inovação, matérias-primas de qualidade e tecnologia agregada ao produto, com excelência no atendimento.

NILO PEÇANHA, 1700, LOJA 12 BOA VISTA I PORTO ALEGRE I RS 51 3237.3007

DUAS DÉCADAS DE ENCONTROS

Em 1995, Ana Claúdia Bestetti resolveu instalar uma cafeteria no bairro Moinhos de Vento. Até então, a rua era predominantemente residencial. A cafeteria? Café do Porto – hoje uma referência absoluta na cidade. Um encontro formal, uma reunião ou mesmo uma pausa sem pretensões… sempre se acha um motivo para um cafezinho. No caso do Café do Porto, hoje em dia a parada se dá em uma das ruas mais conhecidas e frequentadas da Capital, com inúmeros outros cafés, restaurantes e lojas. Ao pioneirismo do empreendimento, após 20 anos, se agrega a virtude de ter se adaptado e crescido com as mudanças que testemunhou. O tempo passou, mas a missão do charmoso lugar continua a mesma: oferecer um excelente café, de origem e qualidade comprovada; estimular a cultura local e o encontro.

CAFÉ DO PORTO – PAUSA E PRAZER R. PADRE CHAGAS, 293 MOINHOS DE VENTO I PORTO ALEGRE I RS www.cafedoporto.com.br

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Cesta básica

CELEBRIDADE CARIOCA

Mais do que um hotel de luxo na Zona Sul do Rio de Janeiro, o Copacabana Palace é uma celebridade carioca. E é sempre bom lembrar que nem só de história e glamour vive essa celebridade tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional e com arquitetura restaurada desde que foi adquirida em 1989 pelo grupo Belmond. De gastronomia, também. Por isso, mesmo quando não for possível reservar uma suíte, a sugestão é reservar uma mesa para sentir de perto a atmosfera única do local. Entre e explore o cenário, tome um drinque e garanta sua mesa em um dos três respeitáveis restaurantes coroados com a vista da piscina: o sofisticado italiano Cipriani, o asiático badalado Mee (que abriu

em 2014 e já recebeu uma estrela no Michelin) ou o Pérgola, famoso pelo café da manhã, feijoada aos sábados e o divino brunch aos domingos. Todos os restaurantes são abertos ao público e encantam pela atmosfera singular, serviço e decoração impecável. A única experiência gastronômica restrita aos hóspedes é a peregrinação de luxo ao Cristo Redentor, que tem seu ponto alto em um suntuoso café da manhã. Tudo isso, é claro, aos pés do Cristo, a partir das 6h da manhã, quando a visitação ainda não é aberta ao público. Um verdadeira bênção. Aliás, em maio deste ano, o Copacabana Palace anunciou uma parceria com o monumento símbolo do Rio. Será o patrocinador de parte do projeto de conservação da estátua.

BELMOND COPACABANA PALACE AV. ATLÂNTICA, 1702 I COPACABANA I RIO DE JANEIRO 21 2548.7070 reservations.brazil@belmond www.belmond.com/copacabanapalace

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FRANGO EXPRESS COM SABOR MASTER

A ideia do Pulp Chicken Gourmet Express começou com um ingrediente que sempre dá certo: amor. José Pedro Peixoto de Oliveira costumava preparar para a família e os amigos aquela que logo se tornaria a receita preferida de todos: um delicioso galetinho crocante por fora, tenro por dentro, aromático e suculento. A advogada Sarita Vallim, esposa de Pedro, resumiu em uma frase a qualidade do prato: “Isso não é tempero, é dom”. O projeto de restaurante ficou na cabeça do dentista José Pedro e de Sarita até a chegada da sócia Elisa Piccinin François. Juntos, os três escolheram a casa agradável da Fabrício Pillar, adicionaram uma decoração aconchegante e elaboraram o cardápio. Desde então, José Pedro se divide entre o consultório e as panelas. Inaugurado em julho, o restaurante tem entre os destaques do seu menu o Pulp Penne (frango com massa penne integral + salada), o Pulp Todo Dia (frango + salada +acompanhamento) e a Polenta Mole com molho funghi (+frango + salada). Também oferece opções de saladas, acompanhamentos e sobremesa e conta com uma boa carta de cervejas artesanais. Tem tele-entrega e fica aberto de segunda a sábado. Criativo do nome aos pratos e justo nos preços, o restaurante é uma nova e ótima opção em Porto Alegre, como mostra o salão sempre cheio.

FABRÍCIO PILLAR, 164 I MONT’SERRAT I PORTO ALEGRE I RS 51 3084.6400 www.pulpchicken.com.br

BURGER COM VINHO

O Wein Haus é o primeiro vinho com a assinatura da casa Haus Burger Bar. A novidade celebra a confiança e a parceria entre a hamburgueria e a Guatambu Estância do Vinho. Em 2009, quando o primeiro vinho cantina foi elaborado pela empresa, quem comercializou a primeira garrafa em Porto Alegre foi o sommelier Junior Maroso, proprietário da Haus Burger Bar. Wein Haus é um tannat intenso, versátil, de boa estrutura e equilíbrio, pensado para harmonizar com os burgers e petiscos da casa. Foi engarrafado em 2013, e o rótulo – que remete ao Muro de Berlim – é uma criação do artista plástico Mauricio José. A ideia dá continuidade à proposta da casa de valorizar a cultura alemã. Por ocasião do lançamento e degustação do vinho, a chef convidada Biba Retamozo preparou um Eisbeinburger, feito com pão de malte da Divina Padoca, joelho de porco defumado, maionese de mostarda, entrecot bovino, queijo mussarela e saladinha.

HAUS BURGER BAR R. DR. PRUDENTE DE MORAES, 555 I BAIRRO TRÊS FIGUEIRAS 51 3407.2367 www.hausburgerbar.com.br

Estilo Zaffari

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HOTELARIA DE LUXO A The Leading Hotels of the World foi fundada em 1928 e está em presente em 80 países, com maravilhosas opções de hospedagem e spas. Tem no seu portfolio 420 propriedades que passam por uma rigorosa inspeção antes de receberem a certificação Leading. Participar da Leading, aliás, significa ter a chancela de uma das mais importantes associações de hotéis de luxo do mundo. Viajantes frequentes podem se inscrever no Leaders Club e obter uma série de benefícios que incluem, conforme a categoria, up grade de acomodação, early check-in e late check-out e lounges em aeroportos. A grande vantagem para o passageiro é a segurança de que um hotel ou spa Leading oferecerá sempre um alto padrão em termos de conforto, serviço e elegância. POR CRIS BERGER

LEADING HOTELS OF THE WORLD 11 3171.4000 (Escritório do Brasil Grande São Paulo) 0800 014.1819 (Demais Localidades) @leadinghotelsoftheworld hashtags #LHWtraveler e #leadinghotels para compartilhar os melhores momentos de suas viagens

PLANOS DE AÇÃO

Moda e design, caminhos que divergem, convergem, interagem e estão sempre em movimento são o foco de atuação da Compassing. A empresa busca por soluções inovadoras e criativas em gestão comercial de coleções, pesquisa de tendências e comportamento, programação visual de lojas e showrooms, além de capacitações in company e curadoria de marcas para o varejo. À frente da empresa está Tatiane Alves, pós-graduada em Moda, Comunicação e Consumo PUCRS, consultora e com experiência no segmento há mais de dez anos. Desenvolvendo pesquisa e criando alternativas para um mercado competitivo e mutante, em que empreendedores geralmente têm muitos sonhos, a Compassing propõe soluções customizadas para tornar reais estes projetos. A consultoria organiza o plano de ação do negócio do cliente pensando no resultado final, nas escolhas dos consumidores, na construção de uma experiência de compra mais prazerosa e inovadora – e assim conquista e fideliza o consumo da marca.

COMPASSING – TATIANE ALVES 51 93886573 conteudo@compassing.com.br


CORPO E ESPÍRITO

BRINDE DE ANIVERSÁRIO

O Dona Bita 70 meses é um espumante especial. Foram anos de dedicação até chegar ao ponto ideal, e agora a homenagem da vinícola Don Giovanni pode se espalhar por mesas e festas. O lançamento celebra os 70 anos, completados em julho, de Beatriz Dreher Giovannini, cujo apelido carinhoso dá nome ao rótulo. Ela é a mãe dos proprietários da vinícola de Pinto Bandeira (RS): Paola, Fábia e André. A bebida foi elaborada a partir da união das variedades Chardonnay e Pinot Noir – ambas de produção própria da Don Giovanni – por método tradicional: fermentação na própria garrafa e 70 meses de maturação. Tem cor amarelo dourado, excelente brilho e perlage intenso, persistente com borbulhas pequenas e de grande intensidade. É um espumante cremoso, de expressivo volume e aroma agradável.

VINÍCOLA DON GIOVANNI www.dongiovanni.com.br.

O prédio de dois andares, com amplas aberturas, chama a atenção de quem passa pela Praça Araguaia, contornando o Guaíba no bairro Vila Assunção. Principalmente à noite, os janelões iluminados sugerem atrativos diferenciados numa região tipicamente residencial, mas que atrai muitas pessoas da cidade por sua beleza e tranquilidade na Zona Sul. O Via Cultura colabora para promover esse bem-estar com propostas criteriosas e de qualidade, para o corpo e para o espírito. A casa foi inaugurada em junho deste ano, com a apresentação do Coro Internacional da Universidade de Harvard. Desde então, a receptividade aumenta a cada dia – público atraído pela agenda do Espaço Saúde e do Espaço Cultura. É provavelmente o único lugar em Porto Alegre que desenvolve um trabalho de condicionamento físico e dança com ênfase em quem chegou ou passou dos 40 anos. A proposta é de um treino completo, personalizado, com possibilidades que incluem musculação clínica, reforço muscular, pilates e treinamento funcional. As áreas de ciências humanas e artes, com palestras, workshops e cursos, estão contempladas na agenda cultural. Recentemente, a noite musical com o grupo Marmota Jazz atraiu bom público. Estão confirmados, dentre outros, já na terceira edição, o curso de Filosofia “As Virtudes”, com Rafael Gessinger e Rita Zanini, e o curso “A Construção do Romance”, inédito, com Luiz Antonio de Assis Brasil, que dispensa apresentações. O local tem estacionamento, rampa para portadores de necessidades especiais, ambiente climatizado, monitoramentos interno e externo, segurança, cafeteria, loja e jardim.

VIA CULTURA RUA CARAJÁ, 51 I BAIRRO VILA ASSUNÇÃO 51 3237.8737 www.viacultura.com.br Estilo Zaffari

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Cesta básica

ROSA DOS VENTOS

CONFISSÕES VEG

Com muito bom humor, Samira Menezes conta em livro como o veganismo transformou sua saúde e sua maneira de ver o mundo. Confesso Que Comi é um manual com dicas práticas, e a jornalista fala sobre nutrição vegana, comportamento, ecologia, além de incluir diversas reflexões sobre a exploração dos animais e a importância de tratá-los com mais amor e dignidade. Samira tem larga experiência no tema. Antes de se mudar para Milão (Itália), onde vive, foi editora-executiva da Revista dos Vegetarianos, publicação para a qual continua colaborando. Há anos se dedica à pesquisa da nutrição e da cultura vegetariana. A autora vê o vegetarianismo como uma ferramenta para a construção de uma cultura de paz. E comentou por ocasião do lançamento do título: – Não entendo por que as pessoas se espantam tanto com o fato de a carne de cão ou gato ser apreciada na China quando, no mundo ocidental, uma quantidade enorme de bois, vacas, porcos, peixes e galinhas são mortos todos os dias para consumo humano. Todos os animais merecem compaixão.

CONFESSO QUE COMI – MINHA JORNADA RUMO A UMA ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA SAMIRA MENEZES EDITORA EUROPA 176 PGS. I R$ 39,90

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A combinação de serviços e cuidados é inovadora, arrojada, acolhedora e fundamentada em anos de prática clínica. A Rosa dos Ventos Nutriart acaba de inaugurar uma proposta pioneira. É um spa? É uma clínica de nutrição? É um centro de naturopatias? É um local para cursos? É uma loja natureba? Não. O que é, então? É tudo isso junto e muito mais. – Ao longo de muitos anos de consultório, ouvi as mais diferentes dificuldades, queixas, quando as pessoas tentavam mudar hábitos para viver melhor. A Rosa dos Ventos Nutriart tem uma solução para cada uma dessas dificuldades – explica Daniela Fernandes, nutricionista e idealizadora. São cinco as unidades de serviço da Rosa dos Ventos Nutriart: espaço terapêutico, espaço gourmet, clube Nutriart, imersão e loja. O espaço terapêutico conta com reiki, hidroterapia (cromoterapia, aromaterapia, hidrozônio), iridologia, massagem, terapia de fluido bastões, entre outros. Integram os serviços ainda a agenda para consulta nutricional, make up e visagismo. Na Imersão Renovar, os participantes passam o dia no local experimentando todos os serviços e cuidados, além de refeições detoxificantes, enquanto rolam bate-papos cheios de informação e segredinhos sobre alimentação. O Clube Nutriart dá aos sócios vantagens exclusivas. No Espaço Chef.Você ocorrem cursos, workshops e confraternizações no estilo antirrestaurante. A loja-conceito vende receitas.Basta escolher quais se quer levar, para quantas pessoas, e a Rosa dos Ventos entrega os ingredientes higienizados, na porção exata, para serem feitos em casa. Todos os ingredientes – majoritariamente orgânicos, sempre frescos – em um só lugar e sem desperdícios.

ROSA DOS VENTOS NUTRIART AV. EDUARDO PRADO, 1884 BAIRRO IPANEMA I PORTO ALEGRE I RS 51 3226.3736 FB /Rosa-dos-Ventos-Nutriart


OFICINAS DE ARTE PARA CRIANÇAS E ADULTOS O TEMPO DE VITOR RAMIL

O desenvolvimento de parte da trajetória e da criação do músico, compositor e escritor Vitor Ramil acaba de ganhar registro. Vitor Ramil – Nascer Leva Tempo, livro do professor de filosofia e escritor Luís Rubira, aborda do início da carreira, no final da década de 1970, até o lançamento do disco Longes, em 2004. É uma edição da Pubblicato Editora e da IdeativaCultural, com financiamento do Fumproarte. Luís Augusto Fischer assina o prefácio. Sobre o músico e o cenário trazido pelo livro, comenta: “o tempo vai consagrar como uma das maiores experiências estéticas que o Rio Grande do Sul já teve”. Luís Rubira, o autor, nasceu em Porto Alegre. Fez doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, em 2009, com na Université de Reims Champagne-Ardenne, na França. Hoje é professor adjunto do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Pelotas.

VITOR RAMIL: NASCER LEVA TEMPO PUBBLICATO EDITORA/IDEATIVA CULTURA 344 PÁGINAS R$ 50

Desenvolver o amor pela arte e estimular as habilidades artísticas de crianças e adultos são preocupações constantes da Gravura. E é por isso que a galeria promove periodicamente cursos e oficinas nas seguintes áreas: desenho, pintura e aquarela, processo criativo para artistas, escultura e desenho e pintura para crianças e adolescentes. As aulas acontecem em diversos horários no decorrer da semana e há várias opções de cursos para cada faixa etária e nível de conhecimento técnico. A participação é aberta a todos, desde iniciantes até artistas que buscam aprimoramento. Os cursos têm atendimento individualizado e acontecem em um ambiente agradável e climatizado. As turmas, para adultos ou crianças, têm no máximo seis alunos, para que o rendimento seja maior. Os interessados podem fazer uma aula experimental e aproveitar também para conhecer o belo espaço de exposições da Gravura Galeria.

