Revista Estilo Zaffari - Edição 81

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Ano 12 N0 81 R$ 7,90

CASA A ÍNTIMA RELAÇÃO ENTRE GASTRONOMIA E CERÂMICA

PATAGÔNIA AR GELADINHO E LINDAS PAISAGENS NA ARGENTINA

DRINKS REFRESCANTES, SABOROSOS E COLORIDOS

verão descomplicado comidinhas simples e deliciosas para curtir na temporada de calor e férias




Milene Leal milene@entrelinhas.inf.br

EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO REDAÇÃO Bete Duarte, Beto Conte, Flavia Mu, Milene Leal, Tatiana Leal REVISÃO Flávio Dotti Cesa DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade ILUSTRAÇÕES Moa FOTOGRAFIA Letícia Remião, Beto Conte, TriLeal Trip Photos, Denison Fagundes COLUNISTAS Celso Gutfreind, Cherrine Cardoso, Cris Berger, Fernando Lokschin, Luiza Estima, Luís Augusto Fischer, Roberta Coltro, Tetê Pacheco EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS) COMERCIALIZAÇÃO Carlos Eduardo Moi (eduardo@entrelinhas.inf.br), Nelma Soares (nelma@entrelinhas.inf.br), fones: 51 3026.2700 e 3024.0094 A revista Estilo Zaffari é uma publicação trimestral da Entrelinhas Conteúdo & Forma, sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. Distribuição exclusiva nas lojas da rede Zaffari e Bourbon. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem prévia autorização e sem citação da fonte.

TIRAGEM 20.000 exemplares IMPRESSÃO Gráfica Pallotti ArtLaser

ENDEREÇO DA REDAÇÃO Rua Cel. Bordini, 675, cj. 301 Porto Alegre I RS I Brasil I 90440 000 51 3026.2700

Ano 12 N0 81 R$ 7,90

CASA A ÍNTIMA RELAÇÃO ENTRE GASTRONOMIA E CERÂMICA

PATAGÔNIA AR GELADINHO E LINDAS PAISAGENS NA ARGENTINA

DRINKS REFRESCANTES, SABOROSOS E COLORIDOS

verão descomplicado comidinhas simples e deliciosas para curtir na temporada de calor e férias

FOTO: LETÍCIA REMIÃO


N OTA

D O

E D I TO R

NÃO DEIXE PRA DEPOIS Fechamos mais um ciclo, 2017 chegou ao fim. Nem vale a pena comentar como foi rápido. Sempre é. Também não compensa fazer queixa dos problemas e dificuldades, eles estão aí todos os anos, independentemente do calendário. A gente precisa é ter resiliência, persistência e, claro, alguma crença. Só assim se pode manter o tão necessário brilho no olho. Aqui na redação da Estilo Zaffari trabalhamos segundo uma crença bem simples, mas nem por isso menos importante: acreditamos no famoso clichê “viver o dia a dia”, aproveitar cada momento, carpe diem. Nossa missão é ser um instrumento para que você, leitor, também consiga praticar o carpe diem. Usamos nossas antenas de jornalistas, nossa sensibilidade de artistas, nosso tempo, nossas habilidades e nossas relações para mostrar aqui nas páginas da revista como há lugares, pessoas, coisas e acontecimentos incríveis ao nosso redor. E que tudo isso pode e deve ser curtido ao máximo, diariamente. Não dá pra deixar pra depois, não dá pra deixar na gaveta, não dá pra economizar felicidade. É preciso viver bem já, hoje, agora. Queremos que você relaxe, se divirta, se inspire, tenha boas ideias, sonhe, planeje, viaje. Que você seja feliz lendo a Estilo Zaffari. Esta é a última edição do ano, aquela que você pode levar na mala das férias, para a beira da praia, pra ler à sombra de uma árvore ou atirado no sofá da sala. Ou também no intervalo do trabalho, no final da tarde, aproveitando que a cidade estará mais tranquila durante os próximos meses. Aproveite estas páginas. Elas têm sabores, cores, roteiros, dicas, depoimentos, ideias, emoções. Mas têm, sobretudo, muito amor. De nós todos, para você. Com imenso carinho. Feliz 2018! OS EDITORES


SABOR: COMIDINHAS PARA UM VERÃO DESCOMPLICADO

LUGAR: ÓTIMAS DICAS DE BERLIM PARA INICIANTES

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72

MÃOS NA TERRA: A ÍNTIMA RELAÇÃO ENTRE CERÂMICA E GASTRONOMIA

60


VIAGEM: PATAGÔNIA ARGENTINA, NATUREZA MAJESTOSA

Cesta Básica

42

8

Coluna Humanas Criaturas

24

Coluna Vida

38

Coluna Sampa

40

O Sabor e o Saber

52

Bebida: Drinks

56

Coluna Equilíbrio

70

Moda

86

Mulheres que Amamos

88

Coluna Palavra

90


Cesta básica

AVENTURA PELO ORIENTE NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA A DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MÚSICA, MODA, LITERATURA, ARTE, LUGARES, VIAGENS, OBJETOS ESPECIAIS, PESSOAS GENIAIS, COMIDINHAS,

Uma viagem às cozinhas do Oriente sem sair de Porto Alegre é o que oferece o Galangal, restaurante tradicional de Canela, que finalmente chega à Capital. A alquimia de aromas e sabores da Tailândia, os currys da Índia, os sushis e sashimis do Japão, a harmonia das especiarias da mesa da Indonésia e a tradição revisitada da gastronomia da China estão presentes em um cardápio que permite desafiar o paladar, liberar a imaginação e deixar-se levar pelo prazer da boa mesa. O casarão antigo, de três andares, ganhou um vermelho intenso, pinturas que são mantras de bem viver e imagens que sugerem paz e tranquilidade. A área externa é um convite para aproveitar o final de tarde, entre um drink e outro. Petiscos foram especialmente criados para happy hour, das 17h às 19h. Depois, é seguir numa aventura que vai levar a inúmeras experiências gastronômicas, das entradas aos pratos principais, sem esquecer as sobremesas.

PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO! RESTAURANTE GALANGAL DONA LAURA, 196 I PORTO ALEGRE I RS DE TERÇA A DOMINGO (HAPPY HOUR A PARTIR DAS 17H, F OTO S

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Estilo Zaffari

D I V U LG A Ç Ã O

JANTAR DAS 19H ÀS 23H30MIN).

51 3377.5065


INSPIRAÇÃO HAVAIANA

IMPORT PLUS TIDELLI FESTEJA 20 ANOS A Import Plus Tidelli comemorou seus 20 anos apresentando diversos lançamentos e novidades. A loja tem representação exclusiva no Rio Grande do Sul da Tidelli – Outdoor Living e também reverencia a harmonia de linhas e cores do design oriental. “Começamos com o objetivo de oferecer ao mercado produtos exclusivos da Indonésia e da Tailândia. A parceria com a Tidelli, há dois anos, promoveu um grande crescimento”, conta Marcelo Schacht, proprietário da loja junto com a esposa, Isabel Carvalho. Entre as novidades da Tidelli estão as linhas Amado (assinada pelo arquiteto Alfio Lisi), Sedona (design de Tatiana Mandelli) e Boss (design de Luciano Mandelli), além do balanço Pêndulo (criação do arquiteto Ruy Ohtake) e da poltrona Quintal (do arquiteto Maurício Arruda). O balanço Pêndulo foi reformulado pela Tidelli, que usou alumínio e corda náutica e criou uma extensão que possibilita se deitar e relaxar sobre ele. Há mais de 25 anos no mercado, a Tidelli desenvolve móveis para a área externa e está sempre em busca de técnicas inovadoras para criar peças que aliam beleza e funcionalidade.

R. AMÉLIA TELES, 390 I BELA VISTA I PORTO ALEGRE I RS 51 3333.3031 WWW.IMPORTPLUS.COM.BR

Vem do Havaí a inspiração para criação do Poke, mais recente aposta gastronômica do Grupo Seasons. O restaurante, localizado no bairro Moinhos de Vento, tem um cardápio exclusivo com o típico prato havaiano apresentado em cinco versões: Poke Atum, Poke Salmão, Poke Salmão Empanado, Poke Camarão Empanado e Poke Cogumelo Erymghi (opção vegetariana). Os irmãos e chefs Gabriel e Rodrigo Zambon criaram os pratos para atender a diferentes paladares, usando como base cubos de peixes frescos, arroz oriental, vegetais e frutas. No “Poke Atum” é o delicioso e colorido peixe que brilha, mas ingredientes como melancia, cebola roxa, sunamomo, gengibre em conserva, molho shoyu e castanha- de-caju dão um toque especial ao prato. O “Poke Salmão”, tem cebolinha, gergelim tostado, molho de shoyu e laranja, cebola crispy, sunamomo, abacaxi e alga. O cardápio conta também com duas opções de proteína empanada, o “Salmão Empanado”, que além da base tradicional é composto por molho agridoce de shoyu, manga, abacaxi e cream cheese, e o “Camarão Empanado”, com geleia de pimenta. Para os vegetarianos, a opção é o “Poke Cogumelo Eryngui”, e para quem deseja uma refeição ainda mais leve, basta acrescentar como base do prato quinoa ou salada, substituindo o arroz. Além dessa variedade, o cliente também pode montar o seu poke de acordo com os ingredientes disponíveis no dia. Para beber, a escolha fica entre cervejas, drinks e uma carta de vinhos e espumantes.

POKE RUA DINARTE RIBEIRO, 36 MOINHOS DE VENTO I PORTO ALEGRE I RS WWW.GRUPOSEASONS.COM.BR

51 3907-0046

TERÇA A SÁBADO, DAS 11H30 ÀS 15H30, DAS 18H ÀS 22H45


ESTRIBO HOTEL E ESTÂNCIA A rica cultura gaúcha, marcada por suas paisagens, suas tradições, representada em sua vida campeira, na culinária e em seu povo: este é o encontro que acontece com o hóspede que vai ao Estribo Hotel e Estância. Localizada na área rural de Santo Antônio da Patrulha, a uma hora de carro de Porto Alegre (RS), a fazenda de criação de gado e cavalos crioulos com 450 hectares é um empreendimento da família Orso projetado para se tornar o hotel que estreou em 2017. Inspirado nos sofisticados e concorridos hotéis-fazenda do Sudeste do Brasil e em modelos semelhantes na Toscana, o Estribo combina conforto com rusticidade elegante, tranquilidade com lazer e natureza, gastronomia e cultura. “Foram dez anos pesquisando até chegarmos a esse formato, onde a cultura gaúcha, nossa história e referência, é a atração para nossos serviços de hotelaria”, explica a sócia-diretora Vanessa Orso. Em 178 acomodações, há programação para famílias, descanso para quem precisa, cuidados para pets, estrutura para festas e eventos. Há cavalos para passeios, bicicletas, trilhas. A gastronomia é típica, assinada pelo chef Mauricio Nunes. No fogo de chão, cordeiro patagônico e costela; na grelha, picanha, assado de tira. A casa faz o próprio charque, serve as frutas e verduras cultivadas no local e enriquece o paladar com os quitutes que fazem a fama da região de Santo Antônio: cachaça, geleias, rapaduras, linguiças campeiras. Um lugar de qualidade internacional para viver uma experiência da cultura gaúcha em todos os seus aspectos.

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Estilo Zaffari

WWW.ESTRIBOHOTELESTANCIA.COM.BR ESTRADA JOÃO VERGÍLIO DA SILVA, 4029 I CANTO DOS GUILHERMES I SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA I RS CEP 95500-000 51 3103-9976


MÚSICA E PROJETO SOCIAL TORTA Z NO PALITO PARA O VERÃO Sucesso de vendas do Z Café e já eleita como um dos dez doces imperdíveis de Porto Alegre, a Torta Z pode ser saboreada também em uma versão refrescante: em forma de picolé. A célebre mistura de chocolate com doce de leite, que já tinha muitos fãs, agora faz sucesso também em sua variação gelada, no palito. No mercado desde fevereiro deste ano, o produto surgiu de uma demanda dos clientes do Z Café Takeaway. “Como no Takeaway a Torta Z sempre foi muito solicitada, desenvolvemos essa variação para oferecer o doce em um formato mais prático”, afirma Carlo Zanette, um dos sócios do Z Café. Primeiro produto licenciado da marca, a Torta Z no palito foi comercializada durante a temporada de verão de 2017 na Praia de Atlântida, no litoral gaúcho, na Casa Roubadinhas de Verão. Conforme Laura Bier, que responde pelo empreendimento, o picolé foi um sucesso de vendas. “Minha experiência em vender Torta Z versão picolé foi incrível. Eu, particularmente, amei o produto e fiquei encantada pela explosão de sabores. Posso dizer que é um dos melhores que já experimentei”, salienta Laura.

Z CAFÉ TAKEAWAY WWW.ZCAFE.COM.BR/CONFEITARIA/

A música está no ar: acordes tomam conta do campus carazinhense da Universidade de Passo Fundo. É por lá que os alunos da Orquestra Sinfônica de Carazinho, carinhosamente chamada de OSINCA, aprendem e ensaiam música todas as semanas. O projeto, que há mais de uma década encanta e emociona moradores da região norte do Rio Grande do Sul, nasceu pelo desejo do inquieto músico e maestro Fernando Cordella. Natural de Carazinho, começou a estudar música durante a infância e, estimulado pela família, aos poucos conquistou seu espaço no cenário da música lírica nacional. A criação da OSINCA mostra que Fernando não esqueceu suas origens. A Orquestra tem por trás um bonito projeto social que já ensinou música para mais de 1.500 alunos. Eles têm aulas gratuitas de violino, viola, violoncelo, contrabaixo acústico, flauta transversa, clarinete, trompete, percussão sinfônica, percepção musical e prática coral. Participam crianças, jovens e adultos de várias cidades da região de Carazinho, que, ao se destacarem, têm a chance de se apresentar nos concertos que a Orquestra apresenta durante suas temporadas. Todos os amantes da música e da cultura podem ajudar no crescimento e manutenção deste belo projeto cultural e social. Com doações mensais, pessoas físicas e jurídicas podem fazer parte da história da OSINCA. Os sócios contam com benefícios que vão de ingressos para os concertos até a inserção da marca de sua empresa na divulgação dos eventos. Para associar-se ou obter mais informações, entre em contato por e-mail ou telefone.

ORQUESTRA SINFÔNICA DE CARAZINHO OSINCA WWW.OSINCA.COM.BR 54 99601.8637

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Cesta básica

TUTTO RISO FESTEJA 15 ANOS COM NOVIDADES A primeira risoteria de Porto Alegre comemora seus 15 anos apresentando novidades para os clientes. A casa agora oferece seus deliciosos risotos na versão empratada e renovou a carta de vinhos. Os risotos, tradicionalmente servidos em generosas porções para duas pessoas, nas clássicas e coloridas panelas Le Creuset, ganharam uma versão individual, com serviço empratado. Segundo Paula La Porta, proprietária do restaurante, “a ideia é que nossos clientes, que em grande parte são casais, possam eleger sabores distintos ao fazer seu pedido, facilitando a escolha e respeitando o gosto pessoal de cada um dos comensais”, resume. Responsável pela carta de vinhos do Tutto Riso, a importadora Vinhos do Mundo aproveitou o aniversário da risoteria para propor novidades. Foram escolhidos cerca de 100 rótulos, levando em conta critérios como qualidade, terroir e preço justo, com rótulos nacionais, do Velho e do Novo Mundo, além de espumantes.

