Revista Estilo Zaffari - Edição 39

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ano 8 n0 39 r$ 4,50

Perfil: o grande Claude Troisgros Casa: salas de Conviver sabor: Cozinha Caseira e exPressa

azul império do

biCaMPeonaTo: PrêMio gaúCho de exCelênCia gráfiCa abigraf 2005 e 2006



NOTA

DO

EDITOR

Somos

Bicampeões! Em um mercado repleto de profissionais competentes e publicações de grande qualidade, a conquista que a Estilo Zaffari acaba de realizar tem que ser muito comemorada: somos bicampeões do Prêmio Gaúcho de Excelência Gráfica, outorgado pela Abigraf-RS (Associação Brasileira da Indústria Gráfica). Esse é um destaque que nos enche de orgulho. Saber que somos considerados excelentes por aqueles que mais entendem de trabalhos gráficos é uma honra! Queremos dividir com você, nosso querido leitor, este grande feito. E por isso preparamos uma edição cheia de coisas lindas. Nossa capa já mostra parte das belezas que a edição traz em suas páginas internas: as águas azuis transparentes e o céu glorioso da Polinésia Francesa, lugar que freqüenta os sonhos de 10 entre 10 mortais... Pois nossa repórter Cris Berger teve o privilégio de realizar esse sonho e foi à Polinésia. O relato da viagem dela e as fotos – deslumbrantes – você vai encontrar a partir da página 52. Impossível não ficar de queixo caído. Os porto-alegrenses certamente vão aprovar nossa matéria especial dedicada aos pais. E com certeza muita gente vai se emocionar ao ler nessas páginas relatos que poderiam fazer parte de suas próprias lembranças de infância. Para valorizar o estilo de vida e os lugares tradicionais da capital, a Estilo Zaffari convidou cinco gaúchos que passaram a infância em Porto Alegre e fez a eles a seguinte pergunta: “Onde seu pai levava você para passear?”. Cada um deles escolheu um lugar e lá foi fotografado. As reminiscências dos nossos convidados embalaram a reportagem, sensivelmente arquitetada e escrita por Paula Taitelbaum. A homenagem aos pais se transformou em uma ode à cidade. Ficou muito bonita também a reportagem sobre gastronomia desta edição. Bonita e saborosa. Saborosa e prática! Pensando na correria de quem vive em cidades grandes como Porto Alegre, de quem passa o dia em mil atividades e chega em casa à noite exausto e faminto, Beatriz Guimarães escreveu a matéria “Cozinha Expressa”. Ali você vai encontrar receitas para fazer em casa comidinhas deliciosas e fáceis de preparar, para deixar de lado a famosa tele-entrega... Cozinhar em casa pode ser um momento de relaxamento, prazer e convivência. Pense nisso. Falando em convivência, a reportagem da seção Casa tem tudo a ver com esse conceito. Clicamos três exemplos de ambientes projetados para permitir a confraternização, o contato, o lazer em suas diversas formas, sempre com informalidade e descontração. São as “salas de conviver”, espaços que tomaram conta dos lares modernos, substituindo as antigas e sisudas “salas de estar”. Nesses ambientes, a TV é peça de honra, a churrasqueira não precisa ficar escondida, os sofás são grandes e convidativos, o computador aparece faceiro e muitas vezes a cozinha fica aparente, integrada à área social da casa. As “salas de conviver” são o coração das casas do século XXI. Inspire-se e monte a sua! Boa leitura.

OS EDITORES


Correio

E OS VINHOS GAÚCHOS? Prezada Milene e Equipe: É a primeira vez que eu compro a revista Estilo Zaffari. Comprei porque aquela taça de vinho tinto e a promessa de uma revista dedicada em alguma medida aos vinhos me deixou muito interessada. Contudo, qual não é a minha decepção ao perceber que os vinhos tratados nesta revista que é Gaúcha, são Chilenos! Por que esta preferência aos importados? Esta semana vi que estavam comemorando o dia estadual do vinho gaúcho. Encontrei um encarte maravilhoso do Zaffari, também dedicado em grande parte aos vinhos e o que eu encontro? Vinhos chilenos, argentinos, italianos, franceses e... dois ou três vinhos nacionais. Não é questão de ser nacionalista, mas, como apreciadora de vinhos, tenho acompanhado a evolução dos vinhos nacionais nos últimos anos. Não que os demais não devam ser divulgados, apreciados, mas bem que vocês, como revista gaúcha, poderiam dar um espacinho maior para o que estamos fazendo na nossa terra... Um abraço, KELLY BRUCH – ADVOGADA

Prezada Kelly, Em primeiro lugar, obrigada por escrever para a Estilo Zaffari. Certamente compartilhamos do mesmo apreço pelos vinhos produzidos aqui no RS. Por isso é que já realizamos uma reportagem de cerca de 10 páginas sobre o Vale dos Vinhedos, maior região produtora de vinhos do nosso Estado. E também já fizemos inúmeras citações dos vinhos gaúchos em outras oportunidades. O que ocorre é que, como em toda publicação periódica, temos que tomar cuidado para não nos repe-

tir demasiadamente. Por essa razão, não podemos citar os vinhos gaúchos toda vez que falamos de vinhos, compreende? Para nosso azar, você não teve a chance de ver as edições anteriores, e acabou ficando decepcionada por não encontrar o que esperava nesta edição... Sentimos muito ter desapontado você, sinceramente. Mas esperamos que compreenda que temos que escolher bem os assuntos quando montamos uma revista e aproveitar da melhor forma possível o espaço de que dispomos, sempre pensando em trazer informações novas para os leitores. Nesta edição, escolhemos falar dos vinhos chilenos, não só porque eles são reconhecidos mundialmente por sua qualidade, mas também porque convidamos uma chef chilena para harmonizar vinhos com suas receitas. Chef chilena, vinhos chilenos. Nos pareceu interessante e enriquecedor para nossos leitores. A Estilo Zaffari é uma revista que tradicionalmente valoriza de forma intensa os valores, talentos, produtos e pessoas aqui do Rio Grande do Sul. Prova disso é que nesta mesma edição temos uma reportagem que apresenta jovens chefs gaúchos e suas receitas. E já fizemos edições inteiramente dedicadas às coisas do Rio Grande. Agora que você comprou a revista pela primeira vez, continue nos prestigiando. Temos certeza de que esse desapontamento não vai se repetir, especialmente porque você mesma vai perceber como a revista é cuidadosa na escolha de seus temas e na elaboração de suas reportagens. E daqui a pouco, em uma próxima edição, você certamente vai encontrar referências e dicas sobre os vinhos gaúchos que tanto admira. Obrigada por ler a Estilo Zaffari!


PENSANDO EM VOLTAR... Milene, Recebi de amigos um exemplar da revista Estilo Zaffari – edição 38, na qual voce publicou a minha carta apaixonada por Porto Alegre, pelo Zaffari e por sua maravilhosa revista. Juntamente com o exemplar, minha caixa de e-mails se encheu de mensagens de amigos falando sobre o assunto, alguns dizendo que eu deveria escrever mais profissionalmente (nunca tinha pensado nisso, mas quem sabe...). Fiquei muito orgulhoso, na verdade com os olhos marejados de lágrimas, com a publicação da carta e achei o maximo a vinheta do avião com o coração desenhado em sua trajetória. Muito obrigado. Vocês conseguiram me encantar ainda mais e me fazer pensar seriamente em voltar. Fico na torcida pelo contínuo sucesso da revista, e também do nosso querido Zaffari. Quando estiver em Porto Alegre, ligo pra marcar uma visita e conhecer pessoalmente esse pessoal competente e admirável. Grande abraço, CARLOS J. A. FERNANDES – RIO DE JANEIRO

Carlos, se essa vontade de voltar for irresistível, quem vai sair perdendo é o Rio de Janeiro... Nós, gaúchos, teremos de volta um conterrâneo de primeira! Mas, mesmo que seja durante uma visita rápida a Porto Alegre, apareça no Zaffari e aqui na nossa redação! Ah, e não deixe de considerar essa idéia de escrever de forma mais constante, você leva jeito mesmo! Um abração!

O ZAFFARI É DEMAIS! Demais mesmo é termos em Porto Alegre uma Rede de Supermercados com muitas qualidades: organização, beleza, bom atendimento, pessoas atenciosas e bem educadas e produtos da melhor qualidade. Isto tudo é o que não falta no Zaffari. Obrigada a todos e parabéns. ECLAIR BORN VIEIRA

Olá, Eclair! Encaminhamos este seu e-mail para a diretoria da Companhia Zaffari, a fim de que todos tenham o prazer de ler suas amáveis palavras. Muitíssimo obrigada pela gentileza e pelo carinho, nós e toda a equipe do Zaffari nos sentimos extremamente honrados por receber manifestações como essa, enviadas de forma espontânea por pessoas atenciosas como você. Esperamos continuar trabalhando com qualidade para manter nossos clientes sempre satisfeitos. Continue nos prestigiando, por favor! Um grande abraço.


Í N D I C E 11

Cesta Básica

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Casa: Salas de conviver

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O Sabor e o Saber

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Perfil: Claude Troisgros

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Coluna: Gauchismos

ONDE SEU PAI LEVAVA VOCÊ PARA PASSEAR?

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azul Império do

Cozinha expressa

A paisagem da Polinésia Francesa é assim: azul, azul, azul. E linda, linda, linda...

Receitas muito fáceis, porém deliciosas, para você deixar de lado a tele-entrega

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Cotidiano

MAR THA MEDEIR OS

WHEN I’M SIXTY-FOUR O otimismo há de me acompanhar Muito se comentou sobre os 64 anos de Paul McCartney, completados em junho passado e que inevitavelmente despertaram comparações com a letra que ele escreveu aos 24 anos, portanto 40 anos antes de ter a idade que ficou imortalizada na sua canção When I´m Sixty-Four. Ainda um garoto, ele imaginava que aos 64 estaria arrancando ervas daninhas do jardim, consertando fusíveis, dando colo aos bisnetos e em plena decadência. Mas uma decadência resignada: who could ask for more? Quem poderia pedir mais? Ninguém tem bola de cristal, nem mesmo um beatle. Paul chegou aos 64 anos bilionário, compondo ainda, fazendo shows e em vez de bisnetos ganhou uma nova filha, que hoje tem dois anos. De decadente, apenas sua aparência, que tem acusado sem dó a passagem do tempo, mas estando ainda sadio e produtivo, who could ask for more? Meus 64 anos não estão assim tão longe como estavam do jovem compositor Paul e suas previsões que não se cumpriram, mas também não estão perto a ponto de eu saber o que vai me acontecer: felizmente, ainda estou a uma distância que me permite equívocos. Mas não custa nada sonhar. Aos 64, pouco me importa como eu esteja, desde que viva, lúcida, dona dos meus movimentos e trabalhando. O resto se administra. O que me importa de fato é como o Brasil vai estar daqui a 20 anos. Que tipo de ar 10 Estilo Zaffari

vou respirar, que segurança terei para sair à rua, se vou estar mais confiante na classe política, se minhas filhas terão boas oportunidades de emprego e se poderei pagar pelas minhas aspirinas, já que de outros remédios, com o otimismo que me é característico, não pretendo precisar. Aos 64, que os Rolling Stones não estejam mais tocando, porque daí já vai ser palhaçada. Que o Woody Allen ainda esteja vivo e filmando. Que o Philip Roth ainda esteja escrevendo. E também o Paul Auster. Que o Chico Buarque esteja fazendo o que ele quiser. Que o Faustão tenha se aposentado. Que a Sasha tenha se tornado uma excepcional neurocirurgiã ou uma fantástica engenheira mecânica – tudo, menos o show biz. Quando eu tiver 64, espero que Veneza ainda não tenha submergido, que Londres não esteja tão cara e que os Estados Unidos tenham se livrado da família Bush. Aliás, que o consulado americano tenha sido reaberto em Porto Alegre, porque haja disposição e paciência para ir a São Paulo solicitar visto. Que Fernando de Noronha se mantenha do jeito que é agora. Que o Rio de Janeiro continue lindo. E que a Varig – ela própria – ainda me leve a todos esses lugares incontáveis vezes. Aos 64, o que eu espero mesmo é continuar tão otimista.

MARTHA MEDEIROS É ESCRITORA


Cesta básica

NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA-A-DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MÚSICA, CINEMA, LUGARES, OBJETOS ESPECIAIS, COMIDINHAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO!

FOTO:DANIEL MARTINS

LÚDICO E SAUDÁVEL Nada de óleo fervente ou qualquer tipo de gordura. O sukiyaki, que em japonês pode ser traduzido como cozinhar a seu gosto, preserva ao máximo o sabor e as propriedades de cada alimento. Filé mignon e peito de frango em pequenos pedaços são colocados ao lado de alho-poró, tofu, cenoura, cebola, couve-flor, couve-chinesa, cogumelos, agrião e rúcula sobre uma pedra sabão aquecida pelo réchaud. O tempero básico é o shoyu, e uma pitada de açúcar dá um toque especial. Para paladares mais destemidos, o gengibre e a pimenta complementam o ritual. Como complemento, arroz com gergelim ou bifum (fino macarrão de arroz) é o suficiente para uma refeição completa e saborosa sugerida pelo pequeno e acolhedor Heiansushi (Casemiro de Abreu, 142). Detalhe especial: fazer reservas sempre (Fones: 3028 9261 e 9971.2381).

REJANE MARTINS, JORNALISTA


Cesta básica

FOTO:CRISTIANO SANT’ANNA

CONVITE À MATERNIDADE

CINEMA NA COZINHA

A Refúgio Urbano aproveitou a mudança de endereço e ampliação da loja para lançar uma linha exclusiva para crianças de zero a 6 anos: a Refúgio Mini. No segundo andar de um casarão antigo, a Mini tem roupinhas customizadas, peças artesanais exclusivas, objetos de decoração, brinquedos lúdicos e de madeira. Muitos são frutos de pesquisa das donas, Anete e Ana Carrard, que desenham as criações. O ambiente da loja também se adapta aos pequenos. Provadores, espelhos e biombos foram copiados da sala de prova da Rouparia da Refúgio em tamanho menor. O espaço inspira à maternidade e é estimulante para as crianças. Outra novidade é o bazar permanente, onde são mantidas as peças de coleções anteriores, com descontos de até 70%. No térreo, a Refúgio segue com as peças de vestuário e objetos de decoração de qualidade, garimpados em diversas regiões e culturas. Na Coronel Bordini, 232. Informações 3028 1965 ou 3022 8099.

