Revista Estilo Zaffari - Edição 35

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Ano 7 N 0 35 R$ 4,50

Clima de

festa! CEIA À BRASILEIRA QUATRO ESTILOS DE NATAL LOOKS FESTIVOS E MUITA ALEGRIA!

PRAIA E MAIS PRAIA: FERNANDO DE NORONHA, PONTA DOS GANCHOS E ILHA DO PAPAGAIO


Milene Leal milene@contextomkt.com.br

EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO REDAÇÃO Angela Farias, Beatriz Guimarães, Cris Berger, Milene Leal REVISÃO Flávio Dotti Cesa PROJETO GRÁFICO Odyr Bernardi DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade luciane@contextomkt.com.br ILUSTRAÇÕES Nik FOTOGRAFIA Angela Farias, Cris Berger, Cristiano Sant’Anna, Letícia Remião PRODUÇÃO DE ALIMENTOS Consuelo Fontella, Jorge Nascimento, Sandra Quadrado COLUNISTAS Fernando Lokschin, Luís Augusto Fischer, Martha Medeiros, Malu Coelho, Ruza Amon, Tetê Pacheco

EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS) COLABORADORES Livraria Cultura, Glauco Arnt, Graciela Caputti, Ponto de Antigüidades, Oca Moderna, Marina Porto Nassif, Idéia & Idéias, Arteplantas, Studio AD, Fabricário, Conte Freire, Refúgio Urbano

Izabella Boaz izabella@contextomkt.com.br

DIRETORA DE ATENDIMENTO DEPTO. DE ATENÇÃO AO LEITOR Renata Xavier Soares renata@contextomkt.com.br A revista Estilo Zaffari é uma publicação bimestral da Contexto Marketing Editorial Ltda., sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. Distribuição exclusiva nas lojas da rede Zaffari e Bourbon. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem prévia autorização e sem citação da fonte.

TIRAGEM 25.000 exemplares PRÉ-IMPRESSÃO Maredi IMPRESSÃO Pallotti

ENDEREÇO DA REDAÇÃO Rua Padre Chagas, 185/801– Porto Alegre/RS – Brasil – 90570-080 (51) 3395.2515 (51) 3395.2404 (51) 3395.1781 estilozaffari@contextomkt.com.br

CAPA: FOTO DE LETÍCIA REMIÃO




NOTA

DO

EDITOR

Feliz Natal!

Todo ano, quando começa o mês de novembro, parece que um feitiço acontece: o tempo passa a correr ainda mais rapidamente, os compromissos se sucedem em ritmo alucinante, as pessoas correm pra lá e pra cá em suas tarefas cotidianas e, de repente... boom! Já é Natal! Em 2005 não está sendo diferente, é claro. Mas para que você não corra o risco de chegar à noite de 24 de dezembro com a sensação de não ter conseguido pôr em prática seus planos de festa ou suas resoluções natalinas, nós preparamos uma Estilo Zaffari superespecial. Esta edição vai ajudar você a aproveitar de verdade o Natal, usufruir o clima gostoso de festa e confraternização, programar as comemorações, escolher o cardápio, preparar a casa e deixar o espírito natalino tomar conta da sua alma. Pra começar, pesquisamos como é o Natal nos diversos cantos do Brasil. E apresentamos receitas de pratos tradicionais nas ceias natalinas de várias regiões. Mesmo que você nem pense em comer Cabrito Ensopado, vai ser interessante conhecer essa iguaria, muito popular no Nordeste. Em seguida, montamos uma ceia completa com o tema “Natal brasileiro”. Do drink à sobremesa, você vai encontrar receitas deliciosas, preparadas com ingredientes típicos do nosso país. Em uma seqüência de páginas lindas, cheias de fotos, a Estilo Zaffari mostra quatro diferentes estilos de festas de Natal, especialmente criadas e produzidas para você se inspirar e montar a sua comemoração. Nossas festas têm os seguintes temas: Natal Florido, Natal High Tech, Natal Dourado e Natal Praiano. Um deles certamente vai combinar com o jeitinho da sua família e dos seus amigos. A revista ainda tem Natal espalhado pelas outras páginas, dicas de compras, decoração, enfeites e até uma reportagem de beleza ensinando como fazer uma produção caseira de cabelo e maquiagem dentro do estilo da sua festa. E depois temos verão. Muito verão. Nesta edição apresentamos três destinos de praia que vão fazer todo mundo sonhar com a viagem de férias. Fernando de Noronha, Ilha do Papagaio e Ponta dos Ganchos são lugares lindos, exuberantes, perfeitos para aproveitar o sol e o calor que vêm por aí. Então, divirta-se, comemore, abrace as pessoas que você ama, aproveite as vibrações deste final de 2005. Feliz Natal pra você! OS EDITORES


Correio CORRIGINDO UMA FALHA Prezada Milene: Gostaria de parabenizá-los pela qualidade cada vez maior da revista Estilo. A entrevista com Arnaldo Antunes está muito bacana, e gostei muito da interação que ele faz com minha pintura. Apenas senti falta de um pequeno crédito na lateral das fotografias, indicando a autoria da pintura em questão... Grata pela atenção,

O JAPÃO EMOCIONA Prezada Angela: Te escrevo para elogiar a forma como descreveste esta terra misteriosa, enigmática, moderna e com seus templos sagrados que é o Japão. Visitei os lugares em que tu foste: Miyojima, Hiroshima, Kyoto, Tokyo, Nasa... Tuas fotos são lindas. Passar por diferenças culturais tão grandes... Foi engraçado e constrangedor, não é mesmo? O tira e põe dos chinelos, sapatos. Abaixar a cabeça para cumprimentar. Não falar tintim de jeito algum, etc. Tu voltaste com uma bagagem cultural enriquecedora de lá, certamente. Parabéns pelo Prêmio de Excelência Gráfica, vocês merecem. A revista é “ALTO Estilo” Zaffari. A capa, a impressão e o papel são de 1ª mesmo! E parabéns a toda a equipe responsável por esta revista acontecer. Concordo com o leitor Luis Ventura, de Florianópolis: poderia ser vendida nas bancas, a fim de que todos possam lê-la. Eu tenho a sorte de morar na Cidade Baixa, com dois Zaffaris pertinho: o da Lima e Silva e o da Fernando Machado. Mando beijos e beijos, até a próxima. Esta é a 1ª cartinha que escrevo a vocês, e espero continuar a escrever, seja para elogiar, opinar, criticar, enfim: tudo. Bye, ADRIANA IZUNO – PORTO ALEGRE

A Angela Farias teve a gentileza de fazer chegar à redação da Estilo Zaffari esta cartinha tão querida, de uma leitora que tem fortes ligações com o Japão: é uma brasileira filha de japoneses, conheceu seu marido no Japão e tem uma filhinha linda chamada Nati. Hoje a Adriana Izuno mora em Porto Alegre e é uma admiradora da Estilo Zaffari. Adriana, obrigada por sua atenção ao escrever esta carta e nos enviar fotos tão lindas da sua família. Obrigada pelos elogios à Estilo e ao Zaffari, que nos deixaram superorgulhosos. Mais uma coisa: se vocês aprovaram a nossa edição temática sobre o Japão, então é sinal de que fizemos um bom trabalho! Que legal! Um abração de toda a equipe.

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Estilo Zaffari

MARILICE CORONA – PORTO ALEGRE

Falha nossa, Marilice! Seu crédito realmente não constou, o que é uma injustiça, pois as obras contribuíram grandemente para o resultado final das fotos de Arnaldo Antunes. E, além disso, suas pinturas são muito lindas e diferenciadas. Para nos redimirmos não somente com você, mas com os leitores da Estilo, que merecem conhecer um trabalho dessa qualidade, estamos publicando uma notinha na seção Cesta Básica dessa edição. Tomara que desta vez façamos jus ao seu talento! Abraço.

PELOTAS QUER A ESTILO Gostaria de saber da possibilidade de fazer uma assinatura da revista Estilo Zaffari, pois gosto muito das reportagens e do estilo... O nome já diz tudo. Sou de Pelotas e ainda não fomos privilegiados com um Zaffari, e nem sempre se vai a Porto Alegre para conseguir. Obrigada pela atenção. Agradeço e continuem fazendo sucesso. NEUSA MARIA KUHN – PELOTAS

Neusa, você tem razão. Pelotas há tempo pede um Zaffari... Bem, se não podemos atender de imediato a esta justa solicitação, podemos ao menos auxiliar você no que diz respeito à nossa Estilo Zaffari. A Renata Soares, responsável pelo Atendimento ao Leitor, vai entrar em contato com você para apresentar algumas alternativas, já que não há um sistema formal de assinatura da revista, ok? Muito obrigado pela sua atenção e pelo seu e-mail tão querido. E não desista da gente, por favor!


INTERCÂMBIO AUSTRÁLIA-BRASIL Querido time Zaffari Já faz mais de um ano, na revista número 28, do mês de agosto de 2004, que minha carta foi publicada! Desde então eu perdi contato com vocês. Acabei de voltar de uma viagem a Porto Alegre e pela primeira vez li minha carta e pude pegar todos os exemplares passados com a minha irmã, a Mirna! A revista continua linda e, como prometido, aqui vão uns exemplares internacionais! Com muito carinho. MAIRA WIDHOLZER – SYDNEY – AUSTRÁLIA

Estamos mais do que lisonjeados, estamos comovidos com o seu carinho e suas atenções, Maira. Foi uma delícia receber um envelope todo colorido, com belas imagens da Austrália, e dentro dele encontrar exemplares de maravilhosas revistas editadas aí no país onde você vive. Que gesto delicado, que honra sentimos em tê-la como leitora da nossa Estilo Zaffari. Esperamos que desta vez o contato não se perca, que possamos trocar mais idéias a respeito desse ramo que tanto nos fascina (e pelo jeito a você também): as revistas. Muitíssimo obrigado pelas edições que você nos enviou. Elas são referências extremamente úteis e já estão circulando entre nossa equipe. Um grande abraço dos amigos da Estilo Zaffari!

UMA FÃ MINEIRA Prezada Izabella Sou apaixonada pela revista Estilo Zaffari e adoraria assiná-la, mas moro em Uberlândia/Minas Gerais. Aguardo informações. Grata, ANA ALICE – UBERLÂNDIA – MINAS GERAIS

Oi, Ana Alice, adoramos receber o seu email. É ótimo saber que a Estilo Zaffari atravessa fronteiras! Em relação à assinatura da revista, nós ainda não temos um sistema implantado para atender todo o país. Mas oferecemos algumas alternativas para que os leitores que não moram nas cidades onde a Cia. Zaffari tem loja possam receber a Estilo. A Renata, responsável pelo Atendimento ao Leitor, vai entrar em contato para explicar tudo a você, ok? Um abraço!


Í N D I C E 15

Cesta Básica

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Coluna: Consumo

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Beleza: Produza-se para o Natal

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O Sabor e o Saber

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Perfil: Camila Morgado

Ceia de Natal à

106 Coluna: Gauchismos

brasileira Do drink à sobremesa, um jantar com ingredientes e sabores nacionais

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Praia e mais praia: Fernando de Noronha, Ponta dos Ganchos e Ilha do Papagaio

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4 ESTILOS DE NATAL E UMA SÓ INTENÇÃO: COMEMORAR COM MUITA ALEGRIA! 42


Cotidiano MARTHA MEDEIR OS

SEM OLHAR PRA TRÁS Não tenho saudades nem de um minuto atrás Muitas vezes acontece de crônicas, romances e poemas terminarem com a indefectível frase: “Saudades de mim”. E nem precisa ser literatura: é comum acontecer de, num simples bate-papo, a gente fazer este desabafo, principalmente quando chega o final do ano, que é quando estamos mais emotivos e mais propensos a fazer balanços de vida. Será que eu já escrevi isso alguma vez, que sinto saudades de mim? Devo ter cometido, eu também, esta pequena dramatização, somos todos reincidentes nos clichês. Mas, olha, sinceramente, não sinto, não. Lembro de uma menina que se sentia uma estranha na sala de aula. Que adorava tomar lanche à tarde nas Lojas Americanas e no Zaffari da Bordini. Que ficava esperando ser tirada pra dançar nas reuniões dançantes, e quando acontecia, que êxtase! Na vez em que foi tirada pelo garoto de quem ela era a fim (e ele a apertou mais do que os bons modos permitiam), os pais da menina chegaram justo naquela hora para buscá-la, sua primeira grande frustração. Lembro do primeiro beijo da menina, ela completamente nervosa. Lembro da menina já grande, em seu primeiro estágio, iniciando vida profissional. Lembro da menina agindo como adulta, indo morar fora do país. Lembro da menina voltando, sem resquícios da menina que havia sido. Saudades dela? Afeto por ela. Saudades eu tenho de nada. Não voltaria um único dia na minha vida, e lem-

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branças boas é o que não me falta. Não voltaria à infância – mesmo nunca mais tendo sentido tanto orgulho de mim quanto senti no dia em que ganhei minha primeira bicicleta sem rodinhas auxiliares, aos 6 anos, e saí pedalando com a maior autonomia, abrindo mão de qualquer ajuda, já no primeiro minuto. Não voltaria à adolescência, quando fiz minhas primeiras viagens sozinha com as amigas e aprendi um pouquinho mais sobre quem eu era – e sobre quem eu não era. Não voltaria ao dia em que minhas filhas nasceram, que foram os dias mais felizes da minha vida, de uma felicidade inédita porque dali por diante haveria alguma mutilação na liberdade que eu tanto prezava, mas, por outro lado, experimentaria um amor que eu nem sonhava que podia ser tão intenso. Não voltaria ao dia de ontem – e ontem eu era mais jovem do que hoje, ontem eu era mais romântica do que hoje, ontem eu nem tinha pensado em escrever esta crônica, ontem faz mil anos. Não tenho saudades de mim com menos celulite, não tenho saudades de mim mais sonhadora. Não voltaria no tempo para consertar meus erros, não voltaria para a inocência que eu tinha – e tenho ainda. Terei saudades da ingenuidade que nunca perdi? Não tenho saudades nem de um minuto atrás. Tudo o que eu fui prossegue em mim. MARTHA MEDEIROS É ESCRITORA




Cesta básica

NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA-A-DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MÚSICA, CINEMA, LUGARES, OBJETOS ESPECIAIS, COMIDINHAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO!

Três destinos Para fechar 2005 em grande estilo preparamos uma exposição com fotos de Cris Berger sobre três irresistíveis destinos brasileiros: Fernando de Noronha, Ilha do P apagaio e P onta dos Ganchos. Papagaio Ponta Belas imagens que podem ser vistas em duas reportagens desta edição da Estilo Zaffari. As fotos de Cris também são a base de um calendário de mesa 2006, criado com a parceria da Cathedral Digital e da Dez Propaganda Propaganda.. Não perca a exposição: Shopping Bourbon Country Country, de 7 a 25 de dezembro, em frente à Livraria Cultura Cultura, no segundo piso. O lançamento da exposição e do calendário aconteceu no novo Joe & Leo’s do Bourbon.