OFICINAS DE ARTE NA GRAVURA GALERIA INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES 51 3333.1946 gravura@gravuragaleria.com.br


Cesta básica TRÊS LUGARES IMPERDÍVEIS NO ROSA

Eu não ia para a Praia do Rosa há uns 10 anos... ou mais... Então, óbvio, me assustei com as mudanças do lugar. O Rosa hoje, além daquela praia linda, tem gastronomia de alto padrão e hospedagem idem, e para os mais diversos perfis. Tudo sempre muito charmoso, especial. Fiquei duas noites no Village Praia do Rosa, com marido e duas filhotas pequenas. O Village tem 20 casas espalhadas por uma encosta de morro que termina na beira da praia. Cada casa com sua privacidade, seu quintalzinho, sua varanda. E todo o conforto de que se precisa para curtir dias ótimos. Uma delícia. O café da manhã é completo, tem pães e bolos feitos lá mesmo, muitas frutas, sucos e os tradicionais pratos quentes. A infraestrutura da pousada é excelente: piscina com bar, fitness, pracinha, espaços para eventos (muitos mini-weddings acontecem por lá) e, em breve, piscina térmica e outros atrativos para a época de frio. Destaque total para a iniciativa do Village Praia do Rosa de promover palestras para os hóspedes sobre a vida marinha – com foco especial nas baleias Jubarte –, proferidas por uma experiente e queridíssima bióloga que conquista crianças e adultos com seu conhecimento. Para nós, a palestra foi a preparação ideal para o programa nota 10 que fizemos à tarde: passeio pela trilha que atravessa os morros, para avistar as baleias. Imperdível. Na noite da nossa chegada fomos jantar no Refúgio do Pescador, restaurante da Pousada das Brisas. Como era uma sexta-feira de inverno, o restaurante estava tranquilo, o que foi ótimo pra nós. Jantamos com calma, fomos superbem atendidos, tomamos um vinho e as crianças encontraram até um sofá pra descansar. Comemos peixe e frutos do mar, as meninas uma massinha com filé (sim, eles têm pratos kids), tudo muito bem preparado e gostoso. O Refúgio é uma graça de restaurante, bem decorado, aconchegante, luz de velas e uma ótima integração com a área externa. Na noite seguinte, sábado, jantamos no Tigre Asiático, conceituado e prestigiado restaurante do Rosa. Casa cheia, com muitos casais jovens e também vários grupos de amigos. Os pratos, que passeiam pela culinária da Tailândia e do Japão, são gostosos e lindamente apresentados. O restaurante tem uma ambientação bem temática, luz difusa, é perfeito para uma noite a dois. O jantar estava ótimo: sushis de entrada, pratos thai para os adultos, bifinhos e batatinhas fritas para as crianças. O atendimento é supergentil, as crianças ganharam mimos do garçon (minisombrinhas de papel), mas vale ressaltar: à noite, o Tigre Asiático é um restaurante para ser curtido por adultos. POR MILENE LEAL

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REFÚGIO DO PESCADOR 48 33556020 refugiodopescador.com.br VILLAGE PRAIA DO ROSA 48 3355.7199 villagerosa.com.br TIGRE ASIÁTICO 48 3355.7045 tigreasiaticorestaurante.com.br


HOUSE BISTRÔ CAFÉ

Ao aceitar o convite de um amigo para um almoço de trabalho no meio de semana jamais poderia imaginar que iria viver uma experiência como aquela. Fui me aproximando do endereço e me dando conta que sim, era mesmo naquela casa antiga de cor turquesa. Logo ao chegar, fui presenteada com estacionamento com manobrista, um luxo necessário em Porto Alegre hoje em dia. Ao entrar, um suspiro para cada lado que me virava, para cada canto que meu olho se fixava. Talvez pela arquitetura tão lindamente recuperada e valorizada, ou quem sabe pelos detalhes de época ou ainda pelas muitas referências nos objetos usados na decoração. O sentimento era de volta ao passado. Ou melhor, uma volta às casas de meus antepassados, um “lugar conhecido”. Um espaço muito aconchegante, que me fez sentir em casa. Estava frio e nos sentamos numa mesa banhada de sol. Para nossa surpresa e deleite, depois da salada, morna, apropriada para o dia frio, um bacalhau que estava de “comer de joelhos”, como diria meu pai (o eterno “Machão de Avental” *). Mas as surpresas não pararam por aí. A torta de maçã, servida como sobremesa, estava divina. Não tenho lembrança de ter saboreado uma torta como aquela. Perfeita! Para acompanhar o menu do dia, uma taça de vinho branco. Claro que conhecer a chef seria inevitável. E eis que aparece Ana Celina, uma doçura em pessoa. Não poderia ser diferente. Um presente e gratidão por ter sido nutrida por aquela energia. A casa ainda tem salões mais reservados para grupos e em muito se parece mesmo com uma casa, com recantos de estar, onde todos os comensais conseguem se sentir únicos. Recomendo essa experiência aos amantes da boa comida e do tempo. Do tempo de parar, de silenciar, de agradecer. POR CLAUDIA MAGNUS CHAVES

RUA DONA LAURA, 19 I PORTO ALEGRE I RS 51 3407.7371 I 51 8241.2242 facebook.com/CafeBistroHouse facebook.com/pages/Ana-Celina

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Sabor

Vida nas รกguas RECEITAS INSPIRADAS PELA PESCA ARTESANAL P O R

F L AV I A

M U

F OTO S

D E N I S O N

FA G U N D E S



Sabor Beira da praia de Atlântida. Duas meninas, de maiôs coloridos e cheios de babados, entram no mar até que a água molhe os joelhos. Seguram firme um saco de batatas. Uma de cada lado. E, sob olhar cuidadoso da mãe, esperam a onda seguinte ir e vir. Então, chega o momento tão esperado daquela manhã: um monte de peixinhos aparece na rede e fazem ainda mais especial aquele almoço da família. Quem viveu momentos assim (e se divertiu muito) deve ficar com água na boca, até hoje, só de ouvir falar em peixe-rei, papa-terra e tantos outros peixes que são pouco valorizados pelo mercado. Afinal, quando é que ficamos tão distantes dos peixes frescos? “A falta de cultura e de identificação do gaúcho com o mar torna-nos pouco curiosos sobre as variedades daqui e isso mantém a economia afastada de sua própria produção”, reflete Rafael Guimarães, que através da sua distribuidora, Alma Pescados, incentiva a pesca sustentável, conscientizando os pequenos pescadores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e promovendo o consumo dos peixes e frutos do mar de cada estação, respeitando a disponibilidade e a safra no oceano. Pescar é uma das atividades econômicas mais tradicionais do Brasil. Não poderia ser diferente, considerando a abundância de águas que nos cercam. A pesca artesanal é feita por pequenas embarcações que circulam numa distância de até seis milhas náuticas da costa e usam redes pequenas e médias em viagens de curto período. “E isso preserva muito mais a qualidade do peixe, que fica menos tempo em alto-mar. As redes, que também não passam longos períodos debaixo d’água, acabam diminuindo o efeito da pesca colateral, que é quando outras espécies ficam presas por engano”, detalha. Além das redes, anzóis, espinhel e tarrafas fazem parte das técnicas da pesca artesanal. “E o mais importantes: toda a família dos pescadores participa do processo de pesca em algum momento”, revela. Esse caminho alternativo incentivado por Guimarães – que é surfista, apaixonado pela natureza e pescador – mostra-se, de certa forma, como uma volta necessária no tempo para que a natureza, então, tenha seu próprio tempo. “Há técnicas de pesca que causam prejuízos severos ao meio ambiente. Uma delas é a pesca de arrasto de pilares, em que grandes pedaços de concreto são arrastados pelo fundo do oceano, trazendo, junto do menu do dia, boa parte do ecossistema marinho”, adverte. Guimarães aposta na piscicultura como tendência. O cultivo de peixes e de frutos do mar em viveiros e tanques é também uma maneira de proteger os mares e preservar espécies. Atualmente, existem criações de camarões, tilápias (conhecido no mercado como Saint Peter), mexilhões, ostras, vôngoles entre outros. “Esta prática apresenta pouco risco ao meio ambiente, alta confiabilidade e controle de origem dos pescados, já que os peixes têm, ao longo da vida, uma alimentação bastante regrada. E, sem dúvida, evita a depredação ou esgotamento de espécies”, salienta.


“A FALTA DE CULTURA E DE IDENTIFICAÇÃO DO GAÚCHO COM O MAR TORNA-NOS POUCO CURIOSOS SOBRE AS VARIEDADES DAQUI E ISSO MANTÉM A ECONOMIA AFASTADA DE SUA PRÓPRIA PRODUÇÃO”, REFLETE RAFAEL GUIMARÃES, DA ALMA MARINHA


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CHEFS GAÚCHOS PROMOVEM O CONSUMO DOS PEIXES E FRUTOS DO MAR DE CADA ESTAÇÃO, CONSCIENTIZANDO SOBRE O RESPEITO À DISPONIBILIDADE E À SAFRA NO OCEANO. E O FRESCOR TRAZ OUTRA QUALIDADE AOS PREPAROS

PEIXES DAQUI O litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina tem uma variedade imensa de pescados. “Temos peixes com muito sabor!”, reconhece. A corvina dourada é bem comum em Rio Grande, a tainha é típica dos mares do sul, a anchova tem carne mais escura e gosto pronunciado, o linguado conquista por sua carne branquinha e saborosa, a suavidade do tamboril tem valor maior no exterior do que por aqui, o pargo é cheio de sabor e o polvo, comum no litoral gaúcho (e também carioca), tem sabor e texturas inconfundíveis. “E isto é apenas uma amostra da excelente carta de produtos que nosso litoral oferece. Há muitos outros, como peixe pampo, abrótea e tantas outras especialidades. Porém, isso ainda é pouco valorizado. O tamboril – também conhecido como peixe-sapo – é abundante por aqui. Na Europa e na Ásia é considerado prato exótico e preparado em restaurantes renomados a preços salgados. Por aqui, o filé custa em torno de R$ 27 por quilo; em países europeus custa pelo menos o dobro e ainda em euros!”, manifesta-se. DO MAR PARA A MESA A bandeira da “pesca sustentável” é levantada também pela gastronomia. É inquestionável que quanto mais fresco o peixe melhor será seu aproveitamento na cozinha e também à mesa. Nesta edição da Estilo Zaffari, convidamos três chefs que compartilham desta preocupação com o mar para cozinhar perto da água: Felippe Sica, Aluisio Sabino e Jorge Curi. O Butiá, em Itapuã, tornou-se o cenário perfeito para uma cozinha ao ar livre. As margens do Rio Guaíba fazem uma ligação inspiradora com a Lagoa dos Patos e com o oceano. FELIPPE SICA Quando morava em Salvador, ainda criança, um dos melhores programas da família de Felippe

Sica era pescar e, depois, preparar em casa. “Lembro, até hoje, da emoção de ver aquela ‘boinha’ afundar, mostrando que o peixe fisgou a isca”, empolga-se. O espírito de preservação do ecossistema marinho sempre fez parte de seus valores, hoje transmitidos para os dois filhos pequenos. A cada “drop”, o chef – que também é surfista – toma consciência da magnitude e da complexidade dos oceanos. E tudo isso é motivação para levantar qualquer bandeira que possa proteger uma de suas grandes paixões: o mar.

ALUISIO SABINO O caminhão para e descarrega alguns quilos de pescados para o jantar que será servido logo mais a noite. Aluisio Sabino dá uma observada, ajeita o bigode e, com muita precisão, começa a limpar o peixe. Com o maior prazer. O peixe está fresquinho, sem cheiro de amônia e quaisquer outras substâncias usadas para conservar o produto por mais tempo. E toda vez que essa cena repete-se lembra dos ensinamentos de Martin Berasategui, chef estrelado com quem trabalhou no País Basco: “Não importa a espécie. Quando o peixe é fresco sempre dá um bom prato”. JORGE CURI Bom de papo. Parece até pescador. Talvez sejam os ares de Rio Grande, cidade portuária onde Jorge Curi nasceu e cresceu. Por ali, sempre acompanhou de perto as chegadas e as partidas das embarcações e fez amizade com as famílias que, hoje, distribuem os pescados para o Madre Mia, restaurante que comanda em Pelotas. Jorge é daqueles que fazem questão de compartilhar suas descobertas: sempre retorna à vila de pescadores para mostrar possíveis aproveitamentos dos peixes e daquelas espécies que seria descartadas, como é a lagosta sapateira, e também valorizar símbolos locais, como a anchova.

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POR FELIPPE SICA

FELIPPE SICA, NUM PREPARO SIMPLES, COLOCA O PARGO NO FOGO. OS CAMARÕES ROSA ILUSTRAM A PISCICULTURA, QUE É UMA TENDÊNCIA DE CULTIVO SUSTENTÁVEL DE FRUTOS DO MAR

Pargo Grelhado com Purê de Banana 1 PARGO 300 G DE BANANA 2 COLHERES (SOPA) DE MANTEIGA 250 ML DE LEITE SAL E PIMENTA-DO-REINO

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MODO DE FAZER O PEIXE: Tempere com sal e pimenta-do-reino. Asse dos dois lados na churrasqueira, virando após 15 minutos.

MODO DE FAZER O PURÊ DE BANANA: Aqueça o leite com a manteiga e cozinhe a banana até que fique macia. Retire a banana e bata no liquidificador com um pouco do leite até que fique com textura de purê. Se ficar muito difícil de bater, adicione um pouco mais de leite. Retire com uma espátula e tempere com sal e pimenta-do-reino.


Camarão Rosa Grelhado com Farofa de Cuscuz de Milho e Maionese de Bergamota 1 KG DE CAMARÃO ROSA VG CUSCUZ 1 E 1/2 XÍCARAS DE FUBÁ (FLOCOS GRANDES) 1/2 XÍCARA DE ÁGUA 1/2 COLHER (CHÁ) DE SAL 4 COLHERES (SOPA) DE MANTEIGA MAIONESE DE BERGAMOTA 1/2 XÍCARA DE LEITE INTEGRAL 1 COLHER (SOPA) DE SUCO DE LIMÃO 1 COLHER (CAFÉ) DE SAL 1/2 DENTE DE ALHO 1/2 COLHER (SOPA) DE MOSTARDA DIJON ÓLEO DE GIRASOL (CERCA DE 1 XÍCARA) 4 COLHERES (SOPA) DE CALDA DE BERGAMOTA

MODO DE FAZER O CAMARÃO: Grelhe o camarão na churrasqueira dos dois lados por cerca de 3 minutos.

MODO DE FAZER O CUSCUZ: Em um recipiente, adicione o fubá e umedeça com a água e acrescente o sal. Deixe descansar por 5 minutos. Em seguida, coloque água na cuscuzeira até atingir a marca (toda cuscuzeira tem uma marca até onde você deve colocar água). Transfira o fubá para a cuscuzeira e cozinhe por cerca de 10 minutos. Se você não tiver cuscuzeira coloque água para ferver numa panela e, em cima, coloque uma panela para cozinhar a vapor com o fubá dentro. Derreta a manteiga numa frigideira grande e coloque o cuscuz. Mexa bem e tempere com sal. Cozinhe até que fique crocante.

MODO DE FAZER MAIONESE DE BERGAMOTA: Coloque leite, suco de limão, mostarda, sal, alho picado no liquidificador. Comece a bater e coloque o óleo em fio, sem parar, até que fique na consistência de maionese. Coloque numa tigela. Misture com a calda de bergamota. Sirva acompanhado de legumes na churrasqueira com azeite de oliva: cenoura, aspargos, alho-poró.

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POR ALUISIO SABINO

O TAMBORIL, POUCO VALORIZADO POR AQUI, É INGREDIENTE ESPECIAL EM RESTAURANTES RENOMADOS DA EUROPA E DA ÁSIA. AQUI, É PREPARADO COM CUIDADO POR ALUISIO SABINO

Lombo de Tamboril e Legumes Grelhados 500 G DE PEIXE TAMBORIL SAL PIMENTA-DO-REINO 2 COLHERES (SOPA) DE AZEITE 1/2 LIMÃO CENOURA E ASPARGOS GRELHADOS 38

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MODO DE FAZER: Retire a espinha central do peixe e divida em 4 lombos. Coloque o azeite na frigideira, em fogo médio, e ponha o peixe temperado com sal e pimenta. Deixe por 4 a 6 minutos no fogo e vire o peixe. Baixe um pouco o fogo e cozinhe até estar no ponto. Corte em medalhões e sirva com os legumes grelhados. Finalize com limão e azeite.


Salada de Polvo 1 KG DE TENTÁCULOS DE POLVO 1/4 DA PARTE BRANCA DA ERVA-DOCE 1 LIMÃO SICILIANO AZEITE DE OLIVA EXTRAVIRGEM SALSA CORTADA SAL PIMENTA-DO-REINO CALDO 2 LITROS DE ÁGUA 1/2 ANIS ESTRELADO 5 CRAVOS 2 CENOURA 2 TALOS DE SALSÃO 2 CEBOLA CEBOLINHA MODO DE FAZER: Coloque numa panela todos os ingredientes do caldo e ferva por 20 minutos.Acrescente o polvo. Cozinhe por 35 a 45 minutos até que o polvo fique macio. Retire o polvo e deixe o caldo reduzir até 100 ml. Corte o polvo em anéis de 2 centímetros. Junte a erva-doce cortada fina. Acrescente limão, azeite, salsa. Tempere com sal e pimenta-do-reino.

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POR JORGE CURI

JORGE CURI LIMPA A LAGOSTA SAPATEIRA, COMUM EM SUA REGIÃO, QUE É A ESTRELA DO CEVICHE PREPARADO POR ELE

Ceviche de Lagosta Sapateira 1 LAGOSTA SAPATEIRA MÉDIA 50 ML DE SUCO DE LIMÃO BERGAMOTA 5 ML DE SUCO DE GENGIBRE FRESCO 20 G DE PIMENTA DEDO-DE-MOÇA 35 G DE CEBOLA ROXA 2 G DE COENTRO

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MODO DE FAZER: Retire a carne da casca e corte em fatias finas. Misture os sucos com a cebola roxa em fatias finas e a pimenta picada. Finalize com as fatias de peixe, regue com suco, cebola, pimenta e coentro fresco.Sirva imediatamente. Se não for consumir na hora, não misture o suco com a lagosta, pois ficará muito cozido.


Filé de Anchova Assada, Purê de Abóbora, Cenoura, Rabanete e Brotos 1 ANCHOVA MÉDIA EVISCERADA E SEM ESCAMAS 1 ABÓBORA JAPONESA PEQUENA 1 CENOURA PEQUENA LÂMINAS DE RABANETE BROTOS DIVERSOS MODO DE FAZER: Asse a anchova inteira com sal grosso e azeite extra-virgem em fogo ameno. Corte a abóbora e a cenoura ao meio, regue com azeite e asse na churrasqueira com a casca voltada para cima. Corte as lâminas de rabanete, regue com vinagre de maçã e reserve. Corte uma posta do filé de anchova, faça um purê rústico com a abóbora assada e disponha no prato.

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Lima para alimentar a alma

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T E X TO

E

F OTO S

P O R

PAU L A

TA I T E L B AU M

Lima tem cheiro de mar. Tem o odor da beira da praia em dia de ressaca. Foi essa a certeza que me invadiu quando desembarquei no aeroporto da capital peruana, na madrugada de um domingo, sob a bruma úmida e salgada de uma terra que fica entre as águas pacíficas e misteriosas do oceano e as montanhas mágicas e áridas que precedem a cordilheira dos Andes. Lima é normalmente um destino de passagem. Uma rota para os que rumam ou retornam de Machu Picchu. Mas para mim ela foi o único destino de uma viagem que durou sete dias. O encontro dessa cidade comigo me fez mergulhar em ondas de sabores que não deixaram dúvida: Lima é um inesquecível paraíso para o paladar. Onde a gastronomia proporciona uma avalanche de sensações com seus ingredientes que, de tão ricos, foram capazes de erguer um império. Quinoa, amaranto, chia, milho, batata, abacate, physalis, cebola e pescado. Quando tudo isso se junta, os gostos explodem como se fossem fogos de artifício, iluminando o céu da nossa boca e deixando as papilas gustativas em festa.