A VERSÃO EXPRESSA DA RISOTERIA O Tutto Riso estará presente na edição 2018 do Atlântida Food Park (AFP), complexo de gastronomia e lazer instalado no epicentro de badalação do balneário, na Avenida Central, número 2457. O AFP é um espaço pavimentado e cercado, a céu aberto, com mais de 12.000 m², projetado especialmente para receber food trucks, beer trucks, contêineres, profissionais de gastronomia e comida de rua. Reúne, além de talentos consagrados, novidades da culinária local e uma infraestrutura completa. Nesta temporada, que terá em torno de 20 operações diversas, a expectativa é de que o público supere as mais de 150 mil pessoas que prestigiaram o evento no último verão. O Tutto Riso Expresso vai comercializar quatro receitas de risotos e eventualmente terá pratos em promoção. O Atlântida Food Park funciona de 26 de dezembro até 18 de fevereiro, de segunda a domingo, das 19h até 24 h.

TUTTO RISO RISOTERIA RUA DINARTE RIBEIRO, 116 I PORTO ALEGRE I RS I DE SEGUNDA A SEXTA, DAS 19H30 ÀS 24H. SÁB., DAS 12H ÀS 15H 51 3222.1934

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WWW.TUTTORISO.COM.BR

WWW.FACEBOOK.COM/TUTTORISO.RISOTERIA


SEU PASSAPORTE PARA O MUNDO Em 2013, o ColÊgio Monteiro Lobato implementou o 3URJUDPD 0RQWHLUR +LJK 6FKRRO, em parceria com o Columbia International College, da cidade de Hamilton, na Província de Ontårio, no Canadå. Desde então, a internacionalização do Ensino MÊdio se consolida com o reconhecimento do governo canadense e da comunidade acadêmica internacional.

̽ &XUU¯FXOR FRPSDUWLOKDGR ̽ 3URIHVVRUHV FDQDGHQVHV ̽ &HUWLͤFDGR FDQDGHQVH Y£OLGR SDUD SD¯VHV GH O¯QJXD LQJOHVD Agende uma visita pelo site ZZZ FROHJLRPRQWHLUROREDWR FRP EU PDWULFXODV ou pelo fone .


UM ANO DE CHARLIE PUB NA CIDADE BAIXA

ADOLETA: BRINCADEIRAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

O ousado projeto da Charlie Brownie de harmonizar sobremesas com drinks, inspirado em Amsterdam, comemora um ano na Cidade Baixa. Durante a semana de aniversário, várias ações foram realizadas, buscando interagir com o bairro e disseminar a proposta da marca. O ambiente do Pub foi todo decorado com o tema da diversidade, uma das bandeiras da Charlie. A loja distribuiu doces para os funcionários de estabelecimentos vizinhos da rua Lima e Silva, acompanhados de uma carta falando sobre o papel de cada empresa na construção de uma Cidade Baixa mais humana. Também foram criados cartões-postais da Charlie com imagens do bairro e do primeiro ano na Cidade Baixa. A Charlie Brownie, marca criada em 2014, vem crescendo e desenvolvendo um projeto de ampliação focado em empreendedorismo social. Conta hoje com uma equipe de 20 colaboradores, duas lojas próprias e mais de 30 pontos de revenda na cidade. Depois da primeira loja com conceito de cafeteria, inaugurada em 2015 no bairro Mont’ Serrat, a marca decidiu expandir para a Cidade Baixa por considerar o bairro ideal para a proposta de diversidade e coletividade.

Proporcionar uma vida mais ativa e saudável para as crianças é o sonho da grande maioria dos pais atualmente. Para resgatar as brincadeiras de antigamente de forma lúdica e ao mesmo tempo dirigida ao amadurecimento físico, emocional e social dos pequenos, a educadora física Bruna Carrasco criou a Adoleta Desenvolvimento Infantil. O serviço une a experiência em psicomotricidade e psicologia infantil da profissional para gerar um serviço que atende as famílias em seus condomínios, sem necessidade de deslocamento. E o melhor: ajuda a fazer com que a garotada pratique exercícios brincando. Bruna trouxe a inovação para Porto Alegre depois de um ano sabático, inspirada em modelos similares que conheceu no Rio de Janeiro. Aqui, suas aulas de 50min uma vez por semana, que são destinadas a crianças de 6 meses a 7 anos, acontecem em grupos divididos por faixa etária, nos próprios condomínios, utilizando-se da estrutura dos mesmos, ao ar livre ou dentro de uma brinquedoteca. Bruna leva todo o material necessário – bolas, jogos, cordas, bambolês e até mesmo brinquedos de sucata –, aliando práticas de movimento ao estímulo de interação social. As dinâmicas promovem o desenvolvimento da criança trabalhando foco, força, equilíbrio e, inclusive, a interação harmônica entre os vizinhos.

RUA GENERAL LIMA E SILVA, 795 I PORTO ALEGRE I RS

ADOLETA DESENVOLVIMENTO INFANTIL

SEGUNDA E TERÇA: 15H ÀS 21H. QUARTA A SÁB.: 15H À 0H 51 3508.5362

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Cesta básica

ARQUITETURA NA RECEITA DE UM AMBIENTE ACOLHEDOR A experiência gastronômica do restaurante America Grill, em Porto Alegre, ganhou ênfase com o projeto do escritório de arquitetura Stemmer Rodrigues. No amplo espaço de 730 m², localizado no prédio corporativo America Business Square, as escolhas da arquiteta Ingrid Stemmer foram determinantes para que o local atendesse a um público exigente com conforto e clima intimista, transformando o almoço também em um momento de contemplação. O restaurante une o diferencial da culinária internacional à praticidade do serviço de buffet. Sua localização privilegiada permite a comodidade de estacionamento privativo, além de outras facilidades disponíveis no prédio. O ambiente amplo, versátil e com vista panorâmica para uma área de mata nativa acomoda também eventos de diferentes portes. O mobiliário do America Grill traduz a versatilidade desejada em diferentes momentos e encontros: grandes mesas circulares convidam amigos e colegas para compartilhar a refeição; para os desacompanhados, largas bancadas com altura elevada permitem a

contemplação da área de preservação natural vizinha ao complexo, um denso e relaxante bosque no coração da capital. A disposição das peças, bem como a distribuição dos buffets, convida à convivência e faz com que o espaço, apesar de grande, ganhe ares acolhedores. A iluminação em tons quentes valoriza o cardápio e ajuda a manter a atmosfera aconchegante. Toda a tecnologia traz lâmpadas LED para ampliar a eficiência energética do projeto, um complemento certeiro para a abundância de luz natural proveniente da fachada de vidro que domina toda a face nordeste. Na acústica, cuidados especiais: a estrutura à mostra no teto – que inclui calhas eletrificadas, sprinklers e tubulação de ar – foi pintada com tinta escura e acabamento emborrachado, mimetizando as texturas para atenuar o efeito visual e contribuir com a absorção do som. A Stemmer Rodrigues atua há 30 anos no mercado de arquitetura e incorporação, com destacados projetos autorais e premiações internacionais.

AMERICA GRILL: AV. SOLEDADE, 569 I PETRÓPOLIS I PORTO ALEGRE I RS 51 3517.8901

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Cesta básica

ALPEN PARK INAUGURA BIER GARTEN E TURBO DROP O Alpen Park, complexo de aventura e entretenimento de Canela, inaugurou um novo espaço: o Bier Garten. Instalado em um ponto privilegiado, um deck com vista para o exuberante vale, o Bier Garten foi pensado para oferecer aos visitantes momentos de relaxamento e contemplação, além de um cardápio de petiscos e chopes, com assinatura do restaurante Augusta (que já faz parte da estrutura de serviços do parque). A novidade vai funcionar durante a temporada de Natal, época de maior fluxo de turistas na região. A estrutura do Bier Garten teve inspiração europeia: a decoração inclui flores, ombrelones e mesas e bancos de madeira. “O espaço é um convite para recobrar as energias entre um atrativo e outro que o parque oferece”, diz Renato Fernstenseifer, diretor do Alpen Park. Outra novidade é o Turbo Drop, torre giratória de queda livre com 20 metros de altura. Os aventureiros sobem em um elevador giratório, desfrutando da bela vista do vale e das demais atrações do parque. Depois, o elevador cai em queda livre, sendo desacelerado por um sistema de frenagem magnética. O empreendimento inaugurou também novas bilheterias, que foram realocadas para melhorar o atendimento, o conforto dos visitantes e as condições de trabalho dos colaboradores. “Agora elas estão mais amplas, proporcionam maior facilidade de comunicação e são cobertas”, explica Renato.

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O ÚLTIMO LANÇAMENTO DA TRAMONTINA, VOCÊ CONFERE EM PRIMEIRA MÃO NA LADRILHART.

A Ladrilhart traz em primeira mão o mais recente lançamento da Tramontina para os apreciadores de design e gastronomia. Veja de perto toda a beleza da Coifa Tramontina de embutir. Além de linda, ela otimiza o espaço da sua cozinha, compondo com os mais modernos estilos de decoração. Venha visitar o nosso Showroom e se encante com estilo Tramontina e o atendimento Ladrilhart.

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Cesta básica

THAI MEE, O NOVO TAILANDÊS Um ambiente acolhedor, com decoração sofisticada. Um cardápio com o melhor da culinária tailandesa, oferecendo abundância de cores e aromas. Profissionais apaixonados pelo que fazem e dispostos a proporcionar ao cliente a melhor experiência. Esses pontos essenciais dão vida ao Thai Mee, novo restaurante tailandês de Porto Alegre. O conceito do local é baseado nas vivências de Edu Sehn, seu idealizador, pelas cozinhas das ruas da Tailândia. Profundo admirador do país – já esteve lá mais de uma dezena de vezes –, Edu resume assim o Thai Mee: “Queremos que nosso cliente se sinta em um lugar especial, onde possa saborear a autêntica culinária tailandesa, percebendo por meio dos detalhes a riqueza da cultura thai”. Entre receitas clássicas e novas, o Thai Mee aposta nos processos artesanais como diferencial, produzindo parte dos seus ingredientes no próprio restaurante, como leite de coco, massa de arroz e algumas pastas e molhos. Quem comanda a cozinha é o chef Vitor Jongh, com 12 anos de experiência. O restaurante tem 400 m², sendo 300 m² só de salão, e capacidade para 120 pessoas. A fim de dar vida à alma asiática, a TAO Arquitetura concebeu o projeto de interiores utilizando materiais conectados à arquitetura tailandesa e tecidos inspirados nos teares artesanais do país. O mobiliário foi especialmente criado pela Faro Design.

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THAI MEE BOULEVARD LAÇADOR – AV. DOS ESTADOS, 111 PORTO ALEGRE I RS I DE SEGUNDA A SÁB., DAS 19H ÀS 23H30MIN. DOMINGOS, DAS 11H30MIN ÀS 15H 51 3362.6222 THAIMEERESTAURANTE @THAIMEERESTAURANTE


GRAVURA GALERIA LEVA A ARTE AO LITORAL Animada com a chegada do verão, a Gravura Galeria de Arte inaugurou em novembro o espaço Atlântida Arte, no tradicional endereço da Av. Paraguassú. Nessa temporada, a mostra coletiva conta com obras de 24 artistas: Breno Nora, Cláudio Souza Pinto, Dirce Fett, Flora Zeltzer, Ivone Rabelo, Letícia Ilha Demeuse, Marcelo Hübner, Marcelo Pfercher, Marco Santaniello, Maria Luiza Cangeri, Mariana Sperotto, Marília Chartune, Marion Lunke, Rejane Karam, Rosamaria Feltrin, Rosane Heck Theisen, Silvana Botter Maio Rocha, Suzi Etchepare, Tity Pons, Vânia Kwitko, Vera Maria Hemb Becker, Victor Hugo Porto, Vildete Pessutto e Vitória Ribas. A grande área da exposição permite que todas as obras sejam apreciadas individualmente e que o público circule livremente. Desta forma, os veranistas podem apreciar a pluralidade da arte e curtir um programa cultural durante as férias, num espaço diverso e movimentado. A mostra pode ser visitada até 10 de março de 2018, de segunda a quinta, das 10h às 19h, sextas e sábados das 10h às 20h, sempre com entrada franca.

ATLÂNTIDA ARTE 2018 AV. PARAGUASSÚ, 4.200 I ATLÂNTIDA ATÉ 10 DE MARÇO DE 2018 51 3333.1946

WWW.GRAVURAGALERIA.COM.BR

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Cesta básica

IDIOMAS E GASTRONOMIA REFLETINDO SOBRE A VIDA Lançando seu segundo livro, a autora Cherrine Cardoso (colunista da Estilo Zaffari) traz nesta nova obra um questionamento interessante: “quantas vidas se vive em uma vida?”. A pergunta gera, antes mesmo da leitura, a reflexão sobre quanto mudamos e nos transformamos ao longo de nossa existência. Usando algumas passagens de sua própria vida como referência, Cherrine nos convida a viajar no tempo e nos faz relembrar nossa infância, adolescência, fase adulta e até a velhice. Nos instiga a refletir sobre o que estamos fazendo para nos tornarmos melhores como seres humanos e o que podemos realizar enquanto estamos vivos para deixar um bom legado de nossa passagem pelo planeta. Mais do que ter um filho, plantar uma árvore e até lançar um livro, ela nos mostra que o que mais importa é estarmos atentos às nossas escolhas e ao nosso comportamento, para que gerem resultados e consequências positivas num âmbito coletivo, levando em conta que não somos um e sim milhares de indivíduos curiosos sobre qual é o nosso propósito nesta vida.

REINVENTE-SE! EDITORA VIDA E CONSCIÊNCIA 200 PÁGINAS AUTORA: CHERRINE CARDOSO

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Vivências interculturais sempre foram objeto de desejo de todos. A oportunidade de desenvolver conhecimentos em um idioma e fazer uma imersão em outra cultura fica ainda mais saborosa quando conciliada com alguma atividade de nossa área de interesse. O STB Trip & Travel tem um amplo leque de opções de cursos no exterior combinando idiomas com atividades esportivas, artísticas, culturais. A área de gastronomia é uma das que mais atraem os viajantes, e o STB tem vários programas em seu portfólio. Na Espanha acontece o curso “Culinária Espanhola e Mediterrânea”, ideal para aqueles que buscam aprender espanhol e o básico da culinária regional. Os workshopa envolvem seleção dr ingredientes, confecção de pratos típicos e degustações, além de discussões e debates sobre a arte da culinária. Na França há o programa “Francês & Gastronomia”, que proporciona a descoberta de novos sabores e receitas elaboradas a partir de produtos regionais, enquanto o viajante pratica o francês em um ambiente descontraído. Já o programa “Francês & Vinhos” permite descobrir a complexidade da fabricação dos vinhos de Bordeaux e o contato com os principais vinhedos da região. Na Itália, o curso na International House de Roma trata do vocabulário específico da culinária italiana, além de aulas práticas com renomados chefs na preparação e harmonização de pratos tradicionais. Todos os cursos, independentemente do país, combinam aulas com visita a mercados locais e vinotecas. Mais informações em uma das 3 unidades STB Trip & Travel em Porto Alegre ou no site, no link cursos no exterior + hobby.

