Ano 11 N 0 55 R$ 4,50
VIAGEM: OS ENCANTOS DA VELHA E DA NOVA MOSCOU
sempre
CASA: TRÊS PROJETOS DE SALAS DE BANHO COM DIFERENTES PROPOSTAS
BONITO, CHEIROSO, GOSTOSO. TODO DIA!
RECEITA DE MÃE: AS BELAS MEMÓRIAS GASTRONÔMICAS DE OITO FILHOS E FILHAS
chocolate
NOTA
DO
EDITOR
Deliciosas páginas Lá no início do mês de janeiro, quando estávamos pensando nas pautas da Estilo Zaffari 55, surgiu a ideia de uma matéria especial para celebrar o Dia das Mães. Nem na mais otimista das previsões poderíamos imaginar que essa matéria ficaria tão linda. A ideia? Convidar filhos e filhas para contar suas melhores memórias gastronômicas de infância. Fizemos a seguinte pergunta aos nossos entrevistados: “Qual é a comida que sua mãe fazia e que ficou pra sempre na lembrança?”. Para colher as respostas, recrutamos a escritora Paula Taitelbaum, que transformou receitas, histórias e memórias em um tratado de amor, uma ode à comida caseira, uma reportagem cheia de emoção genuína. Não perca. Nesta edição você vai viajar bastante nas páginas da Estilo Zaffari. Cris Berger foi a Moscou e trouxe imagens inspiradoras da capital russa, além de dicas ótimas para curtir tudo o que essa bela cidade tem de mais peculiar, interessante, bonito, histórico, eterno. E também tudo o que ela tem de novo para mostrar. A mesma Cris hospedou-se no Alvear Palace, em Buenos Aires, e nos conta como é viver dias de rei e rainha em aposentos luxuosos, entre pratarias, cristais, garçons de luvas brancas, veludos, sedas e muita mordomia. Daniel Martins, publicitário especialista em viagens-expedição, emprestou para a Estilo Zaffari um pouco do seu livro “A América que Descobri”. As imagens feitas por Dani em lugarejos, centros urbanos e recantos espalhados pela América afora retratam belíssimas paisagens e personagens. Pra completar o roteiro, Carla Pernambuco, nossa colunista gourmet, revela com exclusividade seus endereços gastronômicos preferidos em São Paulo. E como dica da Carla Pernambuco é gol certo, vai aqui o nosso conselho: copie logo tudinho para a sua agenda! Ah, uma perguntinha: você reparou na capa da Estilo Zaffari? Não? Olha... mentira tem perna curta e faz crescer o nariz! É impossível não reparar no apetitoso doce de chocolate que Letícia Remião fotografou para a capa desta edição. Impossível não salivar folheando a matéria que tem a assinatura de Alexandra Aranovich e vale como uma homenagem a todos os chocólatras do universo. Chocolate é bom de qualquer jeito, é sempre uma tentação e todo mundo ama. Aqui na redação da revista nossa música-tema nos últimos meses foi a seguinte: “Quem não gosta de chocolate, bom sujeito não é...”. Abra a sua Estilo Zaffari e delicie-se. Você merece. OS EDITORES
Milene Leal milene@contextomkt.com.br
EDITORA E DIRETORA DE REDAÇÃO REDAÇÃO Alexandra Aranovich, Cris Berger, Irene Marcondes, Milene Leal, Paula Taitelbaum, Daniel Martins
REVISÃO Flávio Dotti Cesa DIREÇÃO E EDIÇÃO DE ARTE Luciane Trindade luciane@contextomkt.com.br ILUSTRAÇÕES Nik FOTOGRAFIA Letícia Remião, Cris Berger, Daniel Martins COLUNISTAS Carla Pernambuco, Fernando Lokschin, Luís Augusto Fischer, Martha Medeiros, Malu Coelho, Roberta Gerhardt, Tetê Pacheco
EDITORA RESPONSÁVEL Milene Leal (7036/30/42 RS)
Izabella Boaz izabella@contextomkt.com.br
DIRETORA DE ATENDIMENTO A revista Estilo Zaffari é uma publicação trimestral da Contexto Marketing Editorial Ltda., sob licença da Companhia Zaffari Comércio e Indústria. Distribuição exclusiva nas lojas da rede Zaffari e Bourbon. Estilo Zaffari não publica matéria editorial paga e não é responsável por opiniões ou conceitos emitidos em entrevistas, artigos e colunas assinadas. É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo desta revista sem prévia autorização e sem citação da fonte.
TIRAGEM 30.000 exemplares IMPRESSÃO Gráfica Pallotti
ENDEREÇO DA REDAÇÃO Rua Cel. Bordini, 487/40 andar – Porto Alegre/RS – Brasil – 90440 000 (51) 3395.2515 (51) 3395.2404 (51) 3395.1781 estilozaffari@contextomkt.com.br
CAPA: FOTO DE LETÍCIA REMIÃO
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A AMÉRICA QUE DESCOBRI
RECEITA DE MÃE NÃO É TUDO IGUAL
Daniel Martins mostra em um belíssimo ensaio fotográfico um pouco dos lugares e histórias que conheceu em viagens pela América afora
Qual é a comida que sua mãe fazia e que marcou a sua infância? Oito filhos e filhas respondem a essa pergunta e revelam receitas de família
86
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CIDADE VERMELHA
LOVE CHOCOLATE
A velha e a nova Moscou se mostram diante da lente de Cris Berger
Chocolate sempre, chocolate todo dia. Os segredos de uma paixão universal
60
22
Cartas 8 Cesta Básica 10 Cotidiano 20 Humanas Criaturas 42 Gusto 74 Casa: Banheiros 78 O Sabor e o Saber 56 Bom Conselho 76 Coluna Moda 94 Lugar: Alvear 96 Coluna Equilíbrio 104 Mulheres que Amamos 106 Palavra 110
Correio
ENCANTAMENTO FAMILIAR Quero agradecer o maravilhoso presente da revista Estilo Zaffari nº 54. Fiquei sem palavras. Aliás, quando li (demorou um pouco entre eu comprar e lê-la, daí maior o meu encantamento), liguei para as amigas comprarem e quando voltei para POA comprei para enviar para os amigos (Equador e Alemanha - com certeza vão querer que vocês enviem para lá também e até abram um Zaffari) e o filho (meu mais velho – 23 anos – está na Suécia). Então tu imaginas o movimento emocional de várias pessoas compartilhando a revista. Segundo os meus filhos, até o Zaffari vai se espantar com tantas vendas (risos). Assim, como diz a peça Tangos e Tragédias, o melhor lugar é o Zaffari! E depois desta divulgação e propaganda com certeza terão muito mais sucesso. Muito obrigada! Vida longa e sucesso. Beijos. GISLAINE PAZ KAUFMANN, 14.3.2011
BEBÊ DE BOM GOSTO! Oi, Milene! Tudo bem? Olha só como todo mundo adora devorar a Estilo Zaffari! Não resisti e tive que te mandar essas fotos da minha PequeNINA, se deliciando com as páginas da revista! Um superbeijo, LIS FONSECA, POA/RS, 29.3.2011 OBS: A LINDA NINA TEM 9 MESES, É FILHA DA DOCEIRAARTISTA LIS FONSECA E ADORA DEVORAR FRUTAS E VERDURAS. MAS NÃO RESISTIU ÀS DELÍCIAS DA ESTILO ZAFFARI... FOFA!
A CAPA FEZ SUCESSO... Milene, a revista está linda, e preciso dizer: amei a capa com as meninas! Ficou muito mais moderna e atrativa! Parabéns! Beijão, MARTHA MEDEIROS, POA/RS, 23.12.2010
VER, LER E RELER Milene e Bella Recebi a revista na véspera de Natal. Acho que esse “a” deveria ser assim: “ah”, sei lá, um “a-uau” seguido de mil exclamações!!! Que linda e especial está esta edição, nossa! Ficou mesmo maravilhosa! Existe uma mágica orquestrada por essa equipe que faz cada edição ser premium a sua maneira. Dá vontade de ver, ler e reler. Olhar várias vezes, sem pressa. Comprei mais uma porque achei que uma só seria pouco. Amanhã comprarei mais algumas. Parabéns! Ficou demais! Muitos beijos, TITI JUCHEN, POA/RS, 28.12.2010
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Estilo Zaffari
DE POA AO LEBLON Nossa estilo sempre estilosa... Estive alguns dias no Rio de Janeiro (torrando com 40 graus) e fiquei feliz em encontrar nossa Estilo Zaffari na casa de uma amiga gaúcha que mora no Leblon... Mil papos sobre as edições e o esforço que ela faz para receber cada exemplar. As revistas são lindas mesmo, a edição 54 está uma cinquentona maravilhosa, com aquelas garotinhas charmosas!!! Bjus, carinho. MALU REYNA, POA/RS, 28.1.2011
MENSAGENS ENVIADAS PELO FACEBOOK (REFERENTES À ESTILO ZAFFARI 54) A Estilo tá maravilhosa, Milene. Comprei há poucos dias e esqueci de te dizer. Coisa boa ter uma revista moderna assim por aqui. Parabéns. CLÁUDIA ARAGÓN, POA/RS, 9.2.2011 Milene, acabo de devorar a mais recente Estilo Zaffari e estou impressionado! Qualidade gráfica, ótimos textos e grandes dicas fazem da Estilo a grande publicação do Rio Grande do Sul e que outros estados merecem conhecer. Sem falar, é claro, dos amigos que ajudaram a dar brilho à revista. Longa vida à Estilo! Beijão. LAERTE MARTINS, POA/RS, 31.12.2010 Milene, adorei a mais recente Estilo Zaffari, tá linda!!! Parabéns pra ti e pra toda equipe. Vida longa! LUCIANA DELACROIX, POA/RS, 25.1.2011 Estilo cada vez mais surpreendente, tô adorando! ANA ZITA FERNANDES, 21.12.2010 Eis uma revista rara. Na beleza e no conteúdo. Tomara que as comunidades de Porto Alegre e São Paulo tenham exemplares à disposição. Todos têm direito ao que é bom e belo! RONALDO LEAL, POA/RS, 21.12.2010 Superparabéns para toda a equipe desse trabalho. Assumido como um desafio de grande natureza, integralmente realizado em grande estilo (sem bá-bá-bás do nome, essa é a palavra certa mesmo). Não é prá qualquer um. Parabéns e obrigado, em especial, pra Milene e pra Izabella. Sucesso e muitos beijos energéticos e carinhosos! HENRI SCLOVSKY, IBIRAQUERA/SC, 21.12.2010 Bella, recebi a revista ontem! Menina, fiquei até as 2 da manhã lendo! Sensação gostosa de estar em POA, no RS, e especialmente no Zaffari! Fechei os olhos e senti aquele astral do meu súper da Bordini! Minha infância... e ainda hoje quando entro vou direto às frutas. É tudo de bom! A revista está um show! Amei dica por dica, fui sublinhando tudo. Milene e Bella, vocês estão de parabéns! Aqui na minha Normandia ter sensações como essas é mesmo incrível! Muitíssimo obrigado pelo presente! Grande beijo. FLÁVIA DE MELLO, NORMANDIA/FRANÇA, 3.2.2011 Original, como sempre. Parabéns equipe Contexto! FELIPPE SICA, POA/RS, 22.12.2010 Que linda!!!!!!!! Continuo fazendo minha coleção, mesmo longe não perco uma! Abraços! ANETE CARRARD, BRASÍLIA/DF, 25.12.2010 Esta capa está INCRÍVEL!!!!!!! Linda demais. CARIN MANDELLI, POA/RS, 21.12.2010 Iza! Acabei de receber a Estilo! Tá linda!!! Obrigada! Beijos. MAGALI MORAES, POA/RS, 23.12.2010