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PARA SE HOSPEDAR Meu hotel foi escolhido usando o sempre fiel Booking. com. Encontrei uma boa oferta e optei pelo Runcu, no distrito de Miraflores. Lima é assim: não tem bairros, tem distritos. Cada um bem diferente do outro e com uma intendência própria. Miraflores é sempre o mais indicado para ficar, com a maior concentração de hotéis e parques. Há pencas de possibilidades para todos os gostos e bolsos, e o Runcu é bem localizado, confortável, tem wifi, ótimo atendimento e café da manhã. Para você ter uma ideia de como eles são atenciosos: na hora de ir embora, fizemos checkout às seis da manhã e, como o restaurante ainda não estava aberto, ganhamos um lanche para viagem, com suco, fruta e sanduíche. Mas atenção, se for se hospedar lá, peça um quarto com final 4, pois são os melhores (os de final 1 ficam perto do elevador e têm barulho). Para ir do aeroporto até o hotel eu reservei um carro do Lima Cab por 29 dólares, pagos na hora para o motorista. Há quem prefira os chamados táxis verdes, mas como chegaríamos tarde da noite, achei melhor não arriscar. O voo da Lan Chile atrasou duas horas, mas nosso motorista estava lá, exibindo uma plaquinha com meu nome. A moeda peruada é o soles e anda empatando com o real em tempos de dólar em alta, o que atrapalha as compras, mas facilita as coisas na hora de saber quanto estamos pagando (nada como ser positiva!). Leve dólares,

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e não reais, para trocar em Lima. E prefira pagar em soles, pois mesmo aceitando a moeda norte-americana, as lojas oferecem menos do que as casas de câmbio.

PARA SE LOCOMOVER Numa cidade em que não há metrô, onde os ônibus são verdadeiras carcaças enferrujadas sobre pneus carecas e na qual é impossível ir a pé de um distrito a outro, só há uma possibilidade de transporte: táxi. São muitos os taxistas pelas ruas de Lima e você precisa saber algumas coisas sobre eles: 1- Nenhum táxi possui taxímetro e é preciso perguntar o preço antes de embarcar, sendo que você pode negociar; 2Eles cobram menos dos moradores locais do que dos turistas, mas você jamais vai conseguir se passar por um limenho; 3- É comum que um outro táxi pare atrás do seu na esperança de que você não negocie com a primeira opção; 4- Nunca pegue um táxi sem identificação, porque eles são ilegais; 5- Tenha o endereço dos locais e o nome dos distritos, pois nenhum táxi possui GPS; 6- Eles passam por você e buzinam, demonstrando que em Lima são os táxis que pegam você e não o contrário; 7- Lima tem Easy Taxi, o que não deixa de ser um consolo. Ficou apavorado? Nada de pânico. Há uma saída de emergência que se chama “Metropolitano” e que é perfeito para ir e voltar de Miraflores ao centro da cidade. Ele é uma espécie de metrô de superfície. Limpo, barato, fácil e moderno. Peça informação no hotel.


LIMA É DIVIDIDA EM DISTRITOS DISTINTOS COMO O BOÊMIO BARRANCO, O FLORIDO MIRAFLORES E O CLÁSSICO CENTRO, QUE ENCHEM OS OLHOS COM SUAS PAISAGENS MARÍTIMAS E HISTÓRICAS Estilo Zaffari

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ASTRID&GASTON É MUITO MAIS DO QUE UM RESTAURANTE, É UM PARAÍSO PARA O PALADAR, ONDE CADA PEQUENA IGUARIA É UM SONHO

PARA COMER E DELIRAR Essa é a melhor parte. Aliás, é a única que realmente importa. A seguir, minhas sugestões do que você não pode deixar de provar por lá. MENU DEGUSTAÇÃO EM UM RESTAURANTE TOP – Poupe dinheiro, tire da poupança, faça um trabalho extra, peça emprestado, mas se for a Lima não deixe de passar pela experiência de um menu degustação em um dos dois melhores restaurantes do mundo: o Central ou o Astrid&Gaston. São caros, mas como diria aquela propaganda de um cartão de crédito, há coisas na vida que não têm preço. Digamos que não é uma refeição, é uma experiência gastronômica que dura em média três horas e onde você vai provar trinta peças que, no final, vão se juntar feito quebra-cabeça no cérebro para formar a frase “como a vida é boa”. O restaurante Central ocupa, no momento, o posto de quarto melhor do mundo na famosa lista The World’s 50 Best Restaurants, e o Astrid&Gaston está um pouco mais atrás, em décimo quarto. Dizem que, no Central, é preciso reservar uma mesa com meses de antecedência, mas conheci uma peruana que me contou que se você chegar lá e ficar esperando, provavelmente vai conseguir lugar. Como eu não sabia disso (na verdade continuo sem saber se é mesmo verdade), deixei o Central para a próxima e reservei um almoço para dois no Astrid&Gaston. No site não havia disponibilidade, mas telefonei e consegui um almoço para sábado. O preço, como falei, é relativamen-

te salgado para uma reles mortal assalariada como eu: 150 dólares por pessoa sem bebidas. Mas... sério, na boa, sem exagero e com muito clichê: valeu cada centavo. Foi, sem dúvida nenhuma, a melhor comida que eu já degustei (esse tipo de comida não se come, se degusta) em todos os meus 45 anos de vida. E só de lembrar do menu, minha boca se vê inundada por uma onda de saliva e saudades. Três horas no paraíso, trinta pequenas iguarias sem igual, um garçom por mesa. Tudo começou com um pisco Capitán Negro e terminou com um café espumante. No meio, provas de tudo o que o Peru tem de melhor em pequeníssimas porções que, ao tocarem na língua, despertam suaves “Hmmms” e “Ohhhhs” que vêm junto com a certeza de que estamos em um templo e não em um restaurante. O Astrid&Gaston tem apenas seis mesas, sendo que, no dia em estive lá, três delas estavam ocupadas por gente jovem e sozinha que não deixou de fotografar nenhuma das pequenas iguarias que chegaram. Já eu, apressada, distraída e esfomeada, quase sempre troquei os “cliques” pelos “nhacs”. “Ops, esqueci de fotografar de novo!”, era o que eu dizia com a boca cheia (!) e o prato vazio – por isso me perdoe a falta de imagens, ok? Talvez sabendo que eu sou do tipo esquecida, aliás, o garçom me entregou o menu degustação impresso no final do banquete. Na verdade, confesso, isso não foi um privilégio e levar o menu para casa dentro de um envelope acontece com todos. Curiosidades sobre o Astrid&Gaston: o nome do restaurante é a união dos nomes do casal proprietário; você é convidado para co-

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DE PRÉDIOS HISTÓRICOS A PADARIAS RÚSTICAS, A CIDADE ENCARREGA-SE DE EMBRIAGAR OS SENTIDOS nhecer a cozinha que é cheia de gente bonita e descolada; Astrid e Gaston já não costumam ir ao restaurante que fundaram e o chef responsável é Diego Muñoz; ele está localizado em um casarão chamado Casa Moreyra no distrito de San Isidro, que, antigamente, era sede de uma fazenda que produzia azeite de oliva. Mais uma coisa: o Parque dos Olivais, um resquício do que sobrou da fazenda, fica bem pertinho do restaurante e vale muito a pena caminhar entre as árvores que, no meio de seus galhos, escondem miúdas azeitonas pretas. Conselho: não tente comer uma dessas azeitonas.

CEVICHE DO RESTAURANTE CALA – Ceviche é a grande estrela da culinária limenha. Mas não basta ser um peixe cru marinado no suco de limão para ser um ceviche. Tem que ter o tempero, a textura e o tchan que só o Peru tem. O melhor de todos pra mim foi o ceviche do Restaurante Cala, que está localizado na chamada Costa Verde, à beira-mar, no distrito de Barranco que é vizinho de Miraflores. Qualquer taxista sabe onde fica e não há outra forma de ir até lá sem ser de táxi. Se você

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chegar relativamente cedo, não é preciso ter reserva para conseguir uma boa mesa. A construção do Cala invade o mar e as ondas lambem a areia sob o avarandado, o que não é lá muito ecologicamente correto, mas que dá um charme todo especial ao lugar – apesar de também dar uma certa tontura. O Cala não é barato, mas também não é mais caro do que um restaurante paulista mediano. O Ceviche Cala, o Ceviche Eros e o Pulpo a la plancha (polvo na chapa) são imperdíveis. Dica: não deixe nenhuma gota do suquinho que sobra do ceviche no prato, beba tudo, pois ele é uma delícia à parte e é conhecido como “Leche de Tigre”. Aliás, se quiser tomar um delicioso Leche de Tigre como se fosse uma sopinha gelada vá direto no El Verídico de Fidel, no distrito de La Victoria na Rua Jr. Abtao, 935.

AJÍ DE GALLINA DO RINCÓN CHAMI – O Peru tem uma comida típica e bem diferente dos leves ceviches que atende pelo nome de “Criola”. Mais pesada e apimentada, a comida criola peruana é uma espécie de culinária mineira dos Andes. Sugiro que você fuja do circuito turístico e vá ao Rincón Chami, um restaurante tradicional em Miraflores que fica no número 154


O OCEANO PACÍFICO BANHA A CAPITAL PERUANA E É UM CONVITE PARA OS SURFISTAS de uma ruela muito simpática chamada Esperanza, próximo ao Parque Kennedy. A dica foi da atendente de uma loja e acabei indo lá duas vezes e, em ambas, comi o mesmo prato: Ají de Gallina por 22 soles e suco de papaya amarela por 4 soles. Simplesmente espetacular. O Ají de Gallina é um creme de frango engrossado com miolo de pão, servido sobre batatas cozidas, enfeitada com ovos duros e temperado com aquele que é o segredo do prato, o tempero ají, um tipo de açafrão mais apimentado. O Chami também oferece uma bebida tradicional do Peru, a Chicha, que é um fermentado frio de milho roxo, e tem ainda o delicioso café peruano, que, na verdade, é uma essência de café fria e fortíssima, onde eles colocam a água quente por cima. Bom demais.

AS DELÍCIAS DO EL PAN DE LA CHOLA – Parece uma padaria, mas é muito mais do que isso. Fica em Miraflores, na Avenida Mariscal La Mar, 918. Simplesmente tudo que tem lá é deliciosamente divino. Pra começar, tem pães artesanais sem aditivos químicos e também sucos orgânicos das mais variadas frutas, legumes e verduras, como de morango, beterraba e espinafre. Rústico da porta de entrada até a saída de

emergência, tem mesas e bancos de madeira pra gente sentar e experimentar preciosidades como a burrata com minitomates e azeite de oliva, acompanhada de pão quentinho saído da chapa. Pra completar, o dono é uma gracinha, chama-se Jonathan Day e foi ator de teatro e modelo em Londres, mas largou tudo pra virar padeiro. O El Pan de La Chola é considerado um dos endereços mais charmosos de Lima.

A QUINUA DO RESTAURANTE DO MUSEU LARCO – Ir a Lima e não conhecer o Museu Larco é como... (essa você vai ter que me perdoar) ir a Roma e não ver o Papa. Mais detalhes deste museu você encontrará ao longo desta matéria, mas já adianto que esse restaurante é lindo, com suas charmosas mesas plantadas em um jardim florido. Minha sugestão de prato é a quinua com queijo feta, tomate, milho, azeitonas e coentro. Com alguma bebidinha que leve pisco para acompanhar. A SOPA DE PEIXE PICANTE DO CANTA RANA – O Canta Rana é um misto de restaurante com boteco. Fica no distrito de Barranco e seu proprietário é um argentino que

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Gula

OS SABORES DE LIMA SÃO PICANTES, PECULIARES, TOTALMENTE PRÓPRIOS E FAZEM A GENTE DESCOBRIR QUE A RIQUEZA DE UMA CULTURA PODE ESTAR EM UM MUSEU, MAS TAMBÉM EM UMA MESA está há décadas em Lima. Pois o argentino fica no balcão, enquanto seus filhos atendem as mesas. Todo decorado com bandeiras de times de futebol. A sopa de peixe picante é barata, bem servida e deliciosa. Só prepare-se para sentir calor.

A CAUSA LIMEÑA DO CHEF GONZÁLO – A “causa” é outro exemplo de prato típico do Peru. Na verdade, ela é uma espécie de miniescondidinho, com camadas de purê de batatas recheadas das mais variadas iguarias. O detalhe é que as batatas peruanas são muito mais saborosas do que as nossas e possuem as mais diferentes cores, texturas e doçuras. Gonzálo é o simpático e talentoso chef do restaurante do Hotel Runcu, onde eu me hospedei, e que fica no último andar. Ele é aberto ao público e Gonzálo prepara causas saborosíssimas. Se for lá, diga que eu mandei um abraço para ele. O CROCANTE DE MANZANA DA ANTIGUA TABERNA QUEIROLO – Fundada há mais de 130 anos, a Antigua Taberna Queirolo é uma vinícola produtora de pisco. Mesmo assim, eu não tomei nenhuma bebida por lá. Entrei só para conhecer o lugar e acabei não resistindo ao que estava escrito com giz em um quadro negro: “Dulce del dia: crocante de manzana”. Pedi sem nenhuma expectativa

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e simplesmente acabei experimentando o melhor doce da viagem. Não posso prometer que, quando você for lá, terá crocante de manzana na sobremesa do dia. Mas reze para que tenha. Porque ainda hoje sonho com esta tortinha quente de maçã acompanhada de sorvete de creme. A Antigua Taberna Queirolo fica no distrito de Pueblo Libre, próximo ao Museu Nacional de Arqueologia, Antropologia e História do Peru.

CHURROS SAN FRANCISCO – Sempre feitos na hora, eles são bem diferentes do churros uruguaios. Sequinhos, recheados de creme de baunilha e superquentes (cuidado para não se queimar na primeira mordida!), eles podem ser facilmente divididos com alguém, pois são enormes. Custam 1 soles cada e você só vai encontrá-los em uma espécie de garagem atrás da Plaza de Las Armas, a meia quadra da Igreja São Francisco, bem no centro de Lima. TRAGOS DE TODOS OS TIPOS – “Trago” é como os peruanos chamam qualquer bebida alcoólica. Pode ser uma cerveja Cusqueña ou um coquetel de pisco. O pisco está para os peruanos como a vodka para os russos, o uísque para os escoceses e a cachaça para os brasileiros. Todas as bebidas



Gula

LIMENHOS SÃO SIMPÁTICOS, ALEGRES E SEMPRE TÊM UMA DICA DE BOM RESTAURANTE. MAS SE VOCÊ QUISER ENCONTRAR TURISTAS, NADA MELHOR DO QUE IR AO SHOPPING LARCOMAR E SUAS LOJAS DE GRIFE

levam pisco e há piscos de todas as qualidades – envelhecidos, suaves, fortes, adocicados... Como não gosto de bebidas doces e não sou fã de ovo cru, não simpatizo muito com o Pisco Sour. Prefiro os chilcanos que misturam limão e gengibre. Na dúvida, peça uma dica para o barman, pois sempre há um disposto a lhe ajudar (e a lhe embebedar). Os melhores tragos que provei foram no bar do Astrid&Gaston e você pode ir lá independentemente de comer no restaurante. Se quiser pedir o mesmo que eu vá de drink “Festival”, que leva Pisco acholado 4 Gallos, granadilla, mandarina, kion e piña.

MILHO TOSTADO – Você senta e o garçom já larga na mesa um potinho com gigantes grãos de milhos tostados e salgados. Não cobram nada por ele e você pode repetir quantas vezes quiser. É melhor do que amendoim, melhor do que pipoca, melhor do que qualquer salgadinho que você já provou e é perfeito para acompanhar qualquer trago. PARA FAZER ENQUANTO NÃO ESTIVER COMENDO Caminhe por Miraflores à noite. Há um grande parque no topo do barranco com a grama sempre aparada e que, mesmo quando o sol se foi e a lua vai alta, exibe crianças brincando no playground, jovens a mirar as ondas e uma segurança de dar inveja e nos fazer perguntar: por que no Brasil não pode ser assim também? Durante o

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dia, você pode descer até a praia, onde há muitos surfistas, gaivotas, água gelada e pedras para levar de lembrança para casa. Eu trouxe algumas na mala para os amigos. Um presente querido e que não custa nada. Atravesse a Ponte dos Suspiros em Barranco. A ponte dos suspiros funciona assim: você para, faz um pedido, suspira, prende a respiração e atravessa ela. O seu pedido só será atendido se você não respirar no meio da ponte. Depois de fazer isso, aí sim, respire fundo e vá dar uma boa caminhada pela redondeza. Em Barranco há muitas lojinhas, brechós e o Museu Mario Testino, que exibe fotos em tamanho gigante do top fotógrafo peruano de fama internacional. Reserve um dia para o centro da cidade. Explore a Plaza Mayor e seus arredores. Tome uma cerveja Cusqueña no Cordano, o mais antigo bar da cidade. Visite a Casa de Literatura e suba a escada de livros. Mas não perca tempo com a troca da guarda do Palácio do Governo, porque eles não têm sintonia nem sincronismo. Visite um sítio arqueológico. Huaca Pucllana fica em Miraflores e a vantagem é que dá para ir a pé. A visitação é paga e só é possível entrar com um guia. Para quem janta no restaurante que fica dentro do sítio, é oferecido um tour sem custo à noite. Dizem que dá pra ver de tudo, até fantasmas. Ui... No meio da cidade há também o sítio

arqueológico de Huaca Huallamarca, mas me contaram que esse é fake e que a pirâmide foi totalmente refeita e por isso não tem valor arqueológico nenhum. Não deixe de ir no Museu Larco. Se tiver pouco tempo e precisar escolher entre um único museu, vá nesse. Ele é um verdadeiro emaranhado de tesouros do Peru antigo. A seção de arte erótica pré-colombiana é inacreditável e, além disso, é o único museu que disponibiliza, além das peças em destaque, todo o seu catálogo para o visitante passear entre ele. O Museu Larco fica na Avenida Bolívar, 1515, no Distrito de Pueblo Libre e fica aberto até as 22h. Faça compras. Esse é um conselho fútil e consumista, mas de grande valor. Porque mesmo com o dólar alto tudo é muito barato em Lima. Principalmente peças de lã, mochilas coloridas, bonequinhos de cerâmica, pacotes de quinoa e chá de coca. As lojas do centro da cidade são mais em conta, mas perto do Parque Kennedy, em Miraflores, também há ótimas opções. Os que tiverem mais dinheiro podem optar pelo Shopping Larcomar, cheio de marcas famosas e peças mais caras (mas de mais qualidade também). Converse com as pessoas. Os limenhos são simpáticos, dispostos a ajudar e sempre vão ter uma dica preciosa para lhe dar.

