Revista Estilo Zaffari - Edição 75

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Ano 12 N0 75 R$ 7,90

CASA PROJETOS ARQUITETÔNICOS INSPIRADOS E DEDICADOS ÀS CRIANÇAS

RIO DE JANEIRO ROTEIRO ESPERTO E DIVERTIDO PELA BARRA E RECREIO

Degustando os

brasileiros

OS SABORES DE MORENA LEITE E VICO CROCCO NO Í BISTRÔ




Milene Leal milene@entrelinhas.inf.br

EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO REDAÇÃO Felippe Sica, Flavia Mu, Letícia Remião, Loraine Luz, Milene Leal, Vera Moreira

REVISÃO Flávio Dotti Cesa DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade ILUSTRAÇÕES Moa FOTOGRAFIA Letícia Remião, Marcelo Donadussi, Felippe Sica, Milene Leal COLUNISTAS Cris Berger, Celso Gutfreind, Cherrine Cardoso, Fernando Lokschin, Luís Augusto Fischer, Roberta Coltro, Tetê Pacheco EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS)

A revista Estilo Zaffari é uma publicação trimestral da Entrelinhas Conteúdo & Forma, sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. Distribuição exclusiva nas lojas da rede Zaffari e Bourbon. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem prévia autorização e sem citação da fonte.

TIRAGEM 25.000 exemplares IMPRESSÃO Gráfica Pallotti

ENDEREÇO DA REDAÇÃO Rua Cel. Bordini, 675, cj. 301 Porto Alegre I RS I Brasil I 90440 000 51 3395.2515 I 51 3395.2404

FOTO: LETÍCIA REMIÃO


N OTA

D O

E D I TO R

EXPERIÊNCIAS SENSORIAIS Tudo nesta Estilo Zaffari do inverno de 2016 tem a ver com sensações, com experiências, vivências. E talvez por isso a revista esteja tão bonita e tão interessante. Da gastronomia à viagem, passando pela arquitetura e pelos perfis de pessoas que admiramos, nosso conteúdo é um passeio pelos 5 sentidos do ser humano: visão, olfato, paladar, tato, audição. A gastronomia de Vico Crocco e Morena Leite, no carioca Í Bistrô, é uma verdadeira experiência sensorial, como bem definiu a jornalista Vera Moreira. E as fotos dos pratos que eles preparam no restaurante, clicados lá mesmo por Letícia Remião, são uma ode ao sentido da visão. A mesma Letícia provoca todos os 5 sentidos com seu roteiro inspirado pela região da Barra, no Rio de Janeiro: você vai escutar o barulho das ondas, sentir o calor do sol, arrebatar os olhos com as paisagens e desejar imensamente viver as aventuras que ela sugere para curtir o Rio de um jeito diferente. Apostamos que você vai também se entusiasmar com as ideias de arquitetos que projetaram espaços especiais para crianças, colocando nesses ambientes todo o carinho, a criatividade e o toque lúdico que os pequenos merecem. Tem quarto de bebê, quarto de menino, loja e até consultório, tudo lindo e divertido. Na seção “O Sabor e o Saber”, Fernando Lokschin fala sobre o beijo, talvez a mais forte experiência sensorial do ser humano. Na seção “Mulheres que Amamos” apresentamos duas jovens fortes, decididas, que abrem caminhos e trabalham cotidianamente com sua sensibilidade. Temos ainda dicas ótimas do chef Felippe de Sica, que garimpou deliciosos points gastronômicos pela Califórnia, e uma Cesta Básica repleta de grandes ideias. Calor, sabor e amor pra você! OS EDITORES


Correio RECADINHOS QUERIDOS

Lindo trabalho! De novo!! Parabéns!!! RENATO CASTELLO BRANCO

QUE A ESTILO ZAFFARI 74 RECEBEU PELO FACEBOOK

Leitura obrigatória!!! VERA LOBATO DA COSTA

NA CHEGADA DA EDIÇÃO ÀS LOJAS DA CIA. ZAFFARI:

Que lindo, gurias!!!! Parabéns!! Muito bacana fazer parte dessa linda edição! bjs CARLOS KRISTENSEN

Gosto muito dessa revista! DALINDA PACHECO

A revista está linda! CLARICE DE MATOS

Bah... que capa! Imagina o que tá por dentro? SÔNIA DE OLIVEIRA SOARES

Oba!!!! Como sempre, a capa tá espetacular e eu doidinha pra ler! Parabéns, querida! DÓRIS FIALCOFF

Magnífico!!!! NEWTON DE LAVRA PINTO MORAES

Está linda a revista! DIÁRIO DE BORDO – ROTEIROS & VIAGENS

Essa revista é um primor! MARISA FRESINA

Louca para vê-la! ANA PAULA FETT DIXON

Quero, quero, quero! Vitória Enck, traz uma pra mim? MARISOL ESPINOSA, NY

Que linda!!!! Vou atrás da minha. Leitura imperdível!!! REGINA D’AZEVEDO

Merecemos beleza. FERNANDA MEDEIROS AZEVEDO

Linda capa!!!! Parabéns gurias e guri Carlos Kristensen pelo belo trabalho!!! Curiosíssima pra ver tudo!!! ANDREA LOBOS MARTINS

Sou gaúcha, morando no Rio há 3 anos. Amo tanto a Revista Estilo que minha mãe tem a responsabilidade de sempre comprar as novas edições!!! Orgulho de ser gaúcha!!! SÔNIA BEATRIZ PISETTA DE LIMA

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Estilo Zaffari

Ah! Se eu te pego! Pela capa a gente pressente o conteúdo. Legal, Milene. ELBA BRITO

Adoro essa revista!!! Parabéns à Milene Leal! SUZANA LEAL

Tá ótima a revista! Uhuuu, a parte da decoração voltou. ANDRÉ BORTOLI


Olá, adorei sua reportagem sobre Paris. Gostaria de saber se posso entrar em contato com você. Tenho alguns projetos a respeito. Muito obrigado, déjà. SANDRO VARGAS

Revista Estilo Zaffari linda!!! Capa e matéria especial sobre o Hashi e a cozinha do Cacá. Todas as fotos – que estão maravilhosas – são da Letícia Remião. Obrigada, queridas, ficou demais! LUCIANE PACHECO SCHERER

MA-RA-VI-LHO-SA!! Parabéns para todos!! CLARICE CHWARTZMANN

Capa linda! LUCIANA KAEMPF GASTAL

Louca para ler e saborear essa revista que eu adoro!!! LIZE JUNG

Linda foto dessa obra de arte deliciosa! TUTY COLLE

Está linda mesmo. A minha já está comigo, devorando, e depois vai para o acervo da minha coleção!!!! TATIANA MATTIONI PIZETTA

Minhas queridas, muito obrigada pelo convite para fazer parte desse projeto lindo e cheio de amor!! E Ana Guerra, me senti traduzida pelo teu delicado texto, que me levou de volta à nossa manhã chuvosa e superespecial. AMEI, OBRIGADA!! Um beijo bem grande e muito sucesso sempre!!!! CAMILA FERRÉS

www.facebook.com/Revista Estilo Zaffari

Estilo Zaffari

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Cesta Básica

10

Coluna Humanas Criaturas

28

Coluna Vida

48

Coluna Equilíbrio

64

Sampa

78

Raízes

80

O Sabor e o Saber

86

Roteiro Gourmet

90

Moda

100

Mulheres que Amamos

102

Coluna Palavra

106

DEGUSTANDO OS BIOMAS BRASILEIROS

30


PARA CURTIR O RIO DE JANEIRO: QUE BARRA É ESSA?

50

DECORAÇÃO FEITA PARA CRIANÇAS

66


Cesta básica

NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA A DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MÚSICA, MODA, LITERATURA, ARTE, LUGARES, VIAGENS, OBJETOS ESPECIAIS, PESSOAS GENIAIS, COMIDINHAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO!

T E X TO S

P O R F OTO S

LO R A I N E

LU Z

YOO2 NO RIO E, EM BREVE, POA Uma parceria entre o renomado escritório londrino de design Yoo e a rede hoteleira Intercity fez nascer a bandeira yoo2. O primeiro endereço do empreendimento é a Praia do Botafogo, no Rio, de frente para a Baía de Guanabara e com vista para o Pão de Açúcar e o Corcovado. A novidade faz parte do plano de expansão da Intercity Hotels. A rede pretende dobrar de tamanho com a abertura de mais 35 hotéis até 2018. Em parceria com a belga Pylos, o investimento na unidade carioca está estimado em R$ 130 milhões. Além do Rio, também Porto Alegre e Hong Kong sediarão a bandeira yoo2. O empreendimento carioca terá 143 apartamentos, com design arrojado e serviços cheios de personalidade. Ao entrar no hotel, o hóspede já se depara com algo inusitado: o yoo2 não tem aquele tradicional balcão na entrada. O check-in é informal e sem burocracia, feito através de um iPad. Os clientes poderão ouvir boa música em todos os ambientes, principalmente no rooftop, que conta com piscina, bar e mesa de DJ com uma vista privilegiada da Cidade Maravilhosa. Os hóspedes terão passe livre no restaurante capitaneado pelo chef gaúcho Marcelo Schambeck. Outro detalhe: os animais de estimação são bem-vindos, com circulação garantida e mimos como cama e potes customizados com a marca yoo, além de shampoo e condicionador Granado Pet.

D I V U LG A Ç Ã O

www.yoo2.com


20 ANOS DE ARTE Em abril deste ano a Gravura Galeria de Arte completou 20 anos. Para celebrar a data, foi lançado no dia 1º de julho o livro “20 anos com Arte e História”, que relata a trajetória da galeria, apresenta imagens das obras de 57 artistas e a relação das quase 200 exposições realizadas, com fotos que marcam momentos memoráveis. A produção da obra foi coordenada por Regina Galbinski Teitelbaum, proprietária e administradora da galeria. Os textos têm a assinatura do publicitário Gustavo Teitelbaum; o design e o projeto gráfico são de Claudio Franco, da Desenho Design, com fotografias de Lisa Roos. A publicação conta ainda com textos de artistas e colaboradores como Ana Zavadil, Clara Pechansky, Cláudia Laitano, Erico Santos, Leticia Lau, Paulo Amaral e Paulo Gomes. O livro foi lançado durante um evento de comemoração do aniversário da galeria, quando aconteceu também o vernissage da exposição coletiva dos 57 artistas destaque nos 20 anos.

20 ANOS GRAVURA GALERIA DE ARTE 120 PÁGINAS WWW.GRAVURAGALERIA.COM.BR WWW.FACEBOOK.COM/GRAVURAGALERIA

TORTA BEM-CASADO Os fãs das tradicionais tortas e biscoitos decorados com marzipã ganham mais um motivo para apreciar a confeitaria de inspiração alemã. A novidade da Leckerhaus é a Torta Bem-Casado. Não, não é sonho; você leu certo. De origem portuguesa e tendo como destaque sua maciez e sabor, o doce tradicionalmente distribuído no final de casamentos e festas ganhou peso e tamanho nas mãos das confeiteiras da casa. Nutella ou ovos moles são as opções de recheio. Remodelada, a Leckerhaus – uma das docerias mais tradicionais de Porto Alegre – tem novidade também nos serviços e na ambientação. Além das delícias doces, passa a oferecer comidinhas para o almoço, com opções de saladas, sanduíches gourmet, quiches e massas. Quem está à frente do processo de reposicionamento da loja na capital gaúcha é a proprietária da marca, Fernanda Wainer. O novo ambiente tem o toque pessoal dela em cada detalhe: desde a coleção pessoal de panos de prato expostos em uma das paredes, com modelos adquiridos em viagens no Brasil e fora, até o ar mais retrô da decoração – uma tentativa de transportar o cliente às lembranças dos doces da infância. A empresa foi criada em 1991 pela filha de alemães Christa Sudbrack, apaixonada pelos doces feitos pela família. A confeitaria, atualmente, produz 150 tortas e 80 quilos de biscoitos diariamente.

LECKERHAUS RUA NILO PEÇANHA, 2.294 I PORTO ALEGRE I RS 513328.2446 Estilo Zaffari

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Cesta básica

SM CONCEPT Especializada em tecidos, papéis de parede, placas 3D, tapetes, persianas, cortinas e toldos, a SM Concept está há 9 anos no mercado gaúcho como a primeira loja Centurion (que oferece produtos Hunter Douglas 100% exclusivos) de Porto Alegre. Recentemente, a loja inaugurou seu novo showroom. Liderada por Andréa Manjabosco Nunes e Sueli Manjabosco Nunes, a SM Concept é muito conceituada do mercado de decoração, pois trabalha com marcas exclusivas como a francesa Casamance e Misia, de tecidos, representada no Brasil pela Casalille. Com foco no atendimento personalizado tanto para os profissionais da área (arquitetos, designers e decoradores) como para os clientes finais, a SM Concept passou por reformas para oferecer um espaço amplo, moderno e com novos produtos. “Nosso novo showroom está instalado em um ambiente amplo, atualizado e seguindo uma nova proposta de mercado”, diz Andréa.

AV. TEIXEIRA MENDES, 1280 TRÊS FIGUEIRAS I PORTO ALEGRE I RS 51 3333.0606 www.smconcept.com.br

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ATITUDE FLUIDA Muita delicadeza, atitude e feminilidade para colorir o inverno com vestidos, tops, croppeds, t-shirts, camisas, chemises e saias. A coleção de estreia da estilista Gabriela Seibel, batizada de “Meu Jardim”, tem ares românticos sem desviar do movimento de empoderamento feminino que vem chacoalhando convenções. A jovem estilista também não abre mão de conforto. Por isso, as peças da marca (homônima) são perfeitas para acompanhar o dia a dia de quem trabalha e se diverte. As estampas ganharam o traço da designer Shaiani Duarte para personalizar cada peça. São flores e pássaros que transmitem leveza e fluidez. A identidade visual da marca foi assinada pela artista Élin Godois. Focada na mulher que tem um dia a dia agitado e pouco tempo para se deslocar até lojas, a marca criou o serviço “Gabriela Seibel Voa Até Você”, que faz entrega das peças em domicílio.

www.facebook.com/gabrielaseibel.voa


IBERÊ CAMARGO: DIÁLOGO NO TEMPO O olhar do visitante irá se surpreender com os 116 trabalhos selecionados pela curadora Angélica de Moraes para a exposição Iberê Camargo: Diálogo no Tempo. “É uma investigação sobre o DNA da obra de Iberê Camargo focada no período de retorno ao Rio Grande do Sul, nos anos 1980, quando ele empreendeu uma inflexão em sua obra, com um decisivo retorno à figura humana”, diz a curadora, jornalista cultural e crítica de artes visuais. Na mostra, que ficará em exposição até 26 de março de 2017, pela primeira vez será exibida a série completa da suíte serigráfica Manequins, inclusive com algumas provas antes da impressão, em que fica evidente a insaciável busca de Iberê pela melhor forma de solucionar um trabalho. Também pela primeira vez a Fundação Iberê irá apresentar a série de desenhos Desastre, em que Iberê retratou carcaças de carros amontoados em um ferro-velho. “Soturnas reflexões sobre a velhice e a obsolescência patrocinada pelo consumismo”, diz Angélica. Em uma das salas do percurso principal foi situada a documentação fotográfica (making-off) e os estudos para a primeira incursão de Iberê no grande formato dos outdoors, em que resolveu produzir uma releitura apocalíptica da criação do homem feita por Michelângelo para a Capela Sistina, exibida em 1984 nas ruas de Porto Alegre. Junto a esse trabalho e seus esboços será exposta uma seleção de 17 charges que o pintor realizou com o pseudônimo de Maqui (chamavam-se maquis os soldados da resistência francesa

à invasão alemã da França, na Segunda Guerra Mundial). “Nessas charges, algumas publicadas na imprensa, na época, Iberê exercita a ironia mordaz, impiedosa, que dedicava aos políticos nacionais. Nada mais atual”, destaca a curadora. Entre as pinturas, a tela Fantasmagorias IV, de 1987, assume o protagonismo da mostra. “As obras escolhidas derivam ou prenunciam esse trabalho. As três figuras esqueléticas da composição parecem furar com seus ossos a carnadura da tinta. Os azuis e os pretos que visitam boa parte da obra do artista nesse período dividem presença com os traços brancos que conferem dramaticidade escultórica ao conjunto. ‘Minha terra reclama meus ossos’, disse certa vez Iberê”, conta Angélica de Moraes. Gaúcha de Pelotas radicada em São Paulo desde 1986, Angélica de Moraes assinou inúmeras exposições no País, escreveu sobre artes visuais no Caderno 2 do jornal O Estado de S. Paulo durante oito anos, foi editora da Select e hoje escreve para veículos especializados como a Cult, Arte! Brasileiros e ArtNexus.

IBERÊ CAMARGO: DIÁLOGO NO TEMPO AV. PADRE CACIQUE, 2000 DE TERÇA A DOMINGO (INCLUSIVE FERIADOS), DAS 12H ÀS 19H (ÚLTIMO ACESSO ÀS 18H30) 51 3247.8000 www.iberecamargo.org.br

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Cesta básica

A ESTÂNCIA DO VINHO E DO SOL Está em Dom Pedrito a primeira vinícola da América Latina a ser 100% movida a energia solar. Com mais de 600 painéis fotovoltaicos em funcionamento desde maio, a Guatambu tem agora toda a sua demanda energética atendida por meio de uma fonte limpa. A segunda edição do vinho Épico, por exemplo, já iniciou seu envase dentro do novo modelo de fornecimento. A mudança vinha sendo testada pela vinícola desde 2013. O investimento de R$ 1,5 milhão no projeto tem previsão de retorno em oito anos. Além de economia de energia elétrica, o sistema registra a redução na emissão de CO2 e devolverá à rede de energia a produção sobressalente que não for utilizada. “Na região da Campanha, temos em média 3.200 horas de sol durante o ano, uma energia que chega de forma gratuita, limpa, silenciosa e inesgotável”, conta o sócio-proprietário da Guatambu, Valter José Pötter. As placas também servem como cobertura do estacionamento, na entrada da propriedade. Todos os equipamentos foram importados de empresas da Itália e Alemanha. A ações na área de sustentabilidade se expandem para a água: reservatórios foram construídos para captar a chuva, que é utilizada para PPCI e irrigação dos jardins. Outra parte segue para estação de tratamento, construída dentro dos padrões da Organização Mundial da Saúde, produzindo 500 litros de água potável por hora. Nos vinhedos, também não poderia ser diferente: em 2014, a sócia-proprietária e enóloga Gabriela Hermann Pötter implementou um projeto-piloto com uma técnica sustentável e ecológica no controle de doenças fúngicas. A Guatambu é uma vinícola boutique que trabalha com uvas próprias, lotes limitados e garrafas numeradas desde 2003. Conta com um complexo enoturístico, que engloba área de produção, auditório, sala de degustação, salão com parrilla para eventos e loja, com referências arquitetônicas voltadas à cultura gaúcha e às estâncias do pampa.

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VINÍCOLA GUATAMBU ESTÂNCIA DO VINHO Km 265, BR-293 I Zona Rural Dom Pedrito I RS 53 3243.3295 www.guatambuvinhos.com.br www.facebook.com/estanciaguatambu/


BICHOS DIVERTIDOS A genial e criativa escritora Paula Taitelbaum lançou recentemente seu novo livro infantil, chamado Bichológico. Toda a sensibilidade de Paula e seu conhecimento a respeito do universo infantil vêm à tona nas páginas desse lindo livro, que brinca com rimas, formas e cores, construindo persnagens inusitados e muito divertidos. Usando formas geométricas, como círculos, quadrados, retângulos e triângulos, Paula faz nascer vários animais: o Gato Chinês que é vampiro e possui um nariz parecido com um alvo de mira, o Macaco Português que usa gravata borboleta e caneta atrás da orelha, o Coelho Escocês que é pirata e tem cabelo moicano... Os bichos e suas personalidades vão surgindo à medida que as formas geométricas se juntam e se sobrepõem, e a criança acompanha página a página a história de cada um deles. As ilustrações de Bichológico são, na verdade, fotografias de colagens feitas pela própria Paula. Ela recortou e colou manualmente todos os bichos. Encantador e muito bonito, o livro é indicado para crianças entre 3 e 8 anos de idade. No site www.editorapiu.com.br estão disponíveis várias ideias para realizar atividades com as crianças utilizando Bichológico.