STB TRIP & TRAVEL WWW.STB.COM.BR


PARQUE TEMÁTICO EPOPEIA ITALIANA DE CARA NOVA

Contar de maneira ainda mais real e emocionante a história dos primeiros imigrantes italianos que chegaram à região de Bento Gonçalves foi o objetivo da revitalização do Parque Temático Epopeia Italiana, que agora abre suas portas de cara nova. A atração do Grupo Giordani possibilita embarcar em uma verdadeira viagem pelo tempo, que conta a história de um casal de imigrantes, Lázaro e Rosa, em 1875, ano-chave que marcou a chegada dos pioneiros. Foram cerca de quatro meses de execução de um projeto que passou por diferentes áreas: atendimento, treinamento de colaboradores, elenco de apresentadores, parte técnica e cenário. A renovação incluiu a criação de novos roteiros, trilha sonora, vídeos, iluminação e adaptações no cenário, tudo para manter ainda mais fiel e emocionante o compromisso do Epopeia Italiana com a história. Para realizar a renovação do Parque Epopeia Italiana a Giordani buscou a expertise de mais de 10 anos da D’arte Multiarte, empresa gaúcha referência em concepção, criação e execução de espetáculos, cenografias e humanização de cenários. “Queremos destacar a magia e o encantamento que uma história como a da imigração italiana pode proporcionar”, diz Rodrigo Cadorin, diretor artístico. São nove ambientes montados em 2.000 m² de área construída, que retratam aspectos que vão desde a vida na Itália, passando pela viagem ao Brasil e, por fim, a adaptação no novo continente. A atuação dos apresentadores e os efeitos especiais de som e luz proporcionam uma maior dinâmica, dando vida às réplicas e ambientes.

WWW.GIORDANITURISMO.COM.BR/EPOPEIAITALIANA/

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Humanas criaturas T E T Ê

PAC H E C O

2018 AO VIVO E A CORES Então, cá estamos. 2017 já vai indo e, para a grande maioria de nós, é bom que vá mesmo e nem olhe pra trás. Embora tenha rolado o maior climão no mundo inteiro, é inegável que neste ano no Brasil batemos todos os recordes de absurdos possíveis e inimagináveis. Tanto que aqui em casa já estamos aguardando ansiosamente o álbum dos escândalos colecionáveis. Que álbum da Copa que nada. As figurinhas políticas e empresariais, com seus respectivos históricos de falcatruas nojentas, serão disputadas a tapa pelas criancinhas na hora do recreio. “Troco meu Gilmar brilhante pelo seu Barata e mais dois.” Já pensou no sucesso dos presidentes e ex-presidentes, senadores e juízes em figuras gigantes de uma página inteira do álbum? Figurões. Eu, que gosto de observar palavras, nunca vi tantas virarem comuns. Absurdo e vergonha viraram arroz de post. Estão em todos os comentários nas mídias sociais. De tanto serem invocadas a nos representar, inclusive, perderam o efeito. Não nos dizem mais nada. Quando as palavras perdem sua força precisamos encontrar urgentemente algo que crie os significados do que queremos dizer. Tenho uma sugestão. Que tal abandonar o dizer e passar ao fazer? No lugar de ficar escrevendo “absurdo”, em todo e qualquer post do Facebook, nunca mais votar no desgraçado. Em vez do “que vergonha”, chamar os vizinhos e começar pelo seu prédio ou bairro uma representação dos seus interesses. Tá passada a hora de o ambiente digital deixar de ser a melhor forma de expressão dos nossos sentimentos. Sentir é ao vivo. E quando os figurinhas e figurões sentirem o calor da pressão popular, aí sim, as palavras vão voltar a fazer sentido, as indignações vão ganhar peso. Me permito a ousadia de afirmar que estamos deprimidos. Traídos à direita e à esquerda, com rumo incerto. São tempos difíceis para as certezas. Mas existem indicativos. Nossa adrenalina voltará a circular no nosso sangue no dia em que assumirmos a postura de autores da história. E não de comentaristas. Ao vivo, em preto e branco, amarelo, pardo, indígena e nas cores do arco-íris, vamos fazer deste 2018 um ano realmente novo? TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA

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L A N Ç A M E N T O.

VÁ P R A O N D E A S UA L I B E R DA D E L E VA R VO CÊ .

Perspectiva ilustrada da piscina.

O BEM-ESTAR VAI SER SEU NOVO VIZINHO.

dorms.

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40 e 57m 2 privativos. 1 ou 2 vagas.

Visite nosso Plantão de Vendas:

Lazer na cobertura:

• Piscina • Espaço Fitness • Salão de Festas

• Bicicletário • Lavanderia

O GO 1092 em parceria com a Delivery Center traz para o bairro Santana:

Um espaço temporário com os melhores food trucks e inúmeras atrações para se divertir. Curta shows de música, vídeos ao ar livre e muito mais! Venha conhecer!

Incorporação e construção:

Rua Santana 1092 melnickeven.com.br/go1092 Registro de Incorporação sob nº R.2/156.054 em 22/11/2017 no Cartório da 2ª Zona do Registro de Imóveis da Comarca de Porto Alegre - RS. Projeto arquitetônico: José de Barros Lima Arquitetura CAURS A14612-9. Projeto de decoração de interiores: Maena Designconecta, CAURS 329673. Projeto paisagístico: Creare Paisagismo, CREARS 112321. As condições de pagamento e reajuste apenas estarão disponíveis nos plantões de vendas. Possíveis alterações de projeto e/ou decoração dos ambientes serão executadas de acordo com o memorial descritivo do empreendimento. Todas as imagens são ilustrativas.


Sabor


verão descomplicado

É hora de reunir gente bacana, comer e beber bem, dar risada e aproveitar,

enfim, os dias mais quentes em torno da piscina do prédio, na casa de praia ou numa tarde no campo. Sem grandes complicações. A churrasqueira será sua melhor amiga neste verão: coloque tudo lá no fogo, abra uma garrafa de vinho branco e aproveite. Porque daqui a pouco é março mais uma vez.

P O R

F L AV I A

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F OTO S

L E T Í C I A

R E M I Ã O

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Sabor

A CHURRASQUEIRA É UM ÍCONE PARA OS GAÚCHOS, AMANTES DO CHURRASCO. MAS USAR O FOGO PARA COZINHAR DE TUDO E INVENTAR, EIS A NOVIDADE DIVERTIDA! Comida boa é o que importa para o chef Marcelo Gonçalves. E não precisa ser nada muito elaborado. Aliás, quando tira a dólmã, tudo que ele quer é algo que não dê trabalho. “Eu fui um guri de apartamento, mas todos os finais de semana, religiosamente, meus pais me levavam, ainda dormindo, para o sítio do tio Heitor, que ficava numa cidade passando Eldorado Sul”, lembra com carinho. Nos encontros da família, todo mundo só queria saber de ficar junto. Ninguém queria ficar sozinho com a barriga no fogão por horas. Por lá, não havia “frescura”: churrasco para toda a família e doce feito no tacho pela avó. O fogo é, portanto, elemento muito presente em suas memórias culinárias afetivas. A partir dessas experiências, Gonçalves entendeu que sabores e preparos simples têm tudo a ver com o momento de descontração e reunião de pessoas queridas. “Para mim é sinônimo, a simplicidade é o que eu sempre procuro em meus momentos de

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curtição. Meus pais, sempre muito companheiros um do outro, gostavam de juntar gente em torno da comida. E faziam quase tudo na brasa. As pessoas ficavam encantadas com as bananas assadas. Eu aprendi a comer kafta com eles.” A comida de afeto – aquela da hora do descanso – não é feita de receitas complicadas, mas com ingredientes bem escolhidos e com qualidade. “O pão com salpicão do meu pai – que era a minha mãe que fazia – ficou bem famoso no curto período em que eles tiveram um restaurante. Meus pais tinham muito esse cuidado: nunca ofereciam algo ‘menos bom’, tudo era feito com muito carinho e capricho”, recorda-se. Parece coisa antiga, mas receber bem pede uma coisinha pra mastigar. “Nós juntávamos um pessoal com simplicidade e de forma muito natural. Para se sentir em casa mesmo. Essas receitas descomplicadas são pura memória. É pura família”, reconhece. E nada pode ser mais férias do que isso.



Sabor

Onde o Cozinheiro faz a Festa Uma crônica sobre Marcelo Gonçalves, seu Pâtissier e as festas mais cheias de afeto Com as duas pequenas mãozinhas no peito, possivelmente queimadas das panelas quentes ou de tocar na churrasqueira, o chef Marcelo Gonçalves se desculpa. Pelo salão que poderia estar mais arrumado. Pelo prato que poderia ter ficado diferente (ainda que esteja inesquecível). Perfeito nunca parece suficiente para ele. Ao cruzar a cortina preta que leva ao salão principal do seu Pâtissier, a decoração está impecável e, mais importante, mantém (e aumenta a cada dia) as histórias presentes ali. Das relíquias do ferro velho, dos tapetes persas, dos sofás de pallets e das obras de arte em todas as paredes. É isso que dá o tom. É aí que vive a sofisticação do Marcelo Gonçalves e da sua festa. Todos têm as taças e os canecos de chope cheios. Os convidados curtem, como se estivessem em casa, atirados nos sofás do lounge ou sentados confortavelmente às mesas no fundo do galpão localizado no bairro Moinhos de Vento em Porto Alegre. “Ele gosta do que é simples. Por isso é tão acolhedora a festa do Pâtissier. Bom papo e vários sabores. O Marcelo Gonçalves é o anfitrião mais zeloso e agradável que já vi”, reconhece Cristiane Brum, a “fiel escudeira” na reali-

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zação e organização dos eventos no bistrô. “Sabe que pensar nisso me resgata o motivo de estar sempre aqui”, reflete. Marcelo Gonçalves, de botinhas, bermuda, avental de couro e sorriso generoso, passa pelo salão para ver se está tudo bem um sem fim de vezes. Do salão para a cozinha, conversa com as pessoas, arruma uma coisinha aqui e outra ali. “Ele é um cara que não mede esforços. A criatividade está presente em tudo. Na culinária, no ambiente e no jeito que ele resolve as coisas. Ele não é confuso. Quem sabe seja disperso. E tudo dá certo assim”, observa Francisco “Alemão” Ribeiro, cineasta, amigo e frequentador assíduo da casa. Alemão, Vagner Piccolo e Mariana Castilhos, Ieda Galvão e grande elenco estariam presentes. No auge da festa, Marcelo Gonçalves encontra a parrilla que ele mesmo desenvolveu e soldou usando peças encontradas nos galpões próximos da Avenida Voluntários da Pátria. E de lá saem as delícias (apresentadas nas próximas páginas desta edição). “Essa festa tem jeito de glamping, uma mistura de glamour com camping”, define Neca Baldi, amiga que também faria parte dessa confraternização.


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Sabor

Pão do Seu Honório 2 CEBOLAS GRANDES FATIADAS EM MODO DE FAZER: Quando a cebola estiver MEIA-LUA DEIXADAS EM ÁGUA COM pronta, misture os três vegetais (cortados em GELO PARA SUAVIZAR O GOSTO tamanho igual), escorrendo bem o líquido. Tempere a gosto com azeite de oliva, sal e 3 PIMENTÕES VERDES CORTADOS pimenta preta moída na hora. Abra uma fenda 2 TOMATES GAÚCHOS CORTADOS na baguete, regue seu interior delicadamente com azeite de oliva e também a parte de fora AZEITE DE OLIVA do pão. Feche bem e asse até dourar. O pão SAL E PIMENTA PRETA vai ficar crocante. Fatie e sirva.


Arroz de Gambas com Chouriços 4 CHOURIÇOS PORTUGUESES OU ESPANHÓIS COM BASTANTE PÁPRICA DEFUMADA, CORTADOS EM FATIAS BEM FINAS 2 CEBOLAS GRANDES PICADAS FINAS (TIPO BRUNOISE) 2 XÍCARAS DE MOLHO DE TOMATE 1/2 MAÇO DE COENTRO SAL E PIMENTA 300 G DE ARROZ DE RISOTO ARBÓRIO, CARNAROLI OU DE SUA PREFERÊNCIA 18 CAMARÕES GRANDES COM CASCA E CABEÇAS

“Ele gosta de cozinhar com as pessoas ao redor”, conta Eredi Teresinha Souza da Silva, a “Dinda”, personagem essencial da equipe do Pâtissier. E entrega: “A cozinha estaria uma bagunça. Muita coisa pra lá e pra cá. Mas tudo dando certo. Do nosso jeito. O chef estaria perguntando a todo o momento: ‘onde está isso’ e ‘onde está aquilo’ sempre feliz, empolgado e se sentindo realizado”. Marcelo Gonçalves é, ainda que não perceba com clareza, um agregador de pessoas especiais. Transita com leveza e naturalidade nos mais diversos meios. E essa é sua maior inteligência. Sempre tem assunto. Pode falar sobre as experiências da época que viveu na Europa. Do churrasco que fez na casa do Imbé com a família. Do boteco pé sujo que serve o melhor pastel que já comeu. Pode dizer que quer nadar, pois só dar uma voltinha de bicicleta nos intervalos não está suficiente para desopilar. Que quer ler Grande Sertão: Veredas. “O Marcelo é uma pessoa querida por todos. E ele está sempre preocupado que todo mundo se sinta bem perto dele. É, ao mesmo tempo, elétrico e compenetrado. Está

MODO DE FAZER: Descasque os camarões deixando a “colinha”. Faça um caldo das cabeças e das cascas bem lavadas com água, vinho branco, alho-poró e salsão. Reserve. Refogue a cebola e os talos dos coentros bem picados. Junte os chouriços e refogue. Junte o molho de tomate e cozinhe em fogo baixo por 20 minutos. Junte o arroz e vá regando com caldo. Um pouco antes do ponto do arroz, salteie os camarões, junte ao risoto, acerte sal, pimenta. Junte, a gosto, as folhas do coentro grosseiramente picadas e sirva com mais azeite de oliva no prato.

A SIMPLICIDADE É A CHAVE DESSES PRATOS, TODOS FEITOS COM POUCOS INGREDIENTES, USANDO O FOGO E TÉCNICAS BÁSICAS Estilo Zaffari

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Sabor

VEGETAIS DIVERSOS ASSADOS, TEMPERADOS SÓ COM AZEITE DE OLIVA E SAL MOÍDO. SOZINHOS OU ACOMPANHADOS DE UMA PROTEÍNA (UM PEIXINHO!), ELES FICAM DELICIOSOS

sempre atento aos detalhes”, elogia André Hermann, amigo e cirurgião plástico que salvou a pele – literalmente – de Gonçalves em uma de suas festas na cozinha. A festa do Marcelo Gonçalves é, sobretudo, cheia de afeto. “Ser anfitrião é algo muito próprio dele. Não puxou de ninguém. Ele é assim. Sua festa tem, realmente, muitos amigos, muita alegria e muitas histórias. O Marcelo tem um jeito único e especial de receber as pessoas de braços abertos”, derrete-se Carla Saatkamp, a Lala, esposa do chef. É com essas pessoas que ele faz questão de dividir suas emoções. Como quando, em seu aniversário, levou o salão inteiro às lágrimas ao receber da mulher e da filha, Martina, uma caixa com os cinco volumes da obra Modernist Cusine, de Nathan Myhrvold, Chris Young e Maxime Bilet, científicos, criadores e reconhecidos cozinheiros. “Era algo que ele queria muito e nem imaginava que poderia ter. Foi assim quando, antes de ser cozinheiro, ele encasquetou que precisava da Larousse Gastronomique”, relembra Lala, e diverte-se. Uma surpresa para quem sempre surpreende. Depois de muita música boa – “de bandas alternativas ao drum and bass, da música eletrônica, passando também pelo instrumental mais fino”, lista Leonardo Bittencourt, músico da Marmota Jazz Band e também amigo do chef –, que fiquem os sobreviventes para ouvir Radiohead ao final da festa.