Um lugar tão aconchegante como a cozinha, que congrega as pessoas nesta vida tão corrida, também merece ter estilo e atitude. Talula Montiel Trindade tem talento para mudar os ares de quem pilota o fogão, a cozinha e até a copa (não a de futebol, claro). A paixão pelo cinema, aliada ao desejo de ter peças bacanas e contemporâneas em casa, motivou a criação de produtos que vão de ímãs de geladeira a aventais e jogos americanos – a grife Santo de Casa. “Tudo que eu encontrava tinha flores ou tons pastel. Gosto de cores fortes e não sou muito fã de estampas delicadas.” Exceto os ímãs com imagens celebrizadas no cinema, o resto dos objetos pode ser feito por encomenda. “Faço a partir de pedidos, como um tecido específico ou uma determinada diva ou ator”, conta a artista de 27 anos, formada em Estilismo e Coordenação de Moda. Faça a sua encomenda pelo fone (51) 9727 2530.

ANA CAROLINA BOLSSON, JORNALISTA

CATIA BANDEIRA, JORNALISTA


ARTE PARA BEBER

FLOR, COLA E PAPEL Quem disse que os objetos do escritório precisam ter sempre cores sisudas e sem vida? A Vestido de Papel – Encadernações Personalizadas – prova o contrário ao resgatar a arte milenar da encadernação manual. A grife de objetos da artista plástica Marina Camargo começou a surgir em uma viagem à Europa. Um curso de restauração de livros foi o estopim para as primeiras criações, e as encomendas não demoraram. “Lá encontrei cadernos feitos à mão que não encontrava aqui. Da minha necessidade surgiu a idéia”, relata Marina. O mais recente resultado foi a explosão de cores da coleção 2006, “bem brasileira”, como define ela. São pastas feitas à mão, cadernos costurados manualmente, álbuns de foto e blocos, todos forrados com tecido de estampa de chita. Encomendas podem ser feitas pelo site www.marinacamargo.com/vestidodepapel.

A. C. B., JORNALISTA

Assim como o chef está para o restaurante e o sommelier para o vinho, o barista é o especialista em preparar cafés de alta qualidade e em criar bebidas baseadas nele. O título de um dos maiores produtores de café do mundo não garante ao Brasil o reconhecimento pela qualidade no preparo do mesmo. Mas a cena tem mudado, e o Rio Grande do Sul ganhou recentemente sua primeira barista. Há um ano, Daniela Raymundo presta consultoria de capacitação para cafeterias com o objetivo de padronizar a qualidade da bebida servida. O interesse surgiu em uma viagem à Austrália, onde fez cursos no The Gourmet Coffee Institute, um dos mais conceituados. Entre suas criações estão o Macchiato, café de apenas dois goles, e o Mocha, bebida com sorvete para o verão. “Meu foco são bebidas tradicionais. Meu objetivo é um café simples de apresentação inovadora”, define ela. Informações pelo fone (51) 8166.5756.

NONONONONO, NONONONONONOON


FOTO:DIVULGAÇÃO

FOTO: LETÍCIA REMIÃO

Cesta básica

A CAPITAL DO TEATRO

GOSTOSO E REQUINTADO

Com o segundo semestre chega a oportunidade de os gaúchos se encantarem com os mais importantes nomes do teatro contemporâneo em um único evento: o 13° Porto Alegre Em Cena. Mais de 40 espetáculos latino-americanos e europeus serão encenados entre 5 e 17 de setembro em diversas salas. Destaque para os internacionais Sobre el amor y otros cuentos sobre el Amor, direção de Norma Aleandro, Für die kinder von gestern, heute und morgen (Para as Crianças de Ontem, Hoje e Amanhã), de Pina Bausch, e o nacional Ricardo III, de Roberto Lage. Neste ano, a novidade é o 1° prêmio Braskem, que premiará os espetáculos gaúchos. O público poderá ajudar na escolha do Melhor Espetáculo votando na saída dos teatros. “O prêmio ressalta a importância do teatro gaúcho e é um aval de um grande patrocinador para o 13° Porto Alegre Em Cena”, diz o coordenador-geral, Luciano Alarbase. Agende-se e não perca este grande evento.

Gramado ganhou um bistrô francês que pretende resgatar a tradição da comida de panela, com suas refeições reconfortantes e substanciosas. “Queremos suscitar nos freqüentadores a vontade de raspar o pão no fundo do prato e exclamar: ah, que delícia!”, diz o chef francês Claude Troisgros, que inaugurou o Bistrô 32 em parceria com o gaúcho Marcelo Jacobi, no bairro privado Aspen Mountain. Instalado em uma casa estilo colonial no alto de uma colina, o espaço foi projetado pela arquiteta Arlene Lubianca, que fez a ambientação em estilo provençal com predomínio das cores azul e branca. Das janelas, se vê a copa das araucárias, o verde úmido, cavalos às soltas e a fumaça saindo das chaminés dos chalés. Dentro, um cardápio de inspiração francesa, com destaque para a salada de queijo de cabra com passas, o carrê de cordeiro grelhado com farofa de tomate e limão confit e a torta de maçã a l’auncienne. O Bistrô 32 fica no km 32 da RS-235 e vai funcionar até o fim do Festival de Cinema de Gramado, de sexta a domingo. Bon appétit!

ANA CAROLINA BOLSSON, JORNALISTA

A. C. B., JORNALISTA



Consumo t e t ê

pAC h e C o

Amor (revisited)

A história de um casal que decidiu viver off-line O casamento ia mais ou menos. Mais pra menos do que pra mais. Não é que faltasse amor. Faltava um pouco de, digamos, novidade. Viviam num mundo lotado delas. Todo novo dia, uma novidade. Novas bandas, novos refrigerantes, novos remédios, novas tinturas de cabelo. Novos tudo o tempo todo. E o amor deles lá, envelhecendo. Já se iam dois anos desde que disseram um ao outro “ok, vamos tentar” e foram morar juntos. Dois anos???? Uma eternidade. Como eles eram modernos demais para fazer de conta que estavam sempre com dor de cabeça, inventavam desculpas mais contemporâneas: Peraí, vou ouvir minhas mensagens do celular, dizia ele. Ah, tá bom, enquanto isso eu limpo a caixa de e-mails, dizia ela. E foi indo assim. Um dia ele tinha que passar a limpo a agenda da semana no palm. E ela aproveitou para baixar mais e mais músicas no seu iPod. Entediada de esperar os downloads, ela foi dar uma voltinha pelo Orkut. E acabou conheceu o sueco. Ele apareceu no meio de um grupo de ex-amigos que viajaram juntos para a Europa em 2004. Começaram o relacionamento na base do como é que é morar aí e a coisa foi ficando mais séria. Trocavam receitas de comidas favoritas. Não era incomum o marido chegar em casa e encontrá-la comendo na frente do computador. Não vi e-mails o dia todo, justificava ela. Um dia o sueco perguntou que perfume ela usava. Não demorou para aparecer diante da câmera com um frasco novinho, que era borrifado no ar toda vez que faziam contato. A relação não poderia ir melhor. Ele nunca roncou. Ela nunca pendurou as calcinhas no box. Ele sabia do marido,

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Estilo Zaffari

ela sabia da esposa. Tudo certo. Até que o marido a convidou para uma viagem. Miami, ele disse. Miami?, disse ela. Foram. Ela precisou levar o laptop porque estava muito ocupada com assuntos de trabalho naqueles dias. Ele achou que isso era uma coisa normal. Até que ela foi tomar banho e esqueceu o laptop aberto em cima da cama do hotel. O hotel era wireless. E quando ela saiu do banho lá estava o marido, recém chegado da rua, cheio de sacolas, bufando diante do laptop. Foi assim, sem mais, que ele descobriu tudo sobre o sueco. O clima pesou bem. Demorou, mas ele acabou achando que talvez isso não fosse uma traição tão terrível. Afinal, eles nunca tinham se visto. Ao vivo. Diante da possibilidade de perder o marido, ela jurou que jamais voltaria ao Messenger. Foram passear de mãos dadas na Disney. Ele quis descer a montanha-russa e ela nem morta. Então ele a deixou esperando, com seu celular, que ela automaticamente jogou dentro da bolsa. Ao pegar o celular de volta, o marido percebeu que faltavam alguns minutos de crédito. Furioso, a acusou de ter ligado para o amante. Ela não tinha ligado. Insistiu várias vezes que não era verdade. Mas diante da certeza dele, acabou concordando. Ok, eu liguei. E terminei tudo, disse ela. Ele bufou. Jogou o celular longe. Exigiu que eles passassem a viver off-line. Foram pra cama naquela mesma noite e ficaram olhando um pouco para o teto. Mas só um pouco. Os trigêmeos chegaram nove meses depois. As fotos foram pelo correio para a família toda. tetê pACheCo é publiCitáriA



Sabor


Cozinha expressa Tempo é dinheiro, diz o ditado popular. E tempo economizado também pode significar mais prazer fazendo o que se gosta, desde que a gente consiga administrá-lo bem. Com agenda cheia, horas perdidas no trânsito, filas de banco, trabalho, filhos e cuidados com a estética, temos nossos dias encurtados por compromissos inadiáveis, sobrando muito pouco para o lazer prolongado. Escravos do ritmo acelerado e do redemoinho imposto pela vida urbana moderna, terceirizamos quase tudo na nossa vida diária. As portas das geladeiras estão aí para comprovar: cobertas de imãs com disque-tudo. Já virou rotina pedir quase tudo em casa: da farmácia à lavanderia, passando pelo supermercado e restaurantes, como forma de otimizar o tempo. Cozinhar é uma das atividades mais terceirizadas nos lares modernos. Os congelados, o microondas e a tele-entrega estão presentes em quase todas as casas. Há uma produção industrial de alimentos congelados que quase se iguala à de alimentos frescos. A palavra de ordem é rapidez e facilidade. P O R

B E AT R I Z

G U I M A R Ã E S

I LU S T R A Ç Õ E S

N I K

F OTO S

L E T Í C I A

R E M I Ã O


Sabor

Das feministas ao microondas Em pouco menos de 40 anos, enquanto as feministas saíam às ruas queimando sutiãs em protesto contra a escravidão doméstica e a sociedade patriarcal, grande parte das mulheres acabou trocando a cozinha pelos escritórios, pelas repartições públicas, pelas empresas e pela iniciativa privada. Embora ainda tenham que enfrentar a tal da “dupla jornada”, hoje o preparo dos alimentos está dentro do contexto de rapidez e eficiência que rege a nossa dança diária. É claro que as conquistas das mulheres não se deveram apenas a alguns avanços tecnológicos – pílulas, microondas, máquina de lavar, freezers, carros, entre outros –, mas que ajudaram, ajudaram. E parece que estas facilidades atingiram a cozinha em cheio. Tudo rápido, mas com sabor Recentemente, todas as grandes cozinhas tradicionais, como a francesa e a italiana, e também aquelas desconhecidas até bem pouco, passaram por mudanças radicais no sentido de tornar o seu preparo mais rápido e mais fácil. Os molhos se tornaram mais leves, o azeite de oliva tem predominado no reino das gorduras, os peixes entraram mais em cena e as carnes aparecem mais grelhadas e mais saudáveis do que antes. Talvez venha daí o sucesso da moderna cozinha italiana, que, além de deliciosa e original, não tem mistérios no seu preparo e pode ser feita e consumida diariamente. Aprendendo alguns truques e mantendo alguns princípios, podemos, por exemplo, preparar um jantar leve e saboroso em alguns minutos.

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Estilo Zaffari


A COMIDA TEM QUE TER ALMA. ALGUÉM JÁ DISSE QUE A COZINHA É A ALMA DA CASA. E É MESMO!

Mas também a cozinha francesa se rendeu ao “fast, but good” das tendências atuais, já que ninguém mais quer despender horas e horas na cozinha preparando uma refeição. Assim, as omeletes, os sanduíches imaginativos, saladas encorpadas, as pastas, os risotos e até os tapas – os famosos aperitivos espanhóis – são indispensáveis na cozinha contemporânea, podendo substituir muito bem uma refeição tradicional. Ao mesmo tempo em que o preparo dos pratos foi facilitado, também houve aprimoramentos no ritual das refeições. Um deles, a introdução de vinhos como um item quase indispensável mesmo para um jantar informal entre amigos, o que antes ocorria apenas em ocasiões muito especiais. Tudo na TV A mídia tem tido, sem dúvida, um papel importantíssimo na divulgação de novas técnicas de cozinha, equipamentos, receitas e promoção de chefs, muitos deles transformados em celebridades da noite para o dia. Inúmeras publicações e programas de TV diariamente trazem novidades, lançam modismos, entrevistam gourmets, principalmente porque há um público numeroso interessado no tema. Um dos melhores exemplos disso é o programa da jornalista inglesa Nigella Lawson, que apresenta de forma despretensiosa, e aparentemente fácil, o preparo rápido de pratos deliciosos. O tema de seus programas varia de “comida para dias de chuva”, “jantar de domingo à noite” ou “comendo no jardim”, e assim por diante. O sucesso do progra-

ma, em grande parte, se dá porque mostra como uma mulher executiva, bonita e com filhos pode se sair muito bem preparando comida para os amigos, para a família ou para ela mesma. Tudo isso sem suar a camiseta e com muito charme. Nigella é um sucesso literário com seus livros irreverentes sobre cozinha. O último, Forever Summer, tenta trazer para a comida o espírito ensolarado e alegre do verão. Homens na cozinha Há muito tempo que o churrasco deixou de ser a única especialidade culinária dos homens – e é preciso lembrar que essa atividade nem acontece dentro da cozinha, mas fora dela. Como numa dança das cadeiras, os homens aproveitaram o “vazio” na cozinha, pegaram os aventais e assumiram a culinária como uma atividade prazerosa e desafiadora. É bastante comum, hoje, homens levarem a cozinha a sério, comprando equipamentos, fazendo cursos, lendo, para preparar refeições e jantares sofisticados, exibindo muita criatividade e profissionalismo. Muitos homens também participam de clubes de gourmets, onde eles preparam os pratos, degustam vinhos, charutos – tudo isso cercado de um clima de confraternização e de prazer. A cozinha, portanto, deixou de ser uma atividade de especialistas, mas também não pode ser um pesadelo para quem faz, pois há uma enorme oferta de alimentos e de recursos para tornar tudo mais fácil. Também não pode passar a ser uma tarefa burocrática, pois a automação na cozinha jamais vai permitir que se abra mão de um bom cozinheiro. A comida tem que ter alma, aliás, alguém já disse que a cozinha é a alma da casa. E é mesmo.

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Sabor


Batatas Recheadas com Espinafre

Risoto Verde com Bacon

EMBORA LEVE ALGUM TEMPO ASSANDO, ESTA RECEITA É MUITO PRÁTICA, POIS NÃO EXIGE MUITO TRABALHO. TAMBÉM PODE SER FEITA COM ANTECEDÊNCIA. A COMBINAÇÃO DE BATATA COM ESPINAFRE É IMBATÍVEL.

O RISOTO É UMA ESPECIALIDADE DO NORTE DA ITÁLIA. EMBORA DE ORIGEM SIMPLES, TORNOU-SE UM PRATO APRECIADO NO MUNDO INTEIRO, PORQUE É VERSÁTIL E, ALÉM DISSO, DELICIOSO.