Cesta básica NESTA SEÇÃO VOCÊ ENCONTRA DICAS E SUGESTÕES PARA CURTIR O DIA A DIA E SE DIVERTIR DE VERDADE: MÚSICA, MODA, CINEMA, LUGARES, OBJETOS ESPECIAIS, COMIDINHAS, PASSEIOS, COMPRAS. BOM PROVEITO! 10
Estilo Zaffari
O INESQUECÍVEL DUI Foi lá que eu comi o melhor risoto da minha vida. Peço perdão aos outros chefs espetaculares deste Brasil, muitos deles meus amigos queridos, mas o risoto de confit de pato com figos e amêndoas da Bel Coelho é uma espécie de hors-concours da categoria. Vai ficar para sempre na memória. Conheci o Dui durante um jantar com um grupo de amigos, e devo dizer que todos nós saímos encantados com os sabores do lugar. O restaurante – que, por sinal, tem uma ambientação linda e aconchegante – é uma ideia de dois jovens empreendedores: Bel e seu sócio Cristiano Almeida, ambos com vasta experiência no segmento. O nome foi escolhido para celebrar a parceria de Bel e Cristiano e também pelo seu significado: segundo o oráculo chinês I CHING, dui significa “alegria”, “conversa prazerosa” e “convivência à mesa”. A culinária de Bel Coelho é resultado das vivências da chef pelo mundo afora. Tem a delicadeza asiática, toques franceses e italianos, elementos ibéricos – Bel viveu na Espanha e em Portugal – e uma brasilidade que ela faz questão de cultivar. O resultado? É de comer de joelhos. Eu garanto. Alameda F ranca, 1.590, Jardins, São P Franca, Paulo/SP aulo/SP,, aulo/SP .duirestaurante.com.br www.duirestaurante.com.br fone (11) 2649.7952, www
MILENE LEAL, JORNALISTA
Palermo Chico é o nome da novíssima grife de bolsas de Mariano Scorpaniti. Faz um ano que o Mariano veio viver no Brasil, depois de conhecer e se apaixonar por uma brasileira bonita e alegre. Aqui nos pagos, o designer argentino resolveu nomear suas criações em homenagem ao famoso e incensado bairro de Buenos Aires, que todos nós adoramos. Amor e talento, combinados, só poderiam dar em coisa muito boa: as bolsas do Mariano são absolutamente deliciosas, exclusivas e apaixonantes. Quem tem uma, quer todas... Mariano Scorpaniti mistura couro, peles e tecidos divertidos, e o resultado é sempre encantador. Virei fã de carteirinha – ou seria melhor dizer de bolsinha? (51) 8210.1635 Facebook: Palermo Chico – Bags
LETICIA WIERZCHOWSKI, ESCRITORA
FOTOS: DIVULGAÇÃO
DESIGN DE BOLSAS COM SOTAQUE PORTEÑO
BOLSA DE ARTE EM NOVO ENDEREÇO Programa bom pra quem gosta de arte: acaba de inaugurar a nova sede da Bolsa de Arte de Porto Alegre. São 800m² de muita inspiração, com um projeto de luz excelente e um espaço de circulação digno de grandes obras. O visitante se sentirá à vontade pra circular e apreciar o excelente acervo da galeria. A inauguração foi comemorada junto com o aniversário da Bolsa de Arte, que em 2011 está completando 31 anos. Para celebrar a data em alto estilo, a galeria montou uma mostra com todos os seus artistas. Visconde Porto R ua V isconde do Rio Branco, 365, P orto Alegre/RS, (51) 3332.6799 e 3331.6459 www w.. b o l s a d e a r t e . c o m . b r
LETÍCIA REMIÃO, FOTÓGRAFA
Cesta básica O DELICIOSO LAS CHICAS GOURMET GARAGE Há 20 anos, quando voltava para o Brasil depois de uma especialização em culinária internacional na cidade de New York, Carla Pernambuco tinha em mente a criação de um espaço diferenciado para oferecer comida simples, saudável e delicadamente apresentada. Em fevereiro de 2011, aproveitando o momento de maturidade gastronômica brasileira, ela encontrou ambiente favorável para pôr em prática o conceito (ainda inovador) desenvolvido duas décadas antes. Junto com a chef Carolina Brandão, Carla inaugurou em São Paulo o Las Chicas – Gourmet Garage. Moderno, simples, concebido para atender um cliente contemporâneo que quer qualidade sem rodeios, sem preços abusivos e que adora possibilidade de fazer uma boa refeição a qualquer hora do dia. Seja no café da manhã, no almoço, nos lanches de meio da tarde ou na happy hour (espichada – vai até as 23h) você encontra um ambiente aconchegante, com despretensiosa elegância, onde se come muito bem. E há ainda a possibilidade de comprar para levar. Três ou quatro opções de comidas quentes, muitas saladas, deliciosas sobremesas, doces, tapas, montaditos, vinhos brancos, tintos e espumantes, cervejas e sucos especiais compõem, artisticamente, o cardápio do Las Chicas. Na Oscar Freire nº 1.607, um cantinho que merece ser visitado. Difícil é não voltar.
BUENOS AIRES COM CRIANÇAS
ALEXANDRA ARANOVICH, PUBLICITÁRIA
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Estilo Zaffari
(11) 3063.0533 e 3063.4468, .laschicas.net.br www.laschicas.net.br www
PABLO FABIAN, PUBLICITÁRIO FOTOS: DIVULGAÇÃO
Há mais de dois anos, a jornalista Fernanda Paraguassu mudou-se com os dois filhos pequenos e o marido, também jornalista, para Buenos Aires. De lá, começou a escrever um dos blogs mais queridos e acessados da blogosfera child-friendly, o www.buenosparaninos.blogspot.com. Com o seu jeitinho doce e curioso, Fernanda traçou roteiros ótimos com a família pela capital portenha e arredores. Tive a honra de estar presente num deles: um delicioso almoço no Casa Mua de Palermo, onde conheci a simpática e divertida autora. No início deste ano, as melhores dicas do seu blog se transformaram em um guia pocket com ilustrações de Eve Ferretti. Tem hospedagem, restaurantes, cafés, passeios e até pinceladas sobre a cultura infantil dos mini-hermanos. Dá uma vontade de colocar toda a família no avião e passar um longo final de semana por lá. Milhas, pra que te quero! Buenos Aires com Crianças – A venturas na terra do Dulce de Leche Aventuras Editora Pulp – Autora Fernanda Paraguassu À venda na Cultura, Laselva, Saraiva
Cesta básica
PIRULITOS DE BOLO DE LIS FONSECA A aparência delicada de Lis Fonseca combina perfeitamente com a arte que ela faz. Especialista em sugarcraft, Lis tornou-se conhecida no Rio Grande do Sul pelos belíssimos bolos e docinhos personalizados que saem de sua confeitaria-atelier. Já são anos de sucesso e Lis está sempre criando novidades. A mais recente ela chamou de cakepop (cake + lolipop = cakepop) ou pirulito de bolo ou, ainda, bololito! Em formatos diversos, os bololitos são lindinhos, fofos, divertidos, irresistíveis. E, ainda por cima, deliciosos. Têm textura e consistência bem diferentes dos bolos comuns. “Eles são mais leves e úmidos”, conta a artista. Lis faz cakepops em forma de ursos, pintinhos, pássaros, bonecos, bolinhas, bebês, brinquedos e o que mais a imaginação do cliente pedir. Eles podem combinar com o tema e as cores da festa. Garantia de sucesso entre crianças e adultos! Ateliê Lis Fonseca Sugarcraft – Porto Alegre/RS, (51) 3024.5222, www.lisfonseca.com.br
DE MÃE PARA FILHA OU DE FILHA PARA FILHA?
Selo Outono|Editora Brinque-Book, 120 páginas
IZABELLA BOAZ, EMPRESÁRIA
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Estilo Zaffari
MILENE LEAL, JORNALISTA
FOTOS: DIVULGAÇÃO
23 mulheres, algumas conhecidas e outras não, reuniram palavras, pensamentos e representações sobre a experiência e os desafios da maternidade. O resultado foi o livro “Coisas de Mãe para Filha”, que compartilha histórias sem restrições ou rodeios, mas falando abertamente desse vínculo visceral que se repete de geração em geração. São depoimentos emocionados e emocionantes, permeados por diferentes visões, diferentes ideais, situações inusitadas e conselhos dos mais diversos. Eles têm em comum a proximidade, a cumplicidade e o amor. As 23 mulheres são mães que também já foram filhas e que dividem as angústias e responsabilidades por suas escolhas. Entre as autoras estão Adília Belotti, Hilda Lucas, Regina Amaral, Suzete Capobianco e Vera Tarantino. Elas teceram uma rede de mulheres que tinham algo simples, mas de extrema importância a dizer. E que queriam transmitir a suas filhas um legado de carinho.