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Assado de Campo e de Mar MODO DE FAZER: Escolha os vegetais de sua preferência. Regue-os com azeite de oliva e sal moído. Respeite o tempo de cozimento de cada vegetal. Lembre: batatas demoram mais tempo. Quando estiverem assadas, coloque os que assam mais rápido: pimentão, repolho, lima e milho verde. Podem-se usar abobrinha, berinjela, batata-doce, entre outros. Asse o peixe da sua preferência em postas ou inteiro, regado de azeite de oliva, sal e pimenta moída. Junte o peixe aos vegetais e sirva com ervas, pimenta dedo-de-moça, cebola, tomates secos, tudo picado. Sirva acompanhado de um vinho branco encorpado, espumante ou de um tinto muito leve.


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Sabor

Banana da Dona Edy 200 ML DE ÁGUA 300 G DE AÇÚCAR 10 GEMAS 1/2 XÍCARA DE CLARAS DE OVO 1 XÍCARA DE AÇÚCAR MODO DE FAZER: Cozinhe a água e as claras em até 120º graus. Reserve. Bata as gemas na batedeira juntando as claras aos poucos até branquear. Continue batendo até esfriar. Reserve. Aqueça em uma panela pequena, em fogo baixo, as claras com o açúcar até que fiquem mornas (aproximadamente 60 graus). Coloque isto na batedeira e bata até que esfrie e firme. Reserve. Coloque as bananas inteiras (6 unidades) com casca diretamente sobre o braseiro. A casca preteia e a banana espuma ligeiramente. Abra a casca com a faca, sirva o merengue e a gemada. Se houver maçarico, a sobremesa pode ser gratinada. Polvilhe delicadamente com canela em pó e açúcar de confeiteiro.

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Harumaki de Siri MEIO PACOTE DE FOLHAS DE HARUMAKI (12 A 15 FOLHAS) 500 G DE CARNE DE SIRI LIMPA DE CARTILAGENS E CASQUINHAS 1/2 CEBOLA PICADA FININHA (TIPO BRUNOISE) 1/2 PIMENTÃO VERMELHO PICADO FININHO 3 COLHERES (SOPA) DE AZEITE DE OLIVA SAL E PIMENTA

MODO DE FAZER: Refogue a cebola e o pimentão no azeite de oliva. Junte o siri até que cozinhe. Acerte sal e pimenta e reserve. Disponha duas a três colheres (sopa) do recheio na massa, na diagonal, e comece a enrolar por uma ponta. Dobre as duas pontas laterais sobre o rolinho e continue enrolando até a ponta restante. Pincele o rolinho com azeite de oliva, salpique sal quebrado e asse na parilla com calor moderado. Pode ser assado no forno ou ser frito em óleo quente. Sirva com geleia de pimenta.

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Vida C E L S O

G U T F R E I N D

FESTA SEM NINGUÉM1 Parti do Brasil com a sensação de que deixava um país preguiçoso. Seu herói era o Macunaíma, sem nenhum caráter, gostava mais de brincar. Brincar, para ele, era transar. No Brasil, havia muitos feriados e sextas ou segundas eram enforcadas com frequência e sem piedade. Férias, praias, trabalho, tudo em segundo plano. Pouco adiantava rebater que, seguido, um homem de terno suava em Copacabana. Não seria representativo, alegavam. O estereótipo estava na rede baiana para lá e para cá. Se eu esperava achar o contraste na França desenvolvida, perdi. A França é um país de feriados. Eis a lista, incompleta: Pâques em abril, Ascension e Pentecôte em junho, Toussaint em novembro. Pulei uns meses e deixei maio de fora. De propósito, pois com o dia do trabalho e a vitória na Guerra, entre outros motivos cujo sentido me escapa, maio é quase um mês de férias. Falando nelas, tem as longas de verão, trinta dias em julho ou agosto, de preferência. De férias curtas, conheço duas: entre Natal e Ano-Novo mais as de esqui em fevereiro. É preciso esquiar, manda o calendário. E até os pernetas costumam ir. O mais incrível fica mesmo para agosto. Ainda no final de julho, Paris já vai parando. Pouco a pouco, o comércio fecha as portas. Todos partem, descansam, é preciso ir embora. Para onde vão? Uns para a montanha ver os resquícios da neve. Outros para as praias ver os restos da areia. Muitos vão para o interior, a campagne. Outros não deixam rastros, mas vão nem que seja para o raio que os parta. Agosto em Paris é o mês dos remplaçants ou substitutos. O zelador-substituto, o farmacêutico-substituto, o jornalista-substituto, o médico, o padeiro, o chaveiro, o raio que o parta substituto do raio que partiu. Dentista, nem pensar, e tive de conviver durante o mês inteiro com o buraco da obturação. O zelador-substituto aqui do prédio andava tenso. O titular esqueceu a chave da casinha dos jornais. Logo se tranquilizou quando só um morador reclamou: eu. Todos

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os vizinhos tinham partido. Verdade que a vizinha de cima bateu para perguntar onde ficava o lixo, mas era remplaçante da vizinha principal e não foi levada a sério. Paris é vazia em agosto. Fora do circuito turístico, é como Capão da Canoa de antigamente no inverno, se não pior e mais vazia. Ficam uns gatos mal e mal pingados. Falando em gatos, permanecem também os ladrões ou cambriolers, mas nem eles se estressam no agosto de Paris. Afinal, já prepararam a tarefa, testando os recados nas secretárias eletrônicas. Ainda sem malícia para se defender do crime, os parisienses deixam gravado quanto tempo ficarão fora. Por exemplo: “Aqui fala monsieur Poulet, estaremos de férias até 2 de setembro, favor deixar o seu recado e aguardar a nossa volta”. E os ladrões sabem de quanto tempo dispõem para fazer o serviço. Padeiros, chaveiros e até ministros. O primeiro-ministro, por exemplo, pede privacidade à imprensa. É agosto, partiu para Grenoble, quer caminhar tranquilo com a mulher. Feirantes, zeladores e até o presidente. Ele pede que a Paris-Match o deixe em paz, pois contaram escândalos financeiros de suas férias nas ilhas Maurício. Está de repouso, não quer explicar-se: explicar dá trabalho. Fora o calor, agosto é um mês perfeito para vir a Paris e encontrá-la sem os seus mal-humorados habitantes. A cidade se torna uma grande festa sem ninguém. Antes de sumir para a Toscana (sem avisar a secretária eletrônica), contei isso por aí. Alguém rebateu, dizendo que não é bem assim: na Rua de Lille, teria um jornalista, dando duro dia e noite. O mesmo duro de março, abril e do ano inteiro. Mas foram ver de perto e era o Dinho, um brasileiro. 1

Do livro inédito A Porta do Chapéu – Crônicas em Paris. CELSO GUTFREIND É PSIQUIATRA E ESCRITOR, ESPECIALISTA EM PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA



Sampa C R I S

B E R G E R

CHECK IN: SÃO PAULO Quem disse que São Paulo é apenas um destino de trabalho? A capital paulista pode ser um belo roteiro de férias ou de um final de semana. Por que não? Ainda mais se você for do tipo que adora uma mesa farta, pratos bem elaborados, serviço atencioso e atmosfera cosmopolita. A cidade que pulsa dia e noite e tem os melhores restaurantes do país encanta estrangeiros, forasteiros como eu e visitantes de várias partes do Brasil. E já que a vibe é de férias, vamos dar umas voltinhas pelo mundo sem ter que passar pelo aeroporto internacional de Guarulhos, pois o destino é aqui. Aqui e agora. Para curtir Sampa com tudo a que você tem direito é necessário organizar-se. Vou dar uma mãozinha e listar alguns endereços gastronômicos e cartões-postais desta fascinante cidade. Comece o dia no PARQUE IBIRAPUERA: pulmão verde da capital paulista localizado na Vila Nova Conceição! Ele é tão grande que mesmo nos finais de semana, dias em que ele fica lotado, é possível encontrar um espaço para relaxar. Muita gente vai para caminhar,

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correr e andar de skate. Ou, simplesmente, deitar em uma das redes presas nas árvores. Sinta o seu (!) momento e aproveite. Entrada do Portão 7 pela Av. República do Líbano, 1.187 Que tal almoçar no MARIO GALLUZZI COZINHA DE AFETO? O restaurante fica no bairro de Pinheiros, em um sobradinho lindo e com uma decoração digna de casa da vovó. Da cozinha saem pratos irretocáveis; aposte no bacalhau com farofinha servido em uma frigideira e lamba os dedos. É divino! R. Capote Valente, 275 I Pinheiros, 11 3062.6510 Aos domingos a AVENIDA PAULISTA fecha para o trânsito de carros e os pedestres tomam conta dela. Vale caminhar de uma ponta a outra dos seus 2,7 quilômetros e ir observando os arranhas-céus, os músicos de rua e os diferentes tipos de tribos que escolhem a avenida mais importante da SP para “não fazer nada” e ver tudo. Avenida Paulista (vá de metrô e desça na estação Trianon-Masp)


CRIS BERGER É JORNALISTA E ESCRITORA

crisberger@crisberger.com

Para jantar, recomendo o LE BOU BISTRÔ, um francês adorável bem instalado no Itaim, outro bairro famosinho de Sampa e cheio de lugares bacanas. Eu provei o Cadeau de Nice e aplaudi de pé. Este linguini com frutos do mar e molho de creme de leite, tomate e limão é de comer de joelhos. Vá com fome. Acredite: os pratos são bem servidos. Rua Dr. Renato Paes de Barros, 415 Itaim Bibi I 11 3078.7619

um dos lounges, que têm vista para a arborizada Praça São Marcos. A cozinha de autor, comandada pelo chef peruano Renzo Garibaldi, surpreende pelo sabor e pela apresentação! Boa parte dos pratos é preparada na churrasqueira, que pode ser vista do salão principal. Tive a sorte de comer o arroz de grãos com curry de legumes e virei freguesa. Desbrave o cardápio com calma, ele merece a sua atenção. Praça São Marcos, 825 I Alto de Pinheiros I 11 3726.2908

No dia seguinte, visite a CATEDRAL METROPOLITANA, também conhecida como da Sé, que fica no centro, exatamente na Praça da Sé. Sua construção foi concluída na metade do século passado. Ela carrega o título de quarta maior catedral neogótica do mundo e foi inspirada nas catedrais medievais europeias. É linda! Vale o passeio. Praça da Sé (vá de metrô e desça na estação Praça da Sé)

Pode ser o mais turístico dos programas, mas tem o seu valor. Faça sol ou faça chuva, vá ao TERRAÇO ITÁLIA para ver SP de cima. E digo mais, a cidade fica ainda mais dramática minutos antes de começar uma tempestade. Portanto, mesmo que o tempo não esteja bom, suba ao 41º andar, você pode se surpreender. Do topo, verá um sem fim de arranha-céus, o grafite nas laterais dos prédios do Minhocão, o famoso Copan com suas curvas desenhadas por Oscar Niemeyer, o Edifício Banespa e a Catedral da Sé. Fotografe. E tenha certeza: agora, sim, você fez check-in “em São Paulo”. Av. Ipiranga, 344 I República

Torça para o dia ter sol e vá almoçar no CÓR, em Alto de Pinheiros. A comida vai lhe satisfazer tanto quanto o ambiente. Antes de sentar à mesa para dar start aos serviços, tome um drink bem acomodado em

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gĂ´nia natureza imponente


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AS GRANDES MONTANHAS AZUIS DE GELO SÃO IMPRESSIONANTES. A PATAGÔNIA É UM DOS LUGARES MAIS FASCINANTES DO PLANETA A primeira vez que me surpreendi com os glaciares da Patagônia Argentina foi há 35 anos, e desde então continuo me encantando com essas montanhas azuis de gelo. Naquele longínquo verão de 1983 a Argentina ainda se recuperava de sua dolorosa experiência da guerra das Malvinas, e se preparava para o retorno da democracia após quase uma década de ditadura militar. No extremo sul da Argentina conheci um grupo de dez estudantes do curso de turismo da Universidade de Moron, de Buenos Aires, que faziam sua viagem de recém-formados à região ainda intocada. Carlos, natural de Rio Gallegos, terra dos Kirchners, foi quem incentivou os colegas a conhecerem essa área do país que imaginava ter grande potencial. Por uma semana acampei e convivi com esse simpático grupo, que acabou se convertendo na primeira geração de profissionais de turismo a se estabelecer em El Calafate e colocar o Parque Nacional dos Glaciares no mapa do turismo global. Adoro me sentir parte dessa história e acompanhar o desenvolvimento da cidade e de cada um deles em diferentes áreas da hotelaria, gastronomia e em empresas de turismo receptivo local que contribuíram para a região se tornar “o destino de desejo” de todo amante da natureza. Naquela época ainda se podia fazer camping livre e montamos nossas tendas em frente ao glacial Perino Moreno, com o estrondo dos blocos de gelo se desprendendo nos despertando ao longo da noite. Mágico! Gabriela, minha amiga desde então e que abriu a primeira chocolateria de El Calafate nos anos 1980, foi nossa guia na viagem “revival”que fizemos em fevereiro 2017. Carlos, o “precursor”, tem hoje o simpático Viva La Pepa, especializado em crepes. Já Rodolfo, o “chef” de nosso acampamento juvenil, seguiu sua tradição gastronômica e comanda o bar-pizzaria Casablanca. Naquela minha primeira imersão no mundo de gelo argentino conheci Alejandra, que foi anos depois minha parceira de viagem durante um ano pela Ásia e que agora vive na costa Ligure, na Itália. Ale também deixou raízes em El Calafate, onde tem uma casa com vista para o Lago Argentino, e continua sendo meu elo com o “grupo de Moron”. Voltei várias vezes ao extremo sul da América ao longo dessas três últimas décadas e continuo achando este um dos lugares mais fascinantes do planeta –


Viagem

O PERITO MORENO É A MAIOR GELEIRA DO MUNDO EM EXTENSÃO HORIZONTAL. SIGO MARAVILHADO COM SUA IMPONÊNCIA E BELEZA, COM SEUS DIVERSOS MATIZES DE AZUL. ESPETÁCULO INDESCRITÍVEL

me remetendo às belezas intocadas do Alaska, da Noruega ou da Nova Zelândia. Um lugar único e tão perto da gente que merece muito ser visitado e respeitado. Nesse início de 2017 acompanhei um grupo de gaúchos em nosso “Grand Tour STB pela Patagonia” e escolhi outro de nosso grupo de “dinossauros de El Calafate” para organizar nossa viagem pela região – Maria de los Angeles, que viveu grande parte de sua vida em uma enorme estância local e que coordena hoje uma empresa de receptivo. Segue o registro dos highlights dessa viagem afetiva:

EL CALAFATE Uma cidade de 20 mil habitantes localizada na província de Santa Cruz, na Argentina, próximo à fronteira com o Chile e a 270 quilômetros da capital provincial, Río Gallegos. Em franco desenvolvimento turístico, oferece boa estrutura hoteleira, um aeroporto moderno e ótimas opções de turismo por ficar a apenas 80 km do Parque Nacional Los Glaciares, o segundo maior do país, com 724 mil hectares. Compreende 356 geleiras, entre elas o Glaciar Perito Moreno, a maior geleira em extensão horizontal do mundo e um dos poucos no planeta que se encontram constantemente em evolução. Ao avançar sobre a água separa o Braço Sul do Braço Rico, provocando

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o aumento do nível de água de um lado, que acaba provocando túneis subterrâneos que levam periodicamente a grande ruptura dessa barragem de gelo. Com 5 quilômetros de largura e 60 metros de altura, já foi chamada de a “oitava maravilha do mundo”, devido a esse mundo de gelo azul rodeado de bosques e montanhas. Ontem e hoje continuo maravilhado com sua imponência e beleza, com seus muitos matizes de azul que podem ser admirados a partir das cinco trilhas sobre passarelas de metal, com diferentes níveis de dificuldade e conduzindo a paisagens distintas. A partir das passarelas, podem-se observar torres de gelo que se desprendem mergulhando estrondosamente no lago, constituindo um espetáculo indescritível. Outro passeio imperdível é a navegação no Lago Argentino, o maior e o mais austral dos grandes lagos patagônicos, com uma superfície de 1.415 km², até os paredões azuis de gelo dos glaciares Spegazzini e Upsala. Essas montanhas de gelo são oriundas da neve depositada por séculos em suas origens, no alto da cordilheira dos Andes, estendendo-se por até 170 quilômetros ao lago argentino, onde se fragmentam desde farelo de gelo a grandes icebergs, derretendo-se lentamente. O que mais me impressionou desta vez foi o glaciar Spegazzini, que com 1,3 km de largura por 17 km de comprimento chega a 130 metros sobre o nível do lago, uma das vistas mais impressionantes de toda a viagem.