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Humanas criaturas T E T Ê

PAC H E C O

A GOURMETIZAÇÃO DO MUNDO

No início era o coquetel de camarão. E então vieram o fricassê, o manjar e o pavê, estrelas dos almoços de domingo na casa de nossas avós. Eu sempre achei curioso aparecerem ingredientes e receitas novas, de uma hora para outra, que passam a influenciar toda a cultura de uma geração. Rúcula, tomate seco, gergelim, molho rosê. Cada época tem seu representante máximo. Hoje ninguém brilha mais que a couve. O ser humano tem uma capacidade infinita de invenção e de repetição da invenção. É muito rápido que os fenômenos se estabelecem e se transformam em um imenso lugar comum. Mas nada é igual ao fenômeno comida. Não há encontro entre amigos que não contenha doses altíssimas de gastronomia autoral. Não há prédio sem cozinha gourmet no terraço, no próprio apartamento ou na área comum, para que todos os condôminos esbanjem talentos de final de semana. Em toda esquina surge uma paleteria mexicana, uma tapiocaria. Uma loja de utensílios para a cozinha, um novo episódio de Master Chef com recordes de audiência. A onda da vez se chama hamburgueria. Com a força de uma manada de búfalos, os hambúrgueres têm passado em cima de cardápios e ingredientes, transformando a linguagem dos mais delicados bistrôs em um antro do ao ponto ou malpassado. O mundo das massificações sem fim parece reservar um pequeno papel para a originalidade. Talvez isso sempre tenha sido assim, mas hoje, somos mais. Somos milhões. E somos gulosos. Eu sinto muito se isso soa meio clichê, mas às vezes tudo isso me dá um enorme enjoo. E não dá para pensar em outra música no momento. Você tem fome de quê? Você tem fome de quê? TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA

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CARLA

PERNAMBUCO

Reconexão: cozinhar é alimentar o amor

É verdade que todo momento da nossa vida é único e precioso. Mas alguns momentos são especialmente importantes, como, por exemplo, quando ganhamos novas percepções sobre nós mesmos, nossas responsabilidades, impressões. Quando somos invadidos por fortes desejos, imbuídos de determinação para caminhar firmemente numa determinada direção. Funciona assim quando nos apaixonamos, quando casamos, quando nos jogamos de cabeça em algum projeto, quando mudamos o rumo, quando apostamos todas as fichas. É assim quando a nossa intuição grita insistentemente até ser ouvida e nos convida a sermos felizes. Felicidade como o básico sentimento de estar de bem com a vida, de estar em dia com a alma, o corpo, a mente e o espírito. Feliz como um passarinho que se alimenta na medida certa para exaltar ainda mais seu trabalho e voar, sempre que possível, exprimir a beleza de voar. Foi assim quando me apaixonei pela gastronomia, um casamento feliz com quem renovo constantemente meus laços e que me brinda diariamente com filhos, frutos inevitáveis de uma entrega apaixonada onde cozinhar é um caminho para alimentar os sonhos da alma. E que pode qualquer alma querer para sonhar além de ser amada e inspirada ainda mais a amar?!

Momento definitivamente especial, auspicioso para encontros e reencontros, reflexões, começos e recomeços. E nada melhor do que chegar a um momento especial preparado, aberto, capaz de se entregar e experimentar o novo, de finalmente realizar aquele pequeno grande sonho. Considere começar agora mesmo: Coma menos em um maior número de vezes. Organize-se para distribuir sua alimentação em até 7 refeições diárias. Curta, aproveite cada uma delas. Perceba os alimentos e a forma como seu corpo reage à ingestão de cada um deles. Invista em combinações adequadas onde os cores, os aromas, as texturas, as vitaminas, os benefícios, tudo se potencializa gerando ainda mais felicidade, saciedade, contentamento. Experimente alimentos novos, novas frutas, novos legumes, novas formas de consumi-los. Informe-se, conheça-os, desfrute dos prazeres da descoberta – a verdadeira fonte da juventude. Consuma água ao longo do dia. Pequenos goles de água pura, temperatura ambiente, são revitalizantes em qualquer rotina. Invista!

MOMENTOS DE RECONEXÃO É comum no meio da correria e da rotina nos perdermos. E de repente nosso maior sonho é poder estar de volta, pertencer novamente a nós mesmos. Sonhamos como se essa possibilidade estivesse longe quando tudo o que temos que fazer é ouvir o que diz o oráculo onde moramos: nosso próprio corpo. Às vezes só é preciso ajustar. Outras é preciso parar. Ser radical. Recomeçar. Reaprender a cuidar, ouvir, interpretar. Traduzir, expressar.

FIQUE ATENTO Para quem está empenhado em alcançar um determinado resultado, é fundamental ficar de olho em pontos que podem sabotar nossas conquistas. Evite consumir líquidos durante as refeições. Alimentos industrializados quebram o maior galho mas são ladrões de energia. Fique ligado nas quantidades e busque um equilíbrio. Procure sempre que possível compensar o seu corpo, regenerando-o com alimento de qualidade. Nãos passe longos períodos sem ingerir alimentos. Aposte nas oleaginosas para ter sempre à mão uma opção rápida entre as refeições.

APOSTE O final do ano já começa a apontar em nosso horizonte.

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te gustó?

então me manda um e-mail contando onde você costuma encontrar e consumir alimentos que curam! (carlota@carlota.com.br)

PARA COMEÇAR O DIA:

Força e alegria

SUCO DE BETERRABA, CENOURA, MAÇÃ E GENGIBRE 2 PORÇÕES 1 BETERRABA MÉDIA 1 CENOURA MÉDIA 1 MAÇÃ 1 PEDAÇO DE GENGIBRE 300 ML DE ÁGUA DE COCO

MODO DE FAZER: Bater todos ingredientes no liquidificador, coar e beber em seguida.

ENTRE AS REFEIÇÕES:

Leveza e nutrição SMOOTHIE 2 PORÇÕES 1 COPO DE MANGA CONGELADA 1 COPO DE MORANGO CONGELADO 1 1/2 COPO DE LEITE DE SOJA

MODO DE FAZER: Bater todos ingredientes no liquidificador e servir em seguida.

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CARLA

PERNAMBUCO

O PRATO PRINCIPAL:

Equilíbrio e satisfação

SOBRECOXA LAQUEADA NO MEL DA MANTIQUEIRA COM GALETE QUINOA, SHIMEJI E ASPARGOS E REDUÇÃO DE TANGERINA PARA A SOBRECOXA LAQUEADA NO MEL DA MANTIQUEIRA 1 KG DE SOBRECOXA DE FRANGO DESOSSADA SAL 3 COLHERES (SOPA) DE SHOYU 3 COLHERES (SOPA) DE MEL DA MANTIQUEIRA 3 COLHERES (SOPA) DE AÇÚCAR MASCAVO 1 COLHER (SOPA) DE GENGIBRE RALADO 6 DENTES DE ALHO PICADOS ½ COLHER (CHÁ) DE 5 ESPECIARIAS EM PÓ ¼ COLHER (CHÁ) E PIMENTA CAIENA ½ COLHER (CHÁ) DE RASPAS DE LARANJA 1 PEPINO PEQUENO CORTADO EM PEQUENOS CUBOS

MODO DE FAZER A SOBRECOXA: Lave as sobrecoxas e tempere com sal. À parte, misture o shoyu, mel, açúcar mascavo, pimenta caiena, especiarias em pó, alho picado e raspas de laranja. Misture a marinar com o frango e leve à geladeira por 1 hora. Préaqueça o forno a 200º. Acomode as sobrecoxas em uma assadeira e a cada 10 minutos pincele as sobrecoxas com a marinada da assadeira. Se necessário, adicione um pouco de água para dissolver o caldo. Repita o procedimento até que fiquem bem douradas e laqueadas (deve levar de 40 a 45 minutos). Em uma tigela pequena, misture o pepino, cebolinha, pimenta chilli, amendoim moído, sal e o óleo de gergelim. Espalhe sobre as coxas.

6 CEBOLINHAS LAMINADAS 2 OU 3 PIMENTAS CHILLI CORTADAS BEM FININHAS 2 COLHERES (SOPA) DE AMENDOIM TORRADO 1 COLHER (CHÁ) DE ÓLEO DE GERGELIM PUNHADO DE FOLHAS DE COENTRO 2 MIOLOS DE LARANJA CORTADOS (SEXTAVADAS) PARA A GALETE DE QUINOA, SHIMEJI E ASPARGOS 1 XÍCARA DE QUINOA EM GRÃOS 1 COLHER DE CAFEZINHO DE SAL ½ XÍCARA DE ERVAS FRESCAS PICADAS (SALSINHA, TOMILHO E CEBOLINHA) ½ XÍCARA DE ASPARGOS RALADOS ½ XÍCARA DE SHIMEJI PICADO 1 COLHER (CHÁ) DE AZEITE 1 COLHER (SOPA) DE FARINHA DE TRIGO OU FARINHA DE ARROZ

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MODO DE FAZER A GALETE: Cozinhe a quinoa em 2 xícaras de de água e um fio de azeite até ficar al dente, se necessário adicione um pouco mais de água. Deixe esfriar, coloque em um recipiente todos os ingredientes, menos o azeite, misture bem e molde as galetes. Em uma frigideira antiaderente, pincele o azeite e grelhe as galetes dos dois lados, por pelo menos 3 minutos de cada lado.


ESTRELA DO JANTAR: RITUAL Quem não se prepara antes do encontro amoroso?! Não mora exatamente nessa preparação metade da graça, da energia revigorante de amar e ser amado?! Pois alimentar-se é definitivamente um encontro consigo mesmo e merece nossa dedicação. Vai lá, banho, perfume e roupa bonita também valem, só não esqueça de: Antes de cozinhar ou comer, pare por apenas alguns instantes para respirar fundo. Sinta os batimentos do seu coração. É ele quem governa tudo. Se você está acelerado ou precisando de ânimo, conecte-se com esse momento e com o alimento que está prestes a ingerir ou preparar. A nossa presença é a chave para realização de todos os sonhos. Mantenha essa conexão enquanto cozinha ou se alimenta. Esteja presente para conhecer as melhores combinações e os caminhos mais diretos para um merecido estado de bem-estar. Experimente gerar um sentimento de gratidão pelo alimento, pela vida, pela sua própria presença. Nos tempos atribulados de hoje, é um verdadeiro luxo poder contar com a nossa companhia mesmo que seja para um lanchinho no meio do dia. Imagine em todas as refeições! RECEITAS NA MEDIDA CERTA A alma gosta de tudo o que, na medida certa, gera contentamento. Com máximo esforço na elaboração e dispêndio mínimo na consumação, satisfação dobrada na assimilação. Assim enaltecemos o belo, a leveza e o sagrado que mora em tudo aquilo que amamos, em cada coisa que fazemos. Enquanto se alimenta ou prepara as suas refeições, aproveite para relaxar, curtir, descobrir e assim alimentar o sonho da vida feliz que você sempre quis.

Sustância e sabor TAGLIATELLE THAI COM NOODLES DE ARROZ, CAMARÕES, MANJERICÃO E ABACAXI 1 PACOTE DE NOODLES 2 COLHERES (SOPA) DE ÓLEO DE GIRASSOL 1 COLHER (SOPA) DE GENGIBRE RALADO OU PICADO 1 COLHER DE ERVA CIDREIRA PICADA 2 DENTES DE ALHO PICADOS 1 COLHER (CHÁ) DE PASTA DE CURRY AMARELO 500 ML DE LEITE DE COCO 1 XÍCARA DE FOLHAS DE ESPINAFRE 2 RODELAS DE ABACAXI EM CUBOS DE 2CMX2CM ½ XÍCARA DE FOLHAS DE MANJERICÃO ALFACE OU GRADES 400 G DE CAMARÕES SAL A GOSTO SUCO DE LIMÃO A GOSTO PIMENTA-DO-REINO A GOSTO 200 G DE BROTOS DE FEIJÃO 4 COLHERES DE CASTANHAS DE CAJU

MODO DE FAZER: Coloque o noodles para hidratar em um bowl com 2 litros de água fria por 20 minutos. Coloque um panela de água para ferver. Tempere os camarões com sal, limão e pimenta-do-reino e reserve. Em uma frigideira alta ou wok aqueça o óleo de girassol, refogue o gengibre, o alho, a erva cidreira, dissolva o curry no leite de coco, adicione na frigideira e deixe ferver. Salteie os camarões em uma frigideira bem quente, adicione ao molho pronto, juntamente com as folhas de espinafre, o abacaxi e o manjericão. Acerte o sal. Passe o noodles na água fervente e sirva com o molho, decore com broto de feijão e castanhas de caju.

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Vida

A infância tem gosto de aventura e cheiro de descoberta. É nessa época que descobrimos o mundo, exploramos cores e texturas, aprendemos a cair e levantar. A infância é inocente e pura, espontânea e aberta ao novo. A infância é lúdica, linda e palco do brincar. Todos nós fomos crianças e, no fundo, nunca deixamos de sê-las. Trazemos em nossa memória afetiva um vasto repertório de brincadeiras: lembramos da boneca favorita, do super-herói de preferência e de jogos de tabuleiro que preenchiam as tardes de domingo. A alegria do brincar faz tão bem que dá vontade de voltar a ser menino e menina novamente. P O R F OTO S

A N A

G U E R R A

L E T Í C I A

R E M I Ã O


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Vida


TUDO O QUE AS

AH, NO MEU TEMPO... Nas últimas décadas, muita coisa mudou na sociedade e as brincadeiras também se transformaram. Nos anos 70 e 80 as famílias eram maiores, as crianças cresciam rodeadas de irmãos e moravam em casas, com pátios e gramados perfeitos para jogar e brincar. Hoje em dia, famílias com apenas uma criança são comuns, quase sempre vivendo em apartamentos. Além disso, os pequenos estão cada vez mais antenados e conectados, divertindo-se com tablets, computadores, televisores, smartphones e games. Somos às vezes nostálgicos e achamos que “em nosso tempo as brincadeiras eram melhores”, mas a tecnologia faz parte da rotina das crianças e é importante que elas interajam com a parafernália eletrônica – o fundamental é manter o equilíbrio e estimular nas crianças brincadeiras com movimento, criação e fantasia. E os pequenos adoram! Empinar pipa, jogar futebol, desenhar, pular corda, brincar de casinha e esconde-esconde são atividades que crianças de todas as gerações apreciam. Meninos e meninas gostam de brincar no melhor estilo old fashion e tudo que precisam é de tempo, espaço e estímulo. E além de divertidas, estas brincadeiras são fundamentais para o desenvolvimento infantil – é o que garante a psicóloga Rafaella Bourscheid: “O ser humano ensaia sua vida através das brincadeiras e os pais devem possibilitar diferentes experiências para seus filhos. É importante também entender que cada criança tem necessidades diferentes e, numa mesma família, uma criança pode adorar brincadeiras que envolvem a cognição (jogos de tabuleiro, por exemplo), enquanto outras gostam das brincadeiras que envolvem atividade corporal”, diz Rafaella.

CRIANÇAS PRECISAM É DE TEMPO, ESPAÇO E ESTÍMULO. BRINCAR É FUNDAMENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL


Vida

BRINCAR EM FAMÍLIA É MAIS GOSTOSO Independentemente da personalidade de cada criança, todas elas gostam de brincar, jogar e se divertir em família. A brincadeira entre pais e filhos fortalece laços, eleva o humor de todos e cria memórias únicas. Segundo a psicóloga Rafaella Bourscheid, as crianças precisam da conexão que se forma durante a brincadeira: “Elas se sentem amparadas, amadas, seguras e esse vínculo terá reflexo por toda a vida na relação de pais e filhos. É uma das melhores heranças que os pais podem oferecer aos filhos”. Felizmente muitos pais e mães adoram participar da farra dos baixinhos. É o caso da empresária Alice Vieira Soares, de 45 anos, que brinca diariamente com Valentina, de 5 anos. A garota adora desenhar e os pais a incentivam tanto que pretendem produzir uma exposição com centenas de seus desenhos. Valentina ainda conta com a companhia dos pais para brincar de esconder e pular corda. Brincar com os filhos faz tão bem que nem mesmo as longas jornadas de trabalho afastam a advogada Ana Paula Machado, 41 anos, da diversão dos filhos Felipe (5 anos) e Leonardo (2 anos e meio). Ela relaxa ao brincar com eles e diz que as atividades em família reforçam laços, desenvolvem a imaginação e ajudam até mesmo no sono e apetite dos pimpolhos. Sobre a participação dos pais nas brincadeiras, infantis, a pedagoga e coordenadora do Programa de Extensão Universitária “Quem quer brincar?” da Faculdade de Educação da UFRGS Tânia Fortuna destaca: “Os pais devem ser atentos e solidários, permitindo que a criança lhes ensine a brincar, quando este for o desejo dela”.