O EXCLUSIVO SAINT ANDREWS Você pode até conhecer Gramado como a palma da sua mão. Mas com certeza vai descobrir uma outra Gramado ao adentrar o Saint Andrews. Este pequeno hotel, recentemente inaugurado, tem apenas 11 suítes e propõe uma nova maneira de usufruir da mais famosa cidade serrana do Brasil. A começar pelo prédio, inspirado nos castelos escoceses e perfeitamente integrado às montanhas e à paisagem do Vale do Quilombo. A ambientação de estilo clássico, com papéis de parede ingleses, sedas e veludos estampados, lustres de cristal e tapetes exclusivos, recebe os hóspedes com uma atraente combinação de luxo e aconchego. Exclusividade, aliás, é a palavrachave do Saint Andrews. O serviço impecável e personalizado inclui mordomo, concierge, chofer, garçons experientes, sommelier e uma equipe de camareiras atenciosas e discretas. Cada uma das 11 suítes tem decoração personalizada e nome de pedras preciosas: jade, ônix, topázio, diamante... Na hora das refeições, o deleite é absoluto. A chef Marina Emília Fontes surpreende os hóspedes com temperos especiais, criativas combinações e uma técnica culinária apuradíssima. No café da manhã, os pães, bolos e brioches que saem quentinhos da padaria têm o poder de enfeitiçar os mais enfastiados paladares. Como a ordem é relaxar, curtir, aproveitar, o Saint Andrews dispõe ainda de um belo ambiente de piscina climatizada, saunas, salas de massagem, adega gourmet, biblioteca, gazebos e lago. O defeito do hotel? Você vai ficar muuuuito mal-acostumado... Vale R ua das Flores, 171, V ale do Bosque, Gramado/RS, (54) 3286.6272, www .hotelsaintandrews.com.br www.hotelsaintandrews.com.br
MILENE LEAL, JORNALISTA
Cesta básica
FOTOS: DIVULGAÇÃO
DELÍCIAS DO ORIENTE MÉDIO
A MAGIA DE CARLOTA AGORA NA TV “Brasil no Prato” abre um novo ciclo para Carla Pernambuco. Desde pequena ela tinha uma mão “meio mágica” e, com seu toque pessoal, transformava uma simples refeição em algo especial. Porém, os sonhos dessa gauchinha a levaram aos palcos e, como atriz, ela teve excelentes resultados. Carla foi da ribalta para a comunicação – também com singulares resultados – e numa aventura em New York mergulhou na culinária. O resultado desse mergulho é internacionalmente conhecido: Carlota São Paulo, Carlota Rio, Las Chicas (uma Gourmet Garage recém-inaugurada na capital paulista), uma farta contribuição para a literatura culinária, programas de rádio, colunas periódicas em revistas especializadas. E agora Carla Pernambuco entra em nossas casas pelo recém- lançado canal da Fox, Bem Simples, com a primeira temporada do programa “Brasil no Prato”. Em cada um dos 26 programas da série ela nos brinda com três receitas brasileiras – todas com seu toque pessoal, claro. Uma programação televisiva extremamente agradável, simples e diferente de tudo que já foi feito nesse sentido. A graciosa e divertida personagem de “Brasil no Prato” é mais um brilhante resultado de Carla Pernambuco e mais uma contribuição para a internacionalização da culinária brasileira. E querem saber? Preparem-se, vem muito mais. Programa Brasil no Prato, segunda a sexta às 12h30, quarta às 21h
PABLO FABIAN, PUBLICITÁRIO
Cerca de 150 metros separam dois lugares imperdíveis pra quem gosta de boa comida e sabores diferentes: a Sabra delicatessen e o Kibe do Brique. Uma convivência improvável se estivéssemos na Faixa de Gaza... mas aqui é o Bonfim, em Porto Alegre. A Sabra fica na Fernandes Vieira, n° 366, e já está lá há 20 anos. O Kibe do Brique fica na Felipe Camarão, n° 265. A Sabra, de Mordehai Brodacz e sua esposa Rosane, vem servindo a comunidade judaica e os “gois” que apreciam seus pastramis, arenques preparados de várias formas (eu prefiro o defumado), varenickes (espécie de pastel de batatas cozido), os cocletes (bolinhos de carne temperados), salmão defumado, vários tipos de berinjela. Você pode comer ali ou levar para casa. Eles também fornecem essas especialidades para eventos e preparam a pedidos comidas judaicas “Kosher”. Já o kibe do Brique é bem mais recente. Seus donos, o jovem casal de libaneses Fernando Ordahay e Carine Tigre, começaram vendendo kibes no Brique e agora têm um espaço bem agradável. Juntando os costumes e receitas da família de Carine, o restaurante oferece novos e delicados sabores, como Beirute de Falafel (um Beirute diferente, que mais parece um wrap), esfihas gratinadas, kibes recheados e a famosa limonada libanesa. Nas quintas é dia de kibe cru. Eu sou fã do Beirute de falafel, que só havia comido antes no Líbano. Vale a pena dar uma conferida na nossa pacífica e gostosa Faixa de Gaza. Kibe do Brique (51) 3737.0669 Sabra (51) 3311.3666
LAERTE MARTINS, CONSULTOR DE COMUNICAÇÃO E MARKETING
Cesta básica
UMA CASABRANCA SÓ PARA COMEMORAÇÕES Uma bela casa em estilo colonial português, circundada por 1,5 hectare de mata nativa, abriga desde o mês de abril o mais novo e requintado espaço de festas da Serra gaúcha, em Gramado. Uma infraestrutura completa para realização de eventos, cardápio assinado pelo chef Rafael Jacobi e mobiliário completo – com mesas de madeira de demolição, sofás e cadeiras de design contemporâneo – fazem da Casabranca um local perfeito para os mais diversos tipos de comemorações. Ambientes como o grande Salão Cristal – instalado sob uma abóbada transparente e decorado com um belíssimo lustre de cristal – e os terraços laterais integrados ao jardim permitem receber os convidados com elegância e sofisticação. A reforma foi realizada pela BG arquitetura e é fruto de um investimento da família Luchsinger, antiga proprietária da residência. www..c asabrancagramado.com.br 51)) 3208.1330, www km-- 32, Gramado/RS, ((51 51 Rodovia RS 235, km
MILENE LEAL, JORNALISTA
PERDER O HUMOR, JAMAIS! Era uma vez um menino que tudo perdia… Perdia a piada, perdia o sono, perdia o sabonete na água da banheira. Até a partida de futebol o menino perdia. Mas esse menino atrapalhado não perdia nunca a paciência, não perdia os amigos, nem perdia de vista as verdades da vida. Claro, no meio de tanta gente que só pensa em ganhar e ganhar, que mais se preocupa com o placar do que com o jogo, com o final do que com os meios, esse menino lindinho do livro do Marcelo Pires (meu caríssimo marido, aliás) pode parecer um pouquinho diferente dos outros… “O imperdível menino que perdia tudo” é uma história muito especial. Toda criança tem que ler, todo adulto também tem que ler. E as ilustrações do Nik Neves são a maior delícia. Uma história pra gente lembrar que, na vida, a única coisa que não se pode perder é o humor. Editora Grupo Editorial Record/Galerinha Record, 64 páginas
LETICIA WIERZCHOWSKI, ESCRITORA
Cotidiano MAR THA MEDEIR OS
EM FRENTE
Estava dando minha caminhada matinal pela rua quando vi que ela se aproximava em direção contrária, dando a caminhada dela. Uma amiga que vejo pouco e pela qual tenho o maior carinho. Estávamos nos aproximando em passos rápidos. Ao ficarmos bem perto uma da outra, começamos a sorrir. Mas, ao cruzarmos, apenas espalmamos nossas mãos e nada dissemos, continuamos a caminhar, cada uma no seu trajeto. Meia hora depois, cruzamos novamente em direção contrária, ela vindo, eu voltando. Novamente sorrimos e batemos as mãos. Não paramos. Horas mais tarde, entrou em minha caixa postal um e-mail dessa amiga pedindo desculpas por não ter parado: estava entretida com uma ideia e achou que eu também estava ocupada com meus pensamentos e que nossa batida de mãos havia sido pra ela o melhor dos cumprimentos naquela hora da manhã. Eu respondi que toda caminhada que é realizada como exercício, e não passeio, exige um ritmo constante, e nada mais natural do que duas mulheres civilizadas não interromperem esse ritual, bastando se tocarem afetivamente, registrando: te vi. Fico contente com essas sintonias, porque não é todo mundo que entende. Grande parte das pessoas possui um julgamento ferino e não relutaria em 20
Estilo Zaffari
chamar de antipática aquela que cruzou sem parar para um olá mais demorado. Não sei o que pensa a nossa Celia Ribeiro, que é quem entende de etiqueta, mas acredito que ela concorde que pessoas que estão realizando uma caminhada com fins aeróbicos estão isentas de parar para fazer a social. Basta uma manifestação ligeira de carinho: um abano, uma piscada, um oi. É mais que suficiente para ninguém se ofender. Até porque interromper uma caminhada que está sendo feita em velocidade constante é perigoso pra saúde. Parar bruscamente um exercício interfere nos batimentos cardíacos. É sempre recomendável desacelerar devagarinho, e só então parar. Quem não sabe? Muita gente não sabe que é preciso ter cuidado com o outro. Que se devem respeitar certos ritmos. Que não estamos preparados para que alguém nos impeça de seguir em frente, de uma hora para outra. Toda caminhada tem um início e um propósito, convém não interceptar sem aviso prévio um coração que vinha batendo forte. E acho que nem estou falando mais de exercícios, e sim da vida, já que tudo nos serve de metáfora.
MARTHA MEDEIROS É ESCRITORA
Sabor
Love chocolate ENTREGUE-SE A ESTA PAIXÃO
P O R
A L E X A N D R A
A R A N OV I C H
F OTO S
L E T Í C I A
R E M I Ã O
Estilo Zaffari
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Sabor
1, 2, 3
atacar!
CHOCOLATE NÃO É VÍCIO (PELO MENOS OS PESQUISADORES NÃO ENCONTRARAM NENHUM ELEMENTO QUÍMICO QUE COMPROVE ESSA TEORIA). É, ACIMA DE TUDO, UM PRAZER. AO CONTRÁRIO DO VINHO, QUE DEVE ENVELHECER, O CHOCOLATE DEVE SER CONSUMIDO FRESCO – QUANTO MAIS FRESCO, MELHOR. DEGUSTÁ-LO EXIGE TODOS OS NOSSOS CINCO SENTIDOS: AUDIÇÃO, OLFATO, TATO, VISÃO E PALADAR. SENTIR A SUA TEXTURA E O SEU AROMA INCONFUNDÍVEL, OUVIR O BARULHINHO DA BARRA SENDO PARTIDA, DEIXÁ-LO DERRETER ENTRE A LÍNGUA E ADMIRAR SUA COR E BRILHO. LINDO, CHEIROSO E IRRESISTÍVEL. ESSE É O CHOCOLATE. RENDA-SE, SEM CULPA, E DECLARE O SEU AMOR POR ELE.
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Sabor
Eu sรณ quero chocolate
“Não adianta vir com salada de frutas pra mim, é chocolate o que eu quero...” Tem horas em que só um chocolate satisfaz. Será paixão? Fixação? Vício? Bem-estar? Alegria? Solidão? Prêmio? Recompensa? Não importa o motivo. O chocolate é uma iguaria carregada de sentimentos e emoções. Uma pequena barrinha pode provocar suspiros, lamentações ou simples e deliciosas recordações. Nem o chocolate branco passa em branco. Procure em sua memória afetiva e degustativa alguma lembrança da infância. Certamente, você vai encontrar algo especial relacionado ao chocolate. Muitas pessoas voltam a ser crianças quando sentem o aroma ou apenas pronunciam a palavra que naturalmente derrete na boca e aguça as papilas provocando o gostoso “hummm” de olhos fechados. Sony Monteiro, por exemplo, a proprietária da Chocólatras Chocolate Bar, conta que a sua paixão pelo ingrediente começou na infância, quando o pai carinhosamente mimava a família com caixas de bombons finos. Anos mais tarde, a saudosa lembrança se traduziu na criação de sua deliciosa loja de sobremesas geladas com chocolate de Porto Alegre. Outra história parecida deu-se em São Paulo. Foi aos 6 anos de idade que Juliana Motter, criadora do primeiro
ateliê do Brasil especializado em brigadeiros, caiu de amores por uma panela do docinho achocolatado mais querido da nossa cultura. “A vida é curta. Comece pela sobremesa”– sugere Juliana no simpático e apetitoso “O Livro do Brigadeiro”. Falando em sentimentos, ninguém melhor do que a criativa quituteira Neka Menna Barreto, que entende da alma dos alimentos, para revelar sua forte afeição pelo chocolate. Na bolsa, Neka carrega sempre uma barra rica em cacau. Em casa, enche gavetas com os chocolates adquiridos durante suas viagens, muitos deles orgânicos. “Quando estou na praia, ou em algum lugar tranquilo, adoro fazer uma máscara de chocolate para o rosto. É nutritiva e hidrata a pele” – comenta Neka. Formada em nutrição, ela ainda cita que a Crononutrição postula comer o chocolate à tarde, de preferência os amargos com maiores porcentagens de cacau. Enfim, não precisa ser um grande conhecedor do assunto para saber que, lá no fundo, o chocolate mexe com a gente e promove uma certa dose de felicidade. É a “chocolate-terapia”, ótima para alegrar a Páscoa, aliviar a tensão, afogar as mágoas ou aquecer o seu inverno.
Sabor
A teoria da
paixĂŁo
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Segundo especialistas no assunto, quando estamos apaixonados, nosso corpo produz a feniletilamina – mesma substância encontrada no cacau. A verdade é que, com ou sem feniletilamina, esse docinho é uma bela fonte de compensação para suprir carências emocionais. Contudo, é bom pegar leve na caixa de bombons. Outras características positivas atribuídas ao chocolate são: bom humor, felicidade, euforia e calmante. Ele pode até ser o inimigo das dietas, mas lidera o ranking dos alimentos mais amados e desejados por crianças e adultos.
BOAS DESCULPAS PARA SE ENTREGAR AO PRAZER
Para a ciência moderna, o chocolate está mais para mocinho do que para vilão. O demoníaco é o açúcar contido nele. Ou seja, quanto mais porcentagem de cacau na embalagem, melhor. Médicos e nutricionais recomendam aos chocólatras de plantão que optem pelo chocolate amargo, feito de cacau puro e sem adição das gorduras do leite (ou, no mínimo, por um meio-amargo). O cacau reduz o risco de doenças cardiovasculares e traz benefícios à saúde, tais como: aliviar a tensão, ser energético (atletas podem usar a substância como fonte de combustível antes e no decorrer da atividade física intensa) e agilizar o raciocínio. E mais: o cacau previne o envelhecimento. A indústria de cosméticos já lançou diversos produtos e novos tratamentos de pele à base de chocolate. Nos Estados Unidos, a gigante Hersheys tem até um hotel e SPA temático de luxo: The Spa At The Hotel Hershey. Chocólatras, corram para lá.