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Viagem

USHUAIA É A CAPITAL DA PROVÍNCIA DA TERRA DO FOGO. NO CENTRO DA CIDADE, AS EDIFICAÇÕES DE MADEIRA COM ZINCO TÊM UM CHARME PRÓPRIO. O TREM DO FIM DO MUNDO É UM BELO PASSEIO USHUAIA A capital da Província da Terra do Fogo tem 45 mil habitantes e é conhecida como “La ciudad más austral del mundo”. A povoação da cidade iniciou-se com a construção de um presídio, convertido em museu, por onde recomendo começar a visita. O centro da cidade tem um charme próprio, com diversas edificações de madeira revestida por chapas de zinco, com resultados plásticos únicos. Várias delas foram declaradas como patrimônio histórico e restauradas, abrigando cafés, lojas e museus como a antiga casa do governo provincial, hoje uma das sedes do Museu do Fim do Mundo. Recomendo pelo menos três noites em Ushuaia para fazer: Excursão ao Parque Nacional de Tierra del Fuego, criado em 1960, o mais austral do mundo, com 63 mil hectares, com trilhas por entre lagos e florestas. O seu bosque emoldura belíssimas vistas sobre o Canal de

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Beagle, podendo avistar guanacos, raposas vermelhas, castores canadenses e coelhos. Aconselho também o passeio no Trem do Fim do Mundo que transportava os presidiários que abasteciam de lenha Ushuaia e que hoje resgata a história da Patagônia. Passeio marítimo da baía de Ushuaia até o Canal de Beagle, que marca a fronteira entre o Chile e a Argentina. Passando pela Ilha dos Pássaros com albatroz, cormorão, patos e gaivotas, seguindo até a Ilha dos Lobos Marinhos e ao Farol “Les Eclaireurs “ Sugiro também visitar o Lagos Escondido, que encravado na cordilheira, ao pé do Paso Garibaldi, oferece uma paisagem impressionante, e o lago Fagnano – um espelho da água, reconhecido internacionalmente pela pesca de trutas e salmão. A Patagônia, nome forte que nos remete a uma natureza imponente e selvagem, continua me encantando após tantas décadas. É de fato um lugar único, com tantas singularidades e belezas.


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Viagem

EM TODA A PATAGÔNIA ARGENTINA NOS DEFRONTAMOS COM CENÁRIOS BELÍSSIMOS E COM A IMPONÊNCIA DA NATUREZA. OS GRANDES LAGOS SÃO UMA ATRAÇÃO À PARTE

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EL CALAFATE ONDE FICAR: HOTEL POUSADA LOS ALAMOS www.posadalosalamos.com Charmosa e sombreada por álamos, fica a apenas duas quadras do centrinho da cidade. ONDE COMER: O LA TABLITA (Coronel Rosales, 28) é o restaurante mais famoso de El Calafate, pelo cordeiro patagônico a la parrilla. Adorei o pitoresco e aconchegante LA ZAINA (Gobernador Gregores, 1057), instalado em um galpão que já foi um galinheiro, onde sugiro provar a Truta e um cordeiro cozido longamente no vinho malbec. Não se pode sair de El Calafate sem provar um licor, geleia ou sorvete de calafate, a frutinha da região que dá nome à cidade – na SORVETERIA TITO (Avenida Libertador, 1150).

USHUAIA ONDE FICAR: HOTEL LOS CAUQUENES www.loscauquenes.com/pt Fora da cidade, em uma cênica baía do canal de Beagle. ONDE COMER: Come-se bem em Ushuaia. A especialidade local são os frutos do mar, principalmente a centolla – o caranguejo gigante que habita as águas frias da Terra do Fogo que pode ser conferido no restaurante familiar EL VIEJO MARINO (Maipú, 227). Misto de bistrô, padaria e café, o ALMACÉN DE RAMOS GENERALES (Maipú, 749) é o maior barato. Funcionou como venda e é todo decorado com objetos antigos. Recomendo também o CASIMIRO PARRILLA (Av. Maipu 395), com o famoso “cordeiro patagônico”, de carne mais firme, com menos gordura e de sabor mais suave.

Mais informações sobre a PATAGÔNIA ARGENTINA e como melhor explorá-la com betoconte@stb.com.br ou em uma das três unidades do STB Trip & Travel . 51 4001.3000

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O sabor e o saber F E R N A N D O

LO K S C H I N

SABOR E HUMOR, TEMPERO E No Séc. XV, o ingresso nas Universidades de Paris, de Coimbra e de Évora não obedecia a um sistema de quotas, mas de pré-requisitos: era mandatório que o candidato endossasse o Dogma da Imaculada Concepção de Maria. No XX, o autor, mero zero também em teologia, espantou-se ao saber que a Imaculada Concepção de Maria não se referia a sua gravidez, mas à de sua mãe, Ana. Uma família com dois partos não naturais sucessivos, tanto Jesus como Maria teriam sido concebidos sem mácula – nada de esperma, somente óvulo. ‘No sex please, they are saints!’ Ana, a avó de Jesus, era estéril e engravidou senil enquanto o marido Joaquim peregrinava pelo deserto, conforme o dogma, via graça divina. Já sua filha Maria concebeu Jesus jovem e virgem, o ato mais próximo a carnalidade foi um inocente cochicho de pomba no ouvido. É compreensível a observação de Paul Johnson de que o ideário mais belo e poderoso no mundo ocidental tenha se iniciado quando uma jovem judia prometida em casamento a um carpinteiro teve de explicar sua gravidez... Há quem sugira que os nomes representativos dos gêneros sejam João e Maria em substituição a José e Maria pelo desconforto dessa paternidade de José na autoestima masculina. Concepções bizarras são fenômenos universais. O judaísmo nasce da prole de um casal idoso e estéril. Abrão tem 99 anos, Sara, 90 e ‘de regras já terminadas’ quando lhes é prometido descendência ao infinito. Mas se o monoteísmo invoca o milagroso superpoder divino, o panteão grego surge da tragédia, a vingança familiar contra um pai abusador. A mãe Gaia dá uma foice ao filho Cronos para que castre o pai Urano enquanto dorme nos braços da deusa Noite – do sangue derramado desse pênis nasce Afrodite.

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E Helena, por quem gregos e troianos não hesitaram em guerrear por 10 anos – ‘beldade de lançar uma frota ao mar’ –, é fruto da zoofilia: Leda seduzida por Zeus disfarçado em cisne. Por séculos foi mais aceitável retratar a mulher abraçada em longos pescoços de cisnes do que num homem. A regra universal é que deuses e heróis nasçam de fecundações miraculosas ou violentas, sempre afastadas do leito conjugal. Seres diferentes de nós são gerados de forma diferente a nós. Mario Quintana define os poetas já pela origem: os anjos do senhor estuprando as mais belas filhas dos mortais/Deles nascem os poetas. Às vezes a concepção do ser comum pode ser incomum. Vale a pena resumir o caso descrito em Anomalias e Curiosidades Médicas (Gould & Pyle, 1896). Uma matrona e duas filhas cuidam dos feridos na frente de batalha na Guerra de Sucessão norte-americana quando uma bala perdida atinge a virilha da filha de 17 anos. No texto, “é admirável relatar que 278 dias após o ferimento, a jovem casta e virgem, para sua mortificação e surpresa dos pais e amigos, pariu um menino”. Revisando registros, o médico percebe a simultaneidade do ferimento da moça com o de um “galante soldado” que tivera o escroto transpassado por tiro de fuzil. Só pode haver uma explicação: a bala que atingira o testículo do soldado carregara um espermatozoide ao ovário da moça. Uma bala perdida e um espermatozoide perdido! A história que começa com dois feridos termina com um casal feliz, concebendo, da maneira usual, outros dois filhos, nenhum tão parecido com o “heroico pater familias” como o primogênito... Separada por 2.000 anos no tempo e 2.000 km no espaço, essa concepção virginal na frente de batalha espelha a de Quetzalcoatl, a serpente emplumada asteca:


TEMPERAMENTO

a virgem Chilmana engravida ao receber um flechaço divino entre as pernas. O poeta israelense Amichai (1924-2000) definiu a vida como o hífen que separa nossas datas de nascimento e morte. A vida tem um início e final comum a todos e o modus operandi da sua perpetuação é o sexo – o gozo de sua expressão (e pesar da interdição) diz da sua relevância para a sobrevivência da espécie. Culturas arcaicas já sabiam a relação entre sexo e nascimento. Formatada no instinto, parece haver uma ‘consciência reprodutiva’ a acompanhar o primata desde

os esboços do intelecto: pelo menos 50.000 anos. A placa neolítica de Çatalhöyük na Capadócia mostra, de um lado, um casal abraçado, e do outro, uma mãe com um bebê – causa e consequência. Nos tempos de Jesus já havia Google – todo o saber e a imaginação da época foram compilados por Plinio na sua História Natural (Séc. I). O homem é descrito como a criatura mais propensa às lágrimas e, enquanto a fontanela pulsa, a mais frágil que existe. Um ser incapaz de fazer algo que não seja por aprendizado e dotado de sensualidade, cobiça e violência infinitas. Nem serpentes, leões ou monstros marinhos infringiriam tanta crueldade a seres da própria espécie. O homem pode reproduzir até o final de sua vida e a mulher tem duas propriedades únicas: única fêmea que copula enquanto grávida e que menstrua. Plinio diz que no ‘agitado vai e vem da cópula’ as características do casal se mesclam para moldar o filho. Pensamentos, lembranças e imagens invocadas pelo pai e mãe no coito modelam o novo ser resultante. Gerados na fusão de dualidade masculina x feminina, natural que nossa forma usual de raciocinar o mundo nasça a partir do balanço e fusão de dois opostos complementares: luz e trevas, yng e yang, deus e diabo, vida e morte, bem e mal, corpo e mente, capital e trabalho, direita e esquerda, carne e vegetais e assim ao infinito, chegando ao Grêmio e Inter. Foram as quatro fases do ciclo lunar e, talvez, as quatro estações do ano que inspiraram os gregos a duplicar esses dois em quatro para formar os 4 Elementos, ‘as raízes de todas as coisas’ – Seco, Molhado, Quente e Frio –, que pareados formariam os 4 Contrários: Fogo (seco+quente), Água (molhado+frio), Ar (molhado+quente) e Terra (seco+frio).

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O sabor e o saber F E R N A N D O L O K S C H I N

O SABOR, COMO O PRAZER E A SAÚDE, TENDE AO MEIO, O EQUILÍBRIO ENTRE OS INGREDIENTES. A MÁXIMA DO SABER É QUE O ÓTIMO SE OPÕE AO BOM, O EXCESSO FAZ TÃO MAL COMO A FALTA

O universo era a mera combinação desses elementos, seu funcionamento dependente da interação de suas infinitas proporções. Na origem de ‘elemento’ esconde-se o L. ‘elegere’, o eleito por Deus como matéria-prima da criação. Daí os Elementos da Tabela Periódica e o ‘Elementar, meu caro Watson’. Os 4 elementos deram o que falar: 4 Pontos Cardeais, 4 Ventos, 4 Cantos do Mundo, 4 Rios do Paraíso, 4 Evangelistas, 4 Cavaleiros do Apocalipse e até as 4 Letras hebraicas para ‘Deus’, o tetragrammaton (‘4 Letras’) – YHWH, ‘Javé’. Há uma compulsão de dividir por quatro, daí o quarto (L. quartus, ‘quarta parte’) uma das 4 divisões da casa: quarto (de dormir), banheiro (quarto de banho), sala e cozinha, os quartos traseiros e dianteiros do animal, e o esquartejar, separar os quartos da carcaça. Um longo tempo ficou ‘quarenta’, como o dilúvio, a peregrinação de Moisés, os reinados de Salomão e de Davi, o jejum de Jesus e a fatídica ausência de seu avô Joaquim, que coincidiu com a concepção de Maria. A quaresma (L. quadragésima dies) dura 40 dias, 40 são os ladrões na Caverna de Ali Babá. E o infinito nada mais seria que o oito – quatro vezes dois –, deitado para repouso eterno. A visão quaternária do universo definiu até o Novo Testamento e assim todo o ideário cristão. Os primeiros teólogos expurgaram outros evangelhos então populares, sobrando quatro, Mateus, João, Marcos e Lucas; conforme Irineu de Lyon (Séc. II), se quatro pilares sustentavam o paraíso só quatro evangelhos existiriam. O apelo do quatro criou a ‘quarta dimensão’ além do comprimento, largura e espessura, e o quarto estado da matéria a transcender o sólido, líquido e gasoso. Também imaginou uma ‘quinta essência’, éter imaterial, espírito emanado de cada combinação de elementos. Esses elementos pareados formariam também os 4 humores, os éteres subjacentes ao funcionamento dos seres vivos, teoria dominante na medicina e dietética por 1.500 anos: sangue (quente+molhado), bile amarela (quente+seco), bile negra (frio+seco) e fleuma (frio+molhado). Por isto humorista e mau humor, palavras gêmeas de úmido. Na pessoa fleumática haveria o predomínio de

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fleuma, na sanguínea, de sangue. A coléra era consequente a bile amarela, (G. choles, ‘bile’), a melancolia, a bile negra (G, melos, ‘preto’). Os humores se acumulavam sob o diafragma (G. fren), daí frenesi, frenético, frisson, esquizofrenia e hipocondria (L. hipo, ‘abaixo’; condros, ‘costela’.), a mania de doença. O balanço dos humores dava o temperamento (G. tem-, ‘cortar’) e Santório (1561-1631) calculava os temperamentos em 8000, o mesmo número de doenças. As concepções quaternárias e humorais influenciaram o mundo alimentar. Quatro são os paladares – amargo, ácido, salgado, doce – que combinados formam todos os sabores, havendo até um misterioso quinto, o umami, a conferir mais prazer a todos os outros. Temperatura e tempero integram a base do vocabulário culinário e são termos gêmeos de temperamento. A pessoa pode ser insossa ou picante, a dieta pode ser temperada, equilibrada ou balanceada. O destempero do excesso de cólera tem equivalência ao excesso da pimenta ou sal. Acrescentamos condimentos na panela da forma que eméticos e purgantes eram prescritos ao corpo. Celso tratava a melancolia com açafrão e água de rosas nas bases com que corrigimos a acidez do molho de tomate com açúcar, ajustamos a consistência com farinha de trigo. Se no hospital a febre era ‘esfriada’ com compressa gelada, no convento, o hormônio do noviço era esfriado com alface, no quartel, a fleuma do recruta era esquentada com pudim de sangue, morcilha. Taxas de colesterol, glicose ou ácido úrico, níveis de pressão arterial e de anemia, aumento de peso e redução de massa óssea invocam dietas balanceadas conforme a compulsão milenar de repor faltas, retirar sobras, normatizar. O sabor, como o prazer e a saúde, tende ao meio, o equilíbrio entre os ingredientes. A máxima do saber é que o ótimo se opõe ao bom, o excesso faz tão mal como a falta, e isto vale inclusive para o cuidado e para a moderação. A tirania do normal requer um grau saudável de insubordinação. FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E GOURMET fernando@vanet.com.br



Bebida

Saúde! P O R

B E T E

D U A R T E

F OTO S

L E T Í C I A

R E M I Ã O

Refrescantes como pedem as altas temperaturas do verão, que chega trazendo muito sol e calor. Coloridos, como a natureza e a moda, que pede tons vibrantes. Os drinks que o jovem barman Leonardo Fusari criou para o restaurante Galangal de Porto Alegre têm harmonia com a estação. Instigam à festa, desafiam o paladar, induzem a passar um tempo entre um copo e outro, jogando conversa fora, curtindo o nada fazer, além de apreciar a vida.

