Revista Estilo Zaffari - Edição 40

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Ano 8 N 0 40 R$ 4,50

PERFIL Lร ZARO RAMOS SABOR CERVEJAS ESPECIAIS

Antรกrtida:

gelo a vida no

LUGAR BONITO DEMAIS


Correio NÚMERO PERFEITO Prezados: sou leitora assidua da revista em destaque parabenizo-os pela excelente impressão e variedade de assuntos tratados. Na parte de gastronomia as receitas são sempre fáceis e com ingredientes acessíveis. A nº 39 está com receitas saborosas e diversificadas, aliás este número está perfeito! Parabéns.

A ESTILO E O ESTILO ZAFFARI

NEUSA CARELLO - POR E-MAIL

Prezada Milene e colaboradores: Gosto muito da revista Estilo e também do “estilo” Zaffari. Minha admiração vem desde a 2ª edição, 1998 “Outono entre nós”. Mas o que me leva a escrever é o artigo de Luís Augusto Fischer sobre Guimarães Rosa na comemoração dos 50 anos do livro “Grande Sertão Veredas”. Fischer consegue resumir todas as características de um dos livros mais fascinantes que já li. Parabéns ao escritor e à revista. De 1998 a 2006 sempre instruindo, informando, divertindo e, à disposição, num lugar muito bem escolhido: o supermercado.

Obrigada, Neusa! É sempre bom termos um retorno a respeito das receitas que publicamos, pois esta é uma parte fundamental da Estilo Zaffari, é o nosso “carro-chefe”! Procuramos ter o assessoramento de chefs e profissionais consagrados, para levar aos nossos leitores o melhor em termos de gastronomia, mesmo que sejam receitas da comidinha trivial e prática, como publicamos na edição 39. Continue nos prestigiando com a sua leitura, por favor! Um grande abraço.

ALDA GSCHWENTER – PORTO ALEGRE

Querida Alda, estamos todos muito felizes aqui no Zaffari com a sua carinhosa cartinha. E ainda escrita de próprio punho, uma raridade nesses tempos de internet! Adoramos! Nosso colunista também ficou orgulhoso com os elogios. Obrigada pelo estímulo e pela delicadeza de nos escrever. Abraço!

NA NORUEGA DISTANTE Maravilhosa a reportagem da Cris Berger sobre a Noruega. Viajei novamente por esta linda terra através do encanto das palavras da Cris. É um privilégio ter acesso a esta revista, onde nada se perde, tudo se multiplica em cultura, informação, beleza e reencantamento do mundo. Um abraço a todas estas pessoas especiais que através da sua sensibilidade criam esta bela revista. ARABELLA ADAMS - POR E-MAIL

Prezada Arabela, a sensibilidade de uma equipe para produzir uma revista só encontra justificativa em leitores sensíveis como você, capazes de apreciar o trabalho e reconhecer o esforço realizado. Muitíssimo obrigada por escrever para a revista e nos enviar essas palavras, que para nós são um grande incentivo. A Cris Berger também adorou o seu e-mail! Um abração!

TUDO DE BOM! Em primeiro lugar gostaria de dar os parabéns pela maravilhosa revista !!! Ela é simplesmente tudo de bom !!! Linda , atual e muito nossa , gaúcha. Trabalho em uma agência de viagens e gostaria de colaborar com matérias e dicas bem legais de hotéis. Segue um exemplo de hotel que gostaria de passar para vocês : www.riodorastro.com.br Aguardo contato! Atenciosamente, PATRÍCIAMONTENEGRO PORTO BRASIL VIAGENS

Patricia, obrigada pela gentileza de escrever e pelos elogios à nossa revista. Parece que estamos bem conectados, pois até já fizemos uma reportagem neste hotel indicado por ti, o Rio do Rastro Eco Resort. A Cris Berger esteve lá e fez uma linda matéria, que pretendemos publicar em breve. Fica à vontade pra mandar sugestões, sempre que vocês lembrarem de lugares legais, ok? Um grande abraço.


ESTILO ZAFFARI NO ORKUT Cara Milene e Equipe da Estilo Zaffari: Antes de tudo parabéns. Parabéns por tudo... Parabéns pelas maravilhosas reportagens sobre gastronomia (minhas preferidas), sobre arquitetura e decoração, sobre viagens, sobre cultura, sobre estilo de vida. Parabéns pelas crônicas da Martha, do Fischer, do Fernando. Sim, trato-os assim, pois parece que já tenho certa intimidade com eles. Afinal de contas, acompanho a revista desde o primeiro número. A cada edição me surpreendo mais com a capacidade de inovar e manter esta revista jovem e atual. Pois, impulsionado por esta intimidade, resolvi utilizar os atuais meios eletrônicos para discutir as reportagens de cada revista. Criei uma comunidade no Orkut, destinada justamente para isso. Também é uma comunidade para os colecionadores da revista obterem aquele número que está faltando na coleção. Gostaria de convidar a todos para participarem da comunidade. Façam uma visitinha. O endereço é: http://www.orkut.com Community.aspx?cmm=14246214 Um grande abraço! ÁLVARO REISCHAK DE OLIVEIRA

ESTILO E REDENÇÃO Prezada Izabella, Venho mantendo na internet um site dedicado exclusivamente ao Parque Farroupilha, no endereço www.aredencao.com.br, onde existe uma página chamada “O parque na imprensa”, que reproduz tudo o que aparece na imprensa sobre o nosso parque. Foi com satisfação que encontrei no último número da revista Estilo Zaffari um matéria sobre os locais “onde seu pai levava você para passear?”, em que não poderia faltar alguém, no caso a artista plástica Lia Menna Barreto, cujo pai levava para a Redenção. Gostaria de poder reproduzir esta matéria no site (apenas a parte referente a Redenção) e por este motivo estou solicitando a autorização dessa revista. Em caso positivo gostaria de solicitar que me informassem o nome do fotógrafo autor das belíssimas fotos da Lia na Redenção e, se não fosse pedir demais, se poderiam me enviar copias digitais destas três fotos, porque se for necessário escaneá-las certamente será perdido um pouco da qualidade que elas apresentam. Grato pela atenção. Um abraço. LUIZ TIMOTHEO

Gente, que orgulho! Vocês criaram uma comunidade de admiradores da Estilo Zaffari! É maravilhoso ver nossos leitores tomando iniciativas como essa. Estamos orgulhosos, envaidecidos, nos sentindo extremamente prestigiados. Gostamos tanto da idéia que nossa editora, Milene Leal, já se inscreveu na comunidade. É uma honra fazer parte desse grupo! Contem conosco para auxiliar em questões de números atrasados, ok? E que a comunidade cresça, gere muitos papos e trocas de informações interessantes, fomente amizades e também contribua com sugestões para tornar a Estilo Zaffari uma revista cada vez melhor. Obrigada!

Prezadas Izabella e Letícia: Agradeço a gentileza de vocês em autorizarem a reprodução da matéria sobre a Redenção da revista Estilo Zaffari, que veio embelezar e valorizar mais ainda o site do parque. Vocês podem conferir como ficou a matéria no site na página “O parque na imprensa”. www.aredencao.com.br/ imprensax.htm Qualquer observação ou alteração que acharem necessária podem me enviar que terei prazer em atendê-las. Grato. Um abraço. LUIZ TIMOTHEO

Luiz, é um prazer pra nós ver matérias da Estilo divulgadas dessa forma, especialmente em se tratando de um site voltado à valorização dos espaços comunitários de Porto Alegre. Além disso, com a publicação no site um número ainda maior de pessoas terá acesso ao nosso trabalho. E é ótimo saber que alguém que conhece tanto a Redenção aprovou a matéria que realizamos! Obrigada, abraço.


Í N D I C E 11

Cesta Básica

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O Sabor e o Saber

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Lugar: Bonito Demais

74

Perfil: Lázaro Ramos

82

Coluna: Gauchismos

vento Passageiros do

Balonismo: parceria com o céu e os ventos

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Antรกrtida: a vida no

gelo

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CERVEJAS ESPECIAIS Sabor e qualidade distinguem um novo segmento de mercado

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Cotidiano MArthA

Medeir os

Foi lá e Fez

A falta de informação pode ser um estímulo... Sempre tive uma antipatia gratuita pela frase: “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”. Não lembro quem a pronunciou ou escreveu. E muito menos sei qual o motivo desta minha implicância, pois é uma frase positiva e verdadeira. É isto mesmo: quem não conhece as dificuldades que estão por vir não se acovarda. Vai à luta na sua santa ignorância e acaba conseguindo o que quer. Lembrei desta frase quando estava lendo o relato do uruguaio Nando Parrado no livro Milagre nos Andes. Nando foi um dos 16 sobreviventes daquele célebre acidente aéreo que aconteceu 30 anos atrás e que deixou vários jovens ilhados em meio à gélida cordilheira, vendo-se obrigados a comer a carne dos companheiros mortos para poder sobreviver. Em dado momento, eles souberam pelo rádio do avião que as buscas haviam sido definitivamente suspensas. Ninguém mais os procurava. Que desespero. O único jeito de escapar seria escalando as íngremes montanhas de neve até encontrar alguém do outro lado que pudesse ajudar. Nando e um de seus companheiros de infortúnio, Roberto, que eram os menos lesados da turma, toparam a empreitada. Não sabiam o que os aguardaria. Qual a altura dos picos. A temperatura que fazia lá em cima à noite. Quais as trilhas mais difíceis e quais as impossíveis. Quais as chances de serem engolidos por uma avalanche. Quanto tempo duraria a comida que levariam. E, principalmente, se haveria algo do outro lado ou apenas mais e mais montanhas. Não sabiam de nada. Não tinham nenhuma informação. Nenhum preparo físico. Nenhum equipamento adequado. Nenhuma

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Estilo Zaffari

roupa térmica. Nenhum sapato decente. Nenhum aparelho de comunicação. Nada. Tinham apenas urgência de viver, e então foram. O relato do que eles passaram durante a travessia é impressionante. Levaram alguns tenebrosos dias para vencer a cordilheira e, milagrosamente, acabaram encontrando uma área plana e um homem a cavalo, e assim conseguiram avisar ao mundo que estavam vivos e resgatar os colegas que haviam ficado na fuselagem do avião. Quando alpinistas experientes souberam dos desafios que Nando e Roberto enfrentaram, foram categóricos: nenhum profissional treinado e equipado para escaladas perigosas arriscaria a vida no trajeto que eles fizeram. Nenhum, por mais experiente que fosse, seria capaz de tal feito. Era considerada uma meta impossível. Mas não foi. A despeito das minhas implicâncias, gosto da idéia de que, nestes tempos de overdose de informação, sua falta pode nos ser útil. “Não saber” pode ser um estímulo, mesmo para vencer obstáculos bem menores. Não saber que o cara que você está a fim é apaixonado por outra, não saber que sua empresa cancelou as promoções, não saber que está prevista chuva pro final de semana. Só assim a gente vai se empenhar em conquistar o cara, vai se matar trabalhando e vai iniciar viagem. E aí tudo pode acontecer. Inclusive a gente se dar bem. MArthA Medeiros é esCritorA


Cesta básica

NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA-A-DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MÚSICA, CINEMA, LUGARES, OBJETOS ESPECIAIS, COMIDINHAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO!

FEIRA DO LIVRO E DOS ENCONTROS Eu gosto do vento que remexe as árvores e derruba as flores roxas. E de bisbilhotar nos balaios. Eu gosto de ir no meio da semana naquele horário do lusco-fusco. Quando há mais livros do que gente. Eu gosto de entrar na fila pra pegar um autógrafo. E de assistir às palestras e aos bate-papos. Eu gosto de trocar palavras e olhares com livreiros e leitores. Esquecer da vida perdida nas entrelinhas de uma página aberta ao léu. Eu gosto de ver meus livros pendurados. Oferecidos e faceiros tipo uma pipa no céu. Eu gosto de ver o patrono – que neste ano é Alcy Cheuiche – caminhando orgulhoso. Feito um monarca a desfilar pelo país das maravilhas. Eu gosto da sensação de liberdade e oportunidade. De ver minha filha eufórica com as escolhas que têm. Eu gosto de saber que é um encontro que existe há 52 anos. E de ficar imaginando como era no tempo do Mario e do Erico. Eu gosto da Feira do Livro mesmo achando que está crescendo demais. Porque ela é um tanto minha e sua também... E vai de 27 de outubro até 12 de novembro.