SOBREMESAS COM CHOCOLATE, OUTRA PAIXÃO NACIONAL
Procure nos livros de receitas, na internet ou mesmo nesta matéria, e você encontrará uma lista de sobremesas de cair o queixo com o derivado do cacau: cheesecake, brigadeiro, bombom, entre outras formas e combinações. Alguns doces já foram até hits consagrados de festas e restaurantes. Afinal, durante anos, a clássica mousse de chocolate reinou absoluta nos menus de sobremesas. E quem não lembra quando o francês petit gâteau aterrissou elegante e tentador, deixando o americano brownie morto de ciúmes? Enfim, independentemente de modismos, gelado ou quente, até o chocolate puro encerra com chave de ouro uma refeição. E ainda vai bem com um bom vinho tinto ou café.
Sabor
Paixão de luxo
O que a Godiva, a Valrhona ou a brasileira Chocolate du Jour têm em comum? São algumas das Tiffany’s do chocolate. Marcas tão obsessivas com a qualidade, inclusive de seus ingredientes, que recebem tratamento de joias. A elegância de suas embalagens e criações impressiona. Ser agraciado com um chocolate dessas marcas demonstra um nobre afeto e um imenso amor a essa iguaria.
A CIDADE GAÚCHA DAS RAMAS, TRUFAS E FONDUE
Impossível não pensar na cidade de Gramado – um dos destinos mais cobiçados do Brasil – sem associá-la ao chocolate. A fama da produção de chocolates caseiros se iniciou na década de 70. Hoje, além de lojas especializadas, a cidade tem o espaço temático “O Reino do Chocolate” e até um grande festival: o Chocofest. Neste ano, o Chocofest acontecerá de 7 a 24 de abril em Gramado, com direito a parada, caça ao ninho, espetáculos, exposições e muitos, muitos doces e coelhinhos. Uma dica quentíssima e, respectivamente, geladíssima, para quem visita a cidade é passar na Caracol para experimentar uma xícara do chocolate quente cremoso ou o delicioso sorvete artesanal de chocolate, sem gordura hidrogenada nem trans. Ah, outra paradinha obrigatória para turistas é a tradicional Casa da Velha Bruxa, da Prawer, em frente ao Palácio dos Festivais. Ops, só não vá embora sem antes provar um delicioso fondue, nas suas versões preto e branco. É, Gramado respira montanhas de chocolate. CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DA CHOCOFEST EM WWW.CHOCOFEST.COM.BR CARACOL: em Gramado, na Rua Coberta no Centro; em Canela, na Av. Osvaldo Aranha, 161. O REINO DO CHOCOLATE: da Caracol. Na Av. das Hortênsias 5.382 (www.oreinodochocolate.com.br) CASA DA VELHA BRUXA: Avenida Borges de Medeiros, 772. Centro
ENDEREÇOS CHOCÓLATRAS o crème de la crème na internet
www.chocolatdujour.com.br www.patisseriedoucefrance.com.br www.patipivadoces.com.br/ www.mariabrigadeiro.com.br/ www.omelhorbolodechocolatedomundo.com/ www.chocolatebar.com.br/ www.nanapereira.com.br www.kopenhagen.com.br www.chocolatespa.com www.godiva.com www.valrhona.com www.ghirardelli.com www.lindt.com www.jphevin.com/ www.cadburyworld.co.uk – Parque temático da Cadbury www.chocolatmichelcluizel.com
Petit Larousse do Chocolate Autoria: Le Cordon Bleu Tradução: Suzete Casellarte Número de páginas: 384 Preço sugerido: R$ 99,90 Editora: Larousse do Brasil Estilo Zaffari
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Sabor
POR SONY MONTEIRO
Torta Pannacotta da Chocólatras Modo de fazer: Base: Pedaços finos de praliné no fundo da forma, formando um disco. Coloque tira de acetato. Creme: Misture bem até que o cream cheese fique bem desmanchado. Misture o açúcar, o creme e o cream cheese e leve ao fogo baixo, mexendo sempre. Acrescente a gelatina aquecida e mexa. Depois, o chocolate. Mexa até encorpar. Finalize com essências e misture bem. Retire do fogo e deixar amornar, mexendo para não criar película em cima. Coloque nas formas sobre disco praliné. Gele para firmar. Decoração: cacos de praliné ao redor, calda de caramelo ou chocolate por cima.
1 KG DE CREME DE LEITE 400 G DE AÇÚCAR DE CONFEITEIRO 1 KG DE CREAM CHEESE 400 G DE CHOCOLATE BRANCO DERRETIDO 1 COLHER (CHÁ) DE GELATINA NEUTRA EM PÓ DISSOLVIDA EM ÁGUA FRIA E AQUECIDA NO MICRO-ONDAS 3 GOTAS (1/2 COLHER DE CAFÉ) DE ESSÊNCIA DE AMÊNDOA 1 COLHER (SOPA) DE BAUNILHA
“Chocolate é uma necessidade, um impulso, um prazer!” SONY MONTEIRO
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Sabor
POR JULIANA MOTTER
Brigadeiro de Pistache da Maria Brigadeiro 1 LATA DE LEITE CONDENSADO 50 GRAMAS DE CHOCOLATE BRANCO (EM RASPAS) 100 GRAMAS DE PISTACHE SEM SAL DESCASCADO 1 COLHER (SOPA) DE MANTEIGA EXTRA PARA CONFEITAR 100 GRAMAS DE PISTACHE SEM SAL DESCASCADO
Modo de fazer: Passe o pistache no processador e reserve. Derreta o chocolate branco em banho-maria. Numa panela, coloque o leite condensado e a manteiga e aqueça por 2 minutos em fogo baixo. Junte o chocolate branco, metade do pistache e continue mexendo até desgrudar do fundo da panela (aproximadamente 10 minutos). Apague o fogo e transfira a massa de brigadeiro ainda quente para um recipiente untado com manteiga. Quando estiver frio, faça pequenas bolinhas de 3 cm, com a ajuda de uma colher de café. Passe as bolinhas na farofa de pistache restante e coloque em forminhas de papel plissado. Consuma no mesmo dia para que ele não cristalize. Rende: 30 brigadeiros. Tempo de preparo: 40 minutos.
A “ vida é curta. Comece pela sobremesa.” JULIANA MOTTER
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Sabor
P O R N E K A M E NN A B A R R E T O
Amarguíssimo de Chocolate da Neka PARA O AMARGUÍSSIMO 150 G DE AÇÚCAR CRISTAL 800 G DE CHOCOLATE ULTRA-AMARGO 70% 500 ML DE CREME DE LEITE FRESCO
Modo de fazer: Amarguíssimo Neka: Bata as gemas com o açúcar até branquear. Reserve. À parte, ferva o leite e acrescente, aos poucos, a mistura de gemas. Continue em fogo baixo, mexendo sempre. Acrescente o chocolate, misturando até derreter e formar um creme liso. Bata o creme de leite em chantilly. Acrescente o creme de chocolate ao chantilly e misture delicadamente. Leve à geladeira de 4 a 6 horas. Coulis de frutas vermelhas: Misture o morango, a framboesa e a amora com o açúcar. Cozinhe. Bata com o auxílio de um mixer e deixar esfriar. Sirva com o coulis de frutas vermelhas.
7 GEMAS 300 ML DE LEITE OPCIONAL, COULIS DE FRUTAS VERMELHAS 150 G DE AÇÚCAR CRISTAL 300 G DE AMORA CONGELADA 300 G DE FRAMBOESA CONGELADA 600 G DE MORANGO CONGELADO
“Chocolate sag rado, secreto Meditativo, rápido. Corre na veia Íntimo. Fofoqueiro interno Ativa Vozes. Companheiro diário, para todas as estações.” N E K A M E NN A B A R R E T O
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Sabor
POR NANA PEREIRA
Bombom de Brigadeiro da Nana Pereira 1 LATA DE LEITE CONDENSADO 100 G DE CHOCOLATE AO LEITE OU MEIO-AMARGO PICADO 1 COLHER (SOPA) RASA DE MANTEIGA PARA COBRIR 200 G DE CHOCOLATE AO LEITE DERRETIDO Modo de fazer: Em uma panela, junte os ingredientes do brigadeiro e leve ao fogo baixo, mexendo sempre até desgrudar da panela. Coloque em um refratário untado com manteiga e deixe esfriar. Faça bolinhas de cerca de 20 g e vá banhando no chocolate, previamente derretido, com o auxílio de um garfo. Coloque os bombons sobre um papel-manteiga e leve à geladeira por alguns minutos. Decore a gosto e aproveite!
“O chocolate é um dos doces mais unânimes e versáteis. Tem a capacidade de alimentar, mas acima de tudo, proporciona momentos de prazer e felicidade a mesa.” NANA PEREIRA
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Sabor
POR JULIA FERNANDES
Cheesecake de Chocolate do Suzanne Marie INGREDIENTES PARA A BASE BOLACHINHAS MOÍDAS, O SUFICIENTE PARA A BASE DA TARTE MANTEIGA DERRETIDA, O SUFICIENTE PARA A TEXTURA DA BASE APROXIMADAMENTE 2 COLHERES RASAS (SOPA) DE CHOCOLATE EM PÓ INGREDIENTES PARA O RECHEIO 2 CAIXAS DE LEITE CONDENSADO 280 G DE CREAM CHEESE 2 BARRAS GRANDES DE CHOCOLATE MEIO-AMARGO DERRETIDO
Modo de fazer: Em uma forma de aro removível, prepare a base da tarte alisando-a com o dorso de uma colher. Mixe todos os ingredientes do recheio, coloque sobre a base e leve ao forno a uma temperatura em torno de 200°C. Deixe o tempo suficiente para que a cheesecake fique firme. Retire do forno e deixe esfriar para desenformar.
“Encanta-me saber que o maior desejo de alguém, que está do outro lado do mundo, é ser recebido de volta com uma bela che esecake de chocolate do Suzanne Marie. Chocolate é pura alquimia. É mág ico, forte, mexe com nossos hormônios.” JULIA FERNANDES
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Humanas criaturas TETÊ PACHECO
CARÊNCIA DIGITAL
Vivemos uma era de plena transformação tecnológica. E achar que isso não impactaria de muitas maneiras nossas vida humanas seria uma ingenuidade. Seres humanos são carentes por natureza. Precisamos ser amados, aprovados, e negar isso é, no mínimo, suspeito. As redes sociais, que viraram o marco da nova era digital, são a prova incontestável disso. Repare. Não basta mais ser respeitado por quem vive com você, eventualmente até admirado pela performance entre seus colegas de trabalho, ter fama de bonitão da praia, e assim vai. Precisamos ser aprovados por cada vez mais pessoas, muitas das quais nem conhecemos. Era comum se satisfazer com a meia dúzia de amigos que telefonavam no nosso aniversário. Costumavamos achar bom quando alguem notava que cortamos o cabelo. O efeito de um simples elogio podia durar um mês inteiro. E às vezes, até, uma vida inteira. Mas na lógica das redes sociais não. A grande chave do sucesso do Facebook, por exemplo, não está somente no fato de que podemos saber da vida alheia como nunca antes na História, como dizem os críticos. O boom do Facebook reside no fato de podermos ser gostados em todas as nossas mais insignificantes manifestações. E todos sabemos que quem é gostado passa a gostar também. Num ciclo de aparência virtuosa, mas que denuncia uma busca de aprovação sem limites, que vicia mesmo. É só experimentar. Com quantos parabéns a você você é capaz de se satisfazer no dia do seu aniversário? Quantos bonsdias ou boas noites, ou oh, que saudades, você acha que seria normal receber diariamente? Centenas? Milhares? Essa é a escala facebookiana da vida de muita gente hoje. Quantos amigos gostaram do seu novo cabelo virou medida do seu sucesso. Estranha medida, uma vez que a maioria dos amigos que nos adicionam sequer cumprimentaríamos se passássemos por eles na rua.