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Moon Taj Mahal O palácio de Taj Mahal, na Índia, é reconhecido mundialmente como o símbolo do amor. Esse drink, de vermelho intenso, representa com fidelidade a paixão que envolve os enamorados, mas com a leveza de um carinho. 6 MIRTILOS 2 MORANGOS PICADOS 2 DOSES DE SAQUÊ 1 DOSE DE XAROPE DE HIBISCO GELO MODO DE FAZER: Numa coqueteleira, macere o mirtilo e os morangos. Junte o gelo, o saquê e o xarope de hibisco. E bata até que misture bem. Sirva num copo tulipa. Decore a gosto.

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Bebida


Bali Spritz O Vêneto é a terra do Aperol Spritz, que serve de inspiração para esse drink. Durante parte do século 19, a região fez parte do império austro-húngaro, cujos soldados tinham por hábito acrescentar água com gás aos fortes vinhos vênetos. Surge daí o nome Spritz, que vem do verbo alemão spritzen: borrifar. Na década de 20, os venezianos passaram a acrescentar o Aperol (aperitivo italiano amarguinho, parente do Campari) à mistura de Prosecco (vinho típico do Vêneto) e água gaseificada e rodelas de laranja, dando origem a um dos drinks mais tradicionais de Veneza. Na versão de Leonardo, o espumante substitui o Prosecco, o Cointreau traz o toque de laranja. O tom avermelhado vem do suco de cranberry e do fio de Grenadine. 90 ML DE SUCO DE CRANBERRY 60 ML DE APEROL 20 ML DE COINTREAU ESPUMANTE BRUT 1 FIO DE GRENADINE GELO MODO DE FAZER: Numa taça grande de vinho, com gelo, ponha o suco de cranberry e o Aperol. Misture. Junte o Cointreau e complete com espumante até a altura de dois dedos da borda. Por fim, acrescente um fio de Grenadine. Decore a gosto.

RESTAURANTE GALANGAL Dona Laura, 196 I Porto Alegre I RS De terça a domingo (happy hour a partir das 17h, jantar das 19h às 23h30min) 51 3377.5065

Padang Padang A combinação de morango, macarujá e laranja dá o toque rosado ao drink, que homenageia uma das mais lindas praias da Indonésia: Padang Padang. A pequena praia cercada de pedras e só acessada pela descida de uma escada em meio à mata e pela passagem por entre pedras, que dão a impressão de formar uma gruta, é surpreendente, como esta bebida cujo aroma remete a mamão, mesmo que esta fruta não esteja presente. 3 MORANGOS 3 COLHERES (SOPA) DE POLPA DE MARACUJÁ 100 ML DE SUCO DE LARANJA 60 ML DE RUM OURO 30 ML DE RUM PRATA GELO

MODO DE FAZER: Macere os morangos com o suco de laranja. Leve à coqueteleira e junte a polpa de maracujá e bata. Prepare um copo baixo com gelo. Junte a mistura da coqueteleira com o rum ouro e o prato e misture até ficar homogêneo. Decore a gosto.

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Casa


mãos na terra TRANSFORMAR BARRO EM PEÇAS DE CERÂMICA MOSTRA O EQUILÍBRIO DO ANCESTRAL E DO CONTEMPORÂNEO P O R

F L AV I A

M U


FOTO: RODRIGO RAMIREZ

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COMER GANHA OUTRO SIGNIFICADO COM LOUÇAS DE CERÂMICA FEITAS À MÃO: TORNA-SE UM PEQUENO RITUAL QUE VALORIZA AINDA MAIS O QUE ESTÁ NO PRATO

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menos seis semanas para ficar pronta – e a proximidade de sua essência com a dinâmica da cozinha. “Mexer na terra tem a energia da natureza. É uma reconexão. A natureza é quem rege o processo da cerâmica. E isso tem tudo a ver com gastronomia”, comenta. PROCESSO TRANSFORMADOR A Alma Objetos Cerâmicos materializa uma mudança na vida de Marina Carvalho. Psicóloga de formação, ela trabalhou com pesquisa, moda e mídias sociais. Rotina corrida, sem muito tempo para fazer outras coisas além do trabalho, completamente imersa num universo que já não carregava mais os próprios valores. “Há três anos, eu estava num momento profissional conturbado. Comecei a fazer aulas de cerâmica e, naquelas três horas semanais, o tempo se dilatava. Eu passei a perceber o tempo de novo. E me reconectar comigo mesma e com a natureza”, reconhece. “A argila tem um tempo que é dela. Não existe relógio. E esse tempo é lento. Se estabelece, então, outra medida. Esse processo mais lento coloca a gente no nosso próprio tempo. A cerâmica exercita a atenção plena. E esse silêncio é fundamental”, reflete. Depois de dois anos estudando, Marina largou a vida corporativa e enviou currículo para estúdios de cerâmica do mundo. E foi para Nova York. Lá trocava o que sabia fazer – fotografia e redes sociais, por exemplo – pela oportunidade de aprender com os melhores. “E daí conheci o Jono Pandolfi, um cara incrível que trabalha só com utilitários de cozinha. Generoso, ele me mostrou todo o seu modelo de negócio, que se tornou base para a criação da Alma.”

FOTOS: DENISON FAGUNDES

Fazer de cada refeição um ritual cotidiano é sentar à mesa, comer alimentos de verdade e preparados com cuidado e carinho, sentir aromas, sabores e texturas e estar em boa companhia (ainda que você seja sua própria companhia). Pois não pode existir tristeza maior – e quem sabe mais atual – do que comer sem perceber. É notável a consolidação, especialmente entre os chefs de cozinha, de um movimento forte em busca da origem dos alimentos, que passa por conhecer e reconhecer quem produz o que se leva à mesa. Outro caminho, bem mais recente, é a busca por cerâmicas exclusivas. E não é à toa. Nem é apenas uma questão estética para apresentação das criações da cozinha. Esse é mais um viés dessa relação da comida com a terra. Um encontro com a versão mais ancestral da mesa. A cerâmica é pré-histórica. Quando se tornou um agricultor, o homem precisava de abrigo, mas também de recipientes para armazenar a água, os alimentos colhidos e as sementes para a próxima safra. O barro, por sua capacidade de ser moldado, endurecer e ficar muito resistente, é a primeira matéria-prima dos utilitários da cozinha. A arte da cerâmica manifesta-se na cultura de todos os povos. O tempo ensinou o homem a dominar o que, de alguma forma, é indominável: os elementos da natureza. Afinal, cerâmica é a combinação de terra, água, ar e fogo. Marina Carvalho, da Alma Objetos Cerâmicos, decidiu provocar essa reflexão nos principais chefs de cozinha do Estado numa experiência prática: uma manhã para colocar a mão na terra e produzir algumas peças. Assim, puderam entender o processo de criação de uma louça – que leva pelo


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Casa

Cerâmicas da Cris

CRISTINA KIM, CRIADORA DAS CERÂMICAS DA CRIS

A ceramista Cristina Kim sempre teve interesse especial pelos trabalhos manuais. Entre suas principais referências está a arquitetura, área de sua formação. “Formas, geometria e ergonomia. Faço peças utilitárias que tenham uma função clara de conter ou servir um alimento. E também da natureza, como espinhos, formas orgânicas, presentes em peças mais decorativas”, comenta. Ela define o próprio trabalho como “objetos de linhas simples, que derivam da união do artesanal com estudo, experimentação e amor, focados na funcionalidade para uso cotidiano”. Para Cris, a cerâmica exige paciência, observação, espera e perseverança. “E ensina também que o barro não mente: ele registra todos os nossos atos”, brinca.

A ARQUITETURA É A PRINCIPAL REFERÊNCIA DE CRIS: FORMAS,

FOTOS: DIVULGAÇÃO

GEOMETRIA E ERGONOMIA ESTÃO PRESENTES EM SUAS CRIAÇÕES

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FOTOS: ALEXANDRE RAUPP

Lavanda Laryssa Araújo é jornalista. Mas sentia falta de um produto final em que pudesse tocar com as mãos. “A cerâmica surgiu para mim por meio de uma procura maior por sentido. E logo ela preencheu um vácuo criativo enorme que eu carregava e que agora floresce”, relembra. “A cerâmica se reinventou e, apesar de trabalhar com técnicas milenares, é possível buscar novos métodos e formas de apresentação.” Todas as suas peças são trabalhadas individualmente e em pequena escala. “Cada objeto que eu produzo tem por trás um pensamento particular”, revela. Dentro das peças de utilitários, a coleção Água & Sal é especial para Laryssa. “Ela traz uma releitura minha sobre o mar. As cores e as formas foram pensadas a partir da observação da água. É o tipo de projeto em que eu gosto de me envolver porque demanda paciência e contemplação. Dar essa desacelerada no ritmo é necessário, é o que dá significado ao trabalho”, explica. Dentro dessa coleção, as cafeteiras (bules que acompanham suportes para coador de café) são as suas peças favoritas.

LARYSSA ARAÚJO, CRIADORA DA LAVANDA

LARYSSA GOSTA DE PROJETOS QUE DEMANDAM PACIÊNCIA E CONCENTRAÇÃO. “DESACELERAR É NECESSÁRIO”, AFIRMA

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FOTOS: RODRIGO RAMIREZ

Casa

Estúdio Boitatá

A CHEF MANU BUFFARA, DE CURITIBA, USANDO OS PRATOS DO ESTÚDIO BOITATÁ

Numa viagem de férias por Montevidéu, no Uruguai, Daniélle Carazzai e Rodrigo Ramirez entraram no Museu Torres Garcia e estava em cartaz uma exposição de cerâmica, com um vídeo sobre todo o processo de queima em raku. “Fiquei encantada, curiosa e pensei que gostaria muito de fazer aquilo da vida”, comenta. O estúdio fica na zona rural de Campo Largo, região metropolitana paranaense. “É espetacular sentir o ritmo natural da vida, estar em meio aos animais que aqui habitam, sentir-se parte e saber que todos os seres têm seu papel e igual importância”, reconhece. Recentemente, a dupla entregou as peças desenvolvidas para o Restaurante Manu, da premiada chef Manu Buffara. “Da pesquisa sobre sementes, florescências e espécies das florestas do sul até o desenho, a criação e a produção das peças levamos quase seis meses. Mas foi incrível ver tudo se materializar na mesa do cliente como uma surpresa. É uma alegria ver um resultado desses”, comenta.

“É UMA ALEGRIA, É INCRÍVEL VER TUDO SE MATERIALIZAR NA MESA DO CLIENTE COMO UMA SURPRESA”, CONTA A CERAMISTA DANIÉLLE CARAZZAI

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

CAROLINA GOSTA DE CONTRASTES: INSPIRA-SE EM CIDADES QUE MESCLAM O ANTIGO E O MODERNO E MISTURA VÁRIOS MATERIAIS EM SUAS CRIAÇÕES

Carolina Peraça É de berço (ou até antes disso) o envolvimento de Carolina Peraça com a arte da cerâmica. Sua mãe pintava porcelana quando grávida. Começou a estudar design, mas decidiu conhecer o mundo antes. Conheceu a cerâmica em Londres e ficou apaixonada pelo material, por fazer algo com as mãos e pelo processo de ter uma ideia e transformá-la em produto. Por isso, suas inspirações e referências vêm das viagens. “Gosto muito de Paris, Copenhagen, Estocolmo. Lugares com prédios antigos e outros modernos. Gosto desses contrastes. Olho muito a arquitetura e a moda e suas cores, texturas, combinação de materiais”, revela. Na Europa e nos Estados Unidos, a cerâmica faz parte do dia a dia: desde peças de banheiro, utensílios de cozinha, decoração da sala e como arte em cima de uma mesa ou exposta na parede. “No Brasil existe potencial. Todo esse movimento dos restaurantes e dos chefs, ao valorizar suas criações e compor com um belo prato de cerâmica, ajuda a crescer”, reconhece. Carolina busca trazer a mistura de materiais para suas peças. Já fez pequenas caixinhas em porcelana com efeito marmorizado e em tamanhos diferentes com tampas de cobre e latão. Outro destaque é a coleção de couros: peças em cerâmica de alta temperatura ganham alças de couro, material que existe em abundância no Sul do Brasil. “Acho importante trabalhar com os materiais que encontro e tenho disponíveis perto de mim. Assim como os restaurantes trabalham com produtores regionais”, relaciona.

CAROLINA PERAÇA, CRIADORA DA MARCA QUE LEVA SEU NOME


FOTOS: DIVULGAÇÃO

Casa

Noni

FERNANDA GIACCIO, CRIADORA DA NONI

Fernanda Giaccio acredita que o designer também pode ser artesão do próprio produto. E dessa crença nasceu a Noni, sua marca de produtos de cerâmica feitos artesanalmente em São Paulo. “Todas as peças são desenvolvidas dentro de uma perspectiva que integra a poesia do artesanato com a racionalidade do design. Primeiro, o projeto é estruturado e desenhado. Depois, cada item passa por um processo de modelagem, acabamento e esmaltação, feitos à mão, um a um. Esse roteiro garante que sempre haverá um detalhe ou particularidade que fará daquela uma peça única”, explica. Uma parte da inspiração vem das referências ligadas às artes visuais, design de produto e design gráfico, universos que fazem parte da formação de Fernanda. “Mas as ideias e a vontade de produzir coisas vêm do próprio material. As argilas e os esmaltes oferecem milhares de opções, conforme se trabalham e se conhecem os materiais. O resultado é sempre um novo aprendizado, e manipular tudo isso para transformá-lo no produto final se torna extremamente inspirador. Quando se entende isso, se quer criar mais e mais”, comenta. Das suas criações, os xodós são os conjuntinhos de xícaras. “Essa alça em formado ‘D’ se estendeu a todas as xícaras, e o público as recebeu muito bem. Ele entende claramente a minha linguagem por meio do desenho da peça e gosta disso, é o que me deixa imensamente inspirada em fazer o que eu faço”, comemora.

PEÇAS DESENVOLVIDAS INTEGRANDO A POESIA DO ARTESANATO E A RACIONALIDADE DO DESIGN 68

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FOTOS: DENISON FAGUNDES

Alma Objetos Cerâmicos

MARINA CARVALHO, CRIADORA DA ALMA OBJETOS CERÂMICOS

O estilo Alma Objetos Cerâmicos busca o ancestral. “Uma das coisas de que mais gosto é das marcas dos dedos”, comenta. As peças assinadas pela Alma, no entanto, têm o frescor do design contemporâneo e algum minimalismo. As coleções sempre fazem homenagem ao feminino: Glória, a mascote de estúdio, e muitas amigas já deram nome para pratos, canecas, copinhos. Marina, ao lado dos chefs, tem desenvolvido peças especiais para restaurantes. “É um processo criativo conjunto e que dá muito certo. Eles trazem ideias; eu coloco a técnica. E sempre temos uma surpresa. Essa é a mágica da cerâmica. Eu entendo que essa criação a quatro mãos, mais do que resultar numa louça bacana para o restaurante, é fundamental para que os chefs façam uma reflexão sobre o próprio trabalho e percebam a sua assinatura na cozinha. E eu me sinto honrada de fazer parte disso”.