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Perigo! Perigo! A década de 60 é considerada por especialistas como a era de ouro da televisão mundial. E foi também nessa época que começaram as primeiras incursões em busca da conquista do espaço sideral. O assunto mexeu tanto com as pessoas que logo começaram a surgir roteiros em função do tema, gerando seriados de sucesso como Perdidos no Espaço (Lost in Space). Criada por Irwin Allen Allen, a série narra as aventuras da família Robinson Robinson, liderada pelo Professor John e sua esposa, Doutora Maurren Maurren. No “longínquo” futuro de 1997, sua missão é colonizar o fictício planeta Alpha Centaury Centaury, devido ao perigoso excesso de população na Terra. A força inimiga fica por conta do maléfico Dr Dr.. Smith Smith, que sabota os planos da família Robinson no dia do lançamento de sua nave, tirandoa da rota. Para combatê-lo, contam com a ajuda do moderno – para a época – Robô B9 B9, que imortalizou o grito “Perigo! Perigo! ”. Com um total de 83 episódios, produzidos entre 1965 e 1968, a série está de volta em DVD, dividida em três temporadas. Se você sempre sonhou em viajar no tempo, essa é a oportunidade perfeita, mesmo que seja para voltar ao passado, a uma época em que a conquista do espaço era apenas argumento para uma série de TV. À venda na Livraria Cultura do Bourbon Country Country,, fone (51) 3028.4033

OÁSIS DE CRIATIVIDADE, IDÉIAS E BOM GOSTO

PAULA TAITELBAUM, ESCRITORA

RAFAEL TRINDADE, JORNALISTA

FOTOS: CRISTIANO SANT’ANNA

Fabricário é mais do que loja, é sonho (de consumo). Uma concentração de bom gosto elevado ao cubo que enche os olhos e faz a gente ter vontade de morar ali mesmo, naqueles mais de duzentos metros quadrados. É por isso que, se por acaso você quiser me dar um presente de Natal, por favor, vá lá. Tem móveis bacanas pra casa e pro jardim. Tem almofadas pra abraçar e enfeitar. Tem louças, luminárias, cerâmicas, cestarias, linha de cama e mesa. E ainda roupas e bijus transadas. Tudo muito, mas muito querido, fofo, delicado... Fabricário é fruto de uma parceria entre Lúcia Reis – que também projetou o espaço – e Ana Terra. Fica aberta de segunda a sábado das 10h às 22h e, a partir de dezembro, também vai ter uma cafeteria. É na Nilópolis, 179 (Porto Alegre).



Cesta básica

A Refúgio Urbano, uma das lojas mais cheias de personalidade e charme de Porto Alegre, acaba de completar três anos. Especialistas em garimpar objetos tipicamente brasileiros, peças artesanais da mais alta qualidade e preciosidades produzidas pelo país afora, Anete e Aninha Carrard, donas da Refúgio, estão agora com a loja repleta de lindos produtos natalinos. As renas de tecido que aparecem na foto abaixo são uma amostra das maravilhas de Natal que você encontra na Refúgio Urbano. Tem também presépio, Papai Noel, estrelas e todos os tradicionais ícones natalinos, em releituras criativas e materiais superdiferentes. Passe lá: Av. Benjamin Constant, 1551, fone (51) 3022.8099.

MILENE LEAL, JORNALISTA

FOTOS: CRISTIANO SANT’ANNA

Peças artesanais

NATAL E DECORAÇÃO NA SER E ESTAR Na Ser e Estar também é época de comemorar aniversário. São os 20 anos da loja, que aproveita a data para lançar uma novidade: vários arquitetos e decoradores foram chamados para compor ambientes dentro da Ser e Estar, segundo temas diversos. Um desses temas é o Natal. A loja tem objetos, enfeites, utilidades, acessórios e móveis para deixar qualquer casa linda no Natal. E não deixe de conferir os ambientes criados pelos profissionais Carina Fraeb, Dall’agnol Jr., Elisabete Valduga e Cristina Schneider, Fernando Eckart, Francisco Pinto e Valéria Ferreira, Ivan Andrade, Izamara Gioda, Jandora Jakobson, Ligia Bergamaschi Botta, Lívia Bortoncello, Maria Christina Rinaldi, Maria do Carmo Fabrício, Mário Englert e Regina Schuch. É um time e tanto! A loja fica na Mostardeiro, 189 (Porto Alegre), fone (51) 3222.5115.

M. L., JORNALISTA



Cesta básica FOTO: CRISTIANO SANT’ANNA

Hamburgers com muito estilo

LIS FONSECA E SEUS “ESPECIAIS DE NATAL” A artista gaúcha do Sugarcraft, Lis Fonseca, criou vários bolos e minibolos especiais para o Natal 2005. Modeladas minuciosamente e preparadas com ingredientes deliciosos, as criações de Lis são decoradas com figuras como o Papai Noel, a mesa da ceia e até um coralzinho, como no bolo da foto abaixo. Uma idéia linda para presentear os amigos no Natal. Tudo é feito sob encomenda e tem que ser pedido com antecedência. Fone (51) 3024.5222, e-mail lis@lisfonseca.com.br.

Os porto-alegrenses contam com um novo e charmoso endereço para apreciar a mais famosa iguaria da culinária norte-americana. A já consagrada grife Joe & Leo’s inaugurou em setembro seu restaurante na capital gaúcha, no segundo piso do Bourbon Shopping Country. A filial segue a proposta das demais lojas da rede: ambiente ao mesmo tempo requintado e descontraído – misto de bar e restaurante –, inspirado nos esportes norte-americanos das décadas de 30, 40 e 50, como baseball, rugby, golfe, basquete e pólo. Longe do conceito de fast-food, a rede busca a qualidade e o sabor nos seus pratos, com um cardápio variado que inclui desde os clássicos até os mais inusitados e originais hambúrgueres, além de pizzas artesanais crocantes com massa finíssima, fantásticas sobremesas e outras delícias. Os sabores e o ambiente diferenciado do Joe & Leo’s fazem deste local o ponto de encontro para os apreciadores da autêntica culinária ianque. Rua Túlio de Rose, 80 – 2º andar, fones (51) 3362.6297 ou 3362.6373. FOTO: GLAUCO ARNT

RAFAEL BECK, JORNALISTA

MILENE LEAL, JORNALISTA



Cesta básica FOTO: CRISTIANO SANT’ANNA

Formas e cores A mistura de cores, formas e materiais é a proposta da nova linha da Coza, a Mesa Mix. Divertida, alegre e versátil, a linha tem uma infinidade de peças com formas orgânicas e lindas cores, muitas cores. Você pode inventar combinações ou descombinar tudo, misturar à vontade o roxo com o verde, com o rosa, com o azul, com o branco... Sua mesa fica personalizada, movimentada, descontraída. A Coza Mesa Mix tem pratos, tigelas, xícaras e travessas de vários tamanhos, que funcionam bem sozinhos ou em sobreposições e parcerias. Liberdade é a palavra que resume essa linha. Todas as peças são em plástico, matéria-prima que a Coza utiliza com maestria e alta qualidade.

O MUNDO DE SONHO DE MARILICE CORONA Se você ainda não conhece o trabalho da artista plástica Marilice Corona, não sabe o que está perdendo. Doutoranda em Poéticas Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS, Marilice inverte e inventa, mergulha e mistura. Suas pinturas são profundas no sentido mais pleno da palavra. Na obra intitulada (In)Versões em Branco, de 2005, por exemplo, que faz parte da sua pesquisa de doutorado, o espectador é levado a um mundo monocromático, frio, de sutileza dos tons e suavidade de sombras. Há realismo nas imagens, mas um realismo mágico. O olho vê, mas não tem certeza. A pele arrepia e nem sabe por quê. Talvez porque Marilice nos coloque frente a frente com nossos sonhos (ou seriam pesadelos?). Não é à toa que ela acaba de ser selecionada para uma exposição individual na Galeria Arlinda Corrêa Lima, no Palácio das Artes em Belo Horizonte.

MILENE LEAL, JORNALISTALISTA

FOTO: LETÍCIA REMIÃO

PAULA TAITELBAUM, ESCRITORA



Consumo TETÊ PACHECO

19079 Uma corrida a favor de mim mesma Enormes painéis de rua, em SP, anunciavam a Nike 10K. Uma corrida festiva que aconteceria ao mesmo tempo em sete cidades da América Latina. Ao todo seriam 80 mil corredores. Só em SP, 20 mil. Ao se inscrever as pessoas diziam os motivos pelos quais queriam correr. Durante o tempo que antecedeu a prova, a Nike espalhou os motivos pelas ruas, em painéis corde-laranja. “Estou correndo porque: não resisto a pastel de feira”, “Estou correndo porque: minha cintura está em formato de barril” e por aí vai. A cidade inteira ficou tomada por esse espírito esportivobaladeiro. A impressão que dava era a de que “todo mundo” estaria lá. E tudo isso ainda aconteceria numa data significativa pra mim: meu aniversário. Pensei que aquele era o símbolo perfeito. Não é todo dia que acontece um evento desses bem no dia do seu aniversário. E este estava acontecendo apenas para me lembrar que era hora de fazer umas mudanças. Eu andava precisando tomar uma série de medidas objetivas. Correr a Nike 10K (10 km) seria a mãe de todas as medidas. O desafio que puxaria um trem de novas e necessárias superações. Estava tudo certo, exceto por um detalhezinho: eu jamais corri 1 quilômetro sequer. Opa. Mas dois meses estavam pela frente, por que não tentar? Me inscrevi. Meu motivo: “Estou correndo porque é meu aniversário”. A mensagem subliminar, imaginava eu, todos compreenderiam. Ah, ela está correndo para uma nova vida. Está correndo pra ganhar do tempo, correndo do Lula, do Bush e dos terroristas, correndo dos Katrinas e das idéias tortas, correndo da pobreza de espírito, da falta de humor. Lá vai ela, correndo pra não ficar parada. E me atirei nos treinos. Musculação, caminhadas e corridas diárias. Isso ao mesmo tempo em que me divido num trabalho entre o Rio e São Paulo, dois filhos pequenos e mais todas aquelas tarefas que fazem das mulheres modernas verdadeiras Joaquim Cruz. Exímias Fernandas Keller da vida doméstica. O tempo, melhor corredor de todos, foi passando. E eu já corria incríveis 5 minutos, cerca de 1 km, na esteira. Óbvio

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Estilo Zaffari

que nunca imaginei ganhar a corrida. A grande vitória, simbólica, seria completar o percurso. Só isso. Do dia pra noite, talvez em função do desgaste físico associado ao stress, caí de cama. Dias se passaram sem que eu conseguisse mover um braço, imagine o corpo inteiro. A tal da virose bateu lá em casa como um furacão. Primeiro eu, depois meu filho mais velho, o mais moço e, por fim, a babá. Faltavam 20 dias para a prova. E o desânimo começou a me ganhar. Não conseguia mais nem uma hora por dia para treinar. Fui me sentindo cada vez mais despreparada e isso me atormentava de uma forma insuportável. Fui pegar o Kit (camiseta, chip, pulseira numerada) e ficava olhando pra ele diariamente. Na camiseta cor-de-laranja, o número 19079 parecia fluorescente. Era tudo que eu via: 19079. Foi quando realmente acredito ter vencido essa prova. Percebi que a corrida estava lá pra me mostrar outra coisa. A meta é boa, o desafio também. Mas metas e desafios e superações são provações diárias, não têm reta de chegada. Não têm fim. E o melhor treino para de fato conseguir resultados interessantes na vida é saber quando você tem que se exigir e quando você tem que se acolher na sua incapacidade. Reconhecer a própria incapacidade não torna ninguém perdedor. Pelo contrário, nos torna mais sábios, menos cruéis com a gente mesmo. E menos arrogantes. Decidi não correr a Nike 10K um dia antes da prova. Assumir que eu não posso tudo foi o melhor presente de aniversário que eu poderia me dar. Acredite, isso não é óbvio. Estabelecemos “Nikes10K” o tempo inteiro na vida. E nos frustramos com os resultados permanentemente. Amanheci no dia da prova olhando para o número 19079, estampado na camiseta. Pensei num enorme painel de rua com a frase: “Não estou correndo porque: é meu aniversário”. A grande corrida é a gente contra ou a favor da gente mesmo.

TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA



Sabor

O Natal no

Brasil T E X TO S B E AT R I Z G U I M A R Ã E S I LU S T R A Ç Õ E S N I K F OTO S L E T Í C I A R E M I Ã O



Sabor

NO BRASIL, NATAL TEM QUE TER FRUTAS FRESCAS O Natal brasileiro tem o cheiro das frutas que chegam em dezembro: pêssegos aveludados, amarelos, rosados, melões alaranjados, abacaxis suculentos, ameixas vermelhas e amarelas, manga-espada, jabuticabas, pitangas e as doces uvas pretas que aparecem anunciando mais uma nova estação. O Natal tem a cor do começo de verão, céu estrelado, tardes longas e anoitecer lento. Correria de gente escolhendo presentes, arrumando árvores, planejando a comemoração. O Natal tem a música dos corais, que cantam aqui e ali, anunciando a chegada das festas. É na véspera de Natal que se pode sentir o perfume dos assados – que começam cedinho a ser preparados –, o cheiro das ervas frescas, do vinho e dos temperos que acompanham o preparo lento das iguarias. Esses aromas se espalham pelas casas, anunciando as delícias que serão oferecidas à noite. Corre-corre na cozinha, na elaboração de pratos e surpresas. Crianças correndo em volta, provando aqui e ali, antes da hora, os doces da festa natalina. Natal é encontro das famílias, dos que se amam, dos amigos, das crianças e dos visitantes que vêm de longe para celebrar a grande festa. Natal é a porta aberta para receber a alegria e a felicidade, que devem ser parte das nossas vidas o ano inteiro. As origens Até o século 4, o Natal era comemorado no dia 6 de janeiro, e chamado de Epifania. Depois a data foi mudada para o dia 25 de dezembro, em razão do solstício e para não coincidir com as festas pagãs. Assim, em Portugal, e depois no Brasil, havia uma longa tradição de comemorações que se iniciavam no dia 25 de dezembro e iam até o Dia de Reis, 6 de janeiro. Por isso alguns o chamavam de “As Festas das 12 Noites”, quando peregrinos e devotos saíam para anunciar o nascimento do menino Jesus, visitando casas, cantando e sendo recebidos pela vizinhança. As origens do Natal no Brasil estão fortemente ligadas à tradição portuguesa, que trouxe suas festas populares para cá, produzindo uma cultura rica e de coloração própria. Assim, antigamente a Missa do Galo, os presé-