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Estilo Zaffari
O jeito facebookiano de gostar (like) de alguém virou uma medida importante da nossa autoestima diária. Há que se pensar sobre isso. Porque junto com a baixa ou alta estima vem a raiva, a cobiça, a inveja, a soberba e assim por diante. Nada que já não pertença ao gênero humano desde sempre, mas agora numa escala bem mais abrangente. Hoje podemos invejar livremente pessoas que vivem do outro lado do Pacífico, assim como nos sentir lisonjeados por sermos retwittados por pessoas que não fazemos a menor ideia se saberiam desenvolver um diálogo com mais de 140 caracteres. Ao mesmo tempo, tem o lado bom, do reencontro, de um convívio que não teríamos de nenhuma outra maneira com pessoas que fomos juntando ao longo da vida. Interessante perceber que não tem passo atrás. Somos os humanos que vivem uma nova era em sua plena expansão. Estamos reaprendendo a nos relacionar, a gostar de nós mesmos e dos outros. Estamos redefinindo as linhas estreitas que separaram o que pode e o que não pode. O que é grosseria, o que é boa educação, o que é invasão. O que é nosso e o que é dos outros. Para as próximas gerações, sem dúvida esse não será um tema tão questionável. Relendo outro dia Educação dos Sentidos, do admirável Rubem Alves, anotei um pensamento: “A primeira tarefa de cada geração, dos pais, é passar aos filhos, como herança, a caixa de ferramentas. Para que eles não tenham que começar da estaca zero. Para que eles não precisem pensar soluções que já existem”. Nossos computadores são a caixa de ferramentas que estamos passando para as próximas gerações. O que vai dentro deles, a forma como serão usados, é o que vai definir como vai ser o futuro. Gostemos ou não. TETÊ PACHECO É PUBLICITÁRIA
Vida
Receita de
mãe NÃO É TUDO IGUAL
P O R
PAU L A
F OTO S
TA I T E L B AU M
L E T Í C I A
R E M I Ã O
I LU S T R A Ç Õ E S
N I K
Junte duas colheradas de paciência, uma xícara de tempo livre, uma porção de carinho e uma boa pitada de limite. Mexa tudo e cozinhe em banho-maria até ver crescer. Pronto: está feita a receita pra ser uma boa mãe. Quem dera fosse fácil assim, não? Mas você, assim como eu e o mundo inteiro, sabe que não existe receita pronta pra ser mãe. A gente se esforça, tenta, repete, faz de novo e, mesmo assim, dificilmente encontra a fórmula certa, o ingrediente secreto e as medidas exatas que tragam a certeza de estarmos preparando os filhos para enfrentar a vida. Ser mãe não tem receita e cada uma aprende na marra, do jeito que é possível. Felizmente, pra compensar os dissabores inevitáveis do caminho, são muitas as mães que encontram nos temperos especiais e nos preparos próprios uma forma de mostrar que conhecem, sim, a receita. Se não a receita de ser a genitora perfeita (já que isso é impossível), pelo menos a receita que traz a felicidade de um sabor inesquecível. A receita que, finda a infância, continuará presente, na mesa ou na memória, enchendo a boca d’água cada vez que o filho ou a filha se lembra daquele prato que “só a minha mãe sabe fazer”. Aqui, você vai encontrar algumas pequenas histórias desses temperos e aromas maternos, acompanhadas das receitas especiais de oito mães. Alguns dos pratos são simples de serem preparados. Outros são visivelmente mais elaborados. Todos eles, no entanto, trazem o gostinho daquele alimento recheado de amor, segurança e dedicação que só uma mãe pode oferecer. Volte à infância e... Bom apetite! Estilo Zaffari
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Vida
MACARRÃO DA DONA MARIA, M Ã E D E T Â N I A C A R VA L H O MARIA CARVALHO NÃO ERA UMA COZINHEIRA QUALQUER. ERA “A” COZINHEIRA. ASSIM MESMO, COM MAIÚSCULA. MÃE DA JORNALISTA E APRESENTADORA DE TV TÂNIA CARVALHO, ELA LITERALMENTE ENLOUQUECIA OS SENTIDOS DA FAMÍLIA E DOS AMIGOS COM SEUS TEMPEROS. "O CARDÁPIO BÁSICO DELA ERA SALADA VERDE E DE BATATA, MACARRÃO QUE NUNCA FALTAVA, CARNE ASSADA, LOMBINHO DE PORCO, FRANGO, PASTELÃO DE CAMARÃO, ESTROGONOFE, ARROZ E UM FEIJÃOZINHO BÁSICO. NADA COMBINAVA, MAS TUDO ERA MARAVILHOSO E INESQUECÍVEL. SE FALTASSE ALGUM DESSES PRATOS, O PESSOAL RECLAMAVA”, CONTA UMA TÂNIA SAUDOSA DOS SABORES MATERNOS. E CONTINUA: "NA SOBREMESA, ALÉM DO PUDIM, SEMPRE TINHA BOLOS, SALADAS DE FRUTAS, SORVETES... NORMALMENTE, NO DOMINGO, ALÉM DO ALMOÇO, TODOS FICAVAM PARA O CAFÉ DA TARDE". MARIA PASSAVA O SÁBADO TEMPERANDO E O DOMINGO COZINHANDO. E ISSO SEM PERDER A POSE. LINDA E CHARMOSA, AMAVA COZINHAR E TER OS FILHOS EM VOLTA, ACOMPANHANDO A CERIMÔNIA DA PREPARAÇÃO. “QUANDO EU MORAVA EM SÃO PAULO, MEUS AMIGOS PEDIAM PRA EU TELEFONAR AVISANDO QUANDO MINHA MÃE ESTAVA NA CIDADE. ELA ERA UMA FESTA!” MARIA TINHA TUDO ANOTADO EM UM CADERNO, MAS A FILHA FAZ QUESTÃO DE DIZER QUE, MESMO ASSIM, NA HORA EM QUE ELA IA PRA COZINHA, AS RECEITAS NÃO TINHAM CERTEZAS, NEM GRAMAS, NEM QUANTIDADES ABSOLUTAS. TUDO ERA FEITO NO OLHO, A PARTIR DO PALADAR E DO QUE TINHA DISPONÍVEL EM CASA.
TORTA DE BOLACHA DE DONA MIRIAN, MÃE DE CLAUDIA TAJES NÃO SE PODE DIZER QUE MIRIAN TAJES, MÃE DA ESCRITORA CLAUDIA TAJES, ERA APAIXONADA PELAS LIDES CULINÁRIAS OU QUE FOSSE DOTADA DE UM TALENTO INCOMUM COM OS TEMPEROS. "MINHA MÃE NÃO GOSTAVA DA COZINHA E ENFRENTAVA A CONTRAGOSTO AS PANELAS PARA INVENTAR O ALMOÇO DA FAMÍLIA, SEMPRE MEIO IMPROVISADO. EM COMPENSAÇÃO, NAS VEZES EM QUE ELA DECIDIA COZINHAR A SÉRIO, O RESULTADO ERA MUITO BOM", CONTA CLAUDIA. DE TANTO COZINHAR PARA OS FILHOS E AJUDAR O MARIDO NAS RECEITAS QUE ELE PREPARAVA, ACABOU PEGANDO GOSTO PELA COISA. ENTRE AS LEMBRANÇAS MAIS VIVAS QUE CLAUDIA TEM DAS RECEITAS DA MÃE, ESTÃO A POLENTA COM CARNE ASSADA, UM FILÉ AO MOLHO DE NATA QUE "PARECIA TER SAÍDO DE UM RESTAURANTE ALEMÃO" E UMA TORTA DE BOLACHA COM RECHEIO DE LIMÃO. ERA SIMPLES, MAS SEGUNDO A FILHA, ERA UMA DELÍCIA DE MÃE SEM IGUAL.
12 TOMATES ESCOLHIDOS CARINHOSAMENTE
UM PACOTE DE BISCOITO DO TIPO MAISENA
1 DENTE DE ALHO AMASSADO
UMA LATA DE LEITE CONDENSADO
MANJERICÃO E ORÉGANO
SUCO DE LIMÃO À VONTADE
SAL E AZEITE "DO BOM"
CHOCOLATE BRANCO
Modo de fazer: Numa panela bem linda e limpa, coloque o azeite e o alho. Misture até dourar. Coloque os tomates cortados com a casca e a semente. Deixe desmanchar em fogo brando, até ficar quase um purê, mas sem deixar secar, acrescentando água aos poucos. Adicione o manjericão, o orégano e outros temperos a seu gosto. Acrescente sal. Quando estiver cremoso, use um coador bem grande e uma colher de pau e esprema muito. Cozinhe o macarrão em água fervente (Dona Maria fazia ela mesma o macarrão, que deixava descansando sobre uma toalha bem branca, cheia de farinha). Coloque em uma travessa bem linda, com molho de tomate por cima, e acrescente queijo parmesão ralado bem fino, de preferência comprado no Mercado Público de Porto Alegre. Sirva bem quente para a família inteira se deliciar.
Modo de fazer: Bata o leite condensado com o suco de limão no liquidificador (vá colocando o suco até que fique bem misturado com o leite condensado). Monte a torta alternando uma camada de biscoitos e uma camada de creme. Termine ralando uma barra de chocolate branco para dar o acabamento. Leve à geladeira e sirva bem geladinho.