UM ESTILO QUE BUSCA O ANCESTRAL, COM UM QUÊ DE MINIMALISMO E O FRESCOR DO DESIGN CONTEMPORÂNEO. NA ALMA, MARCAS DE DEDOS SÃO BEM-VINDAS

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Equilíbrio C H E R R I N E

C A R D O S O

A INCRÍVEL ARTE DE SE REINVENTAR Mudar. Pelo dicionário português significa “fazer ou sofrer modificação; modificar-se, alterar-se. Ou deslocar, transferir-se para outro local”. No entanto, mudar pode ser tudo isso e mais um pouco. Pode representar o sopro de energia de que você precisa para seguir em frente, para ter esperança, para despertar novas sensações, para se permitir novidades. Mudar é muito mais do que apenas modificar ou alterar a si mesmo ou alguma coisa, mudar é quase um sinônimo de coragem. Para sair da sua zona de conforto você precisa querer experienciar tudo o que vem com esta atitude. Nem sempre somente coisas boas, mas em sua maioria, toda a energia que se mexe e se renova em uma mudança torna a experiência ainda mais positiva. Se reinventar sem mudar algo é praticamente impossível. Para que possamos nos transformar, precisamos antes avaliar/analisar aquilo que não está fluindo, aquilo que não parece mais certo para nós, aquilo que nos empata a felicidade. E daí vem o sinônimo de mudar: a coragem. A coragem para desapegar e enfrentar o novo. Toda novidade nos parece boa, né? Mas muitas vezes nossa resistência em aceitá-la faz com que nos pareça algo ruim. Afinal, para mudar e receber o novo, preciso antes me desfazer do velho. E dói! Sim, desapegar/mudar machuca. Porque você vai precisar abrir mão de coisas. E não digo coisas materiais não. Digo coisas conquistadas ao longo do tempo em que esteve onde está.

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Até mesmo a pessoa que você parece ser hoje! Mas como saber se o que me espera no novo será melhor ou pior se não tentar? Nunca saberá. E daí o permitir se reinventar passa a ser uma coisa boa. Bom para você olhar para dentro e sentir a vida pulsando. Sentir que há condições de conquistar novas possibilidades para se sentir feliz, alegre, leve. O que nos leva ao processo de transformação? Às vezes a transferência de um emprego, às vezes a ruptura de um relacionamento, às vezes o estudar em outro país, às vezes a necessidade de se jogar no desconhecido mesmo. Esta transformação nos amadurece, nos torna mais fortes, nos dá condição de não aceitar mais nada pela metade e menos ainda permitir que algo ou alguém tire de nós esta sensação de liberdade. Você se torna mais criterioso e exigente, e a partir daí nada mais tem importância, porque com o se transformar você aumenta e muito o seu amor próprio. Sente que a pessoa mais importante na sua vida é você mesmo. E quando sente e descobre isso, querido amigo leitor, não tem preço que pague esta sensação. Portanto: reinvente-se. Nada mais propício para o momento de renovação que o fim de ano nos traz! (CHERRINE CARDOSO É AUTORA DOS LIVROS A INCRÍVEL ARTE DE DESAPEGAR, LANÇADO EM 2016, E REINVENTE-SE: QUANTAS VIDAS SE VIVE EM UMA VIDA?, LANÇADO EM NOVEMBRO DE 2017. AMBOS PELA EDITORA VIDA & CONSCIÊNCIA E DISPONÍVEIS EM TODAS AS LIVRARIAS DO BRASIL)


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TAT I A N A

T R I L E A L

L E A L

T R I P

P H OTO S


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O ADLON KEMPINSKI É PURO DELEITE: INSTALAÇÕES MAJESTOSAS, CAFÉ DA MANHÃ

Cheguei à capital alemã em uma tarde primaveril de domingo com grande expectativa. Conhecer esta cidade significaria vencer o desafio da dúvida. Sempre ouvi dizer que Berlim tem o poder de causar em seus visitantes dualidade do tipo “amo ou odeio”. Alguém me disse que a cidade parece um verdadeiro canteiro de obras, tal a quantidade de construções sempre em andamento. Há quem se incomode com as constantes manifestações em torno dos horrores do nazismo e da guerra. Pois bem, eu não precisei mais do que um par de horas para me posicionar. Berlim me causou impacto e imediato encantamento. Prometi a mim mesma retornar para poder explorá-la mais e mais. Foram dias muito bem aproveitados, que proporcionaram um razoável conhecimento das principais atrações da cidade. A ideia era justamente esta, usufruir ao máximo do pouco tempo disponível. Assim, inevitável a opção de viver o dia em detrimento da noite berlinense (que, diga-se de passagem, é uma atração à parte e merece ser explorada em uma próxima viagem). Nas páginas a seguir, conto um pouco do que vi e vivi na fascinante Berlim.

DE RAINHA E UMA VIZINHANÇA MAIS DO QUE NOBRE. O PORTÃO DE BRANDEMBURGO FICA AO LADO DO HOTEL

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ADLON KEMPINSKI E O PORTÃO DE BRANDEMBURGO O Adlon Kempinski merece destaque quando se fala de Berlim. Este icônico hotel, que mais parece um palácio, fica no bairro Mitte, verdadeiro coração da capital alemã, na famosa avenida Unter den Linden. Todo em estilo clássico, muito confortável, requintado e acolhedor, o Kempinski tem apartamentos e suítes de diversos tamanhos e um café da manhã tão


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VISITAR A CÚPULA DO PARLAMENTO É UM ÓTIMO PROGRAMA. TAMBÉM CURTI MUITO A ESTAÇÃO CENTRAL DE BERLIM. E ME APAIXONEI PELOS LINDOS URSOS, ESPALHADOS POR TODA A CIDADE

completo que mais parece um brunch. São várias salas de buffet onde ficam expostas as mais variadas iguarias regionais e internacionais, com destaque para as salsichas de todos os tipos, ovos e omeletes feitos ao gosto do hóspede, doces lindamente expostos, iogurtes variados, cereais, pães, queijos, embutidos, salmão, cafés, chás de muitas origens, espumantes. Impossível não se deleitar e exagerar um pouco. Além da excelência das instalações e serviços, o hotel tem um atrativo incomparável: a localização. Para quem quer conhecer Berlim, não poderia haver melhor QG. O Kempinski está a poucos passos de vários dos mais importantes pontos turísticos da capital alemã. Ali do ladinho está o belíssimo PORTÃO DE BRANDEMBURGO, que se transformou em símbolo da unificação nacional após a queda do muro de Berlim em 1989. O Portão é palco de grandes memórias e a praça situada em frente ao monumento está constantemente lotada de turistas, visitantes, manifestantes, curiosos. Da nossa suíte no Adlon Kempinski tínhamos uma vista esplendorosa do Portão, um privilégio que desfrutamos nos mais diversos horários do dia e que resultou em fotos únicas. Bem perto está o enorme parque TIERGARTEN, pulmão verde de Berlim, que na época em que visitei a cidade – final do inverno, início da primavera – infelizmente estava ainda com suas árvores desfolhadas e secas. O parque tem recantos lindos, vale muito a pena percor-

rer suas alamedas e incluir o Tiergarten no itinerário de suas caminhadas pela cidade. Atrás do hotel está o MEMORIAL DO HOLOCAUSTO, dedicado aos judeus da Europa mortos durante a Segunda Guerra Mundial. Impactante, o complexo arquitetônico é constituído por blocos de concreto de vários tamanhos e alturas que, inevitavelmente, lembram túmulos alinhados em um cemitério. Percorri aqueles caminhos ao fim do dia, com o sol se pondo entre as frestas, o que resultou em um belo espetáculo cênico. Senti um misto de paz e emoção, com certeza devido à grandeza da obra e de sua simbologia. Ainda no entorno do hotel encontra-se o belo prédio do PARLAMENTO ALEMÃO (REICHSTAG), cuja cúpula de vidro, belíssima, é atração imperdível, ainda mais em final de tarde, no terraço ao pôr do sol, com uma visão da cidade em 3600, degustando uma bela fatia de chá com torta. Fiz esse programa e foram momentos de puro prazer, além de um pequeno e merecido relax depois de grandes caminhadas. Por perto está também a ESTAÇÃO CENTRAL DE TREM DE BERLIM (HAUPTBAHNHOF), um imenso prédio que comporta, além da estrutura destinada ao transporte, muitas lojas, restaurantes, livrarias. Foi lá que experimentei uma iguaria típica alemã, a currywürst, salsicha branca. Acompanhada de um belo caneco de cerveja e de batatinhas fritas, a currywurst estava uma delícia. Recomendo!

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BELO ENTARDECER EM MEIO AOS PRÉDIOS DO REICHSTAG. MENOS POÉTICA, MAS TAMBÉM FASCINANTE, A BERLIM COLORIDA E TURÍSTICA DA CURRYWÜRST E DO VOO DE BALÃO

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ARRANHA-CÉUS MODERNOS, O COMPLEXO SONY CENTER, BELAS AVENIDAS QUE SE CRUZAM, UM MOVIMENTO ININTERRUPTO: ASSIM É A CÉLEBRE POTSDAMER PLATZ

A AGITADA POSTDAMER PLATZ O ápice da Berlim moderna se encontra na Potsdamer Platz. Lá se pode ver o grandioso SONY CENTER, um complexo de entretenimento, gastronomia e compras imponente, moderno e sempre lotado de jovens. Na Potsdamer estão também presentes hotéis de luxo, cassinos, cinemas, restaurantes, shopping center e atrações das mais diversas. É também ali que está o PANORAMAPUNKT, prédio onde está instalado o elevador mais rápido da Europa. Em menos de vinte segundos se chega à plataforma, no 24° andar, a uma altura de 100 metros, e subindo mais um andar de escada se alcança um amplo terraço cercado, que proporciona uma vista de tirar o fôlego. Esta é uma bela forma de se conhecer a cidade do alto e constatar toda a sua grandeza, com visão de quase 360°. De lá avistamos o parque Tiergarten, o rio Spree, o Memorial do Holocausto, a torre da TV e inúmeros outros ícones de Berlim. Lindas imagens que ficam não apenas guardadas na retina, mas reproduzidas nas inúmeras fotos que turista algum consegue evitar de fazer. Perto da Potsdamer Platz também está situada a TOPOGRAFIA DO TERROR, um museu que descortina as atrocidades praticadas pelo nazismo, em meio a pedaços do muro que ainda restam intactos. Perto dali, algumas antigas torres de controle da época da separação permanecem, bem como um posto militar que era utilizado para o vai e vem dos aliados da Segunda Guerra, o chamado CHECK POINT CHARLIE.

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Um museu próximo, de mesmo nome, alberga uma exposição de obras dispostas de forma um tanto confusa nas paredes de várias salas, documentando os terrores da divisão das Alemanhas, a separação inexplicável de integrantes de uma mesma família, bem como os esconderijos e artefatos criados por eles para atravessar o muro. PASSEANDO DE BARCO PELO SPREE Para navegar pelo Rio Spree, que corta o centro da cidade, descortinando vagarosamente seus prédios históricos, há muitas opções de passeios de barco. Eles saem de hora em hora, percorrendo os canais principais. Optei por um barco semiaberto, já que o dia estava ensolarado e a temperatura amena, com uma leve brisa no ar. Nada melhor, naquele momento mágico e suave, do que assistir ao espetacular desfile das belezas de Berlim degustando uma excelente cerveja Lowembrau bem gelada. Alguns barcos oferecem refeições completas, outros apenas bebidas e petiscos. Há opções para diferentes orçamentos e roteiros. Na beira do Rio Spree, bem no local de onde saiu o nosso barco, esculturas de figuras humanas em bronze, em tamanho natural, graciosamente sentadas sobre a mureta, fazem disparar as câmeras de todos os turistas. Ao longo do passeio avistamos muita gente de verdade – e de todas as partes do mundo – sentada em bares da orla, apreciando o calor ameno típico da primavera.


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O ÚLTIMO ANDAR DA KADEWE É ÓTIMA OPÇÃO PARA REFEIÇÕES RÁPIDAS, E O LOCAL É LINDO. A EAST GALERY EXIBE GRAFITES PINTADOS POR VÁRIOS ARTISTAS SOBRE RESTOS DO MURO

A ILHA DOS MUSEUS Cinco grandes museus compõem essa área nobre de Berlim, sempre muito movimentada, principal atração da cidade para os apreciadores de arte e cultura. É lá que está também a imponente Berliner Dom, a bela catedral metropolitana. A grande ilha acomoda o MUSEU NOVO (Neues Museum), o MUSEU ANTIGO (Altes Museum), a ANTIGA GALERIA NACIONAL (Alte Nationalgalerie), o MUSEU BODE e o famoso MUSEU PERGAMON. Nesta viagem tivemos tempo de visitar apenas o Pergamon, surpreendente por albergar espetaculares obras de arte, arquitetura milenar e arqueologia em um espaço bastante razoável de extensão, de forma que todo o percurso pode ser explorado em não mais do que duas ou três horas. Assim como os demais museus da ilha, o Pergamon é muito requisitado, e por isso é recomendável adquirir antecipadamente o ingresso, sob pena de amargar-se em longas filas de espera. Para quem tem bastante tempo uma boa dica é comprar o Berlim Welcome Card, que garante entrada em todos os museus. O MURO GRAFITADO Atração pra lá de relevante, e uma das mais interessantes da cidade. A EAST GALERY é uma galeria de arte a céu aberto, uma grande extensão do muro de Berlim ornado por grafites e pinturas de renomados artistas advindos de todas as partes do mundo.

Milhares de pessoas transitam diariamente pelas calçadas diante do muro. Os turistas chegam de bicicleta, a pé, de trem, em grupos, com ou sem guias, sozinhos e silenciosos, em turma e barulhentos... há de tudo. Muita gente fazendo selfies e fotografando as obras. O famoso grafite “Beijo”, cujos personagens são Erick Homecker (dirigente alemão) e Leonid Brejnev (homem-forte da União Soviética), é onde sempre se concentra uma multidão, e não há quem deixe de se fotografar nesse ponto. COMPRAS COM MUITO ESTILO Quem pode resistir a esta rua repleta de lojas chiques e grifadas? Todas as grandes marcas mundiais do segmento luxo estão por lá. A KURFURSTENDAMM deve ser uma das áreas mais caras por metro quadrado de Berlim, e é por onde certamente transitam grandes fortunas. Para menores bolsos, mas não menos espetacular, existe a KADEWE, grande loja de departamentos de Berlim. A KaDeWe conta, no quinto e último andar, com uma espetacular praça de alimentação, com linda vista para a cidade e muitas opções de comidas e bebidas, delícias típicas ou não, mas sempre organizadamente expostas em ilhas. Facilita para quem, não muito familiarizado à lingua local, escolhe o que deseja levar, coloca tudo em uma bandeja e passa ao caixa para realizar o pagamento com toda a tranquilidade, sem precisar dizer uma só palavra.