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pios vivos, o Terno de Reis, a Chegança, representada pela luta entre cristãos e mouros, o Reisado, celebrando os reis magos, a Lapinha, quando as pessoas cantavam em frente ao presépio, a Marujada, dança de mulheres acompanhada por homens tocando viola, rabeca e violino, formavam um conjunto de festas, jogos, teatro, sortes e danças que se espalharam por todo o país. Em pequenas comunidades no interior do Brasil, ainda são celebradas algumas dessas festas tradicionais. Hoje, no Rio Grande do Sul, temos as missas, os corais, mas principalmente o Natal Luz, que cada vez mais atrai pessoas à região da Serra para apreciar os efeitos maravilhosos das luzes natalinas. Paixão Côrtes e os Ternos de Reis Antigamente, no sul, em especial nas áreas de colonização açoriana, predominavam os Ternos de Reis. No litoral, na Lagoa dos Patos e regiões ribeirinhas esses Ternos foram muito populares e eram parte das festas de Natal e Ano Novo. Paixão Côrtes, o grande estudioso das tradições gaúchas, relata sua experiência em Maquiné, próximo a Osório, por volta de 1950: “O silêncio do alvorecer, embalado pelo sussurro da Sanga Funda e do canto da mata, quebrou-se. Era uma música estranha, com sabor de cantochão, que se misturava ao perfume silvestre do meu colchão de pasto e ao aroma gostoso de um travesseiro de marcela. Vozes ásperas, como de quem trabalha na enxada, mas afinadas como batidas de araponga, cantavam assim: ‘Agora mesmo cheguemo Na beira do seu terrero Para tocá e cantá Licença peço premero Acordai se estás dormindo Neste sono tão profundo Nós andamos festejando Ano novo neste mundo’


E BEBIDA BEM GELADA Assim, ouvi pela primeira vez um autêntico Terno. Fiquei fascinado pela beleza rústica da maneira de cantar e o profundo sentimento cristão que brotava dos corações daqueles homens simples do litoral, a cada verso que lhes vinha à boca.” (Em “O Natal Gaúcho e os Santos Reses”, 1982, IGTF.) As festas pelo Brasil Não importa a classe social ou região: os brasileiros gostam mesmo de mesa farta com muitos salgados, doces e bebidas. Nas últimas décadas o peru tornou-se bastante popular nas ceias de Natal, talvez pela facilidade de prepará-lo, já que vem temperado e pronto para assar. De origem mexicana, o peru foi levado para a Europa, adotado pela Inglaterra e depois se espalhou pelo resto do mundo. Mas também nunca deixou de aparecer nas mesas natalinas brasileiras o leitão assado inteiro, ou o leitão a pururuca, com a pele crocante, assim como o pernil e o lombo de porco, já que esta carne é muito apreciada no Brasil. Por todo o país o bacalhau também é a escolha de primeira linha, assim como em Portugal. Em algumas regiões do Nordeste, além do porco e do bacalhau, igualmente se prepara o cabrito ensopado. Em Goiás, as galinhadas fazem parte do cardápio. Os doces de Natal também são abundantes. Antes, as rabanadas, os doces de frutas, bolos de nozes; hoje, as tortas de frutas secas e os panetones, que nunca faltam. Quanto às bebidas, predominam os espumantes da Serra gaúcha, considerados excelentes e que têm sido premiados e elogiados em vários países. Assim, nada melhor do que uma bebida refrescante e estimulante para o nosso clima. Os espumantes são perfeitos para celebrar com a família e com os amigos o Natal e o Ano Novo, com desejos de muita alegria e felicidade.

NAS DUAS PRÓXIMAS PÁGINAS, VEJA ALGUMAS RECEITAS DE PRATOS NATALINOS BEM BRASILEIROS, PESQUISADOS POR BEATRIZ GUIMARÃES NO FOLCLORE DE VÁRIAS REGIÕES DO PAÍS.


Sabor Leitão Assado

Cabrito Ensopado

A CARNE DE PORCO É APRECIADÍSSIMA EM TODO O PAÍS E APRESENTA INÚMERAS RECEITAS E PREPAROS. A TRADIÇÃO CULINÁRIA INCLUI DESDE O LOMBO, O PERNIL, O JOELHO E O OSSOBUCO ATÉ O CLÁSSICO LEITÃO ASSADO. ANTIGAMENTE, NA ÉPOCA DO NATAL, AS PESSOAS LEVAVAM O LEITÃO PARA ASSAR NAS PADARIAS.

O CABRITO TEM UMA CARNE EXCELENTE, NUTRITIVA, SABOROSA E MUITO POPULAR NO NORDESTE E NO SUDESTE DO PAÍS.

1 LEITÃO DE 3 KG, OU POUCO MAIS VINHA D’ALHO

1 KG DE CABRITO CORTADO EM PEDAÇOS (PARTE TRASEIRA E COSTELAS) 1 COLHER (SOPA) DE TOUCINHO OU BACON PICADO

1 LIMÃO 2 COLHERES (SOPA) DE AZEITE VINHA D’ALHO 1 CEBOLA PICADA 1 CABEÇA DE ALHO AMASSADO 2 DENTES DE ALHO PICADO 3 A 4 COLHERES (SOPA) DE AZEITE ½ GARRAFA DE VINHO TINTO SECO SAL GROSSO 2 A 3 COPOS DE VINHO BRANCO SECO

2 TOMATES SEM PELE E SEM SEMENTES PICADOS

FOLHAS DE SÁLVIA, LOURO E TOMILHO

SAL

Modo de fazer: Deixe o leitão por 1 ou 2 horas mergulhado em água e limão para deixar a carne limpa. Descarte este líquido e ponha então o leitão na vinha d’alho em vasilha bem grande, misturando bem os temperos na carne. Deixe na geladeira por umas 15 horas, virando umas 4 vezes para temperar bem o leitão. Em fôrma adequada, coloque o leitão, a vinha d’alho e cubra bem com papel-alumínio. Asse em forno grande, pré-aquecido (200ºC) por 20 minutos, então abaixe um pouco a temperatura e deixe por umas 2 a 3 horas, virando o leitão de lado na metade deste tempo. Depois disso, retire o alumínio e coe todo o suco do cozimento, passando por uma peneira fina. Leve este líquido ao congelador para que a gordura fique separada e possa ser descartada. Retorne o leitão ao forno e aumente a temperatura (280ºC), para que a carne fique dourada e crocante, por uns 15 ou 20 minutos. Retire o molho do congelador e descarte a gordura que ficou por cima. Numa panela, reduza o molho e acrescente mais vinho, se for necessário, e corrija os temperos.

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1 COLHER DE SALSINHA PICADA 1 COLHER DE CEBOLINHA PICADA 1 FOLHA DE LOURO Modo de fazer: Numa panela de barro, ou de ferro, doure o toucinho no azeite, acrescente a cebola, deixe pegar uma cor e adicione o alho, o louro e a carne de cabrito. Em seguida ponha o vinho, abaixe o fogo e tampe a panela. Mexa de vez em quando e acrescente mais vinho, ou água quente, se for necessário. Quando a carne estiver quase macia, ponha os tomates e o sal. Deixe cozinhar bem em fogo baixo, e antes de desligar ponha a salsinha e a cebolinha.


Paleta de Cordeiro Assada em Vinho Tinto PALETA DE CORDEIRO ASSADA EM VINHO TINTO. O RIO GRANDE DO SUL POSSUI UMA CARNE DE CORDEIRO EXCELENTE. ALÉM DE BARATA, É SABOROSÍSSIMA, E VAI MUITO BEM NA CHURRASQUEIRA TAMBÉM. AQUI, APRESENTAMOS UMA VERSÃO FÁCIL E MUITO GOSTOSA, FEITA NO FORNO.

1 PALETA DE CORDEIRO ½ GARRAFA DE VINHO TINTO SECO 2 CEBOLAS CORTADAS EM 4 1 CENOURA EM RODELAS 3 TOMATES CORTADOS AO MEIO 3 DENTES DE ALHO

Rabanadas TRAZIDAS PELOS PORTUGUESES, TAMBÉM CHAMADAS DE FATIAS DOURADAS, AS RABANADAS SÃO MUITO APRECIADAS NO NORDESTE BRASILEIRO, MAS PRINCIPALMENTE NO RIO DE JANEIRO, ONDE NÃO PODEM FALTAR NA MESA NATALINA.

10 FATIAS DE PÃO DORMIDO (FIRMES) 250 ML (1 COPO) DE LEITE 4 OU 5 OVOS 1 PITADA DE SAL 4 OU 5 COLHERES (SOPA) DE AÇÚCAR 1 COLHER (SOPA) DE CANELA EM PÓ ÓLEO PARA FRITAR

SAL GROSSO 2 COLHERES (SOPA) DE AZEITE Modo de fazer: Tempere bem a carne e ponha em fôrma grande junto com os demais ingredientes. Cubra com folha de alumínio duas vezes. Asse em forno baixo por umas 3 horas e meia. Retire o alumínio e cheque o cozimento. Deve ficar bem macia. Sirva morna acompanhada do molho.

Modo de fazer: Bata os ovos com uma pitada de sal e reserve. Em outra vasilha ponha o leite. Leve uma frigideira ao fogo, acrescente o óleo e deixe aquecer bem. Mergulhe as fatias de pão no leite e em seguida leve-as para banhar nos ovos, cobrindo bem o pão. Frite as fatias até ficarem douradas, então as retire da frigideira com uma escumadeira. Assim que estiverem prontas, polvilhe com o açúcar e canela. As rabanadas podem ser servidas imediatamente ou frias.

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Sabor

Ceia de Natal à brasileira A SEGUIR, APRESENTAMOS UMA CEIA COMPLETA, CRIADA PELO TRIO DE CHEFS CONSUELO FONTELLA, JORGE NASCIMENTO E SANDRA QUADRADO. DO DRINK À SOBREMESA, PRATOS QUE UTILIZAM INGREDIENTES BRASILEIROS E QUE COMBINAM COM O CLIMA QUENTE DO NOSSO NATAL – SEM DEIXAR DE LADO A TRADIÇÃO.

Drinks Coquetel de Maracujá

Drink Brasileirinho

1 DOSE DE CACHAÇA

1 DOSE DE CACHAÇA (50 ML)

½ DOSE DE SUCO DE MARACUJÁ

6 FOLHAS DE GELATINA INCOLOR

1 COLHER (CHÁ) DE AÇÚCAR DE BAUNILHA

SUCO DE 1 LIMÃO GRANDE

1 FATIA FINA DE PIMENTA VERMELHA

AÇÚCAR (A GOSTO) CORANTE VERDE (A GOSTO)

Modo de fazer: Macerar a pimenta com o açúcar de baunilha. Acrescentar o suco de maracujá concentrado. Agitar em coqueteleira com gelo. Servir em copo dry martini decorado com sementes de maracujá.

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Modo de fazer: Dissolva 6 folhas de gelatina em uma xícara de água fervendo. Coloque cachaça e açúcar, e suco de limão a gosto. Acrescente corante alimentício verde. Gele. Depois de gelada, corte a gelatina em quadrados grossos, passe no açúcar refinado e sirva. Decore o copo com fatias de carambola.



Sabor


Entradas Sopa Fria de Tomates com Crustáceos

Salada de Bacalhau com Laranjas

2 LATAS DE TOMATES PELADOS

500 G DE BACALHAU DESSALGADO EM LASCAS

2 TALOS DE ALHO-PORÓ CORTADOS EM RODELAS 4 LARANJAS MADURAS 10 ML DE ÓLEO DE GERGELIM TOSTADO 3 MOLHOS DE RÚCULA BABY 1 DENTE DE ALHO ESMAGADO 2 ALFACES AMERICANAS 400 G DE CAMARÃO GRANDE CRU 100 ML DE AZEITE DE OLIVA EXTRAVIRGEM ¼ DE MOLHO DE FOLHAS DE COENTRO

¼ DE MOLHO DE FOLHAS DE COENTRO 1 MOLHO DE CEBOLINHA TEMPERO CORTADA MIÚDA

50 ML DE ACETO BALSÂMICO 200 G DE PALMITO PUPUNHA SAL 150 ML DE AZEITE DE OLIVA PIMENTA-DO-REINO MOÍDA NA HORA 30 ML DE ÓLEO DE GERGELIM TOSTADO 2 COLHERES (SOPA) DE TOMILHO 2 LIMÕES VERDES Modo de fazer: Lave e limpe os camarões, tempere com o sal, pimenta-doreino, as folhas de coentro picado, as folhas de tomilho e o óleo de gergelim tostado. Deixe tomar gosto por uns 10 minutos. Aqueça uma caçarola e doure os camarões, junte o alho-poró e refogue até que fiquem macios. Junte as duas latas de tomates, o aceto balsâmico, o alho esmagado. Cozinhe por uns 10 minutos. Deixe esfriar e leve à refrigeração. Sirva frio em potes e regue com azeite de oliva extravirgem.

Modo de fazer: Num recipiente junte as folhas de rúcula, as alfaces rasgadas com as mãos, as folhas de coentro, a cebolinha tempero. Por cima coloque sobre e entre as folhas as lascas de bacalhau e os palmitos pupunha cortados em meias rodelas. Faça o molho vinagrete, num recipiente pequeno junte o azeite de oliva, o óleo de gergelim tostado, sal, pimenta-do-reino, suco dos dois limões e as raspas de um limão. Com a ajuda de um foet (batedor de arame), bata até obter um molho emulsionado, derrame sobre a salada e sirva.

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Sabor

Prato Principal Presunto Assado em Suco de Abacaxi 1 PRESUNTO TENDER

MARINADA

½ LITRO DE VINHO BRANCO

1 DENTE DE ALHO CORTADO AO MEIO

4 CENOURAS EM PEDAÇOS

1 PIMENTA DEDO-DE MOÇA-PICADA

1 CEBOLA CORTADA AO MEIO

2 CEBOLAS MÉDIAS PICADAS

3 FOLHAS DE LOURO

1 ALHO-PORÓ (PARTE BRANCA) FATIADO

2 GALHINHOS DE TOMILHO

1 XÍCARA (CHÁ) DE TALOS DE SALSÃO FATIADOS

3 CRAVOS-DA-ÍNDIA ½ GARRAFA DE RUM 500 ML DE SUCO DE ABACAXI

ABACAXI GLACEADO 30 G DE MANTEIGA 7 COLHERES (CHÁ) DE AÇÚCAR CRISTAL

Modo de fazer: Prepare uma marinada com o vinho, a cenoura, a cebola, as ervas e as especiarias e regue o presunto. Deixe marinar por 24h na geladeira, virando a carne de vez em quando. Retire o presunto da marinada, coe o caldo e reserve. Préaqueça o forno a 200ºC. Coloque o presunto em uma assadeira, regue com o rum e leve ao forno por 15 min. Tire do forno e com uma faca risque levemente a pele, formando losangos. Regue o presunto com o suco do abacaxi, cubra com papel-alumínio e volte ao forno para assar por 1h a 1h30min. A cada 15 minutos regue o presunto com a marinada.Verifique, com a ajuda de um garfo, se a carne está macia. Retire o papel-alumínio e deixe dourar.

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1 ABACAXI EM FATIAS REDONDAS OU EM ESTRELA CRAVOS-DA-ÍNDIA PARA DECORAR O PRESUNTO Modo de fazer o abacaxi: Derreta a manteiga e adicione o açúcar. Acrescente as fatias de abacaxi na calda de açúcar para dourar . Coloque o presunto em uma travessa, espete os cravos-da-índia no tender e decore com as fatias de abacaxi glaceadas.