RENOVAÇÃO Comemorando três anos de atividade, a AZM Assessoria inaugurou novo escritório e ampliou a gama de serviços ao seu público-alvo: os viajantes. Agora a empresa criada por Aldrey Zago Menezes, consolidada no mercado de câmbio de valores, passa a atuar também na assessoria para emissão de vistos e oferece suporte jurídico especializado, caso o cliente tenha algum imprevisto durante a sua viagem, de férias ou mesmo a negócios. Problemas durante viagens são mais comuns do que se imagina: pode ser uma bagagem perdida/danificada ou um caso de overbooking. A AZM Assessoria oferece a comodidade e a expertise de uma equipe pronta para resolver a situação. No site e nas redes sociais da AZM, podem ser encontradas dicas e sugestões para prevenir ou mesmo tratar esses transtornos.

AZM RUA FERNANDES VIEIRA, 89 I SALA 03 51 9887.0503 51 9594.9109 azmcambio.com.br

BICHOLÓGICO – EDITORA PIU 22 CM X 21 CM – R$ 35,00 paula@editorapiu.com.br 51 9269.3592 Estilo Zaffari

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Cesta básica

SEM MEDO DO FRIO DIÁRIO NA NUVEM A caderneta do aluno é uma grande aliada dos pais quando os filhos começam a frequentar a escola. É por meio dela que se dá a comunicação com os professores. Que tal uma versão digital, com inúmeras funcionalidades e que permita a interação entre escola e família em tempo real? Foi isso que criaram três jovens do mercado de TI e uma administradora. No final de 2013, Antônio Berthêm, Israel Lemes e Marcus Drzewinski, todos pais de primeira viagem, reuniram as demandas que tinham em relação às escolas dos filhos e os seus conhecimentos técnicos e criaram o Diário Escola, um aplicativo para smartphones e tablets. Logo após o desenvolvimento do piloto, realizado durante 2015, a tecnóloga em Processos Gerenciais e pós-graduanda em Formação Pedagógica de Professores Raquel Tiburski uniu-se à sociedade, trazendo para o time ainda mais informações sobre o universo da educação. O aplicativo já faz parte da rotina de 35 instituições de ensino de vários Estados brasileiros. O Diário Escola é composto por dois aplicativos que trocam informações por meio de um servidor na nuvem. O Aplicativo da Escola (azul) é utilizado pelos professores, diretores e pela equipe da secretaria; e o Aplicativo dos Pais (verde) é acessado pelos pais ou responsáveis a partir de qualquer smartphone, tablet ou computador.

www.diarioescola.com.br www.facebook.com/appdiarioescola

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Estilo Zaffari

A Tutto Riso tem razões de sobra para festejar a chegada do inverno. As quase 30 opões de risoto – a casa é especializada no prato e referência na Capital – ganharam a companhia de uma nova carta de vinhos. Uma parceria firmada com a importadora Vinhos do Mundo ajudou o restaurante a incrementar os jantares nas noites frias. Há mais de 15 opções de vinhos brancos, quatro de rosés e mais de 60 rótulos de tintos. Entre os espumantes presentes na carta, destaque para os rótulos gaúchos Casa Valduga 130, produzido no Vale dos Vinhedos, e o Cave Geisse Brut, elaborado em Pinto Bandeira. Mas se o frio for a desculpa para não sair de casa, a Tutto Riso compreende e facilita a vida de quem não quer abrir mão da preguicinha caseira: oferece gratuitamente um aplicativo de smartphones para a realização de pedidos delivery, permitindo que o consumidor tenha acesso ao cardápio com imagens, preços e formas de pagamento. Em 2016, a risoteria, que só abre à noite, comemora 14 anos de fundação.

TUTTO RISO RISOTERIA RUA DINARTE RIBEIRO, 116 MOINHOS DE VENTO I PORTO ALEGRE I RS RESERVAS 51 3222.1934 www.tuttoriso.com.br www.facebook.com/tuttoriso.risoteria


KZA URBANA PERSONALIZADA PATERNIDADE ALTERNATIVA A jornalista Ana Davini e o seu marido, Daniel Youssef, são experts no assunto “paternidade alternativa”. Com base na própria experiência, elaboraram o Te Amo até a Lua, um guia para quem ainda não conseguiu ter um filho naturalmente. O livro aborda temas como adoção, técnicas de reprodução humana e até barriga de aluguel. Em 10 de setembro de 2013, eles se tornaram pais de uma menina, então com 1 ano e 1 mês de vida, após quase uma década de tentativas, esperanças e frustrações. A trajetória do casal até a chegada da filha adotiva é o mote do livro. A publicação também faz uma investigação sobre a adoção internacional de crianças estrangeiras por pretendentes brasileiros. Tudo o que se sabia até então era sobre o contrário: a adoção de crianças brasileiras por pretendentes estrangeiros.

TE AMO ATÉ A LUA ANA DAVINI MAGU COMUNICAÇÃO INTEGRADA (EDITORA) 128 PGS R$ 34,90

Os sócios Bruno Garbin e Marcelo Rasera, que trabalham com comunicação visual, e Dieison Kiefer, do setor moveleiro, uniram forças para dar vida à KZA Urbana, que reúne serviços de arquitetura, design e decoração. O projeto conta também com o arquiteto Fernando Schwalm, no atendimento personalizado para clientes e arquitetos. Personalização é uma das características mais marcantes da KZA, que destaca em seu portfólio móveis sob medida e projetos especiais, além de móveis soltos, persianas e objetos de decoração. Com espaço privilegiado, a loja reproduz os cômodos de uma casa. Salas, quartos, cozinha e banheiros, por exemplo, são os ambientes decorados para exibição das principais novidades e produtos. A proposta é aconchegante e possibilita que se visualizem os espaços com riqueza de detalhes. Uma sala de reuniões também está à disposição de clientes e arquitetos que desejam receber na loja para apresentar os seus projetos.

KZA URBANA RUA GENERAL PEDRO BITENCOURT, 273 PORTO ALEGRE I RS 51 3574.6500 kzaurbana.com facebook.com/KZA-Urbana


Cesta básica

BELEZA 24H, TODOS OS DIAS Movidas pelo desejo de empreender e criar algo novo, a publicitária Fernanda Rosa e a relações-públicas Luisa Potrich viram através de suas experiências pessoais uma oportunidade de negócio. Em uma data especial, Luisa precisou buscar uma alternativa rápida quando o profissional que a atenderia em casa cancelou o horário na véspera do evento. Em busca de uma solução, percebeu a falta de um serviço que oferecesse um atendimento em tempo hábil. A necessidade, aliada à inquietação e à criatividade da dupla, foi a fórmula que originou o The Beauty 247, uma plataforma digital que oferece serviços de beleza a domicílio, 24 horas por dia, nos sete dias da semana.A iniciativa já conta com 500 profissionais de diversos Estados do Brasil, sendo 174 ativos e disponíveis para o atendimento. Ao acessar o site, o cliente realiza um cadastro e é direcionado a uma página para buscar por serviços de acordo com a sua localidade e preferência. Cabelo, maquiagem e manicure estão entre as modalidades oferecidas no momento. Para o profissional, o caminho também é simples. É necessário realizar o cadastro no site e criar o seu perfil com informações importantes como habilidades, cachê para atendimento e também fotos dos trabalhos realizados.Mais que um site de intermediação, a empresa trabalha no fomento ao mercado da beleza, incentivando quem deseja aprimorar suas habilidades com cursos, palestras e eventos sociais. Muitos profissionais e serviços são testados pela própria equipe do The Beauty, que compartilha informações e novidades através das redes. A proposta visa a valorizar a experiência de consumo dos clientes e também agregar valor ao profissional, sem necessariamente aumentar os custos do contratante.

facebook.com/thebeauty247

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Estilo Zaffari

INSPIRADOS NO PORTINHO A Cuadrado e a Santo Expedito Design se unem num trabalho singelo que faz uma homenagem a Porto Alegre e ao cotidiano de seus habitantes. Olhar a cidade e permitir que suas cores, formas e paisagens emocionem e despertem novas possibilidades é uma das propostas do projeto. A Santo Expedito aposta em cenários clássicos do Portinho combinados com frases inspiradoras. A coleção, que casa imagens e ideias, conta com mais de 30 cuadrados, todos no formato 20x20x4cm.

www.cuadrado.com.br/poa_ceuaberto


EXCLUSIVIDADE PORTO BRASIL VIAGENS É surpreendendo seus clientes que a gaúcha Porto Brasil Viagens festeja o reconhecimento internacional conferido ao seleto grupo de agências convidadas a fazer parte da rede Traveller Made. A certificação é destinada a quem realiza um trabalho diferenciado e exclusivo na área do turismo. Para fazer parte da rede, as agências são criteriosamente selecionadas por elaborar e produzir roteiros únicos e sob medida e, acima de tudo, por oferecer qualidade diferenciada nos serviços. Além da Porto Brasil, ganham os clientes da agência que passam a contar com descontos e benefícios exclusivos por contratar um membro Traveller Made. A viagem cultural denominada “Mitologia Fantástica” exemplifica bem essa condição que rendeu o reconhecimento à empresa gaúcha. O roteiro, com saída prevista para outubro, levará grupos de crianças de 10 a 13 anos, na companhia dos pais, a conhecerem a mitologia grega e o mágico mundo de Harry Potter, in loco. O grupo será guiado pelo conhecimento do professor Cláudio Moreno, especialista em mitologia. A viagem inclui Londres e ilhas gregas e busca despertar nos pequenos o entusiasmo pelos mitos e pelas raízes da cultura ocidental.

51 3025.2626 I 51 3025.2627 www.portobrasil.com.br

DESAPEGUE A jornalista e instrutora de alta performance do Método De Rose, Cherrine Cardoso (também colunista da Estilo Zaffari), lançou recentemente “A incrível arte de desapegar”, seu livro de estreia como escritora. Cherrine compartilha com os leitores soluções inteligentes e dicas úteis para ajudá-los a vencer os obstáculos que limitam o poder de escolha e que os mantêm apegados a tudo o que não lhes serve mais. O foco do apelo excessivo podem ser pessoas (amigos, família, amores) ou coisas (há pessoas que adoram guardar objetos e acumulam tralhas nos armários). Em ambos os casos, o apego pode ser sufocante e extermamente limitador. A autora mostra que, quando uma pessoa se liberta de velhos hábitos, tem muito mais chances de viver escolhas que a ajudem a dar um novo passo rumo ao seu crescimento pessoal.

EDITORA VIDA E CONSCIÊNCIA I 160 PÁGINAS I R$ 21,90 www.metododerosepelotas.com Estilo Zaffari

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Cesta básica

UM BISTRÔ BEM BISTRÔ Um lugar pequeno e aconchegante, que mescla gastronomia e cultura, com objetos artísticos tanto dentro como fora do restaurante, além de espaço para eventos personalizados ou cursos culinários. Eis a proposta do Studio dos Aromas Bistrô, que aposta e colabora com a atmosfera cosmopolita e cool do bairro Cidade Baixa. Segundo a chef Natalie Machado, à frente do negócio, o conceito do restaurante resgata a identidade local, trazendo pratos da culinária nacional e também do Rio Grande do Sul. Formada em Gastronomia e Alta Cozinha pelo Instituto Gastronômico da Argentina, Natalie esteve em 2013 por três meses em Lim, no Peru, especializando-se em Cocina Peruana Tradicional, Regional e Moderna (Instituto Le Cordon Bleu). O cardápio do bistrô é elaborado mensalmente e tem menu fixo para cada dia da semana, com couvert, entrada, prato principal e sobremesa. Água filtrada é cortesia da casa. Funciona de segunda a sexta-feira e serve apenas 20 almoços por horário (12h – 13h 15min – 14h 15min – 15h 15min).

STUDIO DOS AROMAS BISTRÔ RUA JOÃO ALFREDO, 549, CIDADE BAIXA PORTO ALEGRE I RS www.studiodosaromas.com.br

“SENTA AÍ QUE EU TENHO QUE TE CONTAR UMA COISA” Foi assim que eu, então amiga recente da Olivia, fiquei sabendo da existência do seu filho João, que nascera com uma síndrome rara. Há essas alturas eu já conhecia o Gregorio, a Barbara e a Theodora. E achava que a família era a mais completa do planeta. Conhecer o João, com as suas limitações e alegrias, e entender a Olivia como mãe dele, foi o que mais me fez admirá-la. A cantora, a mulher-política, feminista, amiga, generosa, original sempre foi admirável. Mas a mãe Olívia foi pra mim uma revolução na alma. Ao longo dos anos ficamos muito mais próximas, sorte minha, até chegar ao cúmulo da irmandade total. Tive o privilégio de acompanhar todo esse processo muito de perto. Nos 18 anos do João estávamos lá no coro. Nos 30 também. Quando a Olivia resolveu começar a escrever o livro, mais uma vez me emocionei com a sua capacidade de engrandecer a vida. Com os outros filhos crescidos, cada um brilhando nas suas escolhas pessoais, era hora de colocar o João para brilhar também. É a Olívia dizendo, dessa vez pra todo mundo, “Senta aí que eu tenho que te contar uma coisa”. É certo que esse relato vai conquistar muita gente mundo afora. Pois nunca foi tão urgente aprofundar o tema da inclusão e das diferenças no nosso atual momento político-social. E a Olivia ainda faz isso com um total domínio narrativo, com uma fala envolvente, bem-humorada, amorosa. Olivia traz todos nós para a intimidade dos seus medos, das suas descobertas, dos seus amores. E nos faz sentir que todos somos parte de uma imensa família, e que podemos e devemos acolher uns aos outros nas nossas mais diversas formas humanas de existir.

O QUE É QUE ELE TEM OLIVIA BYINGTON EDITORA OBJETIVA


MIMOS GOURMET

COZINHA DO PERU

Uma boutique gourmet que desenvolve produtos artesanais com ingredientes nobres e tem foco especial no público corporativo, em festas, eventos e datas comemorativas. Esta é a Pinnah, criada em 2015, pelas sócias Cristiane Becker Ehrlich e Alicia Dalbem. Tudo na Pinnah é produzido artesanalmente, com ingredientes e materiais de alta qualidade. As embalagens são delicadas e exclusivas, e alguns produtos podem ser personalizados. O brownie com chocolate belga e sem gluten é um dos best sellers da marca, que também assina deliciosas amêndoas carameladas, um exclusivo lemoncello, dentre outros produtos já consagrados. Em dezembro de 2015, primeiro Natal da Pinnah, as proprietárias criaram vários kits para presente, compostos com diferentes produtos, que fizeram o maior sucesso em Porto Alegre. Desde então, os kits e mimos para jantares, recepções e presentes especiais em datas festivas como Dia das Mães, Dias dos Pais, Dia dos Namorados e outras são parte fundamental da linha de produtos.

O que se come no Peru, país eleito mais de uma vez pelo World Travel Awards como o melhor destino culinário do mundo? Uma equipe de cozinheiros peruanos trabalha a todo vapor em Porto Alegre para dar essa resposta. O Chola Guapa Restobar foi aberto no Bom Fim pelo peruano Horacio Icochea Villacorta. Segundo o empreendedor, a intenção é oferecer ao público de Porto Alegre a experiência de degustar pratos típicos servidos no dia a dia da população de Lima. Ele destaca os assados preparados na brasa, como “pollo a parrilla” (frango servido com batata frita e salada) e o “anticucho” (espetinho de coração de boi acompanhado com batata e milho cozido), além de clássicos como o “ceviche”, o “lomo saltado”, o “arroz chaufa”, o “arroz con mariscos” entre outros. Também há opções de pratos para os vegetarianos. O restaurante abre para o almoço de terça a sábado, das 12h às 15h, e domingo entre 12h e 16h. Já o jantar é servido de terça a quinta, entre 19h e 21h, e de sexta a sábado, entre 19h e 22h. Uma curiosidade: a expressão Chola Guapa representa a beleza da mulher dos países andinos, por meio da mistura da raça espanhola e ameríndia.

RUA LUZITANA, 1308 PORTO ALEGRE I RS 51 9950.1822 www.pinnah.com.br www.facebook.com/pinnahboutique gourmet

CHOLA GUAPA RESTOBAR RUA GENERAL JOÃO TELLES, 294 BOM FIM I PORTO ALEGRE I RS 51 3072.0002 cholaguapa.com.br

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Cesta básica

PASSADO E FUTURO Projetado pelo arquiteto espanhol Fernando Corona, no início de século passado, um casarão no coração do bairro Moinhos de Vento é o ponto de partida do novo empreendimento da UMA Incorporadora. Trata-se do Paço Santo Inácio, palco de um criterioso projeto de preservação, restauração e de revitalização, O casarão foi erguido em 1935 e, ao longo de sua construção, já atraía olhares como ponto turístico. Na atualidade, guarda essa magia, um link com o passado, provocando a curiosidade e admiração de quem passa pela frente. Ciente desse valor, a UMA Incorporadora desenvolveu o projeto buscando harmonia entre o antigo e o novo. As características de uma mansão familiar serão mantidas. Junto à casa, revitalizada, será construído um prédio residencial com 27 exclusivos apartamentos de 77 a 255 metros quadrados. Os moradores do residencial poderão sentir o espaço como uma extensão de seus lares. O casarão do Paço Santo Inácio abrigará um charmoso café bistrô, salas de reuniões, salas de exposições e ainda um memorial do bairro Moinhos de Vento.

pacosantoinacio.com.br

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EXPERIÊNCIA COMPLETA Os elogios ao Soltana – Tragos y Cocina, recentemente aberto em Gramado, não ficam restritos ao sabor dos pratos que vêm da cozinha comandada pelo experiente Leonardo Albuquerque. Ambiente requintado e aconchegante, atendimento atencioso e gentil e música agradável também são “ingredientes” elogiadíssimos por quem escolheu o local para desfrutar de bons momentos na Serra. Depois de duas temporadas de verão em Atlântida, no litoral, o restaurante subiu as montanhas e abriu suas portas na chegada do outono. A proposta gastronômica do Soltana é ampla e versátil: almoço rápido e elegante, com sugestões de sanduíches, saladas e pratos cuidadosamente elaborados; clericot e sangrias para o happy hour e, ao cair da noite, tragos e copas acompanhados das delícias do menu de jantar. O chef Leonardo Albuquerque, 25 anos de experiência na área, faz uma leitura da gastronomia mediterrânea com uma pitada de influência da contemporânea cozinha espanhola. O Soltana, que compreende café, wine bar e restaurante, está integrado à Villa Bertti, um grande complexo que reúne decoração, arte, design, moda e gastronomia.

SOLTANA – TRAGOS Y COCINA AV. BORGES DE MEDEIROS, 4840 I GRAMADO I RS 54 9142.8505 I 51 9222.2776 www.villasergioberti.com.br

TRÊS ADOCICADAS DÉCADAS Em qualquer comemoração, os doces estão sempre presentes e, no Sul, como legados da herança portuguesa, as delícias ganham prestígio quando vêm de Pelotas. Agora imagina quando a comemoração é da própria fonte dessas irresistível tradição? Fundada em 1986, a Doces Pelotenses desde então encurta distâncias para comercializar junto aos porto-alegrenses o que existe de mais especial naquela região. Conhecida como a Capital Nacional do Doce, Pelotas, localizada a 241 quilômetros de Porto Alegre, foi colonizada por portugueses, especialmente da região de Aveiro, ao sul do Rio Douro. É mantendo o pioneirismo de selecionar as delícias elaboradas pelas melhores quituteiras de Pelotas que a doceria completou 30 anos de atividades em 21 de maio – e fez dessa oportunidade um dia marcante, repleto de brindes e surpresas para os clientes, entre as quais, espumante e degustação de diversos produtos da loja, que conta com mais de 200 itens. Em suas viagens e estudos sobre o tema, à frente da doceria, o empresário Egon Kunrath constatou que as receitas tradicionais foram melhoradas na transição dos ingredientes. A castanha-do-pará, substituindo a portuguesa, o açúcar de cana e do coco, vindos do norte do país, acabaram dando origem a doces extremamente refinados e tipicamente brasileiros.