Vida GUEFILTEFISH DE DONA GENI, MÃE DE CÍNTIA MOSCOVICH A ESCRITORA CÍNTIA MOSCOVICH AINDA ERA "MOCINHA" QUANDO A MÃE PASSOU A REUNIR A FAMÍLIA PARA O IOM KIPUR, O DIA DO PERDÃO. "ANTES NÓS IAMOS NA CASA DA VÓ ROSA, A VÓ PATERNA, OU NA CASA DA TIA SARA, IRMÃ DO PAI. MAS COM A MORTE DO PAI, A GENTE NUNCA MAIS PASSOU OS PESSACH OU O IOM KIPUR FORA DA NOSSA PRÓPRIA CASA”, CONTA CÍNTIA, CRIADA E CRESCIDA EM UMA FAMÍLIA JUDIA. O DIA DO PERDÃO É, PARA ELA, A DATA QUE MAIS LEMBRANÇAS TRAZ DOS ESPETACULARES GUEFILTEFISH, OS TRADICIONAIS BOLINHOS DE PEIXE DA CULINÁRIA JUDAICA, PREPARADOS POR SUA MÃE, GENI MOSCOVICH. SEGUNDO CÍNTIA, ELES "DÃO UMA TRABALHEIRA DO CÃO", MAS O RESULTADO COMPENSA A LAMBANÇA. "A COZINHA VIRA UMA PRAÇA DE GUERRA, COM TODOS OS INGREDIENTES EM CIMA DO BALCÃO E DA PIA. MAS LEMBRO QUE ERA UMA FESTA COLORIDA, EMBORA OS PEIXES INTEIROS ME DEIXASSEM MEIO SEM JEITO. A MÃE FICAVA COZINHANDO UNS DOIS DIAS ANTES DO IOM KIPUR, DIA EM QUE ELA JEJUAVA. O BOLINHO DE PEIXE E OUTRAS IGUARIAS ERAM DEVORADOS DEPOIS DO FIM DO JEJUM." A DATA ESPECIAL FAZIA, COM QUE GENI SE ESMERASSE PARA PREPARAR SUA RECEITA, QUE É UM POUCO DIFERENTE DA TRADICIONAL: EM VEZ DE SÓ COZINHAR OS BOLINHOS DE PEIXE NUM ENSOPADO, GENI FRITA ELES ANTES. "PARA NÓS, AS CRIANÇAS, ELA SERVIA OS BOLINHOS FRITOS. COMO COMER GUEFILTEFISH EXIGE UM COMPLEMENTO INDISPENSÁVEL, A MIM TOCAVA FAZER O CHREIN, QUE É UMA ESPÉCIE DE MOLHO, OU PASTA, DE BETERRABA COM RAIZ FORTE E MOSTARDA, UM COMPLEMENTO LINDO, POR CAUSA DA COR DA BETERRABA”, FINALIZA CÍNTIA
2 KG DE PIAVA FRESCA INTEIRA (ALGUNS USAM TRUTA, MAS DONA GENI NÃO ACONSELHA) 10 OVOS 1/2 KG DE PÃO DORMIDO 8 CEBOLAS 1/2 KG DE BATATAS SALSA PIMENTA-DO-REINO MOÍDA, SAL A GOSTO CENOURA, TOMATE E CEBOLAS PARA O CALDO PARA O CHREIN 4 BETERRABAS COZIDAS 250 G DE RAIZ FORTE 3 COLHERES DE MOSTARDA COLMAN´S EM PÓ MOSTARDA AMARELA (DO TIPO EXTRAFORTE) 3 COLHERES (SOPA) DE AÇÚCAR 2 COLHERES DE VINAGRE DE ÁLCOOL
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Modo de fazer: Corte 4 cebolas bem miúdas e frite em óleo de milho, até ficarem bem douradas. Reserve. Rale as cebolas cruas restantes. Limpe os peixes e separeo rabo e as cabeças. Corte em filés e separar também a pele. Passe pelo moedor de carne primeiro os filés de peixe. Depois, misture grosseiramente o pão amolecido em água com o peixe já moído. Volte a passar no moedor a mistura, adicione os ovos e os temperos. Volte a passar a mistura no moedor várias vezes, até obter uma massa homogênea. Numa frigideira, grande, aqueça bastante azeite (que cubra os bolinhos). Faça bolinhas com a massa, achatando com os dedos na hora de fritar; deixe dourar de um lado e de outro. Para fazer o caldo, deixe cozinhar por mais ou menos 30 minutos as batatas cortadas em rodelas, 2 cebolas e cenouras cortadas em pedaços de um dedo de largura e o tomate. Coloque com cuidado a metade dos bolinhos fritos nesse caldo. Uma parte da massa de peixe crua deve ser enrolada na pele que restou do processo de obter os filés, formando pequenos bolos que caibam na palma da mão. Coloque no caldo, junto com os bolinhos fritos, e ferva por mais ou menos uns 30 minutos. Cuidado ao mexer para não desmanchar. Essa receita equivale a uma porção para 10 pessoas. Modo de fazer o chrein: Passe as beterrabas e os temperos (exceto a raiz forte) no processador. Depois, junte a raiz forte. Coma com os bolinhos fritos e ou ensopados a gosto.
Vida
VATAPÁ DE DONA YEDA, MÃE DE ZÉ VICTOR CASTIEL O ATOR ZÉ VICTOR CASTIEL NÃO É NADA MODESTO QUANDO O ASSUNTO É A MÃE: "ELA PREPARA O MELHOR VATAPÁ DO MUNDO". SEGUNDO ELE, A MARAVILHA DE DONA YEDA CASTIEL ESTAVA SEMPRE PRESENTE EM TODOS OS ENCONTROS ESPECIAIS DA FAMÍLIA. "AINDA HOJE, QUANDO COMEMORO O MEU ANIVERSÁRIO COM FESTA, MEUS AMIGOS JÁ SABEM: AÍ VEM O VATAPÁ DA DONA YEDA." A EXPLICAÇÃO PARA A RECEITA DE ORIGEM BAIANA É QUE DONA YEDA, QUE HOJE MORA EM PORTO ALEGRE, PASSOU A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA NA BAHIA. E FOI DE LÁ QUE TROUXE A ESPECIALIDADE QUE FAZIA O FILHO PEQUENO FICAR EM UM CANTO DA COZINHA, ESPIANDO FASCINADO O MODO COMO ELA PICAVA, REFOGAVA, ENGROSSAVA E TEMPERAVA O VATAPÁ. "SEGUNDO ELA, O AZEITE DE DENDÊ TINHA QUE VIR DIRETO DO MERCADO MODELO DE SALVADOR", CONTA ZÉ VICTOR. PARA ELE, ALIÁS, O MELHOR DA RECEITA ERA VER A ALEGRIA DA MÃE PREPARANDO SUA IGUARIA.
1 KG DE BACALHAU EM LASCAS (48 HORAS DE MOLHO EM ÁGUA) 2 KG DE PEIXE SEM ESPINHAS PICADO OU PROCESSADO 1 KG DE CAMARÃO MÉDIO LIMPO 1 PIMENTÃO PEQUENO, 1 PIMENTA VERMELHA, 5 DENTES DE ALHO E 4 CEBOLAS GRANDES, PICADOS OU PROCESSADOS E REFOGADOS EM ÓLEO DE COZINHA COM 2 FOLHAS DE LOURO; 1 LITRO DE LEITE DE COCO 1 GARRAFA PEQUENA DE AZEITE DE DENDÊ
"FORMIGA SUBINDO NA ÁRVORE" DE LYDIA, MÃE DE WILLIAM LING NA CASA DE WILLIAM LING E SUA FAMÍLIA, AS REFEIÇÕES ERAM FARTAS E ECLÉTICAS. O EMPRESÁRIO, FILHO DE PAIS CHINESES, CONTA QUE, PARA SUA MÃE, LYDIA LING, UMA MESA SÓ ERA CONSIDERADA COMPLETA SE FOSSE COLORIDA E TIVESSE SOPA, CARNES VARIADAS, VERDURAS E LEGUMES, ARROZ E GRÃOS, TUDO PREPARADO DAS FORMAS MAIS VARIADAS POSSÍVEIS: COZIDOS, FRITOS, ASSADOS E NO VAPOR. "MINHA MÃE SEGUIA ESTA TRADIÇÃO À RISCA. ELA TAMBÉM É UMA COZINHEIRA E TANTO. CONHECE MUITO DA CULINÁRIA CHINESA E, AO LONGO DESSES ANOS TODOS NO BRASIL, FORMOU TÃO BEM SUAS COZINHEIRAS QUE ELAS SÃO CAPAZES DE PREPARAR BANQUETES COMO UM EXPERIENTE CHEFE CHINÊS. ALÉM DISSO, MEU PAI ADORA COMIDA ORIENTAL, A PONTO DE PREFERIR OS RESTAURANTES CHINESES QUANDO VIAJA PARA OS ESTADOS UNIDOS E EUROPA", RELEVA WILLIAM. MAS ELE NÃO É IGUAL AO PAI E CONFESSA QUE, QUANDO CRIANÇA, TINHA DIFICULDADE EM APRECIAR CERTAS IGUARIAS, PRINCIPALMENTE AQUELAS EM QUE OS BICHOS IAM VIVOS PARA DENTRO DA PANELA, COMO NO CASO DO SIRI. HAVIA, NO ENTANTO, OS PRATOS QUE A MÃE FAZIA E QUE WILLIAM ADORAVA. COMO A MASSA DE FEIJÃO, FINA E TRANSPARENTE, PREPARADA COM CARNE DE PORCO MOÍDA. "UMA DELÍCIA, UM PRATO QUE SEMPRE ESTAVA PRESENTE NO CARDÁPIO DOS BANQUETES CHINESES." E QUE, SEGUNDO DONA LYDIA, TEM O MARAVILHOSO NOME DE "FORMIGA SUBINDO NA ÁRVORE".
1 PACOTE DE BEAN VERMICELLI (MACARRÃO ORIENTAL FEITO COM FEIJÃO VERDE – DONA LYDIA DIZ QUE É MUITO DIFÍCIL ENCONTRAR O VERDADEIRO, IMPORTADO DE TAIWAN)
1 KG DE FARINHA DE TRIGO MISTURADA COM ÁGUA, NO LIQUIDIFICADOR, PARA FORMAR PASTA UNIFORME, SEM GRUMOS E NÃO MUITO DILUÍDA (TALVEZ NÃO PRECISE USAR TODA)
UMA BOA QUANTIDADE DE CARNE DE PORCO MOÍDA
CASTANHA DE CAJU TRITURADA
MOLHO SHOYO
PIMENTA VERMELHA EM CONSERVA, SALSA E CEBOLINHA. Modo de fazer: Numa panela, misturando com colher de pau, adicione o bacalhau e o peixe ao refogado dos temperos com um pouco de água. Cozinhe até desmanchar. Junte o leite de coco, mais a mesma quantidade de água e ferva por 15 min. Separe uma xícara do caldo da mistura para o molho de pimenta. Na hora de servir, adicione aos poucos a quantidade suficiente de pasta de farinha, mexendo sem parar, até obter a consistência de mingau. Acerte o sal, adicione o camarão e o dendê a gosto, cozinhe 15 minutos mexendo a mistura e sirva em seguida. Para o molho de pimenta, misture 8 colheres de sopa do vinagre da conserva de pimenta ao caldo. Do preparo que foi reservado, adicione salsa, cebolinha e bastante pimenta vermelha, tudo bem picado. Sirva em molheira separada, com arroz branco e castanha de caju moída. Porção para 20 pessoas.
CEBOLA PICADA
PIMENTA VERMELHA PICADA UM MOLHO DE CEBOLINHA VERDE PICADA Modo de fazer: Prepare primeiro um guisado de carne de porco: refogue a cebola, junte a carne, frite bem e coloque sal. Tempere com shoyo e, se gosta de sabores mais picantes, acrescente pimenta vermelha. Prepare então a massa. O macarrão Bean Vermicelli é claro e transparente e vem em blocos retangulares, muito similar ao Bifun (macarrão de arroz). Coloque-o de molho em água quente para hidratar e deixe por cerca de um minuto. Escorra, jogue o guisado por cima e cubra com bastante cebolinha verde.
Vida
QUIBE VEGETARIANO DA DONA ALBA, MÃE D E I N G R A L I B E R A T O QUANDO ERA CRIANÇA, E AINDA MORAVA EM SALVADOR, A ATRIZ INGRA LIBERATO ACHAVA O PAI E A MÃE BEM DIFERENTES DOS CHAMADOS "PAIS NORMAIS". ARTISTAS, ELES JÁ BUSCAVAM, NAQUELA ÉPOCA, UMA ALIMENTAÇÃO ALTERNATIVA, COM INGREDIENTES INTEGRAIS. A MÃE, ALBA REGINA LIBERATO, PREPARAVA ATÉ CHOCOLATE EM CASA, SEMPRE COM A PARTICIPAÇÃO ATIVA DOS FILHOS, QUE AJUDAVAM A TRANSFORMAR O GASTRONÔMICO EM LÚDICO. "NÓS, CRIANÇAS, AMASSÁVAMOS A SEMENTE DO CACAU COM O PILÃO E MINHA MÃE PREPARAVA E LEVAVA AO FORNO. FICAVA MUITO AMARGO, MAS A GENTE ADORAVA", CONTA INGRA. SÃO MUITAS AS RECEITAS DE ALBA: COZIDO BAIANO, CUSCUZ DE MILHO, GALINHA AO MOLHO PARDO E SUCOS INVENTADOS A PARTIR DAS FRUTAS COLHIDAS NO QUINTAL EM QUE INGRA CRESCEU. ESCRITORA, ALBA BATIZAVA SUAS CRIAÇÕES COM NOMES QUE ERA VERDADEIRAS ODES, COMO O "QUIBE VERDE PARA NORDESTINOS SEDENTOS À SOMBRA DO UMBUZEIRO". QUIBE, ALIÁS, QUE ESTÁ ENTRE OS PRATOS PREFERIDOS DA FILHA. "É UMA SENSAÇÃO ÚNICA DE ESTAR COMENDO UM QUIBE DELICIOSO, SEM CARNE E SEM A CULPA DE SER FRITURA." ALBA CONTOU À FILHA QUE APRENDEU SUAS RECEITAS "DAQUI E DALI, LEVANDO EM CONTA A INFLUÊNCIA MOURA DA NOSSA CULTURA E A ÁRIDA SEMELHANÇA ENTRE SERTÃO E CULTURA DO DESERTO". AS RECEITAS DA MÃE DE INGRA, ALIÁS, NÃO SÃO MERAS RECEITAS. COMO OS NOMES QUE ELA DÁ AOS PRATOS, O MODO DE PREPARO TAMBÉM GANHA TOQUES LÍRICOS E ATÉ ERÓTICOS. SEU QUIBE, POR EXEMPLO, "SUAVIZA OS ÍMPETOS CARNÍVOROS E SUAS CONSEQUÊNCIAS", COMO ELA MESMA COSTUMA DIZER.