4 BATATAS DE TAMANHO MÉDIO 2 A 3 COLHERES (SOPA) DE MANTEIGA SAL 100 G DE FOLHAS DE ESPINAFRE 1 COLHER DE AZEITE 2 OVOS BATIDOS 1 DENTE DE ALHO 2 COLHERES DE QUEIJO PARMESÃO

300 G DE ARROZ ARBÓRIO 200 G DE ASPARGOS FRESCOS 1 LITRO DE ÁGUA MINERAL FERVENTE SAL 1 CEBOLA PICADA 3 FATIAS DE BACON (OPCIONAL) 3 COLHERES (SOPA) DE MANTEIGA 3 COLHERES (SOPA) DE AZEITE ½ COPO DE VINHO BRANCO SECO

Modo de fazer: Asse as batatas inteiras por 1 hora a 1 hora e meia. Enquanto isso, numa frigideira, aqueça o azeite e cozinhe rapidamente as folhas de espinafre com um pouco de sal e o dente de alho amassado. Retire do fogo, e pique bem o espinafre. Reserve. Quando as batatas estiverem prontas, corte uma tampa no topo de cada batata e retire, cuidadosamente, toda a polpa, sem cortar a casca. Faça um purê acrescentando o sal e a manteiga. Misture então os ovos batidos e depois o espinafre. Recheie as batatas com esta mistura, finalize com o parmesão e leve novamente ao forno por uns 10 minutos.

100 G DE PARMESÃO RALADO NA HORA Modo de fazer: Ferva os aspargos por 2 minutos, ou até ficarem um pouco macios. Retire-os da panela e corte uns 3 cm da ponta, e reserve. O resto dos talos leve ao processador até formar um creme. Numa panela, ponha o azeite e a cebola, e deixe por uns 3 minutos dourando. Adicione então o bacon, caso for usá-lo. Acrescente o arroz e deixe por uns dois minutos. Adicione a água fervente aos poucos, mexendo de vez em quando. Antes de o líquido secar, acrescente mais água, mexendo cuidadosamente. Após uns 20 minutos, aproximadamente, quando o arroz estiver al dente, adicione o vinho, o creme de aspargos, as pontas de aspargos e a manteiga. Mexa delicadamente, desligue e sirva imediatamente com o parmesão.

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Sabor

Crostini de Queijo de Cabra com Salada de Folhas O CROSTINI É UMA ENTRADINHA ITALIANA FEITA COM FATIAS DE PÃO COBERTAS COM MOLHOS DIVERSOS. HÁ UMA INFINIDADE DE COMBINAÇÕES, COMO MOLHO DE TOMATE, QUEIJOS, COGUMELOS, BERINJELAS, OU SIMPLESMENTE AZEITE, ALHO E ORÉGANO.

6 FATIAS DE PÃO ITALIANO 2 A 3 COLHERES DE AZEITE 1 DENTE DE ALHO MACHUCADO SAL FOLHAS DE MANJERICÃO FRESCO FOLHAS DE CHICÓRIA FRISÉ, RADITE OU OUTRA VERDURA 200 G DE QUEIJO DE CABRA, OU MOZZARELLA DE BÚFALA PIMENTA ROSA (OPCIONAL)

Modo de fazer: Numa vasilha ponha o azeite, sal, alho, fatias de queijo de cabra e as folhas de manjericão partidas com a mão, separando algumas para guarnição. Misture bem e deixe por uns 30 minutos. Numa assadeira, ponha as fatias de pão para tostar por alguns minutos. Retire do forno, umedeça as fatias com o azeite, descarte o alho e arranje o queijo e o manjericão sobre os pães. Se quiser pode retornar ao forno para derreter o queijo. Finalize com a chicória, folhas frescas de manjericão e alguns grãos de pimenta rosa.

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Estilo Zaffari

Filé de Frango Recheado com Copa e Ricota OS ROLINHOS DE FRANGO SÃO FÁCEIS DE PREPARAR E TAMBÉM PODEM SER FEITOS COM ANTECEDÊNCIA. SÃO IDEAIS PARA ACOMPANHAR UM VINHO, CONSTITUINDO UMA REFEIÇÃO LEVE E SABOROSA.

6 FILÉS DE FRANGO SAL 2 COLHERES (SOPA) DE AZEITE ½ COPO DE VINHO BRANCO SECO 150 G DE COPA 100 G DE RICOTA 1 PITADA DE NOZ-MOSCADA 1 FATIA DE PÃO TORRADO E MOÍDO NA HORA PAPEL-MANTEIGA E FOLHA DE ALUMÍNIO

Modo de fazer: Achate bem os filés com um rolo e tempere-os com sal, azeite e vinho, e deixe por pelo menos 30 minutos. Pique a copa e misture-a com a ricota, noz-moscada e o pão torrado moído. Recheie os filés com esta mistura, enrole cada filé em papel-manteiga e depois em papel-alumínio, formando rolinhos. Coloque os rolinhos em assadeira e asse por uns 20 minutos. Desenrole os filés e corte-os em fatias de 1 a 2 cm. Pode ser servido quente ou frio com folhas frescas de radite e fatias de copa.




Omelete de Abobrinha de Tomate Seco

Talharins com Cogumelos Frescos e Rúcula

NADA MAIS SIMPLES E DELICIOSO DO QUE UMA BOA OMELETE. AQUI, A RAPIDEZ DO PREPARO NÃO DESCARTA COMBINAÇÕES PERFEITAS, COMO O VERDE DA ABOBRINHA, O VERMELHO DO TOMATE E UM TOQUE DO VINAGRE BALSÂMICO E DA HORTELÃ.

NA ITÁLIA AS PASTAS SÃO SERVIDAS GERALMENTE COMO ENTRADA, MAS NADA MAIS TÍPICO DA COZINHA MODERNA QUE ELAS. ALIMENTAM, SÃO DE PREPARO RÁPIDO E PERMITEM INFINITAS COMBINAÇÕES DE MOLHOS. IMBATÍVEIS.

4 OVOS

400 G DE TALHARINS

FOLHAS DE HORTELÃ, OU SALSINHA, SE

400 G DE COGUMELOS FRESCOS VARIADOS

PREFERIR

2 COLHERES (SOPA) DE AZEITE

1 COLHER (CAFÉ) DE VINAGRE BALSÂMICO

2 COLHERES (SOPA) DE MANTEIGA

1 DENTE DE ALHO

SAL

1 ABOBRINHA

3 DENTES DE ALHO BEM PICADO

4 TOMATES SECOS PICADOS

1 COLHER (SOPA) DE SALSINHA PICADA

2 A 3 COLHERES (SOPA) DE AZEITE

100 G DE PARMESÃO RALADO NA HORA

SAL

FOLHAS DE RÚCULA PARTIDA COM A MÃO

PARMESÃO RALADO NA HORA

SUCO DE 1 LIMÃO

Modo de fazer: Rale a abobrinha em flocos, nos furos grandes do ralador, ou corte-a em fatias bem finas, e deixe numa vasilha, marinando por uns 20 minutos, com um pouco do azeite, sal, alho, hortelã e vinagre balsâmico. Bata bem os ovos, misture a abobrinha temperada e acrescente o tomate seco. Numa frigideira grande, aqueça o azeite e despeje a mistura. Cozinhe em fogo médio a baixo, cuidando para não queimar. Acrescente o parmesão e sirva imediatamente.

Modo de fazer: Numa frigideira, ponha o azeite e deixe aquecer bem. Acrescente os cogumelos(picados se forem grandes) e depois ponha o alho e deixe em fogo alto por uns dois minutos. Coloque o suco do limão, o sal, a manteiga e a salsinha. Reserve. Encha uma panela com água suficiente para a pasta. Quando ferver, acrescente o sal e ponha a pasta para cozinhar. Depois de pronta, escorra, e na mesma panela junte a pasta e os cogumelos. Mexa bem, coloque em prato adequado e finalize com a rúcula e o parmesão por cima.

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Sabor

Suflê de Maracujá

Muffins de Uva

O PERFUME DO MARACUJÁ PREDOMINA E ESTIMULA O APETITE. É UMA SOBREMESA DELICADA E IDEAL PARA FINALIZAR UMA REFEIÇÃO LEVE.

MUFFINS SÃO BOLINHOS RÁPIDOS E DELICIOSOS. PODEM SER RECHEADOS COM DIVERSOS TIPOS DE FRUTINHAS OU GELÉIAS. SÃO UMA BOA OPÇÃO TAMBÉM PARA O CAFÉ DA MANHÃ.

3 GEMAS

50 G DE MANTEIGA

1 XÍCARA DE AÇÚCAR

250 G DE FARINHA

1 XÍCARA DE SUCO DE MARACUJÁ OU 3 MARACUJÁS

1 COLHER DE FERMENTO DE BOLO

3 CLARAS RASPA DE 1 LIMÃO MANTEIGA PARA UNTAR A FÔRMA

Modo de fazer: Para o suco de maracujá, retire a polpa de umas 3 frutas, misture com um pouco de água e coe bem. Bata bem as gemas com metade do açúcar e depois junte o suco de maracujá. Bata as claras em neve e acrescente o resto do açúcar e a raspa de limão. Misture cuidadosamente as gemas com as claras. Unte uma fôrma refratária, alta, e pulverize com açúcar. Coloque a mistura na fôrma e deixe por uns 7 minutos em banho-maria. Retire do banho-maria e leve ao forno baixo (180ºC) por uns 20 a 30 minutos.

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60 G DE AÇÚCAR (1/4 DE XÍCARA) 2 OVOS BATIDOS 200 ML DE LEITE MORNO (MENOS DE 1 XÍCARA) 100 G DE UVAS PRETAS, AMORAS OU MIRTILO 1 COLHER DE AÇÚCAR CONFEITEIRO (OPCIONAL) Modo de fazer: Unte fôrma do tipo bolo inglês (maiores do que as de empadinhas) e polvilhe com farinha. Misture a farinha, o fermento, o açúcar e a manteiga. Acrescente os ovos batidos, o leite e as uvas. Coloque a massa nas fôrmas e asse em forno preaquecido a 200ºC por uns 20 minutos. Depois de prontos, polvilhe com açúcar confeiteiro. Dá umas 24 unidades.



Sabor


Crepe de Banana A MASSA DO CREPE PODE SER FEITA COM ANTECEDÊNCIA E AQUECIDA NA HORA DE SERVIR, JUNTO COM O RECHEIO. COMO ACOMPANHAMENTO, SORVETES OU CALDAS DE CHOCOLATE. COMO RECHEIOS, DIVERSAS FRUTAS: MAÇÃS, PERAS, KIWI OU OUTRAS.

125 G DE FARINHA 2 OVOS 1 COLHER (CAFEZINHO) DE ESSÊNCIA DE BAUNILHA 250 ML DE LEITE Modo de fazer a massa: Misture tudo no liquidificador e reserve na geladeira por 1 hora. Depois disso, aqueça uma frigideira com um pouco de manteiga e, com uma concha pequena, derrame a mistura na frigideira, cuidando para que os crepes fiquem bem finos. Com uma espátula, vire o crepe e repita a operação até finalizar toda a massa.

RECHEIO 500 G DE BANANAS 2 A 3 COLHERES (SOPA) DE AÇÚCAR 50 G DE MANTEIGA 4 COLHERES (SOPA) DE CACHAÇA, CONHAQUE OU WHISKY CANELA EM PÓ Modo de fazer o recheio: Corte as bananas em rodelas e separe em 2 porções. Leve uma porção a uma frigideira com um pouco de manteiga aquecida. Deixe dourar bem, acrescente o açúcar e alguns minutos depois ponha metade da cachaça. Retire do fogo, coloque canela e repita tudo com a outra porção. Recheie os crepes com as bananas, coloque em prato refratário, cubra com um pouco de manteiga, canela e polvilhe com açúcar. Leve ao forno por alguns minutos ou aqueça no microondas.

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Ser & Vestir ROBERTA GERHARDT

DICAS BRINCAR COM A COR DA MEIA É PARA POUCOS, POR ISSO, NA DÚVIDA SEJA DISCRETO, EVITE AS ESTAMPAS. COM TERNO MARINHO, AS MEIAS SEGUEM A COR. TERNO CLARO PEDE MEIAS UM POUCO MAIS ESCURAS QUE A COR DAS CALÇAS, PORÉM UMA TONALIDADE ABAIXO DO SAPATO. AH! AS BRANCAS APENAS PARA A PRÁTICA DE ESPORTE OU COM SAPATO E CALÇA NA MESMA COR. A LARGURA DA GRAVATA INTERFERE NA JOVIALIDADE DO LOOK. A MEDIDA TRADICIONAL É EM TORNO DE 9,5 CM, MAS A MODA É USAR A GRAVATA COM CERCA DE 7,5 CM. ESQUEÇA OS PADRÕES DE BICHINHOS E PERSONAGENS DA DISNEY! APOSTE NAS LISTRAS LARGAS EM GRAVATAS ESTREITAS. CINTO É UM ACESSÓRIO QUE TAMBÉM MERECE ATENÇÃO. QUANTO MAIS LARGO, MAIS ESPORTIVA FICA A ROUPA. PORTANTO, NO TRAJE SOCIAL, USE CINTOS DISCRETOS, NO MESMO MATERIAL DO COURO DO SAPATO E AS FIVELAS, DE PREFERÊNCIA, NO MESMO ACABAMENTO DO RELÓGIO.

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ENCONTRE SEU ESTILO

A moda masculina possui uma infinidade de opções e ainda assim, há quem acredite que “roupa de homem é tudo igual”. Será mesmo? Se observarmos duas pessoas usando o mesmo “uniforme”, vamos notar que apesar da roupa ser “a mesma” elas estão vestidas de forma diferente. E isto ocorre porque o vestir possui uma magia que está muito além do simples ato de escolher determinada peça de roupa para cobrir o corpo. O vestir está associado ao comportamento, ao “tom” que a pessoa dá a vestimenta, pois é a sua personalidade que está fazendo o arremate final da roupa. Então, preste atenção em como você usa as roupas que escolhe vestir. Quando pensamos no traje social masculino é corriqueiro o homem imaginar que basta vesti-lo para estar elegante. Isto definitivamente não é verdade. Para o caimento ficar perfeito, a numeração da roupa precisa estar de acordo com seu corpo. Então, muito cuidado com os ajustes das barras de calças, comprimento de mangas do paletó, ombros, pois um erro do alfaiate compromete toda a sua silhueta. As camisas merecem atenção principalmente no tamanho do colarinho, que deve estar impecável sempre. Nos pés, invista em sapatos de qualidade e de tonalidades escuras, por serem fáceis de combinar. Sapatos na cor marrom escuro são perfeitos para ternos marinhos, cinza e bege. E cuidado com as meias! Elas devem ser longas, três quartos, no comprimento do joelho. Nenhum pedacinho da perna pode ficar aparecendo na hora de sentar, ok? Lembre-se: a elegância está nos detalhes. Então, mãos à obra! Atualize seu guarda-roupa social.