DOCES PELOTENSES QUINTINO BOCAIÚVA, 345, LOJA 2 PORTO ALEGRE I RS 51 3222.4929 www.docespelotenses.com.br

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Cesta básica

LUXO E CONFORTO

AFETO PRA PRESENTE

O mercado imobiliário de Porto Alegre tem se movimentado com lançamentos que atendem a nichos bem específicos de público. Um exemplo dessa tendência é o Imperatriz, empreendimento apresentado recentemente pela construtora Dib e Dib. Voltado ao segmento residencial de luxo, o Imperatriz será construído em um dos bairros mais nobres da capital e terá um apartamento por andar, com áreas privativas de 330 m² ou 362 m². O lançamento segue a linha do sucesso anterior da empresa, o Imperador, que fica bem perto do novo empreendimento. A ideia é oferecer ao público confortos e recursos raramente disponíveis nos prédios da capital. Todas as unidades terão isolamentos acústico e térmico, piso aquecido nos banheiros, esquadrias com vidros duplos nos dormitórios e quatro vagas para carros. E, de olho no futuro, haverá espera individualizada de energia para carros elétricos. O Imperatriz terá duas torres, ambas com vista panorâmica para o Guaíba, e vai ocupar um amplo terreno, com fachadas para as ruas Tito Lívio Zambecari e Artur Rocha. A Dib e Dib valorizou também a área de lazer do empreendimento: circuito para caminhadas, piscinas externas, piscina térmica com raia semiolímpica, saunas úmida e seca, fitness center, espaço zen, quadra esportiva, bicicletário com compressor de ar, brinquedoteca, salão de festas, playground, espaço gourmet, salão de jogos.

Muito mais do que uma loja, a Pra Presente é um oásis de lindezas, delicadezas e ideias. Lá você encontra trabalhos de arte, artesanato e design, além de peças manufaturadas especialíssimas, escolhidas a dedo pela proprietária, Elisa Hegedus. A loja só tem um ano e poucos meses, mas já conquistou um grupo especial de clientes que sempre vão até lá em busca de novidades, de um mimo especial para si ou para presentear alguém muito querido. Localizada junto ao restaurante Iaiá Bistrô, na Vila Assunção, em Porto Alegre, a Pra Presente está aberta de quartas a sexta, das 15h às 21h, sábados das 12h às 21h e domingos das 12h às 17h. O local combina com a proposta da loja: ruas com jeitinho de interior, o Guaíba ali ao lado, paz e tranquilidade.

www.dibdib.com.br

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Cesta básica

ESPECIAL

GRAMADO

E

CANELA

I

POR

MILENE

LEAL

BISTRÔ DA LU

MAGNÓLIA

O charmoso Bistrô da Lú, em Canela, oferece um cardápio novo a cada final de semana. A chef Lú Diehl trabalha com produtos sazonais, sempre frescos e de qualidade. A cozinha envidraçada permite que os clientes acompanhem do salão o interessante ritual de preparo dos pratos. O Menu Confiança do bistrô já está consagrado como uma das melhores opções gastronômicas da Serra gaúcha. Inclui uma entrada, um prato principal (que você escolhe dentre quatro opções) e a sobremesa. O ambiente é acolhedor, acomoda um número pequeno de pessoas e a chef costuma passear entre as mesas, interagindo com seus clientes, muitos deles assíduos frequentadores.

O casarão da década de 50 onde está instalado o Magnólia Cine Gastrô Bar já é uma grande atração. E a atmosfera retrô da decoração resulta em ambientes muito agradáveis. A comida, contemporânea e criativa, atrai diferentes paladares: há carnes, massas, frutos do mar, risotos e até hambúrgueres. As bruschetas da entrada, com queijo e figos frescos, são ótimas. O best seller do cardápio é o Magnólia, uma combinação de filé e risoto de maçã verde, gorgonzola e crocante de castanhas. Para sobremesa, recomendo o suflê de goiaba com calda de requeijão, divino. O Magnólia tem ainda um charmoso bar, um espaço de eventos, cinema (que só passa clássicos) e espaço Kids.

www.bistrodalu.com.br

www.magnoliacanela.com.br


HOTEL CERCANO

EMPÓRIO CANELA

BOREAL PUB

Que grata surpresa conhecer o Cercano, nova e ótima opção de hospedagem em Gramado. O hotel é pequeno e aconchegante, bem decorado e o atendimento é muito bom: pessoas bem treinadas, gentis e prestativas. Mas a localização é o ponto alto: ele fica atrás da Rua Coberta, bem no coração da cidade, pertíssimo das principais atrações e da Avenida Borges, onde se concentram restaurantes, lojas, cafés. Bom para sair a pé e curtir Gramado sem pressa, sem trânsito. Café da manhã excelente, a começar pelo lindo ambiente onde é servido. A variedade de opções é de enlouquecer, vai da torta de maçã ao suco verde! Nos quartos e suítes, tudo é bonito, novo e funciona bem.

Adoro esse lugar. Já fui muitas vezes e nunca saí de lá insatisfeita ou infeliz. Sou fã do todo do Empório Canela: ambiente, decoração, proposta, opções do cardápio, comidinhas, carta de cervejas especiais, atendimento. Já fui no Empório a dois, em grupos de amigos, em família, com crianças pequenas. Já fui pra lanchar, para almoçar e para jantar. E sempre foi um programa ótimo. Como é muito bom mesmo, o Empório Canela costuma estar cheio e com fila de espera, mas a lojinha/livraria que fica logo na entrada ajuda a passar o tempo de espera. Recomendo as sobremesas, que são deliciosas e muito bem servidas, as cervejas, os sanduíches, os risotos... tem muita coisa boa por lá!

Um pub bem decorado, com atmosfera agradável, música ao vivo e vários ambientes, o Boreal é uma excelente novidade em Gramado. A casa trabalha com as cervejas da marca Rasen – produzidas ali mesmo, em Gramado – e oferece cinco tipos de chop: Pilsen, Ambar Ale, Weizen, Dunkel e Brasa. O Boreal também se dedica com esmero aos drinks, e oferece diversas opções, entre clássicos e novidades. Uma ampla carta de tira-gostos, aperitivos e pratos mais elaborados garante a diversão noite afora. Provei uns camarões empanados com molho acridoce de pimenta, deliciosos, e o trio de escondidinhos (de siri, carne de panela e camarão), ótimo também.

www.hotelcercano.com.br

www.emporiocanela.com.br

www.facebook.com/borealrasengastropub

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Humanas criaturas T E T Ê

PAC H E C O

NÃO É SÓ COMIDA “Filho, você sabe por que chamam o planeta Terra de mãe?”, perguntei. E ele disse sem titubear: “Deve ser porque ela alimenta seus filhotes – nós, né?”. Pausa dramática. Faz um ano que eu resolvi mudar gradualmente a minha alimentação. Um pouco por consciência ecológica e outro tanto pela idade que exige escolhas menos estúpidas. Foi num retiro de meditação que tive esse insight. Refletindo sobre a qualidade das coisas que entram em nós. Por todas as vias. É impossível pensar sobre o que comemos sem observar também o que pensamos, ouvimos, olhamos, cheiramos. Mudar o padrão físico e, por consequência, o energético é um trabalho que envolve os 5 sentidos. Talvez por isso seja tão difícil pra gente emagrecer. Não dá pra emagrecer sem pensar em eliminar, além de calorias, as coisas que nos fazem mal. Aquilo que não queremos mais na vida, não apenas no corpo. O corpo é só o depositário das nossas escolhas. Só? Coitado. Comer é ótimo. Necessário. Mas comer sem saber o que se está comendo? Comer na frente da TV? Do computador? No escritório? De pé na fila? Isso não é comer, é se empanturrar. Isso é preencher alguma espécie de vazio que certamente não será a comida que irá satisfazer. O mesmo serve para todas as outras formas de preenchimento. O cigarro, o álcool em excesso, as drogas, a internet e tantas outras

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formas de embuchamento da alma. Literalmente, formas tapa-buracos de existir. A chave que dá acesso ao início desse processo é quando você começa a se fazer perguntas. Simples assim. Por que estou fazendo isso comigo? Por que uso tantos “não consigo”? Por que repito o que me faz mal? Por que não mudo se assim desejo? Por quê, por quê, por quê? Essas respostas estão guardadas em caixinhas douradas espalhadas pelo jardim da vida. Cada novo passo abre uma, que leva às outras. Esse é o segredo. Todos os conhecimentos e aprendizados estão interconectados. Só no tal “um belo dia” é que vão fazer um sentido maior. É longo o caminho desse sentido. Mas quando ele acontece, a mudança é inerente a nós. Não estamos mais no controle, então. O que passa a reger tudo é a consciência. Mudar hábitos, opiniões e sentimentos é barra pesada. Não só porque implica a nós mesmos como também aos outros. E tem mais, quando você muda, tem que ficar mudado. Tem que incorporar as mudanças. Qualquer coisa parecida com nascer de novo. Eu estou em alguma parte desse caminho. ... continua na próxima edição. Não falei que o caminho era longo? TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA


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Sabor

D EG U STA N D O O S B I O M A S BR A SILEIR O S

P O R

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V E R A

M O R E I R A

F OTO S

L E T Í C I A

R E M I Ã O



Sabor Morena Leite teve um insight profundo quando se viu frente à piscina sobre a lagoa de Jacarepaguá, emoldurada pelas montanhas do Maciço da Pedra Branca, com o mar logo ali adiante: sua alma tão brasileira extravasaria os biomas de sua afetividade naquele lugar. Começava a se desenhar o futuro Í Bistrô em sua mente. A chef de reconhecido talento por sua cozinha verde-amarela foi explorando outros espaços do Grand Mercure Riocentro. O céu também estava ali em tantos tons de azul e branco da decoração e vidraças em profusão, como as que convidam o sol a inundar permanentemente o lobby do hotel, onde repousam móveis de singularidade rústica/contemporânea do designer Paulo Neves. Ela ia assimilando, entendendo todo o recado que a arquitetura do francês Jean Michel Wilmotte e o entorno de natureza e luz da Barra da Tijuca lhe mandavam em ondas. “Nossa identidade é mantida e transmitida através dos hábitos alimentares. Aqui no Brasil temos essa miscigenação toda, que se revela histórica e geograficamente. Sou fascinada pela cultura da comida e quero contar várias histórias, contar surpresas que revelem novos elementos à percepção das pessoas no bistrô.

MORENA LEITE... era uma adolescente quando foi para a França estudar e, em Paris, conheceu a mítica escola de gastronomia Le Cordon Bleu. Formou-se lá em Pâtisserie – adora trabalhar sorvetes, doces e chocolates – e Chef de Cozinha. Observando como os franceses valorizam seus ingredientes, começou a internalizar o que viria a praticar no Brasil, uma cozinha de valor nacional e exaltação de nossas riquezas – essa tamanha diversidade e qualidade de frutas, peixes, queijos, etc. – enaltecidas além-mar e, às vezes, ainda desdenhadas pelos brasileiros. Depois do Le Cordon Bleu, Morena aproveitou para viajar por diversos países europeus, atendendo a seu gênio inquieto e perceptivo – ela está sempre atenta às pessoas, seus modos de vida, culturas e paladares. Hoje Morena comanda o Grupo Capim Santo, com seis restaurantes e uma equipe de mais de 250 pessoas e 70 cozinheiros. A moça é uma maquininha de produzir sucessos e sabores, que também registra em letras, já tendo vários livros publicados. Em 2005, lançou em francês Brésil Sons et Saveurs, que ganhou o prêmio de melhor livro de cozinha do mundo no quesito inovação, na Suécia. Livro para ler e ouvir, Brasil Sons e Sabores ganhará sua segunda edição até o final deste ano, com novas histórias, receitas e músicas para encantar mais uma legião de admiradores.

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E que elas também sintam a segurança do que executamos no cardápio para acompanhar o processo criativo.” (Morena) Operária aplicada e comandante que coloca em prática com rara eficiência seus projetos gastronômicos, Morena estabeleceu as linhas mestras do novo empreendimento e para a execução logo chamou o chef Vico Crocco. Foi cozinhando em um jantar do evento Mesa ao Vivo, em 2015, que Morena bateu os olhos em Vico e, por uma dessas conjunções que o universo tão generosamente proporciona, enxergou nele o parceiro que daria forma ao seu sabor. Duas infâncias se encontravam: a dela em volta das panelas e aromas da cozinha da mãe na Pousada Capim Santo, em Trancoso, Bahia, a dele do olhar sensível às criações da mãe artista, Heloísa Crocco, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Os jovens adultos, formados em escolas conceituadas de gastronomia da França e da Alemanha, criativos, arrojados e viajados, se uniriam para trocar vivências e técnicas. “O sabor dos pratos da Morena é de grande delicadeza e com um toque baiano muito singular. Eu tenho uma finalização de pratos bem detalhista, buscando uma elegância contemporâ-

VICO CROCCO... escolheu a Alemanha para sua formação e estudou na JRE Akademie, uma das melhores, na região do Rio Mosel – lá se produz o mais perfeito vinho Riesling do mundo –, e acumulou uma experiência digna de poucos. Em Naurath Wald, no restaurante-hotel de Harald Rüssel, o idealizador da JRE e grande chef alemão das comidas regionais, aprendeu como se dá sabor a um prato, a conhecer os ingredientes e suas propriedades naturais. Em Gent, na Bélgica, trabalhou com Peter Goossens, entre os melhores do mundo – sua cozinha trepidante exigia perfeição impensável, com uma equipe de 18 cozinheiros para o salão de 11 mesas no Hof van Cleve. E também com o chef Ulf, de Munique – estágio na vinoteca e restaurante Walter & Benjamin –, o amigo que guarda com carinho de seus 12 anos na Europa. De volta ao Brasil, Vico inaugurou um espaço diferente de tudo o que se vê por aqui. Um contêiner vermelho com basculantes brancas e um pergolado envidraçado de singular beleza, com mesas coletivas sob uma frondosa paineira na Vila Conceição, na bucólica Zona Sul de Porto Alegre. Ali Vico faz experiências em silêncio, cria receitas, elabora consultorias e eventos que bombam. Com essa estrutura que toca bem independente, sem as amarras de um restaurante convencional, Vico segue livre para voar, espalhando por onde passa o seu talento. Ele vai e volta e em setembro estará de novo no seu contêiner.

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Sabor

“UMA PESSOA FELIZ É CAPAZ DE TRANSFORMAR UM SIMPLES OVO CAIPIRA EM UMA IGUARIA. TRABALHAMOS COM UMA IMENSA ALEGRIA E REZAMOS DIARIAMENTE ANTES DE COMEÇAR A COZINHAR PARA TODOS.” MORENA LEITE

nea, que trouxe da escola alemã rica no design. Também nos incentivamos a dividir conhecimentos e eu contribuo com um pouco do meu sabor, que desenvolvo com técnicas como as de cocção em baixa temperatura.” (Vico) Começaram a trabalhar juntos logo depois de se conhecerem, e em 28 de janeiro deste ano inauguraram o Í Bistrô, onde proporcionam muito mais do que um jantar delicioso em um hotel cinco estrelas do Rio de Janeiro. Eles oferecem uma experiência para cristalizar milhões de anos de nossa trajetória nesse planeta bonito e abençoado pela natureza, numa cidade que é a própria expressão dessa magnitude. E que em agosto de 2016 ainda ganha uma pitada extra de significado com os Jogos Olímpicos se realizando bem ao lado do Grand Mercure.

VAMOS EXPLORAR OS DETALHES: Í em tupi-guarani quer dizer água, que tudo movimenta e nutre, que é a composição máxima do planeta e do nosso corpo – cerca de ¾ da superfície da Terra é água; quando nascemos, somos 90% água e, na vida adulta, 70% água, que hidrata, lubrifica, aquece, transporta nutrientes, elimina toxinas, repõe energia, etc. Cada prato é acompanhado de uma farofa tão nossa, tão raiz de nossa cultura, substância e essência do índio.

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Para servir, cerâmicas feitas à mão que nos remetem aos primeiros recipientes elaborados pela mulher no Neolítico, quando começamos a obter a segurança da alimentação mesmo em tempos de escassez. Dos potes, vasos e tigelas em barro, onde pela primeira vez o homem comeu e guardou sua comida, ao belíssimo trabalho do Studioneves e de outros artistas que assinam a louça do Í Bistrô, uma para cada bioma, cada prato desenhado, modelado e pintado em cores temáticas. Uma equipe composta de homens e mulheres na cozinha é regra para Morena Leite: ela acredita, investe e promove este equilíbrio fundamental que é o alicerce de toda a relação humana, a garantia da espécie e de uma vida honesta e feliz na compreensão das potencialidades e limites de cada um, das vocações, dos direitos e deveres. Os Jogos Olímpicos e suas modalidades de força, velocidade, agilidade, luta, competição, união, colaboração, emoção e exaltação: a mente humana que elaborou todo o movimento do corpo para a sobrevivência e com o tempo também passou a expressar essa necessidade em pura plasticidade e beleza. O Í Bistrô de Morena Leite e Vico Crocco nos faz lembrar o quão perfeitos somos nós, quando balizados pela natureza, batizados pelo sagrado da existência. É uma experiência sensorial para ainda acreditarmos no humano.


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Sabor

O Í BISTRÔ DE MORENA LEITE E VICO CROCCO NOS FAZ LEMBRAR O QUÃO PERFEITOS SOMOS NÓS, QUANDO BALIZADOS

OS BIOMAS DO Í BISTRÔ Mar, montanha e floresta são os biomas vivenciados por Morena Leite. Ela agregou o Cerrado e o Sertão oficiais para expressar a diversidade deste país tropical e biodinâmico no Í Bistrô. A criatividade de Morena não tem limites, e cada receita é uma mescla de sabores para aguçar o mais requintado dos paladares. Ingredientes nativos como o surubim e a pitanga aparecem junto com farofas inusitadas, como a de camarão seco aviú – que já é bem miúdo e passa por uma trituração até o ponto de farinha – ou a farofa de pipoca, ou ainda a de castanha-de-baru. A chef cresceu junto ao mar baiano de Trancoso, essa “esquina do mundo”, como ela gosta de definir, por onde cruzam pessoas de todas as partes, abertas à nossa marcante culinária. A ligação de Morena com o mar obviamente é muito forte e seus pratos deste bioma são inspiradíssimos: churros de tapioca com vatapá de frutos do mar; ceviche de cherne e palmito pupunha no coco; grelha de frutos do mar com nhoque de batata-doce roxa e farofa de aviú; cherne na brasa com molho de limão, ratatouille brasileiro e farofa de capim santo; ceviche de cherne e grelha de frutos do mar (receitas nas próximas páginas). A sobremesa é um carpaccio de abacaxi com raspas de limão. Azul da cor do mar para as cerâmicas. As montanhas são a memória afetiva de Morena com os avós no interior de São Paulo, e talvez por isso as receitas desse bioma tenham um toque de confort food,

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O GRAND MERCURE RIOCENTRO

PELA NATUREZA. É UMA EXPERIÊNCIA SENSORIAL... com preparações delicadas e “cremosas”: bolinho de aipim recheado com queijo Serra da Canastra e pimenta de goiaba; pastel de palmito pupunha com gema mole de ovo; mignon de cordeiro com shiitake, rosti de batata baroa e farofa de maçã (receita adiante); ravióli de abóbora recheado com queijo Serra da Canastra ao molho de ervas; petit gâteau de goiaba com sorvete de queijo. A cerâmica da montanha tem tons de cru. A floresta arrebatou Morena quando visitou Belém do Pará em uma de suas expedições gastronômicas e em eventos de que participa a convite de empresas privadas, governos e instituições. Moqueca de Pirarucu com palmito pupunha e banana da terra servida com farofa de beiju; canudinho de pato com molho de pitanga, blinis de tapioca com vinagrete de abacaxi e surubim defumado; na sobremesa, timbale de banana (receita nas próximas páginas). Uma paleta de verdes tinge as cerâmicas. Sertão e Cerrado, nosso Brasil profundo das vidas secas e tanto sabor oculto, que Morena e Vico revelam na incrível leitoa com canjiquinha de milho, salada de couve e limão e farofa de amendoim com açúcar mascavo (receita adiante); na coxinha de batata-doce com galinha d’angola e molho de pequi; no bolinho de feijoada recheado com couve e costelinha com vinagrete de pimenta; e nas sobremesas, a singela bala de coco com baba de moça e o surpreendente crème brûlée de jaca com sorbet de jenipapo! Cerâmicas em alaranjados para o Cerrado e tons de marrom para o Sertão. Os talheres em bronze arrematam o cenário.