PAULA TAITELBAUM, ESCRITORA, QUE NO DIA 30/10 AUTOGRAFA “MENAGE À TROIS” NA FEIRA DO LIVRO


Cesta básica

APOSTAS HIGH-TECH Porto Alegre acaba de ganhar um lugar inovador para os apaixonados por turfe. O Turff Bet & Sports Bar, instalado no bairro Moinhos de Vento, dispõe de um sistema inédito de intercâmbio de sinais que permite apostar a partir de R$ 2, em tempo real, em corridas de cavalos regionais e até 120 internacionais, diariamente. A casa tem dois ambientes temáticos e duas salas VIPs de apostas high-tech. No bar e restaurante, destaca-se o menu de bebidas com drinks elaborados pelo “papa” da coquetelaria nacional, o barman Derivan Ferreira, e o cardápio assinado pela chef paulistana Gabriela Martinoli. Salive com o espetinho de queijo de coalho torrado e crocante. O Turff Bet & Sports Bar de Porto Alegre é o segundo construído no País, depois do Rio de Janeiro. O projeto integra a estratégia mundial do grupo espanhol Codere de revitalizar o esporte no Brasil, onde pretende investir R$ 18 milhões até 2009. Aberto diariamente, das 13h às 3h. (Rua 24 de outubro, 1.241)

ANA CAROLINA BOLSSON, JORNALISTA

CORTINA DOS OLHOS A jornalista gaúcha Eliane Brum contraria o preceito do jornalismo clássico no recém-lançado livro A Vida que Ninguém Vê, da Arquipélago Editorial, ao debruçar-se com uma lupa sobre vidas consideradas ordinárias e extrair personagens únicos. Atual repórter especial da revista Época, Eliane dá cores justas a 21 histórias vistas geralmente em tom sépia, julgadas medíocres. Entre elas, a saga de um enterro miserável e a paixão de um catador de objetos renegados. A obra é uma compilação da série de crônicas-reportagens de mesmo nome publicadas no final dos anos 90 no jornal Zero Hora. Não há como não se emocionar com o equilíbrio harmônico entre a prosa primorosa e a sensibilidade latente da autora. Retire a cortina que estendemos sobre os olhos e veja o que muitos não conseguem ver. Preço: R$ 32.

A. C. B, JORNALISTA


ACADEMIA NOTA 11 É colocar o pé na Body One e surge em você uma incontrolável vontade de sair malhando. Mesmo que o corpinho esteja parado há meses, eu garanto. A nova academia de Porto Alegre é tão bonita, tão espaçosa, tão bem-equipada, tão charmosa, tão completa que ninguém é capaz de resistir. Nem o mais convicto dos sedentários. A atmosfera de saúde, beleza e alegria do lugar é contagiante, todo mundo tem vontade de entrar no clima. Até porque lá você certamente há de encontrar uma atividade física que o seduza. Descontando o fato de que a Body One é um paraíso para quem curte musculação (os equipamentos são bala!), a lista de opções é imensa: rpm, ginástica localizada, jiu-jítsu, pilates, dança, yoga, fisioterapia... São vários andares, salas e mais salas, tudo decorado com bom gosto, tudo muito arejado – como convém a um espaço destinado a exercícios físicos – e muito organizado. Para quem é malhador de carteirinha, a academia oferece tudo o que clientes desse tipo costumam exigir: profissionais de primeira linha, instalações modernas e confortáveis, equipamentos high-tech e vestiários funcionais. E você conta ainda com aqueles complementos que hoje já são obrigatórios em clubes de esportes, como um amplo estacionamento e um bar cheio de delícias light. Nota 11. (Rua Silva Jardim, 375, fone (51) 3061.5021)

MILENE LEAL, JORNALISTA

UM PLUS “A MAIS” A L&PM acaba de lançar uma coleção chamada Pocket Plus. Na verdade, como a própria editora define, é uma nova série dentro da maior coleção de livros de bolso do Brasil. Com o perdão do trocadilho infame, ela é para todos os bolsos. Não só pelo tamanho dos livros, claro, mas principalmente pelo preço deles: apenas seis reais cada volume. Preste atenção nos títulos, todos escolhidos a dedo: Juventude, de Joseph Conrad, Cartas a um jovem poeta, de Rilke, Esboço para uma teoria das emoções, de Sartre, Tristessa, de Jack Kerouac, O diamante do tamanho do Ritz e outros contos, de Scott Fitzgerald, O teatro do bem e dos mal, de Eduardo Galeano, Liberdade, liberdade, de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, Trabalhos de amor perdidos, de Shakespeare, As melhores histórias de Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle, Uma temporada no inferno, de Rimbaud, Sobre a brevidade da vida, de Sêneca e O gato por dentro, de William Burroughs. É pra encher os bolsos.

PAULA TAITELBAUM, ESCRITORA


Cesta básica

NOVOS REBENTOS Absolvam os afoitos que abrem os bombons antes do jantar. Também os egoístas que comem a sobremesa esgueirando-se das visitas e os sonâmbulos que devoram o bolo na calada da noite. Alguns prazeres merecem ser apreciados a sós... e até mesmo escondidos. É este comportamento que a mais recente novidade da Torta de Sorvete deve causar entre os mortais. Acabam de sair do freezer as Tortinhas de Sorvete com embalagens de 90 e 420 gramas. Pequenina, bonita e geladinha, a linha é oferecida em cinco sabores: autêntica, chocolate, morango, doce de leite e flocos. Os produtos atendem o mercado de clientes mirins e de singles. A linha estará à venda na Torta de Sorvete (rua Padre Chagas, 217) e em breve também na rede Zaffari. A tradicional Torta de Sorvete, criada por Andréa Costa Gama, Roberta Maestri e Teresa Nedel na década de 80, segue nos tamanhos médio e grande. Fone: (51) 3342-5520.

ANA CAROLINA BOLSSON, JORNALISTA

SABORES DE CARLOTA Livro de gastronomia tem de ser atraente, apetitoso, prático e consistente. Em doses perfeitas de ingredientes selecionados com rigor, Balaio de Sabores é tudo isso e um pouco mais. As vivências e receitas da chef Carla Pernambuco pelo mundo e à frente de seu restaurante Carlota, com filial no Rio, e há onze anos em São Paulo, são recontadas com humor pelo jornalista Eduardo Logullo. O livro se divide em deliciosos capítulos temáticos e curiosos, como o Sem Tempo?, muito adequado a quem vive sempre correndo contra os ponteiros do relógio, o Namoricos no Sofá, para os casais que se divertem também na cozinha, o O que é isso?, ideal para aquele tipo de pessoa refratária a qualquer inovação culinária, e o Saudades e Sabores, para os que jamais esquecem aquelas comidinhas que só a vovó fazia. No total, são mais de 200 receitas assinadas pela chef e bem acessíveis aos mortais. Desde molhos como chimichurri ou uma farofa básica até um magret de cupuaçu ou um polvo ao vinho, tudo neste balaio transpira criatividade e muito sabor. Lançamento da Companhia Editora Nacional. Preço sugerido: R$ 62

REJANE MARTINS, JORNALISTA



Consumo

TETÊ PACHECO

AS FESTAS INDUSTRIAIS

A padronização tirou a graça das comemorações Renata, minha amiga mais festeira, me deu este depoimento: “Eu não gosto mais de festas. As festas de hoje são industriais”. Ela tem razão. Festas viraram eventos. Sai o anfitrião e entra o patrocinador, o valet, as promoters, as pulseirinhas vip. Saem o toque pessoal, a casa, o terraço do apê, as delícias preparadas na própria cozinha e entram os buffets, os fornecedores, as decorações padronizadas – copos, talheres, louça, sofás, pufes, mesas de vidro, longos vasos com flores de cabo longo, tudo branco. Numa festa industrial não tem conversa, nem a música tem letra. É só ritmo-pulante, sacolejante. O DJ é o herói da festa. Santificado atrás de seu set, talvez seja realmente a única figura a se prestar atenção. Ninguém está ali para se relacionar. Talvez, e olhe lá, para se agarrar repentinamente, na passagem para o banheiro, mas sem intimidade, porque numa festa industrial ninguém tem tempo para perder. Os motivos para as festas industriais variam de aniversários de 15 anos, primeiro ano do bebê, passando por casamentos, lançamentos de produtos, comemorações de empresas, formaturas. Tudo ficou igual. Na era da diversão as coisas têm que ser tão produzidas que só podem gerar um resultado muito sem graça. Minha amiga Renata, a mesma que me presenteou com essa idéia das festas industriais, me contou sobre uma festa de réveillon na casa de amigos para a qual ela foi convidada. Trata-se de uma turma que se reúne todo final de 16

Estilo Zaffari

ano. Nesta última, enquanto a dona da casa, que adora cozinhar, preparava todos os quitutes, a decoração era inteiramente produzida por um amigo artista plástico – amigos interessantes são a prerrogativa para uma festa divertida. A idéia foi distribuir pela casa móbiles com frases “célebres”, ditas pelos convidados em festas anteriores. E como se tratava da entrada de um novo ano, todos foram convidados a vir vestidos com seus desejos para 2006. Renata foi de mala, uma vez que desejava viajar muito. Um foi de macacão de operário, porque estava desempregado, outro apareceu com xerox de suas próprias pinturas presas à roupa, porque andava sonhando com uma exposição só sua, e assim por diante. Eu não fui nessa festa. Mas me diverti só de ouvir ela contar. Enquanto isso, outra amiga me contou de uma festona de aniversário para a qual foi convidada. Em pleno forte de Copacabana, 700 convidados “muito especiais”. Eu me aborreci só de pensar. Cronologicamente estou localizada entre as pessoas que estão completando ou recém completaram seus 40 anos. Por algum motivo não muito divertido, se convencionou que aos 40 anos devemos comemorar. Este, portanto, é um convite para que reflitam a respeito de como imaginam comemorar esta data que, se objetiva diversão verdadeira, não poderia jamais deixar de ser planejada de um ponto de vista muito pessoal. TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA



Sabor


Cervejas espec a s muito

SE A COMBINAÇÃO DE CORES NOS COPOS AÍ AO LADO INSPIROU VOCÊ E DEU ÁGUA NA BOCA, NÃO DEIXE DE LER ESSA MATÉRIA. AQUI VOCÊ VAI DESCOBRIR POR QUE, AFINAL DE CONTAS, A QUÍMICA DA CERVEJA “BATE” COM A SUA QUÍMICA, POR QUE CADA VEZ MAIS O SEU PALADAR PEDE SABORES ESPECIAIS, DIFERENCIADOS, VARIADOS. SE VOCÊ PERTENCE ÀQUELE TIME QUE JÁ NÃO SE SATISFAZ COM UMA SIMPLES LOIRA GELADA, MAS FAZ QUESTÃO DE SABOR, AQUI NESTAS PÁGINAS VOCÊ VAI ENCONTRAR A SUA TURMA. MERGULHAMOS FUNDO (QUASE LITERALMENTE...) NO UNIVERSO DAS CERVEJAS ARTESANAIS E DESCOBRIMOS BEBIDAS ESPECIALÍSSIMAS, ELABORADAS SEGUNDO TÉCNICAS RIGOROSAS E COM INGREDIENTES ABSOLUTAMENTE NOBRES. AS QUATRO COLORIDAS AÍ DO LADO SÃO CERVEJAS, SIM, MAS AO SORVER O PRIMEIRO GOLE VOCÊ JÁ VAI ENTENDER POR QUE ELAS SÃO CHAMADAS DE CERVEJAS ESPECIAIS.

POR MILENE LEAL

FOTOS CRIS BERGER


Sabor CERVEJA TEM QUE TER SABOR! Red, Pilsen, Black, Weiss. Essa é a sequência em que estão colocadas as cervejas da página anterior. Repare que, ainda que cada uma tenha a sua própria tonalidade, todas ostentam um dourado sedutor, um brilho que a luz realça ainda mais. E que, sem dúvida, contribui para que surja em sua boca o desejo de beber aquele líquido dourado, gelado, mesmo que o cérebro diga, veementemente: “Mas são 9 horas da manhã!” Pois eu confesso que foi isso que me aconteceu ao escrever esse texto. Comecei a olhar as belas fotos feitas pela Cris Berger e fiquei com sede, muita sede. Sensação que não me abandonou nas horas seguintes... Acho que, definitivamente, as cervejas especiais têm algum feitiço. Aliás, dê uma olhadinha na espuma cremosa daquela cerveja escura logo aqui abaixo... Ou nas bolhinhas douradas e no colarinho impecável dos copos curvilíneos da página ao lado. E atire a primeira pedra quem não ficou com água na boca. O início Tudo começou em uma conversa com o “pai” das cervejas artesanais aqui no Brasil, Eduardo Bier Corrêa. Fui conversar com Dado Bier para entender, afinal, o que são as cervejas especiais e por que elas recebem esse nome. Acabei adentrando um universo de informações, detalhes, dados superinteressantes sobre o preparo dessa bebida, sobre os ingredientes envolvidos, as técnicas minuciosas, a imensa quantidade de variações que podem ser elaboradas a partir dos quatro componentes básicos: malte, lúpulo, água e fermento. Resultado: fiquei ainda mais fã da cerveja. Dado contou que está tomando corpo no Brasil um movimento semelhante ao ocorrido nos EUA nos anos 70, quando o mercado sentiu-se saturado das cervejas pilsen comuns, leves demais, aguadas demais, todas muito parecidas, a ponto de não se poder distinguir uma da outra sem ver o rótulo. Foi aí que surgiu espaço para as chamadas cervejas especiais, ou artesanais, produzidas em pequena escala e com ingredientes de alta qualidade.