SINTA-SE BONITA! Pensando no valor simbólico da roupa, estar bem vestida é uma preocupação que vai muito além da simples vaidade. E o bom senso pede que antes da escolha do vestir, você faça as três perguntinhas básicas: Onde? Quando? Quem? No caso dos convites, faz parte da gentileza e dos bons costumes se preocupar em atender a solicitação do traje sugerido. E vale sempre a lembrança de que para quebrar as regras com elegância é preciso antes conhecê-las e compreendê-las muito bem. Nas festas tradicionais, como casamentos, aniversários, debuts, a roupa merece um tratamento ainda mais especial, pois são momentos marcantes, onde a roupa adquire maior significação emocional. Cada detalhe merece carinho, atenção, afinal ela precisa informar os sentimentos, os desejos, os afetos e sonhos que estão envolvidos na ocasião. Há uma infinidade de opções que a moda sugere para cada tipo de evento e estilo, o que a moda pouco ensina é algo que não se compra em lugar algum: a verdadeira beleza. Nenhum profissional, seja de que ramo for e com a melhor capacitação possível será realmente capaz de deixar uma mulher bonita se ela primeiro não decidir SER. Sim, isso mesmo: a “simples” decisão de SER bonita é bem diferente do ESTAR bonita. A beleza verdadeira, assim como a elegância exige autenticidade. E nenhuma mulher fica bonita numa festa se ela não sabe ser bonita no dia-a-dia e principalmente quando ninguém a vê. Acredite. Então, faça charme, brinque com você, crie pequenos rituais na sua rotina. Seja bonita no seu jeito único de ser! ROBERTA GERHARDT É CONSULTORA DE MODA E ESTILO

DICAS A TENDÊNCIA PARA O TRAJE SOCIAL FEMININO É DE VESTIDOS SEXYS, PORÉM NUNCA VULGARES! FENDAS, RECORTES, DECOTES, TUDO NA MEDIDA CHIQUE. OS BORDADOS ESTÃO EM BAIXA. O MODERNO É APRIMORAR O CORTE IMPECÁVEL, FAZENDO DOS VESTIDOS VERDADEIRAS OBRAS ARQUITETÔNICAS. POR ISSO, APOSTE EM TECIDOS INCRÍVEIS E NATURAIS, COMO A SEDA. ABUSE DO COLORIDO. INVISTA EM CORES VIBRANTES, INSPIRADAS NA NATUREZA: MUITO VERDE E AZUL, ASSIM COMO AMARELOS E LARANJAS. A BELEZA BRASILEIRA TEM COR, SENSUALIDADE, ESPONTANEIDADE. O DEGRADÊ VOLTOU COM TUDO! LISTRAS TAMBÉM ESTÃO EM ALTA, PORÉM CUIDADO: APOSTE NAS LINHAS VERTICAIS PARA DEIXAR A SILHUETA ALONGADA. AS LINHAS HORIZONTAIS, AMPLIAM! AS TRANSPARÊNCIAS TAMBÉM MERECEM DESTAQUE. A RENDA É UMA EXCELENTE OPÇÃO PARA QUEM NÃO QUER DEIXAR A PELE À MOSTRA E DAR UM TOQUE SOFISTICADO, PRINCIPALMENTE A RENDA NEGRA.

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de conviver Salas

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A SAlA de viSitAS CerimonioSA e formAl não reCebe mAiS ninguém. A de jAntAr, um eSpAço rígido e SenhoriAl do tempo doS AvóS, tornou-Se pouCo útil. o eSCritório já não preCiSA iSolAr SeuS freqüentAdoreS. A CozinhA, nA ContrAmão do que AprendemoS Com noSSAS mãeS, já não vive de portAS feChAdAS. e o mAiS inCrível: A tv, equipAmento outrorA bAnido dA áreA SoCiAl dA CASA, AgorA reinA AbSolutA nAS SAlAS de eStAr dA grAnde mAioriA dAS reSidênCiAS. noS últimoS AnoS, o jeito trAdiCionAl de uSAr AlgunS AmbienteS dA CASA vem grAdAtivAmente Sendo AbAndonAdo. AvAnçA umA novA idéiA de morAdA, A que reúne várioS AmbienteS em um Só e CelebrA A ConfrAternizAção. ASSim é que SurgirAm AS SAlAS de ConvivênCiA: derrubAndo pAredeS, CriAndo eSpAçoS mAiS AmploS, integrAndo A CozinhA Ao reStAnte dA áreA SoCiAl. morAdoreS e viSitAnteS AgorA podem de fAto Conviver, meSmo que CAdA um eStejA envolvido em AtividAdeS diferenteS. tudo eStimulA o enContro dentro de CASA, Ao finAl do diA, noS finAiS de SemAnA, e inSpirA A vidA gregáriA. Sim, A SAlA de Conviver Se ContrApõe Ao individuAliSmo e Ao iSolAmento dA vidA modernA! A Seguir, vejA trêS opçõeS de SAlAS que Seguem eSSe ConCeito e inSpire-Se. SuA CASA vAi fiCAr muito mAiS AtrAente Com umA SAlA de Conviver!

p o r m i l e n e l e A l e A nA C A r o l i nA b o l S S o n f oto S

l e t í C i A

r e m i ã o

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Apuro estético e múltiplas funções no Ambiente projetAdo peloS ArquitetoS beto SAlvi e tuti giorgi, A SAlA ConvenCionAl foi deSfeitA pArA dAr lugAr A outrA Com multifunçõeS. o ponto integrAdor deSSe ApArtAmento de 6° AndAr numA trAdiCionAl ruA do menino deuS é A SAlA de jAntAr. “deSConStruímoS o eSpAço, deSCArACterizAndo A áreA Como lugAr de AlimentAção. Ali Se pode trAbAlhAr, eStudAr, ConverSAr e Até Comer”, diz beto. Ao redor dA meSA, oS diferenteS tipoS de ASSento iluStrAm o ConCeito de informAlidAde e Conforto que norteou A ConCepção do eSpAço. de um lAdo, um Sofá de doiS lugAreS de Couro SintétiCo AdAptAdo à pArede relembrA AS lAnChoneteS AmeriCAnAS. poltronAS de pAlhA, CAdeirAS bertoiA CromAdAS Com eStofAmento AmArelo e doiS pufeS peludoS reSumem A idéiA doS AutoreS.

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jAntAr, CozinhA, eStAr, lAreirA, leiturA e ComputAdor: integrAção totAl Para aproveitar a privilegiada orientação solar, duas outras paredes também foram removidas: entre a sala de jantar e a cozinha, e entre a cozinha e a área de serviços. No lugar, foi instalado um balcão-armário de madeira de 1,10m de altura. Para cima, um painel com portas de correr, tudo em vidro, facilita a integração dos ambientes. O vidro utilizado é do tipo acidato, com banho de ácido, de aparência translúcida, mas não transparente. Assim, a cozinha fica integrada, mas também pode permanecer em segundo plano. O projeto nasceu para cultivar a simplicidade e aproveitar toda a luz natural da residência. O espaço de 72m2 de paredes totalmente brancas e poucos móveis tem como atração principal um sofá de chenile laranja queimado de três módulos, “uma ilha de conforto e aconchego”, como define Beto. Mantas paquistanesas e almofadas de estampas vibrantes dão mais colorido e alegria. Numa das extremidades do sofá de 2,80m de comprimento, a chaise longue garante ainda mais conforto. No outro, a mesa lateral de madeira dos anos 40 serve de suporte para trabalhos no laptop ou leituras. O estar foi ampliado com a retirada da divisória da sacada e chegou a 40m2. O piso da sala e a mesa-palco se fundem com o mesmo revestimento de taco de madeira grapia. Sobre a mesa quadrada de dimensões 1,60m x 1,60m, o miolo giratório pode receber uma TV, que acrescentaria ainda mais uma funcionalidade ao ambiente. A estante-divisória desenhada por Beto, de madeira no tom nogueira, delimita espaços entre a sala e o hall de entrada, além de “aquecer” o ambiente. Uma pequena lareira e iluminação rente às duas linhas de gesso rebaixado ao longo da sala dão o toque final de aconchego.

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uma sala confortável e polivalente A idéiA de mAnter um jovem CASAl em permAnente ClimA de entuSiASmo Com A vidA A doiS foi o ponto de pArtidA do projeto dA ArquitetA ingrid Stemmer. o ApArtAmento do 9° AndAr de um edifíCio do bAirro belA viStA tem Como ponto Alto o living AmpliAdo: São 37m2 de áreA SoCiAl, dentre oS totAiS 106m2. A vedete é A tv de plASmA de 42” inStAlAdA em um volume de AlvenAriA nA pArede Com ApliCAção de texturA e tintA metáliCA. A eStruturA dá imponênCiA à lAreirA, que eStá AbAixo. o Confortável Sofá eStendido de trêS móduloS Com formAS ArredondAdAS gArAnte AConChego. AlmofAdAS ChineSAS de eStAmpAS vAriAdAS Colorem o Sofá de CAmurçA mArrom e promovem AindA mAiS Conforto. o pufê quAdrAdo de SedA vermelhA fAz AS vezeS de meSA AuxiliAr e Apoio pArA oS péS.

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AmbienteS integrAdoS permitem reCeber oS AmigoS Com deSContrAção A parede divisória entre a sala e um dormitório abriga um armário de quatro portas de correr onde, com praticidade e organização, ficam as louças. No miolo, nicho vazado de fundo espelhado e prateleiras de vidro ressaltam cristais coloridos e objetos de arte. O janelão de vidro e o peitoril baixo da sala ampliam a dimensão interna e possibilitam bela vista da cidade. A concepção de uma sala de convivência, segundo Ingrid Stemmer, não é simples. “É importante ter cuidado em manter as áreas bem zoneadas, sem sobreposição ou interferência na circulação ou acústica. A ambiente não pode ser confusa e exige espaços bem demarcados. Uma atividade não pode sobressair ou atrapalhar a outra”, orienta a arquiteta. Materiais capazes de absorver o som nas cortinas, tapetes e sofás colaboram. Na cozinha deste apartamento, integrada à sala por uma bancada, o empenho foi em delimitar os ruídos e manter contínua ventilação. As máquinas foram colocadas abaixo da janela. Uma coifa grande e potente assegura eliminação de odores e gorduras. O ambiente recebeu duas opções de iluminação. “Uma é fluorescente direta, para a limpeza e preparo dos alimentos. A outra, amarelo quente, serve para o jantar mais intimista”, explica a arquiteta. A churrasqueira é o elo entre a cozinha e a área social. A bancada de granito abriga banquetas em couro chocolate e serve tanto para refeições rápidas como para complementar o número de assentos quando há muitos convidados. Para dar personalidade à sala e constrastar com o cinza das paredes foram utilizados o vermelho, o roxo e o azul cobalto. “O perfil dos moradores define o projeto. Aqui optamos por cores vibrantes em superfícies maiores, e o resultado foi um espaço de muita personalidade, assim como a dona”, diz Ingrid.

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Ambiente amplo, atividades variadas umA CArgA de bArroteS de pinho de rigA de demolição inSpirou eSte projeto, ASSinAdo pelA ArquitetA SuSi roChA ribeiro. mAS Se A eStétiCA deStA SAlA tem nA mAdeirA o Seu fio Condutor, A funCionAlidAde do Ambiente tem Como ponto de pArtidA um ConCeito: A ConvivênCiA. pArA promover o enContro doS que vivem neStA reSidênCiA e doS ConvidAdoS que A freqüentAm, pAredeS forAm derrubAdAS e oS reveStimentoS uniformizAdoS, dAndo origem A umA AmplA e polivAlente áreA SoCiAl. “em eSpAçoS mAioreS, Com menoS pAredeS e menoS CirCulAçõeS, AS peSSoAS não fiCAm ConfinAdAS e Convivem mAiS”, expliCA SuSi ribeiro. eStAr, SAlA de tv, ChurrASqueirA, bAr, jAntAr e eSCritório eStão todoS integrAdoS, Compondo um Ambiente Confortável, iluminAdo e multifunCionAl.

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derrubAdA de pAredeS proporCionou ComuniCAção totAl entre oS AmbienteS O pinho de riga de demolição, inicialmente pensado para compor o piso da área social, acabou tomando conta do ambiente e revestiu a maior parte das paredes. Essa madeira forte, cheia de personalidade, dá o tom à decoração, que investe no branco como contraponto. O piso da sala é claro, de pedra grês, suavizando o peso da madeira. Os sofás também são claros, de sarja branca, com almofadas de tecidos variados em uma diversidade de tons off-white. O vermelho aparece em um dos sofás e em pequenos objetos que enriquecem a ambientação. Cortinas e algumas paredes revestidas com tecido grafitado pincelam um pouco mais de cor e reforçam a atmosfera descontraída. São destaque no ambiente o balcão largo de pedra grês e a pia redonda do mesmo material, esculpida sob encomenda. A idéia não era disfarçar a churrasqueira e seus acessórios, mas trazê-los para dentro da área social. Banquetas de madeira, de design contemporâneo, garantem a acomodação de quem prestigia o preparo do churrasco. Logo ao lado, uma grande mesa retangular é capaz de receber um número elevado de convivas para as refeições. O escritório é outra particularidade deste projeto. A derrubada das paredes e a decoração o

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prátiCo, o eSCritório foi AnexAdo Ao eStAr e tAmbém inSpirA A ConvivênCiA transformaram em uma sala de leitura e de trabalho anexa ao estar. Sobre uma mesa de madeira antiga repousa o computador, assumindo seu papel de “eletrodoméstico-vedete” na casa moderna. Prateleiras que ocupam grande parte das paredes e se estendem até a área de estar – formando uma espécie de roda-forro com livros e objetos decorativos – acomodam o vasto acervo literário dos moradores. A luminosidade da sala e os confortáveis estofados convidam à leitura. E os livros e revistas estão ao alcance das mãos. Susi Ribeiro utilizou espelhos em vários pontos do ambiente, recurso que ajuda a integrar ainda mais os espaços. A TV de plasma foi fixada em uma coluna já existente, resquício da derrubada das paredes. E os equipamentos como DVD e som foram acomodados em um móvel baixo, com rodízios, confeccionado na mesma madeira pinho de riga. Com o total apoio dos proprietários, a arquiteta montou neste apartamento do bairro Bela Vista uma autêntica sala de convivência. Ali acontecem inúmeras atividades: almoços, sessões de filmes, reuniões com os amigos, churrascos e também momentos de relaxamento e contemplação. Uma proposta perfeita para o dia-a-dia.