TODAS AS CRIANÇAS GOSTAM DE BRINCAR, JOGAR E SE DIVERTIR EM FAMÍLIA. A BRINCADEIRA ENTRE PAIS E FILHOS FORTALECE LAÇOS


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Vida

COLOCANDO A MÃO NA MASSA

Entre as atividades preferidas das crianças estão aquelas que ensinam a construir o próprio brinquedo. A prática é tão legal que oficinas como a de Carrinho de Rolimã fazem muito sucesso. Nestes encontros, pais e filhos aprendem noções de marcenaria e participam de todo processo de construção do objeto – no final, a turma brinca a valer com os carrinhos que construíram, é pura festa! O instrutor de pilates Caio Bagaiolo Contador participou da oficina com o filho Gabriel, 5 anos. O pai diz que a experiência foi desafiadora para o filho. “Colocar a mão na massa deixa a brincadeira ainda mais legal e divertida. Além isso, ajuda a criança a valorizar o que se tem, cria limites e desenvolve habilidades manuais e de raciocínio”, diz Caio. Outra Oficina superalegre e que atrai tanto os pequenos quanto pré-adolescentes é a de Skate, onde além de aprender manobras, a gurizada desmonta e monta o skate, aprende a fazer sua manutenção e a ser responsável por ele.Vitória Brito de Moura, 9 anos, desliza sobre o skate há quatro. Sua mãe, a advogada Norma, diz que a oficina ajudou a filha a perder o medo de andar em rampas, aprender novas manobras e ganhar mais autonomia e autoconfiança. As Oficinas de Carrinho de Rolimã e de Skate são promovidas em Porto Alegre, pelo projeto Mundaréu (veja informações no final da matéria).


CONSTRUIR O SEU PRÓPRIO BRINQUEDO É UM PRAZER PARA A CRIANÇA. E AINDA DESENVOLVE OUTRAS HABILIDADES

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POR QUE BRINCAR? COM CONSULTORIA DA PSICÓLOGA RAFAELLA BOURSCHEID E DA PEDAGOGA TÂNIA FORTUNA

Brincando a criança entra em contato consigo mesma, relaciona-se com os outros e com o mundo. Experimenta o mundo real, testando gestos, cores e texturas. Explora e tem sensações. A brincadeira é um campo de provas, um ensaio. O menino brinca de super herói e simula voar. A menina pode brincar de vilã ou de mocinha, exercitando traços de sua personalidade. Brincadeiras com movimento, como pular amarelinha e empinar pipa, promovem a interação social e liberam serotonina. Com a brincadeira, a criança desenvolve habilidades que são importantes na vida adulta: aprende a linguagem, códigos culturais, valores e práticas sociais. Brincadeiras ligadas ao mundo da fantasia, como brincar de boneca, possibilitam à criança elaborar suas vivências como filho e lidar com seus sentimentos. Podem ainda ensaiar possibilidades para o futuro, quando exercerão a maternidade/paternidade. Por isso é importante aos meninos brincar de boneca – para serem pais participativos nos cuidados com os filhos. Carrinhos de rolimã, bicicleta, patins e skate ajudam a criança a lidar com o medo da queda. Aprendem a necessidade que a vida nos apresenta de levantar e fazer escolhas. A construção da brincadeira, como montar uma pipa ou encenar uma ato teatral, é uma forma de tecer os afetos, a confiança, a segurança, a criatividade, o imaginário, a fantasia, os sonhos. Elas ajudam a encontrar diferentes caminhos frente às dificuldades que a vida nos impõe. Com o brincar, a criança aprende a confiar em si e nos outros, promove o desenvolvimento psíquico e motor.


Vida


PARA ONDE VAI O BRINCAR?

Segundo a pedagoga Tânia Fortuna, o brincar jamais desaparece. As experiências da infância moldam o humor, o pensamento criativo, os devaneios e demais traços da vida adulta. Os jogos, brincadeiras e experiências sensoriais que vivemos na infância (cinema, música, dança, artes plásticas) apenas se transformam no adulto, sem jamais desaparecer. O brincar pode criar adultos saudáveis, felizes, criativos, produtivos e curiosos. Brincar de uma forma criativa, lúdica e ativa é tão importante que muitos projetos e empresas dedicam-se à missão de tornar o mundo um lugar mais divertido para a criançada. Conheça algumas dessas iniciativas:

MUNDARÉU Projeto criativo liderado pelo educador físico Ary Fernando Vodanovich e pelas publicitárias Mirian Dutra e Renata Mariotto Ferreira, o Mundaréu surgiu em 2014, em Porto Alegre. O trio planeja e desenvolve atividades junto a instituições, como escolas e empresas. Criam experiências que mexem com os talentos das crianças, desenvolvem a criatividade e elevam a autoestima. Com o apoio de uma equipe de educadores, brincadores, pedagogos e profissionais de áreas como marcenaria e artesanato, eles criam oficinas de carrinho de rolimã, de skate, jardinagem, cursos de gastronomia e artes para crianças, gincanas, etc. Contato Mundaréu: www.facebook.com/nossomundareu

TAMPART O projeto Tampart surgiu da inquietação do artista plástico Ubiratan Fernandes, ao ver muita sujeira na praia e no mar do Uruguai. Começou então a fazer instalações com o lixo que encontrava na praia. A essência do projeto, que existe há quatro anos, é conscientizar as crianças sobre a destruição da fauna marinha e da poluição das águas. A ferramenta para a mudança são as oficinas que Ubiratan ministra para os pequenos, associadas à exibição de vídeos sobre o problema da poluição. Depois de assistir aos vídeos a criançada participa de oficinas de criação com tampas pet, que acontecem na tenda do Tampart, em frente à chaminé da Usina do Gasômetro. Escolas que desejarem levar os alunos para participar das oficinas devem entrar em contato pelo email tampart2014@gmail.com


Vida

LEZANFAN A publicitária Luciana Chwartzmann tinha a vontade de ter um plano de vida com o frescor da descoberta infantil. E com a intenção de dialogar com a própria infância ela criou em 2009 a Lezanfan, trazendo para sua vida profissional a mesma curiosidade, paixão e alegria que carrega desde criança. A empresa cria projetos customizados para instituições e famílias. Em todos eles, a Lezanfan sugere ações que divirtam e levem os pequenos a liberar a criatividade. O objetivo é aliar diversão e conhecimento, ajudando a formar crianças felizes, valorizadas e criativas. Cercada de profissionais de áreas diversas, ela promove atividades superanimadas: os pequenos aprendem música, arte urbana, yoga, capoeira, etc. Tudo cheio de leveza e felicidade. https://www.facebook.com/lezanfan

TERRITÓRIO DO BRINCAR Projeto dos documentaristas Renata Meirelles e David Reeks, o Território do Brincar passou por comunidades rurais, indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral. Durante dois anos, rodaram pelo Brasil para revelá-lo através dos olhos de nossas crianças. Renata e David registraram as sutilezas da espontaneidade do brincar e todas as interações foram registradas em filme, fotos, textos e áudios. Atualmente um longa-metragem, dois livros e duas séries infantis para TV estão sendo produzidos pelo Território do Brincar. www.territoriodobrincar.com.br

EU AMO PAPELÃO A empresa nasceu da vontade do casal Thiago Cestari da Costa e Simone Buksztejn Menda de resgatar a simplicidade da infância. O casal conta com a ajuda de uma equipe multidisciplinar para criar móveis e brinquedos de papelão. O objetivo é estimular brincadeiras lúdicas: brincando de casinha ou montando um castelo de papelão, as crianças criam personagens, se mantêm ativas e são estimuladas a testar cores e texturas. A cereja do bolo é que os brinquedos são econômicos e feitos de um material sustentável e com baixo impacto ambiental. www.euamopapelao.com.br


BRINCAR AO AR LIVRE É SAUDÁVEL E AS CRIANÇAS ADORAM. CONVIVER COM OUTRAS CRIANÇAS E COMPARTILHAR BRINQUEDOS TAMBÉM!


Vida C E L S O

G U T F R E I N D

CIÊNCIA, TOLERÂNCIA

“A escritora Karen Blixen disse: ‘Todos os sofrimentos podem ser suportados se os inserimos numa história ou contamos uma história sobre eles.’... A experiência me ensinou que nossa infância nos deixa histórias assim – histórias que nunca encontramos uma maneira de expressar, porque ninguém nos ajudou a encontrar as palavras.” Stephen Grosz

É incrível que algumas pessoas incríveis sejam mais conhecidas do que outras. O nome Nick Winton, por exemplo, pouco nos evoca, ao contrário de Oscar Schindler, o não judeu que salvou tantos judeus durante a Segunda Guerra. Winton é uma versão menos conhecida de Schindler, mas tão importante quanto. Inglês, não judeu, vendedor de ações na bolsa de valores, ele estava saindo de férias em 1938 para esquiar na Suíça, quando um amigo telefonou, contando sobre o kindertransport – uma nova legislação na Inglaterra que salvou a vida de milhares de crianças – e que um esforço similar fazia-se urgente na Tchecoslováquia, recentemente anexada pelos Nazistas. Winton viajou a Praga, organizando o processo, e não perdeu a oportunidade de estimular famílias inglesas para receber essas crianças. Uma das partes mais instigantes dos fatos expressa a coragem de pais de “abandonarem” seus filhos, colocando-os praticamente sozinhos num trem para irem viver em

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outro país, especialmente numa época de tantos caminhos incertos. A grande maioria desses pais nunca mais viu seus filhos e pereceu nos campos de extermínio. Outro aspecto pungente da história é que Winton jamais alardeou seus atos, que só foram conhecidos pelos relatos de sua esposa. Ela trouxe o episódio à tona em 1988 ao achar os documentos em uma caixa na garagem. Pelos menos 669 crianças se salvaram – muitas morreram, porque a Guerra eclodiu, tornando o transporte impossível – e puderam crescer em outro lugar, construindo as suas próprias famílias. Entre elas, está Arno Penzias, Prêmio Nobel de Física, que ajudou a comprovar a teoria do Bing Bang nos anos 60. Histórias ricas como essas sugerem que um mundo de mais tolerância é possível, e qualquer pessoa pode fazer uma enorme diferença. A título de exemplo, quem me contou o ocorrido foi Ricardo Telichevesky, o maior cientista que pude conhecer pessoalmente. No clima de convivência entre aparentes opostos, Telichevesky, o cientista, terminou o relato de forma comovida e, sem pensar em Bing Bang, atribuiu a Deus a vida longeva e bonita de Nick Winton, falecido há poucos meses aos 106 anos.

CELSO GUTFREIND É PSIQUIATRA E ESCRITOR, ESPECIALISTA EM PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA



Lugar

Portugal A Europa logo ali

Viajar para Portugal é ir para uma Europa pertinho de casa, uma Europa onde a língua é a mesma do Brasil, o povo é hospitaleiro e a infraestrutura é maravilhosa. Um lugar onde conseguimos traduzir em imagens o que aprendemos na escola e onde a mistura de paisagens e de atrações é enorme: praias com surfe, muitos campos de golfe, castelos e mosteiros, pequenas vilas, herdades e belos resorts. Quero guiá-lo para um passeio inesquecível por esse lindo país – venha comigo. T E X TO

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F OTO S

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LU C I A N E

G A R C I A


ESTAÇÃO DE SÃO BENTO, PORTO

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VINÍCOLA CARTUXA/EVORA NA PÁGINA AO LADO SENTIDO HORÁRIO: SINTRA, POUSADA MOSTEIRO DO CRATO/CRATO, HOTEL CONVENTO DO ESPINHEIRO/EVORA E ELÉTRICO/LISBOA

A ARQUITETURA, AS VIELAS ESTREITAS, A TRADIÇÃO E A HISTÓRIA, AS PESSOAS, A COMIDA, OS VINHOS, OS COSTUMES, A INFRAESTRUTURA. TUDO ISSO FAZ DE PORTUGAL UM DESTINO ENCANTADOR A cidade do Porto é um belo ponto de entrada. Seu centro histórico, à beira da foz do Rio Douro, é patrimônio da humanidade. Transitar por suas ruelas, comer os pratos típicos e atravessar para Vila Nova de Gaia – principal centro de produção do famoso vinho do Porto – são passeios obrigatórios. A dica é seguir depois para as cidades vizinhas de Guimarães e Braga, que garantem atrações para um dia inteiro, com suas pequenas vielas, cafés e igrejas. Neste ponto também se inicia um lindíssimo passeio ao interior do país, acompanhando as margens do rio e passando por vinícolas espetaculares, algumas transformadas em pequenos hotéis, como a Quinta da Pacheca. Saboreie este roteiro com calma e dedique ao menos uma noite para degustar os tão famosos, e deliciosos, vinhos portugueses. Para quem gosta de muito conforto, o recém-inaugurado Hotel Six Senses (esta é sua primeira unidade fora do eixo Oriente Médio-Ásia) chama para o descanso e é perfeito para carregar as energias. Ao sul da região do Douro, Coimbra é uma parada obrigatória. Por lá fica a mais importante universidade do país e sua antiga e impressionante biblioteca, a Biblioteca Joanina, com um tesouro literário incalculável e opulência arquitetônica do século XVIII. Perca-se pelas ruelas estreitas

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e misture-se com os estudados de todas as partes do mundo, e ainda durma no hotel Quinta das Lágrimas, onde ficam a Fonte dos Amores e Fonte das Lágrimas – célebres por terem sido cenário do amor entre o príncipe D. Pedro e D. Inês de Castro (história essa que deu origem à extração “Inês é morta”). De lá, siga para meu lugar predileto no país, o Alentejo. As planícies se desenrolam junto ao Tejo e a paisagem é entrecortada pelas oliveiras que resistem aos anos. Em uma de minhas idas fiz um tour gastronômico de bicicleta. Pedalamos por cidades pequenas como a encantadora Arraiolos, onde encontramos o Museu de Arraiolos, uma obra inimaginável naquele pequenino lugar. Évora, com seu templo romano e a impressionante (e horripilante) Capela dos Ossos é o principal ponto de parada (aqui vale ficar alguns dias) para visitar a região. Comer e beber bem aqui é regra. Vinícolas como a famosa Cartuxa, onde a degustação é divina, a Herdade do Esporão com seus deliciosos azeites (e um almoço dos deuses), são programas para curtir com a calma que é típica do local. As opções de hospedagem são variadas, dois hotéis se destacam: de um lado, o Convento do Espinheiro, com sua capela lindíssima (palco de muitos casamentos, inclusive de brasileiros)


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Lugar

POUSADA MOSTEIRO DO CRATO/CRATO, DEGUSTAÇÃO DE AZEITES HERDADE DO ESPORÃO/ÉVORA, VISTA DO RIO DOURO E ADEGA DA VINÍCOLA CARTUXA/EVORA

e seus quartos que misturam os ares do edifício conventual do século XV com design modernos (e poltronas Dolce & Gabana!). De outro lado, o super- arrojado e contemporâneo L’AND Vineyards e seus quartos com teto de vidro, um gostoso restaurante com uma estrela Michelin e toda a decoração feita pelo arquiteto brasileiro Marcio Kogan. Descendo mais um pouco na região, antes de começar a viagem de volta para Lisboa, está meu melhor segredo de Portugal, a Herdade da Malhadinha Nova. Comprada em 1998 pela família Soares, as terras até então abandonadas foram transformadas em solos capazes de produzir vinhos de qualidade elevada, em pequenas quantidades. O hotel faz cada hóspede se sentir como um membro da família. O luxo aqui está na simplicidade do atendimento, nos detalhes pensados minuciosamente e nos momentos que com certeza ficarão na memória. Os quartos são confortáveis e a comida, elaborada pelo estrelado chef Joachim Koerper, tem menus com ingredientes da estação, inspirados na comida alentejana (algo além do delicioso!). As experiências pro-

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porcionadas por eles vão desde diferentes aulas de culinárias a passeios de balão. Do Alentejo, siga para a encantadora Lisboa. A cidade, que antes destoava do restante da Europa e era parada no tempo, mudou totalmente. Hoje ela está viva e ferve. Pessoas de todas as idades circulam por suas ruas, que oferecem lugares charmosos, hotelaria de primeira e uma gastronomia de se tirar o chapéu. Hoje mesmo, antes de escrever este texto, escutei que é difícil alguém errar em um restaurante de Lisboa. É verdade. As opções vão de simples cafés, com deliciosos pastéis de nata, até estrelados restaurantes gourmet. Almocei em restaurantes frequentados por lisboetas para almoços de negócios ou pequenas reuniões, como o Café no Chiado. Jantei no estrelado Feitoria, comi pastéis de Belém e provei uma espumante de vinho verde que estava um espetáculo! Fiquei com vontade de passear pela cidade de tuc tuc, subi no Castelo de São Jorge e me perdi pelas ruelas da cidade. Em minhas passagens pelo país (foram mais de cinco nos últimos anos) fiquei hospedada em áre-


CEGONHAS, HERDADE DA MALHADINHA NOVA/BEJA, POUSADA MOSTEIRO DO CRATO/CRATO, HOTEL CONVENTO DO ESPINHEIRO/EVORA

as diferentes de Lisboa, como as margens do Tejo no hotel Altis Belem e bem no centro da cidade no Altis Avenida. Entre os hotéis que conheci, o Ritz Four Seasons é um dos memoráveis. A viagem termina em Lisboa, uma cidade que respira história. Seus museus e monumentos fazem com que a agenda de qualquer turista fique cheia por dias. Sem contar os arredores, pois um passeio por Estoril e seu cassino, pela charmosa Cascais e por Sintra, com o belo Palácio da Pena, é obrigatório. Uma boa ideia é hospedar-se por alguns dias nesses locais, pois a pouca distância da capital faz com que alguns turistas prefiram o clima da praia e os campos de golfe à cidade grande. É difícil dizer adeus ao belíssimo Portugal. Partir dá sempre um pouco de tristeza e uma vontade gostosa de retornar em breve.