UMA ALQUIMIA DE INGREDIENTES NOBRES Tradição européia As cervejas especiais são inspiradas na tradição européia das pequenas cervejarias. E se distinguem das cervejas comuns por basicamente dois aspectos: sabor e qualidade. As cervejas especiais não almejam ser sorvidas em largos goles, como água, em copos que se esvaziam em segundos. Elas querem ser saboreadas com vagar, degustadas. Elas têm personalidade, caráter. Cada uma é especial, única. A combinação entre maltes, lúpulos, fermentos e água pode gerar uma infinidade de sabores diferentes. É, como diz Dado, uma alquimia fascinante. As quatro cervejas da primeira foto dessa reportagem compõem a família de cervejas especiais DaDo Bier, recentemente lançadas. Após um longo período de testes, experimentos, de verdadeiras alquimias, os mestres cervejeireiros da casa, Alcir e Carlos, criaram uma cerveja de cor avermelhada (a Red Ale), uma bem escura (a Royal Black), uma clarinha e não-filtrada (a Weiss) e uma pilsen especial (a Original). Cada uma delas tem suas características individuais e marcantes, seu sabor peculiar. Segundo Dado Bier, a diferença está na qualidade dos ingredientes, que ele manda buscar nas melhores origens. Os maltes vêm dos Estados Unidos, os fermentos são alemães ou ingleses. E a água, elemento fundamental para a obtenção de uma cerveja de qualidade, é exclusivamente mineral, chega à fábrica em caminhões-tanque. Evolução do paladar As possibilidades são tão infinitas que Dado Bier imagina que o mercado de cervejas possa viver em breve a maturidade que hoje já se vislumbra no segmento de vinhos. “Há 15 ou 20 anos, no Brasil, ninguém entendia nada de vinhos. Nós bebiámos qualquer vinho alemão adocicado e não tínhamos o paladar treinado para reconhecer sabores, diferenciar o bom do ruim. Hoje muitas pessoas já sabem que vinho pedir quando vão a um restaurante, sabem que tipo de uva agrada ao seu paladar ou combina com o prato que vão degustar. Pois o mesmo pode acontecer no mercado das cervejas. Essa bebida é extremamente rica em variedades, especialidades e sabores”, afirma Dado, com convicção. Nas páginas a seguir, você vai poder comprovar essa tese. Com o auxílio do chef Edevaldo Nunes, do restaurante DaDo Bier, harmonizamos quatro pratos com as novas cervejas especiais da marca. Experimente repetir em casa essas combinações ou crie outras que pareçam atraentes. E depois conte pra gente o que você achou. De qualquer modo, vai ser uma delícia degustar essas cervejas especiais como verdadeiras preciosidades. Elas merecem!


Sabor

Atum Daikon 600 G DE LOMBO DE ATUM 200 G DE PISTACHE MOÍDO 200 G DE ALFACE AMERICANA 200 G DE AGRIÃO ROXO 200 G DE ALFACE MIMOSA 100 G DE RÚCULA 200 G DE BROTO DE ALFAFA 500 G DE COGUMELO SHIMEJI 100 G DE NABO MOLHO DAIKON 200 ML DE ÓLEO DE GERGELIM; 100 ML DE SHOYO; 100 ML DE SUCO DE LIMÃO; 5 DENTES DE ALHO; 20 G DE GENGIBRE Modo de fazer: Corte o atum em porções de 150 gramas. Passe no pistache até formar uma crosta e grelhe. Higienize as folhas e tempere a gosto. Corte o nabo finamente e deixe 24 horas no molho daikon. Refogue os cogumelos e tempere com shoyo. Arrume no prato com o nabo embaixo, as folhas, o atum e os cogumelos. Finalize com o broto. Modo de fazer Molho Daikon: Bata o óleo de gergelim, o shoyo, o suco de limão, os dentes de alho e o gengibre no liquidificador.

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Estilo Zaffari

DADO BIER ORIGINAL

DO TIPO PILSEN, DE BAIXA FERMENTAÇÃO E MÉDIO TEOR ALCOÓLICO (4,5% VOL.). É ELABORADA COM ÁGUA MINERAL E UM BLEND DE MALTES IMPORTADOS ESPECIALMENTE SELECIONADOS. SEU SABOR REFRESCANTE COMBINA COM GRELHADOS, FRUTOS DO MAR, SUSHI, FRANGO E SALADAS.

PILSEN COM ATUM DAIKON

PRATOS LEVES, CERVEJAS LEVES: PROCURE EQUILIBRAR O NÍVEL DE COMPLEXIDADE, PESO E INTENSIDADE DO PRATO COM O DA CERVEJA. PRATOS DE SABOR LEVE E SUAVE DEVEM COMBINAR COM CERVEJAS TAMBÉM LEVES, TIPO PILSEN. O ATUM DAIKON TEM ORIGEM ASIÁTICA E É UM PRATO DE SUAVES SENSAÇÕES AROMÁTICAS. SÃO VÁRIOS SABORES DISTINTOS EM SUA PREPARAÇÃO: ELE CONTÉM VEGETAIS FRESCOS, CROCANTES E UM MOLHO DE ACIDEZ EQUILIBRADA. PRATOS COM PEIXES DELICADOS, MARISCOS, CRUSTÁCEOS, SUSHI E SALADAS SE HARMONIZAM COM CERVEJAS PILSEN, COMO A DADO BIER ORIGINAL.



Sabor


Filé Tradicional 1 KG DE FILÉ MIGNON 200 G DE CENOURA 120 G DE ALHO-PORÓ 200 G DE COGUMELO PARIS 50 G DE SALSA 1,2 KG DE BATATA INGLESA 1 KG DE SAL GROSSO 400 G DE QUEIJO CATUPIRI 200 G DE BARBECUE 200 G DE ACELGA DADO BIER ROYAL BLACK Modo de fazer a Batata: Deixe as batatas dentro do sal grosso por 24 horas. Depois asse-as em forno médio por 45 minutos. Quando estiverem assadas faça um corte no comprimento (sem dividi-las) e recheie com o catupiri. Modo de fazer a Salada: Escolha as folhas internas da acelga de modo a formar uma “canoa” no prato. Dentro dessa acelga disponha os cogumelos cortados em lâminas, as cenouras em fios (pode comprar os fios já prontos) e o alho-poró em fatias finas. Tempere ao seu gosto (a sugestão do chef é um vinagrete). Modo de fazer o Filé: Corte o filé em quatro porções de 250 gramas e grelhe em frigideira bem quente. Coloque o barbecue numa molheira. Disponha estes preparos num prato grande e bon appétit. Rendimento: 4 porções.

DO TIPO BOCK, DE BAIXA FERMENTAÇÃO E TEOR ALCOÓLICO MAIS ELEVADO (5,5% VOL.). É ELABORADA COM ÁGUA MINERAL E MALTES ESCUROS IMPORTADOS. SEU SABOR ENCORPADO SE HARMONIZA COM MASSAS, CARNES, MOLHOS ADOCICADOS E SOBREMESAS.

ROYAL BLACK COM FILÉ TRADICIONAL

DE VEZ EM QUANDO É BOM DEIXAR DE LADO AS REGRAS E FAZER NOVAS EXPERIÊNCIAS. A ROYAL BLACK É IDEAL PARA TESTAR O CONTRASTE DE SABORES, EM VEZ DA SIMILARIDADE. CERVEJAS ESCURAS, COM SABORES TORRADOS E BASTANTE MALTE ESCURO COMBINAM COM PRATOS DE MOLHOS ADOCICADOS E AGRIDOCES. CERVEJAS FEITAS COM MALTE TORRADO TÊM UM SABOR MARCANTE DE TORREFAÇÃO, PARECIDO COM O DE UM CAFÉ EXPRESSO. ESSE SABOR COMBINA PERFEITAMENTE COM GRELHADOS. POR ISSO A SUGESTÃO É HARMONIZAR ESTE PRATO, O FILÉ TRADICIONAL COM MOLHO BARBECUE E BATATAS MARINADAS EM SAL GROSSO, COM A ESPECIAL CERVEJA ROYAL BLACK.

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Sabor


Robalo do Chef 1 KG DE FILÉ DE ROBALO 16 UNIDADES DE ASPARGOS ÁGUA GELADA E FARINHA 500 G DE ESPINAFRE 200 G DE ERVILHA TORTA 100 G DE TOMATE ITALIANO 100 G DE COGUMELO PARIS 150 G DE PALMITO 50 G DE ALCAPARRA 150 ML DE AZEITE EXTRAVIRGEM 10 G DE ALHO RÚCULA PARA ENFEITAR

Modo de fazer: Corte o tomate, o palmito e o cogumelo em cubos pequenos e regulares. Quebre as alcaparras; coloque tudo num recipiente e misture o azeite (isso pode ser feito na véspera). Ferva rapidamente o espinafre e as ervilhas e refogue numa frigideira com alho e óleo. Misture a farinha na água gelada, passe o aspargo nesta mistura e frite-o em imersão. Faça quatro porções de 250 gramas com o filé do robalo e grelhe. Monte o prato com uma cama de espinafre, as ervilhas sobre o espinafre, os aspargos sobre as ervilhas, o robalo sobre os aspargos e o molho frio sobre o peixe.

DADO BIER WEISS

DE ALTA FERMENTAÇÃO, ELABORADA COM ÁGUA MINERAL E MALTES DE TRIGO E CEVADA ESPECIALMENTE SELECIONADOS. POSSUI COR CLARA E MÉDIO TEOR ALCOÓLICO (5,0% VOL.). DE PALADAR BASTANTE VERSÁTIL, É EXCELENTE COMBINAÇÃO COM FRUTOS DO MAR, SALADAS E PRATOS PICANTES.

WEISS COM ROBALO DO CHEF NESSE CASO, A IDÉIA É COMBINAR SABORES SEMELHANTES. PROCURE UNIR DOCE AO DOCE E ÁCIDO AO ÁCIDO. HARMONIZE ESTE MAGNÍFICO PRATO – QUE TEM INGREDIENTES COMO GENGIBRE, ESPINAFRE E O PERFUME DA RÚCULA, DAS ALCAPARRAS, DO ALHO E DO AZEITE EXTRAVIRGEM, MAIS O SABOR MARCANTE DO ROBALO – COM O SABOR DA CERVEJA WEISS. NA VERDADE, A DIVERSIDADE DE OPÇÕES DE CERVEJAS NOS PERMITE TER GRANDES EXPERIÊNCIAS TANTO COMPLEMENTANDO QUANTO CONTRASTANDO A BEBIDA COM OS SABORES DA COMIDA. A CERVEJA CERTA MELHORA O SABOR DO SEU PRATO.

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Sabor

Entrecot DaDo Bier 1 KG DE ENTRECOT 100 G DE ERVILHA TORTA 100 G DE MINIBERINJELA 200 G DE MINIMILHO 100 G DE PIMENTÃO AMARELO 100 G DE PIMENTÃO VERMELHO 100 G DE BRÓCOLIS 100 G DE CENOURA BABY 50 ML DE SHOYO 800 G DE BATATA INGLESA

DADO BIER RED ALE DE ALTA FERMENTAÇÃO, COLORAÇÃO AVERMELHADA E MÉDIO TEOR ALCOÓLICO (5,3% VOL.). É ELABORADA COM ALGUNS DOS MELHORES LÚPULOS DO MUNDO, ÁGUA MINERAL E UM BLEND DE TRÊS MALTES DE CEVADA ESPECIALMENTE SELECIONADOS. SEU AROMA E SABOR MARCANTES COMBINAM COM CARNES E PRATOS TEMPERADOS.

Modo de fazer: Divida a berinjela e a cenoura ao meio e junto com a ervilha torta, o milho e o brócolis (separado em pequenas flores) ferva rapidamente. Corte os pimentões em cubos regulares. Numa panela tipo wok bem quente com óleo, passe todos os legumes, tempere com shoyo. Corte as batatas em “pétalas” e frite. Grelhe o entrecot e sirva-o com os legumes quentes e a batata frita.

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RED ALE COM ENTRECOT DADO BIER O AMARGOR ESTIMULA O APETITE E É O CONTRAPESO PARA O AÇÚCAR RESIDUAL DEIXADO PELO MALTE. COM UMA FUNÇÃO PARECIDA COM A DA CARBONATAÇÃO, O AMARGOR TEM A CAPACIDADE DE LIMPAR O PALADAR, “CORTANDO” A GORDURA E OS SABORES ACENTUADOS DE PRATOS COMO ESTE ENTRECOT GRELHADO. VEGETAIS NO ESTILO ORIENTAL, COM PALADAR MARCANTE DO SHOYO E DA MANTEIGA, SÃO O ACOMPANHAMENTO DESSA CARNE. POR ISSO A CERVEJA RED ALE HARMONIZA-SE COM PERFEIÇÃO.



Ser & Vestir ROBER TA GERHARDT

EDUCAÇÃO É ESTILO! Apesar da obviedade, é necessário lembrar que não há nada mais moderno do que um homem bem educado! Isto porque a boa educação é pressuposto de um grande estilo. Quer um exemplo? Se você chegar em um evento e perceber que errou no traje, mas souber manter uma postura elegante e gentil com os demais, tudo bem, afinal, o comportamento supera a roupa sempre! Desde que você não esteja vulgar, claro! Daí a importância de conhecer a etiqueta e os bons costumes. Muita gente acha que para ser bem educado é preciso seguir uma série de regras rígidas e aparentemente sem sentido. Será que é assim? Vamos pensar um pouquinho. Por incrível que pareça, é muito simples ser elegante e educado. Se você for analisar as regras do bom comportamento, vai notar que invariavelmente elas estão pautadas na lógica da gentileza; na simples observação de que o outro existe e merece respeito sempre. Assim, para ser moderno e ter estilo inconfundível basta ser generoso com as pessoas e com você mesmo. Afinal, são os pequenos gestos que deflagram os grandes valores , determinantes da verdadeira elegância. Lembre-se sempre que a boa educação é sinônimo de inteligência e bom senso. Então exagere no cuidado com você e com os demais, afinal, a gentileza é o tempero do homem verdadeiramente chique!