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O sabor e o saber F e r n a n d O

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FeijãO, glória da símbolo de fertilidade, para o feijão crescer Conversar em latim é parabolare; natural que palavra (L. parabola) tenha nascido de parábola, cada palavra traz uma parábola, conta uma história. A língua é um museu de sons, nele ecoa o passado. Quando dizemos índio ou porquinho da Índia invocamos as Índias Ocidentais, primeiro nome do continente, alusão ao desejo de chegada dos navegadores europeus. Os astecas assavam estes porquinhos, bastavam um macho e algumas fêmeas para prover sempre a carne para a família. Para os tupis eram preás ou cabujes, ‘rato que se come’, origem do termo cobaia, uma das raras palavras brasileiras internacionalizadas. Além dos cabujes, os índios se deliciavam com formigas, percevejos e minhocas, sabores que o Padre Anchieta comparava ao do aspargo. Mesmo que poucos tenham um paladar corajoso como o do padre, hábitos alimentares são contagiosos. A Europa recebeu destas Índias um rancho que revolucionaria seu comer: primeiro o abacate, mamão e tomate, depois o milho, mandioca, batata, abóbora, amendoim e abacaxi. Em 1528, a bagagem de Cortez incluía batata doce, cacau, baunilha e o peru (F. dinde, ‘da Índia’), única carne a migrar do Novo-Mundo ao mundo. Incluía também um grão em forma de rim que Cortez presenteou ao papa, que por sua vez o repassou a um cônego interessado em botânica, Pedro Valeriano. Como Mendel e suas ervilhas, Valeriano cultivou os grãos e se impressionou pela fecundidade e sabor. A semelhança com a fava motivou o nome e a pronta aceitação popular: logo a Itália comia fagioli, ‘o amigo do pobre’. Vivendo na Itália, um dos primeiros a prová-lo foi Rabelais: não gostou, escreveu que a presença do feijão se somava à ausência da carne na penitência da quaresma. O feijão é originário do Peru e México (o F. haricot,

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‘feijão’, deriva do asteca ayacotl). Oferendas de feijão junto a múmias andinas são achados arqueológicos comuns. Os astecas plantavam feijões junto aos milharais; o feijoeiro é uma planta generosa, suas raízes alojam bactérias produtoras de nitrogênio, o melhor dos adubos, o que ajuda toda vizinhança a crescer. Fava (L. faba) deriva do G. phaselos, ‘bote’, termo que passou ao legume pela semelhança da vagem com um barco. Cultivada em zonas periféricas, a fava originou mandar às favas e ir plantar favas. Favas contadas surgiu da certeza das favas e feijões à mesa portuguesa. Favela era o acampamento das tropas que exterminaram Canudos, local rico em favas. De volta ao Rio de Janeiro, os soldados receberam lotes no Morro da Providência, onde construíram suas casas e conservaram o nome do antigo acampamento. Para o feijão crescer basta o sereno da noite, registrou Saint-Hilaire em sua viagem ao Brasil. Como a criança observa na aula, o feijão é capaz de brotar até no algodão úmido, e como ouve na história, cresce tanto que leva João ao céu. Seu desenvolvimento, adaptação a solos e climas, resistência a pragas e formato de embrião (e testículo) fizeram do grão um símbolo de fertilidade. Em inglês, full of beans significa ‘cheio de energia’, e em francês, c’est le fin des haricots, é o ‘final de tudo’. A conotação sexual e a produção de gases (Aristóteles dizia que o feijão quebrava a paz e o silêncio corporal) fizeram do feijão um tabu em muitas culturas. Para o egípcio, o feijão era a morada das almas, comê-lo seria antropofágico, transformaria a linhagem familiar em fezes. Pitágoras, melhor em geometria que gastronomia, demonizava os feijões, mas há quem interprete sua máxima


brasilidade basta o sereno da noite...

cOmpartilhar éO melhOr temperO, a FeijOada é um pratO cOletivO FOtO: andré nery

‘afastem-se dos feijões’ como metáfora: os gregos votavam depositando favas brancas ou pretas em urnas, e o que o filósofo sabiamente recomendava era ‘fiquem longe da política’. O brasileiro ficou perto do feijão, o denominador comum da cozinha nacional. A base alimentar da população é arroz com feijão; a massa e energia, a matéria e espírito, todo o gás do Brasil sopra desta combinação. Mesmo que erre com os feijões na urna, o povo acerta no fogão: o feijão com arroz é um prato balanceado, provê proteínas, calorias, ferro e fibras adequadas, tem a melhor relação custo/benefício, dá o melhor sustento. O povo sabe comer. Nosso gosto pelo feijão é antigo. Em 1570, colonizadores, índios aculturados e escravos africanos já viviam do feijão com farinha. Após a Independência e a necessidade de separar o país da tradição lusitana, a feijoada foi se tornando o prato ‘gloriosamente nacional’. No primeiro tratado de culinária brasileira, O Cozinheiro Nacional (1850), o ‘guisado de onça’, ‘refogado de cobra’ ou ‘assado de preá’ fazem um ‘Pudim de Feijão’ soar até familiar. Cozinhar é como compor, com poucas notas se compõe uma sinfonia. Comida e música vivem juntas desde quando o jantar dançante era na caverna. A palavra pot-pourri traz o estômago até o ouvido; nascida na cozinha e criada no palco, pot-pourri (‘pote podre’) é um termo francês que traduz uma misturada de carnes e legumes. Pois a feijoada é uma espécie de pot-pourri, aceita e comporta tudo, traduz o gosto português e africano pelo porco, junta as partes do senhor (toicinho, costela, linguiça e lombo) e as do escravo (pata, orelha, língua e rabo). O feijão com arroz diz de todo o amálgama e contraste da nação: o preto misturado ao branco, o sólido ao líquido, o pesado


O sabor e o saber F e r n a n d O

lO k s c h i n

Fabada deixar O FeijãO brancO de mOlhO, na véspera. cOrtar cOstela de pOrcO em pOrções pequenas. aFerventar e desprezar a água. Fritar cebOla, alhO, bacOn. reFOgar a lingüiça e cOstelinhas.

amassar alguns grãOs, misturar as carnes e Ferver bem mais. ajustar O sal e a cOr cOm cOlOrau.

FOtO: andré nery

cOzinhar parcialmente O FeijãO em água mineral.

ao leve, o digerível ao indigesto, a proteína ao carboidrato, a Casa- Grande à Senzala. E a invocar nossa colonização, as variedades populares são o preto, o mulato e o branco. Cariocas e gaúchos são fiéis ao feijão preto, mas o resto do Brasil prefere o mulato, mestiço como o país. O espírito modernista de 22 envolveu todas as artes, até mesmo a gastronomia. Na recepção aos reis da Bélgica em setembro de 1922, causaram pasmo tanto a Feijoada servida como a guarnição de laranjas, a fruta não como sobremesa, mas acompanhamento. Numa época definida como ‘café com leite’ (São Paulo-Minas), o feijão com arroz assumiu toda sua brasilidade, um prato tão identificado com o povo que contam da dama pelotense que no arremedo de Versailles jurava desconhecer “aquela coisa preta”... ‘Um, dois, feijão com arroz / três, quatro, feijão no prato’, a quadrinha infantil canta a onipresença do grão. A comida do cotidiano, ‘feijão com arroz’ ganhou o sentido de ‘rotineiro, trivial’. ‘Pegar o feijão’ é comer na casa de alguém, ‘botar mais água no feijão’ é ter hóspedes à mesa. E foi a imagem do grão de feijão não bem cozido boiando no caldo que deu a bóia o sentido de ‘refeição’. Tanto Carlos Drummond de Andrade como Vinicius de Moraes registraram receitas de feijoada em poesia, e Chico Buarque, em Feijoada Completa, misturou mesa e música brasileira: ‘salta cerveja estupidamente gelada para um batalhão / e vamos botar água no feijão’. Vamos botar água no feijão, compartilhar é o melhor tempero. Para Guilherme Figueiredo, irmão do presidente eqüestre, a feijoada é “um prato convocatório, ecumênico, político e coletivo. Ninguém come feijoada sozinho”. Para ele, “o bom cozinheiro não faz uma feijoada para poucos: seria como cantar ópera em sala de espera”. De fato a feijoada congrega tanto que já foi considerada ‘fonte de casamentos’, pretexto para o encontro de jovens não comprometidos. O texto se iniciou full of beans, mas c’est le fin de les haricots. Chega de palavras, de parábolas, de feijão a indigestar o leitor. O autor às favas, o feijão à mesa, este “baluarte da mesa do pobre, capricho efêmero do banquete do rico, o prato nacional”, como dizia a crônica de 1848. A ‘rica negrura’ de Vinicius para Drummond ‘não tem receita, tem fórmula sagrada’. Prato do povo, prato do poeta: ‘Que prazer um corpo pede depois de comer feijão? Uma rede e uma gata para passar a mão’... FernandO lOkschin é médicO e gOurmet fernando@vanet.com.br



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azul Império do

TEXTOS

E

FOTOS

CRIS

BER GER

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A ORDEM É MERGULHAR! O MAR DA POLINÉSIA É UMA EXPERIÊNCIA DE VIDA Ao se olhar o mapa-mundi é possível ver minúsculos pontinhos entre a América Latina e a Oceania, passando na linha do Trópico de Capricórnio. É difícil enxergá-los, de tão pequenos que são. Esses pontinhos são as 118 ilhas que, juntas, ganharam o nome de Polinésia Francesa. Constituem cinco deslumbrantes arquipélagos, no sul do Oceano Pacífico. Fazem parte do mesmo continente da Nova Zelândia e da Austrália, a Oceania. A Polinésia Francesa é hoje um dos destinos turísticos mais desejados no mundo. A paisagem de lá é assim: azul, azul, azul – quase transparente, turquesa, escuro, entre outras mil tonalidades. A única exceção fica para o verde dos coqueiros e o branco da areia. Ah, claro! Pode ser que os peixes ultracoloridos quebrem o império do azul. De qualquer forma, esta é a cor que predomina por aqueles lados e oferece aos olhos um cenário que traz a certeza de que ali está a mais fiel cópia do que chamamos de paraíso na Terra. Um lugar onde você acorda ouvindo “bom dia” em francês, com todo aquela deliciosa sonoridade do bonjour, que até parece combinar com o delicioso ritmo da música polinésia. Os coqueiros na beira das praias – hora fazendo sombra, hora enfeitando ainda mais o visual e hora oferecendo refrescantes sucos naturais (leia-se água de coco) – são parte do cenário dessas terras francesas. Já contei que o oceano é pintado de uma aquarela de azuis. Dizer que em alguns momentos céu e mar se fundem em um só tampouco será novidade. Mas é preciso destacar que a água é transparente e morna. A areia, macia. Os bangalôs em cima d’água, inspiradores. O clima é perfeito e a vida ali parece plena. Em outras palavras: esse é o lugar dos sonhos para uma lua-de-mel em grande estilo.

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A PAISAGEM É ASSIM: AZUL, AZUL, AZUL. APENAS OS PEIXES ULTRACOLORIDOS QUEBRAM O IMPÉRIO DO AZUL INFINITO


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OS BANGALÔS SÃO INSPIRADORES, PERFEITOS Túnel do tempo Há 4 mil anos, navegadores vindos do sudeste asiático desembarcaram nos arquipélagos da Polinésia. Alguns registros mostram que em 1769 o lendário James Cook, acompanhado de um grupo de cientistas, também chegou às ilhas. São desse tempo as histórias sobre os tórridos romances entre belas mulheres nativas e nobres europeus. Narrativas que logo invadiram o Velho Mundo e atraíram novos aventureiros. O francês Paul Gaugin, grande pintor e figura hoje cultuada em toda a Polinésia, abandonou pátria e família e foi se refugiar na tranqüilidade dos dias ensolarados do Taiti. Nas telas de Gaugin aparecem cores saturadas e retratos dos polinésios. Os cristãos chegaram às ilhas no final do século XVIII e colocaram fim aos sacrifícios humanos e ao canibalismo. Foi em 1836 que a França tomou posse das ilhas, pelas mãos do Admiral du Petit Thours.

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Taiti: porta de entrada da Polinésia Ao partir rumo ao paraíso você deve dizer que está indo à Polinésia. E não ao Taiti – o que é um erro comum. O Taiti é apenas uma das ilhas do arquipélago de Sociedade. Nela está o aeroporto internacional de Faaa. Papeete é a capital. A fama do Taiti não é em vão. Ela é a mais famosa e a maior ilha do arquipélago. Os habitantes locais a chamam de Tahiti et ses îles – Taiti e suas ilhas. Logo ao chegar no aeroporto já começam as boas-vindas. Os visitantes são recebidos com colares de flores feitos com a cheirosa Tiare e lá vem a primeira palavra em taitiano: maeva, que significa bem-vindo! Uma das maiores atrações de Papeete fica por conta do mercado público, Le Marché. Frutas, artesanato, parêos – lindos parêos pintados à mão atraem os visitantes em uma atmosfera vibrante onde as mulheres usam flores nos cabelos e vestidos coloridos. No mercado também há di-


PARA O ROMANCE, CENÁRIO DE LUA DE MEL versos tatuadores. Vale registrar uma curiosidade: o nome “tatoo” vem do Taiti. Quando o navegador James Cook desembarcou na Polinésia, encontrou os habitantes da região com o corpo coberto de desenhos substituindo as roupas. No idioma taitiano, tatoo significa desenho no corpo. Lá, uma pequena tatuagem custa a partir de US$ 50. Depois de explorar o mercado, o ideal é curtir um pouco de sombra e água fresca. Nos hotéis há caiaques para os hóspedes. É deliciosa a sensação de remar em direção ao infinito. Moorea, a próxima ilha do nosso roteiro, pode ser avistada de Papeete. Vale se deixar enfeitiçar por sua bela silhueta enquanto o remo faz um barulhinho gostoso nas águas cristalinas. La Belle Moorea Moorea está a 17 quilômetros ao noroeste do Taiti. Cheia de montanhas, é a segunda ilha mais povoada do

arquipélago, com 15 mil habitantes. Chega-se até ela a bordo de um catamarã, em uma agradável travessia de 30 minutos. Moorea conquista no primeiro olhar. Sua geografia é interessantíssima, corais a circulam e desempenham o papel de barreira. O resultado é uma grande piscina natural com águas transparentes. Os olhos dos visitantes apreciam tudo, em estado de êxtase. Este visual magnífico é resultado de um extinto vulcão submerso que tem apenas parte da cratera fora d’água. A ilha pede pelo menos três dias de estada. Um deles somente para curtir as mordomias do resort Sofitel La Ora Moorea. A recepção acontece com os habituais colares de flores. Os bangalôs estão espalhados por um lindo jardim repleto de coqueiros, a poucos metros do mar. E, claro, há também os bangalôs em cima da água, sonho de consumo de 10 entre 10 casais em lua-de-mel. Sem dúvida, eles são muito sedutores!