Sabor


Sobremesas Crumble de Frutas Cítricas 1 BANDEJA DE MORANGOS LAVADOS

Macarrons 150 G DE FARINHA DE CASTANHA-DO-PARÁ

1 BANDEJA DE AMORAS LAVADAS

350 G DE AÇÚCAR DE CONFEITEIRO

4 BERGAMOTAS SEM CASCA E SEMENTES CORTADAS EM RODELAS DE 1 CM

25 G DE CLARAS 25 G DE AÇÚCAR

2 MARACUJÁS (FRUTA), SÓ A POLPA 2 XÍCARAS DE AÇÚCAR REFINADO 1 PACOTE DE BISCOITO INTEGRAL DE CASTANHA-DO-PARÁ 100 G DE MANTEIGA SEM SAL 200 G DE CASTANHAS DE CAJU PICADAS

Modo de fazer: Misture a farinha de castanha-do-pará com o açúcar de confeiteiro e reserve. Bata as claras em neve e, quando estiver quase no ponto, junte o açúcar. Misture as claras na mistura de farinha. Coloque a massa no saco de confeiteiro e faça bolinhas. Asse a 180ºC por 6 minutos com o forno fechado e depois mais 6 minutos com o forno aberto. Deixe esfriar e recheie. Independentemente da cor da massa, o sabor dos macarrons é o mesmo. Você pode usar corante colorido, 4 gotas são o suficiente para mudar a cor da massa. Modo de fazer o recheio: Geléias de frutas brasileiras, como maracujá, goiaba, manga, abacaxi, entre outras.

100 G DE COCO SECO Modo de fazer: Numa caçarola, junte a polpa de maracujá com o açúcar refinado e leve ao fogo brando. Cozinhe por uns 15 minutos. Reserve. Num recipiente, junte as frutas e misture o biscoito de castanhas-do-pará quebrado. Num outro recipiente, faça uma farofa com a manteiga em temperatura ambiente, o açúcar mascavo, o coco e as castanhas de caju picadas. Monte o crumble num prato que possa ir ao forno: junte o refogado de maracujá, a mistura de frutas e biscoitos e cubra com a farofa. Leve ao forno quente e asse até que a crosta esteja crocante e dourada. Retire do forno, deixe ficar morno e sirva.

CRUMBLE: DOCE TÍPICO DA INGLATERRA FEITO À BASE DE FRUTAS, QUE PODEM SER EM PEDAÇOS OU EM FORMA DE PURÊ, COBERTO POR CROSTA À BASE DE NUTS (FRUTAS SECAS COMO AMÊNDOAS, CASTANHA DE CAJU, CASTANHA-DO-PARÁ...), ADICIONADO DE GORDURAS E AÇÚCAR E ASSADO NO FORNO ATÉ A CROSTA FICAR CROCANTE.

MACARRONS: PEQUENO BOLO REDONDO CROCANTE NA PARTE EXTERNA E MOLENGO NO SEU INTERIOR, FEITO COM MASSA À BASE DE NUTS MOÍDOS, AÇÚCAR E CLARA DE OVOS, PERFUMADO POR CAFÉ, CHOCOLATE, NOZES, AVELÃS, CASTANHAS. GERALMENTE SÃO MONTADO AOS PARES.

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Sabor

Bolo de Maçã com Tâmaras e Vinho do Porto ½ XÍCARA DE AÇÚCAR,1 CRAVO-DA-ÍNDIA

6 OVOS, 1 COLHER (CHÁ) DE RASPAS DE CASCA DE LARANJA

¾ DE XÍCARA (CHÁ) DE VINHO PORTO MOLHO FUDGE NUT COM VINHO DO PORTO ¾ DE XÍCARA (CHÁ) DE AMEIXA SECA 2/3 DE XÍCARA DE AÇÚCAR MASCAVO 1 XÍCARA (CHÁ) DE TÂMARAS SEM SEMENTE CORTADAS EM PEQUENAS TIRAS

1 GEMA, 2 COLHERES (SOPA) DE VINHO DO PORTO, 2 COLHERES (SOPA) DE MAISENA

½ XÍCARA (CHÁ) DE AMÊNDOAS PICADAS DUAS MAÇÃS SEM CASCA CORTADAS EM CUBOS MÉDIOS (MIREPOIX) 250 G DE MANTEIGA EM TEMPERATURA AMBIENTE 1 XÍCARA E ¼ (CHÁ) DE AÇÚCAR ¼ DE XÍCARA (CHÁ) DE AÇÚCAR MASCAVO 2 XÍCARAS (CHÁ) DE FARINHA DE TRIGO 1 COLHER E ½ (CHÁ) DE CANELA EM PÓ ¼ DE COLHER (CHÁ) DE NOZ-MOSCADA RALADA ½ COLHER (CHÁ) DE FERMENTO QUÍMICO

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4 COLHERES DE MANTEIGA GELADA E EM CUBOS, 2/3 DE XÍCARA DE NOZES Modo de preparo da torta torta: Numa panela ferva ¾ de xícara de água com açúcar e o cravo para formar uma calda. Tire o cravo, adicione o vinho do Porto e deixe ferver. Junte as ameixas, as tâmaras, as amêndoas e as maçãs e ferva por 3 minutos. Reserve. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte uma fôrma de bolo de 30 cm de diâmetro. Bata a manteiga com os açúcares até que fique bem esbranquiçada. Adicione a farinha peneirada com a canela, a noz-moscada e o fermento químico, alternando com os ovos. Por último, adicione as raspas de laranja e as outras frutas que estavam na calda. Despeje na fôrma e asse por uma hora até que fique seco (verifique com um palito). Sirva com a cobertura do molho fudge e vinho do Porto. Modo de preparo da cobertura: Prepare o molho fudge, dissolva o açúcar em ½ xícara de água, aqueça até formar uma calda. Misture a gema com o vinho do Porto e a maisena, adicionando um pouquinho da calda. Despeje esta mistura sobre o restante da calda e aqueça até engrossar; não ferva. Adicione a manteiga gelada, mexendo pouco a pouco até que fique completamente incorporada. Retire do fogo e adicione as nozes.



Casa


4 ESTILOS DE FESTA, UMA SÓ INTENÇÃO: COMEMORAR O NATAL COM MUITA ALEGRIA P O R

M I L E N E

L E A L

F OTO S

L E T Í C I A

R E M I Ã O

A ESTILO ZAFFARI CONVIDOU ESPECIALISTAS EM PROJETOS E PRODUÇÃO DE FESTAS, MULHERES DE DIVERSAS PROFISSÕES (ARQUITETAS, ARTISTAS, CHEFS, FLORISTAS, DESIGNERS) PARA CRIAR QUATRO ESTILOS DIFERENTES DE NATAL, COM TEMAS ESPECÍFICOS. A SEGUIR, VEJA A BELEZA DO RESULTADO DO TRABALHO DE CADA UMA DELAS, ESCOLHA O SEU ESTILO PREFERIDO E INSPIRESE PARA FAZER DA SUA FESTA UM MOMENTO MUITO ESPECIAL

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Casa


Natal

Florido

REUNIÃO DE FAMÍLIA, NO ACONCHEGO DO LAR, APROVEITANDO BELOS ESPAÇOS DO JARDIM. FLORES POR TODOS OS LADOS E, NA DECORAÇÃO, AQUELES OBJETOS QUE FAZEM PARTE DA NOSSA HISTÓRIA. AS CRIANÇAS SÃO CONVIDADOS VIP, POIS ESTE É O NATAL DA FAMÍLIA, O NATAL DA CONFRATERNIZAÇÃO.

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VERMELHO E VERDE VESTEM ESTE NATAL ENCANTADO, REPLETO DE NATUREZA Os elementos da natureza são a inspiração de Maria Alice e Maria José, especialistas em flores e proprietárias da loja Arteplantas, em Porto Alegre. A festa criada por elas tem o clima das tradicionais comemorações natalinas, com o vermelho e o verde dominando a cena. O toque especial é a presença maciça da natureza, com muitas flores, folhagens e folhas, que tornam o ambiente ainda mais bonito e atrativo. É um Natal típico, familiar, com toques supercriativos na decoração. Cada detalhe foi cuidadosamente pensado e preparado, como o lustre de ferro, que ganhou vida com pequenas velas vermelhas e ramos de hera. À mesa, lindos pratos de cristal – peças pertencentes ao patrimônio familiar –, prontos para receber os quitutes da festa. Pitangas bem maduras e maçãs vermelhas fazem parte da decoração, mas são também iguarias perfeitas para um Natal em terras tropicais. O vermelho ainda está presente nas flores, como a Amarílis e a Bromélia, nos laços, velas e enfeites natalinos típicos, como o Papai Noel. Esta é uma festa descontraída, alto-astral, concebida para agradar aos adultos e às crianças, que se encantam com o cenário rico em minúcias, parecendo um jardim de conto de fadas. Aos vidros e cristais usados na mesa da ceia, Maria José e Maria Alice associaram pinhas, galhos secos, cipós e folhas verdes, que fazem as vezes de toalha. Se o tema é natureza, ela deve estar presente em todos os espaços. Até as guirlandas seguem esse princípio: uma delas é pura hera enrolada, formando um anel. A outra tem galhos secos e pequeninas frutinhas vermelhas. Tudo simples, tudo natural, tudo lindo, com muito espírito natalino.

MODELO DAS FOTOS: MARINA PORTO NASSIF

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Casa


Natal

High tech A MODERNIDADE É A NOTA MARCANTE DESTE NATAL: A TRADIÇÃO CEDE ESPAÇO PARA A CRIATIVIDADE E TONS DE PRATA DOMINAM O AMBIENTE. É UM NATAL JOVEM, COM UM QUÊ DE DESPOJAMENTO, MAS CHEIO DE REQUINTE. COMIDINHAS HYPE, OBJETOS DE DESIGN E MUITO CHAMPANHE EMBALAM A NOITE DE NATAL HIGH TECH.

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Casa

PRATA E BRILHOS FAZEM UM NATAL DIFERENTE, CONTEMPORÂNEO E SUPER-ROMÂNTICO Sandra Quadrado, Consuelo Fontella e Cláudia Giovanella, três sócias de uma empresa de organização de festas, fizeram neste ambiente uma lúdica releitura do Natal. Inspiradas em um casal jovem e moderno, elas criaram uma festa que não deixa de lado a magia, os rituais e os símbolos tradicionais do Natal, mas apresenta tudo isso sob uma nova roupagem. Tendo como cenário um apartamento de decoração despojada e contemporânea, as três elegeram o prata como cor-chave. E a essa cor elas associaram o brilho de cristais, espelhos e vidros. Utilizando materiais diferentes e às vezes até inusitados, Sandra, Consuelo e Cláudia confeccionaram objetos e enfeites que personalizam a festa: pequenas árvores de Natal prateadas e decoradas com pingentes de cristal; retângulos de tecido apeluciado que funcionam como jogos americanos; lindas caixinhas prateadas representando os pacotes de presentes. A maior ousadia fica por conta da guirlanda, toda feita em plumas brancas e enfeitada com fios de cristal. O efeito é absolutamente diferente, moderno e inusitado. Não faltam nesta proposta as velas, que proporcionam uma luz suave e ajudam a compor o clima de festa; fitas com estrelinhas, pombas e flores enfeitando as cortinas; belos copos, louças e talheres de design; comidinhas especiais, leves e também supermodernas, que têm tudo a ver com a temática do Natal high tech. Sem dúvida, há um clima de romance no ar. Esta é a ceia de Natal de um casal apaixonado, que preparou em casa um perfeito cenário para comemorar a dois, entre goles de champanhe e bocadinhos de ostras frescas.

OBJETOS: CONTE FREIRE E REFÚGIO URBANO

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Natal

Dourado

PARA UMA NOITE DE NATAL GLAMOUROSA, O BRANCO E O DOURADO SÃO PERFEITOS. A CASA DE CAMPO SE TRANSFORMA EM UM AMBIENTE SOFISTICADO E NATALINO POR EXCELÊNCIA. LINDOS COPOS, UMA TOALHA DE MESA ESPECIAL E LOUÇAS NOBRES EXPRESSAM O DESEJO DE COMEMORAR EM ALTO ESTILO. Estilo Zaffari

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Casa

BRANCO, DOURADO E RELÍQUIAS DE FAMÍLIA GARANTEM A NOBREZA DESTE NATAL NO CAMPO Uma casa de campo que costuma ser freqüentada por toda a família e que abriga peças repletas de história é o cenário que inspirou a arquiteta Lúcia Reis na concepção do Natal Dourado. O resultado é uma festa quente, familiar, mas cheia de requinte e nobreza. Equilibrado pela suavidade do branco, o dourado marca o clima festivo e avisa: este é um Natal que não abre mão do glamour. Lúcia utilizou como base da decoração aquelas relíquias de família, preciosidades que saem dos armários e baús para adornar a noite de festa. Misturadas aos objetos do cotidiano, estas peças especiais constroem um Natal que transita naturalmente entre a sofisticação e o aconchego. Os detalhes são primorosos: a toalha de renda francesa e os copos pintados em ouro – que podem lembrar belos momentos de viagens pelo mundo –, a louça herdada dos avós, os candelabros de vidro, enfeites delicados. Cada peça tem uma história e um valor sentimental para a família que se reúne neste Natal. É na grande bandeja de junco – item do dia-a-dia da casa – que estão colocados os diversos enfeites e mimos natalinos. As bolas de vidro e as bolas bordadas com pérolas se misturam com as pinhas apanhadas no quintal. Velinhas redondas são revestidas em papel dourado, para reforçar o clima de festa. Os candelabros aparecem “vestidos” com minirrosas de tecido. Até os pacotes dos presentes se integram aos tons da festa: branco e dourado. Para completar o cenário, muitas velas, que garantem uma iluminação suave, champanhe gelado e a presença das pessoas mais queridas.

OBJETOS: STUDIO AD E FABRICÁRIO

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Casa

Natal

Praiano

ESTE NATAL ACONTECE NA PRAIA, AO AR LIVRE, APROVEITANDO A NATUREZA. É O NATAL DE QUEM NÃO SE PREOCUPA COM CONVENÇÕES E NÃO ABRE MÃO DA ALEGRIA E DA DESCONTRAÇÃO. O AMBIENTE É ENCANTADORAMENTE COLORIDO, VIBRANTE, MONTADO DE FORMA IMPROVISADA E ESPONTÂNEA.