DICAS NADA ADIANTA INVESTIR EM ROUPAS INCRÍVEIS SE VOCÊ NÃO SOUBER CONSERVÁ-LAS. É MUITO IMPORTANTE QUE O SEU GUARDA-ROUPA ESTEJA ADEQUADO PARA RECEBER SUAS PEÇAS. CONSERVE O LOCAL SEMPRE LIMPO, AREJADO, ASSIM COMO É FUNDAMENTAL ORGANIZAR AS PEÇAS DE FORMA QUE FIQUEM FÁCEIS DE SER ENCONTRADAS. INVISTA EM CABIDES ESPECIAIS PARA OS PALETÓS E FORMAS AJUSTÁVEIS DE MADEIRA PARA OS SAPATOS. PARA ACRESCENTAR UM TOQUE SOFISTICADO AO VISUAL ESPORTIVO, A DICA É USAR ACESSÓRIOS DE COURO E CORES NATURAIS, COMO OS BEGES E MARFINS. AS CORES CLARAS ESTÃO ULTRAMODERNAS! ALÉM DISSO, FAVORECEM A MAIORIA DAS PESSOAS. APROVEITE E CONSTRUA LOOKS MONOCROMÁTICOS NAS TONALIDADES CLARAS. ESQUEÇA ESSA HISTÓRIA DE QUE HOMEM NÃO PODE SER VAIDOSO. ISSO JÁ ESTÁ PRA LÁ DE ULTRAPASSADO! SEJA INTELIGENTE E ABUSE DOS RECURSOS ESTÉTICOS PARA VALORIZAR SEU VISUAL, COMO OS CREMES HIDRATANTES ESPECIAIS PARA PELES MASCULINAS E PRODUTOS FINALIZADORES PARA OS CABELOS.

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AUTÊNTICA E CHIQUE A moda é um dos instrumentos incríveis que temos à disposição quando queremos retocar a estética. E a cada troca de estação há inúmeras sugestões de tendências para auxiliar na busca de pequenas mudanças que fazem verdadeiros milagres no estilo. Entretanto, alguns equívocos na atualização dos looks estão deixando muita gente perdida. Se você faz parte da turma que ainda acredita que para ser moderna e elegante é necessário: fingir que o tempo nunca passa, estar com o corpo escultural, pele esticadinha e a roupa da última tendência; sugiro uma urgente revisão de valores. Graças a Deus já posso afirmar que os padrões de beleza no mundo da moda estão mudando! Apesar de encontrar milhares de mulheres na incessante busca de um corpo plastificado e artificial, observe com atenção as pessoas que você considera realmente chiques. Será que elas são tão perfeitas assim? Ou será que simplesmente aprenderam a arte de valorizar o que elas têm de melhor, curtindo a passagem do tempo de forma inteligente? Quem disse que uma pele linda é aquela em que não aparece nenhuma marquinha? Será que a verdadeira beleza não condiz exatamente com as marcas que demonstram a história de uma vida única, rica em experiências e emoções? O valor do tempo e da experiência merece respeito quando o assunto é beleza e sofisticação. Então, tenha muito cuidado com o padrão da eterna juventude, pois ela apenas deflagra uma grande esquizofrenia do nosso tempo, além de ser o passaporte para a infelicidade.

DICAS UMA MULHER ACIMA DO SEU PESO PODE SER MUITO ELEGANTE, DESDE QUE INVISTA EM ROUPAS COM ACABAMENTO IMPECÁVEL, DE TECIDO E FORRO EXCELENTE. SE VOCÊ NÃO SABE DISTINGUIR UMA ROUPA DE QUALIDADE, OBSERVE O SEU AVESSO. SE O FORRO FOR BOM, O CAIMENTO ESTÁ GARANTIDO. PARA ATENUAR UMA PROPORÇÃO DE CORPO MUITO AMPLA, ABUSE DOS CONTRASTES DE CORES COMO O PRETO E BRANCO, QUE ESTÁ SUPER MODERNO E DEIXA A MULHER SOFISTICADA. AS ESTAMPAS MIÚDAS TAMBÉM COLABORAM. COLARES SÃO ACESSÓRIOS QUE PODEM AJUDAR A ALONGAR E EMAGRECER A SILHUETA. ABUSE DE GRANDES COLARES NO ESTILO CHANEL. ROBERTA GERHARDT É CONSULTORA DE MODA E ESTILO E COMPORTAMENTO

HÁ UMA TENDÊNCIA FORTE PARA O USO DE ACESSÓRIOS EM PROFUSÃO NOS CABELOS. OS GRAMPOS SÃO UMA FEBRE EM NOVA YORK, ASSIM COMO OS LENÇOS E FAIXAS NA CABEÇA.

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Passeio


Passageiros do

vento textos

e

fotos

e d u a r d o

tava r e s


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De todos os objetos voadores identificáveis, o balão é o mais lúdico e o que mais se harmoniza com a natureza. É como voar em uma bolha de sabão. Você decola sem destino, o ponto de chegada é uma incógnita. Quem vai decidir o rumo é a direção do vento. O piloto só tem comando absoluto sobre a altitude. O aeroporto, na verdade, é uma camionete pick-up que corre tresloucadamente por entre campos, montanhas e pântanos para “confortavelmente” resgatar seus passageiros. Que bom. Essa incerteza é apenas uma das variáveis que seduzem um número crescente de aficionados do esporte. O silêncio, a serenidade, o vento acariciando o rosto, a proximidade com a natureza e a beleza do balão são outras magias do esporte. O balão está para a aeronáutica como o veleiro está para a náutica. Você voa sem motores barulhentos ou cabinas pressurizadas, suavemente, em baixa velocidade, próximo da fauna e da flora. Pai brasileiro E, acredite, o pai do balonismo é um brasileiro. O padre Bartolomeu de Gusmão, natural de Santos, certo

dia observou uma bolha de sabão ascender rapidamente quando se aproximou da chama de uma vela. Sem querer havia descoberto o princípio do aeróstato: a densidade do ar diminuía quando ele era aquecido e um objeto mais leve que o ar poderia voar. Gênio irrequieto, construiu um balão de papel aquecido por uma chama, ao qual deu o nome de Passarola. Em agosto de 1709 apresentou sua “máquina de voar” à corte do rei João V, em Lisboa. A Passarola subiu a quatro metros de altura e os guardas do palácio, assustados, a destruíram, temendo um incêndio. O rei ficou tão impressionado que concedeu a Gusmão o direito sobre toda e qualquer nave voadora que surgisse. E, de fato, apenas 74 anos depois, em Paris, os irmãos Montgolfier realizaram o primeiro vôo tripulado num balão de ar quente com a presença do rei Luis XVI e de toda a população parisiense. Os tripulantes eram um gato, um galo e um carneiro, mas alguns meses depois os franceses Jean Pilatre de Rozier e o Marquês D’Arlandes tornaram-se os primeiros humanos a navegar um balão. A façanha ocorreu nos céus de Paris e durou 25 minutos, numa altitude de 1.000 metros. O primeiro vôo no Brasil foi realizado por Edouard


o silĂŞncio, a serenidade e o vento acariciando o rosto sĂŁo outras magias do esPorte


Passeio

quem decide o rumo é a direção do vento


Heilt, em 1885, no Saco do Alferes, Rio de Janeiro, mas um outro brasileiro iluminado foi quem resolveu definitivamente o problema da dirigibilidade dos balões. Santos-Dumont, em 1901, construiu um balão com formato cilíndrico, adaptou uma hélice movida com um motor a gasolina e conseguiu ganhar o Prêmio Deutsch ao dar a volta completa na Torre Eiffel com o dirigível “N° 6”. Ali estava a gênese da aviação, e algum tempo depois surgia o “14 Bis”, o primeiro avião da humanidade. Segurança no céu Chegando aos dias de hoje, percebemos que os atuais balões voltaram às origens e seu princípio de funcionamento é bastante simples. Com um grande ventilador, é injetado ar para dentro do envelope (tecido do balão), o qual é aquecido pelo maçarico que está preso ao cesto. O ar quente torna-se mais leve e, naturalmente, o balão começa a ganhar altura. A grande diferença é a qualidade dos materiais utilizados na construção de um aparato moderno. O envelope é de nylon resinado e a sua boca é de nomex, um produto não-inflamável. Os cordames são de aço inoxidável. O cesto é de vime, um material que combina leveza, durabilidade, beleza e boa absorção de impactos. Os botijões podem ser de alumínio, aço ou titânio. O maçarico é de aço inoxidável e é alimentado com gás propano, antiexplosivo. A resistência e a durabilidade desses materiais tornam o balão a aeronave mais segura que existe, segundo a Federação Aeronáutica Internacional. Rico esporte O balonismo como esporte começou em 1960. Hoje existem 15 mil balões no mundo, sendo que 11 mil estão nos Estados Unidos. No Brasil são apenas 91 pilotos re-


Passeio gistrados na Associação Brasileira de Balonismo, mas a modalidade cresce de vento em popa. O Rio Grande do Sul tem três pilotos. Fernando Hennig, corretor de imóveis, é um deles, nas horas vagas. Voando há mais de 20 anos, rejuvenesce quando começa a falar de balonismo. Foi ele quem ajudou o americano Steve Fosset, que fez um pouso forçado em Bagé, em 2001, na sua segunda tentativa de dar a volta ao mundo em um balão. Fernando garante que é um esporte seguro, mas em 1992 precisou fazer um pouso de emergência no pátio do prédio do Serviço Nacional de Informações, em Brasília. Teve que dar muitas explicações para não ficar por lá. Em Torres, há 18 anos acontece o Festival Internacional de Balonismo, um dos principais eventos da categoria. Neste ano participaram 32 balonistas, alguns da Argentina e França, inclusive Olivier De Villas, ex-vice-campeão mundial. O resultado foi surpreendente. A única mulher inscrita, a paulista Gabriela Slavec, venceu o festival. Geofísica, fez do balonismo sua profissão e acredita no futuro do esporte no Brasil, “cativando cada vez mais o público e ocupando um maior espaço na mídia”. Bom negócio O balonismo no Brasil ainda é um esporte elitista, devido ao seu alto custo. Um balão completo não sai por menos de R$ 60.000,00. Além disso é necessário ter uma caminhonete possante para o resgate e uma equipe composta de um motorista, um co-piloto e um ajudante. Uma das soluções para o progresso do esporte tem sido o balonismo comercial. Além de empresas que fabricam balões, existem outras especializadas em vôos publicitários e passeios turísticos. A Victoria Balloons é uma das fábricas bem-sucedidas, tendo no seu currículo o prêmio Special Shape no Albuquerque International Balloon Fiesta de 2002, o maior evento do balonismo mundial, reunindo cerca de 1.000 balões. Para ingressar na confraria do balonismo, o interessado começa fazendo uma série de exames médicos para receber o Certificado de Capacitação Física. Depois passa por dois cursos na Associação Brasileira de Balonismo, um teórico de 8 horas e outro prático de 16 horas. Aprovado nos testes, recebe o brevê. A partir desse momento ele se torna mais um privilegiado passageiro do vento.

serviço

associação brasileira de balonismo: www.abb.org.br


o balรฃo estรก Para a aeronรกutica como o veleiro estรก Para a nรกutica


O sabor e o saber F e r n a n d O

lO k s c h i n

O OvO

Bela forma, nobre conteúdo Os gregos consideravam a cabeça como sede do corpo baseados não em fisiologia, mas em estética: o crânio é a parte redonda da anatomia e o círculo é a perfeição geométrica. Na forma mais bela, o conteúdo mais nobre, o cérebro. Também foi mais por sensibilidade do que razão que Copérnico descreveu o sistema solar: astros redondos girando sobre si e cursando círculos em torno do sol é a égide de um sistema harmônico – perfeito demais para não ser real. Não é por acaso que cosmos virou cosmético e o inverso de mundo é imundo. O mundo é feito em proporção, beleza. Círculo é o diminutivo de ciclo; o sol e a lua, nossos astros máximos, são circulares e cíclicos. Mas os gregos viam a elipse ainda em superioridade ao círculo: com um único centro o círculo é monótono, e a elipse, com dois pólos, é criativa, dinâmica. O ovo, elipse longitudinal e círculo transversal, é uma das criações mais harmônicas da natureza. Na forma mais bela, o conteúdo mais nobre: vida armazenada. Natural que o L. gemma, ‘pedra preciosa’, tivesse seu sentido estendido à gema do ovo. Tal a fruta, a flor e o perfume, o ovo obedece à lei de que a natureza é mais atraente quando lida com procriação. No latim, nossa língua avó, ab ovo quer dizer ‘no princípio’. Símbolo universal de início e fertilidade, até no som, o ‘ovo’ se inclui no ‘novo’. A crença de que o mundo nasceu de um ovo foi dominante em povos do norte e sul, ocidente e oriente. Os templos do Tibete são ovalados, e o santuário inca de Cuzco exibia um ovo de ouro. Em zonas da China e Índia, o pedido de casamento se formaliza com um ovo, e os camponeses germânicos quebravam ovos nas lavouras para fertilizá-las. Omelete e gemada são tônicos viris e ovos crus curam a ressaca, seja pela lecitina da gema, seja pela ação emética da clara. Sempre obra da fêmea e a melhor embalagem, ovo é o clímax da relação design/funcionalidade: resistência, conser-