Jean Michel Wilmotte elaborou um hotel todo temático do mar e suas ondas. O Grand Mercure se tornou o único entre os empreendimentos da rede Accor que segue um padrão visual em todos os seus endereços ao redor do mundo. Wilmotte é um dos grandes, com portfólio de obras como o Palais de la Mutualité, em Paris, Allianz Riviera, em Nice (França), e o Nuova Gestione Sportiva, o novo prédio da Ferrari, em Maranello-Fiorano (Itália). Na decoração dos 300 quartos e seis suítes e dos espaços comuns ao público, cenários da cidade maravilhosa em fotos de alta qualidade artística e gráfica. Um painel de azulejos em azul e branco na recepção, de autoria do grupo Muda – o coletivo carioca que tem painéis coloridos espalhados pela cidade –, estiliza o movimento do mar dentro do hotel com singular beleza. Situado dentro do Riocentro, o maior Centro de Convenções e Exposições da América Latina. Em frente ao Parque dos Atletas, onde é realizado o Rock in Rio, também está muito próximo da Cidade Olímpica, HSBC Arena e dos principais shoppings da região. O hotel atrai especialmente o público de negócios, mas também é uma opção muito interessante para lazer, com a privilegiada vista para a lagoa e montanhas e várias alternativas de passeios pelos arredores, um turismo “mais Burle Marx” do que o tradicional roteiro dos cartões-postais cariocas ou dos bares de chopp do Leblon e Ipanema. E tem ainda as praias da Barra da Tijuca: o hóspede só precisa de minutos para ir surfar ou passear de barco na Praia da Reserva e no Recreio dos Bandeirantes.


Sabor


Ceviche de Cherne e Palmito Pupunha no Coco 400 G DE CHERNE EM CUBOS PEQUENOS 1/2 CEBOLA ROXA EM BRUNOISE E MARINADA NO LIMÃO 50 ML DE AZEITE EXTRAVIRGEM 100 ML DE LEITE DE COCO 3 COLHERADAS DE GENGIBRE FRESCO EM BRUNOISE 2 COLHERADAS DE PIMENTA DEDO-DE-MOÇA EM BRUNOISE SEM A SEMENTE (MUITO FORTE COM) 150 G DE PALMITO PUPUNHA EM CUBOS IGUAIS AO PEIXE 150 G DE COCO EM CUBOS IGUAL AO PEIXE E À PUPUNHA SUCO DE DOIS A TRÊS LIMÕES

RASPAS DE DOIS A TRÊS LIMÕES SAL SALSA PICADA COENTRO EM BROTO PÉTALAS DE FLORES PARA DECORAÇÃO

MODO DE FAZER: Tempere o peixe com sal e limão por cerca de 15 a 20 minutos antes de finalizar. Misture tudo e sirva. Decore com flores. Sirva dentro do próprio coco com polpa ou na casca mesmo.

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Sabor

Leitoa com Canjiquinha de Milho, Salada de Couve e Limão e Farofa de Amendoim com Açúcar Mascavo CANJICA 1 CEBOLA 2 DENTES DE ALHO 700 ML DE LEITE 200 G DE CANJICA 1 MILHO FRESCO VERDE 200 ML DE CALDO DE GALINHA OU VEGETAIS MODO DE FAZER A CANJICA: Em uma panela aqueça o azeite, doure o alho, refoque a cebola, tempere com sal e pimenta-do-reino. Acrescente a quirela, milho verde debulhado, o caldo, leite. Quando cozido, tipo risoto, adicione os queijos ralados. Mexa até engrossar.

FAROFA 100 G DE FARINHA DE MILHO 50 G DE AMENDOIM TORRADO SEM CASCA 30 G DE AÇÚCAR MASCAVO MEIO DENTE DE ALHO 1 COLHER (SOPA) CEDOLA PICADA MODO DE FAZER A FAROFA DE MILHO COM AMENDOIM E AÇÚCAR MASCAVO: Em uma panela aqueça o azeite, doure o alho, refoque a cebola e o milho, tempere com sal e pimenta-do-reino. Acrescente o açúcar mascavo e a farinha de milho, adicione o amendoim e a salsinha picada.

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CEBOLA CARAMELADA 1 CEBOLA CORTADA EM MEIA-LUA 20 ML DE AZEITE 50 ML DE ROTI 1 COLHER (SOPA) DE AÇÚCAR MASCAVO MODO DE FAZER A CEBOLA CARAMELADA: Refogue a cebola no azeite. Quando começar a pegar cor, adicione o açúcar mascavo e logo após o roti. Reduza um pouco e reserve.

LEITOA 800 G DE LEITOA CAPIM SANTO MEL ALHO PIMENTA GENGIBRE MODO DE FAZER A LEITOA: Marine a carne (barriga) com capim santo, mel, alho, sal, pimenta, gengibre e coloque no vácuo com o marinado. Cozinhe em termocirculador a 550C por 38-48h, retire e reserve o suco. Deixe a carne esfriar para porcionar. Misture o suco a um demi/roti, retempere, até chegar à consistência desejada. Peneire. Doure a leitoa antes de servir.



Sabor


Grelha de Frutos do Mar com Nhoque de Batata-Doce Roxa e Farofa de Aviú FAROFA DE AVIÚ 50 ML DE AZEITE 1 DENTE DE ALHO 3 COLHERES (SOPA) DE CEBOLA PICADA 100 G DE FARINHA MANDIOCA 100 G DE AVIÚ TRITURADO E SECO 2 COLHERES DE SALSINHA MODO DE FAZER A FAROFA DE AVIÚ: Aqueça em uma panela o azeite, doure o alho e refogue a cebola. Tempere com sal e pimenta-do-reino. Junte o aviú e a farinha de mandioca e a salsinha, acerte o sal e a pimenta.

NHOQUE DE BATATA DOCE ROXA 5 BATATAS 100 A 200 G DE POLVILHO – DEPENDE DA UMIDADE DA BATATA 2 COLHERES DE QUEIJO MODO DE FAZER O NHOQUE DE BATATA DOCE ROXA: Asse a batata doce com filme plástico e papel-alumínio a 1800C até ficar macia. Deixe esfriar, descasque e rale no ralador fino. Misture parmesão ralado, polvilho doce e sal. Molde um e faça um teste em água borbulhando, não fervente ao extremo. Caso não tenha liga, adicione um ovo. Misture o polvilho ainda em massa quente.

PESTO DE SALSINHA 2 MOLHOS DE SALSA SEM TALO 1 MOLHO DE MANJERICÃO DESFOLHADO 300-500ML DE AZEITE 100 ML DE ÁGUA SAL

ALHO PIMENTA-DO-REINO 30 G DE CASTANHA-DE-CAJU MODO DE FAZER O PESTO DE SALSINHA: Doure o alho com 40 ml de azeite e reserve. Coloque todos os ingredientes com o alho frito em um liquidificador e bata até que esteja homogêneo.

GRELHA DE FRUTOS DO MAR 3 LIMÕES (TAHITI, SICILIANO E CRAVO) UMA CAUDA DE LAGOSTA 200 G COM CASCA UM TENTÁCULO DE POLVO JÁ COZIDO E LIMPO UM CAMARÃO GGG SEM CASCA 3 CAMARÕES MÉDIOS 3 TENTÁCULOS DE LULA 4 TOMATES-CEREJA CORTADOS AO MEIO UMA PITATA DE PIMENTA DEDO-DE-MOÇA EM CUBINHOS UMA COLHER (CHÁ) DE GENGIBRE EM CUBINHOS 2 DENTES DE ALHO EM CUBINHOS 3 COLHERES DE (SOPA) DE CEBOLA PICADA EM BRUNOISE 1 COLHER (SOPA) DE SALSINHA PICADA 1 COLHER (SOPA) DE MANJERICÃO PICADO MODO DE FAZER A GRELHA DE FRUTOS DO MAR (ESPECIAL): Marine todos os frutos do mar com raspas e suco de limão, pimenta dedo-de-moça, gengibre picados, sal e pimenta-do-reino a gosto. Em uma panela aquecida, doure o alho, refogue a cebola. Finalize com um leve aquecida no tomate cereja já cortado ao meio e uma colherada de pesto, e adicione as ervas e limão (suco e raspa). Tempere com sal e pimenta-do-reino. Acrescente os tomates-cereja cortados ao meio. Antes de montar o prato grelhe todos os frutos do mar com azeite.

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Sabor Mignon de Cordeiro servido com Shiitake, Rosti de Batata Baroa e Farofa de Maçã ROSTI DE MANDIOQUINHA 6 BATATAS BAROA/MANDIOQUINHA 200 G DE PARMESÃO 1 CEBOLA 1 DENTE DE ALHO ERVAS PICADAS (TOMILHO, ALECRIM, SALSA) 3 COLHERES (SOPA) DE CATUPIRY MODO DE FAZER O ROSTI DE MANDIOQUINHA: Rale a mandioquinha e o parmesão no ralador grosso. Doure o alho e refogue a cebola no azeite, aguarde esfriar e acrescente na mandioquinha e parmesão ralados e catupiry. Acerte o sal e a pimenta-do-reino, junte as ervas finas picadas. Modele o rosti e leve para assar em forma untada até dourar levemente.

MIGNON 150 G DE MIGNON DE CORDEIRO 30 G DE SHIITAKE FRESCO MODO DE FAZER O MIGNON DE CORDEIRO COM SHIITAKE: Tempere o mignon de cordeiro com sal e pimenta-do-reino. Passe parte do azeite na carne e grelhe o filé até o ponto desejado. Corte o shiitake em tiras finas, salteie com o restante do azeite e o alho, tempere com sal. Coloque o shiitake salteado sobre o mignon de cordeiro.

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FAROFA DE MAÇÃ 100 G DE PÃO PRETO ALEMÃO 1 MAÇÃ VERDE 1 COLHER (SOPA) DE CEBOLA PICADA 1/2 DENTE DE ALHO PICADO 2 COLHERES (SOPA) DE SALSA PICADA MODO DE FAZER A FAROFA DE MAÇÃ: Passe no processador o pão preto. Rale a maçã no ralo grosso. Em uma panela, aqueça o azeite, doure o alho e refogue a cebola. Tempere com sal e pimenta-do-reino. Junte a maçã, refogue, acrescente a farinha de pão preto. Acerte o sal e a pimenta-do-reino, coloque a salsinha picada.

MOLHO DE JABUTICABA 1 KG DE JABUTICABA FRESCA 1 DENTE DE ALHO 1 CEBOLA PICADA 50 ML DE AZEITE VIRGEM 200 ML DE VINHO BRANCO 100 G DE AÇÚCAR MODO DE FAZER O MOLHO DE JABUTICABA: Em uma panela, aqueça o azeite, doure o alho e refogue a cebola os ramos de tomilho e alecrim. Tempere com sal e pimenta-do-reino. Acrescente o vinho branco, açúcar, a jabuticaba e deixe reduzir. Peneire e acerte a consistência e o sabor final.



Sabor


Timbale de Banana com Chocolate de Cupuaçu, Crumble de Castanha-do-Pará e Aveia com Sorbet de Açaí CRUMBLE 4 BANANAS 80G DE AÇÚCAR

GANACHE DE CUPUAÇU 400 G DE CHOCOLATE CUPUAÇU 300 G DE CREME DE LEITE

MODO DE FAZER O DOCE DE BANANA (CRUMBLE): Leve ao fogo baixo a banana amassada com o açúcar, até obter um doce pastoso que desgrude do fundo da panela.

MODO DE FAZER O GANACHE DE CHOCOLATE DE CUPUAÇU: Ferva o creme de leite e adicione o chocolate picado, retire do fogo e mexa até ficar homogêneo. Monte o Timbale em aros metálicos; caso precise grande quantidade, monte eles antes e só retire na hora de servir. Retire da geladeira 1 hora antes para deixar eles em temperatura ambiente.

PRALINÉ 150 G DE AÇÚCAR 80 G DE CASTANHA-DO-PARÁ 50 G DE AVEIA 30 G DE MANTEIGA MODO DE FAZER O PRALINÉ DE CASTANHA-DO-PARÁ: Em uma panela aquecida, coloque o açúcar, a castanha-do-pará até o açúcar derreter e dourar; acrescente a aveia e a manteiga e mexa. Coloque esta mistura em uma pedra untada com manteiga e deixe esfriar; quebre formando uma farofinha crocante.

MONTAGEM DO PRALINE + GANACHE + DOCE DE BANANA: Corte três rodelas de banana, pulverize com açúcar e caramelize com maçarico; posicione sobre o timbale depois de caramelizado.

SORVETE DE AÇAÍ 1 KG DE POLPA DE AÇAÍ PURA 5 BANANAS MADURAS 25 G DE XANTANA 10 G DE ESTABILIZADOR 10 G DE EMULSIFICANTE MODO DE FAZER O SORVETE DE AÇAÍ: misture tudo no liquidificador (thermomix) e coloque para congelar.

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Vida C E L S O

G U T F R E I N D

SABER PERDER

Sinto-me à vontade para escrevê-lo. Como pai e como analista. É que me sei suficientemente vinculado e quase consciente de minhas limitações. A relação com um filho ou um paciente (filho, tantas vezes, na transferência) tem entre seus principais objetivos, se não o maior, perder. Perder para aprender a poder perder. Tornamo-nos pais para deixar de sermos pais. Analistas para deixar de sermos analistas. Que vão por si, pacientes e filhos, que rumem novos amores. “Foi meu destino amar e despedir-me”, Pablo Neruda resumiu a vida. Quase sei o quanto isso é relativo, que o vínculo só some nos piores casos e, nos melhores, viaja para dentro. Mas, com cada paciente e filho, a perda está sempre à vista ao longo dos anos e, um dia, ela vem com a tristeza e a certeza do sucesso. Porque, em todos esses casos, poder perder é o ganho maior. Com o amigo é igual e diferente. A relação com ele/ela pode prometer a eternidade e chega a cumpri-la por um tempo. Com o tempo afasta, separa, perde, mas houve a sombra e o sopro dessa promessa que não faria bem a um filho (o sufocaria), que não faria bem a um paciente (idem). Filhos e pacientes sofrem com a insistência dessa ilusão e a não aceitação da perda ou da transitoriedade que tanto encantou Freud em relação ao mundo. Vale aqui a expressão de que filhos são feitos para o mundo. Pacientes, também. Somos indispensáveis

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para elas/eles, mas convém que sejamos por um tempo e que o tempo venha a seu tempo e nos dispense. Perder, no caso, é ganhar. Tornar-se prescindível, a nossa vitória maior. Com o amigo é igual e diferente. Com o amigo, ser para sempre – e nunca é – é mais palpável, parece alcançável e, por um tempo, chega a ser para sempre. Quase sei perder filho (para o mundo), quase sei perder paciente e houve casos em que fui ensinado a perder um amor. Aquilo doía, lembrava o fim do mundo e não tinha a menor sombra nem o mínimo sopro de uma vitória. Soava a um fracasso retumbante – e era – ou à morte silenciosa, essa sim para sempre. Mas também não era. O tempo chegava com a ideia lapidada de que o amor agora ecoava por dentro – era memória, aprendizagem – para retornar por fora sob a forma de outro amor. Ali, sim, pai e mãe mostravam-se eternos e suas músicas seguiam tocando através de outras músicas que ouvíamos escolados para a vida justificada a cada perda e novo amor, mesmo antes da memória. Mas nunca, por mais que tenha me esforçado, aprendi a perder um amigo.

CELSO GUTFREIND É PSIQUIATRA E ESCRITOR, ESPECIALISTA EM PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA


Eventos de diferentes formatos são a especialidade das chefs Carina Oliveira e Karine Somarriba. A dupla de personal chefs tem ampla experiência em casamentos, formaturas, aniversários, além de fóruns, retreats e confrarias, que exigem discrição e um serviço ágil. No segmento empresarial, atuam em coffe breaks, reuniões e congressos. Gastronomia criativa e serviços de alto padrão.

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Viagem

Da Praia dos Amores à Barra de Guaratiba QUE BARRA DA TIJUCA É ESSA? Destino preferido de nove entre dez brasileiros de norte a sul e sonho dourado de férias de uma multidão de estrangeiros, o Rio de Janeiro seduz e entrega toda a promessa de diversão, calor e exuberância possíveis de se imaginar. Difícil ser muito original ao falar sobre um destino como esse. Tudo já se disse, cantou, fotografou, filmou, poetizou e escreveu sobre as mil e uma maravilhas dessa Cidade Maravilhosa. Mas é claro que o Rio tem sempre novidades e sabe se reinventar como poucos lugares do mundo. Basta estar de olhos abertos e disposto a se entregar aos prazeres do caminho. T E X TO

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E

F OTO S

P O R

L E T Í C I A

R E M I Ã O


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Viagem scolhi olhar para um lado do Rio que está em plena transformação. Palco de um dos maiores espetáculos do planeta em agosto de 2016. A Barra da Tijuca. Sede do Parque Olímpico, às margens da Lagoa de Jacarepaguá. Vou pedir licença pra chamar de Barra a extensão de terra entre a pedra da Gávea, começando na Praia dos Amores, até a Barra de Guaratiba. Nesse “lado de lá da Zona Sul” existe um Rio de Janeiro com ares de passado e movimentos de futuro para fazer feliz todo viajante com desejos de uma aventura tropical. E me permito dizer que esse outro Rio tem algumas vantagens sobre a Zona Sul, sobretudo nesses dias acelerados dos grandes centros urbanos: a tranquilidade, o espaço livre e a pequena urbanização das suas praias e pontos turísticos. Em função das Olimpíadas de 2016, grandes obras viárias estão em andamento, vários super-hotéis e restaurantes estão se instalando por lá e há um movimento de revitalização da orla. Mas muito antes disso a Barra já tinha muito para oferecer.

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DÁ PRA FAZER MUITA COISA NESSE PEDAÇO DO RIO ONDE HÁ UM RESPIRO MAIOR ENTRE A BEIRA DO MAR E A SUBIDA DO MORRO. AGRADA A TODOS OS GOSTOS, TODAS AS IDADES, TODOS OS BOLSOS

Meu olhar foi o de viajante light. Disposta a fazer de tudo um pouco. Munida de um iPhone e de uma mini-câmera GoPro, fui levada a um passeio cheio de surpresas. Nenhuma referência anterior ou superplanejamentos, só dicas de amigos, de amantes do Rio e mais a vontade de entender esse novo movimento e de curtir o velho charme da Barra. Descobri que dá pra fazer muita coisa nesse pedaço do Rio onde existe um respiro maior entre a beira do mar e a subida do morro. Desde ver um pôr do sol numa praia deserta a se aventurar em esportes radicais com toda a infraestrutura possível. De comer um caranguejo espetacular recém-pescado no ambiente mais singelo do mundo a se deliciar com uma superincrível-refeição-gourmet no rooftop de um hotel internacional recém-instalado na área. De se embriagar de natureza e arte com meia dúzia de pessoas numa visita cheia de história a ser tentado a consumir os modelitos das últimas coleções de moda de Paris junto a uma horda de turistas em um dos inúmeros shopping centers que povoam suas giga-avenidas. A Barra pode agradar a todos os gostos, todas as idades, todos os bolsos e todos os objetivos de prazer.