PORTUGAL É UM PAÍS LINDO, HOSPITALEIRO, CHEIO DE ATRAÇÕES E DE BELAS PAISAGENS, TANTO NA CAPITAL COMO NO INTERIOR. DÁ VONTADE DE VOLTAR MUITAS VEZES

ROTEIRO BY DIÁRIO DE BORDO 51 3314.8600 lgarcia@diariodebordo.tur.br

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Lugar

O SURPREENDENTE E LINDO THE OITAVOS, Cascais é um amor de cidade, à beira-mar, charmosa, com astral bem praiano e descontraído, mas com um quê de requinte que se percebe pelo alto padrão da gastronomia, as belas casas de veraneio e seus jardins, a intensa programação de eventos culturais. E é nesse lugar tão especial que está instalado o surpreendente The Oitavos, um lindo hotel, spa e campo de golfe, perfeito para quem deseja curtir Cascais de uma forma mais tranquila e exclusiva. Plantado em meio a uma Quinta, o hotel está cercado de natureza, e a ela se integra de maneira perfeita. A estrutura do prédio, com revestimento em vidro, permite aos hóspedes vislumbrar o tempo todo a bela paisagem, com o mar e os barcos ao

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longe, compondo cenários absolutamente poéticos. Sem falar na luz natural que inunda os diversos espaços do hotel. Por dentro, o The Oitavos simplesmente arrasa. A ambientação, clean e contemporânea, tira o melhor proveito dos tons de azul e cinza, criando espaços que convidam ao relax. Os apartamentos são amplos, todos contam com ambiente de estar e varanda, e todos têm vista para o mar. Para garantir essa perfeita integração com o entorno e proporcionar o desfrute do belo visual por todos os hóspedes, o prédio foi contruído em forma de “Y”. Ainda sobre os apartamentos: impossível não se


REFÚGIO DE LUXO E CHARME EM CASCAIS surpreender ao adentrar em um deles pela primeira vez. O azul é dominante e está no piso, nas bancadas do banheiro e do estar, na banheira, nos acessórios... é simplesmente lindo e muito especial. A cama é tamanho king e as áreas de box, pia, vaso são todas compartimentadas, para facilitar o uso por mais de uma pessoa, mas integradas ao ambiente por divisórias e portas de vidro. A gastronomia do The Oitavos também é arrasadora. Os restaurantes do hotel oferecem o que há de mais fresco e requintado em frutos do mar, além de especialidades da culinária portuguesa. Carta de vinhos soberba – aproveite para degustar os maravilhosos rótulos nacionais –, atendimento impecável. Ah, e não se pode deixar

de mencionar o café da manhã, que oferece uma variedade de delícias. Destaque para o balcão com queijos de diferentes tipos, os pastéis de nata, crocantes e saborosos, o pão de milho (ou broa, como dizem os portugueses) e todos os outros pães, cada um mais delicioso que o outro. E ainda há o Spa... E que Spa! Dentro do conceito de comunicação permanente com a natureza, as salas de massagem têm paredes envidraçadas e luz natural. Ambiente mais relaxante, impossível. Na área “molhada”, a piscina (aquecida) e a hidromassagem (com temperatura de 36 graus) usam água do mar. Estar nesses ambientes é um enorme prazer. Prazer, aliás, é o que o The Oitavos proporciona em cada detalhe.

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Sampa C R I S

B E R G E R

ALIMENTO PARA A ALMA

O Marakuthai já faz parte dos hábitos dos paulistanos e é “cartão-postal” obrigatório para quem visita Sampa. O primeiro restaurante fica em Ilhabela, no belo litoral norte paulista. Pé na areia, descolado e delicioso. O segundo está no bairro dos Jardins e funciona como um bem-vindo escape da cidade grande. O terceiro, inaugurado em junho de 2015, está no Itaim Bibi e tem uma curiosidade: fica nos fundos de uma loja. Confesso: cheguei sem saber. A única informação valiosa que eu tinha em meu poder era: Marakuthai novo no pedaço e ele tem TOG no nome. Pensei: preciso conhecer. Minha curiosidade, ou quem sabe falta de tempo, não me fez dar um Google para descobrir mais detalhes. Melhor! Fiquei com o prazer da surpresa. Lá no fundo da grande loja, que parece uma galeria de arte com pé-direito alto e paredes brancas, está a entrada para o colorido e aconchegante espaço gastronômico da chef Renata Vanzetto.

CRUZANDO A TOG Apesar da minha pressa, devido à fome e pelo adiantar da hora, cruzei a TOG rapidamente enquanto observava as cadeiras, sofás e mesinhas expostas pelo caminho. Mais do que isso, olhei e as desejei. Logo minha atenção foi desviada para o osso tamanho “dinossauro”, que na verdade é um banco, e está na porta do Marakuthai. Fiz uma foto sentada nele, postei no Instagram e deixei a TOG momentaneamente no pause. Finalmente, mergulhei no mundo criado pela decoradora Silvia Camargo, mãe da Renata. Mais uma vez, ela projetou um cenário impossível de passar imune. A harmonia de estilos, a construção de cantinhos, a combinação de cores e o garimpo de peças fazem deste Marakuthai exatamente o que encontramos nos anteriores: um ponto de encontro, um lugar que desperta vontades e que deixa lembranças.

CRIS BERGER É JORNALISTA E ESCRITORA

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crisberger@crisberger.com

www.guiapetfriendly.com.br

@guiapetfriendlydecrisberger


O TEMPERO DA RENATA Mas vamos ao que interessa: o cardápio! Me diverti ao notar que alguns pratos do Marakuthai já são velhos conhecidos meus. Tentei, dentro do possível, não repetir pedidos, mas sucumbi ao Khiri Khiri, que são bolinhos de camarão com leite de coco e castanha de caju com molho picante: os meus preferidos. Como prato principal, escolhi pela caldeirada, que vem em uma linda panelinha com tampa, onde são servidos camarões no molho de leite de coco, toque de limão e dendê acompanhados de arroz jasmim e farofinha de dendê. Parece uma moqueca baiana, né? Mas não é. O sabor é suave e o prato, leve. Como sobremesa, veio o El Mejor (“o melhor” em espanhol), que não poderia ter nome mais apropriado, pois a combinação de sorvete de castanha com calda de doce de leite, macadâmias caramelizadas e banana assada é realmente imbatível.

DE VOLTA À TOG E não é que a TOG é do designer francês Philippe Starck? E que a loja que eu cruzei com pressa é a primeira da marca no Brasil? Bem, um dos sócios da Renata no Marakuthai é amigo de Starck, que por sua vez adora o trabalho da chef paulista. Assim nasceu o conceito que une design e gastronomia e, no final das contas, é alimento para a alma. Rua Iguatemi, 236 I Itaim Bibi 11 3078.3246 I www.marakuthai.com.br

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Vida

Movidos por

adrenal na Adrenalina. s.f. Hormônio produzido e secretado pela medula das glândulas suprarrenais, acima dos rins, de função muito importante no processo de aumento da pressão sanguínea, acelerando o ritmo cardíaco; importante também na elaboração das respostas aos estímulos externos. P O R

F L AV I A

M U



Vida

A definição de “adrenalina” no dicionário não parece ser a mesma de quem é apaixonado por esportes de aventura, que descrevem a prática como estilo de vida: uma busca constante por fugir da rotina e um mergulho num universo de superação dos limites. A prática dos esportes de aventura torna-se a válvula de escape para o cansaço e para o estresse. É um momento de desligar da correria da cidade e dos compromissos profissionais para contemplar momentos de sintonia total com a natureza. Há práticas para todos os gostos, mas que sempre exigem muito preparo físico: mountain bike, que é pedalar em trilhas no meio das florestas e montanhas; escalada, subida em paredões, abismos ou cachoeiras usando cordas; rafting, em que se descem corredeiras a bordo de botes infláveis; trekking, que se caracteriza pelas caminhadas intensas por trilhas que contornam montanhas e florestas, entre inúmeras modalidades. Adrenalina pura!

VÁLVULA DE ESCAPE

Carlos Ignacio Schmitt Sant Anna é advogado. Lida, diariamente, com temas ligados à propriedade intelectual – marcas, patentes, direito de autor, internet – e também indenizações e inventários. O tempo fora do escritório é dedicado aos dois filhos pequenos e à atividade física, ferramentas que ajudam a manter o ritmo. E, mesmo sem neve no Brasil, o snowboard é seu esporte. “É uma câmara de isolamento da tensão do dia a dia”, revela. O esporte surgiu em sua vida anos atrás, quando experimentou sozinho por curiosidade. Sant Anna não mede esforços para ter o seu momento: pega o carro e vai até Gramado para praticar o esporte na Snowland, parque para prática indoor. “E de seis em seis meses, vou para a montanha”, afirma. De todas as sensações, deslizar parecer ser a melhor delas. “Vou dormir e sonho que estou deslizando. Às vezes, nem sei sobre o quê, mas faço os movimentos de rasgadas e carvings. É muito bom. Na montanha, tudo é novidade: nunca se sabe ao certo como será a próxima descida e a gente se isola do mundo, fica em contato direto com a natureza, ouvindo o silêncio e sentido as texturas do deslizar”, descreve.



Vida

DESAFIO CONSTANTE

O esporte está no DNA de Marco Alcântara, engenheiro e empresário da construção civil. A busca por novos desafios parece ser a maior motivação: até os 23 anos treinava remo olímpico, passou a fazer triathlon até encontrar a combinação de condicionamento físico e adrenalina em provas de aventura, que combinam remo, bike, corrida e orientação. A escolha por esportes de aventura está relacionada à personalidade das pessoas. “Essa prática envolve determinação, pois apresenta, normalmente, provas com grandes dificuldades mentais em superá-las. O esporte proporciona inúmeros desafios e também a alegria de conviver com amigos fantásticos”, comenta. Para as provas de aventura, é necessário preparo. Alcântara treina uma ou duas vezes diariamente. “De segunda a sexta-feira, faço treinos de corrida pela rua, natação e musculação no clube e bike na madrugada”, revela. Tudo isso para chegar preparado nos locais em que as provas acontecem: sempre paisagens maravilhosas e inesquecíveis. “A recordação mais recente é da prova realizada na Patagônia argentina, com saída e chegada na charmosa Vila Angostura. Mais de 800 participantes inscritos para um percurso de 160 km de treking através das montanhas, que completei em 52 horas”, relembra.

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Vida

QUEDA LIVRE

“O primeiro salto foi só para matar a curiosidade.” Ana Karina Belegante Lucena morava no Rio de Janeiro e, de longe, observava os paraquedistas. Decidiu experimentar: fez aulas e apaixonou-se pelo esporte. “Ainda não descobri sensação melhor do que a queda livre”, garante. E foi o paraquedismo que incentivou Ana Karina a mudar de vida. No final dos anos 90, abandonou o sonho de ser comissária de bordo para tornar-se jornalista de esportes radicais, algo pouco comum na época. Por dez anos, a jornalista esteve à frente do programa Adrenalina, do Canal Futura, em que apresentava e experimentava diversas modalidades radicais. “O Brasil é rico em terra, mar e ar. É um cenário para o esporte radical. Mas posso dizer com toda certeza: não há nada igual ao paraquedismo. É bem verdade que esse é um esporte bem individual, pois ninguém assiste ao salto. Não dá para ver todas as emoções”, comenta, relembrando as sensações de pular do avião. O paraquedismo exige domínio total do ar e do equipamento. “E, para isso, é preciso manter-se concentrado para que tudo dê certo. Há necessidade de um conhecimento prévio em navegação também. Não tenho dúvidas de que todo esse foco tenha reflexos na vida pessoal”, afirma. A atleta, que integra a Confederação Brasileira de Paraquedismo, já fez saltos para publicidade e demonstrações. Hoje, apesar da dificuldade em função do clima, saltar é seu hobby. “Quem salta não consegue explicar; quem não salta não consegue entender. Gostaria de saltar com mais frequência. O Rio Grande de Sul, além de ter suas áreas de salto em locais um pouquinho distantes da capital, enfrenta uma incerteza climática que não favorece o planejamento da prática”, comenta.


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Vida O melhor ângulo é aquele mais exclusivo. A escalada em rocha, na vida de Marco Terranova, é uma mistura bem equilibra de profissão e prazer. O inquieto fotojornalista carioca curte viver ao ar livre e, do alto, faz fotos incríveis da Cidade Maravilhosa. “O brasileiro ainda não desenvolveu a tradição da escalada. Pão de Açúcar, Pedra da Gávea, Dois Irmãos, Corcovado. Temos tantas montanhas na cidade. Há uma vocação para esse esporte, que decidi aproveitar, superando, inclusive, meu medo de altura”, comenta. Escalar é seu prazer, mas também é parte do seu trabalho como fotógrafo de esportes de aventura. Encantado pela possibilidade de ter perspectivas diferentes para suas imagens, Terranova precisa manter o corpo em dia para isso. “Acordar cedo faz parte da rotina. Procuro fazer exercício, diariamente, sempre antes de trabalhar. Correr ou pedalar na mata, remar para longe do som da cidade. A escalada, como é mais trabalhosa, fica para os finais de semana. Mas, com frequência vejo o sol nascer. O esporte ao ar livre exercita também a capacidade de contemplação”, reconhece. Quando sai para praticar esportes por prazer, Terranova deixa a câmera fotográfica em casa. “É meu momento de desconectar. Já passo muito tempo fotografando em atividades que exigem preparo físico. É neste momento que busco liberdade!”, explica.

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FOTOS: MARCO TERRANOVA

NOVAS PERSPECTIVAS



Vida

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Izabella Boaz tem espírito livre. Independente e determinada, ela é daquelas pessoas que corre, incansavelmente, atrás do que querem. E nesta busca pela sensação de liberdade, encontrou novos desafios e motivações no esporte. Correr sempre fez parte de sua vida – começou com 16 anos de idade e sempre esteve presente entre paradas e retomadas –, mas só recentemente descobriu que era possível unir duas paixões: o esporte e a natureza. “Comecei com o trekking. Evolui para a corrida de montanha, que me leva para dentro da natureza. Posso estar em lugares que gosto, viajar e ver paisagens que quase ninguém vê. É algo que me motiva. Sempre tenho um par de tênis na mala. E correr longe de asfalto, do trânsito e da poluição é bem diferente”, comenta. Em 2015, seu maior desafio: participar do Cruce de Los Andes, uma das mais desafiadoras corridas na montanha do mundo organizada pelo Clube de Corredores da Columbia da Argentina. Em três dias, são percorridos pouco mais de 100 quilômetros de distância, cruzando o território argentino e chileno, num ambiente adverso com pedra, água, muitas subidas e descidas duras, possibilidade de chuva e neve. “É o verdadeiro clima Patagônico com paisagens que fazem qualquer pagão acreditar em qualquer coisa”, emociona-se. Para fazer tudo isso, uma preparação intensa com treinos de corrida e orientação para evolução da corrida em montanha, treinamento funcional e acompanhamento nutricional rigoroso preparatório e para a prova. “Tive verdadeiros mestres me acompanhando nessa jornada. Desde que me inscrevi, estava decidida que terminaria o percurso. E cheguei bem preparada na prova”, comenta. E a sensação é espetacular. “Durante a prova, uma catarse: sorri, chorei, comemorei cada quilômetro. É uma experiência incrível. Em meio à natureza a gente percebe que é só um grãozinho no universo. Foram momentos de muita reflexão, mas sem deixar de lado o objetivo, que é terminar a prova. Gosto de aventura. Já tenho uma prova em novembro e, em 2016, estarei no Cruce de Los Andes de novo!”, promete.