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vação de calor e disposição no ninho (todos com o pólo agudo para o centro formando um círculo). A forma oval resulta da contratura do oviduto para impulsionar o ovo. Nas regiões ventosas os ovos são achatados, e nas encostas, pontiagudos para, caso caiam, descreverem trajeto curvo e pequeno. Nas colônias de aves, cada ovo traz cores que são a marca registrada dos pais para ajudar no reconhecimento. O ovo comido hoje é o frango a menos no amanhã, e tal ‘carne do depois’ é a razão de muitos tabus. O explorador Eduard Vogel foi executado no Chade (1856) pelo crime de fritar um ovo, e os australianos atribuíam a pele clara e calvície dos europeus ao hábito de comerem ovos. Proibidos nos dias de penitência, os ovos colhidos na quaresma eram pintados para disfarçar a conservação em banha e distribuídos às crianças na Páscoa. O ovo divide com o coelho, outro símbolo de fecundidade, a representação da Páscoa, a primeira lua cheia após o equinócio da primavera: renascimento da natureza e de Cristo. Machado de Assis aludiu ao simbolismo do ovo quando escreveu “tudo é ovo, amigo... (desde) a carta que estás escrevendo... (até) quatro sopapos que te façam mudar de rumo. O próprio ovo da galinha, bem considerado, é um ovo”. Mesmo os mamíferos nascem de um óvulo; o órgão reprodutivo feminino é o ovário e os testículos são ‘ovos’, metáfora de forma e função. Assim como se diz do ventre prenhe, Aristóteles dava conotação fálica ao ovo: os que alojavam machos seriam pontiagudos, os de fêmeas, arredondados. E Ovídio adicionava: os ovos pontudos, por serem masculinos, seriam mais saborosos. Alguma superstição persiste: o ovo de casca escura ou gema amarela é mais valorizado, apesar de não haver qualquer diferença de sabor. O ovo é uma unidade clássica de Yng e Yan, os opostos que compõem um todo; gema e clara, pesado e leve, calórico e protéico. Há quem diga que lecitina da clara é o melhor antídoto para o colesterol da gema.


OvOs revOltOs laminar 4 cOgumelOs pardOs. descansar em BalsâmicO, Oliva e gOta de mel. secar, salgar, reFOgar e separar. derreter manteiga despejar 4 OvOs BatidOs. mexer em BanhO maria até Ficar cremOsO. acrescentandO leite e Os cOgumelOs. decOrar cOm temperO verde. servir cOmO entrada cOm pãO tOstadO.


O sabor e o saber saF e r n a n d O

lO k s c h i n

FOtOs: andré nery

Na linguagem, o ovo veio depois da ave, o L. ovis saiu do L. avis (<a-vias, ‘sem vias’), mas evolutivamente o ovo é anterior, nasceu no mar milênios antes das aves precursoras dos dinossauros. O pássaro silvestre não põe mais que alguns ovos ao ano, mas a galinha põe um ovo a cada manhã. Para tanto, a genética tirou proveito da natureza: há espécies que deitam ovos até que haja número suficiente para o choco; se um ovo é retirado, outro é produzido. Hábito curioso, a ema deita o ‘ovo guacho’: um ovo fica fora do ninho para que apodreça e crie germes a fim de alimentar os filhotes que nascem. Os egípcios roubaram as galinhas dos hindus, mas preferiam os ovos de pelicano e de avestruz. Ovo para o grego era o de faisão, depois o de gansa e só depois o de galinha. Roma iniciava cada refeição com um singelo ovo cozido, às vezes de tartaruga, crocodilo ou serpente. O primeiro livro de receitas (Apicus, séc. I a.C.) trazia ova frixa (ovos fritos), elixa (cozidos) e hapalis (poches). Início de dia, o galo canta, a galinha põe e o europeu come um ovo. Já Luiz XIV terminava a refeição com ovos: “sopa, faisão, perdiz, salada, presunto, cordeiro, torta, frutas e alguns ovos cozidos”. A ceia dominical do rei era assistida por multidões, e o ovo, apogeu do jantar, era solenemente anunciado pelo mestre-de-cerimônia. Antes, o ovo era sempre menor e estava seguidamente deteriorado. Era importante reconhecer o ovo fresco: translúcido à luz, afunda na água – o ovo novo é mais pesado, tem menos ar no interior. A casca do ovo é porosa para que o embrião respire. Os ovos de granja são lacrados por cera para aumentar a durabilidade e diminuir a absorção de odores; os

ovos industriais são liquefeitos ou liofilizados. Como a carne (rês) ou o queijo (leite de vaca) se não houver um advérbio explicativo, a linguagem supõe que o ovo é de galinha. A popularização da carne e do ovo de galinha foi tal, que o séc. XIX é chamado de ‘Século da Galinha’. Tem gosto para tudo. Os asiáticos preferem ovo choco, gostam do pinto no interior. A especialidade chinesa é o ‘ovo de 100 anos’, enterrado por meses junto a salitre, chá e cinzas, o que deixa a casca marmorizada e o conteúdo verde e viscoso. Mas a grande iguaria oriental, o prato mais caro do mundo, não é o ovo, mas o ninho: yan wo, sopa do ninho de andorinha, filamentos de algas digeridas e regurgitadas pela ave. Em vários idiomas, as palavras gosto, ‘paladar’, e gostar, ‘apreciar’ são iguais. Passando pela mesma boca, os universos da palavra e da comida são afins. Babar ovo é adular, no frigir dos ovos é ao início e pisar em ovos é acautelar-se. Sancho Pança, prático, aconselhava ‘não colocar todos os ovos na mesma cesta’, e Francis Bacon, sábio, criticava ‘queimar a casa para cozinhar o ovo’. Na fábula, a ganância faz com que o camponês mate a gansa de ovos de ouro. Na lenda, ao ouvir o comentário de que a descoberta da América fora tarefa simples, Colombo propôs o teste de deixar em pé um ovo cozido. Na viagem, Gulliver encontrou Lilliput com “11.000 mortos numa guerra onde ninguém lembrava o motivo: divergências sobre em que lado se deveria furar a casca de um ovo quente”! É impressionante a versatilidade do ovo, no doce e salgado. No texto de Apicus, o ovo chega a transformar vinho tinto em branco: bastaria adicionar claras e esperar uns dias. No Repertoire de La Cuisine (1914), o ovo estrela 422 pratos e é coadjuvante na metade das outras receitas, seja espessante, aglutinante, emulsificante, corante, flavorizante ou aromatizante. Seu emprego define o mínimo da competência culinária, ‘não saber cozinhar um ovo’, e abrange desde o refinamento do Omelette de Bresse até o aconchego de um ovo frito – e até o nome invoca poeticamente toda harmonia celestial, ‘ovo estrelado’. Bom cozinheiro, Salvador Dalí pintou o Ovos Estrelados Sem Prato, um ovo frito pendurado num barbante. Não admira que o quadro fosse um favorito da musa e esposa do pintor, chamava-se ‘Gala’... Para Leonardo da Vinci, a culinária era arte tão importante como a pintura: projetou fogões e coifas, dirigiu restaurantes e fez da sua cozinheira uma herdeira. Assim como transformou um jantar, A Santa Ceia, em sua obra magna, criou várias receitas de ovos cozidos e omeletes. O gênio maior da humanidade reverenciava a forma mais bela e de conteúdo mais nobre da natureza, o ovo. FernandO lOkschin é médicO e gOurmet fernando@vanet.com.br



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Antรกrtida: a vida no

gelo p o r

r A fA e l

b e c k

fotos

z e l fA

s i lVA


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gelo, milhAres de pingüins e muito, muito frio. A AntártidA é únicA e inesquecíVel Prepare-se para viver uma aventura diferente, muito diferente de tudo o que você conhece. Você vai embarcar em navios quebra-gelo de altíssima potência e singrar por mares quase desabitados, atravessando um clima inóspito e hostil em busca de paisagens exuberantes, que pouquíssimas pessoas tiveram a oportunidade de presenciar: as majestosas e quase intocadas belezas naturais da Antártida. Um turismo sem dúvida emocionante, que desafia as mais rigorosas condições para chegar a paisagens inesquecíveis e inimagináveis, com gigantescos icebergs de todos os tamanhos e cores, uma fauna abundante e diversificada, e, é claro, dezenas de milhares de pingüins das mais variadas espécies e tamanhos. E, acima de tudo, uma viagem completamente nova e peculiar: as expedições turísticas ao continente gelado iniciaram-se somente no início da década passada, e há um limite de visitantes que podem explorar a região a cada temporada. Terra de recordes Antes de começar, convém avisar – se é que você

ainda não sabe – que a Antártida é um continente de extremos. Formada por 99% de gelo, ela possui 60% de toda a água potável do mundo. É o continente mais frio, o mais seco e o com os mais fortes ventos em todo o planeta, com velocidades que, muitas vezes, ultrapassam os 200 km/h – características que aumentam ainda mais a emoção do passeio. Navegar pela região é uma aventura constante. O frio, os ventos, a distância e a solidão são companheiros inseparáveis, que oferecem um contraste impressionante às magníficas paisagens e às sensações inigualáveis que o visitante irá vivenciar. Por isso, as viagens só ocorrem no verão do hemisfério sul, entre os meses de novembro e fevereiro. A partir da segunda semana de março, a água começa a congelar e não é mais possível a navegação nos mares próximos. Essa situação perdura até o fim de outubro, quando a água volta a descongelar e a abrir caminhos entre as terras deste que é o quinto maior continente do mundo. Nessa época, os pingüins também começam a voltar à terra e a fazer seus ninhos, facilitando a observação pelos turistas.


só Antigos e robustos nAVios quebrA-gelo conseguem percorrer esses mAres gelAdos Devido a essas condições, a navegação na região é feita apenas por meio de navios quebra-gelo, a maioria herdados da antiga União Soviética. Fabricadas na Finlândia, essas possantes máquinas ficaram sem uso após a queda do Comunismo, com o fim – ou pelo menos a redução exagerada – das pesquisas soviéticas na região. Dessa forma, foram compradas ou arrendadas por institutos oceanográficos e de pesquisa, ou para empresas como a Quark Expeditions, pioneira no turismo no continente gelado. “Alguns desses navios, como o Professor Multanovskiy, o Professor Molchavov, o Akademik Shokalskiy, o M/V Orlova e o quebra-gelo Kapitan Khelbnikov, foram reformados para o turismo, e agora fazem as viagens para a Antártida”, conta Zelfa Silva, expert no turismo do continente branco, que, juntamente com o marido Gunnar, visita anualmente a região, como guia da Quark Expeditions. Prenúncio deslumbrante A aventura começa na cidade de Ushuaia, sul da

Argentina. É nessa localidade – a cidade mais austral do mundo – que se reúnem pessoas de todo o planeta para dar início a esta experiência sem igual. Após uma noite no hotel, os visitantes são levados a uma excursão pelo Parque Nacional Tierra del Fuego, onde conhecem algumas características da fauna e da flora dos confins do continente e são brindados com um delicioso churrasco de cordeiro patagônico. As impressionantes paisagens da Terra do Fogo são apenas um prenúncio dos dias de deslumbramento que estão por vir. No dia seguinte, munidos de muita expectativa – e, claro, muita roupa para o frio! – os passageiros embarcam nos navios que fazem as viagens pela península da Antártida. São aproximadamente 1.000 quilômetros de distância entre Ushuaia e as Ilhas Shetland do Sul, no início da Península Antártida, passando pelo famoso Canal de Drake. As excursões duram de 11 a 12 dias, em média, mas há viagens mais longas, de 20 dias, que passam ainda pelas ilhas Malvinas e as Ilhas Geórgias do Sul. Também está sendo oferecido um roteiro novo, que atravessa o



Viagem Mar de Wedell e faz viagens de helicóptero ao interior da Antártida em busca do Pingüim Imperador – imortalizado no documentário “A Marcha dos Pingüins”, que esteve em cartaz nos cinemas no início deste ano –, que vive em colônias no centro do continente. Silêncio absoluto A Antártida é uma região em que o ser humano jamais viveu. Rodeado de mar de todos os lados, o continente é isolado de todo o resto do planeta. Portanto, ao navegar pelas suas águas geladas, uma das coisas que mais chamam a atenção é o silêncio absoluto, quebrado apenas pelo barulho do navio, pelas ondas do mar e pelos sons dos animais. Um ambiente perfeito para a contemplação das magníficas esculturas de gelo que podem ser observadas ao longo da viagem: enormes icebergs e montanhas geladas, cujos contornos são moldados pelo vento e nunca são iguais: “Elas mudam todos os anos. Já estive oito vezes na Antártida e elas são sempre diferentes. E sempre impressionantes”, conta Zelfa. A grande diversão é ficar no deck do navio com o vento batendo no rosto, apreciando a paisagem e ouvindo o silêncio. Talvez a mais bela maneira de se livrar do estresse do dia-a-dia.