VOILÀ: O MEU ROTEIRO! A primeira aventurinha foi zarpar numa superprancha de SUP (Stand-Up Paddle) para 12 pessoas, pratica-

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Viagem O PASSEIO DE BIG SUP É ULTRADEMOCRÁTICO: UNS REMAM, OUTROS SÓ APRECIAM A VISTA, TODOS SE DIVERTEM. E A SENSAÇÃO DE ESTAR NO MEIO DO MAR É DE ENCHER OS OLHOS DE ALEGRIA mente um barco, rumo às Ilhas Tijucas. Por incrível que pareça, é um programa ultrademocrático. Do atleta ao preguiçoso, todos podem compartilhar da mesma prancha. Uns remam, outros só apreciam a vista. Cada um escolhe o seu papel. E todos se divertem sob o comando dos gentis e experientes cicerones do Espaço Pura Vida, que dão as dicas de segurança e performance. Uma lancha vai ao lado da prancha de big-sup carregando os pertences de todos e servindo de apoio para os que cansarem no meio do caminho. Depois das instruções aos marinheiros de primeira viagem, a saída é pelo canal que desenboca na pequenina Praia dos Amores, quase ao lado da famosa Praia da Joatinga. São dezenas de pranchas de sup individuais, caiaques e big sups, navegando mansamente pelo mar, rumo às Ilhas. Elas, pedras gigantes convidando a todos pra um momento de descanso e contemplação. A vista para o continente é diferente dos cartões-postais do Rio de Janeiro que costumamos ver. E a sensação de estar no meio do mar, circundado de pranchas de sup de todas as cores, é de encher os olhos de alegria. Um passeio de duas horas pra guardar pra sempre na lembrança. E pra abrir o apetite. Na volta dá vontade de já agendar o passeio de lancha que sai à tarde, para ver o pôr do sol e explorar mais aquele mar lindo.

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Para o passeio de sup é preciso reservar com antecedência e chegar cedinho. As saídas são duas. No início da manhã e à tarde, respeitando o movimento das marés, e no ponto de encontro tem sempre um delicioso buffet vegano à disposição de todos, além de chuveiro e banheiros. A pedida é um almoço ali pelas redondezas. Tem cardápio de todos os tipos e mais possibilidades de aventuras. A poucos metros fica a Ilha da Gigóia, com seu transporte aquático que leva o passageiro pelos canais habitados por pequenos restaurantes que oferecem a cozinha clássica carioca, cervejas locais e vista pras águas. Ou você pode preferir sentar na beira da praia do Pepê, ali pertinho, e pedir seu suco natural e um sanduíche, ou ainda experimentar algum dos restaurantes ao redor da movimentada Av. Olegário Maciel. Tem comida e ambiente pra todos os estilos e todos os paladares. O importante é recuperar as energias, pois são muitas opções de programa à sua espera.

A BARRA CLÁSSICA E MAIS ALÉM A orla da Barra clássica também está cheia de novidades e ainda guarda um charme de Rio antigo. Muitos hotéis, com cara e jeito de condomínios, instalaram suas versões mais turbinadas por lá. São superestruturas charmosas, com


SOBRE A SUPERPRANCHA DE SUP, A VISTA PARA O CONTINENTE É DIFERENTE DOS CARTÕES-POSTAIS DO RIO QUE COSTUMAMOS VER. UM PASSEIO DE DUAS HORAS PARA GUARDAR PRA SEMPRE NA LEMBRANÇA

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DA PRAIA DO PEPÊ, PASSANDO PELA PRAIA DA RESERVA, RECREIO E PONTAL ATÉ A PRAIA DA MACUMBA, SEGURAMENTE VOCÊ VAI ENCONTRAR A SUA TURMA E O SEU PEDAÇO PREFERIDO DE AREIA mil possibilidades de entretenimento, restaurantes, spas e salas pra receber todos os tipos de eventos, dos miniencontros às festas de gala. Tudo parece possível nesses cenários montados com grande esmero, de frente para o mar. E o mar segue lá. Lindo, com aquela faixa de areia supergenerosa, guarda-sóis e cadeirinhas à disposição para locação e pequenos quiosques onde se encontra praticamente de tudo pra vender. Se você desembarcar nessas praias sem mala, com a roupa que saiu da última reunião do dia, não tem problema algum. Compre seu biquíni, filtro solar, canga, óculos de sol e chinelos sem tirar os pés da areia. Depois sente na sua cadeirinha de aluguel, embaixo de um guarda-sol, e relaxe. Por incrível que pareça, tem espaço pra todos! E para todos os gostos. Do pedaço de praia perto da clássica barraca do Pepê, ponto de encontro de quem curte um surf, passando pela Praia da Reserva, recanto mais sossegado e preservado na beira da Lagoa de Marapendi, continuando pelo Recreio e Pontal até chegar na Praia da Macumba, seguramente você vai encontrar a sua turma. E seu pedaço preferido de areia. Esse reconhecimento de área pode ser de carro, trafegando pela Av. Lucio Costa, que margeia essa orla toda, ou de bicicleta, pela ciclovia que acompanha a avenida. Claro que também dá pra locar a bicicleta em diversos pontos da Barra. Se quiser se aventurar a fazer o trajeto caminhando, prepare-se pra mais de uma hora de caminhada e refresque-se em algum dos quiosques ou restaurantezinhos do caminho. Tem de tudo, da água de coco e suco batido na hora à cerveja gelada e caipirinhas mil.

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MATA ATLÂNTICA E MAIS PRAIAS Se você ainda não achou a sua praia, não se preocupe, porque tem mais. Depois da Praia da Macumba vem o Parque Natural Municipal da Prainha. Um morro interrompe a faixa de areia e uma estradinha íngreme nos leva pra um mirante de onde podemos ver a Barra toda, à esquerda, e a Prainha, à direita. Dá pra estacionar na estrada, nos pontos permitidos, descer até essa minúscula enseada e se sentir no Rio do descobrimento. Dependendo da hora, é claro. Vá cedo pra conseguir estacionar e porque o sol bom por lá é o da manhã. À tarde pode ser lindo, mas a pedra faz sombra sobre a areia e daí o programa é outro. Seguindo pela mesma estrada que leva à Prainha, passamos por Grumari, ótima parada pra pegar um sol e almoçar em uma praia movimentada com infra charmosinha, ou pra curtir um pôr do sol com a praia praticamente deserta. Até num domingo de verão, pasmem. Depois de andar mais um pouco pela estrada em meio ao verde exuberante da Mata Atlântica, vem a Barra de Guaratiba. Com ares de cidadezinha do interior, cheia de pequenos comércios, ruelas estreitas, restaurantes de frutos do mar, clubes de sup, marininhas com lanchas, barzinhos com cerveja gelada e um vai e vem de pessoas de todos os estilos, essa Barra avança mar adentro com suas pequenas prainhas animadíssimas. DE CAIAQUE PELO MANGUE Num desses clubes de Sup foi a vez de experimentar um momento Pocahontas e navegar de caiaque pelo meio do mangue, que fica entre a Barra de Guaratiba e a Restinga da Marambaia.


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O SÍTIO BURLE MARX É A PROVA DE QUE UMA VIDA

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PODE MUDAR O MUNDO. OU CRIAR UM UNIVERSO O passeio pode durar uma hora e meia, ou mais, dependendo do apetite dos navegantes. De novo a paisagem é a de muitas pranchas de sup e caiaques se movimentando preguiçosamente em meio aos canais, margeados por raizes expostas cobertas de mariscos. O canal desemboca no mar, e no caminho dá pra fazer pequenas paradas pra apreciar a natureza em silêncio ou pra tomar um aperitivo em um dos bares do canal principal. A dica quente é terminar essa aventura com um mergulho revigorante no encontro das águas, vendo o pôr do sol. Paraíso tropical perfeito.

SÍTIO MUSEU A poucos quilômetros da praia da Barra de Guaratiba fica um dos passeios mais lindos do Rio de Janeiro pra quem ama arquitetura, natureza e arte. É o Sítio Roberto Burle Marx. Antiga propriedade dos irmãos Burle Marx, adquirida pra realizar o sonho de reproduzir espécies tropicais para serem usadas no paisagismo, hoje o sítio é uma casa-museu protegida e administrada pelo Iphan, que segue transmitindo o legado de Burle Marx para as novas gerações. O Sítio Burle Marx é a prova de que uma vida pode mudar o mundo. Ou criar um universo. Em pouco mais de 50 anos ele transformou um enorme bananal que ocupava uma área de 365.000 m² em uma exuberante coleção de plantas tropicais, um parque dos sonhos, onde podemos caminhar por horas descobrindo tons de verde, texturas e formas surpreendentes. Além disso, pode-se visitar a casa do artista, seus dois ateliês e uma pequena capela do século XVII, restaurada por Burle Marx quando adquiriu a propriedade. A sensação que se tem é a de que ele pode entrar na casa a qualquer momento. A mesa está posta, a cama arrumada, os pincéis nos seus potes e as janelas abertas. Por esses espaços circularam, produziram e se inspiraram muitas das cabeças arejadas e produtivas da nossa história recente.

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Toda obra de Burle Marx pode ser vista por lá. Pinturas, desenhos, esculturas, estamparia, design e arquitetura. Além das suas coleções de arte, design e elementos naturais. Burle Marx era um curioso colecionador, de plantas, de objetos, de amigos e de ideias. O sítio é um emocionante trabalho de preservação e um presente a todos que se deixarem contaminar pelo ambiente vivo e vibrante deste gênio talentoso e generoso. As visitas são guiadas por monitores inspirados e muito bem informados, e devem ser agendadas com antecedência. São duas saídas por dia, às 9h30 e às 13h30, e duram aproximadamente 90 min. Leve repelente, é claro, e disposição pra uma longa caminhada.

ARTE POPULAR BRASILEIRA Essa região do Rio foi ponto escolhido por outros sonhadores e colecionadores sensíveis pra instalar seus miniparaísos. Em meio à Reserva Ecológica do Recreio dos Bandeirantes, bem pertinho do Burle Marx, podemos ver o que o Brasil produziu de mais original e precioso no campo da arte popular a partir do século XX. Essa coleção está instalada no Museu Casa do Pontal, uma casa em meio a um sítio de 5.000 m², tombada desde 1991 pelo Patrimônio Histórico Nacional. O fundador do museu foi um francês que, deslumbrado com o potencial artístico do povo brasileiro, reuniu ao longo de 40 anos uma coleção inestimável de objetos esculpidos em madeira e argila, em sua grande maioria representando a vida e a cultura do povo brasileiro. Chegar lá é muito fácil, principalmente com a ajuda do Waze. Um passeio bom de ser feito sozinho ou em grupo e que desperta a atenção de gente de todas as idades. É uma maneira lúdica de conhecer a história do Brasil, contada pelo povo, em uma espécie de passeio antropológico curioso e divertido. Pode-se agendar a “visita musical” para grupos

NO MUSEU CASA DO PONTAL, UMA COLEÇÃO INESTIMÁVEL DE ESCULTURAS EM MADEIRA E ARGILA

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A BARRA E SEUS ARREDORES TÊM MUITO A OFERECER. FICA AQUI A SUGESTÃO DE EXPERIMENTAR

de até 20 pessoas, e se você quiser mais informações, é só entrar no site no Museu, www.museucasadopontal.com.br, que irá acessar com facilidade toda a história e o acervo da Casa, além das programações especiais.

COMPRINHAS? TAMBÉM TEM! E pra quem adora umas comprinhas quando viaja, a Barra não decepciona. Ao longo das suas mega-avenidas, pipocam shopping centers gigantes. Para todos os estilos de consumidores. Meu único pecado consumista foi prestigiar a irmã carioca, primogênita de duas filhas únicas no Brasil, da Apple Store, no Shopping Village Mall. É a primeira iStore na América Latina e que conta com toda a linha da Apple, aiaiai.. O Village Mall é um dos shoppings mais novos e acredito que um dos mais lindos do Rio. Banhado por muita luz natural, corredores largos, lojas lindas, ótimas opções pra se comer bem e várias salas de cinema, é claro. Uma boa opção pra entrar num ar-condicionado gigante e se sentir em qualquer lugar do mundo. Com a diferença da sensação engraçada de se poder estar de chinelos de dedo e areia no corpo sem se sentir inapropriada no ambiente, além de encontrar um estacionamento razoavelmente vazio.

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UMA TEMPORADA NESSAS PRAIAS ALÉM DA ZONA SUL E APAIXONAR-SE AINDA MAIS PELO RIO

Lá você pode marcar uma horinha no supersalão do Celso Kamura, comprar do grampinho de cabelo na farmácia ao último lançamento da Vuitton ou da Prada, passando por todos os estágios intermediários de consumo. Muitas marcas cariocas e com ares de Brasil com suas lojas supercompletas e vários espaços de convívo pra passear com tranquilidade. Pra quem quiser provar das delícias do Rio sem sair do Shopping tem a CT Brasserie e Pâtisserie, do chef francês, superbrasileiro de coração, Claude Troisgros; o Pobre Juan, clássico carioca, e em breve uma nova operação da Morena Leite, o Capim Santo, com aquelas maravilhas bem brasileiras que ela prepara, dentre outras muitas possibilidades… Enfim. A Barra tem muito mais a oferecer, é claro. Mas fica aqui a sugestão de experimentar uma temporada nessas praias além da Zona Sul. Hospede-se por lá e peça mais dicas ao seu concierge ou amigo local. Será uma experiência surpreendente, para se apaixonar ainda mais pelo Rio. Meu agradecimento especial ao Vico Crocco, grande programador de passeios, além de grande chef, e ao Grand Mercure Rio de Janeiro Riocentro e à sua gentil equipe, que me recebeu carinhosamente nas suas iluminadas dependências recém-inauguradas na Barra.

SERVIÇO ESPAÇO PURA VIDA @espacopuravidaa (com 2 “as” mesmo!) Rua Maria Luisa Pitanga, 163 De sextas a domingos almoços e buffet de café da manhã. Aluguel de stand up paddle e passeios de lancha CLUBINHO SUP MARAMBAIA @clubinho.marambaia.sup SÍTIO ROBERTO BURLE MARX Estrada Roberto Burle Marx, 2.019 I Barra de Guaratiba 21 2410.1412 I www.iphan.gov.br MUSEO DO PONTAL Estrada do Pontal, 3.295 I Recreio dos Bandeirantes museucasadopontal.blogspot.com www.museucasadopontalcom.br GRAND MERCURE RIO DE JANEIRO RIOCENTRO Av. Salvador Allende, 6.555 I Barra da Tijuca www.grandmercure.com.br SHOPPING VILLAGE MALL Av. das Américas, 3.900 I Barra da Tijuca www.shoppingvillagemall.com.br

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Equilíbrio C H E R R I N E

C A R D O S O

QUAL SERÁ O SEU LEGADO? A sua vida é feita da soma de momentos. Estes momentos se tornarão suas lembranças e memórias. Daí eu te pergunto: o que você está fazendo de bacana, de necessário, de realmente útil nos dias que tem, para deixar alguma marca de sua passagem por este planeta? Pense assim: eu vivo em meio a bilhões de outros seres vivos e todos os dias, a maioria deles, assim como eu, acordam e seguem uma rotina praticamente padronizada e cheia de altos e baixos. Rotina esta que escolhemos, afinal, a vida que é feita de momentos também é feita de escolhas. E, na verdade, estes momentos nada mais são do que o resultado de suas escolhas. Mas voltando à pergunta: o que será que você deixará de marca ao passar por aqui? Somente ter existido? Será mesmo este o verdadeiro intuito de estarmos vivos? São perguntas difíceis de responder. Duras às vezes. Principalmente porque não há respostas prontas para elas. Se quisermos algumas referências, muitos já deixaram seus legados. Alguns até foram bem cedo, mas marcaram o mundo de alguma forma. Seja por feitos com a música, vide de Beethoven a Michael Jackson; ou com a tecnologia de Steve Jobs, um imortal; ou os ensinamentos deixados por Jesus Cristo, Gandhi e tantos outros; ou por memórias menos felizes como as das inúmeras guerras incitadas há séculos e que marcam nossa péssima história como seres humanos. No entanto a pergunta é para você! O que será que está fazendo hoje para deixar sua marca? Quais são suas atitudes? Você realmente se preocupa com o mundo em que vive? Se importa com os conflitos? Se preocupa com

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as intolerâncias que vimos vivendo? Busca fazer o bem sem olhar a quem? Qual foi a última vez que você praticou algum ato de caridade? Te pergunto tudo isso porque há várias maneiras de deixar sua marca, e sem dúvida a principal delas será através de suas atitudes! Ações que construam algo de bom a sua volta. Ainda que dentro de muitos de nós haja um desejo imenso de fazer algo expansivo, que abranja todo o planeta, somos um! Seria bom se conseguíssemos aumentar nossas forças nos juntando a outros que tenham desejos como os nossos, e isso acontece às vezes, mas mesmo assim é difícil. São tantas culturas e crenças distintas que nem o Papa Francisco, aquele ser que parece vestido no manto do amor e da compreensão, consegue acabar com os milhares de conflitos que existem espalhados pelo nosso mundo hoje, imagine eu ou você sozinhos? Portanto, não posso achar que uma pessoa somente conseguirá mudar o mundo todo, mesmo que este fosse realmente o meu desejo pessoal. Porém eu posso mudar o mundo que está mais próximo a mim. Certo? Se eu posso todos os dias pensar algo como: “o que eu vou fazer hoje pra contribuir com o planeta deixando assim uma marca positiva?”, você também pode! Todos podemos. Pense em coisas pontuais: como carregar roupas que você não quer mais em seu carro e ofertar a pessoas que vir na rua no seu trajeto; não ignorar aqueles que necessitam e se aproximarem de você pedindo algo (não minta dizendo que não tem nada, não existe um ser humano que não tenha nada de bom para oferecer a alguém, até uma palavra amorosa é alguma coisa); carregar algum


NOS SENTIMOS AGREDIDOS PELAS COISAS RUINS QUE ACONTECEM, MAS NÃO PENSAMOS EM COMO SER DIFERENTES PARA QUE ALGUMA COISA MUDE. ACHAMOS ATÉ QUE NÃO ADIANTARÁ NADA, MAS ADIANTA! tipo de alimento e ofertar para alguém que lhe pareça faminto ou até para aquele que lhe pedir uns trocados; não ignorar os bichos abandonados na rua que sentem frio e fome tanto quanto qualquer ser humano etc. E as coisas triviais, né, como cuidar do seu lixo, mudar sua alimentação pensando no bem do planeta, evitar roubar, evitar agredir, evitar querer tirar vantagem, evitar um consumo exacerbado e muitas vezes desnecessário pensando em quanto o que você está consumindo por luxo poderia estar contribuindo com tantas mudanças. Não nos damos conta dessas coisas porque estamos inseridos o tempo todo nessa mesma rotina. Nos sentimos agredidos pelas coisas ruins que acontecem no mundo, mas não pensando em como podemos ser diferentes para que alguma coisa mude. Até porque muitas vezes achamos que não adiantará nada, afinal, somos um. Mas ajuda! Sempre adianta. E se nada disso que eu escrevi serviu para você, bom, ainda há três outras coisas que dizem que podemos fazer para marcar nossa passagem neste planeta, que são: escrever um livro, plantar uma árvore ou ter um filho. No fim, na pior das hipóteses, você pode então escolher uma dessas três coisas e, diante do que dizem, terá deixado seu legado. Eu ainda acho que podemos fazer mais!

JORNALISTA COM ESPECIALIZAÇÃO EM PUBLICIDADE & PROPAGANDA E MARKETING. INSTRUTORA DE ALTA PERFORMANCE DO MÉTODO DEROSE EM PELOTAS. www.metododerosepelotas.com

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Decor

cria contemporânea P O R

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F OTO S

Criança tem um mundo próprio. E que diz muito sobre o agora. A criança de hoje não é a mesma de tempos atrás. Se aquela liberdade do passado – de brincar na rua com a vizinhança e dividir a rotina com muitos irmãos e primos – já não é mais tão possível na cidade, ela ganha sentido de autonomia, conquistada em ambientes que transbordam proteção e acolhimento. As aventuras e as emoções fazem parte de um universo imaginário único. Lugares para 66

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M A R C E LO

D O N A D U S S I

viver a infância devem ser estimulantes, mas precisam dar espaço para o desenvolvimento por meio de brincadeiras, experiências, descobertas. Nas próximas páginas, você encontrará projetos de arquitetura dedicados às crianças que carregam características bem contemporâneas. Aqui, menos é mais apenas na decoração: estes espaços, pensados com todo carinho, serão cenários de infância eternizados na memória.