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Casa


UM NATAL COLORIDO, IDEAL PARA CAPTAR AS VIBRAÇÕES E O ALTO-ASTRAL PRAIANO Neste ano, a família resolveu comemorar o Natal na casa da praia. Foi este o mote que norteou a proposta de festa criada pela Studio 2WS, empresa especializada em projetos e organização de eventos. A descontração e a informalidade guiaram a decoração do ambiente, todo montado ao ar livre, em um gostoso deck de madeira sob as árvores. Muitas cores enfeitam o Natal praiano de Fernanda Shuck, Julia Weinschenck e Caroline Weissheimer, sócias da Studio 2WS. Na ausência dos tradicionais enfeites natalinos, a criatividade faz surgir uma decoração cheia de alma e vibração. O pinheiro cede lugar a uma buganvília decorada com fitas, velas e estrelas de papel. Na mesa da ceia, grafismos florais feitos com adesivo substituem lindamente a toalha. Até os copos e as comidinhas seguem a proposta de colorir o Natal. No quesito originalidade, esta festa é impecável: o lustre ganha um revestimento em tecido de chita floral, mesmo material que embrulha os pacotes de presentes. A guirlanda aposta em cores inusitadas para o Natal – o amarelo e o azul – e tem lindas orquídeas naturais, colhidas no jardim da casa. Para o Natal na praia ser realmente descontraído, não podem faltar drinks refrescantes, feitos com frutas da estação, velas acesas, muitas flores e a alegria de familiares e amigos. Nesta festa íntima e especial, os convidados podem – e devem – comemorar o Natal de pés descalços, recostados em almofadas coloridas, aproveitando o contato com a natureza e absorvendo a energia vibrante do local.

OBJETOS: OCA MODERNA

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Beleza


Produção no clima

da

festa NAS PÁGINAS A SEGUIR, PATRÍCIA LORENSINI E MARCELO VARNIERI,

EXPERTS DO GARBO HAIR DESIGNERS, APRESENTAM QUATRO SUGESTÕES DE LOOKS QUE COMBINAM C0M AS PROPOSTAS DE FESTAS QUE MOSTRAMOS AQUI NA ESTILO ZAFFARI: NATAL FLORIDO, NATAL HIGH TECH, NATAL DOURADO E NATAL PRAIANO. COM AS DICAS DESSA DUPLA, VOCÊ PODE SE PRODUZIR EM CASA E ENTRAR NO CLIMA DA FESTA, COM CABELO, MAKE-UP E OS ACESSÓRIOS MAIS ADEQUADOS.

P O R MILENE LEAL F OTO S ANGELA FARIAS

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Natal Florido PARA O NATAL FLORIDO, QUE TEM UM ESPÍRITO MAIS FAMILIAR, MARCELO E PATRÍCIA CRIARAM UM VISUAL QUASE “COUNTRY”: OS CABELOS FORAM ESCOVADOS COM AS PONTAS VIRADAS PARA FORA E O DESENHO DA FRANJA FOI DEFINIDO COM CERA. O MAKE-UP REFORÇA O OLHAR, COM DELINEADOR FORTE, ESTILO ANOS 60. A BOCA É MAIS ESCURA, VERMELHA, ACOMPANHANDO A TENDÊNCIA DA ESTAÇÃO. MAS PERMANECE A OPÇÃO PELO GLOSS, MAIS LEVE E BRILHOSO QUE OS BATONS COMUNS. UM GRANDE COLAR DE METAL E CONTAS, COMBINANDO COM OS TONS DA MAQUIAGEM, É ACESSÓRIO PARA SER USADO SOZINHO.

Natal High Tech O NATAL HIGH TECH PEDE UMA PRODUÇÃO TODA EM PRATA, COM BRILHO E SOFISTICAÇÃO. O RABO-DE-CAVALO É UM CLÁSSICO REVISITADO, COM APELO CONTEMPORÂNEO, PERFEITO PARA A OCASIÃO. NA FRENTE, O CABELO É BEM ESTRUTURADO, ESTILO “DISCO”. SEGUNDO MARCELO, UM CERTO EXAGERO É PROPOSITAL, FAZ PARTE DA PROPOSTA DESTA FESTA E TORNA A MULHER MARCANTE, GLAMOUROSA. A MAQUIAGEM TEM OS OLHOS BEM MARCADOS, COM CÍLIOS POSTIÇOS, SOMBRA BRILHANTE E TOQUES ESFUMAÇADOS. UM GLOSS COR DE BOCA COMPLETA O LOOK. AS BIJOUS COMBINAM COM A PROPOSTA: BRINCOS E ANEL GRANDES, PRATEADOS, CHEIOS DE STRASS E CRISTAIS.

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Natal Dourado ALÉM DE SER UMA GRANDE TENDÊNCIA, O DOURADO TAMBÉM ASSEGURA REQUINTE E GLAMOUR. PARA O NATAL DOURADO, MARCELO CRIOU UM COQUE ELEGANTE MAS DESESTRUTURADO, COM FIOS SOLTOS ATRÁS DA CABEÇA. NA FRENTE, O CABELO PODE FICAR UM POUCO MAIS ARMADO, MAIS ALTO. É CHIQUE! ESTE PENTEADO É FÁCIL DE FAZER EM CASA, COM AUXÍLIO DE UM SPRAY DE FIXAÇÃO. PATRÍCIA FEZ UM MAKE-UP EM TONS PASTEL E TOQUES DE OURO. USOU PÓ ILUMINADOR DOURADO, GLOSS TAMBÉM LEVEMENTE DOURADO E SOMBRAS BEGES COM NUANCES DE OURO. AS BIJOUX – MUITAS! – ENFEITAM O PESCOÇO MESCLANDO A TRANSPARÊNCIA DOS CRISTAIS COM O BRILHO DO DOURADO.

Natal Praiano PARA UMA FESTA DE NATAL NA PRAIA, NADA MELHOR DO QUE CABELOS SOLTOS, NATURAIS. A FAIXA COLORIDA ENTRA NO ESPÍRITO DA DECORAÇÃO DA FESTA E, JUNTO COM AS ARGOLAS, COMPÕE UM LOOK COM ARES DE ANOS 70. PARA OBTER ESTE EFEITO, O CABELO FOI ESCOVADO E DEPOIS CACHEADO COM BABY-LISS. O MAKE-UP DESTA PRODUÇÃO DEVE SER LEVE. A PELE JÁ BRONZEADA SÓ PRECISA DE UMA UNIFORMIZAÇÃO. MARQUE O BLUSH PARA OBTER UM AR SAUDÁVEL E, NOS OLHOS, USE RÍMEL E UM POUCO DE SOMBRA ALARANJADA. NA BOCA, SÓ UM GLOSS BEM SUAVE. ESTE VISUAL É DESPOJADO, CASUAL, PERFEITO PARA A PRAIA.

MODELO: GRACIELA CAPUTTI, AGÊNCIA MARLYN ACESSÓRIOS: IDÉIA & IDÉIAS


Bom conselho P O R M A L U C O E L H O

A MAGIA DO NATAL A alegria de compartilhar! É hora de caprichar na decoração da casa, pois esta também é uma forma de demonstrar carinho e atenção a quem nos visita. Misture elementos, abuse do branco e do dourado, crie um ambiente acolhedor para sua família e seus amigos. Preparar os arranjos de Natal é um ritual delicioso e o resultado é emocionante. Na decoração você pode usar os símbolos de fé que nos levam à comunhão e ao cultivo das tradições; eles vão abençoar a união familiar, a alegria e a esperança. O pinheirinho de Natal Ah! Essa lenda vale a pena lembrar... Quando Jesus nasceu, perto do estábulo onde ele se abrigava havia três árvores, que resolveram também presenteálo. A palmeira escolheu a maior e mais bela palma, e fez dela um abano para o menino. A oliveira ofereceu o suave e perfumado óleo, para amaciar os pés de Jesus. E o pinheiro, já tristemente conformado com a idéia de que não tinha nada a oferecer, pois suas folhas eram como agulhas e poderiam machucar o menino, percebeu que estrelas tinham pousado em seus galhos, iluminando-o de tal forma que o olhar de Jesus não podia resistir à sua beleza. Dicas e idéias Podemos usar pinheiros naturais, mas sempre respeitando a natureza. Eles são com certeza mais bonitos e exalam um perfume superagradável, mas os artificiais tornam-se mais práticos e evitam a preocupação para os anos seguintes. Você pode também substituir o pinheiro por qualquer outra planta de porte médio que tenha em casa, e enfeitá-la. A criação é por sua conta. Use fitas, bolas, presépios, bichinhos, doces e todos os detalhes que possam acrescentar luz ao clima de Natal. Eu, neste ano, vou usar fotos de minha família com moldura de coração dourado. E onde fica a Magia do Natal? A magia fica por conta da esperança de cada um. E não esqueça: um Natal enfeitado de amor deve ser solidário. Existem muitas ONGs trabalhando para proporcionar um pouco àqueles que nada têm. É muito importante ajudar, é só querer! FELIZ NATAL!

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Viagem


ParaĂ­so preservado T E X TO S

E

F OTO S

C R I S

B E R G E R


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NORONHA TEM BELEZA, ALTO-ASTRAL Em um estado de paixão absoluta, começo a escrever as linhas desta reportagem. Por isso, vou desrespeitar qualquer tipo de ordem cronológica e contar a história a partir do fim. Ela se passa no arquipélago de Fernando de Noronha, que fica a uma hora de avião do aeroporto de Recife, capital de Pernambuco. Foi mais ou menos assim: a noite estava especialmente estrelada e eu me sentia perdidamente apaixonada por Noronha. Há sete dias eu vivia este romance. Foi paixão do primeiro ao último olhar. A temperatura era perfeita, um calor gostoso. Clima de praia, havaianas nos pés, shorts, regata e pele bronzeada. Escolhi a pizzaria Feitiço da Vila, que fica ao lado da igreja Nossa Senhora dos Remédios, para o jantar da despedida. Pizza fininha, que se come com a mão, acompanhada de cerveja gelada e Gilberto Gil no telão. O ambiente é ao ar livre, com velas nas mesas e decoração colorida. Lá pelas 11 horas da noite o pessoal começou a migrar para o Bar do Cachorro, instalado do outro lado da praça e famoso pelo seu forró. Mas eu fiquei. Havia tempo para tudo. Na pizzaria, começou a tocar o acústico dos Titãs, e ouvir aquelas músicas me encheu de nostalgia. Quando me dei conta, estava dançando com os poucos que tinham ficado na Feitiço da Vila. Parecia uma reunião de velhos amigos. O momento era mágico e a energia vibrante. Noronha contagia, envolve, e quando percebemos estamos enfeitiçados pelo balanço do mar. Fácil, fácil a gente se apaixona.

E UMA ENERGIA VIBRANTE, CONTAGIANTE

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Viagem AS PRAIAS QUASE SEMPRE ESTÃO DESERTAS

E PARECEM INTOCADAS, VIRGENS Símbolos de Noronha Todo lugar tem seu cartão-postal. Os de Noronha são o Pico do Morro e os Dois Irmãos. Há quem diga que são símbolos eróticos. O primeiro representando o sexo masculino, e o segundo, os seios de uma mulher. Imaginação à parte, eles embelezam ainda mais a exuberância natural do arquipélago. Na primeira noite em que estive em Noronha fui a um luau na Praia da Conceição. A noite estava iluminada por uma estonteante lua cheia. E o Pico do Morro emprestava um clima exótico à paisagem, com nuvens que brincavam de esconder a paisagem. Uma fogueira vibrante animava o forró. As meninas, de pés no chão, fascinavam com o balançar de quadris tão acostumados ao ritmo. Os meninos acompanhavam. À medida que os dias foram passando, percebi que o Pico é visto dos mais diferentes pontos da ilha, é como se ele zelasse por todos que circulam por Noronha. A ilha dos Dois Irmãos está ao lado da Baía dos Por-

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cos. Eles compõem um cenário único com as águas turquesas e tranqüilas do mar de dentro. Quando vistos do Forte de São Pedro do Boldró emolduram o pôr-do- sol. Nos meses de janeiro e fevereiro o sol morre bem no meio deles. Golfinhos também são marcas registradas de Noronha. Para vê-los você pode fazer um passeio de barco ou chegar cedo na Baía dos Golfinhos. Às 6 da manhã eles costumam entrar na Baía, que é uma área protegida e exclusiva deles. Um funcionário da ONG Projeto Golfinho Rotator estará no topo da Baía, disposto a esclarecer todas as dúvidas sobre estes maravilhosos cetáceos. Passeio pela história e geografia Noronha foi uma das primeiras terras do Novo Mundo a ser descoberta. Este registro está na carta náutica do ano de 1500. Três anos depois, o navegador Américo Vespúcio ganhou o título de descobridor do arquipélago, na segunda expedição à costa brasileira financiada pelo português Fernão de Loronha.



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A ÁGUA DO MAR É TRANSPARENTE E TEM

NUANCES DE TURQUESA, VERDE, AZUL Durante dois séculos ninguém deu atenção ao arquipélago. Só em 1737 Portugal o tornou Capitania de Pernambuco e Presídio Comum. No final da década de 30, já no século XX, Noronha foi cedido à União para a instalação de um presídio político. Foi na Segunda Guerra Mundial que se tornou Território Federal Militar. De 1942 a 1988 foi administrado pelos militares. Hoje é um Distrito Estadual, depois de ser reintegrado ao Estado de Pernambuco e declarado Parque Nacional Marinho, sob administração do Ibama. No dia 13 de dezembro de 2001, a Unesco o considerou Sítio do Patrimônio Mundial Natural. O arquipélago é de origem vulcânica e está isolado no Atlântico Equatorial Sul. É constituído por 21 ilhas, ilhotas e rochedos. Uma cadeia de montanhas submersas também faz parte de sua estrutura. A base está a mais de 4 mil metros de profundidade. A ilha principal tem apenas 18,4 quilômetros quadrados e representa 91% da área total.

Os dois lados do paraíso De um lado está o mar de dentro, onde ficam as praias mais famosas, como a Baía dos Golfinhos, do Sancho (eleita a praia mais bonita do Brasil e que tem acesso por uma escada ultravertical) e a Baía dos Porcos. Uma mais deslumbrante que a outra. Água transparente, natureza selvagem, praias desertas. Meu número! Mas o lado de fora, sudeste da ilha, também merece atenção. Lá está a praia do Leão, com a trilha das tartarugas marinhas. Uma vez por semana, de março a junho, acontece a desova e todo mundo corre para ver os ovos se quebrando e as pequenas tartarugas rumando ao mar. É emocionante ver a determinação com que elas driblam os montinhos de areia irregular. Dá vontade de ajudar, mas a verdade é que vencer este trajeto sozinhas é fundamental para o futuro das tartarugas: quando adultas, será neste mesmo local que elas colocarão seus ovos. Não importa por quantos continentes as tartarugas nadem, um dia elas voltam para casa – e para isso precisam memorizar o caminho.