A bordo, um grupo de pesquisadores dá aulas aos viajantes. A equipe, formada por um glaciólogo, um biólogo e um geólogo, está sempre por perto para falar sobre o continente, seus fenômenos, suas características e seus habitantes – o que torna a aventura ainda mais emocionante, sem igual. Sol da meia-noite Ver o sol iluminando as montanhas geladas e os enormes cristais de gelo é uma paisagem que, sem dúvida, impressiona. “Você não tem idéia do que é o gelo, suas cores, as cores do mar. É difícil entender até chegar lá. Você se sente pequenininho, uma coisinha minúscula em comparação com a grandiosidade da natureza”, revela Zelfa. A aventureira conta que, definitivamente, pegou o vírus do continente branco: “A cada ano, chega setembro, outubro, e já dá vontade de voltar. E cada vez que eu volto é uma alegria enorme”, conta, entusiasmada. Sem dúvida, é um enorme impacto ver as diferentes cores e formas que o gelo pode tomar nas diferentes horas do dia e da noite. Sim, da noite, pois o sol se põe muito rapidamente no verão antártico. A escuridão pode durar menos de uma hora, e um jantar à meia-noite muitas

cAminhAr sobre o mAr gelAdo ou entre multidões de pingüins: experiênciA sem iguAl



Viagem


icebergs de formAs VAriAdAs e A ricA fAunA compõem espetáculos sempre renoVAdos vezes é feito com o sol brilhando, sob um céu de cores lindíssimas. A combinação de frio, calor, ventos gelados, calmaria, animais selvagens, neve e icebergs de todas as cores e tamanhos provoca reações de surpresa em qualquer visitante. É um espetáculo de cores e sons que impressiona os sentidos: “Você escuta um albatroz passando por você. Você ouve o gelo quebrar. Ouve quando a Jubarte sai da água para respirar e sente o cheiro de peixe. Tudo isso provoca emoções fortíssimas, que trazem uma adrenalina fantástica”, conta Zelfa. Nativos curiosos A vida silvestre oferece um espetáculo inesquecível aos visitantes. “Os pingüins imperadores são os grandes reis da Antártida”, conta Zelfa Silva. Por isso mesmo, talvez sejam a maior atração dessa aventura. E certamente essa atração não desaponta os visitantes. Aliás, a abundância de espécies da fauna antártica impressiona mesmo: são baleias, leões-marinhos, focas, albatrozes e outras aves, elefantes marinhos e, é claro,

muitas e muitas colônias de pingüins. Por esse motivo, dentro do navio são montadas programações especiais, com o objetivo de observar o maior número possível de animais e espécies. Diariamente, os visitantes descem em pequenos botes infláveis, conhecidos como “zodiacs”, e vão para terra firme, explorar o terreno e ver de perto os animais. Esses passeios têm o acompanhamento de biólogos, que além de orientar os visitantes sobre as espécies que eles irão encontrar, também explicam os hábitos dos animais e tiram as dúvidas dos viajantes. Assim, a viagem não apenas ensina como desperta nos passageiros a consciência da importância de preservar este que é um dos últimos recantos do mundo ainda intocados pelo homem. Uma característica interessante dos nativos da Antártida é a sua curiosidade. Os pingüins não reconhecem o ser humano como predador. Por isso, se aproximam sem medo dos visitantes. Não é raro o viajante se ver, de uma hora para outra, rodeado por centenas de pingüins – sem dúvida, uma emoção incrível e incomparável. Zelfa Silva conta que é interessante visitar o continente em diferentes épocas e aprender ao vivo


Viagem sobre os hábitos dos animais: “Em dezembro, os pingüinzinhos estão nascendo. Em janeiro, os filhotinhos já estão maiores, e em fevereiro eles cresceram mais ainda. Tem muito mais vida, muito mais barulho”, conta. E ela continua: “Você não imagina como é a natureza de verdade desses animais. Os albatrozes têm quase três metros de envergadura. São enormes, e você precisa ver como eles são carinhosos e cuidam um do outro”. Banho de mar? Durante a viagem, as atrações não se resumem aos icebergs e pingüins: há diversos outros passeios interessantíssimos, que merecem ser lembrados. Desde a passagem pelas Ilhas Malvinas e Ilhas Geórgias do Sul, antigo porto de parada de muitos barcos baleeiros, até a visita a Port Lockroy, o museu e correio da Península, uma parada obrigatória para todas as expedições. Dali, podem ser mandados cartões-postais para qualquer lugar do planeta, com o selo e o carimbo da Antártida! Outro passeio inigualável dá ao visitante a opor-

tunidade de passar uma noite em um acampamento de barracas térmicas no continente. Talvez seja difícil pegar no sono, já que o barulho dos pingüins não pára durante a noite toda, mas certamente a experiência jamais será esquecida. Além disso, é possível fazer passeios de caiaque ao lado de Jubartes e até mesmo há possibilidade de experimentar sensações típicas dos trópicos, como um autêntico... banho de mar! Exatamente! Em Whaler’s Bay, uma baía onde no passado milhares de baleias foram mortas, a água é até quente, para os padrões da Antártida: aproximadamente dois graus. Os turistas mais corajosos aproveitam e se aventuram dentro d’água. Além de uma foto, no mínimo curiosa, eles ganham o privilégio de participar do exclusivíssimo Hot Tub Club, ou o Clube da Banheira Quente da Antártida, com certificado assinado pelo capitão do navio e tudo! Ou seja: a vida no Círculo Polar Antártico oferece muitas emoções e vivências inigualáveis, que certamente ficarão na memória de todos os visitantes. Uma aventura maravilhosa, e uma viagem única, inesquecível e insuperável.

os pingüins serão testemunhAs e pArceiros dAs suAs AVenturAs nA belA AntártidA


como ir

As ViAgens à AntártidA ocorrem de 9 de noVembro de 2006 A 4 de mArço de 2007. informAções e reserVAs pelo telefone (5411) 4806-6326, em buenos Aires, pelo site www.AntArcticAcruises.com.Ar ou pelo e-mAil info@ AntArcticAcruises.com.Ar.


Bom conselho P O R M A LU C O E L H O

A ESTAÇÃO QUE ENCANTA A primavera é a estação mais agradável do ano; ainda tem o frescor nas manhãs, tem o calor durante o dia e a beleza apontando nas floradas das árvores de parques, praças e jardins. Nossa vida também pode ser agradável, espelhando-se nesta estação. Basta imaginar um lugar onde você possa se sentir bem sempre, onde os momentos de convívio social sejam harmoniosos e o ambiente esteja cheio de energias positivas. Você pode tentar transformar a sua casa no lugar que imaginou... Mas, caso ache isso difícil, aproveite essas sugestões: Dê um toque colorido de flores espalhando-as pelos ambientes da casa. Caso não se importe de perder uns minutinhos cuidando de uma planta, utilize espécies maiores, como azaléias e hortênsias. Elas duram mais tempo e a sensação do jardim dentro de casa é muito boa. No supermercado existem vasos prontos que combinam com todo tipo de decoração. Agora, se sua casa não tem espaço suficiente, se seu tempo para cuidar de plantas é pouco e ainda assim você quer deixar esta bela estação envolver a todos, o melhor mesmo é compor o tema em algumas peças. Por exemplo: Use almofadas com sachês perfumados, quadros de campos floridos, toalhas com tulipas bordadas, aromatizantes com perfumes de rosas, louças com motivos florais, arranjos de fibras naturais e tudo que achar que vai trazer um clima gostoso para o seu lar. Um jardim submerso nem precisa ter peixes no aquário e é igualmente agradável. Ou apenas espalhe pétalas de rosas desidratadas em cima de móveis, na entrada da porta, na sua cama ou onde preferir. O certo é que a primavera nos convida a aliviar as tensões interiores, a olhar mais as belezas a nossa volta, a sorrir mais e amar muito. Enamore-se pelos momentos bons da vida, pelas pessoas e por você mesmo.

VIVA BEM A VIDA, FAÇA DOS SEUS DIAS DIAS DE PRIMAVERA! 58 Estilo Zaffari



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Bonito demais TEXTOS

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FOTOS

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UM ABISMO DE 72 METROS DESPENCA NUM LAGO DE ÁGUAS MISTERIOSAS

Você não é o único a se perguntar como um lugar com traços tão paradisíacos carrega no nome um adjetivo tão modesto. Diz a história que em 1924 o capitão Luis da Costa Leite Falcão comprou as terras de um grande amigo seu, um certo Seu Euzébio, que foi o único sobrevivente de uma família mineira dizimada pelos índios da Serra da Bodoquena. O lugar foi então batizado de Rincão Bonito, ganhando forma abreviada um pouco mais tarde. A 257 quilômetros da capital Campo Grande e a 150 quilômetros de Aquidauana, uma das portas de entrada para o Pantanal mato-grossense, Bonito é hoje um dos pontos mais procurados para a prática do ecoturismo no Brasil. Cachoeiras, rios de águas cristalinas e grutas de lagos azul-turquesa desenham um cenário de encher os olhos. É um lugar que tem atraído a atenção de viajantes do mundo inteiro e que parece não ceder às tentações econômicas imediatas que o turismo desenfreado pode oferecer. Para preservar seu incalculável tesouro natural, composto também de centenas de espécies de peixes, matas virgens, aves silvestres, além de outros animais, a cidade dispõe de uma forte mobilização comunitária que ajuda Bonito a ser um modelo de turismo sustentável. É graças aos proprietários das fazendas onde ocorrem os passeios, agências locais e algumas lideranças da cidade que Bonito tem como praxe a reverência à mãe natureza. Com pouco mais de 17 mil habitantes, esse lugarejo no estado do Mato Grosso do Sul não foge à lógica de uma cidade pequena. Uma rua principal divide o povoado ao meio e dá lugar aos principais bares, restaurantes, comércio e serviços. Mas é nos passeios – geralmente afastados da cidade – que Bonito guarda o seu encanto para os visitantes. Sempre assistidos por um guia profissional, que versa tranqüilamente sobre as maravilhas e a história recente de Bonito, os passeios oferecem opções para contentar todos os tipos de viajantes. Se você procura um lugar para mergulhar, eis aqui as modalidades: snorkering e máscara – você não precisa de experiência anterior; mergulho livre – um mergulho sem percurso definido; mergulho autônomo – com equipamentos especializados, para aqueles credenciados a mergulhar; espeleomergulho – para profissionais especializados em mergulho de grutas e cavernas. Rapel, rafting, trekking, caminhadas por trilhas interpretativas ou apenas contemplação. Bonito é muito prazeroso para quem curte a natureza. Bonito Aventura – Após uma caminhada de 1.700 metros, inicia-se uma flutuação de snorkel, máscara e colete. São 2 mil metros pelo rio Formoso. Hora de verificar a diversidade de peixes: pintados, dourados, piraputangas e pacus acompanham você por um percurso de pequenas cachoeiras, troncos submersos e uma flora aquática local que reveste as laterais desse rio de águas mágicas.


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GRUTAS, CAVERNAS E PASSEIOS POR MATAS VIRGENS Rio do Peixe – Fazendeiros da região descobriram que no lugar da criação de gado e da mineração de calcário, o turismo poderia gerar mais lucro e em menor tempo. Mantendo sempre a estrutura organizacional que Bonito tanto defende, a fazenda do Rio do Peixe é um lugar onde a palavra recanto ecológico adquire força máxima. Além de se esbaldar nos rios e cachoeiras, temos a possibilidade de observar uma diversidade de fauna e flora que nos faz lembrar que vivemos num país tropical. Tucanos, arara-azul, arara-vermelha, macacos-prego, quatis. E o que é melhor: todos em seu hábitat natural.