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Decor

O QUARTO DE OLIVER FOI PROJETADO PARA QUE O BEBÊ DESENVOLVA SUA AUTONOMIA E PARA QUE POSSA BRINCAR À VONTADE, COM LIBERDADE

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Feito para brincar A arquiteta Elen Maurmann, em sua infância no interior do Rio Grande do Sul, corria pelo pátio da casa, subia nas árvores e as tardes passavam voando em suas brincadeiras. Com a chegada de Oliver, seu primeiro filho, resgatou o sentimento do brincar para projetar o quartinho do bebê. Ao lado do marido, Eduardo, buscou inspirações no método Montessori para criação do espaço. O modelo de formação, desenvolvido por Maria Montessori, propõe que a educação se desenvolva com base na evolução da criança. Um dos motivos para o quarto não ter berço: o colchão no chão proporciona que ele possa sair sozinho da cama, ir até os seus brinquedos – as prateleiras mais baixas guardam aquilo que ele pode usar; nas mais altas, os pais reservam o que estará acessível quando for maior e que ele alcançará – e, assim, desenvolve certa liberdade e independência. “Ainda falta um espelho para que possa se ver”, comenta Elen. A decoração tem contrastes. Se a parede é preta e marcante, as almofadas e os quadros têm a delicadeza do bordado feito pela avó. O avião de um antiquário uruguaio recebeu lâmpadas e tornou-se luminária. A cabana, presente da madrinha, dá um tom de brincadeira. “O quarto do Oliver traduz um pouquinho do jeito que somos e deve se transformar conforme ele desenvolve os próprios gostos. Assim é um projeto de interiores. Aqui, tivemos uma criação colaborativa, afinal a família e os amigos estiveram envolvidos, e por isso cheia de carinho”, emociona-se.

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Decor

UM ESPAÇO AMPLO, GENEROSO E MULTIFUNCIONAL, ADAPTÁVEL ÀS NECESSIDADES E DEMANDAS DE ADULTOS E CRIANÇAS

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Gente grande e gente pequena Lugar de gente grande pode ser lugar de criança? O escritório Ambidestro, de Porto Alegre, assumiu o desafio de criar, em 25 m², um espaço que atendesse às necessidades de psiquiatra que atende crianças e adultos. “Fizemos pesquisas e consultas aos profissionais da área para entender um pouco deste universo infantil. Descobrimos que a criança contemporânea é extremamente curiosa, observadora e constantemente flexível a novas tecnologias e tendências do mundo infantil. Por isso, ao pensar o espaço, entendemos que deveria ser muito neutro e adaptável para aderir a este contexto”, comenta João Pedro Crescente, arquiteto do escritório. Assim, surgiu um espaço de linhas limpas e atemporais. O consultório psiquiátrico está “dentro” de um único móvel que se divide em sala de espera, copa, bancada de trabalho, espaço para arquivos, estante de livros, espaço para objetos infantis, gavetões por paciente infantil, frigobar. “E isso acabou criando uma verdadeira experiência ao paciente e trazendo muita funcionalidade durante o uso diário do cliente. Assim o espaço ficou mais amplo e generoso. Além de conciliar diversos usos, o bloco multifuncional funciona como uma barreira acústica”, revela.

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Decor

Exercício de autonomia A Quitanda é uma loja de roupas infantis. Mas é também um espaço pensado para resgatar o lúdico. O espaço, localizado na Avenida Lucas de Oliveira, em Porto Alegre, se apropria do mundo visto pelos olhos dos pequenos e inspira a brincadeira. “E, aqui, até adulto vira criança”, comenta Leticia Orth Pacheco, proprietária do espaço. O mobiliário – araras de roupas, espelhos, sapateiras, bancos –, todo em madeira bem clara, é baixinho, o que promove certa autonomia aos pequenos. Quando as crianças conseguem enxergar os produtos, podem interagir com eles, ajudando os pais na escolha. “O que percebo é que os pais querem que seus filhos tenham acesso à cultura e desenvolvam o pensamento crítico. Eles não querem estereótipos e entendem que nem tudo – inclusive as pessoas – precisa ser igual”, comenta.

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NESTA LOJA, TUDO FOI PENSADO PARA QUE AS CRIANÇAS POSSAM PARTICIPAR DA ESCOLHA DE ROUPAS E BRINQUEDOS, E PARA QUE POSSAM SE DIVERTIR

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Decor UM ESPAÇO ACOLHEDOR, PERFEITO PARA VIVER A INFÂNCIA, FEITO COM MATERIAIS SIMPLES E IDEIAS LÚDICAS. CRIADO E MONTADO PELOS PAIS DO BEBÊ.

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Pitada de vovó Priscila Fighera e Vinicius Raupp, quando souberam da chegada de Lorena, reformaram a casa para recebê-la. O quartinho, pensando com todos em detalhes, carrega muito daquilo em que o casal acredita: fazer algo para alguém com as próprias mãos é uma forma de distribuir carinho. Priscila é head bakery da Padarie, padaria conceito de Porto Alegre; Raupp é criador da Guif Design, desenvolvendo mobiliário autoral. “Pensamos num ambiente acolhedor para nossa filha. Longe de qualquer alusão aos super-heróis. Queríamos um espaço para viver a infância. Talvez uma pitada de vovó”, revela o papai. O berço da Lorena, desenhado e produzido pelo papai, levou seis meses para ficar pronto. “Tivemos muito cuidado com a escolha dos materiais, simples como pinus, compensado e pinus, acabamentos naturais e, especialmente, o desenho que atende a todas as especificações técnicas de segurança”, comenta. Pensando mais

à frente, o designer fez um berço que, nos próximos meses, poderá virar uma cama infantil. Para Raupp, quarto do bebê precisa ser aconchegante. Não só para a criança, mas também para a mãe, que passa tantas horas ali dentro daquele espaço. Uma poltrona de amamentação confortável e um trocador prático – também assinado pela Guif Design e que futuramente será uma escrivaninha – compõem o mobiliário. Outro destaque é a cortina que é decorada com pequenas formas geométricas pintadas com caneta pelos pais de Lorena e também o móbile feito à mão por uma amiga do casal. “Será incrível quando, daqui a uns anos, ela entender que o papai fez os móveis e a mamãe cuidou de todos os detalhes da decoração. Espero que ela tenha muito orgulho. E acho que isso poderá ser bacana para a formação dos seus valores, quando perceber que seus pais fazem coisas legais para outras pessoas”, reflete.

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Decor

Sob medida e artesanal André Nery é fotógrafo e, com alguma frequência, faz cliques de projetos de arquitetura. Aprendeu a treinar o olhar para o detalhe. E, quase sem querer, criou um banco de referências, identificando-se de pronto com o minimalismo e a funcionalidade do design escandinavo. Já faz alguns anos, decidiu aventurar-se nas criações em marcenaria e, mais recentemente, surgiu a oportunidade de desenhar e produzir o quarto dos gêmeos filhos de um amigo. O próximo desafio é a execução do projeto para o quarto do próprio filho.

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MARCENARIA ARTESANAL, INSPIRADA NO MINIMALISMO DO DESIGN ESCANDINAVO. AS LINHAS SIMPLES FICARAM ÓTIMAS PARA O QUARTO DOS MENINOS GÊMEOS


Você sabia que mais vale acertar na cor da roupa do que no modelo, em um primeiro momento? Sim a cor que usamos próximo ao rosto impacta muito na nossa imagem.

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Sampa C R I S

B E R G E R

CRIS BERGER É JORNALISTA E ESCRITORA

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crisberger@crisberger.com


BEM À ALMA…. Vá ao Zucco em duas situações: nos dias em que o paladar pede por um prato mais elaborado e para ter o prazer de receber um bom atendimento. Eles são sublimes nesses dois aspectos. Há dois espaços com pé-direito alto: a varanda fechada com parede de vidro, que toma conta de toda a parede, e dá vista para a calçada, e o mais reservado, que fica passando a grande prateleira. Gosto muito do primeiro que tem um jardim vertical de lírios e quadros de Neno Ramos. Nele, a incidência de luz natural, durante o dia, é generosa. E acompanhar o movimento da Haddock Lobo pode ser interessante. O cardápio exibe tempo e atenção. Ele é uma tentação do começo ao fim. Se você não puder resistir… entregue-se aos poucos. E lembre-se: a sobremesa vai lhe arrebatar… O couvert com foccacia, ciabatta, grissini, crostatina, manteiga e patê vale a pena ser pedido. A manteiga da casa, que vem temperada, é um caso à parte, mas não exagere, pois há muito pela frente! Ainda no setor entradinhas, a focaccia de tomate san marzano, mussarela de búfala, manjericão e rúcula, preparada no forno a lenha, arrancou suspiros. Não foi fácil abrir mão das pastas e risotos desta casa italiana que mistura clássicos com releituras, mas eu sabia que os peixes não iam decepcionar. Como eu estava no meio de uma reeducação alimentar, pedi pelo branzino alla mediterranea con risoto al limone e saboreei um robalo grelhado ao molho shitake com tomate-cereja e manjericão acompanhado de risoto de limão siciliano. Levitei. Depois dos sucessivos suspiros diante das entradas e do prato principal seria um descaso pular a sobremesa. Resolvi ir pelo caminho seguro e escolhi a campeã de vendas: o souflê de chocolate. Bem, senhoras e senhores, neste momento coloquei a dieta no pause. Afinal, depois da primeira colherada é impossível parar… E convenhamos, certos pecados não engordam e fazem um bem danado à alma!

ZUCCO Rua Haddock Lobo, 1.461 I Jardins I São Paulo 11 3897.0666 I zucco.com.br

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RaĂ­zes

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identidade P O R

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M U

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Angélica calçou os chinelinhos e, num piscar de olhos, já estava enfiada na roça. Queria comer moranguinhos silvestres. Essa menininha tem apenas 4 anos e já sabe só de olhar tudo que tem ali na horta. Aprendeu o gosto de cada alimento com a mãe e com a avó. Angélica é filha de Franciele. E Franciele é filha da Adalci, a mulher que senta à cabeceira da mesa e que repassa, numa conversa sem pressa, todo o seu conhecimento – puro e instintivo – para a família. A Família Bellé mora em Antônio Prado, cidade na Serra gaúcha, colonizada por famílias italianas. A casa é simples; a mesa é rica. É nesta propriedade que eles cultivam uma variedade enorme de verduras e hortaliças, vendidas na feirinha ecológica do

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S C H A M B E C K

Bom Fim em Porto Alegre. “Nós nunca passamos fome porque sempre plantamos”, emociona-se Adalci, enquanto arruma o prato para uma farta e fresquíssima refeição. Tudo colhido na hora. Enquanto isso, Angélica vira o copo, mata a sede com gosto e diverte-se com seu bigode cor de pitanga. Os sucos, produzidos na pequena agroindústria comandada por Rodrigo – pai de Angélica e marido de Franciele –, parecem ser as estrelas da casa. A Família Bellé faz sucos de frutas nativas, como acerola, butiá, guabirova, uvaia, amora, jaboticaba e cereja. E nestas garrafas colocam bem mais do que frutas: ali está parte da identidade local e o orgulho e a força de quem trabalha no campo. Estilo Zaffari

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Raízes

“ENTENDI QUE A COMIDA CARREGA INÚMEROS SIGNIFICADOS. UM DELES É TRADUZIR HISTÓRIAS DE VIDA” FLAVIA MU

Aquela visita à casa da Família Bellé, na véspera do Natal de 2015, evidenciou uma mudança de valores que já acontecia dentro de mim, compartilhada com o chef Marcelo Schambeck, que é, além de meu marido, sempre parceiro de viagem. Ao sentar com aquelas pessoas ao redor da mesa, entendi que comida carrega inúmeros significados: um deles é traduzir histórias de vida. Do Josélio, que acorda cedo todos os dias para tirar o leite de suas vacas para, com ajuda da esposa, fazer um excelente queijo serrano em sua pequena propriedade em Cambará do Sul, nos Campos de Cima da Serra. Para ele, o pasto nativo é o que faz a diferença no sabor de queijo. Para mim e para o Marcelo, é a energia que eles colocam em cada peça. Da Dona Lea, que lá em Palmares do Sul, passa o dia mexendo a goiaba no tacho e mantém, assim, viva a tradição dos antepassados açorianos. E também para que toda a produção do seu pomar seja aproveitada. O trabalho é recompensado quando Marino, seu filho, prepara a paçoca de charque. No passado, uma refeição reforçada para o homem do campo. Hoje, uma gostosura para os mais gulosos, como nós.

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Do Lande, que em Morro Alto produz o cordeiro salineiro, uma carne suave e salgadinha de maresia. Do Seu Olmi, que produz a melhor copa lombo do mundo inteiro com a naturalidade de quem sempre fez e comeu isso. Quando a gente começa a conhecer essas pessoas e descobrir suas histórias, percebe a riqueza da gastronomia local. E desde o início da pesquisa do Identidade RS – que se propõe a ser um diário das nossas andanças e inspirações –, sempre que surge a pergunta “mas, afinal, qual é a identidade da comida do gaúcho?”, a resposta parece mais distante. Pois há um universo para descobrir. Num papo com o chef Alex Atala, na cozinha do D.O.M., ele disse: “Vocês conhecem o alho burro? E já ouviram falar em mel branco? Isso tudo é nativo da terra de vocês”. E aquilo soou como uma provocação: precisamos olhar mais para o que é daqui. Schambeck não sossegou até encontrar o tal do “alho burro”. Com o celular, mostrava imagens aos produtores da feira, até que um deles – talvez de “saco cheio” da insistência – colheu no mato e trouxe um saco cheio de alhos para

“QUANDO CONHEÇO ESSAS PESSOAS E SUAS HISTÓRIAS PERCEBO A RIQUEZA DA GASTRONOMIA LOCAL” FLAVIA MU

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Raízes

O IDENTIDADE RS É UM ARQUIVO VIVO DE TUDO QUE TEMOS NO SUL. UMA CONEXÃO ENTRE O CAMPO E A MESA. O PROJETO FAZ UM TRABALHO DE CURADORIA MUITO IMPORTANTE

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ele. “O gosto é mais suave que o alho que a gente costuma usar. Ele tem um leve amargor que é bem interessante também”, define Schambeck. Saímos em busca do mel branco. E descobrimos o Seu Irineu, que, incansavelmente, visita suas caixas de abelhas todos os dias e, em sociedade com elas, produz essa iguaria, derivada da carne de vaca e da gramimunha, árvores de mata nativa. O sabor suave, a textura açucarada, e, com o tempo, ganha tons esbranquiçados. Seguimos a pista do chef Alex Atala e fomos além: esse apiário em Cambará do Sul faz o mel de melato. Mais escuro, com aparência de melado, é bem menos doce do que o mel que conhecemos. É produzido com a seiva da bracatinga e, pelo que dizem, é o mel brasileiro mais bem pago no exterior. E depois deste encontro com Alex Atala em sua cozinha, tive ainda a oportunidade de entrevistá-lo após sua palestra no Mesa Tendências, principal congresso de gastronomia do País. Lembro bem dele dizendo: “A cozinha atende pontos cardeais que nunca imaginei”. E de alguma forma o Projeto Identidade RS tem proporcionado isso ao Marcelo Schambeck e também para mim, quando penso no meu papel de jornalista como agente de transformação. Com sorriso no rosto, me olhou, e disse: “O Brasil conhece mal seu patrimônio. Somos um país com dimensão de um continente, mas pecamos com a falta de valorização de receitas tradicionais. O Rio Grande do Sul pode ser exemplo:


pelas fortes influências e raízes italianas e alemãs, o gaúcho desapegou do campo. Mas está tudo lá. Eu sou fascinado pelos seus produtos”. Neste dia, Atala confirmou aquilo que entendemos como uma provocação. “Talvez o melhor momento do D.O.M. já tenha passado, e tudo bem. Agora é a vez dos jovens cozinheiros. O melhor momento do Brasil ainda está por vir”. Talvez ele nunca tenha acessado o site do Projeto Identidade RS. Mas, sem dúvida, nossa iniciativa nasceu muito inspirada por ele. Dia desses, em São Paulo, batemos os olhos nas prateleiras do Bioma Pampa, box do Instituto ATA no Mercado Municipal de Pinheiros, e lá estavam vários produtos que indicamos ao Marcos Livi, chef do Quintana e responsável pela seleção do que será vendido no espaço. “O Identidade RS é um arquivo vivo de tudo que temos no Sul. Existem muitas ações acontecendo no Estado, porém não tínhamos um ambiente virtual para aglutinar todos estes pequenos produtores. Uma conexão entre o campo e a mesa. O projeto Identidade RS é um curador muito importante. Por meio desta iniciativa tivemos acesso ao suco Bellé e às massas de Antônio Prado e também ao mel branco de Cambará do Sul. Digo que somos um posto avançado de iniciativas tão generosas como este projeto”, disse Livi. Sensação de dever cumprido? Nem de longe. Ainda há tanto a descobrir...

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O sabor e o saber F E R N A N D O

LO K S C H I N

A BOCA E O BEIJO O turismo transcontinental surgiu em 1862 com William Reade, o primeiro ocidental a viajar, “pelo prazer da aventura e às suas próprias custas” pela África. Explorador inexperiente, aos 22 anos Reade foi descobrindo a África e sua sexualidade. Conta em Africa Savage (1864) que ao visitar o reino de Camma, sul do Gabão, o rei local designou a bela princesa Ananga para zelar pelo seu bem estar. Após dias de tratamento Vip, Reade não pode se conter e “num daqueles momentos em que o coração sobe a boca ... pela primeira vez e trêmulo de paixão” beijou os lábios da moça. Para sua surpresa, a princesa, até então afetuosa e receptiva, entrou em pânico e fugiu pela floresta aos gritos de socorro. Ananga corria por sua vida. Sabedora que “a serpente lambe a presa antes de devorá-la”, pensou que o inglês, tal os vizinhos canibais, preparava sua refeição! Beijar era um hábito totalmente desconhecido na África Equatorial do séc. XIX. No seguir da história, assim que Reade explicou que aquele gesto significava carinho para sua gente, “Ananga ainda arfante e com lágrimas nos olhos” lhe ofereceu a boca... Parece que somos geneticamente propensos a aprender e a gostar de beijar. Diferente de vida diurna, fala, guerra, religião e álcool, o beijo não é uma universal cultural. Igual ao reino de Camma, povos da África Sub-Sahara, Ásia, Polinésia e América não conheciam o beijar. Antigos viajantes e modernos antropólogos não registram índios brasileiros trocando beijos. Onde não há beijo, há alternativas: encontros de faces, choques de barrigas, borrifos de cuspidelas ou cheiradas conjuntas. Se os primeiros europeus na Polinésia

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se admiravam com a sexualidade nativa, os polinésios se espantavam com o ‘juntar bocas’ daqueles visitantes. Na Manchúria, em vez da chupeta, as mães praticam o felatio nos filhos pequenos, mas consideram imoral beijá-los no rosto. Animais beijam. Darwin mostrou um espelho a um casal de orangotangos do zoológico de Londres: “Depois de muito olharem e gesticularem, protuíram os lábios e beijaram suas imagens da forma que eu já observara fazerem entre si”. Curioso que o macaco bonobo, o primata que mais beija na boca, seja natural do Congo, tão vizinho de Ananga que ignorava o beijar. Seus beijos chegam a durar um quarto de hora e acompanham a mais exuberante das sexualidades. Espécies mais castas têm gestos afins ao beijar: lobos juntam narinas, gatos trocam lambidas, girafas enroscam pescoços, elefantes enfiam trompas, leões mordem nucas. O etnocentrismo dos antropólogos pioneiros concebia os esquimós esfregando narizes como imitando seus cães – o beijo na boca faria perder calor corporal e as mucosas esfriarem. Viam também nos grupos de finlandeses fazendo sauna nus sem se beijarem ou tocarem como famílias de ursos se aquecendo nos gêiseres. O beijo de afeição precedeu o da paixão. Estudiosos – Darwin incluído – atribuem a origem do beijar ao comportamento instintivo de aves, peixes e mamíferos mastigando e alimentando boca a boca a prole. Estes ‘beijos alimentares’ não só pré-digerem a comida como agregam água, sal, anticorpos, vitaminas, hormônios, enzimas e bactérias saudáveis. Mesmo os povos que beijam seguem diferentes