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Lugar Perto dali situa-se o “shopping center conceito” BIKINI, palco das grandes tendências de consumo e de moda. Percorrer seus espaços é um prazer, e foi também uma grata surpresa constatar que ao lado do shopping está localizado o grande Zoológico da capital alemã, que contempla a maior coleção de espécies de animais do mundo. De algumas áreas do shopping é possível avistar o zoológico, o que se torna mais uma atração do Bikini. BERLINER, A ANTENA DA TV Circulando no ônibus HOP ON-HOP OFF avistei, em inúmeros momentos do percurso, uma grande antena de televisão. A BERLINER é famosa por oferecer uma vista panorâmica da cidade. Lá no alto está instalado um restaurante que se move lentamente, exibindo aos visitantes Berlim em todos os seus ângulos. Preciso registrar que o Hop On-Hop Off foi uma ótima forma de visitar Berlim pela primeira vez. O ônibus dispõe de áudio-guia com tradução para todas as línguas e o percurso garante um passeio confortável pelas principais atrações locais. É ótimo para se ter uma visão geral da cidade e para escolher os pontos que você deseja conhecer depois com mais calma. CIDADE DOS URSOS, CIDADE DA RECONSTRUÇÃO Me apaixonei perdidamente pelas esculturas de ursos em tamanho natural com que me deparei em quase todos os pontos turísticos de Berlim. Coloridos, temáticos, divertidos, fiz questão de fotografar todos os que vi. E tive um forte impacto ao constatar a permanente necessidade de reconstrução do povo alemão. A quantidade de obras pipocando em todos os lados bem demonstra, além de uma visão desenvolvimentista e da solidez econômica, um constante desejo de renovar-se, recriar-se, reler-se. Mas sem abandonar as raízes, as tradições e a história. É inevitável: em cada memorial, em cada museu, em cada culto à história alemã fica impressa a marca de momentos passados que devem ser lembrados para jamais serem repetidos.

INSTALAÇÃO MULTICOLORIDA NO SHOPPING BIKINI, QUE É VIZINHO DO ZOOLÓGICO DE BERLIM. ALI, NA CÉLEBRE AVENIDA KURFURSTENDAMM OU NA KADEWE, COMPRAS COM MUITO ESTILO

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ACESSÓRIOS CLÁSSICOS PODEROSOS

Abotoaduras são acessórios para um homem de gosto refinado. Usadas com camisas de punhos franceses, acrescentam formalidade e polimento. Escolha modelos que combinem sempre com a pulseira do relógio de pulso. O ideal é que sejam discretas. Evite com todas as suas forças vestir um cinto clássico de couro com calça jeans. Neste caso, opte sempre por um modelo mais casual, descontraído, que pode ser de corda, por exemplo. A melhor escolha na hora de optar por meias? Lã merino no inverno e algodão prima no verão. Não tem erro!

Existem os chamados “acessórios clássicos” da moda masculina – que, acima de tudo, ajudam muito no dia a dia do homem moderno. Eu sempre recomendo a compra dessas peças atemporais e de muita qualidade, independentemente do estilo pessoal. Quer entender por quê? Primeiro, eles fazem você ganhar tempo. Segundo, eles proporcionam um maior aproveitamento do seu guarda-roupa atual, pois combinam com muitos itens, deixando-os, inclusive, mais chics. Terceiro, quando bem comprados, duram uma eternidade e fazem você guardar dinheiro, o que também é sempre muito bom. Dessa forma, você já notou que o poder de um acessório clássico no seu guarda-roupa opera milagres, não é mesmo? Vou trazer alguns itens para inspirar você a checar se o seu acervo tem ou não “acessórios clássicos poderosos”, ok? Primeiro vamos iniciar pelos sapatos. Sim! A elegância começa pelos pés. Isto significa que quando você abre o seu armário de manhã deve ter pelo menos três boas opções para calçar: um sapato social com cadarço, uma bota de cano curto, um sapato casual sem cadarço, como um mocassim, por exemplo. Cinto é outro acessório muito importante. Procure sempre vestir o melhor que puder e o que for mais adequado ao estilo do seu look. O de couro oferece sempre uma elegância simples. Fivelas discretas são sempre melhores. O tom do cinto precisa combinar com o sapato ou acompanhar a cor da calça. Meias são outro assunto importante quando tratamos de acessórios e que rende um toque bem legal no estilo pessoal. É uma ótima oportunidade de trazer um pouco de cor naquele estilo mais sisudo, por exemplo. Você pode seguir as regras clássicas de vestir o tom da meia de acordo com o sapato ou com o tom da calça. Mas há muitos homens bem charmosos que sabem como ninguém criar um toque bem pessoal com o uso de meias bem coloridas, divertidas, com estampas. Encontramos alguns brasileiros assim, mas é em Nova York e em Milão que o hit virou hábito. ROBERTA COLTRO É CONSULTORA DE MODA, ESTILO E COMPORTAMENTO

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ESTILO COM INTELIGÊNCIA E BOM SENSO Você quer ter um guarda-roupa atemporal e não sabe como construir? Há alguns segredinhos que tornam o seu acervo um mix de opções que ajudam por muito tempo, facilitando absurdamente a sua vida. Ter boas peças atemporais sempre garante maior liberdade, porque você poderá construir combinações inusitadas sem grande esforço. Fará render muito mais looks com o que você já tem. E por que estou tratando desse assunto? Acontece que. neste momento da moda, a coisa mais elegante que existe é você aproveitar e reaproveitar ao máximo tudo o que você já tem, usando muitas vezes as mesmas peças, porém de forma criativa. Repetir, reformar... são palavras de ordem para as mulheres modernas. E podemos, sim, maximizar o uso de nossas peças com alguns segredinhos. É o tal do guarda-roupa atemporal. Mas as pessoas às vezes acabam cansando do seu estilo e reclamam estar “sempre igual”, por fazerem mau uso do que têm ou por comprarem errado. Por exemplo: muita gente acha que ter roupas atemporais significa abrir o armário e encontrar só branco, preto e alguns nudes. Ledo engano. Independentemente da cor, o que importa mesmo é o corte. E quando me refiro a este, quero dizer o seguinte: se a peça veste perfeitamente o seu tipo físico – se o tecido é de excelente qualidade –, porque com certeza assim cairá melhor em você, a chance de repetir com sucesso será imensa. Pode apostar: você só repete o que lhe cai bem. Então, compre só, e só mesmo, o que lhe cai como uma luva, ok? Outro exemplo para ajudar a ter um guarda-roupa atemporal: evite estampas. Sim, as estampas datam a roupa. Se você adora estampas e não abre mão delas, procure por peças mais baratas e que sejam bem da moda atual. As estampas fazem maravilhas para muitas silhuetas. Vestir uma roupa de estampa adequada ao seu tipo físico muitas vezes emagrece você imediatamente, outras vezes, ela oferece a ilusão óptica de altura, então realmente é bacana ter boas estampas no seu guarda-roupa. Mas elas nunca fazem parte daquele time de peças que você vai poder jogar com todas as outras do seu armário. Não. Nada disso. Siga a sua vida mais leve, sem excessos. Evite o consumo desnecessário. Procure honrar o seu gosto pessoal administrando seu estilo com inteligência e bom senso. Nada mais chic e atual.

A camisa branca é peça curinga. Ela compõe tanto visuais casuais como mais elaborados. Procure por um modelo que vista perfeito. Botões discretos, que fechem corretamente, sem deixar lingeries à mostra, são alguns detalhes fundamentais para compor um guarda-roupa atemporal. Um vestido de linhas retas, de comprimento na altura do joelho, sem grandes detalhes, pode ser um básico que vira base para inúmeras produções. A cor será fundamental para torná-lo um verdadeiro curinga: em vez de preto, escolha um vestido de tons claros, nudes, para combinar com mais peças do seu armário. Um bom blazer pode acompanhar você o dia todo, do trabalho ao cinema. Invista em um tom neutro – claro ou escuro, pouco importa. O tecido ideal para um básico atemporal virar bem versátil? Sugiro sempre a lã fria bem fininha - que é específica para o verão. Ou então, algodão com seda e linho, pois nessa mistura ele não amassa tanto e fica bem prática.

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mulheres que amamos

PARA ENCERRAR 2017 ESCOLHEMOS UMA MULHER FASCINANTE: LUCIA VERISSIMO, A CARIOCA POR QUEM O ESCRITOR LUIS FERNANDO VERISSIMO SE APAIXONOU, LÁ NOS IDOS DE 1960. MUITO MAIS DO QUE ESPOSA, LUCIA É A CÚMPLICE DE LUIS FERNANDO PELA VIDA AFORA. CÉLEBRE POR SUA ENERGIA INFINDÁVEL, JÁ FOI CHAMADA DE MULHER TSUNAMI, ELOGIO SUPREMO EM UMA ÉPOCA EM QUE PROLIFERAM AS BOMBADAS MULHERES FRUTAS. AGREGADORA, AMOROSA. FORTE, DESTEMIDA, AVENTUREIRA, ALEGRE, LUCIA É O PERFEITO EXEMPLO DE

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MULHER QUE NÓS TODOS AMAMOS.

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LUCIA VERISSIMO Lucia não carrega o sobrenome Terra e nem Cambará, mas poderia facilmente compor o time de mulheres fortes de O Tempo e o Vento, obra de Erico Verissimo, seu sogro. Como as personagens Ana Terra, Bibiana e Maria Valéria – vozes femininas que norteiam a narrativa –, Lucia Verissimo, a carioca casada com o escritor Luis Fernando Verissimo, é o alicerce da família. Alegre, comunicativa e falante, é a voz do marido, tímido, econômico em palavras e amplo em silêncios. Daria uma boa contadora de histórias, afinal armazena na memória muitas delas – geralmente com situações hilárias envolvendo Luis Fernando –, que vai soltando aos poucos, sempre entremeadas de riso. Como a paixão de três proprietárias de restaurantes de Porto Alegre que disputavam a atenção do escritor. Em lugar de sentir ciúmes, Lucia se divertia com a situação. Sem citar nomes, ela relembra essas investidas. Luis Fernando ouve calado e com discreto sorriso de quem não tem culpa alguma. Lucia Verissimo era datilógrafa no jornal da Câmara do Comércio do Rio quando conheceu o então tradutor Luis Fernando. O casamento foi em 1964. Depois, vieram morar na casa do sogro Erico e da sogra Mafalda, em Petrópolis, onde vivem até hoje. Em parte, confirmam a tese de que os diferentes se atraem, mas apenas em relação à profusão de palavras, porque em termos de gosto cultural e de prazer em receber são iguais. A cumplicidade é tamanha que Lucia parece adivinhar os pensamentos de Luis Fernando. Uma das alegrias do casal é ter a

casa cheia, a mesa posta – ela cozinha muito bem e é quem comanda a churrasqueira – e amigos ao redor. O gosto pelas viagens é outro elo entre eles. Lucia, assim como Luis Fernando, adora viajar, frequentar bons restaurantes, tomar bons vinhos. Tem uma facilidade invejável de fazer amizades. E sem restrições. Pode ser um desconhecido que logo conquista, o açougueiro na Itália, o atendente do supermercado em Porto Alegre, um escritor ou um artista. Em casa, Lucia é o esteio, a que agrega. É quem faz o meio de campo na família. Com os filhos – Fernanda, Mariana e Fernando – sempre foi exigente e disciplinadora, mas ao mesmo tempo carinhosa, amorosa. Como diz a filha Fernanda, “não deixou nenhuma marca física e nem metafórica”. É mãe e avó presente. É o eixo central da relação familiar. Parece ser incansável, movida por uma energia física e mental infindável. É comparada a um tsunami. Atenta, incita o marido a soltar a voz em entrevistas ou palestras. Provoca, instiga, desafia, complementa, fala em nome dele. “Ela sabe o que funciona em encontros públicos”, explica Fernanda. Ana Terra, Bibiana, Maria Valéria certamente se sentiriam representadas por essa carioca forte. Uma Lucia Verissimo que desbravou o coração do escritor/humorista/ cartunista tímido, fez do Rio Grande do Sul o novo lar e aqui se instalou com uma personalidade guerreira e a alegria que conforta e semeia afeto e admiração. POR BETE DUARTE, JORNALISTA


Palavra LU Í S

AU G U S TO

F I S C H E R

CORRUPÇÃO POR ESCRITO Vamos ao Houaiss, o melhor dicionário do português de nossos tempos. Lá diz ele, pela ordem: (1) deterioração, decomposição física, putrefação (de alimentos); (2) modificação, adulteração das características originais de algo (um texto, por exemplo); (3) depravação de hábitos e costumes, devassidão; chegando mais perto do presente, (4) ato ou efeito de subornar, com dinheiro; depois (5), emprego de meios ilegais apropriar-se de informações privilegiadas; e enfim (6), disposição de funcionário público de agir em interesse próprio ou de outrem. Este é, resumido, o verbete “corrupção” de Houaiss. Corrupção. A edição atual do belo dicionário é de 2009. Nós estamos em 2017. Já pensou se o Houaiss fosse revisado agora e a ordem fosse definida por uso contemporâneo da palavra? Qual seria a ordem dos significados? É claro que a ordem seria invertida: os sentidos 4, 5 e 6 passariam ao primeiro plano, ficando os outros três para a segunda parte. Não passa dia sem que que sejamos informados que alguém praticou corrupção. E isso já é um processo de mais de ano e tanto... De vez em quando me pego pensando que alguém deveria fazer contas de somar com a dinheirama toda, de tal maneira que pudesse nos dizer, em termos concretos, o que foi que o Brasil como um todo perdeu. Quantos quilômetros de canalização de água e esgoto? Quantas estações de tratamento de efluentes? Quantos quilômetros de despoluição de rios e mares? Quantas casas, quantas salas de aula, quantas merendas, quantos leitos de hospital? (Vem cá, prezado leitor, senta aqui ao meu lado. Vamos chorar juntos, e inutilmente, as nossas tristes pitangas.) Há quem diga que a corrupção no Brasil vem de longe. Uma vez ouvi uma exposição informal de um importante economista brasileiro sobre a construção de Brasília – o presidente do momento, Juscelino Kubitschek, teria organizado um governo paralelo, com orçamento aberto,

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para viabilizar a maluquice que foi construir do nada uma cidade inteira para abrigar a nova capital brasileira, deixando o governo formal nos escritórios do Rio de Janeiro, a capital de então, operando com o orçamento formalmente existente. Quanto se perdeu ali? Dizem que a nova Cidade Administrativa de Belo Horizonte... Dizem que parte grande das autopistas paulistas e avenidas paulistanas... Dizem tanta coisa de tantos casos, que um cidadão médio, que vive dentro de seus ganhos, não saberá jamais avaliar. Fui atrás de leituras sobre o tema e encontrei duas peças que vale a pena conhecer. Uma é um romance muito interessante e bom de ler: A república da propina, editora Planeta, de autoria de Marlon Reis, ex-juiz que atuou na Justiça Eleitoral (do Maranhão e depois em Brasília) até ajudar decisivamente a organizar a proposta da Lei da Ficha Limpa. É um instrutivo passeio pelos bastidores da máquina eleitoral. O personagem principal é um jovem que, em certo momento, fica sem emprego e sem alternativa, a não ser trabalhar para seu sogro, um deputado federal. O jovem se mostra eficiente na captura de votos de pobres, mediante esquemas que correm o Brasil de sul a norte – atendimento a pequenas causas tais como remédio, carona, ambulância, emprego, regularização de lote, registro de nascimento, acerto de contas de água e luz, crédito para celular, bola, bolsa em programas sociais... Daí para ele mesmo, o jovem, virar candidato é um pequeno passo. O outro é de leitura bem mais exigente, um mergulho profundo nesse lamaçal, um estudo acadêmico de fôlego: Corrupção e poder no Brasil – Uma história, séculos XVI a XVIII, de Adriana Romeiro, professora da UFMG (Editora Autêntica). Não resolvem a nossa vida os livros, mas ajudam a entender o bode que dá isso tudo. LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR


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