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GRUTA DO LAGO AZUL: A GRANDE DESCOBERTA DOS ÍNDIOS TERENAS


Gruta do Lago Azul – Descoberta em 1924 por um índio Terena, é um dos cartões-postais de Bonito. Depois de descer 100 metros por uma escadaria de pedras escorregadias, você chega à beira de um lago com águas incrivelmente azuladas e com dimensões que a tornam uma das maiores cavidades inundadas do planeta. Do teto da gruta pendem estalactites de calcário moldadas pelo tempo. Até hoje, a única forma de vida encontrada no lago foi o camarão albino, uma espécie que mede 7 milímetros e que não existe em nenhum outro lugar do mundo. Por medidas de preservação, não é permitida a entrada de pessoas no lago. Mas os guias contam que há cerca de 20 anos moradores da região saíam da escola para se banhar no lago da gruta, onde o banho ainda era permitido. Já dá para ter idéia de quão recente é a prática do turismo em Bonito. Aquário Natural – Tente se imaginar mergulhando num aquário de dimensões gigantescas. Agora imagine que esse aquário seja povoado por centenas de peixes multicoloridos e plantas aquáticas ornamentais. É assim que você vai se sentir flutuando pelas águas do Aquário Natural da Baía Bonita. É lá também que se encontra uma das nascentes do rio Formoso e uma das águas mais geladas de Bonito. Como na maioria dos rios de Bonito, o depósito de carbonato de cálcio no fundo das águas ocasionou a formação de rochas calcárias que decantam as impurezas, um fenômeno que faz com que as águas do Aquário Natural figurem entre as mais transparentes do mundo. Abismo Anhumas – Este é, sem dúvida, um dos passeios mais impressionantes que pode ser feito em Bonito. Depois de uma descida por rapel de 72 metros, você chega a um lago de águas cristalinas. Quem quiser pode mergulhar com cilindro acompanha do

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NÃO DÁ PARA PENSAR EM ECOTURISMO SEM LEMBRAR de um guia. Debaixo das águas geladas, o visual é cinematográfico: formações rochosas milenares que se assemelham a cones gigantes despontam do fundo do lago e ajudam a formar uma paisagem digna do filme “O Senhor dos Anéis”. Uma plataforma de apoio facilita a chegada dos aventureiros no interior do Abismo, que dali podem partir num pequeno bote para conhecer o lugar ou simplesmente contemplar boquiabertos um dos lugares mais grandiosos e magníficos do Brasil. Rio Sucuri O passeio começa com uma caminhada leve pela mata ciliar que permite a observação de uma fauna e flora riquíssimos, entre eles, o macaco-prego. Um percurso tranqüilo que inclui uma visita à nascente do Rio Sucuri. No final desta trilha, inicia-se uma flutuação de 45 minutos que leva você calmamente pelo hábitat de piraputangas e dourados, num passeio de encher os olhos. Quem tiver um pouco de sorte(ou de azar), pode avistar o famigerado animal que dá nome ao rio. 68

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Recanto Ecológico Rio da Prata Você pode começar o passeio por uma linda trilha interpretativa que desvenda uma floresta preservada, ou se quiser pode ir de barco até a nascente do Rio Olho d’Água e mergulhar de máscara e snorkel ou até de cilindro. Com você, só algumas pessoas(grupos de no máximo 8 pessoas)e os habitantes desse deslumbrante mundo aquático. E como brincar na água dá uma fome, não deixe de saborear um delicioso almoço no melhor estilo sul-mato-grossense servido na fazenda. Isso é só uma pequena amostra das maravilhas naturais de Bonito. De tempos em tempos, surgem novos passeios e aventuras pelos arredores da cidade. Um olhar mais atento, no entanto, vai perceber que outro ponto alto do lugar está na sua gente. Seu Biju é um belo exemplo. Conversador, cativo, ele ostenta com orgulho seu parentesco com os “descobridores” do lugar. O neto do Capitão Luis da Costa Leite Falcão, o principal desbravador de Bonito, não tarda em contar a história de “Senhorzinho”, que em anos passados foi tido na mais alta conta pela população


DE UM DOS DESTINOS MAIS FASCINANTES DO BRASIL de Bonito. A ele, a crendice popular atribuiu curas milagrosas e poderes extraordinários. Todos os que se sentissem enfermos procuravam o tal “Senhorzinho” que curava com água benta e cinzas. Ninguém ia mais à farmácia em busca de medicamentos, conta Seu Biju. Quem tinha fé saía dali curado. Seu Biju garante que “Senhorzinho não falava e se comunicava apenas através de sinais que fazia para o alto, predizendo o que estava por vir”. Quem passa no dia 12 de outubro pela estrada entre Bonito e Aquidauana se depara com centenas de pessoas que se dirigem à capelinha localizada na Fazenda Hilarinho, a doze quilômetros de Bonito, pagando promessas, agradecendo milagres concedidos e realizando uma missa em homenagem ao beato. Seu Biju conta também que o profeta tinha um braço que nunca foi visto, escondido sob o manto. Só se alimentava de frutas, mel, mandioca e peixe. Conta-se a história de uma imensa serpente, que vive dentro de uma gruta da Fazenda Serra Limpa, e que teria sido lacrada pelo “Senhorzinho”. Segundo a crença popular, o mestre subiu até lá e lacrou com um toco de madeira o orifício. Figura misteriosa, ninguém

sabia nada sobre a sua origem ou paradeiro, muito menos o seu nome. Nessa época o “Senhorzinho” foi perseguido, porque provocou a ira das autoridades locais pelo grande número de seguidores que conseguia arrebanhar. Além disso, os comerciantes de remédios ficavam furiosos com as curas feitas apenas com água benta e cinzas, atribuídas ao mestre. Como conseqüência, o profeta foi capturado pela Guarda Territorial, que desfilou com ele preso, montado num cavalo em plena praça pública. Posteriormente, o beato foi enviado para o quartel de Ponta Porã, de onde parece que, após ter sido solto, nunca mais foi visto. Em suas andanças por Bonito, o viajante não raro vai se deparar com descendentes e parentes de gaúchos. São netos, sobrinhos e primos que contribuem com alguma história para sustentar a fama de povo trabalhador que o gaúcho leva pra fora de suas querências. “O gaúcho baixa a cabeça e trabalha. Veio para o Mato Grosso do Sul disposto a ajudar a desenvolver o trabalho na terra, tanto na pecuária quanto na agricultura”, diz Joel Lírio, genro do proprietário da fazenda do Rio do Peixe. Além do gosto

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A ÚNICA ESPÉCIE VIVA NO LAGO É O CAMARÃO ALBINO pelo churrasco, o bonitense cultiva o hábito de beber o tereré, uma espécie de chimarrão feito com água fria, que rendeu à indústria local a fabricação de um refrigerante. Mais do que uma viagem, Bonito é uma imersão num paraíso silencioso de águas claras, de grutas desafiadoras e misteriosas, de trilhas que contam histórias originais, de flora crua, preservada, de fauna nativa, tropical, brasileiríssima por natureza. Depois de uma temporada em Bonito, você vai perceber qualquer coisa de sabedoria na atitude de nomear a cidade com um modesto adjetivo. Talvez tenha sido, assim, um instinto de preservação antecipado, como se os descobridores não quisessem fazer muito alarde e preferissem manter para sempre preservado um dos lugares mais lindos do Brasil.

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ONDE FICAR: O HOTEL ARAÚNA É UMA EXCELENTE OPÇÃO. EM MEIO A UMA IMENSA ÁREA VERDE, O PROPRIETÁRIO É O TELMO, UM GAÚCHO MUITO SIMPÁTICO. RESERVAS PELO FONE (67) 3255-2100.

COM QUEM FAZER OS PASSEIOS: O PESSOAL DA NATURA TOUR É ATENCIOSO E MUITO AGILIZADO. AGENDE OS PASSEIOS PELO FONE (67) 3255-1544.

PARA MERGULHAR: BONITO SCUBA. FONE (67) 3255.3879.



(con)vivências r u z a

a m o n

Carnaval de inverno

Cadê o bom senso, o bom gosto, o bom tudo? Até a última liquidação de inverno chegar, eu não estava plenamente consciente da importância simbólica dos pés. Saí pelas lojas com a intenção de renovar minha frota de botas, mas o que eu vivi foi uma experiência psicanalítica. Na sua grande maioria, os modelos que eu encontrei eram inarráveis objetos alegóricos, cujas combinações de enfeites, modelagens e formatos de saltos sugeriam personagens extravagantes e indecifráveis. A galeria começava com uma bota rasteira em camurça e com amarras rústicas, na qual eu me senti uma verdadeira caçadora de focas. Uma outra, com bico fino e ponteira metálica, não faria feio num pistoleiro do velho oeste, se não fosse o tom rosa-bebê. Ainda no clima western, tinha uma dourada de cano médio, salto delgado e cadarços cruzados perna acima, tipo dona de saloon. – Quer provar? – Não é bem meu gênero, acho que sou mais básica... – Ah, então tem essa toda branca, com salto de acrílico e fivela de coração. Tá saindo muito! Quem saiu muito, muito rápido fui eu, em busca da próxima loja. Da vitrine, já senti o drama: tinha que escolher entre ser uma amazona sadomasoquista ou uma Carmen Miranda tecno, em botas prateadas de cano longo, decorada com araras e samambaias. E que tal aquele modelo em patchwork, tipo cartela de estofados para automóveis? Não dá. – Salto anabela com sola de borracha, gênero “homem na lua”, não gosta? (Que chata, essa cliente!) Resolvi, então, dar uma chance à vendedora:

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– Tem bota zero? Zero franja, zero brilho, zero aba, zero tope, zero tudo? – Não tem. Aliás, em 36, até aquela amarelo-ovo com pesponto australiano e salto carretel já acabou. – Que pena... Não foi a imaginação dos fabricantes o que me impressionou. Foi o sucesso dos modelos, evidenciando as milhares de “personas” aprisionadas dentro de nós, mulheres. Talvez as botas estejam fazendo o papel dos chapéus do século 18, que davam vazão à imaginação da época ostentando plumas, peles, pedrarias, passarinhos empalhados, flores naturais, frutas, insetos e roedores. E dando uma de analista, fui mais longe: “Fantasias na cabeça, tudo bem. Fecha. Mas o que significa quando elas vão para os pés? Desilusão coletiva?”. E segui me perguntando: “Se eu escolher aquela com pingente em forma de quebrador de gelo, viro uma mulher perigosa? E a bojuda, estilo art déco, posso usar como vaso de flores enquanto o próximo inverno não vem?”. Tendo a liquidação me causado tantos questionamentos, suspendi as compras com medo de me ver pulando para dentro de uma daquelas botas gritando: “É minha! Ninguém tasca, eu vi primeiro”. Resolvi esperar os lançamentos de outono 2007, torcendo para encontrar as alegorias em qualquer outro acessório que não me leve – literalmente a passos largos – ao encontro desta mulher desconhecida que habita dentro de mim. ruza amon é jornalista



Perfil

O homem

copiar que não precisa

VOLTE OUTRA HORA SE VOCÊ ESTÁ COM PRESSA, UM PINGUINHO QUE SEJA. VAI POR MIM. É BEM MELHOR LER ESSA MATÉRIA COM CALMA, RESPIROS. SE MENTALIZAR UM SOTAQUE BAIANO NAS RESPOSTAS ENTÃO, LINDO. PORQUE O LÁZARO É ASSIM, ENERGIA QUASE ZEN. QUASE PORQUE O MUNDO EXTERNO À ENTREVISTA GIRAVA EM FAST: DEPOIS DE DOZE HORAS DE FILMAGEM – ELE ESTAVA AQUI TRABALHANDO EM SANEAMENTO BÁSICO, O FILME – E DE UMA COLETIVA DE IMPRENSA COM TODO O ELENCO; JORNALISTAS, PRODUTORES E QUETAIS EXAGERAVAM NO FRENESI. MAS LÁZARO RAMOS ESTAVA ALI, NA MINHA FRENTE, SENTADINHO E TÃO SORRIDENTE E TRANQÜILO QUE NA SEGUNDA PERGUNTA, EU JÁ TINHA ATÉ ESQUECIDO DO GRITO QUE ALGUÉM DEU NO MEU OUVIDO UM POUCO ANTES DE COMEÇAR: “VOCÊ TEM DEZ MINUTOS!”.

P O R

JA J Á

M E N E G OT TO

F OTO S

E D UA R D O

TAVA R E S



Perfil JÁ É O QUARTO TRABALHO QUE FAÇO COM A CASA DE CINEMA E NÃO ME CANSO

EM SANEAMENTO BÁSICO, O FILME, VOCÊ É O ZICO, UM CINEASTA DE CASAMENTOS E BATIZADOS DE UMA CIDADEZINHA DO INTERIOR. MAS O ZICO É UM CARA AMBICIOSO E APAIXONADO PELO QUE FAZ. CONTA MAIS.

Vou me atrever a dizer uma coisa. O Jorge (Furtado) falou que esse filme é sobre o que não é dito. Eu acho que quando eu entro no filme, sou justamente o personagem que diz. Pela primeira vez, ou mais claramente, ele diz pras pessoas que o que elas estão fazendo é uma coisa boa. Diz pra Silene (Camila Pitanga) que ela é uma estrela, diz pro Joaquim (Wagner Moura) que ele pode ser o monstro. Eu acho que ele representa aquele que acredita. É um cara dono de uma produtora na cidade vizinha. Acho que a experiência dele tinha sido somente com casamentos e batizados, coisas pequenas. Levava sua vidinha, sempre com desejo de fazer cinema. Tem uma frase incrível do Zico no final, quando eles conseguem realizar o filme: “Esse filme é pra provar que um cidadão pode ser artista e que pra exercitar sua arte não precisa ir pra Porto Alegre”. Ele crê que pode fazer cinema lá e se apaixona pelo projeto. Para ele a fossa não é tão importante quanto contar a história através do filme.

O JORGE FURTADO DISSE QUE ESCREVEU ESSA HISTÓRIA ESPECIALMENTE PROS ATORES, QUE CONSTRUIU OS PERSONAGENS JÁ PENSANDO EM QUEM IRIA INTERPRETAR. COMO É PRA VOCÊ FAZER O ZICO, UM VIDEOMAKER, UMA ESPÉCIE DE ALTER EGO DO JORGE? Pra falar a verdade eu fico muito feliz, muito orgulhoso. Feliz porque eu gosto muito de trabalhar aqui e isso é muito sincero, do fundo do coração. Já é o quarto trabalho

que eu faço com a Casa de Cinema e é uma coisa que eu não canso. Inclusive durante o resto do ano eu sinto saudade dessa convivência, da maneira como a gente trabalha, então eu fico muito feliz. E orgulhoso porque é uma demonstração de que a parceria deu certo e pra mim isso é muito importante, eu sinto que consegui corresponder às expectativas do diretor.