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FOTOS: RODOLFO SOTO

SENSAÇÃO DE LIBERDADE

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O sabor e o saber F E R N A N D O

LO K S C H I N

COMIDA E SEXO, OS PRAZERES

Um amigo cínico terminava a garrafa de vinho pregando o batismo numa religião de somente duas máximas: abolidos os dez mandamentos, instituídos os sete pecados capitais. Sentia-se ‘demasiado humano’ (sic), de alma fraca como a carne e, para livrar-se do mal, melhor levantar em tentação, não camuflar vícios com virtudes. Os romanos tinham uma palavra que reunia os sete pecados capitais, ‘SALIPIGIA’: Soberba, Avareza, Luxúria, Inveja, Gula, Ira e Preguiça (Arcidia em latim). Se a gula é o pecado da mesa – pesa mais o corpo que o espírito –, todos ali comparecem. A Soberba, no trato afetado do vinho, a Inveja, no olhar (‘in veja’) ao prato do vizinho, a Avareza, ao esquivar-se no rateio da conta, a Ira, no protesto pela demora do serviço, a Preguiça, na indolência do maître e a Luxúria, na pressa de voltar para casa para, como escreveu Brillat Savarin, ‘fazer a digestão da forma mais agradável’. Da mesma forma que as artes e os sentidos, os pecados e os prazeres se complementam. Difícil separar prazeres. Os centros de impulsos e satisfações instintivas alimentares e sexuais ocorrem na mesma área cerebral no sistema límbico – bem afastadas dos núcleos corticais de controle. Ao nível periférico, língua, lábios e genitália têm os mesmos receptores sensoriais, os ultrassensíveis bulbos de Krause. Além de dividir a palavra ‘lábios’, boca e vulva respondem de forma idêntica à estimulação: rubides e ingurgitamento – o batom nos lábios invoca esta excitação. Tudo começa por comida e passa a sexo. Só não nos enfadamos no Éden porque Eva, seduzida pela serpente, abocanhou o fruto proibido. Ato contínuo, ‘conhece’ Adão para gerar Caim, primeiro ser humano concebido naturalmente, um fratricida. O mesmo ocorreu no inferno: por ter comido sementes de romã, Perséfone foi condenada a desposar Hades e passar a metade de cada ano no reino infernal. “Crescei, multiplicai-vos e enchei e dominai a Terra” foi

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o imperativo divino aos seres vivos, ou seja, ‘comam e reproduzam’. Um Criador povoou o mundo com seres procriadores. E procriação na forma mais enlevada: “Teus brotos são paraísos de romãs... mais deliciosos que o vinho são teus amores... os teus lábios, ó esposa, destilam mel virgem ... e o mel e o leite estão sob a tua língua... levou-me à sala do banquete e seu estandarte sobre mim era o amor... sustenta-me com passas, conforta-me com maçãs porque desfaleço de amor.” Abençoados os casais com a paixão e a poesia de Sulamita e Salomão, mas é por metáforas alimentares, que o Cântico dos Cânticos, o hino nupcial bíblico se assenta. Sexo e comida interpostos, ‘estes irmãos gêmeos’ (Turgenev, 1870), têm o mesmo propósito, definem o viver, dão o contraponto à mortalidade. A premência e o gozo no usufruir e o agonia na interdição demonstram o quanto são críticos à sobrevivência. ‘O sexo contém tudo, tudo contém sexo’, diz o poema de Whitman, o mesmo vale para a comida. Para Grimod de la Reynière, “o desjejum é a refeição da amizade, o almoço, a da etiqueta, mas o jantar, com o fascínio de uma queima de fogos, é dedicado ao amor”. É a ocasião das mulheres exercerem “seu doce império, domínio irresistível, tornando-se mais ternas e sedutoras”. E acrescia: “se as mulheres são jovens e belas e os homens são amáveis e gulosos é fácil imaginar como tudo continua...” La Reynière não se surpreenderia que o Dia dos Namorados a coincida com o ápice de movimento em restaurantes, presumo que também motéis. ‘Gosto’, uma sensação própria da boca, foi a inspiração e nome do julgamento estético, o ‘bom gosto’; gostar é ‘achar palatável, saboroso’. Também no inglês, taste, ‘o sabor na boca, paladar’, derivado de tact, ‘tato’, ganhou o sentido de ‘bom gosto, aptidão’. E foi o sabor (L. sapor) que gerou saber (L. sapere), na origem ‘conhecer o sabor, ter um bom paladar’ – é a intimidade do Saber e Sabor que dá título a esta coluna.


GÊMEOS

A comida fala pelo sexo: gostosa, insaciável, faminto, quente, frígida, picante, e as indigestas mulheres todo tipo de frutas. O inglês tem honey, sweet, cookie; o francês tem chou, tanto ‘repolho’ como ‘amada’. Quando jovem eu suspirava ‘boa para chuchu’ sem saber que era galicismo: chouchou, como bombom é carinho em dobro, um parente do insosso chuchu que tanto dá na cerca. Abacate é testículo em asteca, mamão é a mama grande, vagina é a vagem pequena e glúteo quer dizer glutão. Quem estranha o gaúcho falando pão cacete, usa baguete, um termo derivado de bastão e parente de bago, termos latinos de conotações fálicas. Gregas e romanas assavam pães em forma de pênis que usavam para aplacar outros apetites. Para as jovens alemãs do Séc. XI, pão cevado com suas nádegas era um poderoso feitiço, quem provasse o pão se apaixonaria pela padeira. Manuais de confessores instruíam a questionar moças sobre ‘pães amassados com o rabo’. Esta tradição deixa curioso o eufemismo ‘padaria’ para a bunda feminina. ‘Ele é um pão’ era elogio ao homem. A tradição medieval identifica o masculino com o pão e o feminino – o útero – com o forno; o sexo e a gravidez descritos como o pão indo ao forno. A Eucaristia celebra Cristo como panis vivus assado no virginalis uteri (São Boaventura, Séc. XIII). A dieta expressa a libido. No Séc. XVIII a carne excitava as carnes e era inadequada à donzela, já a fria verdura, ‘alimento dos eunucos’ (Pitagoras), esfriava o comedor e era própria aos internatos e conventos. A jovem tinha delicadeza no apetite, leveza na dieta. Goethe perdeu a atração pela Madame Von Stein devido a seu apetite voraz, ‘muita salsicha e café forte a arruinar seu encanto’. Ainda hoje 2/3 dos vegetarianos são mulheres. Anorexia Mirabilis é a perda miraculosa do apetite. Um terço das santas católicas sofriam de ‘Anorexia Sagrada’, muitas com perversões orais afins à coprofagia masoquista de Sade. A proteína na dieta Caterina de Siena era o pus

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O sabor e o saber F E R N A N D O L O K S C H I N

COMIDA É SOBREVIVÊNCIA DO SER, SEXO É A DA ESPÉCIE. TUDO DE MAIS BELO NA NATUREZA SERVE A ESSES UNIVERSOS. A ABELHA COPULA COM A FLOR PARA ASPIRAR NÉCTAR (COMIDA) E DEPOSITAR PÓLEN (SEXO) de feridas cancerosas. Santa Angela de Foligno só bebia a água da banheira de leprosos e Santa Francesca Romana vivia de migalhas emboloradas de pão: com a gordura do porco, fritava sua genitália. Joana D’Arc era chamada La Pucelle em alusão presumida a seu peso de pulga (F. puce); há quem explique seus transes e alucinações pela hipovitaminose e desnutrição. Na Inglaterra Vitoriana as toalhas de mesa iam até ao chão no recato de cobrir as ‘pernas’ do móvel – no inglês, mesas não têm pés, têm pernas (legs). Foi nestas mesas vestidas que surgiram as expressões ‘carne branca’ e ‘carne vermelha’, pudor frente ao sexismo coxas e peitos de galinhas. Conta-se que Churchill, repreendido por uma anfitriã por usar o termo breasts à mesa, mandou-lhe uma gargantilha de presente com o pedido de desculpas e a sugestão de que a joia fosse usada junto a white meat... Estes tempos de perversão melancólica que Churchill tanto apimentou lembram Isabel Allende em sua leveza: ‘erótico é usar uma pena; pornográfico é usar a galinha’. Por outro lado, conforme as boas línguas, os restaurantes da belle époque parisiense tinham toalhas, brancas como lençóis, também caídas até o chão para privacidade ao que ocorresse embaixo das mesas, desde pés sexpedicionários até ‘a arte da boca’ – o termo é de Montaigne –, degustações extramenu de clientes afoitos. Josephine Baker retrata o fato num delicioso verso: I like to have a Martini, / two at very most, / after three I am under the table, / after four I am under the host. Perseguindo o prazer numa mescla da gastronomia com sensualidade, Casanova selecionava o menu de seus jantares íntimos conforme os predicados de suas 122 difíceis conquistas, a maioria noviças religiosas, sendo clássica sua harmonização de vinhos: tintos com morenas, brancos com loiras, rosés com ruivas. De fato, comida é sobrevivência do ser, sexo é a da espécie. Santo Agostinho, no Séc. IV D.C., já confessava: “comida é saúde do homem, sexo é saúde para a espécie”.

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Tudo de mais belo e épico na natureza serve a esses universos. O sexo está no canto do pássaro, na cauda do pavão, na galhada do veado, no aroma da flor e no sabor da fruta. A comida está na migração dos guinus, na teia da aranha, no ataque das orcas, no mimetismo do camaleão. A abelha literalmente deflora e copula com a flor para aspirar néctar (comida) e depositar pólen (sexo). Não é exagero dizer que Vasco da Gama chegou à Índia e Cabral veio ao Brasil em jornadas gastronômicas e sexuais: a busca de especiarias, elo da gula com luxúria, a condimentar, fortificar, untar, perfumar e colorir a vida. Esta busca perde-se na História. “Para obter uma ereção friccione mel com pimenta no p.” Como este fragmento dos Papiros Gregos Mágicos (Séc. II A.C.) está danificado, há debate se é no pé ou pênis... Todo reino alimentar serve à afrodisia: formas masculinas (cenoura, banana, polvo, aspargo), femininas (figo, ostra) ou invocações de fertilidade (ovos, caviar, romãs, até batatas). Testículos de touro eram ‘as ostras das pradarias’, e pêssegos, por lembrar as nádegas da Calipígia, eram os benditos frutos servidos nos bordéis ingleses. Como o pepino do mar ingurgita-se absorvendo líquidos, os romanos os usavam para forrar almofadas na esperança de algum efeito tópico. Cornos de rinoceronte, olhos de hiena, rabos de crocodilo, a universalidade e multiplicidade dos tônicos sexuais refletem toda a necessidade. Para Ovídio, a juventude e a beleza eram os verdadeiros inspiradores da ‘Arte de Amar’. Inteligência, alegria, imaginação e criatividade são bem mais perenes, melhor cultivá-los. Como recitava o amigo cínico ao pregar a conversão na religião de duas máximas: Afrodisíacos / deles, as outras e as ostras / delas, as pérolas.

FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E GOURMET fernando@vanet.com.br



Equilíbrio C H E R R I N E

C A R D O S O

A FELICIDADE VERDADEIRA NÃO PRECISA DE ATALHOS

Você aí que está triste, passando por algum momento difícil, que acha mesmo que o seu problema é o maior do planeta e que ninguém além de você tem o direito de sofrer porque a sua dor é enorme, você está esquecendo de um detalhe muito importante: a sua dor não é a maior e única dor do mundo. Pare e pense em tudo o que você tem. Se até quem perde tudo de uma hora para outra encara o momento e vai em busca de recuperar as suas coisas, por que você se dá ao direito de sofrer por aquilo que sabe, lá no fundo, que é passageiro? Sabe, correr para algum profissional que lhe dê uns remedinhos para aliviar a sua dor não o fará sentir melhor. Ou fará, mas não de forma verdadeira. Todos têm problemas, em maior ou menor grau. E muitas vezes problemas emocionais são gerados pela sua própria expectativa. Você quer ser feliz e então quando a sua realidade lhe oferece situações que lhe proporcionem este sentimento, você está bem. Só que se de repente o que você achava que era o caminho da felicidade muda, você sofre, porque sua expectativa era maior que a sua realidade. É simples! E justamente por sê-lo, não é um remédio (na real vários, porque você toma um, desse um toma outro, desse outro toma outro e assim quando menos perceber é um parasita, que nem consegue entender ao certo o por que está tão chapado) que vai te salvar do sentimento, porque ele está aí dentro de você. Então, pare de buscar resposta fora ou em alguém que te escute apenas. Encontre o caminho das respostas e mudanças dentro de você. É fácil? Não! Não é. É bem difícil. No entanto, mesmo dentro da dificuldade, você ainda estará sendo você. Ou pelo menos tentando. Só que mediante remédios você passa a perder um pouco a noção da realidade, porque os remédios são receitados para sanar a sua dor, ou seja, mascará-la. Fazê-lo achar que as coisas estão melhores quando na verdade não estão. Encare de frente suas dificuldades e faça por você o que nenhuma outra pessoa fará: desperte! Sem remédios, sem atalhos, sem ouvintes. Olhe no espelho e diga ali, na sua cara, frente a frente, o que te frustra, o que te dá medo, o que te incomoda, o que você gostaria que fosse diferente, o que você não quer que se repita nunca mais, o que

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você precisa mudar no seu padrão de comportamento. Diga isso e repita quantas vezes for necessário. E depois pare, faça boas técnicas respiratórias, faça bons movimentos com o seu corpo, faça um bom aquietamento e levante e vá viver. De preferência fora das redes sociais, fora da internet. Vá olhar o verde, vá sentir a vida, vá perceber o vento, o calor ou o frio, os sons à sua volta, vá ser você por você e, principalmente, não dependa de pessoas para ser feliz! Seja feliz. Com ou sem alguém para compartilhar de sua felicidade. Eu faço isso muitas e muitas vezes. E por mais que eu não esteja todo o tempo 100% feliz, lá dentro eu sei que eu SOU! Se permitir momentos de tristeza é supernormal (entenda NORMAL, todos passam por isso e não precisam recorrer a nada nem a ninguém para que passe!), viver infeliz o tempo todo é que não é. Há uma diferença muito grande em SER e ESTAR! Estar triste é permitido. Ser triste não! E se este é o seu caso, se você nunca se sentiu feliz na vida em momento nenhum (o que eu duvido, porque se este fosse seu caso você já teria se matado), bom então concordo que você deva procurar, sim, um profissional. Se passa dias e dias se questionando porque é triste e infeliz, sugiro que busque profissionais sérios que possam descobrir lá em regiões mais obscuras de sua mente a causa de suas frustrações. Mas volto a dizer, se é só um momento, por favor, não se entregue a ele, use-o como um obstáculo a ser superado na direção da sua felicidade real e objetiva. Não abandone a si mesmo em detrimento de remédios. Encare seu problema com a cabeça erguida e com um sorriso no rosto, mesmo que falso momentaneamente. Seja forte e otimista. Talvez a gente não tenha tudo o que gostaria de ter ou esperava ter neste momento, mas nem por isso devemos abandonar o barco e abrir mão daquilo que nos inspira e motiva. Crise = oportunidade! Na vida, nos negócios, no amor, na profissão; parece clichê, mas a máxima “quando você menos esperar algo incrível irá acontecer contigo” é muito verdadeira! JORNALISTA COM ESPECIALIZAÇÃO EM PUBLICIDADE & PROPAGANDA E MARKETING. INSTRUTORA DE ALTA PERFORMANCE DO MÉTODO DEROSE EM PELOTAS. WWW.METODODEROSEPELOTAS.COM



Ser & Vestir R O B E R TA

C O LT R O

EM BUSCA DA CAMISA IMPECÁVEL A barbatana é uma peça de plástico encaixada na ponta das golas para deixar o colarinho firme. Pode ser usada em todos os momentos, com ou sem gravata. Os botões na camisa masculina ficam do lado direito. Quando sem gravata, é correto deixar no máximo os dois botões de cima desabotoados. Mais que isso fica vulgar. O punho da camisa deve ficar exatamente onde termina o antebraço e começam as mãos. O punho deve ficar bem em cima do ossinho.

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Em tempos de fast fashion, com coleções globais multiplicadas à exaustão, preços baixos e qualidade idem, peças básicas e essenciais de excelente qualidade, ganham ainda mais valor. Além disso, o interesse do homem moderno em relação ao vestir cresceu vertiginosamente e, curiosamente, tem se voltado também para detalhes do guarda-roupa bem tradicional e para peças básicas: a camisa é uma delas. Invariavelmente surge a pergunta: “Como posso saber se estou comprando a camisa certa?”. Existem mesmo algumas características bem marcantes que podem ou não tornar a sua escolha certeira. Todo homem bem vestido precisa não apenas possuir belas camisas, mas acima de tudo, é necessário ter o olhar apurado para detalhes que o façam identificar “a sua camisa”. Há muito a ser dito, mas aqui vou trazer apenas algumas informações que podem ajudar a afinar o olhar. Primeiro de tudo, observe o colarinho, que é a peça que segura a camisa no corpo e deixa a gravata no lugar. O colarinho correto é aquele que fica com um dedo de folga entre a gola e o pescoço. Você precisa saber qual colarinho veste melhor. Cada tipo de colarinho pede uma situação específica. Existe o colarinho clássico – que é adequado a qualquer tipo de terno e comporta gravatas largas ou finas com nó simples. Mas há pelo menos outros sete tipos de colarinhos – que dependendo do seu formato de rosto, pescoço e estilo farão ou não parte do seu acervo. Preste atenção também ao corte, caimento e nobreza de materiais. Existem detalhes luxuosos, mas nada ostentatórios, que tornam a camisa mais durável e com um conforto extra. Por exemplo, veja a composição do tecido na etiqueta: quanto mais longo for o fio do algodão, melhor. Isto porque a pureza e o comprimento das fibras duplamente torcidas minimizam o amassado. Se a escolha da camisa no lugar da camiseta sempre diferenciou o homem do garoto, inclusive nos momentos de lazer, vestir “A” camisa impecável diferencia os homens dos outros tantos que andam por aí. Invista certo!


ROMANTISMO COM ATITUDE As românticas de plantão irão gostar: existe um neorromantismo no ar. Sim! A nossa primavera e o verão prometem seguir uma tendência que se iniciou lá na Italia pela poderosa Prada e que pode ser chamada de New Girlie. É um romantismo cheio de atitude. Explico. Convencionalmente, o estilo romântico é marcado por roupas de tons suaves, principalmente as chamadas candie colors – que são os tradicionais azuizinhos bem clarinhos, os lindos rosés de várias matizes, os amarelinhos bem pálidos, os verdes mais clarinhos possíveis e assim por diante. Tudo muito leve e doce. Além disso, o look da romântica pura tem como peças-chave as saias, as rendas, as transparências delicadas, assim como babados. Tudo superfeminino. Pois a novidade para a Primavera-Verão 2015-16 é este estilo romântico com toques mais arrojados. Uma mélange para dar um ar de mais atitude à delicadeza. Resumindo: Girlie com graça. Roupas com detalhes de pespontos misturados a brocados, por exemplo. Modelagens revelando o corpo feminino marcando bem a cintura. Cortes de tecidos finos. Misturas dos tons suaves com toques de preto construindo um patchwork inusitado. Esta tendência favorece muito a mulher de meia-idade que adora o estilo romântico e que muitas vezes evita usar, pois fica se sentindo muito menininha. Agora não! Vale incluir acessórios bem marcantes para contrastar com a delicadeza de um vestido ou saia. Enfim, abuse de misturas que construam um visual mais arrojado e pouco delicado.