2 XÍCARAS DE TRIGO PARA QUIBE 2 XÍCARAS DE ABÓBORA MADURA COZIDA E AMASSADA, SEM A ÁGUA DO COZIMENTO 3 CEBOLAS MÉDIAS CORTADAS EM MERIDIANOS TERRESTRES DELICADINHOS EM CONTRAPONTO OPCIONAL COM A ARDÊNCIA DE 3 DE DENTES DE ALHO TAPETE MÁGICO FORMADO PELO VERDE DE 1 XÍCARA DE CEBOLINHA, 1 DE SALSA E 1 DE HORTELÃ PICADOS 5 COLHERES (SOPA) GENEROSAS DE AZEITE DE OLIVA DE OLIVEIRAS DADIVOSAS SAL A GOSTO ACOMPANHADO DE UMA PITADINHA DISCRETA DE CURRY OU PIMENTA COMINHO OU SEM PITADA DE NADA.
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Estilo Zaffari
Modo de fazer: Lavar bem e deixar de molho por meia hora o trigo para quibe em água bem fresquinha. Espremê-lo bem e miscigená-lo à abóbora amassada em bodas apetitosas. Botar a mão na massa com o gosto de um celebrante, acrescentando os demais miudinhos. Untar o côncavo de assadeira, formando um leito nupcial bem molhadinho. Levar ao calor do forno médio até perceber o casamento consumado na massa consistente e dourada. Deixar esfriar os ânimos exaltados pelo êxtase amoroso e servir morno ou até mesmo frio, pois o paladar o terá gravado para todo o sempre! Para terminar, Alba deseja “Bom apetite árabe-nordestino”.
Vida
MONTANHA RUSSA DE DONA CIR CE, MÃE DE IVAN PINHEIR O MACHADO O EDITOR IVAN PINHEIRO MACHADO CRESCEU ENTRE OS LIVROS. E AÍ SE INCLUEM TAMBÉM OS LIVROS DE RECEITAS DE MARIA CIRCE GOMES PINHEIRO MACHADO, SUA MÃE. QUITUTEIRA DE MÃO CHEIA, ELA FAZIA DE TUDO. MAS A MAIS DOCE LEMBRANÇA QUE IVAN TEM DA INFÂNCIA É UMA SOBREMESA COM NOME DE BRINQUEDO DE PARQUE DE DIVERSÕES: MONTANHA-RUSSA. "ESSE ERA O GRANDE NÚMERO DELA E, DEPOIS QUE EU CASEI, DE VEZ EM QUANDO MINHA MÃE AINDA MANDAVA UMA MONTANHARUSSA PRA MINHA CASA", LEMBRA IVAN. COMO SE ESQUECER DAQUELE DOCE ENORME, UMA VERDADEIRA MONTANHA DE MERENGUE QUE, QUANDO CHEGAVA À MESA FAZIA COM QUE OS MUITOS SUSPIROS TOMASSEM CONTA DO AR? "DEPOIS QUE MEU PAI MORREU, ELA NUNCA MAIS ENTROU EM UMA COZINHA", REVELA IVAN. MAS COMPLETA DIZENDO QUE, MESMO SEM COZINHAR ATUALMENTE, É A ELA QUE O IRMÃO RECORRE QUANDO TEM ALGUMA DÚVIDA CULINÁRIA: "ELA É O ALTEREGO DO MEU IRMÃO, JOSÉ ANTÔNIO PINHEIRO MACHADO, O ANONYMUS GOURMET".
4 CLARAS DE OVOS
GALINHADA DA DONA MARILA, MÃE DE ADÃO ITURRUSGARAI DIFÍCIL SABER ONDE TERMINA A FICÇÃO E COMEÇA A REALIDADE. MAS O QUE O CARTUNISTA ADÃO ITURRUSGARAI, CRIADOR DA PERSONAGEM ALINE (AQUELA QUE INSPIROU A SÉRIE DA GLOBO), DIZ LEMBRAR DA MÃE NA COZINHA É O SEGUINTE: "MINHA MÃE ERA MUITO BAGUNCEIRA. QUANDO ELA FAZIA UM CAFÉ, FICAVA TANTA SUJEIRA QUE PARECIA QUE TINHA FEITO UM BANQUETE. E QUANDO FAZIA SUA ESPECIALIDADE, QUE ERA GALINHADA, IMAGINA O 'EFEITO COLATERAL', PARECIA A CARNIFICINA DO DIA D... DAÍ ELA SAÍA PRA TRABALHAR E QUEM FAZIA A FAXINA ERA EU", CONTA ADÃO COM O HUMOR QUE O CARACTERIZA. "POR CAUSA DISSO, MESMO SENDO UMA DELÍCIA, COMECEI A RECUSAR A GALINHADA DA MAMÃE", CONTINUA ELE EM TOM DE COMÉDIA. A SORTE DE ADÃO, NO ENTANTO, É QUE SUA INFÂNCIA GASTRONOMICAMENTE REBELDE FELIZMENTE PASSOU, ELE FOI MORAR LONGE, SENTIU SAUDADES E VOLTOU A AMAR A ESPECIALIDADE DA MÃE, MARILA ROSA NETTO. ELA INCLUSIVE CONQUISTOU A NORA, LAURA, PELO ESTÔMAGO (A ESPOSA DE ADÃO AMA O ARROZ COM GALINHA DA SOGRA). PARA MELHORAR A RELAÇÃO DE MÃE E FILHO NA COZINHA, HOJE, MARILA JÁ NÃO PRECISA SAIR CORRENDO PARA DAR SUAS AULAS DE ARTES E DE EDUCAÇÃO FÍSICA E POR ISSO PODE SE DEDICAR COM MAIS CALMA À SUA GALINHADA. RECEITA QUE, CONTOU ADÃO, APESAR DE SER SIMPLES, TEM UM GOSTINHO ESPECIAL QUE SÓ SUA MÃE SABE DAR...
1 LITRO DE LEITE
UM FRANGO INTEIRO, CORTADO EM PEDAÇOS (DE PREFERÊNCIA, COMPRADO EM UM AVIÁRIO E DEPENADO, LIMPO E CORTADO EM CASA)
250 GRAMAS DE AMEIXAS SECAS SEM CAROÇO
DUAS XÍCARAS DE ARROZ
1 CÁLICE DE VINHO DO PORTO
ALHO E CEBOLA
1 XÍCARA (CHÁ) DE AÇÚCAR + 1 COLHER DE AÇÚCAR
TOMATES
1 COLHER (SOPA) DE MANTEIGA
UMA PITADA DE AÇÚCAR E SAL A GOSTO
2 COLHERES (SOPA) DE MAISENA
1 "VAGEM" DE BAUNILHA 1 COPO D’ÁGUA Modo de fazer: Misture bem o leite, a maisena, a xícara de açúcar, a manteiga e a baunilha. Leve ao fogo para engrossar. Retire esse mingau do fogo e deixe esfriar. Cozinhe as ameixas com a água, o vinho do Porto e uma colher de açúcar até a mistura ficar grossa. Numa cremeira, arrume, alternando, camadas do creme de baunilha com o creme de ameixas. Cubra com merengue feito com as 4 claras batidas em neve misturadas com açúcar a gosto.
Modo de fazer: Tempere o frango com alho e sal. Deixe pegar gosto por alguns minutos. Frite bem (segundo Marila, aqui está o segredo, tem que fritar mesmo bem) e coloque um pouco de açúcar para escurecer e caramelizar a carne. Adicione cebola e tomate picados. Ponha o arroz e deixe fritar um pouco. Acrescente uma xícara e meia de água para cada xícara de arroz (isso é importante, caso se queira mais ou menos arroz na galinhada). Baixe o fogo. Tampe. Cozinhe por 20 min. sem mexer nem abrir a panela. Sirva com um bom vinho tinto para acompanhar.
O sabor e o saber FERNANDO LOKSCHIN
CARNE, O MOLDE DA ESPÉCIE
Se o Inferno lembra uma churrascaria, muita carne no braseiro, o Paraíso é vegetariano, um bufê frio de saladas. A Adão e Eva foram oferecidas “todas as ervas com sementes” e “todas as árvores com frutos”, mas nenhum animal; somente após o Dilúvio é que Deus fala a Noé “tudo o que se move e tem vida pode ser comido”, e depois ainda é que soa a Voz: “Vamos, Pedro, mata e come”. (Atos, 11.7) Para Alexandre Dumas, a salada não era natural ao homem que “não foi feito para pastar, mastigar folhas”, e, para Byron, o “ser humano é um carnívoro de hábitos alimentares afins aos do tigre e tubarão”. De fato, a presença de caninos na boca e a ausência de rúmen no ventre atestam nossa natureza carnívora. Os cereais não nos eram originalmente adequados; pobres em grãos, tinham pouco valor nutritivo. Sem moela e incapazes de digerir a celulose e amido, nossos ancestrais só poderiam se manter em uma dieta de grãos após a descoberta acidental – em incêndios provocados por raios – do fogo e do cozimento. A carne é um concentrado nutritivo único, o molde da espécie. Ficamos bípedes para liberar a mão da marcha e abduzimos o polegar dessa mão para pegar a arma, a primeira ferramenta, cuja função era obter carne. A própria sociabilidade surgiu como estratégia de caça conjunta e proteção contra outros caçadores. Nada congrega mais do que a presa ou o predador em comum. Janelas da alma, os olhos revelam nossa índole. Pombas e gazelas têm olhos laterais, falcões e leões, frontalizados. Os olhos dos herbívoros são defensivos, dão amplo campo de visão e pouco foco, já a visão anterior dupla dos carnívoros sem abrangência mas com profundidade é fundamental para calcular o golpe sobre a vítima. ‘Se o boi soubesse a força que tem, não comeríamos filé-mignon’, mas o boi tem olhos de caça, o homem, de caçador. A carne tem o poder do canhão. Os guardas da Torre de Londres são chamados de beefeaters (‘comedores 56
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de bife’) porque já no séc. XV recebiam uma dieta rica em carne. Dizia-se antes que milhares de ingleses carnívoros foram capazes de subjugar milhões de indianos vegetarianos e que os italianos do sul, ‘fracos e apáticos’ pela dieta mediterrânea, tornavam-se ‘determinados e laboriosos’ ao emigrar à geografia e comida norte americana. A relação da carne com o vigor é tal que ela foi muitas vezes interditada aos presidiários, um controle nutricional do comportamento. Milon de Crotona, o maior dos atletas gregos, ao celebrar sua sexta vitória olímpica carregou um touro nas costas por todo o estádio, matou o animal com um murro, carneou e comeu o bicho ali mesmo, inteiro e sozinho. E não houve uma sétima vitória por absoluta falta de competidores... Alimento de heróis, são raras as páginas da Ilíada e Odisseia que não mencionam um banquete e a oferenda de um animal. Hércules, Aquiles, Heitor, Ulisses eram carnívoros, comiam quase sempre bois, raramente ovelhas e porcos, nunca peixes. Ulisses, herói do épico náutico de uma nação marítima sempre em busca de uma ilha, gostava mesmo era de churrasco. De fato, o assado gaúcho é uma cópia exata dos festins dos argonautas; nele, o preparo importa tanto quanto o alimento e seus quatro fundamentos – o fogo, a fumaça, o sal e a carne – são todos importantes símbolos universais. Viajando pelo Rio Grande do Sul em 1820, Saint Hilaire ficou estarrecido com o presença de carne e a ausência de tudo mais. Descreveu a ração dos militares como carne com carne: carne assada com fígado para oficiais e carne assada com farinha de carne torrada para os soldados. Curiosamente, no que parece relações inversas, se Hitler, Mussolini, Robespierre e Frankenstein foram vegetarianos, Deus manifestou nítida preferência carnívora. Foi Seu ‘olhar favorável’ à carne ofertada por Abel e ‘indiferença’ aos vegetais trazidos por Caim o
BOEUF BOURGUIGNON, CARNE DE SEGUNDA, SABOR DE PRIMEIRA LIMPE O MÚSCULO E CORTE EM CUBOS. TEMPERE COM SAL E PIMENTA. POLVILHE FARINHA. DOURE CEBOLA E ALHO NA MANTEIGA. FRITE A CARNE E PEDACINHOS DE TOUCINHO. VÁ DERRAMANDO CALDO DE CARNE E VINHO TINTO. COZINHE POR 2 HORAS. COLOQUE OS COGUMELOS. AJUSTE O MOLHO COM FARINHA.