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LÁ SE ACORDA OUVINDO BONJOUR, NO EMBALO DA DOCE MÚSICA POLINÉSIA Mergulhe! Muito! A ordem do dia é mergulhar! Ficar atirado na areia e mergulhar. Ler um livro embaixo de um coqueiro e mergulhar. Tomar uma cerveja Henano e mergulhar. O mar da Polinésia é uma experiência de vida. Com máscara e snorkel, é possível assistir ao vai-e-vem dos tais peixes ultracoloridos. Lindo! Aventurar-se em um passeio de bugue pelas montanhas é uma boa maneira de conhecer Moorea por outro ângulo. Saborear o clima quente da ilha com o vento no rosto é revigorante. O trajeto passa por plantações de abacaxi e segue corajosamente mata adentro por uma estrada de terra irregular e estreita. O clima é de aventura. O melhor do passeio é chegar a um dos pontos mais altos da ilha. De lá a visão do oceano é estimulante! A mistura de azuis, rasgos brancos provocados por lanchas e barquinhos, bangalôs contornando a costa e corais revelando as belezas do mar são uma cena para guardar para sempre na lembrança. E para fechar com chave de ouro a temporada em Moorea, o melhor é passar o dia nadando com raias, vendo tubarões serem alimentados e fazendo um piquenique em alguma ilha paradisíaca. Bora Bora, a mais desejada Ah, Bora Bora! Quem nunca sonhou em passar a lua-de-mel por lá? Realmente o lugar parece ter sido feito para isso: viver um tórrido romance. Exala sedução 24 horas por dia. Desde o avião os olhos já são premiados com uma paisagem que toca profundamente. Uma escala de azuis que emociona, com uma formação genial de corais, bancos de areia e correntes marítimas que lembram pinceladas displicentes. Fruto de uma erupção vulcânica há mais de 4 milhões de anos. Os nativos dizem que ela está afundando e que algum dia vai submergir completamente.

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MAIS UM DIA AMANHECE NESTE PARAÍSO, ONDE A VIDA TEM UM RITMO ESPECIAL Bora Bora é rodeada de “motus” – ilhotas formadas por corais –, o que faz com que as águas fiquem paradas e com uma tonalidade azul espetacular. São os motus as pérolas da região. Alguns hotéis oferecem barcos para transportar os hóspedes até as ilhotas. Mas há também táxis aquáticos. Assim como em Moorea, a ordem do dia é mergulhar. Uma estrada asfaltada de 32 quilômetros dá a volta na ilha e descortina uma das mais extasiantes paisagens que se pode contemplar. Bora Bora é feita para se absorver e degustar com todos os sentidos. Le grand finale: Farakawa Farakawa é de uma beleza quase virgem, delicada e incrivelmente arrebatadora. É o segundo maior atol da Polinésia e faz parte do arquipélago de Tuamotu, composto por 78 ilhas e considerado o maior atol do planeta. Ele pertence ao programa de Biosfera da Unesco. O Mitai Dream Farakawa Hotel é a única opção de hospedagem do atol. Distinto dos tradicionais. Não tem bangalôs em cima da água. O que não parece importar, pois eles estão a poucos passos do grande mestre: o mar. E logo ali tem um píer e espreguiçadeiras descansando pela areia. O sol se põe no oceano e das sacadas dos bangalôs se pode admirar o espetáculo. O chuveiro fica ao ar livre, em um jardim privativo. De todos os lugares visitados, é onde a gastronomia ganhou mais estrelas. O Degrau O melhor das viagens é justamente as surpresas que aparecem pelo caminho. O Degrau de Farakawa é um exemplo clássico desta afirmação. Créditos ao descobridor: meu grande amigo e jornalista, com seu aguçado faro de repórter, Décio Galina, da editora Trip. O Degrau está embaixo d’água, a mais ou menos duas horas de barco do píer do Mitai, em Farakawa. Tudo se inicia com um despretensioso mergulho de snorkel.


Viagem DICAS DE CRIS BERGER A POLINÉSIA É UMA GRANDE PRODUTORA DAS RARAS PÉROLAS NEGRAS. VISITE UMA FAZENDA MARINHA E APRENDA SOBRE O PROCESSO DE PRODUÇÃO. FAÇA UMA MALA LEVINHA COM ROUPAS DE BANHO E UM TRAJE PARA USAR À NOITE EM UM JANTAR MAIS ELEGANTE. NÃO EXAGERE NO PESO. NA POLINÉSIA NÃO HÁ CARREGADORES DE MALAS. A BAGAGEM SERÁ SUA RESPONSABILIDADE ENTRE AEROPORTOS, CATAMARÃS E HOTÉIS. ASSISTA A UM SHOW DE DANÇA POLINÉSIA E ARRISQUE UNS PASSOS. É IMPERDÍVEL.

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OS CORAIS CONSTROEM PISCINAS NO OCEANO, EM MIL TONS DE AZUL Aos poucos a profundidade começa a aumentar e de repente ela despenca para dez metros em um piscar de olhos. O surpreendente? A visibilidade provocada pelas águas límpidas oferece um ângulo de visão inusitado. São tubarões, cardumes de peixes ultracoloridos e mergulhadores com cilindro soltando bolhas. Todos dentro de um mesmo ecossistema, em perfeita harmonia e paz. Difícil imaginar que possa haver melhor lugar no mundo para mergulhar. Mais difícil ainda é crer que exista sensação como aquela. Se a viagem à Polinésia fosse apenas o encontro do Degrau, ela já seria deslumbrante. O que dizer quando ali perto ainda tem uma ilha que parece cenário de filme, de tão perfeita? Pequena e repleta de coqueiros. Água transparente pelos joelhos, permitindo que você caminhe até a próxima ilha, que fica a uns 200 metros. Deserta, silenciosa e exuberante. O almoço foi pescado ali mesmo e servido em uma mesa improvisada, sob a sombra de um coqueiro – onde, é claro, a sesta foi devidamente tirada. Longe de tudo e perto do paraíso A Polinésia Francesa é longe de tudo e isso a torna ainda mais exclusiva. Para chegar ao paraíso é necessário um certo esforço. Saindo de Porto Alegre são mais ou menos 18 horas de vôo. O fuso horário é de sete horas. Pode ser que o primeiro dia pareça uma miragem, mas logo se percebe que tudo é verdade. A mais pura e deliciosa verdade. Ela é feita para quem acredita que viver é preciso e que a vida será ainda melhor se acontecer ao estilo polinésio, de preferência em um ponto remoto do Pacífico Sul...

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DICAS DE CRIS BERGER A POLINÉSIA É UMA GRANDE PRODUTORA DAS RARAS PÉROLAS NEGRAS. VISITE UMA FAZENDA MARINHA E APRENDA SOBRE O PROCESSO DE PRODUÇÃO. FAÇA UMA MALA LEVINHA COM ROUPAS DE BANHO E UM TRAJE PARA USAR À NOITE EM UM JANTAR MAIS ELEGANTE. NÃO EXAGERE NO PESO. NA POLINÉSIA NÃO HÁ CARREGADORES DE MALAS. A BAGAGEM SERÁ SUA RESPONSABILIDADE ENTRE AEROPORTOS, CATAMARÃS E HOTÉIS. ASSISTA A UM SHOW DE DANÇA POLINÉSIA E ARRISQUE UNS PASSOS. É IMPERDÍVEL.

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(con)vivências RUZA AMON

ABAIXO GUARDANAPOS DE ORGANDI E viva o improviso, o humor e a imaginação

De tudo que eu já li sobre etiqueta social, a abordagem mais interessante foi um texto muito querido e libertador intitulado “Quando você convida – sem grana”, do livro “Na sala com Danuza” (1992). Nele, a mensagem da vipérrima jornalista Danuza Leão é “divirtam-se de qualquer maneira”, estímulo que na época caiu como uma luva, pois um plano econômico havia deixado todo mundo literalmente sem dinheiro. O livro se propunha a oferecer uma alternativa aos manuais tradicionais de etiqueta, privilegiando o bom senso e a espontaneidade. O texto sobre recepções feitas com pouquíssimos recursos, na verdade, não era dedicado apenas às vítimas do calote, mas àqueles que há muito estavam ‘duros’ (como a própria Danuza se encontrava) e àqueles que em tempo algum tiveram dinheiro. “Guardanapos de organdi? Quem vai lavar e engomar? Quando vejo, fico paralisada, nem toco”, dramatiza a autora, recomendando guardanapos de papel enormes e coloridos. Sua mobília já viu dias melhores? Receba à luz de velas. Baterias de cristais desfalcadas? Misture copos de cores e tamanhos diferentes e toque em frente. A sala não tem ar condicionado? Espere para receber no outono. Cada convidado pode muito bem levar um prato ou uma bebida e – com bastante gelo e boa música – a festa sai do chão, garante o livro. A principal instrução, no entanto, é sobre quem convidar. A socialite sugere um mix criterioso, incluindo políticos e jornalistas (me convidem); alguém com uma 66 Estilo Zaffari

profissão insólita; uma psicanalista bem falante; um grande sedutor; mulheres bonitas (segundo ela, desnecessário que sejam inteligentes); pessoas charmosas, solteiras e encantadoras, de sexos variados. Deve funcionar. O difícil é encontrar toda essa gente disponível. Porém, cá pra nós, nem sempre os extravagantes são os convidados. Um dos personagens classificados por Ruy Castro, no livro “Ela é carioca: uma enciclopédia de Ipanema”, é um artista plástico que um dia reuniu 50 amigos para uma feijoada. Não havendo panelas suficientes no apartamento, as carnes foram postas de molho no bidê do banheiro, façanha que concedeu ao anfitrião a alcunha de Hugo Bidet (grafado à francesa, é claro). Outro caso curioso é de um gramadense que conheci pessoalmente, cuja casa funcionava em ritmo de open house. No telhado, ele tinha mandado instalar um letreiro em néon com a palavra “Tô”. Se estivesse ligado, era só chegar. Danuza Leão teria adorado conhecê-lo, e se ele fosse morador de Ipanema, certamente teria sido citado por Ruy Castro. Festas chiquérrimas são agradáveis e impressionantes, mas depois de um tempo, nas nossas lembranças elas ficam todas iguais. Inesquecíveis são os anfitriões exóticos e suas festas insólitas, que serão sempre a recompensa máxima de quem saiu de casa sem grandes expectativas. RUZA AMON É JORNALISTA



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LIA MENNA BARRETO

PEDRO VERISSIMO

ONDE SEU PAI LEVAVA VOCÊ PARA PASSEAR? P O R

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P AU L A

TA I T E L B AU M

F OTO S

L E T Í C I A

R E M I Ã O


LETICIA WIERZCHOWSKI

TINGA

IVAN PINHEIRO MACHADO

FIZ ESSA PERGUNTA A CINCO PERSONALIDADES DE PORTO ALEGRE. OS ESCOLHIDOS FORAM PESSOAS BEM DIFERENTES, MAS QUE POSSUEM EM COMUM O FATO DE TEREM MUITO TALENTO, CARISMA E, QUE BOM, ÓTIMAS LEMBRANÇAS PATERNAS. TODAS AS RESPOSTAS REVELARAM HISTÓRIAS QUE SE PASSARAM EM LOCAIS TRADICIONAIS DA CIDADE E QUE EXISTEM ATÉ HOJE – ALGUNS MAIS MUDADOS, OUTROS MENOS. TENHO CERTEZA DE QUE ALGUM DELES PROVAVELMENTE TAMBÉM HABITA O SEU ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS. JUSTAMENTE POR ISSO, FICA AQUI A MINHA DICA: DEPOIS DE LER AS HISTÓRIAS DE LETICIA, PEDRO, LIA, IVAN E TINGA, SE POSSÍVEL, PEGUE O TELEFONE E CONVIDE SEU PAI PARA UM PASSEIO. ELE MERECE. Estilo Zaffari

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LETICIA WIERZCHOWSKI

Todo sábado de manhã, Cecílio pegava as filhas pela mão e as levava para sua imobiliária no centro da cidade. Leticia, a mais velha, sabia que logo que o pai cumprisse suas obrigações profissionais, ela e a irmã ganhariam um presente especial: uma ida até a Banca 40, no Mercado Público da cidade. Mais do que um passeio, aquilo era um espécie de ritual. Que começou quando Leticia tinha 6 anos e se repetiu semanalmente durante muito tempo. “Sentávamos no balcão e eu adorava aqueles bancos altos, os pés balançando... Eu comia morangos com nata ou salada de frutas com sorvete. E gostava de ver a vida que se agitava lá dentro”, conta Leticia. Passadas quase três décadas, a filha mais velha de Cecílio cresceu, descobriu-se escritora, lhe deu um neto. Hoje, aos 34 anos, com mais de uma dezena de livros publicados, Leticia Wierzchowski continua indo à Banca 40 quase toda vez que vai ao centro de Porto Alegre. “O gosto das coisas continua o mesmo. E a simplicidade alegre, a vivacidade. Sempre vejo a Banca 40 com olhos de criança.” A mesma criança que segurava ansiosa a mão do pai ao entrar no labirinto mágico de odores e sabores do Mercado Público. E que sentia o sabor das frutas frescas se misturando ao sorvete, assim como palavras e personagens se misturam para gerar uma história.

PEGUE O SEU PAI PELA MÃO E, NUM LINDO SÁBADO DE SOL, LEVE-O AO MERCADO PÚBLICO DA CIDADE. APESAR DA CONSTRUÇÃO NEOCLÁSSICA DE 1869 TER PASSADO POR UMA GRANDE REFORMA NA DÉCADA DE 90, ELA AINDA MANTÉM AS BANCAS TRADICIONAIS. COMECE COM UM ALMOÇO NO GAMBRINUS OU

dica de passeio

Banca

NO NAVAL, DEPOIS UMA BOMBA ROYAL DA BANCA 40 E TERMINE COMPRANDO ESPECIARIAS NA BANCA DO HOLANDÊS. PRA COMPLETAR, VOCÊS AINDA PODEM APROVEITAR A IDA AO CENTRO PARA UM TOUR CULTURAL PASSANDO PELO MARGS – MUSEU DE ARTE DO RIO GRANDE DO SUL, SANTANDER CULTURAL E MEMORIAL DO RIO GRANDE DO SUL. E SE AINDA SOBRAR TEMPO, UMA CAMINHADA PELO CAIS DO PORTO É PARA FECHAR QUALQUER PASSEIO DE PAI E FILHO COM CHAVE DE OURO.