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NA BAÍA DOS PORCOS, O ESPETÁCULO DO MAR É também no mar de fora um dos passeios mais incríveis de Noronha: mergulho em Atalaia. Existem duas maneiras de fazê-lo, de bugue ou por uma trilha. Não tenha dúvidas em escolher a trilha, que deve ser feita na companhia de um guia. Começa na Enseada da Caieira, onde os ilhéus gostam de pescar, e percorre cinco quilômetros até a praia de Atalaia. Toda a travessia é linda, porém nada se compara com o mergulho de snorkel programado para o fim da caminhada. Quando a maré desce, uma piscina natural se forma com 80 centímetros de profundidade. É nela que o mergulho será feito. Prepare-se para entrar em um aquário. Peixinhos dourados vão passar a um centímetro de sua máscara, alguns mais ousados vão dar pequenos beliscões. Você verá peixes das mais diversas cores, tamanhos e modelos. Todos bem de pertinho. Existe um número máximo de pessoas permitido em Atalaia por dia, por isso, reserve este passeio com antecedência, principalmente nos meses de alta temporada. A vantagem de fazer a trilha é que você vai chegar com um grupo pequeno e terá mais liberdade dentro do aquário. Indo de bugue existe o risco de ter gente em excesso. O que definitivamente não combina com o espírito zen de Noronha. Não entre na piscina natural de Atalaia com protetor solar nem pise nos corais. Todo respeito com o meio ambiente é um dever nosso e direito da natureza. Felizmente, há fiscais que garantem o cumprimento das normas ecológicas.

E DOS MORROS É QUASE UM CHOQUE

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MERGULHAR E PASSEAR DE BARCO SÃO OS

MELHORES PROGRAMAS DE NORONHA Embaixo d’água Noronha é deslumbrante dentro e fora d’água. Você pode se divertir fazendo snorkel e ver uma quantidade incrível de vida marinha, mas nada se compara com o mergulho livre. Mesmo que você chegue na ilha sem curso de mergulho, pode fazer um batismo e descer até 10 metros acompanhado de um instrutor. E os tubarões?, você pode estar pensando. Nunca houve nenhum registro de ataque na história da ilha. E você supostamente não será o primeiro. A verdade é que a cadeia alimentar funciona perfeitamente por lá, o ecossistema é tão rico que o homem é um ser estranho que não apetece ao tubarão. No meu mergulho eu vi dois. Um deles caçando uma lagosta dentro de uma caverna, a poucos metros de mim. Confesso que não fiquei muito à vontade, mas meu instrutor assistia à cena, animado. Logo mais adiante eu nadei a pouquíssimos centímetros de distância de uma tartaruga adulta. Foi mágico tê-las visto nascer em um dia e no outro nadar com uma delas no fundo do

mar. Mergulhar é uma atividade de imenso prazer e, sem dúvida, uma das sensações de maior paz que se pode ter. É também um momento de controle. Os movimentos são lentos, quase como um balé. A respiração deve ser tranqüila e a mente livre. Somos convidados de um mundo que não é nosso, meros espectadores do que Deus criou em outra dimensão. Sombra e água fresca Desde 2000 eu namorava Fernando de Noronha a distância. Naquele tempo olhava meio desconfiada para a ilha – era meu medo de banho frio – e também achava que as opções de hospedagem não eram tão confortáveis. Talvez naquela época tudo isso fosse verdade, mas hoje não é mais. Noronha conta com um número razoável de boas pousadas. Portanto, quem acredita em uma equação perfeita entre conforto e praias de perder o fôlego pode ir tranqüilo passar férias no arquipélago. As pousadas de Noronha, pelo menos quase to-

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O PÔR-DO-SOL É REVERENCIADO das, um dia foram casas de pescadores que aos poucos começaram a ser adaptadas para receber amigos-turistas. Foi assim também com a clássica Pousada do Zé Maria, que fica localizada próximo à Praia da Conceição e tem vista privilegiada para o Pico do Morro. O Zé era um empresário de Recife. A pousada era a casa de veraneio da família. Até que um dia ele resolveu se mudar de vez para Noronha e profissionalizar o serviço. Meu palpite: escolha os bangalôs com hidromassagem na sacada e vista para o Pico. Pertinho do Zé está a Pousada da Filó. Outra bela opção para quem procura o estilo bangalô. Há também os aconchegantes quartos da Pousada do Vale. São cinco suítes equipadas com tudo de que você vai precisar para acabar o dia feliz. Ela fica no Jardim Elizabeth, perto da Vila dos Remédios. O café da manhã é delicioso e o atendimento é personalizado. Santuário de beleza Comecei com o final e acabo com o início. Fecho meus olhos e me vejo chegando, sinto o clima quente, recebo feliz a cordialidade do povo, mal acredito na obraprima que a natureza esculpiu, escuto o canto dos pássaros e o quebrar das ondas. Respiro uma terra nova onde a preservação do ecossistema é levada a sério e chamo este santuário de beleza de paraíso preservado. Noronha foi um amor diferente, desses que a gente leva junto do peito e sempre encontra tempo para lembrar...

POR TURISTAS E MORADORES

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O PICO DO MORRO MARCA A PAISAGEM

E É UM DOS SÍMBOLOS DE NORONHA Monte sua agenda Dica importante: ande com um snorkel embaixo do braço. A exuberância da vida sub é um dos grandes encantos da ilha. Você não vai acreditar que em um simples mergulho possa ver um número tão grande de peixinhos coloridos e sorridentes. Lembre-se: eu estava apaixonada e o mundo sorria para mim, inclusive os peixinhos. Quando você chegar em Noronha, planeje seus dias para aproveitar ao máximo as belezas do arquipélago. Preparei uma listinha de “programas imperdíveis”:

MERGULHO LIVRE E SNORKEL UM DIA INTEIRO NA PRAIA DO SANCHO SEM FAZER ABSOLUTAMENTE NADA (LEVE PIQUENIQUE E ÁGUA, NÃO HÁ NADA PARA VENDER) CAMINHADA ENTRE A BAÍA DOS GOLFINHOS E A CACIMBA DO PADRE PASSEIO DE BUGUE PERCORRENDO AS PRAIAS PASSEIO DE BARCO PELO MAR DE DENTRO PÔR-DO-SOL NO FORTE SÃO PEDRO DO BOLDRÓ, ONDE TOCA BOLERO DE RAVEL EM TODO ENTARDECER MASSAGEM COM O PESSOAL DA ENERGIA VITAL PIZZA NA FEITIÇO DA VILA DANÇAR FORRÓ NO BAR DO CACHORRO CREPE DO CAFÉ COM ARTE ATELIER DE ARTE DA REGINA DE PAULA PEIXE NA BANANEIRA DA PALHOÇA DA COLINA PALESTRA DO IBAMA

SERVIÇO QUEM VOA: TAM LINHAS AÉREAS – WWW.TAM.COM.BR – 4002.5700 QUEM LEVA: CAÀ-ETÊ ECOTURISMO/VENTURAS E AVENTURAS – WWW.CAA-ETE.COM.BR – (51) 3338.3323 MASSAGEM: ENERGIA VITAL – (81) 9657.1215 CRIS BERGER VIAJOU A CONVITE DA CAÀ-ETÊ ECOTURISMO/VENTURAS E AVENTURAS

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O sabor e o saber F E R NA N D O

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BABA DE MOÇA Açúcar. Dolce Vita, il dolce far tutto Demócrito reduziu o panteão grego à realidade de dois únicos deuses: prazer e dor, o casal que manda no mundo. De fato, a natureza nos governa por recompensas e punições, os instrumentos educacionais mais eficientes. O prazer do sexo e a dor da abstinência servem à reprodução, o prazer do comer e a dor da fome, à nutrição. Por razões de sobrevivência, nossos genes foram selecionados para gostar do açúcar. Já na primeira refeição o reflexo de mamar se associa ao adocicado. As papilas gustativas do bebê sofrem com o ácido, o amargo e o salgado, mas adoram o doce. A doçura é o único sabor que dispensa aprendizado, tem um gostar geneticamente determinado. A glicose (G. glukos, ‘doce’) é a molécula da energia, dela depende todo ser vivo, da bactéria à baleia. A atração é intensa porque o açúcar sempre foi raro na natureza: para algo tão escasso e nutritivo, uma alta recompensa. A doçura contemporânea é resultado da ingerência humana: frutas silvestres são pobres em frutose e abelhas selvagens fazem pouco mel. Não existe cana de açúcar in natura, uma mutação genética e séculos de seleção criaram uma planta de seiva diabética. O doce gratifica, o amargo castiga. ‘Com açúcar, com afeto fiz seu doce predileto’ inicia a canção; no romance, a virgem de lábios ‘de mel’ tem um sorriso ‘mais doce que o favo de jati’. Se suave significava originalmente o paladar ‘doce’, amargura vem de amargo, é literalmente um dissabor. ‘Alô Doçura’, primeiro seriado da televisão brasileira, não versava sobre culinária, mas sobre o amor. O alimento ‘dos deuses’ é o doce, daí a expressão. A dieta do Olimpo, segredo da imortalidade, era Néctar e Ambrosia, termos com o sentido de ‘o que se opõe à morte’ e que se ligaram ao doce. O açúcar, como o café, o chocolate, a cocacola, o chá e o guaraná, surgiram todos como remédios, inclu-

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sive vendidos em farmácias. Raro e caro, o açúcar era o ‘Sal da Pérsia’ do médico romano; por dois milênios, a cura de todo mal, visão que mudou há pouco, quando sua toxicidade passou a ser, primeiro, exagerada, e depois reconhecida. A cana-de-açúcar descende de uma planta extinta da Nova Guiné, onde era usada para cobrir as choupanas tal o sapé. De lá migrou para a Ásia e, via navegadores árabes, ao Oriente e África. Os indianos foram os primeiros a prensar a cana e ferver o caldo até cristalizar. Na conquista persa da Índia, Dario se impressionou com as ‘canas que dão mel sem a ajuda de abelhas’, e, vencendo os persas, Alexandre levou a planta ao Mediterrâneo. Não é por acaso que açúcar (L. saccarum) vem do árabe sukkar desde o persa shakar a partir do sânscrito sarkara, ‘grão’. Portugal teve dupla influência açucareira: foi pioneiro no comércio com a Índia e China e passou cinco séculos sob ocupação árabe – e ‘o açúcar acompanha o mouro, como a sombra ao corpo’. Daí a tradição de tantos doces tão doces. O açúcar já comparecia ao coquetel de inauguração do Brasil. Cabral ofereceu aos índios que subiram a bordo “confeitos, passas de figo e fartéis”, três tipos de doces. Martim Afonso de Souza (1532), recém empossado administrador colonial, tratou de construir um engenho de açúcar e uma fábrica de marmelada, as primeiras indústrias nacionais. Em 1584 já eram enviadas 3 mil toneladas de açúcar a Portugal, refinados em 115 engenhos pelo trabalho de 10 mil escravos. Foi o Brasil, há 400 anos o maior produtor mundial, que difundiu o açúcar. Graças ao nosso ‘ouro branco’, a Lisboa do séc. XVII detinha a maior riqueza européia e o Rio de Janeiro do séc. XVIII, a maior população escrava mundial. Surgiam em Lisboa a ‘Rua dos Confeiteiros’ e a ‘Rua do Açúcar’ e nascia a capital do Brasil, Salvador, com sua ‘Rua do Pão-de-Ló’. Senhor de Engenho


ficou sinônimo de classe dominante, e bagaceira, a pessoa humilde que junta o bagaço da cana. A palavra portuguesa marmelada se mundializou como qualquer doce de frutas; seu tom pejorativo, bem brasileiro, surgiu da fraude no doce, a adição de chuchu ao marmelo. Fácil de conservar e transportar, a rapadura – ‘açúcar de segunda’ – era o alimento de viagem no sertão. Daí ‘entregar a rapadura’: ao render-se, o caboclo entregava suas provisões. Curiosa a expressão ‘dar os doces’, alusão à festa nupcial que passou para ‘morrer’ pela idéia de ‘fim’ da vida de solteiro. Pão de açúcar era o fardo de açúcar para transporte marítimo; o nome passou à ‘marca do país’ pela semelhança do morro com o saco de açúcar. Os ingleses pilhavam tanto estes pães que, no séc. XVI, o açúcar era mais abundante e barato em Londres do que em Lisboa. Elizabeth I, a ‘Rainha Virgem’, ficou tão viciada em doces que os seus raros dentes eram negros como carvão. Tal boca real desfalcada foi a primeira evidência de malefício da sacarose. Mais do que o ouro ou petróleo, foi o açúcar que moldou o mundo. Se o Brasil deve o nome, surgido como um apelido francês, a um pau, seus primeiros duzentos anos de colonização se deram por uma cana. Em nome do açúcar a humanidade cometeu o maior dos seus crimes: o seqüestro e escravização de 20 milhões de africanos, 4,5 milhões no Brasil. O Caribe, que era um arquipélago índio povoado, se tornou uma neo-África. Na cobiça, os holandeses invadiram o Nordeste; para sair ganharam as Antilhas como canavial. A França cedeu o Canadá à Inglaterra em troca de Guadalupe, sua ‘ilha do açúcar’. A Holanda entregou Nova Iorque (Nova Armsterdan, fundada por judeus holandeses expulsos do Brasil) em favor do Suriname. Se a cana chama a cachaça pela planta que lhe dá origem, no rum, o destilado caribenho, há o sussurrar do L.