PARECE QUE SOMOS GENETICAMENTE PROPENSOS A APRENDER A BEIJAR

SEM SALIVA NÃO HÁ PRAZER NO COMER. ELA ATIVA OS RECEPTORES GUSTATIVOS. COMIDA DÁ ÁGUA NA BOCA ATÉ EM PENSAMENTO.

códigos. Heródoto conta dos persas beijando na boca as pessoas da mesma estirpe e beijados na mão por castas inferiores. Erasmo de Rotterdan registrou em 1531: “Na Itália os homens se beijam, um absurdo na Alemanha, onde apertam as mãos. Já na Inglaterra os homens beijam as mulheres até na Igreja, um crime na Itália”. Historicamente, o beijo se relaciona mais a compromisso, respeito, amizade e parentesco que prazer. Na teologia de São Bernardo, o Espírito Santo era definido como o beijo entre o Pai e o Filho, ‘beijo mútuo de igual para igual e só a eles reservado’. O beijo divide a terra natal com o curry e o Kama Sutra, a Índia. Dois milênios antes do Reade e Ananga, um capítulo inteiro do texto era dedicado ao beijar: ‘Não há sequência ou tempo para o beijo, prenúncio da união entre os sexos’, ou ‘Toda anatomia destina-se a ser beijada: testa, olhos, garganta, mamas e, como o povo de Lat, coxas, joelhos e umbigo.’ Passando por ‘línguas em duelo’, entre as dezenas de beijos descritos no Kama Sutra, o mais poético é o ‘beijo de intenção’: levar os lábios à imagem da pessoa, seja seu reflexo no espelho, seja na água... Ironia, no mito grego, este beijo foi a ruína de Narciso, que, apaixonado por sua imagem refletida num lago, cada vez que tentava beijá-la, via a imagem dissipada. Ao conquistar a Índia, os soldados de Alexandre foram conquistados pelo beijo. Espalharam beijos junto com laranjas, bananas, coco e açúcar pelo Oriente Médio. E a influência de Alexandre – coincidências seu nascimento a 25 de dezembro e o título de ‘Rei dos Reis’? – nas culturas greco-romana e judaico-cristã é enorme. Na obra de Homero figura um único beijo, mas no

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O sabor e o saber F E R N A N D O L O K S C H I N

momento mais dramático: o rei Príamo beija as mãos sangrentas de Aquiles, que recém matara seu filho Heitor, a suplicar a devolução do cadáver. Já os judeus são beijoqueiros; a Bíblia é recheada por mais de meia centena de beijos. Há beijos ‘mais deliciosos que o vinho’ no Cântico dos Cânticos e o traiçoeiro beijo de Judas. Há incontáveis beijos de devoção da pecadora nos pés de Jesus ‘lavando-os com suas lágrimas e enxugando-os com seus cabelos’ (Lc 7;38) e o beijo ardiloso de Jacó no pai a fim de receber sua benção. Talvez haja homoerotismo no ‘mútuo beijo’ de Davi e Jonatas – no qual movimentos gays de religiosos judeus e cristãos fundamentam sua causa. Os romanos disseminaram o beijo e o latim pela Europa e Norte da África – houve quem chamasse suas legiões como ‘missionários catequizadores do beijar’. No Direito Romano não existia a Lei Maria da Penha. Conforme Plutarco, um homem fora expulso do senado por ter beijado a esposa na presença da filha, mas nada ocorreria se a tivesse agredido. Criticava haver desgraça maior na demonstração do afeto que na do ódio. Cato, o velho (séc. II A.C.) garante que o beijo do marido na esposa ao chegar em casa, antes de cumprimento carinhoso, era um bafômetro biológico. Com tolerância zero ao prazer da adega para mulheres, a presença de álcool no hálito era verificado por um beijo na boca. Latinos hispânicos contemporâneos a Jesus, Seneca filosofava as diferenças no beijar a criança e a amante e Marcial versava sobre a boa boca a ser beijada, “não silenciosa, não escassa, com entrada livre por não cerrar os lábios”.

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Na Europa Medieval, os analfabetos assinavam documentos com um X – a cruz da ‘boa fé’ – e a beijavam como a selar o compromisso, antecipação ao ‘selinho’ em voga hoje na classe artística. O X acabou adquirindo o significado de beijo. Mario Quintana deu a seu poema mais belo um título ‘misteriosamente regido pelo XIII signo do Zodíaco’, ‘XXXXXX’ – se há a invocação do beijo é o X da questão. Até Churchill, futuro Nobel de Literatura, mandava beijos em forma de X nas cartas a sua noiva. E que sábio Mae West dizer que o beijo era a assinatura de um homem. Um primeiro beijo tende a ser mais lembrado que a primeira relação sexual. Espécie de augúrio, a experiência de beijar pode fazer crescer ou abatumar um relacionamento. O beijo é percebido como uma carícia íntima repleta de afeto, daí o código de postura dos profissionais do sexo que faculta qualquer contato erotizado, mas interdita o beijo na boca. Estudando a flora bucal de casais, cientistas holandeses (2015) concluíram que um rápido beijo na boca transfere cerca 80 milhões de bacterias, a grande maioria inofensivas ou benéficas. Graças ao poder antisséptico da saliva, o beijo tem menor (e mais agradável) chance de transmitir infecções que o aperto de mão. A maioria das pessoas são destras também para beijar, inclinam o rosto para a direita para que as bocas se encontrem sem interposição dos narizes. Esta tendência se inverte no beijo casual, a cabeça se volta para esquerda e a boca toca a bochecha direita. O grego emprega a palavra filos para ‘amar’ e ‘beijar’. O termo latino mais antigo para beijo descreva o gesto, osculum,


‘(deixar a) boca pequena’. No beijo sensual as bocas se abrem daí o L. suaviun, ‘beijo sensual < gosto bom na boca’. Beiço, de origem celta, pode ter influenciado suavium se tornar basium. O abraço acompanha tanto o beijo que o eufemismo embrasser (abraçar) assumiu o sentido de ‘beijar’ no francês no lugar de baiser, que tomou conotações obscenas. Há razões para a palavra lábios chamar a entrada da boca e da vagina. Os lábios são de 100 a 200 vezes mais sensíveis que os dedos; além de tato, pressão e temperatura, percebem sabores e odores, respondem a neurotransmissores e ferormônios. Fronteira entre o mundo interno e externo a boca é riquíssima em receptores neurais de prazer. Há uma ciência que estuda o beijo, Filematologia. Um dos seus fundamentos é que o beijo avalia aspectos hormonais, imunológicos, genéticos e socioculturais dos parceiros em acasalamento, é um teste probatório que mede as chances das duas partes constituir uma matriz reprodutiva satisfatória. No beijar, as trocas de ocitocina vinculam o afeto, as de noradrenalina, dopamina e serotonina conferem felicidade e as de testosterona aumentam a resposta sexual. Tão importante na cultura é natural que o beijo esteja magnificamente representado na arte ocidental, basta lembrar a fotografia de Eisenstaedt, a pintura de Klimt e a escultura de Rodin. Beijar assim e assim ser beijado justifica toda uma existência. Lady Di dizia ter beijado muitos sapos até encontrar o príncipe. De fato, há uma magia reveladora e transformadora no beijo. Não só desperta para a vida a bela adormecida como a fera beijada pela bela amansa, e o dragão frente a um cavaleiro valente o bastante para beijá-lo deixa de lançar fogo pelas ventas e volta a ser mulher. Estes momentos em que o coração sobe à boca encantam a vida como contos de fadas. Um X aos leitores.

HÁ UMA MAGIA REVELADORA E TRANSFORMADORA NO BEIJO. NÃO SÓ DESPERTA PARA A VIDA A BELA ADORMECIDA COMO A FERA BEIJADA PELA BELA AMANSA. ESTES MOMENTOS EM QUE O CORAÇÃO SOBE À BOCA ENCANTAM A VIDA COMO CONTO DE FADAS

FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E GOURMET fernando@vanet.com.br

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Garimpo de delícias em

Los Angeles

e São Francisco O chef Felippe de Sica passou alguns dias na Califórnia, entre Los Angeles e São Fancisco e garimpou para a Estilo Zaffari endereços gastronômicos que não fazem parte dos roteiros turísticos, mas são amados pelos locais. “Em maio estive em Los Angeles a trabalho e aproveitei para conhecer alguns restaurantes, padarias e lugares bacanas da cidade. São Francisco entrou na rota também, pois além de ser uma das minhas cidades favoritas, é lá que nascem muitas tendências na gastronomia. Olha só as maravilhas que eu descobri:” T E X TO

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Los Angeles Nos anos 90 morei em LA por três anos. A cidade, apesar de ser grande, tem seus bairros bem delimitados e cada um deles é basicamente uma pequena cidade, com prefeitura, polícia e distrito escolar. Morei em Venice Beach e em Marina del Rey, dois lugares bem distintos. Venice, agitado e cheio de novidades, Marina, tranquilo e sereno. Nessa visita rápida que fiz em maio minha bússola apontou para Venice Beach e Santa Monica. Ambos sempre estiveram na vanguarda dos movimentos de arte, cultura e gastronomia da cidade. São vizinhos, e fica fácil se locomover entre eles. O Uber e o Lyft são bem em conta e valem muito a pena na relação custo x benefício. Não fiz pesquisa de lugares em Trip Advisor ou Yelp. Não queria ler resenhas ou ser influenciado pela opinião de usuários dessas redes. Mas pedi ajuda a um grande amigo que mora há mais de 20 anos em LA e que foi meu roomate quando cheguei lá em 1996. O Flavio Silva conhece muito a cidade. Ele é designer de móveis e montou diversos restaurantes de alto nível em LA. A pessoa certa pra me dar dicas de onde ir, que agora compartilho com vocês.

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GJUSTA Seria um misto de padaria com deli? Difícil colocar um label na Gjusta, pois ela é tudo isso e muito mais. O lugar está totalmente hype e pude ver que é frequentado pelos locais da cidade e pelos foodies. Ficou lotado todo o tempo em que estive por lá. Como eu não tinha pressa, aproveitei pra olhar tudo antes de pedir e para compreender direitinho como funcionava o atendimento. Primeiro você pega uma senha. O cardápio está escrito em um quadro negro ou numa folha que fica sobre o balcão. Nas bancadas ficam expostos as saladas, peixes e carnes que vão compor os sanduíches. Logo na entrada fica as pastries e a padaria funcionando, tudo aberto, sem divisórias. Dá pra ver toda área de trabalho e um longo balcão com as divisões que mencionei. No final fica a estação de cafés e bebidas e um balcão aonde dá pra comer de pé, vendo toda movimentação do Gjusta. Nos fundos tem um pátio, mega concorrido. Como eu estava sozinho, fiz meu pedido e fui comer no balcão. Pedi um sanduíche de porchetta (barriga de porco) que estava simplesmente delicioso e tinha bastante pimenta do reino. Como sou fã de pimenta, fiquei contente. A crocância do pão chamou a atenção e os aromas dos


SCOPA

ingredientes já diziam que algo especial estava por vir. O sanduíche era bem grande e valeu como uma refeição. Sanduíche + limonada + taxas, tudo por 22 dólares. Fazendo a conversão parece bem caro, mas pensando em termos de moeda, sem converter, sai barato. Um baita sanduíche e uma limonada por “22 reais” num dos lugares mais legais da cidade. Tá barato!

Pra começar, não há sinalização avisando que ali é o Scopa. Quem conhece, sabe. Uma mistura de restaurante e bar com ambiente moderno e sofisticado. Cozinha italiana de primeira, algumas mesas altas e comunitárias e um belo bar de drinks dão um tom de casualidade e refinamento. É bem difícil de conseguir reservas sem muita antecedência, então, faça como eu, o Mike e o Flavio: vá direto ao bar e depois sente no balcão para degustar algo. Música de qualidade e pé-direito alto demonstram que tudo foi muito bem pensado na concepção desse lugar, amado pelos Angelenos. Iniciei os trabalhos pedindo um negroni da casa e um stake tartare. Tudo perfeito e bem executado. O resto da noite acompanhei os amigos de longa data que fiz na cidade e tomamos cervejas artesanais, até a hora de chamar o Uber e ir pra casa. STAKE TARTARE U$ 20 NEGRONI U$ 15 CERVEJA ARTESANAL U$ 9 2905 W WASHINGTON BLVD, VENICE

320 SUNSET AVE, VENICE

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Roteiro Gourmet GJELINA Dos mesmos donos do Gjiusta, o Gjelina está na crista da onda na rua mais badalada de Los Angeles, Abott Kinney. O Gjelina oferece comida bem executada e sem frescura. Bons drinks e boa carta de cervejas, mas na verdade este é um lugar pra ver e ser visto. De entrada pedi uma rillete, que lembra um patê, nada demais em termos de sabor. O melhor estava por vir. Me apaixonei por um pizza de linguiça de cordeiro e queijo feta, sabor e textura indescritíveis, somente indo lá pra saber. De sobremesa pedi uma torta de pistache. Como era de se esperar, não tinha a doçura exagerada das tortas brasileiras e caiu muito bem com um café para finalizar a noite. 429 ABBOT KINNEY BLVD, VENICE

HINANO CAFE Pertinho da praia e do Pier de Venice, este dive bar está lá desde 1963. Dive bars são bares frequentados por motoqueiros e que não têm “fru-frus”. Este é um clássico da cidade. Lugar descontraído, que serve um hamburguer de primeira qualidade e boas cervejas. Pra quem curte fazer novos amigos, recomendo jogar bilhar e ouvir um dos shows ao vivo, que acontecem toda as sextas, sábados e domingos. Uma curiosidade: foi ali que Jim Morrison fez seu primeiro show. HAMBURGUER COM BACON E QUEIJO U$ 9,35 CERVEJA ARTESANAL U$ 8 15 W WASHINGTON BLVD, VENICE

HUCKLEBERRY Um pouco afastado do burburinho da praia de Santa Monica, o Huckleberry é uma festa para os sentidos. O lugar é adorado pelos Angelenos, e sempre tem fila. O esquema é escolher, dar o seu nome, pagar e pegar o pedido. O difícil é escolher... Olhando a vitrine, o cardápio escrito no quadro negro e o aroma que exala pelo ambiente, dá pra ter uma noção do porque da fama do lugar. Era hora do café da manhã (até as 11am) e me vi comendo o sanduíche de ovos fritos com queijo gruyére e pão feito lá mesmo. Tive que me controlar quando chegou o pedido: era a perfeição em forma de sanduíche. Pão crocante por fora, macio por dentro, ovo com a gema mole, queijo derretido. A cada mordida o sorriso alargava. Peguei o café passado, com direito a refil e também um muffin de blueberry, que tinha tanto blueberry que chegava a ser azul. Um lugar pra ficar na lista dos meus preferidos, pra sempre. 1014 WILSHIRE BLVD, SANTA MONICA

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Estilo Es Est E stiilo st illo lo Zaffari Zaaffa Z ffaarrii ff


THE OTHEROOM Saí do aeroporto direto para um tour por Venice. E a primeira parada foi no bar que está na crista da onda, o The Otheroom. Lugar aberto, mesas comunitárias, público jovem e sedento. Misture isso com minimalismo, som alto, boas cervejas locais e vinhos em taça e teremos um dos bares mais bacanas pra curtir. O único porém é que lá não servem comida. Isso mesmo, nem um amendoim sequer! A solução é procurar algo pra comer na vizinhança, repleta de opções, diga-se de passagem. 1201 ABBOT KINNEY BLVD, VENICE, CA

SANTA MONICA FARMERS MARKET Como sou fã de carteirinha de feiras orgânicas, não pude deixar de ir na de Santa Monica. Ela acontece todo domingo e vai das 8h até as 13h30. Tem barraquinhas com frutas, verduras, temperos, legumes, artesanatos, comidas e bebidas. Como cheguei cedo, aproveitei pra tomar um café e comer uma panqueca com maple syrup. A panqueca era tão grande que não consegui comer toda. Comprei umas cerejas orgânicas da variedade sequoia, bem doces, pra comer na praia depois. Simplesmente deliciosas. Os moradores e as famílias chegavam aos poucos e logo a feira estava cheia. Um show de música estava prestes a acontecer. Bem pertinho das barracas ficam mesas e cadeiras para você comer as coisas que comprou. Destaque também para a barraca de omeletes, que desde cedo já tinha fila. 2640 MAIN STREET, SANTA MONICA, CA 8:30 AM – 1:30 PM

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São Francisco Difícil descrever essa cidade, que fica no norte da Califórnia e tem muita história pelas ruas. Epicentro do movimento hippie dos anos 60, São Francisco é cosmopolita e low profile ao mesmo tempo. Acolhedora e aconchegante, cada bairro tem um perfil: família, artes e design, praia, boemia, enfim, tem pra todos os gostos. Assim também é com a gastronomia, assunto levado muito a sério pelos habitantes dessa cidade encantadora. E aqui, ao contrário de LA, você pode fazer quase tudo usando o transporte público ou Uber. Andar em São Francisco e passear pelas suas ruas é um convite e tanto para aqueles, que como eu, gostam de desbravar uma cidade e descobrir lugares pitorescos. Assim como em LA, tive dicas incríveis do restauranter Ivo Abrahão Nesralla Jr. O Ivo é proprietário do restaurante Tavares, em São Paulo, e há quase dois anos abriu uma filial em São Francisco. Dicas de quem gosta de comer e conhece a cidade são sempre as melhores. Vamos às descobertas.