Em vez de você vestir os brincos e as pulseiras de sempre, a nova tendência Girlie sugere o uso de broches e acessórios no cabelo. Abuse de peças de desenho floral. Anéis em profusão usados ao mesmo tempo, porém todos muito delicados: esta é outra opção de visual para acessórios seguindo o estilo neorromântico. Se houver laços ou flores fazendo parte do design, melhor ainda! Além dos rosés, o branco e as gamas de tons nude estão em alta para vestidos de renda em momentos trabalho. Mas atenção: nada de decotes ou comprimentos acima do joelho. E dê preferência a modelos com braços mais cobertos. O dress code profissional merece ser seguido mesmo em altas temperaturas.

ROBERTA COLTRO É CONSULTORA DE MODA, ESTILO E COMPORTAMENTO

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LINDA EDIÇÃO DA ESTILO ZAFFARI. E PARA FINALIZAR A REVISTA COM ELEGÂNCIA, INTELIGÊNCIA, FORÇA E DELICADEZA, COLOCAMOS AQUI A SEÇÃO MULHERES QUE AMAMOS! COMO VOCÊ DEVE LEMBRAR, PEGAMOS ESSE NOME “EMPRESTADO” DA REVISTA PLAYBOY, POIS NENHUMA OUTRA NOMENCLATURA PODERIA TRADUZIR MELHOR O CONTEÚDO DAS PÁGINAS QUE VOCÊ VAI LER A SEGUIR. AQUI REUNIMOS MULHERES ADMIRÁVEIS, NOTÁVEIS, INTERESSANTES, INDISPENSÁVEIS. MULHERES QUE REALMENTE DESPERTAM E MERECEM O NOSSO AMOR. NESTA EDIÇÃO, TEMOS UM TIME ESTRELADÍSSIMO: ROSANE MARCHETTI, KATHIA ZANATTA, ROBERTA SUDBRACK E ELIN LAUTERT. UM VIVA A ESSAS SUPERPODEROSAS!

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ELIN LAUTERT

Caminhar com a professora Elin Lautert pelos corredores das escolas em que trabalha, em Porto Alegre, pode ser comparado a uma lavoura em que a safra de carinho é invariavelmente farta. Os sorrisos já vêm lá de longe, assim que os alunos a enxergam. Aquele faceiro “oi, professora!” sempre chega acompanhado de um abraço e um beijo estalado na bochecha. Graduada em Letras e com especialização em Literatura Infanto-Juvenil, Elin está no magistério desde 1979. A profissão foi escolhida a partir de uma das suas mais importantes crenças: “Eu entendo a educação como forma de transformação. É o princípio de tudo, de qualquer florescimento”, resume. Dona de um poder criativo impressionante, Elin garante que, para ela, o “novo” é o seu melhor combustível. E o ambiente escolar não poderia ser cenário mais perfeito. “Para o professor, não existe um dia igual ao outro”, vibra. O estímulo é tanto que nas duas instituições em que atua ela coordena vários projetos. No Colégio Israelita Brasileiro, os trabalhos são com classes desde a Educação Infantil até o último ano do Ensino Médio, em áreas como teatro, cinema, poesia, leitura e sustentabilidade. E na Escola Rainha do Brasil, com turmas de séries iniciais e do Ensino Médio, o foco é a doação de órgãos e tecidos. Realizada em parceria com a colega e autora do projeto, Mariluce Campos de Oliveira, a abordagem da iniciativa é sob a perspectiva da vida, de oportunizá-la. E o resultado está sendo fantástico. Além dos estudantes e professores, os familiares e a comunidade também são envolvidos, ampliando ainda mais o espectro de multiplicação de uma cultura em prol da doação. Mesmo em períodos mais difíceis, como há dez anos, quando foi diagnosticada com câncer de mama, Elin não perdeu a sua paixão motivadora. Só se afastou das salas de aula por 15 dias, quando passou por uma cirurgia, mas durante a quimioterapia só precisava do final de semana para se recuperar. Emocionada, lembra de todo amor e cuidado que recebeu. “Os alunos não me deixavam carregar um livro sequer. Ficavam me esperando na sala dos professores e me acompanhavam até a turma onde eu daria aula.” Mesmo sendo uma verdadeira guerreira, a mestra nunca deixou a doçura e a afetuosidade de lado. Ela diz que essa força tem três principais fontes: a sua fé inabalável; a família, os amigos e os médicos; e a energia que vem dos alunos. Agora, para a felicidade ser completa, só falta realizar o que hoje é o seu maior desejo: a chegada dos primeiros netos. Que eles venham logo para mimar bastante esta vovó que tem cumprido com dedicação e ternura a principal missão que se pode ter. Feliz Dia do Professor, Elin. POR DÓRIS FIALCOFF, JORNALISTA

FOTO: LETÍCIA REMIÃO

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FOTO: ALFREDO FERREIRA

KATHIA ZANATTA Ela é a primeira sommelière de cervejas formada do Brasil, título conquistado pela referendada Doemens Akademie de Munique, Alemanha, em 2008. Desde então, Kathia Zanatta tem inspirado um crescente público feminino a conhecer e a desejar o universo cervejeiro, particularmente o artesanal. Já para ela, a grande musa sempre esteve associada a um país. “As maiores influências para eu seguir este caminho foram a cultura germânica e a minha vontade de morar na Alemanha”, conta a paulista de Sorocaba. Aliado a isso, a conquista definitiva aconteceu na faculdade de Engenharia de Alimentos, na Unicamp. Logo no começo, ao ter contato com a disciplina de tecnologia de bebidas, ela se apaixonou pelo capítulo dedicado à cerveja. “A partir daí, decidi que queria trabalhar neste segmento e corri atrás do meu sonho.” E a expressão “correr atrás” não é um exagero. A sua carreira só foi meteórica porque ela é daquelas pessoas decididas, criativas, detalhistas e muito dedicadas. Como se diz popularmente, para ela “não tem ruim”. Trabalhou durante um ano na cervejaria Paulaner, em Munique, no chão de fábrica mesmo, produzindo a bebida. E na volta ao Brasil fez parte do time do Grupo Schincariol (atual Brasil Kirin) por cinco anos, primeiramente como estagiária na área de Qualidade e, depois, como trainee em Pesquisa e Desenvolvimento de Cervejas. Durante todo esse período, Kathia seguiu estudando. Tem MBA em Gestão Industrial, pela Fundação Getulio Vargas, e se formou Mestre Cervejeira pelo Sibel Institute, em Chicago, Estados Unidos. Inquieta e de perfil empreendedor, em 2010, com o mercado já entrando em ebulição, ela sabia da importância de compartilhar os

seus conhecimentos. Para que o movimento pela cerveja artesanal fosse fortalecido era necessário qualificação profissional. E foi assim que, ao lado dos sócios, Alfredo Ferreira – também seu marido – e Estácio Rodrigues, começou a ministrar o curso de sommelier de cervejas na Associação Brasileira de Sommeliers de São Paulo. Com o sucesso da experiência, os três fundaram o Instituto da Cerveja, que acaba de brindar o quinto aniversário. “Gosto muito de fazer eventos e de dar aulas. É muito bacana ver os olhos de alunos e consumidores brilhando com as descobertas”, revela Kathia. “Como bailarina, algo que faço por hobby há muitos anos, aprendi que se o coração para de bater mais forte antes de entrar no palco, a paixão acabou. No meu caso, o palco é a sala de aula e tenho certeza de que ainda amo muito o que faço.” Merecidamente, todo esse afinco tem sido reconhecido. Com frequência, Kathia é convidada para participar como palestrante em congressos e como degustadora em concursos internacionais. E em maio viajou a Portugal para receber uma homenagem: ela foi entronizada pela Confraria Portuguesa da Cerveja como convidada de honra e ganhou o título de Confrade Mestre por contribuir com a cultura cervejeira no Brasil e para que também apoie o movimento em terras açorianas. Na saideira desta conversa, não havia como resistir a uma última pergunta: – Kathia, ao que você quer brindar? – Ao futuro! Que certamente será promissor e sempre ‘regado’ a cerveja. Prost! POR DÓRIS FIALCOFF, JORNALISTA

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ROSANE MARCHETTI

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os milhares de seguidores que tem em redes como o Facebook e Instagram. Acostumada a desafios, já enfrentou e superou duros momentos. O mais notório foi a descoberta de um câncer de mama, em 2011. Vivenciar uma doença tão grave a fez avaliar a própria vida e a mudar seu olhar sobre coisas simples. Hoje cuida mais do corpo, com alimentos orgânicos e exercícios físicos. Curada do câncer, Rosane é atuante em mobilizações promovidas por órgãos como o Imama e a Femama. O objetivo é buscar mais recursos junto ao governo federal para que mais mulheres tenham acesso a mamografias e a remédios usados no combate à doença. Sempre que possível, participa de palestras e eventos para a conscientização em torno do problema. Rosane não é coadjuvante, é protagonista. Suas pautas aquecem os corações dos telespectadores e sua voz doce faz contraponto à personalidade guerreira que tem. Sempre que possível, apresenta na TV os cenários e culturas do Rio Grande do Sul, além de matérias sobre assuntos que lhe são queridos, como a causa animal. Após uma hora e meia de conversa, me despedi dela cheia de gratidão e com a vontade de revê-la em breve, mesmo que seja através da telinha, ouvindo as histórias que somente ela conta tão bem. POR ANA GUERRA, JORNALISTA

FOTO: LETÍCIA REMIÃO

Quando descobri que escreveria sobre a jornalista Rosane Marchetti fiquei eufórica. Finalmente teria a chance de conhecer e conversar com ela, que há muito tempo é para mim um grande exemplo de pessoa e de profissional. Às vésperas de iniciar a produção de um novo episódio para o Globo Repórter, ela me recebeu na redação da TV com um sorriso no rosto e uma cuia de chimarrão em punho. Tivemos um papo delicioso e recheado de surpresas. Com 55 anos de vida e mais de 30 anos de carreira, Rosane Marchetti tem muitas histórias para contar. Natural de Nova Prata, mudou-se para Porto Alegre ainda na adolescência e estudou jornalismo, sociologia e cinema. Como jornalista, atuou como repórter e apresentadora dos principais telejornais do Rio Grande do Sul. Atualmente produz reportagens especiais para a RBS TV e para a Rede Globo. Rosane fala com paixão sobre um de seus assuntos favoritos: os animais. Seus gatos Lebra, Dindin, Mima e Pedrinho são os xodós, mas ela é a valente protetora de todos os bichinhos. Não poupa esforços para ajudar no resgate e cuidados médicos de milhares de gatos, cachorros, cavalos e até mesmo bicho-preguiça. Estimula a posse consciente e a esterilização de animais domésticos, principais ferramentas para diminuir a população de bichinhos abandonados. Engajada, ajuda diariamente muitos animais e pessoas, criando uma rede solidária com


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FOTO: LEO AVERSA MESA

ROBERTA SUDBRACK

Só entendi, de verdade, que comer é bem mais do que matar a fome quando provei o curau com caviar e pele de banana da Roberta Sudbrack. Lembro bem que, naquele jantar, meus olhos marejaram de tanta emoção à primeira garfada. Eu nunca havia experimentado curau, tinha comido caviar pouquíssimas vezes e não sou lá grande fã de banana, mas aquele prato lembrava-me algo. Não sabia bem o quê. Só depois de conversar com a Roberta percebi que sua comida desperta memória e conta histórias que, talvez, nem sejam minhas, mas trazem uma porção generosa de afeto. Ela parece ser exatamente assim: generosa em afeto. Quando cheguei em seu restaurante para uma entrevista, em meio à correria da cozinha, ela disse: “Senta ali que já estou chegando. Ainda tem umas coisinhas do café colonial. Não quer? Fica à vontade”. E, na mesa, salame, queijo da colônia, broa de milho. Parecia casa. E, de novo, aquela mesma sensação do jantar. A melhor chef mulher da América Latina, escolhida recentemente pelo júri do prêmio Veuve Clicquot, que faz parte do “The World’s 50 Best Restaurants”, premiação da revista britânica “Restaurant”, é uma garimpeira de histórias de vida: das cozinheiras de forno e fogão, dos pro-

dutores rurais, das pessoas que conhece por aí. A pesquisa gastronômica de Roberta Sudbrack está ligada aos hábitos e costumes das pessoas e à valorização do ingrediente. Chuchu vira estrela e divide o palco com o maxixe e com a jaca. A inspiração de suas criações está na simplicidade do dia a dia que ganham releitura em versões sofisticadas. E o mais bacana: tudo artesanal. Nada de tecnologia. Só mãos, fogo e inteligência numa busca por raízes da comida brasileira. E o que parece é que esse interesse é recíproco: filas e mais filas para provar o famoso SudDog, sucesso em seu food truck, que relembra a própria história de vida. Daquela menina que empurrava sua carrocinha de cachorro-quente em Brasília que deu um duro danado para chegar aqui. No Palácio da Alvorada, durante o mandato do então presidente Fernando Henrique Cardoso, serviu suas versões de pratos comuns nas casas brasileiras – como picadinho – para as mais influentes personalidades do mundo. Motivos não faltam para comemorar seus 20 anos de carreira e 10 de restaurante. Cheia de energia, inquietação e fome por histórias! POR FLAVIA MU, JORNALISTA

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Palavra LU Í S

AU G U S TO

F I S C H E R

ÍNDIOS NO PRESENTE

Não sei se o prezado leitor, a prezada leitora, andou pensando em índio ultimamente. Sim? Não? Pois devia, acho eu. A gente se acostumou a considerar índio de um jeito que não cabe mais. Um jeito atravessado por erros, equívocos, preconceitos, anacronismos. Foi assim na escola, na literatura, na nossa maneira de ver o mundo e de agir nele. É hora de mudar. Primeiro problema: na mentalidade dominante aqui no Brasil litorâneo, índio tem a ver apenas com o passado. Até mesmo um gênio brasileiro, Machado de Assis, cometeu esse erro. Em texto famoso, de 1873, ele falava nos índios como “raça extinta”. Extinta? Mas era só ele ter andado meia hora para fora do Rio de Janeiro para encontrar índio à vontade! A população indígena brasileira não só não acabou como tem crescido, apesar de ataques que algumas aldeias e grupos ainda sofrem. Há mais atendimento médico e sanitário do que décadas atrás, assim como há mais áreas protegidas e algumas políticas oficiais de respeito à cultura indígena, como por exemplo o direito a conhecer a língua de seus antepassados, que pode perfeitamente continuar ativa, dando conta de tudo que se vive, sonha, deseja. Segundo problema: considerar que índio é apenas aquele que vive nas matas, na Amazônia profunda. Nada disso: há índios em toda parte, inclusive dentro de Porto Alegre, território que, aliás, seus antepassados ocupavam bem antes de todos os brancos chegarem. Se pensar bem, tem índio até onde a gente não pensaria existir. O gaúcho, por exemplo, é um caboclo, logo é meio índio. No cabelo escuro e liso de tantos brasileiros é provável que esteja a materialidade de um DNA índio. (Entre parênteses: uma vez vi um senhor de boa cultura e fino trato reclamar, com descabida indignação, que agora estava na moda o sujeito se reivindicar índio, mesmo sem qualquer relação com aldeia, com caça, com pintar o corpo. Ele estava brabo com o fato de que havia índios que se apresentavam como tal mas vestiam à moda ocidental,

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Estilo Zaffari

frequentavam faculdade e tudo o mais. Eu perguntei delicadamente a ele por que não teria cabimento essa reivindicação, uma vez que isso é exatamente a mesma coisa que ocorre com descendentes, por exemplo, de italianos, que não falam a língua, nem o dialeto familiar, nem vivem na Itália, nem leram uma página da grande literatura italiana, mas rastreiam documentos com os quais podem comprovar a origem peninsular e assim requerer o passaporte europeu. Vale para um caso e não para outro?) Terceiro problema: achar que índio nada tem a mostrar ao homem ocidental, este que antigamente se chamava, excludentemente, de “civilizado”. Neste nosso tempo, que anda namorando perigosamente com os limites da sobrevivência do planeta, creio que é quase o contrário – os índios, que vivem nesta parte do planeta há mais de dez mil anos, aprenderam muita coisa que vale a pena conhecer. Nem digo drogas e chás, que talvez valham a pena: me refiro a um jeito de conviver com a natureza e com os outros. Sem ir muito longe, tomar mate e se abancar num fogo de chão, atividades ambas tão caras a nós sul-rio-grandenses, quem nos ensinou a fazer? Não estou dizendo que a gente deveria abandonar o estilo de vida ocidental e ir morar no mato, nem que índio seja santo – aliás, este é outro engano, o reverso dos três erros antes mencionados, a idealização do índio como uma criatura pura, o “bom selvagem”, que ele não é. É preciso conhecer melhor o tema, para começar a mudar nossa percepção. E há ótimas publicações onde buscar esclarecimento, por exemplo os livros de Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo, excelente pensador, um sujeito de grande ousadia intelectual, que ajuda a entender os índios e, ao mesmo tempo, a nossa visão de mundo. LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR




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