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TINGA

Parque Marinha HOJE, NÃO FALTA ÁRVORE NOS 715 MIL METROS QUADRADOS DO MARINHA DO BRASIL. É POR ISSO QUE SÓ ANDAR PELOS SEUS CAMINHOS SOMBREADOS JÁ É UMA BOA DICA. NO PARQUE DE DIVERSÕES QUE EXISTE POR LÁ, VOCÊ VAI ENCONTRAR UM GRANDE TOBOGÃ, QUE, EM SEU TOPO, NOS PRESENTEIA COM UMA VISTA ESPETACULAR DO PÔR-DO-SOL NO

dica de passeio

Era verão, meados da década de 80, e o sol insistia em acalorar a pele sem piedade. Como sombra era coisa rara naquele parque, o garoto Paulo César, então com uns 6 ou 7 anos, não teve dúvida: entrou no espelho d’água para se refrescar. “Ó, essa aí era a minha piscina”, diz o hoje adulto Paulo César, apontando para o pequeno lago do canhão – em homenagem à Marinha brasileira – e revelando uma das suas lembranças de menino. Quando o pai Valmor pegava o filho para passear, era sempre no Parque Marinha do Brasil que eles acabavam indo. Para rolar na grama, fazer piquenique e, claro, jogar futebol. Mal sabia Valmor que, anos mais tarde, o filho acabaria se revelando uma das sensações da bola no pé. O menino realmente mudou. Virou o Tinga e chegou aos 28 anos como um jogador badalado, que distribui sorrisos e autógrafos por onde passa. Mas isso não quer dizer que tudo esteja tão diferente assim. O Marinha do Brasil, por exemplo, continua fazendo parte da sua vida. Não mais na hora do passeio, mas como local de treino. É no parque que Tinga se exercita, corre e, claro, conta suas histó rias de infância. “Ainda bem que hoje tem muito mais sombra”, diz o filho do Seu Valmor, com um eterno sorriso de menino.

GUAÍBA. SE NENHUM DE VOCÊS TIVER VERTIGEM, É SÓ COMPRAR INGRESSOS, SUBIR TODOS OS DEGRAUZINHOS E DAR UMA BOA ESCORREGADA ATÉ LÁ EMBAIXO. A SENSAÇÃO VAI SER ÓTIMA. EU GARANTO. E DEPOIS, JÁ QUE VOCÊ E SEU PAI ESTARÃO PERTO DA USINA DO GASÔMETRO, QUE TAL DAR UMA CONFERIDA NO QUE ESTÁ ROLANDO POR LÁ? SEMPRE TEM UMA EXPOSIÇÃO BACANA, ALGUM EVENTO, UMA FEIRA, ALÉM DA CAFETERIA E, MAIS UMA VEZ, O GUAÍBA SE DERRAMANDO EM POESIA.

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Restaurante

Sakae’s


“Vai e experimenta, se não gostar tudo bem, mas importante é experimentar.” Luis Fernando, o pai de Pedro, não só repetia essa frase com freqüência como fazia questão de colocála em prática. “Meu pai me apresentava a culturas que saíam dos padrões, que eram diferentes, e isso incluía a gastronomia”, revela Pedro. E foi justamente por seguir esse lema que, já no início dos anos 80, Luis Fernando levava a família inteira para degustar o que existia de mais exótico em Porto Alegre: peixe cru do restaurante Sakae’s. Naquela época – ao contrário de hoje, quando sushi e sashimi fazem parte do roteiro de quase toda família de classe média – o Sakae’s era a única opção que havia por perto. E se revelava tão fora do comum que Pedro lembra, rindo, do dia em que levou um colega da escola para jantar com eles: “Ele ficou meio chocado e no dia seguinte contou pra turma inteira”. Mais de duas décadas se passaram depois disso, e o músico Pedro Verissimo, hoje com 36 anos, continua indo ao Sakae’s. Primeiro, porque herdou do pai um vínculo afetivo com o lugar. Segundo, porque para ele há tanta padronização estética nos restaurantes japoneses que o Sakae’s acabou ganhando charme justamente por ter parado no tempo. Tenho que concordar que tudo lá parece mesmo ser igual à época da inauguração: o endereço, o cardápio, a decoração, o humor da sua proprietária... Sem contar que, se você fechar os olhos, fizer força e conseguir voltar no tempo, ainda poderá escutar o Luis Fernando dizendo para o filho “Nunca deixe de experimentar algo só porque é diferente”.

dica de passeio

PEDRO VERISSIMO

O QUE VOCÊ ACHA DE LEVAR SEU PAI PARA EXPERIMENTAR ALGO DIFERENTE DOS PADRÕES DELE? CHEGA DE IR JANTAR SEMPRE NA MESMA CHURRASCARIA OU GALETERIA! NADA CONTRA, MAS OUSAR, NEM QUE SEJA ATRAVÉS DO PALADAR, É SEMPRE UMA EXPERIÊNCIA EMOCIONANTE. ALÉM DO SAKAE´S, EXISTEM VÁRIAS ÓTIMAS OPÇÕES ESPALHADAS PELA CIDADE. NÃO SÓ DE COZINHA JAPONESA, MAS AINDA DE TAILANDESA, ÁRABE, POLONESA, GREGA... ESTAMOS LONGE DA VARIEDADE OFERECIDA POR SÃO PAULO, MAS NOSSO POT-

POURRI GASTRONÔMICO MELHOROU MUITO DOS ANOS 80 PARA CÁ. SEU PAI PREFERE UM PROGRAMA MAIS CASEIRO? TUDO BEM... TAMBÉM DÁ PRA SER DIFERENTE SEM SAIR DE CASA. VÁ PARA A COZINHA, PORQUE RECEITAS NÃO FALTAM. OS INGREDIENTES EXÓTICOS? EU CONHEÇO UM SUPERMERCADO...

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Parque da

Redenção


Imagine a cena: o pai, a mãe e os cinco filhos pedalando pelos caminhos curvilíneos e arenosos de um parque da cidade. Todos em bicicletas um tanto usadas, com freios de pedal e bancos de molas. Para Lia, a maior das crianças, alugar bicicletas na Redenção era uma grande novidade, pois a família havia passado os últimos anos em São Paulo. Já para seu pai, o oftalmologista Carlos Adolpho, essa era uma forma de retomar suas raízes e fixar-se novamente à sua terra. “A Redenção representava um retorno de meu pai a Porto Alegre... Sem contar que ele era um desportista, então os programas normalmente tinham algo a ver com o corpo”, conta Lia. Além de alugar bicicletas, ela recorda que também andavam de pedalinho e comiam algodão doce. “Eu tenho uma sensação um pouco triste de algo que mudou... Já adulta, depois de alguns anos fora, fui procurar as bicicletas para alugar e elas já não existiam mais.” Talvez por falta de um público interessado, quem sabe porque já não valesse a pena sustentar as “bícis”, o depósito ciclístico foi desativado e em seu lugar surgiu o Café do Lago. Uma cafeteria cheia de charme onde, de vez em quando, você poderá cruzar com a artista plástica Lia Menna Barreto. Ela provavelmente estará tomando um bom expresso, pensando nos seus próximos projetos, refletindo sobre a sapiência de seu pai e, quem sabe, filosofando sobre a falta que certas bicicletas fazem.

dica de passeio

LIA MENNA BARRETO

HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ E SEU PAI NÃO PASSEIAM JUNTOS PELA REDENÇÃO? LEVEO AO CAFÉ DO LAGO E ESCOLHA A MELHOR MESA SOBRE O DEQUE DE MADEIRA. VÁ DAR UMA BOA CAMINHADA COM ELE PELOS RECANTOS DO PARQUE, PASSE PELO MINIZÔO, ENTRE NO ORQUIDÁRIO... NO SÁBADO, APROVEITE TUDO O QUE A FEIRA ECOLÓGICA DA JOSÉ BONIFÁCIO TEM DE BOM E COMPRE PASTEIZINHOS INTEGRAIS PARA ELE EXPERIMENTAR. NO DOMINGO, CAMINHE COM SEU PAI PELO BRIQUE DA REDENÇÃO. E PRA DAR UM TOQUE DE NOSTALGIA A ESSE PASSEIO, LEVE-O AO ZAPT-ZUM, O PARQUINHO DE DIVERSÕES. LÁ, VOCÊS VÃO ENCONTRAR OS MESMOS CARRINHOS DE 50 ANOS ATRÁS E AINDA PODERÃO DAR UMA VOLTA NA RODA GIGANTE. É PRO FILHO VOLTAR A SER CRIANÇA. E PRO PAI REMOÇAR UNS 30 ANOS.

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IVAN PINHEIRO MACHADO

Livraria do Globo

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PROPONHA A SEU PAI UMA CAMINHADA PELA RUA DA PRAIA (ALIÁS, COMECE CHAMANDO DE RUA DA PRAIA E NÃO DE ANDRADAS). PEÇA A ELE PARA LHE CONTAR ALGUMA LEMBRANÇA – QUE TODO PAI TEM – DESSA ARTÉRIA DA CIDADE. E, CLARO, DÊ UMA PARADA

dica de passeio

A memória mais remota que Ivan tem em relação aos livros é do começo dos anos 60, quando, junto com o irmão, foi levado pelo pai à Livraria do Globo para comprar a coleção em 10 volumes do escritor de aventuras Karl May. O Dr. Antonio Pinheiro Machado Netto, que possuía em casa uma enorme biblioteca, sempre dizia para os filhos que eles só seriam alguém na vida se lessem. “O pai era um grande advogado, um batalhador, não era rico. Com o golpe de 64, como antigo deputado comunista, foi perseguido pelo regime militar. Toda despesa era discutida, com exceção dos livros”, conta Ivan. Dr. Pinheiro, como era conhecido, tinha uma conta corrente na Livraria do Globo e os filhos estavam autorizados a comprar a qualquer hora e em qualquer quantidade – desde que fosse livro. O resultado de todo esse estímulo você talvez já saiba... Ivan Pinheiro Machado fez de sua paixão um caminho profissional. E em 1974 fundou, com Paulo Lima, a L&PM Editores. Hoje, obviamente, as publicações de seu selo são encontradas na antiga – porém modernizada – loja de livros de sua infância. “A Livraria do Globo, embora tenha sofrido com o desgaste do centro da cidade, ainda é uma referência na cabeça de todo porto-alegrense”, diz Ivan, que, na sessão de fotos para a matéria, encontrou os proprietários da Globo e aproveitou para recordar a fidelidade de seu pai à Livraria.

ESTRATÉGICA NA LIVRARIA DO GLOBO. PARA RECORDAR, DAR UMA OLHADA NOS LIVROS, COMPRAR ALGUMA COISA. CASO SEU PAI NÃO SAIBA, CONTE QUE A IDÉIA DA LIVRARIA NASCEU EM 1883, QUANDO LAUDELINO PINHEIRO BARCELLOS PROCURAVA INSPIRAÇÃO PARA UM NOVO NEGÓCIO E, DURANTE UM PASSEIO PELA RUA DA PRAIA, DECIDIU ABRIR UMA LIVRARIA QUE SERIA "DE PORTO ALEGRE PARA O GLOBO".



Bom conselho POR MALU COELHO

PÁGINAS DA VIDA Se a vida fosse novela, a sinopse diria: esta é a história de gente que experimenta surpresas, passa por emoções e aproveita o tempo como pode. E nossas páginas da vida são de correria, porque nós queremos tudo. Queremos amor, filhos, trabalho, sucesso, desafios. Tudo! Aquele que consegue escrevê-las se contentando em viver e conviver é sábio. Mas até para viver é preciso suar! É preciso ter sensibilidade para enxergar os bons flagrantes da vida e programar-se para jogar e curtir com eles. Como por exemplo, sendo chef por um dia! Uma idéia: Reserve um horário na agenda para “bancar o chef”. Escolha um prato especial para preparar. Dê uma passadinha no súper, porque não pode faltar nada nesta hora: verduras frescas, temperos, frutas de época. Agora, se você não gosta de cozinha, dê uma olhada nas delícias prontas que o súper oferece. As alternativas são como o roteiro de nossas vidas, bem variado. Pensando bem... Cozinhar é também um ato de amor, e amor é pra ser curtido. Nada de pressa, nada de fast food no amor. Falo aqui do amor generalista, bem distribuído, bem gostoso, pronto pra usar. Mas este principal ingrediente não se compra por aí. Temos que procurar o de melhor qualidade, sem preocupação com o preço, e guardar com cuidado para não deteriorar, assim como fazemos com as frutas frescas e os legumes gostosos. Não deixe de viver a vida moderna com pressa e agitação, mas não esqueça os principais ingredientes: uma família feliz e qualidade de vida!

COMO DISSE MILLÔR: “... A VIDA É ASSIM MESMO. HOJE ESTAMOS AQUI E AMANHÃ... TAMBÉM. 80 Estilo Zaffari



Perfil SOTAQUE FRANCÊS, CORAÇÃO BRASILEIRO

O FORTE SOTAQUE SOA COMO A ÚLTIMA RESISTÊNCIA FRANCESA À INVASÃO DO ESPÍRITO BRASILEIRO QUE DOMINOU O CORAÇÃO DE CLAUDE TROISGROS. HOJE ELE SE ASSUME MAIS FILHO DO BRASIL DO QUE DA FRANÇA; INCLUSIVE NA SUA CRONOLOGIA DE VIDA, O VERDE-AMARELO JÁ GANHA POR DOIS ANOS. COM 50 ANOS COMEMORADOS EM ABRIL, ESTÁ DESDE 1979 NO PAÍS E DIZ QUE A ALEGRIA, HOSPITALIDADE E CALOR DO POVO O ARREBATARAM. “ISSO AQUI PARECE OUTRO PLANETA, NÃO HÁ LUGAR NO MUNDO IGUAL”, AFIRMA, COMENTANDO QUE EM SUAS INÚMERAS VIAGENS – SÓ AO JAPÃO JÁ FOI OITO VEZES – SENTE MUITA SAUDADE DE CASA, O BRASIL. DA FRANÇA, A SAUDADE FOI ARREFECENDO ATÉ ACABAR, MAS ESTÃO INTACTAS AS LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA: O AROMA DAS MASSAS, DOS MOLHOS DE TOMATE E DO PARMESÃO EM LASCAS NA CASA DA AVÓ ITALIANA ANAFORTE; AS CAÇADAS SEMANAIS COM O PAI PIERRE – “ERA PURA DIVERSÃO, POIS NÃO LEMBRO DE SEQUER UM ANIMAL ABATIDO” – E A ALGAZARRA DO HOTEL E RESTAURANTE DOS TROISGROS, ONDE MORAVAM NADA MENOS DO QUE 12 PESSOAS DA

P O R V E R A M O R E I R A F OTO S L E T Í C I A R E M I Ã O

FAMÍLIA E TRÊS CACHORROS, DIVIDINDO COM OS HÓSPEDES 18 QUARTOS ACIMA DO SALÃO DO FAMOSO ENDEREÇO EM ROANNE.