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O sabor e o saber F E R N A N D O

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sacharum, ‘açúcar’. É graças ao açúcar que o pirata é do Caribe e sua bebida é o rum. Há até quem diga que foi do capital acumulado com o açúcar – e seus confeitos: escravatura, rum e pirataria... – que surgiu a modernidade, a Revolução Industrial. Além de enriquecer e escravizar, adoçar e embriagar, o açúcar preserva frutas em caldas, geléias e passas, dá cor e tira acidez, estimula a fermentação, e integra a indústria de couros, tecidos, cosméticos, tintas e papel. Outro uso é biocombustível; rico em cana e pobre em petróleo, o Brasil criou um programa único de álcool automotor. Há poucos anos era manchete internacional o adesivo no carro oficial do presidente da República: ‘Movido a álcool’! Crescendo na exata geografia da carência, o canavial é uma forma barata de os países pobres produzirem calorias. Há denúncias de que no exagero à difamação ao açúcar haja um golpe dos países ricos a impor seus alimentos saídos do frio, saturados de gordura. Além dos queijos e vinhos, a igreja criou os doces. O clero era apicultor para ter a cera de velas, daí o mel, o doce; era avicultor para engomar os hábitos com claras, daí as gemas aproveitadas na doçaria. Com o açúcar brasileiro, as ordens portuguesas viraram verdadeiras confeitarias a servir os chamados ‘doces de freiras’. O Pastel de Santa Clara traz o nome do convento onde se ordenou, e o Papo-de-Anjo desceu ao céu da boca no Mosteiro de Viseu. Alguns doces nasceram aqui. O quindim, palavra africana, reúne dois vegetais asiáticos que assumiram o Brasil: coco e cana. O pé-de-moleque mistura a rapadura, o amendoim e os pés dos meninos escravos. O Rei Alberto celebra a visita do Rei Alberto da Bélgica, a Torta Marta Rocha homenageia a mais famosa Miss Brasil e Brigadeiro invoca o Brigadeiro Eduardo Gomes, candidato à Presidência em 1956 – bons tempos, o doce vendido para angariar fundos de campanha. Como falam os portugueses, salgar o estômago e adoçar a boca; o ácido, o azedo, o amargo, o desgosto, o dissabor suavizado. Com humor bem calórico, cantou a própria Marta Rocha ao perder o concurso de Miss Universo: “por duas polegadas a mais / passaram a baiana para trás / duas polegadas bem nos quadris / tenha dó seu juiz”. Que gostosura estas polegadas, marca brasileira tal o Pão de Açúcar. Não é à toa que glúteo seja derivado de glutão pelo sentido de bem alimentado, satisfeito. Dolce Vita, il dolce far tutto. FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E GOURMET fernando@vanet.com.br

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BABA DE MOÇA ESCOLHER, NO GALINHEIRO, DEZ OVOS GRANDES E DO DIA. ROMPER, SEPARANDO AS GEMAS COM CUIDADO. COLOCÁ-LAS, DEZ PINGOS DE SOL, NO ALGUIDAR DE BARRO. NUMA PANELA, QUE TERÁ NESTE DOCE SEU ÚNICO DESTINO, DEZ COLHERES DE AÇÚCAR, ALTAS COMO OS ANDES. UMA DE INHAPA. ÁGUA O SUFICIENTE, FOGO MODERADO. O PONTO? LEVE, DE DOÇURA TRANSPARENTE. NAS GEMAS, A CALDA, EM GOTAS CUIDADOSAS. COLHER DE PAU, QUE, PARA ISSO, NÃO HÁ OUTRA. VOLTAR AO FOGO COMO SE VOLTA À CASA. MEXER COM PACIÊNCIA DE PÁSSARO FAZENDO NINHO. QUANDO RAIOS DE PRATA SURGIREM NO AMARELO, DESCANSAR A MÃO E O DOCE. ENTÃO, QUIETUDE. É FUNDAMENTAL COMO BELEZA NO VERSO DO POETA. DEPOIS DE FRIO, VERTER EM TAÇAS DELICADAS E QUE A CANELA SALPIQUE SEU CASTANHO PERFUMADO. POEMA/RECEITA DE ANA MARIANO



Lugar

ar mar areia

T E X TO S E F OTO S C R I S B E R G E R BRISA MARINHA, BARULHO DAS ONDAS, AREIA BRANQUINHA, TEMPERATURA ACIMA DOS 25 GRAUS, DIAS MAIS LONGOS, SINAIS DO VERÃO. SANTA CATARINA, ESTADO VIZINHO QUE JÁ FAZ PARTE DE NOSSAS VIDAS, É UMA TERRA ENCANTADORA. ALGUMAS HORAS E LÁ ESTAMOS A DESFRUTAR DE SUAS BELAS PRAIAS. SE NÃO BASTASSE A GEOGRAFIA ABENÇOADA POR DEUS, AINDA OFERECE DOIS MARAVILHOSOS LUGARES LAPIDADOS PELO HOMEM: UMA ILHA E UM RESORT. A ILHA DO PAPAGAIO, NA PRAIA DO SONHO, E A PONTA DOS GANCHOS, NA COSTA DA ESMERALDA. LUGARES ÍMPARES, CONSTRUÍDOS JUNTO À NATUREZA, QUE FAZEM BEM AOS OLHOS E À ALMA.

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Lugar

A PAISAGEM DA ILHA É LINDA, E A INTERFERÊNCIA DO HOMEM SÓ A TORNOU MAIS DESLUMBRANTE

Ilha do Papagaio Cheguei à Ilha do Papagaio em um sábado de manhã bem cedo. Sol começando a despontar atrás do morro, aquele cheiro gostoso de mar, meus olhos registrando cada instante. São apenas três minutos entre a Praia do Sonho e a Ilha do Papagaio. O Maneca, figura ilustre da ilha, comandava a lancha que me transportou. Ao desembarcar, logo recebi o grande convite: vamos até o Mirante dos Náufragos ver o sol iluminar o outro lado da baía? Topei na hora. E assim seguimos rumo à parte mais alta da ilha, que está a 64,44 metros. O silêncio das primeiras horas da manhã só era quebrado pelos sussurros da mata. Desconfiei que fosse uma saudação de boas-vindas. Plaquinhas de madeira com informações coloridas mostravam o caminho. Do topo se podiam avistar barquinhos de pescadores descansando nas águas tranqüilas. A Ilha do Papagaio pertence à família Sehn e hoje é cuidada pelos olhos zelosos de Renato Sehn. Tudo co-

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meçou na década de 70, quando o patriarca dos Sehn descobriu a ilha e avistou uma plaquinha que dizia: “Vende-se”. Durante 19 anos a família Sehn e seus amigos utilizaram a Ilha do Papagaio como casa de veraneio. Em 1992 os filhos tiveram a idéia de transformá-la em uma pousada. Nova fase se iniciava. Além do paisagismo, da decoração, da estrutura de lazer e dos serviços, os Sehn levaram muito a sério o respeito com a parte ambiental, ponto muito relevante dentro do novo projeto. Eles cuidaram do tratamento de dejetos, reflorestamento, reciclagem e da participação social no ambiente de entorno, o que já resultou em prêmios como o Expressão em Ecologia. Segredos do Papagaio A pousada Ilha do Papagaio faz parte do conceituado Roteiro do Charme. Ela está em meio a 142 mil metros quadrados de área preservada de vegetação. Oferece 20



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A ILHA FOI CRIADA PARA O DELEITE, PARA OS PRAZERES DA NATUREZA, DO LAZER, DA PAZ chalés que foram projetados um a um e receberam o bom gosto da Bety, esposa do Renato. Cada chalé ganhou o nome de uma ilha vizinha. A praia é pequena, são 95 metros. Mas para que mais? A piscina está a alguns metros do mar. O bar e o restaurante também ficam pertinho da água. Espreguiçadeiras e colchões estão espalhados entre o deque e a areia. A gastronomia acompanha a qualidade do ótimo serviço. Quem deixa os visitantes com água na boca é o chef Jarbas Meurer. A pousada tem uma fazenda marinha que produz ostras e mexilhões. Falando em mexilhões, o Renato, além de excelente pescador, também esnoba ao pilotar um fogão. As noites de sábado costumam ser premiadas com ele preparando o famoso “Marisco Lambe Lambe à Papagaio”. E nada de ir à ilha e não provar a

“Loripira”: a deliciosa caipirinha criada pela Lori, mãe do Renato. Os ingredientes: folha de bergamota, gotinhas de limão e licor de laranja. Saboreada no fim de tarde fica ainda melhor. O café da manhã é outra atração. Os pães e croissants são feitos lá mesmo e chegam quentinhos à mesa. Depois de tantos manjares e tanto relax, é preciso um pouco de exercício. Todo fim de tarde, lá pelas 18 horas, o Renato vai até o bar da praia e bate o sino. É hora de fazer trilha. Há sete opções dentro da ilha. Preguiça não vale, o corpo agradece e a mente volta renovada. Pra finalizar, vou dar um conselho de repórter: escolha uma noite estrelada e peça para o pessoal montar uma mesa embaixo da árvore que fica ao lado da piscina. O mar cuidará da sinfonia, velas e estrelas ficarão responsáveis pela iluminação – o resto é com você.

POUSADA ILHA DO PAPAGAIO: WWW.PAPAGAIO.COM.BR – (48) 3286.1242 QUEM LEVA: STB TRIP & TRAVEL – WWW.STBPOA.COM – (51) 3022.1717

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BOM GOSTO E REQUINTE PERSONALIZAM ESTE RESORT, TAMBÉM ABENÇOADO PELA NATUREZA

Ponta dos Ganchos O Ponta dos Ganchos Exclusive Resort, localizado em Governador Celso Ramos, a 40 quilômetros de Florianópolis, fica pertinho da Ilha do Arvoredo e encanta com sua delicada sofisticação. Ele acaba de entrar para o conceituado grupo Relais & Chateau. Um absoluto requinte toma conta do cenário. A natureza é exuberante nos 80 mil metros quadrados, 5 mil deles ocupado por 15 exclusivas habitações. Em dezembro de 2004 o Ponta dos Ganchos inaugurou cinco novos bangalôs, que ganharam o nome de Bangalôs da Vila. Sem dúvida, os grandes destaques do resort. Em uma área de 130 metros quadrados foi projetada a máxima de prazer e bem-estar. A lista de predicados é extensa. Há quem se deslumbre pela jacuzzi externa com hidromassagem e água do mar, no estilo borda infinita. A sensação é de que a piscina e o mar são um só. E se não bastasse uma jacuzzi, há outra dentro do bangalô, rodeada por paredes e teto de vidro. Ao lado dela, uma sauna seca. Dois chuveiros, clo-

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set, cama king size, TV com tela plana de 29 polegadas, lareira, DVD-player com home theater e sala de estar fazem parte das mordomias que esperam por você. Cada bangalô tem seu jardim privativo com deque, e uma cerca de madeira garante a privacidade. Uma namoradeira king size convida para um pôr-do-sol a dois. Depois é só colocar Macy Gray no CD-player, abrir a Veuve Clicquot que está disponível no frigobar e ter certeza de que a vida deve ser vivida no melhor estilo. Um lugar para estar a dois Arrisco dizer que a intenção é fazer a gente se apaixonar. É um lugar para se estar a dois. O resort não aceita menores de 18 anos. Preza pela paz e tranqüilidade, e a sensação é de que tudo foi pensado para casais. Por isso, aceite meu conselho: não vá sem o amor da sua vida. Então digamos que você concordou comigo, está vivendo uma verdadeira lua-de-mel e não consegue dei-



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OS BANGALÔS SÃO MARAVILHOSOS, A PRAIA É LINDA, O RESTAURANTE É INSPIRADÍSSIMO xar o bangalô – o que seria perfeitamente compreensível. Seja forte! Vá até a praia exclusiva do resort, faça uma trilha, conheça o restaurante. Valem a pena. No Ponta dos Ganchos a gastronomia é muito valorizada, o menu não se repete em nenhum dia da semana, a cozinha é comandada pelo chef Luis Salvajoli e a carta de vinhos possui mais de 100 rótulos. E tem também uma ilhota ligada ao resort por uma ponte, onde foi criado um espaço especial para jantares ao ar livre, à luz de velas. Esse privilégio precisa ser reservado e conta com toda a privacidade desejada. O garçom só aparece quando chamado. Nada de regras e horários rígidos. O café da manhã, por exemplo, não tem horário fixo. Você é quem manda. Onze da manhã, uma da tarde? Não importa.

Esta tranqüilidade vale também para o almoço e o jantar. Carrinhos elétricos como os de campos de golfe são oferecidos aos hóspedes como transporte interno. Basta uma ligação e em alguns minutos lá estão eles. O pulsar da natureza Um momento em especial marcou minha estada no resort. Na tarde do primeiro dia a natureza proporcionou um verdadeiro espetáculo. E o melhor: eu assisti de camarote. Uma tempestade se formou. Ela veio lentamente, foi ganhando força, cobrindo o céu azul com nuvens acinzentadas, agitou o mar e mostrou sua potência. Enquanto a paisagem se transformava eu me deixava levar, buscando assimilar cada instante, cheiro, textura e o real espírito desse lugar tão mágico.

RESORT PONTA DOS GANCHOS: WWW.PONTADOSGANCHOS.COM.BR – (48) 3262.5000 QUEM VOA: TAM LINHAS AÉREAS WWW.TAM.COM.BR 4002.5700

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(con)vivências RUZA AMON

SOM NA CAIXA Dançar é sempre bom. Dançar junto é melhor Na cotação das mulheres, um homem que gosta de dançar obtém sempre uma pontuação vantajosa. Seja em nome da sensibilidade, do romantismo ou da sensualidade, ele avança várias casas no jogo da sedução quando convida para dançar. Não é preciso tomar aulas como Richard Gere faz no filme “Dança Comigo”, tampouco dominar o salão de olhos fechados imitando Al Pacino no filme “Perfume de Mulher”. Basta um mínimo de jeito, um pouquinho de ritmo (e não pisando no sapato dela) e já vai ser um sucesso. Mas atenção: seja discreto e evite micos tipo tentar dar aulas repentinas de rock’n’roll anos 50 ou de tango figurado. O mesmo se pode dizer de performances individuais do gênero “Que Saudades de John Travolta”, que nem sempre pegam bem, especialmente se o relacionamento está começando. Se você é do tipo que entra em transe ao ouvir os primeiros acordes de “Staying alive”, deixe pra soltar a franga no meio da pista quando o namoro já estiver avançado (e a festa também). Quanto às ocasiões ideais para um pas de deux, tenho que admitir que as festas de Porto Alegre não têm dado muita chance às músicas românticas. Em casamentos, só tem sobrado a valsa que a noiva dança com o pai. Até Frank Sinatra, que costumava abrir

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as pistas ao som de “New York, New York”, já foi aposentado pelos DJs (não sem tempo). E por falar em aposentadoria, rock vai, tecno vem, e os indefectíveis Gloria Gaynor e Village People continuam sendo usados para arrancar das cadeiras quem ainda estava sentado. E aí, quando a gente dá pela coisa, estamos todos de bracinhos pra cima coreografando o Y.M.C.A. Logo mais vem Gonzaguinha, e novamente todos de dedinhos pra cima cantando que a vida “é bonita, é bonita e é bonita”. A esta altura, a maioria das mulheres já tirou os sapatos e, se a festa for chique, até chinelinhos personalizados são distribuídos. Dançar junto, só se for um pagode, e nesse caso sugiro às meninas que calcem novamente os sapatos. Divertido? Divertidíssimo! Mas seria bom que mais vezes pudéssemos dançar de rosto colado, vendo o salão rodopiar a bordo de um par animado, enquanto o champanhe rodopia na nossa cabeça. A cada música, novas combinações de passos e de olhares, um tempo cheio de cumplicidade e alegria. Quando estamos dançando, love’s in the air. Dançando a gente sonha, a gente é feliz.

RUZA AMON É JORNALISTA



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INTENSA COMO O BRILHO DE SEUS BELOS OLHOS AZUIS PODE ATÉ SER QUE A BRANCURA DA PELE E A DELICADEZA DOS TRAÇOS LHE CONFIRAM UM CERTO AR DE BONEQUINHA. MAS BASTA QUE CAMILA MORGADO PRONUNCIE QUALQUER PALAVRA PARA ESTA IMAGEM SE ESVAIR RÁPIDA E DEFINITIVAMENTE. O TIMBRE MARCANTE DA VOZ ACUSA QUE NAQUELE CORPO RESIDE UMA MULHER SEGURA. AOS 30 ANOS, ELA SABE MUITO BEM O QUER E O QUE FAZ. CAMILA FICOU CONHECIDA DO GRANDE PÚBLICO ATRAVÉS DA SENSÍVEL MANUELA, EM “A CASA DAS SETE MULHERES”. INTENSA, FEZ O BRASIL CHORAR COMO OLGA BENÁRIO E DESPERTOU A INDIGNAÇÃO DE MUITOS BRASILEIROS COM AS MALDADES DE MAY, A FRIA VILÃ QUE INTERPRETOU EM “AMÉRICA”. JAYME MONJARDIM – FÃ CONFESSO – NÃO ECONOMIZA ELOGIOS QUANDO SE REFERE A ELA: “A CAMILA, SEM DÚVIDA, JÁ FAZ PARTE DO TIME DAS GRANDES ATRIZES BRASILEIRAS”. T E X TO S

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FOTOS

P O R

A N G E L A

FA R I A S

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SEMPRE FICO PENSANDO SOBRE QUAL É A MINHA FUNÇÃO COMO ATRIZ. É UMA RESPONSABILIDADE...