E COMO ESTÁ SENDO A SUA RELAÇÃO COM ESTE PERSONAGEM FEITO ASSIM, SOB MEDIDA?

Aos poucos eu fui descobrindo que, na verdade, este personagem é um apaixonado. No início eu pensava “ah esse cara é um doidão que quer fazer cinema lá na cidade do interior”, mas com o tempo ele foi me conquistando. Eu disse “não, esse cara é um apaixonado, deixa eu ver como é um apaixonado”. Na verdade, é como se fosse um Romeu, só que a amada dele é a câmera.

E VOCÊ, LÁZARO RAMOS, É APAIXONADO POR CINEMA?

Eu sou um apaixonado por cinema. Antes mesmo de fazer cinema eu já assistia a muitos filmes. Do lado da minha casa tinha o Cine Astor de Salvador que custava dois reais – antes de aparecer os Multiplex da vida – e aí era todo dia assistindo a um filme, todo dia. Hoje eu assisto a uns dois, três filmes por semana.

DIRETORES QUE VOCÊ ADMIRA.

Spike Lee, Almodóvar, Woody Allen, Fellini, Ettore Scola... é tanta gente, tanta coisa boa... vamos falar de brasileiros também: Walter Salles, Jorge Furtado, Nelson Pereira dos Santos...



Perfil TEM UMA TURMA QUE ACHA QUE SOU GAÚCHO. DIA DESSES OUVI: CARA, TU É O MELHOR ATOR GAÚCHO

EU DESCOBRI QUE VOCÊ TAMBÉM É FÃ DE HISTÓRIA EM QUADRINHOS... SE VOCÊ FOSSE UM SUPER-HERÓI, QUAL SERIA?

Eu acho que eu não queria ser um super-herói, não... Ah! Sabe que super-herói eu queria ser? O SuperOutro (média-metragem nunca lançado comercialmente). Nem todo mundo conhece, é um super-herói brasileiro, um filme de Edgar Navarro. É um super-herói baiano. Na verdade é um cara que enlouquece e acha que é o Super-Homem. Já viu esse filme? É muito bom.

UM HERÓI BRASILEIRO...

Um herói brasileiro, sabe por quê? Eu gosto de assistir filme de super-herói como entretenimento, mas existe uma porção de coisas num herói que eu não sei se me identifico. Por exemplo, o Homem-Aranha abre mão do amor dele e fica escondido ali, esconde a cara... eu não acho bom, não. Eu preciso ter sexualidade, eu tenho que estar vivo, com sangue correndo nas veias.

VOCÊ FEZ PRIMEIRO CINEMA E DEPOIS TV. POR QUÊ?

Não foi uma escolha, não. Foi sorte e um pouco de dedicação, é claro. Porque quando eu fui fazer A Máquina (peça teatral de João Falcão), vários diretores de cinema estavam produzindo filmes no Rio de Janeiro e começaram a chamar gente pra fazer teste, inclusive de O Homem que Copiava. E aí eu fui passando. Acho que tem uma coisa bonita no cinema, principalmente no Brasil onde é muito difícil de viabilizar um filme: quando você se dedica e é fiel, as pessoas notam “puxa, ele está investindo nisso também, vamos agregá-lo” e começam a querer que você trabalhe junto, uma coisa de união... digo isso não só em relação aos atores, mas à equipe toda. Foi assim que acabei entrando nesse filão.

VOCÊ FOI SURPREENDENTE EM MADAME SATÃ, INCRÍVEL EM O HOMEM QUE COPIAVA... ATÉ FAZENDO NOVELA CONSEGUE SER BRILHANTE. A QUE VOCÊ ATRIBUI O SUCESSO?

Ao imponderável, eu nunca saberei responder isso. Não adianta sair teorizando “é por isso, é por aquilo, é dedicação, é sorte...”. É uma coisa que eu nunca conseguirei responder, porque já conheci vários artistas no Brasil com um talento igual e que não têm a mesma trajetória que eu. Eu me sinto totalmente privilegiado.

ESSE JÁ É O SEU TERCEIRO FILME COM O JORGE, NÉ?

Quarto, porque teve o Cena Aberta, um filme pra TV.

CONTA UM POUCO SOBRE ESTA SINTONIA DE VOCÊS.

Isso você tem que perguntar ao Jorge. Eu sei que eu gosto muito de dizer tudo o que ele escreve e de acompanhar os sonhos dele. Gosto muito mesmo e aí eu vou junto.

VOCÊ GOSTA DE VIR FILMAR NO SUL?

Adoro, adoro. Sou sempre muito bem tratado. De vez em quando tem uma turma que acha que eu sou gaúcho. Outro dia ouvi no aeroporto: “Cara, tu é o melhor ator gaúcho.” (fazendo sotaque de gaúcho do Bom Fim).

VOCÊ VEM PRA CÁ SEM SER A TRABALHO?

De vez em quando, pra Porto Alegre.

POR QUÊ, AMIGOS?

Amigos, fiz amigos. Às vezes venho na passagem: outra vez fui pro Festival de Montevideo, daí dei uma paradinha aqui.



Perfil


EU ACREDITO QUE É POSSÍVEL MELHORAR O MUNDO. NÃO DÁ PARA DESISISTIR

SANEAMENTO BÁSICO, O FILME “A BELEZA SALVARÁ O MUNDO”. A FRASE DE DOSTOIEVSKI ESTÁ NO ROTEIRO DE SANEAMENTO BÁSICO E DIZ MUITO SOBRE O NOVO LONGA DE JORGE FURTADO, UMA COMÉDIA POLÍTICA QUE DEVE ESTREAR NA PRIMEIRA METADE DE 2007.

E AÍ VOCÊ VAI ONDE?

A HISTÓRIA É MAIS OU MENOS ASSIM: NUMA CIDADEZI-

Fico mais na casa dos amigos ou descubro qual é o agito do verão.

NHA DO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL, UMA COMUNIDA-

TEM VONTADE DE FAZER CINEMA FORA DO BRASIL?

FOSSA PARA RESOLVER UM PROBLEMA DO TRATAMENTO DE

Mais na América Latina. Isso me interessa. Inclusive agora eu fiz um filme que tá no Festival de Veneza, co-produção Brasil-México, dirigido por um mexicano (Paul Leduc). Um filme muito bom, chamado O Cobrador (adaptação do conto de Rubem Fonseca).

VOCÊ GOSTA DE COZINHAR?

Gosto. Não sei muito bem, não. Eu entendo de temperos, me botam os temperos e os ingredientes que eu vou lá e faço.

UM TEMPERO QUE NUNCA FALTA. Pimenta.

QUAL PRATO VOCÊ ADORA DE FAZER?

Eu gosto de fazer arroz temperado. Aquele arroz com tomate ou com curry.

VOCÊ COMEÇOU A ENTREVISTA CONTANDO QUE O ZICO, SEU PERSONAGEM NO FILME NOVO, É UM CARA QUE DIZ, QUE ACREDITA. ENTÃO EU QUERIA TERMINAR COM O LÁZARO DIZENDO ALGUMA COISA NA QUAL ELE ACREDITA.

Eu acredito que é possível melhorar o mundo. Não dá pra desistir. Às vezes, dá uma canseira, eu passo por isso... vejo coisas acontecendo, injustiças sociais... mas eu estou restabelecendo a minha esperança. Acho que isso é preciso ser dito agora: restabeleça a esperança.

DE DE DESCENDENTES ITALIANOS QUER CONSTRUIR UMA ESGOTO DO LUGAR. A PREFEITURA NÃO DISPÕE DE VERBAS PARA SANEAMENTO BÁSICO ATÉ O FINAL DO ANO, PORÉM, RECEBEU DO GOVERNO FEDERAL QUASE DEZ MIL REAIS PARA PRODUZIR UM FILME – DINHEIRO QUE TERÁ DE SER DEVOLVIDO, SE NÃO FOR GASTO. EM COMUM ACORDO COM A PRIMEIRA-SECRETÁRIA DO PREFEITO, OS MORADORES DECIDEM, ENTÃO, FAZER UM VÍDEO DE FICÇÃO SOBRE A FOSSA, COM DIREITO A MONSTRO E TUDO MAIS. O QUE NÃO ESPERAVAM, É QUE FOSSEM ENVOLVER-SE COM A PRODUÇÃO. ELES SÃO TÃO SEDUZIDOS PELA BELEZA DO CINEMA A PONTO DE, LÁ PELAS TANTAS, TEREM QUE ESCOLHER ENTRE COMPRAR TIJOLOS OU UMA MÚSICA DA BILLIE HOLIDAY PARA A TRILHA DO FILME. UM PAÍS ONDE BOA PARTE DAS PESSOAS VIVE SEM SANEAMENTO BÁSICO, TEM DIREITO DE PRODUZIR CINEMA, LITERATURA OU A ARTE QUE SEJA? JORGE ACREDITA QUE SIM. “EU ACHO QUE A POESIA ESTÁ MUITO ACIMA DA POLÍTICA. O BRASIL SEMPRE TEVE PÉSSIMOS POLÍTICOS, MAS TAMBÉM SEMPRE TEVE GRANDES ARTISTAS.” AINDA BEM. POR ISSO, A GENTE MAL PODE ESPERAR PELA ESTRÉIA DE SANEAMENTO BÁSICO, O FILME.


Assim, ó... LUÍS AUGUSTO FISCHER

NOME DE HOTEL

Até para escolher nomes o nosso sul é peculiar Nunca me passou pela cabeça ser dono de hotel, e por isso mesmo nunca me coloquei a sério a questão: como é que se dá nome a um hotel? Pode parecer coisa remota esse tema, mas eu precisei pensar nele ao deparar com um nome realmente singular, esses tempos, quando voltava de Passo Fundo para Porto Alegre, na altura, se não me engano, de Fontoura Xavier, ou Soledade. Nome singular que eu deixo para daqui a pouco; por agora vou pensar por escrito sobre como é que a gente inventa nome para hotel. Tenho aqui diante dos olhos uma das preciosidades da minha biblioteca: uma publicação chamada Guia Pública de Porto Alegre – 1929. O leitor não leu mal: “guia” era feminino. É um guia telefônico da capital daquele tempo. Na seção dos hotéis, se alinham nada menos que 21 estabelecimentos. Alguns trazem os sobrenomes dos proprietários: Jung, Schenk, Sager, Bianchi, Schmidt, La Porta, Bruno. Outros descrevem sua relação com os clientes: Comercial, Dos Operários. Outros ainda enobrecem a empresa com um nome elegante, de preferência afrancesado: Grande Hotel; Cidade Hotel; Hotel Lagache; Hotel Savóia. Um único resolveu propagandear sua característica singular, por ser um prédio raro, construído com “cimento armado” e dispondo de elevador, coisas ambas muito raras naquela época: o Moderno Hotel. Hotéis localizados em pontos altos, com ampla vista, apelam para a sugestão por analogia. Assim se chama o hotel Everest, um possível hotel Himalaia, o motel dos Alpes. Há também os que querem aproximar-se da natureza ou do mundo simbólico indígena, local, brasileiro. Assim são os Umbu, Sinimbu, Guahyba. Hoje em dia o inglês é amplamente dominante nas

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Estilo Zaffari

denominações de hotel. Há uma profusão de Palace, Tower, Residence, Flat, Center, City, Royal, Park, sozinhos ou acompanhados, que dão o tom em nossos dias. Agora posso contar o nome que me deixou pensando no tema. Meu olhar está atravessando a janela do ônibus em direção aos lindos horizontes da região do Planalto quando aparece um hotel bem construído, bonito mesmo, na beira da estrada; em sua fachada luz o nome: “Sou do sul”. O nome é uma frase inteira (que é nome e refrão de uma bonita canção de Elton Saldanha), uma verdadeira declaração, quase uma carteira de identidade pintada na parede do hotel. O que eu me perguntei é simples e direto: para quê, por que esse nome assim? Vejamos: podia ser “Sul” o nome do hotel. “Hotel Sul”. Mas é muito mais que isso: trata-se de uma frase declarativa. Por mais que tenha procurado, em meus velhos livros e no Google, não encontrei hotel cujo nome seja uma frase, com sujeito (eu, implícito), verbo e complemento. Que aquele hotel fica no sul do Brasil, é certo; mas nem bem no sul do estado é, pensei. Então para quem é que o hotel diz, dia e noite, chova ou faça sol, esta frase “Sou do sul”? Para gente que não é do Sul? E há tanta gente de fora que passe por ali? Não encontro resposta à altura das perguntas e fico indo e voltando entre o passado e o presente, para tentar alguma pista. Sem sucesso. Só consigo saber é que o hotel se sente com necessidade de dizer isso para os desatentos passantes que, como eu, mergulhavam o olhar na paisagem, que por sinal também é do sul, este sul tão peculiar em que vivemos. LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR




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