TARTINE BAKERY O pão perfeito existe e mora no balcão da Tartine. Quase ao lado da Delfina, ocupando a esquina da Guerrero com a 18th, é um ícone da cidade. Além dos pães maravilhosos, a patisserie merece menção honrosa. A torta de coco com caramelo que provei estava perfeita, doce na medida certa. O único porém: a porção pequena era grande demais, e fui obrigado a devorá-la mesmo assim, na companhia de um latte. Os pães da Tartine serviram de inspiração para o Gjiusta, de LA. Eles reverenciam os produtos da bakery de São Francisco. Não existe garçom, o atendimento é feito direto no caixa, portanto, veja bem o que quer comer antes de entrar na fila, para não interromper o fluxo. Já aviso: não é fácil decidir. Levei pra casa uma baguette, que comi no lanche, mais tarde. A fermentação natural fica explícita quando se corta o pão e as bolhas de ar estão ali, nítidas e saborosas. 600 GUERRERO ST, SAN FRANCISCO

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PIZZARIA DELFINA No salão cabem poucas mesas que, somadas às da rua, devem totalizar no máximo uns 20 lugares. A pizza é individual, com sabores tradicionais e outros especiais. O menu é curto e eu achei ótimo: menus longos com diversos sabores só confundem na hora da escolha. Mesmo assim fiquei em dúvida, pois todos pareciam ser muito gostosos. Perguntei à atendente qual era o preferido do staff. Ela não titubeou e sentenciou: a pizza carbonara. Então, escolhi uma carbonara e uma taça de vinho para acompanhar. E que pizza! Borda crocante, panceta idem, ovo, queijo, tudo na medida certa, sem exageros. Enquanto esperava a pizza fiquei curtindo os grafites na parede e a trilha sonora, que deixava a experiência mais alegre. 2406 CALIFORNIA ST, SAN FRANCISCO

NOPA Estilo contemporâneo, comida feita ao vivo e sem frescura, vinhos selecionados a dedo, drinks diferentes. Talvez seja essa a combinação que garante o sucesso do Nopa entre os locais. É um dos restaurantes mais badalados de São Francisco. Como cheguei solo e sem reserva, fui direto ao bar. Pedi um drink com gin, que foi sugerido pelo bartender. O agito era tanto que não consegui ouvir o nome de batismo do drink, apenas que levava Aperol. E estava delicioso. Assim que vagou um lugar no balcão do bar, sentei e pedi um burger clássico, pois a fome era grande. O atendente te pergunta o ponto da carne do hambúrguer, o que significa que eles sabem o que estão fazendo. Pra harmonizar, que tal um vinho da Grécia? Isso mesmo, vinho grego foi a pedida, e que achado! Mesas coletivas e balcões servem para fazer novas amizades. E isso funciona muito na California. Fiquei amigo do Chip, natural de São Francisco, conversamos sobre a cidade, sobre comida e a situação econômica e política do Brasil. Enfim, uma experiência e tanto: compartilhar essa refeição com um local, praticar o idioma, comer e beber bem. 560 DIVISADERO ST, SAN FRANCISCO

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TAVARES A filial de São Francisco do Casa Tavares paulistano tem pouco mais de um ano de vida e já caiu nas graças do público local. Felizmente, ele foge do estereótipo de caipirinha, samba e feijoada da maioria dos restaurantes brasileiros nos EUA. Tive sorte e cheguei no dia em que o cardápio de verão estava sendo lançado. Como bom foodie, pedi para provar um pouco de cada item do menu, tipo uma degustação. O ceviche estava delicioso, o toque que a bergamota deu no prato fez com que ficasse diferente de tudo que eu já havia provado. Menção honrosa para o camarão ao molho chipotle, aromático, picante e no ponto certo. As raízes brasileiras estavam no pastel e no picadinho, que te fazem viajar de volta à casa e sentir o gostinho de Brasil. O Tavares agora está abrindo no jantar, uma ótima opção para quem quer conhecer um restaurante com boa comida, ambiente e decoração. 300 DE HARO ST #338, SAN FRANCISCO

ARIZMENDI A Arizmendi Bakery fica perto da praia e do Parque Golden Gate. O bacana é pegar algo na padaria, levar as gostosuras para um desses destinos e fazer um belo piquenique. Aviso: diferente das nossas padarias, ali não tem atendimento. Tudo está exposto nas prateleiras, é só pegar um papel de pão, escolher entre tantas delícias (parte muito difícil), colocar no saco e pagar no caixa. Sugiro escolher bem antes de entrar na fila, para não ficar parado e atrapalhando o fluxo. Fui de croissant e peguei também um pain au chocolat. Ambos estavam divinos, muito bem feitos. Pra acompanhar, um cafe latte, impecável. Não é à toa que a Arizmendi já foi escolhida a melhor padaria da cidade. 1331 9TH AVE, SAN FRANCISCO, CA

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Chegou o Pão Integral, mais uma novidade da Pullman® para cuidar de toda a sua família

Fonte de Fibras

Pão Integral para toda a família


Ser & Vestir R O B E R TA

C O LT R O

OS HOMENS E SEUS ACESSÓRIOS Os sapatos sociais mais cobiçados são sempre de couro original. Feitos artesanalmente à mão. Para momentos informais: o mocassim, o loafer e o dockside são os indicados. O sapatênis estilo mocassim ficam ótimos com jeans. Atualmente, o modelo do tênis é em camurça, combinado a tecido com zíper. Modelos de mochilas em couro nobre, ainda que sofisticadas, sempre oferecem um ar esportivo. Assim como bolsas-car teiras ou bolsas tiracolo com alça transversal. Portanto, quando o ambiente exige um dress code bem formal, continue apostando sempre em pastas de couro nobre e discretas em vez de mochilas e bolsas. E se possível, siga sempre a regrinha de combinar o tom do couro da pasta com o cinto e sapato. Os óculos Wayfarer criados pela Ray-Ban ganharam muitas versões. Simples, funcional, versátil, combina com muitas produções formais ou informais. Aposte em lentes e armações coloridas.

Influenciado pelas redes sociais e novas tecnologias, nasceu um movimento global do homem cuidar mais de si. Mais bem informado, naturalmente também passou a consumir melhor. Mas não apenas isso, na verdade, o homem está comprando mais. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo – SBVC, o aumento da demanda foi de 44% entre 2007 a 2014. Os acessórios são atualmente a bola da vez, já que o homem ainda tem um pouco de medo de ousar nas roupas. Houve uma percepção do quanto se pode explorar mais os acessórios – que antes eram inseridos ao look apenas pelas suas funções práticas. Hoje, o público masculino anda investindo bastante em sapatos e tênis diferentes, mochilas e bolsas em tons contrastantes. Melhorando o acervo de óculos de sol, tornando-o uma assinatura de estilo charmoso e não apenas um acessório que protege os olhos. Colares, pulseiras, gravatas slim fit são algumas alternativas de que o homem moderno não abre mão de, ao menos, considerar inserir em seu acervo. Nesta busca de uma identidade fora dos padrões básicos da vestimenta há algumas regras a seguir para compor corretamente os acessórios. Por exemplo: a combinação da roupa com o sapato é fundamental. E precisa acompanhar a formalidade do evento. Neste sentido, existe uma regrinha bem fácil que é a seguinte: quanto mais escuro o sapato, mais clássico e formal ele é. Quanto mais claro, mais esportivo e informal. Para os modernos, o tênis – em design e material nobre – pode sim acompanhar looks sociais. Garantindo um efeito de bastante personalidade para quem o sabe levar. A bolsa é um must-have! O homem moderno já percebeu o quanto é deselegante sair por aí com os bolsos da calça ou do paletó cheios de objetos ou, ao se sentar à mesa, cometer a gafe de jogar ali chave, carteira, celular… Por isso, a bolsa entrou no repertório masculino, pois é indiscutível a sua utilidade. Há tempos ela deixou de ser objeto exclusivo do guarda-roupa feminino devido a sua funcionalidade. Um levantamento feito pelo centro de pesquisas Euromonitor indicou que, a cada cinco bolsas de luxo compradas no mundo, uma é masculina. No ano de 2014, foram cerca de 5,9 milhões de unidades vendidas na Europa. Tudo isso prova o quanto o repertório do homem moderno está hoje carregado de referências. Aproveite! ROBERTA COLTRO É CONSULTORA DE MODA, ESTILO E COMPORTAMENTO

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REVISITANDO O PASSADO DA MODA Nestes tempos de tantas instabilidades – no mundo todo, diga-se –, a moda volta-se para um movimento chamado Mania Vintage. Na linguagem fashion, isso significa peças com carinha de antigo. Numa visão mais profunda, a tradução é de um movimento que visa buscar referenciais com suportes estéticos já consagrados e perpetuados pelo tempo. Quem sabe é um convite ao contraponto à realidade instável ou a busca de um equilíbrio a tantas surpresas do dia a dia. O comportamento da moda reflete sempre os movimentos sociais. Mas na verdade, esta onda de misturar o novo com o que parece ou é de fato antigo pode ser um caminho bem inteligente de fugir da obviedade e reaproveitar ao máximo as peças antiguinhas do guarda-roupa. Quem não gosta? Quer entrar na onda Mania Vintage? Abuse de rendas, bordados, estampas, jacquards, tricôs e mais uma gama de tecidos e acessórios que mais parecem herdados de geração em geração. Para a turma que não gosta desta aparência retrô, aqui vão algumas dicas do que está em alta para o inverno sem seguir o vintage. Anote e adote somente se lhe favorecer: Plissados – saíram das saias longas do verão e entram em modelos mais estruturados com estampas bem fortes e recortes interessantes. Aposte em modelos com estampas de constelações de estrelas – que apareceu em praticamente todos os desfiles internacionais de pre-fall e inverno. As saias assimétricas – nem míni, nem mídi. Agora o que vinga são saias completamente desalinhadas na barra. Elas serão hit no nosso verão também. E a tendência é vesti-las com peças soltas, nada marcando o corpo. E acompanhadas de sapatos de saltos mais baixos e quadrados. Só mesmo para quem é muito magra e alta. O grunge ainda é muito influente nesta estação – sobreposições de jaquetas, camisas ou suéteres alongados com vestidos, calças cropped; são uma constante nas principais passarelas internacionais para este inverno. Abuse de jaquetas metalizadas misturadas a peças de alfaiataria. Dourados e pratas é só o que se vê em toda a Europa, berço das melhores tendências de estilo. Calças superamplas – sim, a modelagem das calças, mesmo as alfaiatarias, está em proporções ampliadas ao máximo. Pantalonas com sapatos fechados de bico arredondado e salto bloco ou quadrado são a opção certeira. Saltos tratorados continuam em voga em botas. E, por fim, a volta do sapato mule. Pois é… um modelo bastante polêmico. A proposta é sem salto, com ares masculinos. Para quem gosta, fica a dica.

Atenção: looks vintage tendem a deixar a aparência mais envelhecida. Para evitar este efeito, dê preferência para peças com bordados em tecidos mais casuais como em jeans, sarja e algodão. Aliás, jeans claros com bordados de flores coloridíssimos é só o que se vê no verão europeu! Abuse! Saias assimétricas podem deixar a silhueta mais longelínea quando acompanhada de bota de cano alto e blusa justa. Um casaco sobretudo acinturado complementa o look com elegância no inverno. Se você deseja uma calça de modelagem ampla, sempre opte por modelos com tecidos mais leves, pois estas deixarão o caimento mais solto, mais fluido. Permitindo que a silhueta fique longilínea, mesmo com os excessos. Em dias frios, pode acompanhar casacos pesados, quentinhos.

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mulheres que amamos SUA ESTILO ZAFFARI Nº 75 CHEGOU AO FIM. E PARA FINALIZAR A REVISTA COM ELEGÂNCIA, INTELIGÊNCIA, FORÇA E DELICADEZA, AQUI ESTÁ A SEÇÃO MULHERES QUE AMAMOS! PEGAMOS ESSE NOME “EMPRESTADO” DA REVISTA PLAYBOY, POIS NENHUMA OUTRA NOMENCLATURA PODERIA TRADUZIR MELHOR O CONTEÚDO DAS PÁGINAS QUE VOCÊ VAI LER A SEGUIR. AQUI REUNIMOS MULHERES ADMIRÁVEIS, NOTÁVEIS, INTERESSANTES, INDISPENSÁVEIS. MULHERES QUE DESPERTAM E MERECEM O NOSSO AMOR. NESTA EDIÇÃO, APRESENTAMOS DUAS JOVENS FORTES E DECIDIDAS,

USANDO SUA SENSIBILIDADE: ALESSANDRA VERNEY E IVA CARDINAL.

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FOTO: RODRIGO NEGRINI

QUE DIARIAMENTE ABREM CAMINHOS


Ela era estudante de Publicidade e Propaganda, na PUCRS, em Porto Alegre, quando a conheci, lá no final dos anos 1990. Uma menina ainda, com uma voz inesquecível, sempre interpretando repertórios impecáveis. Esta é a minha primeira e persistente memória de Alessandra Verney, que partiu de Santa Maria em 1993 com a sua arte, fez uma rápida passagem na capital gaúcha e, com todo merecimento, ganhou o País. Apesar de nunca deixar de cantar, ela tem estado cada vez mais nos palcos e nas telas, da TV e do cinema, também como atriz. E Alessandra já tem uma trajetória e tanto. É que além de talento ela tem em sua genética disciplina, dedicação e persistência. O aprendizado em música iniciou aos 7 anos, com aulas de violão. Foi uma criança cantarolante, como contam a mãe e as avós, e aos 17 anos venceu a timidez e assumiu querer ser cantora. Ainda em Santa Maria, enquanto ganhava experiência e encantava plateias, estudava canto. “Eu comecei a me apresentar em bares e lembro que na primeira vez, mesmo como amadora, já houve uma relação forte com o público. A felicidade que eu senti foi sem tamanho”, recorda a artista. Após um ano e meio fazendo shows, Alessandra pegou a mala e a cuia e se mudou para Porto Alegre, onde fez uma pequena temporada de espetáculos. O resultado foi o Prêmio Açorianos de Música como Artista Revelação, em 1994. A conquista teve tanta repercussão em sua vida que ela decidiu ir para o Rio de janeiro, que, na ocasião, era o grande polo da música. Uma vez em terras cariocas, seguiu com as aulas de canto, o que, aliás, faz até hoje. E foi neste ambiente de estudo que o seu novo rumo começou a se desenhar. Estreou no teatro em 1998, quando passou no teste para o musical “O Abre Alas”, sobre a vida da compositora Chiquinha Gonzaga, estrelado por Rosamaria Murtinho e dirigido por Charles Möeller e Claudio Botelho. E foi na virada do século que aconteceu o que Alessandra considera um divisor de águas em sua carreira: participou do musical “Cole Porter – Ele nunca disse que me amava”. A partir de então, os convites não pararam, inclusive para o cinema. Ela filmou, com Marco Nanini, o longa “Apolônio Brasil – Campeão da Alegria”, com direção de Hugo Carvana. Alguns anos depois, uma nova oportunidade marcante. “Em 2006, fiz o primeiro trabalho com um dos meus ídolos, Miguel Falabella, a convite dele: o musical

FOTO: LEO AVERSA

ALESSANDRA VERNEY

‘Império’ ”, revela a atriz e cantora, emocionando-se ao contar que o diretor já lhe proporcionou vários importantes desafios como atriz, no teatro e na TV, como em “Sexo e as Negas”, minissérie da Rede Globo exibida em 2015. Atualmente, Alessandra vive um momento que considera especialíssimo. É protagonista, ao lado de José Mayer, do musical “Kiss Me Kate – O Beijo da Megera”, a primeira montagem de um espetáculo de Cole Porter no Brasil. A atuação lhe rendeu o Prêmio Cesgranrio de Teatro, como Melhor Atriz em Musical; e uma indicação ao Prêmio Shell, na categoria Melhor Atriz. Em meio a essa colheita de reconhecimentos, o projeto para 2016, já em execução, tem a ver com o motivo que a levou ao Rio de Janeiro. Está gravando o primeiro EP solo, com composições próprias e algumas releituras. E ela promete: na turnê de lançamento virá ao Estado. A gente te espera, Alessandra. Quem já te conhece, sempre com saudade e admiração. Quem ainda não teve o prazer, feliz em saber que em breve poderá te aplaudir ao vivo. Bravo! POR DÓRIS FIALCOFF, JORNALISTA

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Não é missão fácil escrever sobre a Iva, pois além de ser minha amiga, é uma das pessoas mais incríveis que conheço. E ela está aqui, como Mulher que Amamos, por uma razão muito simples: ela ajuda diariamente outras mulheres a realizarem seus sonhos. A empresária de 41 anos, casada com o argentino Martín e mãe de Maria Clara e Benício, é o típico exemplo de supermulher, que se multiplica para dar conta das muitas tarefas a cumprir em casa e no trabalho. Atualmente residindo no Vale do Taquari, ela enfrenta a estrada todas as semanas para cumprir agenda em Porto Alegre, além das viagens de estudo e trabalho para outros estados e países. A inquieta leonina espelhou-se no pai e dele herdou o espírito empreendedor que marca sua personalidade. Estudou Administração de Empresas na Universidade de Santa Maria e mudou-se para Porto Alegre após a formatura, atuando em grandes empresas como Brahma, Ernst & Young e Neo Form. Após finalizar uma pós-graduação em Marketing na ESPM, decidiu realizar o desejo antigo de tirar um período sabático: passou sete meses longe do Brasil, dividindo-se entre Austrália, Inglaterra e França. Retornou cheia de ideias e experiências, afiada em inglês e francês – e pronta para abrir o próprio negócio. Foi aí que nasceu a IC Brasil, empresa que presta consultoria em estratégia e internacionalização para entidades como Sebrae e Fiergs. Não bastasse a já puxada jornada de trabalho como consultora, Iva sempre manteve projetos paralelos, atuando em diferentes ramos, como uma rede de estacionamentos e a já extinta marca de bolsas ecológicas Bag For Life – cujo sucesso alcançou as páginas da Vogue Brasil.

FOTO: YELISET CHAO

IVA CARDINAL

Mas seu projeto mais audacioso ainda estava por vir: foi uma das idealizadoras da Confraria do Batom, criada em 2009. O grupo nasceu inicialmente de uma brincadeira e da necessidade que ela e suas amigas tinham de se encontrar – a ideia era não somente de bater papo e se divertir, mas também aprender algo novo e crescer pessoal e profissionalmente. Nesse tempo a Confraria já recebeu mais de 3 mil mulheres em seus eventos, todos eles elaborados cuidadosamente e sempre dentro dos 4 pilares do grupo: beleza, bem-estar, independência financeira e sedução. A preocupação maior de Iva é inovar constantemente e trazer conteúdo de qualidade às “confrades”. Essa dedicação faz com que a Confraria do Batom cresça não somente em tamanho, mas também em qualidade dos eventos e abrangência. Os encontros, que aconteciam somente em Porto Alegre, agora se multiplicam em cidades como Lajeado e Gramado – e não devem parar por aí. Com seu grande coração e mente criativa, Iva faz a diferença na vida de muitas mulheres, ao motivá-las, uni-las e ajudá-las a criar fortes laços de amizade, parcerias de trabalho e crescimento pessoal. POR ANA GUERRA, JORNALISTA


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Palavra LU Í S

AU G U S TO

F I S C H E R

ONDE COMEÇA ISSO TUDO? Perplexidade, nojo, mal-estar, vontade de sumir. O prezado leitor, a gentil leitora escolher dessa lista o sentimento mais forte destes tempos. Que tempos! Tudo misturado, a ponto de não se conseguir enxergar a ponta do novelo. Quando começou isso tudo? Por certo que não foi no governo Dilma, nem Lula, nem FHC, nem Collor, nem no tempo da Ditadura Militar. Terá sido no tempo do Juscelino, aquele que endividou amplamente nosso país para construir Brasília? (Fez também estradas: até seu governo, o Brasil dispunha de um total de 4 mil quilômetros de estradas; nos cinco anos de seu governo, foram construídos outros 6 mil. Ditadura rodoviária é isso: em vez de trens para transporte barato de longa distância, carro, caminhão e ônibus.) Ou foi antes ainda, lá no tempo do Getúlio? Em todos esses governos e momentos históricos houve apropriação de fatias do dinheiro público para fins privados, uns com mais e outros com menos vergonha. Mas eu tenho recuado mais: para mim, a coisa vem mesmo é da Independência. Calcule comigo: pelas contas mais recentes, o Brasil das vésperas da Independência vivia uma relativa prosperidade, a ponto de historiadores afirmarem que o PIB brasileiro era equivalente ao PIB estadunidense naquele momento. Aí, um anjo torto do destino nos sacaneou. Bem naquela hora, quando esta região da América do Sul poderia virar um país pujante como eram os Estados Unidos pós-Independência, o que ocorreu? Uma esquisitice, que puxou tudo para trás. Em 1808, expulso por Napoleão lá da Europa, caiu sobre nós um aparelho de estado dos mais antigos – um rei absolutista, que trouxe consigo milhares de nobres inúteis e perdulários, que mamavam dos impostos tirados do império

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Estilo Zaffari

colonial português e que, agora vivendo aqui na América, continuaram a custar sem trabalhar. Bem, mas na independência ao menos o Brasil podia ter chutado essa gente embora, para inventar um governo que representasse os interesses dos produtores e da população do novo país. Só que não: o famoso 7 de setembro de 1822 foi protagonizado por D. Pedro, filho do rei de Portugal. E, como era de esperar, fez o que seu pai português esperaria: uma independência mais ou menos. Não sei se o prezado leitor e a gentil leitora sabem, mas merecem saber. Leio agora o mais recente – e muito bom de ler – livro de História do Brasil como uma narrativa ampla: Brasil: uma biografia (Cia. das Letras), de Lilia Schwarcz e Heloísa Starling: o Estado português exigiu indenização do Brasil. Uma grana sem fim. Que o Brasil pagou – adivinha como? Pedindo empréstimo para a Inglaterra. Mas não foi só: D. Pedro I aceitou convocar uma Assembleia Constituinte, para organizar o novo país. Mas a dissolveu na marra, impondo ele mesmo uma Constituição, que atribuía a ele mesmo o Poder Moderador, superior aos outros três. Éramos uma nação jovem, mas uma monarquia absolutista. A única monarquia nas Américas. Que durou até 1889! Isso só piora no capítulo seguinte: em 1831, o mesmo D. Pedro que assumiu aquela dívida descabida renuncia ao poder no Brasil, deixando seu filho menor de idade como herdeiro e – essa é inacreditável, mas verdadeira – retorna a Portugal para lá disputar a sucessão daquele país. Aquela confusão sacana de privado e público, sabe? Pois é. LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR


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