ONDE E QUANDO VOCÊ NASCEU? Petrópolis, em 12 de abril de 1975.

me convidou para trabalhar com ele, o que foi uma sorte! Depois ele foi para Nova Iorque e eu fui trabalhar com o Antunes Filho em São Paulo. Eu estudava o dia inteiro.

VOCÊ SEMPRE QUIS SER ATRIZ? Na verdade esta idéia não se formou muito facilmente na minha cabeça. Na minha família não tem ninguém com alguma ligação com as artes cênicas, e eu cresci sem ter muito acesso ao teatro. Ser atriz era uma coisa que não estava no meu vocabulário, eu não tinha a menor noção do que era ser atriz. Acabei prestando vestibular para Medicina, mas já sabia que não ia passar, porque eu não tinha estudado nada... Não passei e foi a minha sorte...

E COMO VOCÊ SE SUSTENTAVA LÁ? No Rio eu tinha ajuda dos meus pais, mas quando fui pra São Paulo meu pai me disse: “Filha, agora você vai ter que se virar”. Eu fui morar com o meu tio e fazia uns bicos.

QUE BICOS? Trabalhei como garçonete nos restaurantes.

HOJE VOCÊ MORA COM ALGUÉM? E COMO SURGIU O INTERESSE PELO TEATRO? Eu tinha 14 anos e comecei a fazer um cursinho de teatro na escola, foi ótimo, porque eu era muito tímida. Os meus pais, no início, se assustaram, porque essa carreira é muito instável. Minha mãe queria algo mais certinho para mim, mas logo eles viram que não ia ter jeito mesmo e acabaram se acostumando com a idéia. Depois eu vi no jornal um anúncio de um curso com a Monah de Lacy – a mãe da Cristiane Torloni – e me inscrevi. Desde então eu nunca mais parei.

Não, hoje eu moro sozinha.

MAS DEPOIS DO ANTUNES FILHO VOCÊ VOLTOU A TRABALHAR COM GERALD, NÉ? Eu sempre trocava e-mails com o Gerald e ele dizia: “Fica em São Paulo, aí tem exposições. É uma cidade que te dá oportunidades”. Eram oportunidades que eu nunca tinha tido... Só que aí ele acabou voltando para participar de um festival na Croácia. E em dez dias eu estava na Croácia também! Fiquei trabalhando na companhia dele por quatro ou cinco anos.

O QUE ACONTECEU DEPOIS? Eu fui para o Rio estudar na CAL – Casa das Artes de Laranjeiras. Fui morar numa república. Éramos seis pessoas morando num apartamento de um quarto.

EM ALGUM MOMENTO VOCÊ ACHOU QUE NÃO IA DAR CERTO? Este é um pensamento que sempre fica comigo.

ATÉ HOJE???? SEIS EM UM QUARTO????? Não, tinha uns no quarto, outros na sala, na cozinha... (gargalhadas). Foi ótimo. A gente ia junto pras aulas, tudo era uma festa e eu estava começando a entender o que eu queria. Estava estudando, estudando muito... Superempolgada com tudo o que estava aprendendo. Era o frescor do começo. Ali na CAL as portas começaram a se abrir para mim. Aprendi muito e conheci muita gente. Me formei e o Gerald Thomas

Antes era alguma coisa assim: será que vai dar certo? Agora é mais uma responsabilidade, fico pensando em qual é a minha função como atriz. Este pensamento esteve comigo sempre. Esta carreira é muito instável. Minha mãe falava: “Faz uma faculdade...”. A profissão do ator é uma profissão desesperada. Quando a peça acaba, o pessoal entra em depressão. Eu vejo isto acontecendo com muitos amigos meus, e sempre penso que a qualquer hora eu também posso ficar assim.

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ADORO ASSISTIR AOS MEUS TRABALHOS. A MAY EU PAREI DE VER E FICOU MAIS DIVERTIDO.

JÁ PENSOU EM DESISTIR? Quando saí do Gerald, as coisas não davam certo. Eu tinha 25 anos e nada acontecia. Fiquei aflita. A vida estava me mostrando que eu devia desistir, e neste momento eu quase fui morar em Londres com uma amiga que estudava mímica lá. Ia estudar arte, direção, alguma coisa... Mas ser atriz já estava por um fio...

não perdia um capítulo, e o público me dava um retorno, isso era muito legal. Recebia muitas cartas e comecei a descobrir onde a Manuela “pegava” nas pessoas. O primeiro dia em que assisti a “Olga” foi muito doloroso, porque foi muito envolvimento. Era uma personagem densa, por toda a sua história, e eu me envolvi muito com ela. A May (América) eu não acompanhei.

E O QUE TE FEZ MUDAR DE IDÉIA?

POR QUÊ?

Uma produtora me chamou para fazer a peça Mamãe Não Pode Saber, com o João Falcão. Aí eu vim pro Rio. Em uma semana eu já estava aqui trabalhando na peça.

No começo eu assisti a alguns capítulos e achei que não estava bem, que não estava fazendo certo, não sei bem o que era... Decidi não assistir mais, e depois não me vi de forma alguma... Mas ainda não descobri por que a May fez isso comigo...

VOCÊ VIVIA SE MUDANDO? Sempre pra lá e pra cá. Só de São Paulo para o Rio eu me mudei cinco vezes no mesmo ano – com toda a “tralha”, muita “tralha”! (gargalhadas...)

E COMO VOCÊ COMEÇOU NA TV? O Jayme Monjardim me chamou para fazer a minissérie (A Casa das Sete Mulheres). Conheci um meio que eu não conhecia. Fiquei procurando se tinha alguma coisa diferente do teatro: tentando ver se a forma de atuar era igual ou um pouco diferente... Se é que tem uma “forma” de atuar, a construção do personagem. A construção é a base do ator.

MUDOU ALGUMA COISA? A mudança foi radical. A TV te expõe de uma maneira absurda. As pessoas começaram a me procurar. Na TV você simplesmente invade a casa das pessoas. É uma invasão mesmo, numa novela você está todos os dias na casa das pessoas. Mas pra mim não é uma coisa assim: “Agora eu sou famosa”. Nada disso...

VOCÊ É MUITO CRÍTICA COM O SEU PRÓPRIO TRABALHO? É difícil assistir a si próprio, a gente fica nos detalhes e isso vai criando uma paranóia: devia ter feito assim, ou de outro jeito ia ficar melhor... Quando decidi não olhar mais a May, ficou muito mais divertido: ia para o set e tirava o maior sarro da May! A primeira vez em que fui ver “Vinicius” não fiquei tranqüila, achei que podia ter feito muita coisa diferente. Mas quando vi a segunda vez fiquei superorgulhosa, porque o filme está lindo!

VOCÊ PREFERE FAZER TEATRO, CINEMA OU TV? Eu ainda sou muito nova pra saber. Gosto dos três de uma forma diferente. No teatro é o ator quem manda. O teatro “é” do ator. Você sente que o teatro é teu. A TV ainda está sendo uma descoberta. Só fiz uma novela e uma minissérie, e no cinema só fiz dois filmes – e me apaixonei profundamente... Mas o único em que o ator manda realmente é o teatro.

VOCÊ TREME ANTES DE SUBIR AO PALCO? VOCÊ GOSTA DE ASSISTIR AOS SEUS TRABALHOS? Adoro. Da Manuela (A Casa das Sete Mulheres) eu

Fico nervosa. Não tem como não ficar. A responsabilidade é muito grande. É você e o público. Você é o dono de tudo.

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Perfil SOU APAIXONADA POR IR AO SUPERMERCADO! SE ESTOU MUITO TENSA, FICO HORAS POR LÁ.

JÁ PAGOU ALGUM MICO EM CENA? Vááááários...

tudo organizadinho... A caneta tem que ter o lugar dela... Mas é claro que ela nunca fica lá, né? (gargalhadas)

QUAL FOI O PIOR?

VOCÊ GOSTA DE COZINHAR?

Na peça do Gerald eu ficava um tempinho na coxia antes de entrar em cena. Eu sempre entrava por um lado, mas um dia eu pensei: vou entrar por aquela outra entradinha... Só que nas peças do Gerald sempre tem uma fumaça e eu não vi um ventilador que estava no caminho. O ventilador agarrou o meu vestido e eu fiquei presa pela bunda no ventilador, desesperada porque eu não conseguia me livrar dele e estava morrendo de medo de o vestido rasgar... Fiquei me imaginando em cena que nem a “Pedrita”, com o vestidinho curto, todo rasgado, e caí na gargalhada.

Gosto. Não sou nenhuma grande mestre-cuca, mas faço arroz integral, legumes no vapor, “Penne ao Limão”, sei me virar bem...

E TODO MUNDO VIU? Por sorte o público não viu, mas todos os meus amigos viram...

QUAL FOI O SEU PAPEL MAIS DIFÍCIL? Todos são difíceis de construir. Mas a Olga, por toda a sua história e sua força, era muita responsabilidade na minha mão. Eu nunca tinha feito cinema, e foi uma tarefa que me requisitou muito em termos de preparação e concentração.

E VOCÊ GOSTA DE IR AO SUPERMERCADO? Aaaaaaaaamo!!!!! Sou apaixonada por ir ao supermercado. Quando eu era pequena sonhava com o dia em que a minha mãe pudesse me esquecer no supermercado... Eu tinha esse sonho!!! Era o meu sonho dourado... No supermercado é tudo tão colorido e arrumadinho!!! Eu adoro. Se eu estou muito tensa, vou para o supermercado e fico horas por lá.

IR AO SUPERMERCADO É UMA ESPÉCIE DE TERAPIA PARA VOCÊ? Não, não chega a tanto, até porque eu faço a minha terapia, que eu não largo por nada, mas já me peguei várias vezes no supermercado depois de sair da terapia. (risadas)

E O ASSÉDIO DOS FÃS NO SUPERMERCADO? VOCÊ GOSTARIA DE INTERPRETAR ALGUM PERSONAGEM ESPECÍFICO? Não. Tem peças que eu adoro: Hamlet, Lady Macbeth, Medéia... Mas eu não tenho essa coisa de querer fazer algum personagem. Eu gosto dos que me surpreendem, que têm uma certa estranheza ou características não óbvias ou cotidianas. Eu preciso me apaixonar pelo personagem, por mais simples que ele seja.

Eu vou na madrugada, que é mais tranqüilo.

VOCÊ GOSTA DE BICHOS? Adoro, mas não tenho. Já tive peixe, pato, pinto, cachorro, periquito... Uma vez, quando eu era pequena dei um banho no meu papagaio, que estava todo sujo... e ele teve um final trágico... Olha a loucura...

ALGUM LEMA DE VIDA? VOCÊ TEM ALGUMA MANIA? Não... não sei... Mas tudo tem que ter o seu lugar,

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Não... nada em especial. Só quero estudar, apurar a sensibilidade, essas coisas...



Assim, ó... LUÍS AUGUSTO FISCHER

A COR DO NOSSO SOM Já tem atores globais falando a nossa prosódia Ainda esses dias eu estava numa conversa com amigos a respeito de um pequeno mistério da cultura local. O nome do mistério: a prosódia gaúcha no teatro. Prosódia é a melodia da fala, a distribuição das sílabas e das palavras pelas alturas do som, e também a pronúncia adequada das palavras. Espero que ainda se aprenda no colégio a prosódia de palavras como “incesto”, que se pronuncia “incésto”, com “e” aberto (e não fechado, como se assim ele ficasse mais decente). Comentávamos que no teatro feito aqui há sempre algo de estranho na prosódia; dá a impressão de que não há naturalidade na melodia da fala dos atores, como se eles estivessem enunciando de modo errado. Já no cinema que se faz aqui a sensação é de que o problema está sendo solucionado, provavelmente porque o cinema gaúcho como indústria está cada vez mais sólido e competente, como se pode ver no recente Sal de Prata, dirigido por Carlos Gerbase. Em filmes gaúchos mais antigos também tínhamos a sensação de imperfeição na prosódia: os atores não sabiam se deviam falar com a melodia da vida diária – incluindo o “tu” – ou se deviam imitar a pronúncia padrão da Rede Globo – trocar o pronome para “você”, roncar nos “r” e chiar nos “s”. São dilemas de quem vive no cotidiano uma prosódia que não é igual à dominante, aquela que nos vem do Jornal Nacional, das telenovelas, da música popular feita no centro do país. Quem tem mais de trinta e poucos anos vai lembrar o caso de Elis Regina, que mal alugou um apartamento no Rio já saiu chiando loucamente, como que aderindo, no plano simbólico, ao mundo novo que passou a freqüentar e que dominou com seu talento extraordinário. Aí, quando ocorria de a Elis baixar em Porto Alegre, para um show ou uma visita sentimental, não faltava repórter para perguntar por que é que ela estava chiando.

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Claro que atrás da pergunta estava um ressentimento, um atestado de saudade e um luto pela saída dela; mas Elis não se mixava para o aperto, e respondia que, bem, não tinha ido para lá com a intenção de fundar um CTG. Dava nos dedos, como se diz. E nessa resposta confrontativa, Elis estava sendo profunda, total, irrevogavelmente gaúcha. Fosse ela, digamos, cearense, talvez chegasse de volta em seu estado natal, após o sucesso no centro do país, carregada em braços pela multidão, festejada como uma local que venceu, e provavelmente seria elogiada até mesmo pela mudança no sotaque, mais fino, mais elegante. Mas era uma gaúcha, e nós, os gaúchos, temos muita dificuldade com a nossa posição periférica. (E com o sucesso também, é preciso dizer. Especialmente com o sucesso alheio.) O cinema que se faz hoje em dia parece ter superado parte substantiva do problema. No recente e já citado Sal de Prata, até os atores globais falam a nossa prosódia e a nossa linguagem: dizem “tu foi” e “tu quer” sem dificuldades, como se tivessem aprendido a falar um dialeto de sua própria língua. Há até uma cena em que Camila Pitanga, a quem se ensina um movimento de corpo, diz “Bá, tri bom”, com uma naturalidade bonfiniana. Talvez o teatro demore mais para encontrar sua naturalidade expressiva na fala porque, sendo uma arte antiga e merecedora de crédito, não tem encontrado lugar no veículo de massas que, no fim de todas as contas, define o presente e o futuro da cultura, no Brasil e noutras partes: a televisão. Que, por sinal, está começando a encontrar sua melhor prosódia, sua melhor dicção, com a melodia da Tânia Carvalho e do Tatata, com os cuidados nos especiais de ficção do Gilberto Perin e da Alice Urbim. LUÍS AUGUSTO FISCHER É PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR




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