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JÁ ÍNTIMO DO SUL, NESTE INVERNO TROISGROS FINCOU BANDEIRA EM GRAMADO COM O BISTRÔ 32 ARIANO, CLAUDE FAZ JUS AO FOGO DE SEU SIGNO, ELE ATÉ PARECE AS PRÓPRIAS LABAREDAS ARDENTES E DANÇANTES. É UM HOMEM VIVAZ, EM CONSTANTE MOVIMENTO FÍSICO E MENTAL. SUA FALA, ACRESCIDA DE GESTOS LARGOS E RISADAS GOSTOSAS, REVELA O PROFUNDO CONHECIMENTO E VISÃO DO OFÍCIO QUE O TORNOU ÍCONE DA GASTRONOMIA NO BRASIL. FOI ELE, JUNTO COM O TAMBÉM FRANCÊS LAURENT SUADEAU, QUEM COMEÇOU O PROCESSO DE PROFISSIONALIZAÇÃO DA COZINHA NO PAÍS, O QUE VEIO A RESULTAR EM TODA A EVOLUÇÃO E GLAMOUR DOS DIAS ATUAIS. NAS HORAS DE LAZER, PILOTA MOTOS, PARAGLIDER, WAKEBOARD E OUTROS EQUIPAMENTOS QUE DELEITAM OS DESPORTISTAS RADICAIS NO ENFRENTAMENTO COM O PERIGO. NA PILOTAGEM DO FOGÃO, RISCO MENOR DE ACIDENTES, MAS A RESPONSABILIDADE DE UM CHEF SEMPRE NA VITRINE E QUE, DE DOIS ANOS PRA CÁ, GANHOU ARES DE CELEBRIDADE COM A EXPOSIÇÃO NA TV. TROISGROS, NO ENTANTO, ENCARA TUDO COM SERENIDADE. “FIZEMOS O QUE SABÍAMOS, EXPLORANDO PRODUTOS DA TERRA, E AQUI A RIQUEZA É ENORME; ME SINTO GRATIFICADO, MAS ACHO QUE DÓI UM POUCO”, DIZ, MEIO PENSATIVO, BELISCANDO FININHO O BRAÇO. E SEGUE ENCANTANDO PESSOAS POR AÍ AFORA, ESPECIALMENTE EM PORTO ALEGRE E GRAMADO, ONDE FINCOU BANDEIRA COM O BISTRÔ 32 NESTE INVERNO E COM UM BANQUETE DE REI INSPIRADO NO FILME “VATEL” PARA O EVENTO MESA DE CINEMA, DO HOTEL CASA DA MONTANHA, EM JULHO PASSADO. O CHEF RECEBEU A ESTILO ZAFFARI PARA UMA ENTREVISTA EXCLUSIVA, NO RESTAURANTE ÉPICO, DE PORTO ALEGRE, E CONVERSOU CONOSCO, GENTIL E ANIMADO POR MAIS DE UMA HORA, MESMO COM O ALMOÇO A SUA ESPERA.

VOCÊ VEM FALANDO, JÁ FAZ MAIS DE ANO, DE UMA VOLTA À COMIDA DE VERDADE NAS PANELAS. AGORA TODO MUNDO FALA DISSO TAMBÉM, FOI ATÉ DESTAQUE DAS DISCUSSÕES NA MADRID FUSIÓN, EM JANEIRO DESTE ANO (CONFERÊNCIA GASTRONÔMICA DE VANGUARDA REALIZADA EM MADRI, JÁ NA QUARTA EDIÇÃO). COMO TEVE ESSA PERCEPÇÃO; VOCÊ É UM VISIONÁRIO? Sempre tive uma coisa de ir contra a corrente, de prever tendências. Veja o exemplo do Boteco 66 Café no Rio. Fizemos um bar moderno, chique, numa época em que só existiam botecos tradicionais. Hoje em dia o Rio está cheio de botecos chiques. A questão da volta à comida de verdade, como falo, é um movimento cíclico que precisa acontecer. Os pilares da gastronomia são eternos e sempre os mesmos: a comida tradicional, verdadeira, sem transformação, sem grandes arroubos, nem invenções. Há tempos de revoluções, experimentações, gente jovem criando e ousando; mas chega uma hora de parar e se voltar novamente para as tradições. O importante disse tudo é que ficam as conquistas, como, por exemplo, a evolução das técnicas que a assistimos nesses últimos tempos.

O SEU RESTAURANTE ESTEVE FECHADO POR MEIO ANO PARA REFORMAS E VOCÊ O REABRIU EM 2004 COM O NOME DE SUA MÃE, OLYMPE. QUAL PAPEL ELA EXERCEU SOBRE VOCÊ?

As mães exercem papéis fundamentais sobre os filhos homens, essa é a verdade. E a minha sempre foi muito ativa e esteve muito presente no restaurante e no hotel. Infelizmente ela sofreu um derrame e está em uma cadeira de rodas, sem falar. Tive o desejo de homenageá-la. Em Roanne, morávamos todos junto da família e eu diria que também a minha tia Marie, que era uma mulher linda e de uma presença marcante no salão do restaurante, foi uma figura feminina forte da minha infância. Sem falar da minha avó, Anaforte, que praticamente me criou na sua casa. Era o único lugar da

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Perfil


NO LAZER, 100% DE CONCENTRAÇÃO PARA ENFRENTAR O PERIGO NOS ESPORTES RADICAIS família fora do restaurante; e ela, uma pessoa incrível. Na década de 40, fugiu com meu avô de Udine, no Norte da Itália, pois eram contra o regime fascista de Mussolini, mas foram capturados pelos alemães. Meu avô foi para um campo de concentração e nunca mais o vimos. Ela foi escondida por um general alemão, porque sabia cozinhar muito bem. Enterrou seus poucos pertences e jóias no quintal desse lugar onde esteve aprisionada, e quando acabou a guerra, resgatou o seu pequeno tesouro e rumou para a França.

DO QUE VOCÊ MAIS SENTE SAUDADE DA FRANÇA?

Até 15 anos atrás ainda sentia saudades dos amigos, do clima, do profissionalismo, que é indiscutível, e dos produtos. Mas hoje não sinto mais, sou coração totalmente brasileiro; do francês só restou o sotaque, esse não sai e parece cada vez mais carregado...

O QUE ESTÃO FAZENDO OS SEUS FILHOS, THOMAS E CAROLINA?

Thomas concluiu o CIA (Culinary Institute of América) e voltou ao Brasil em dezembro passado; é a quarta geração da família na gastronomia! No final de março inauguramos com ele o 66 Bistrô, também no Rio, e em uma semana já estava bombando. Tem também essa proposta de comida de verdade na panela. E uma cozinha francesa com espírito carioca. Temos peixe com sal grosso, risoto ao brie, foie gras ao vinho tinto, picanha com crosta de ervas, costeletas de cordeiro assadas, saladas e um arroz de polvo, esse bem português, não é? A Carolina estuda e trabalha com marketing, voltado pra cinema.

VOCÊ VAI ÀS COMPRAS DIARIAMENTE?

DO QUE VOCÊ MAIS GOSTA NO BRASIL?

Do jeito das pessoas, essa felicidade e receptividade com todo mundo. Os portugueses também são bastante acolhedores, acho que “herdamos” isso deles.

Não. Eu ia, mas atualmente tenho um comprador de confiança e ótimos fornecedores que suprem todas as necessidades do restaurante. Mas vou à feira ainda umas duas vezes por semana pelo prazer, para encontrar os amigos, tomar um caldo verde, me manter em sintonia com os produtos e ver se há algo novo. Adoro a feira de peixes de Niterói, que visito quinzenalmente.

QUAL ESPORTE VOCÊ PRATICA HOJE EM DIA?

VOCÊ CONHECE AS FEIRAS DE PEIXES JAPONESAS?

Wakeboard. Aliás, praticava, pois meio ano atrás estourei o joelho num dos saltos com a prancha. Só agora estou podendo retomar umas pedaladas de bicicleta, o que não ajuda muito, pois é monótono. Pior só uma piscina, você dando braçadas com o olhar cravado no fundo e lembrando do gás, do funcionário, do cliente, etc., etc., etc. O grande lance do esporte radical é que exige 100% de concentração, porque existe até risco de vida. No caso da asa-delta, por exemplo – eu fui um dos primeiros a voar no Rio –, é praticamente impossível sobreviver a uma queda. Você não pode dispersar um segundo e, assim, esvazia a sua mente do dia-a-dia enquanto pratica. E mais a liberação de energia, a adrenalina, claro.

Sim, estive no Japão oito vezes e essas feiras parecem coisa de cinema. Quilômetros de ruas apertadinhas, com uma variedade de peixes inacreditável e os carrinhos andando zunindo no meio daquilo; um comércio febril. O leilão de atum, então, é uma das coisas mais impressionantes que já vi na vida. Tem um pavilhão só pra atum, e os peixes enormes vêm tão congelados já dos barcos que parecem pedra. Aquele povo todo gritando naquela língua esquisita e tudo muito rápido. (Troisgros levanta da cadeira para encenar.) Dado o maior lance, o leiloeiro salta pro chão com uma espécie de arpão, finca no peixe e já arrasta um pedaço pro lado, tudo misturado com sangue, água, uma loucura, e segue o leilão...

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NEM MESMO A NOTORIEDADE, COM A TELEVISÃO, ABALOU O PERFIL SERENO E ESPONTÂNEO DO CHEF

AGORA UMA DICA: O QUE NÃO PODE FALTAR NO CARRINHO DE SUPERMERCADO DAS PESSOAS?

Azeite extravirgem e um bom vinagre, sal, pimenta, temperos; a acidez é muito importante na cozinha.

COMO É A EXPERIÊNCIA NA TV? A PARCERIA COM O RENATO MACHADO? VOCÊ APRENDEU MAIS SOBRE VINHOS COM ELE?

A TV tem proporcionado coisas muito interessantes, como viagens internacionais com toda a equipe. Buscamos o patrocínio e zarpamos. Fizemos o bacalhau da Noruega e uma viagem a Portugal, em quatro programas, todos já exibidos neste ano. A parceria com o Renato Machado é ótima. Eu sou solto e ele certinho (risos). Aprendi com ele a parte técnica dos vinhos, pois o Renato é um estudioso, um grande conhecedor e dá um upgrade ao programa. Eu sempre degustei vinhos, desde criança saía com meu pai e meu avô na Borgonha e íamos beber com o Bocuse e outros grandes chefs. Na adega do restaurante em Roanne temos 80 mil garrafas.

VOCÊ ACHA QUE FICOU MAIS FAMOSO DEPOIS DA TV? COMO VOCÊ LIDA COM A NOTORIEDADE?

A televisão expõe você em todos os sentidos. É importante profissionalmente. Só a solicitação pra eu participar de eventos cresceu 50% nesses dois anos que estou na TV. Também ganhei uma clientela no Olympe que eu não tinha – são pessoas que vão lá para um programa completo, jantar e tirar foto com o chef. Até hoje o assédio do público tem sido carinhoso, não chega a ser aquela coisa afetada que acontece com os artistas.

UM CHEF MEU PAI, PIERRE, E PAUL BOCUSE UM INGREDIENTE MARACUJÁ UM UTENSÍLIO DE COZINHA CHICOTE PRATO PREFERIDO BEM FEITO. MAS JAMAIS COM SARDINHA, ME FAZ MAL SOBREMESA CHOCOLATE VINHO BORGONHA A ESTAÇÃO DO ANO DE QUE MAIS GOSTA PRIMAVERA E OUTONO UMA PAIXÃO MINHA MULHER UM DESEJO CONHECER O TIBETE O SEU CONCEITO DE COZINHA MATÉRIA-PRIMA DE QUALIDADE E SIMPLICIDADE UM CORREDOR DE SUPERMERCADO O DE CHOCOLATES

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Assim, ó... LUÍS AUGUSTO FISCHER

GUIMARÃES ROSA SEM MEDO Grande sertão: veredas. Um livro imperdível. Um dos romances mais interessantes já escritos na língua portuguesa do Brasil comemora seus 50 anos de vida neste 2006. É Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa. Livro impressionante, que dá pano para várias mangas, é um daqueles magníficos mistérios da arte: tem a vocação de perdurar por gerações sem fim, sempre comunicando coisas importantes. Grande sertão: veredas, na opinião deste escrevinhador, é, isoladamente, o melhor romance da língua (eu poderia dizer que é um dos melhores de todos os tempos em qualquer língua, mas não vou fazer isso para não assustar o candidato a leitor). Pode ser que o prezado leitor não tenha medo algum, não receie essa celebridade, e nesse caso não é necessário apresentar preliminares para a leitura: basta abrir a primeira página, mergulhar na história contada pelo protagonista, o ex-jagunço Riobaldo, relaxar e aproveitar. Mas a maior parte dos potenciais leitores encontra vários obstáculos à leitura. O primeiro talvez seja o título: ao contrário de títulos de romance como, digamos, Memórias póstumas de Brás Cubas, que informa muitas coisas diretamente, o nome Grande sertão: veredas insinua mistérios. Começa naquele dois-pontos ali no meio e segue na estranha oposição entre “sertão”, palavra que a gente associa corretamente a secura, e “veredas”, palavra que designa os oásis do sertão, pequenos paraísos em torno de algum olho d'água. Quer dizer: já no título o romance implica uma série de detalhes, sugeririndo a complexidade do que vai em suas páginas. Se o sujeito ultrapassar o título, abrir a primeira página, lá vai encontrar um travessão e uma conversa estranha: “Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja”. O leitor parece ter sido atropelado por palavras e frases sem sentido, ou de sentido obscuro. Muitos candidatos a leitor param por aí mesmo; poucos aceitam o desafio de passar adiante. Este “nonada” tem toda a aparência de ser uma invenção

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do maluco escritor Guimarães Rosa, certo? Mas não é. Trata-se de palavra com registro escrito desde – se segure na cadeira – 1562! Significa “coisa insignificante”, como se fosse a redução da frase “Não é nada”, frase que na pronúncia familiar vira algo como “Né nada”. Guimarães Rosa inventou muito na forma da linguagem, mas igualmente penetrou na história da língua com muita ênfase, um pouco devido a sua singularidade (ele era extremamente vaidoso de sua obra), outro pouco para conseguir dar forma escrita à língua portuguesa que se fala no mundo do sertão, mundo meio parado no tempo, que parece (ou parecia, 50 anos atrás) uma ramificação direta da Idade Média portuguesa, um passado que passou longe das ondas de modernização e urbanização que moldaram o Brasil aqui nas cidades da costa litorânea. Grande sertão: veredas é, do começo ao fim, a fala de Riobaldo, um sujeito já de certa idade, fazendeiro, casado, que no passado foi jagunço (ao estilo de Lampião). Ele fala para um sujeito que é da cidade e está ali, no sertão, a passeio, e que se interessa no depoimento que ouve. Riobaldo começa seu relato naquela frase, acalmando seu interlocutor, assustado com tiros que ouviu. Depois, conta causos, histórias de que tomou parte, ataques a cidades, intrigas políticas, amores, dissabores, maravilhas. Mas acima de tudo Riobaldo filosofa, pensa sobre o sentido da vida. Quer saber, por exemplo, se é mesmo possível vender a alma ao diabo; saber por que o mal brota de dentro do homem; quer entender as motivações da ação humana. É um livro de sabedoria, sem deixar de ser quase um bangue-bangue; é um relato da busca do sentido da vida, mas também uma intensa história de amor. Um livro imperdível, que o leitor deve enfrentar sem medo. Livro que começa com “Nonada” e termina com “Travessia”: e não são exatamente as duas coisas mais importantes da vida? LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR




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