O sabor e o saber F E R N A N D O L O K S C H I N
motivo do fratricídio. Embora a carne se relacione com agressão e a planta com contemplação, no exemplo bíblico o agricultor preterido foi o assassino e o pecuarista preferido, a vítima. A grande musa da arte pré-histórica é o gado, só em Altamira há mais de 40 desenhos de bisões e mamutes. Do mamute ao boi são milhões de anos. Domesticado como besta de carga, o animal só era abatido quando incapacitado, já de carne quase tão dura como o chifre e que, segundo Heródoto, só servia aos cães. Se terneiro deriva de tenro, 'macio', veterinário é gêmeo de veterano (L. vetus), um geriatra animal. Máquina viva, o gado se tornou símbolo da economia pré-industrial; o ‘bem imovel’ invoca por negativa a outra medida de patrimônio: o gado ‘móvel’ em quatro patas. A busca de capital aparece em ‘fazer uma vaquinha’: vaca era o prêmio do jogo do bixo, 25.000 réis. Nos anos 20, início da profissionalização do futebol, fazer uma vaquinha era arrecadar dinheiro para manter um jogador no clube. É emblemático que a primeira letra do alfabeto derive do semítico aleph, ‘touro’ e imite o hieróglifo mesopotâmico que desenha sua cabeça: a letra ‘A’ é a cabeça do touro literalmente de cabeça para baixo – A, –, o mesmo ocorrendo com a letra grega alfa virada 90 . Tal a letra ‘A’, a palavra capital, ‘riqueza’ faz alusão ao boi, sua origem é o L. caput, ‘cabeça (de gado). Gado (E. ganado) nasceu do L. ganare, ‘ganhar’. A associação entre riqueza e gado é tal que o L. pecu, ‘rebanho’, ganhou o sentido de 'dinheiro', daí pecúlio tão afim a pecuária. A carne está no alicerce do capitalismo, Henry Ford teria concebido a linha de montagem para o Modelo A ao observar a linha de desmontagem das carcaças animais no matadouro. A linguagem aproveita até o berro do boi: ‘buh, boh’ cunhou o L. bos, ‘boi’. O boi está na origem de buzina cujo som era produzido pelo soprar na guampa, tal uma corneta (<corno). Metáfora curiosa, no boato ecoa um mugido: o L. boatu (<L. bos) era o ‘mugido (do boi)’, passou a ‘berrar’ e depois, ‘rumor, fofoca’. Bosta (L. bos stare) atapeta o local onde o ‘boi está’ e é possível que moço (E. muchacho <mochacho) se enraíze em mocho, a rês sem guampas, pelo costume ibérico de se raspar a cabeça dos meninos. Não é à toa que o I. boy soe como ‘boi’; boy era o jovem que pastoreava do gado, nasceu do normando abuier, ‘prender o boi’. A carne bovina não tem aceitação unânime. A pre-
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ferência no Oriente é a ovelha, na China, o porco. A tradição caçadora africana tende a evitar o animal domesticado; muitas tribos bebem o sangue da rês para não comerem sua carne. No hindu, onde surgiu a expressão ‘vaca sagrada’, devi significa tanto ‘vaca’ como ‘deus’. Morrer segurando um rabo de vaca, morada de milhares de deuses, seria uma bênção, mastigar sua carne, um delito. Algumas seitas são tão restritivas que até vegetais que guardem semelhança com a carne, tais o tomate e a beterraba, são interditados. A carne se opõe ao espírito, como o terreno ao celestial e o pecado à virtude. A carne (e sangue) expõe o homem como predador de cru-eldade nata, daí o mote vegetariano: ‘carne é crime’. Mas, pergunta o cínico, se o vegetariano come vegetais, o que come o ‘humanitariano’? Qualquer alimento implica sacrifício, vegetal ou animal. Viver é sinônimo de comer, morrer, de ser comido. O boi é pasto biologicamente reciclado, ex-clorofila, vegetal em segunda instância. E a melhor carne é a do gado europeu criado a campo sem confinamento, alimentado com muito pasto e pouca ração, abatido precocemente e maturado por um dia ou dois em câmara fria, em suma, o novilho alegre cria de uma vaca que ri. O Bouef Bourguignon, como diz o nome, é um dos pratos tradicionais da Borgonha, a mesma zona dos grandes vinhos. Comer bem é indissociável do beber bem, até no plano geográfico – e como foram sábios os tupinambás que usavam a mesma palavra ‘ú’ para ambas as ações. Talvez não seja coincidência a haute cuisine, a haute couture e a haute perfumerie na mesma região. O cozinheiro parece o costureiro, seus molhos vestem e perfumam a carne, tornando-a mais apetitosa, desejável. No Boeuf Bourguignon, o cogumelo e o bacon temperam o encontro da carne com o vinho, da matéria com o espírito, do terreno com o celestial, do corte de segunda com o sabor de primeira. O leão nas saladas do Paraíso e o touro nos grelhados do Inferno morreriam de fome, mas nós somos onívoros, podemos comer de tudo. Bom que seja assim, mas na mesa da História, tal como no Boeuf Bourguignon, os vegetais são coadjuvantes, a carne, molde da espécie, é a estrela principal. FERNANDO LOKSCHIN É MÉDICO E GOURMET fernando@vanet.com.br
Viagem
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Cidade vermelha T E X T O
E
F O T O S
P O R
C R I S
B E R G E R
PRAÃ&#x2021;A VERMELHA NO ENTARDECER
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Viagem Em minutos meu avião decolava. Eu viajava sozinha para uma temporada de 18 dias na Europa que acabaria em Moscou. Uma mistura de curiosidade e medo me dominava. Senso de orientação nunca foi meu forte. Faço uma última rápida ligação para meu amigo Érico Hiller e disparo uma série de perguntas sobre Moscou: “Eles falam inglês? O que é imperdível? É fácil se localizar na cidade? É seguro?”. E então escuto a frase que seria meu mantra nesta viagem: “Perca-se na Praça Vermelha e ao redor dela”. Moscou é belíssima! A arquitetura bizantina torna a cidade tão única e majestosa... O contraste com os arranhas-céus é intrigante. O comunismo? Ficou no passado. O capitalismo reina absoluto.
CATEDRAL DE SÃO BASÍLIO Estilo Zaffari
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Viagem Sei que numa disputa de beleza entre San Petersburg e Moscou, as duas principais metrópoles russas, San Peters costuma ganhar, mas ouso eleger Moscou como a mais linda entre elas e tenho plena consciência de que isso se deve à Praça Vermelha... A PRAÇA VERMELHA Era de madrugada quando meu avião aterrissou no aeroporto internacional de Domodedovo, a 25 km de Moscou. Falar inglês não adiantou quando procurei um táxi. Então, tratei de escrever The Ritz Carlton em um papel. Minutos depois eu pagava 30 euros e estava dentro de um carro antigo. Chovia e fazia frio, era final de outubro e em breve o inverno mostraria sua real intensidade – as temperaturas chegam a -30°C. No dia da minha chegada o termômetro marcava 5°C. O carro trafegou por uma longa estrada, numa reta
A PONTE DE PATRIARSHY, PERTO DA CATEDRAL DE CRISTO SALVADOR
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que parecia não ter mais fim. Mal pude ver pela janela, respingada de chuva, os prédios que margeavam a avenida. De repente avisto, apesar da má visibilidade, o que me parece ser a tão famosa Praça Vermelha. Abro a janela ao mesmo tempo em que o motorista faz a curva para entrar na avenida Tverskayaa. Sim, é ela! Me emociono, meu cansaço evapora e a vontade que tenho é de sair a caminhar pelas ruas de Moscou. Mas o avançar das horas e a falta de conhecimento a respeito da segurança me fazem sucumbir a um banho quente e ao conforto do Ritz, considerado o melhor hotel da cidade, numa localização que não imagino poder ser melhor. No dia seguinte levantei cedo, ainda atrapalhada pelo fuso (sete horas na frente do Brasil), subi ao último andar do hotel para tomar café da manhã no Club Lounge e descobri o terraço de onde se tem uma vista de camarote para o Kremlin. Arrepiei.
A TRADICIONAL FOTO DE NOIVOS NA RUA, A POLÍCIA RUSSA, AS BONEQUINHAS MATRIOSKAS
PELAS RUAS, TRADIÇÕES E ÍCONES RUSSOS
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Viagem
O ARCO DO TRIUNFO
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LINDO DE VER: O CONTRASTE ENTRE A ARQUITETURA BIZANTINA E OS ARRANHA-CÃ&#x2030;US MODERNOS
Depois de tentar inutilmente ingressos para o Teatro Bolshoi (em reforma), me agasalhei e fui ter o momento mais emocionante da viagem: meu encontro, cara a cara, com a Praça Vermelha. O Kremlin divide holofotes com a Catedral de São Basílio, com suas cúpulas em forma de bulbos, brilhantes e coloridas. O czar Ivan, O Terrível, foi quem ordenou sua construção. Diz a lenda que depois mandou cegar os arquitetos para evitar que repetissem o projeto. Em se tratando de czares e da beleza de São Basílio, nada é de duvidar. Do outro lado da praça está o GUM, um shopping center com belíssima arquitetura e marcas de grife. Na frente dele fica o Mausoléu de Lenin. Logo chegaram as noivas para a habitual sessão de fotos, a praça encheu de turistas, os mais diferentes idiomas começaram a se fazer escutar e eu ali fotografando, meio voyer, me sentindo quase invisível, entre séculos de acontecimentos, perdida no presente...
para ser residência dos imperadores russos. Em 1917, data da Revolução Russa, foi tomado pelo povo. Nem todas as áreas estão abertas à visitação, mas o suficiente para valer o passeio. O museu da Armaria, sem dúvida, é o que há de mais surpreendente no Kremlin: uma coleção de roupas, armas, móveis, joias, tronos, coroas, carruagens, armaduras e ovos Fabergé. É de encher os olhos!
O GRANDIOSO KREMLIN Grande parte da história russa se concentra nos 30 hectares (que tomam conta de um grande quarteirão) do Kremlin, construído em 1474, por Ivan III, o Grande,
BOAS NOTÍCIAS É fácil se localizar em Moscou, mesmo sendo ela a maior cidade da Rússia, a capital do país e a sétima maior do mundo, com cerca de 11 milhões de habitantes.
PELAS REDONDEZAS DA PRAÇA VERMELHA Um conselho: saia a caminhar nas margens do rio Moscou e você terá a vista do Kremlin de um ângulo diferente. Mais adiante está a Catedral do Cristo Salvador, também de arquitetura bizantina. É emocionante ir avistando, aos poucos, as cúpulas douradas. Quando Napoleão foi derrotado, a catedral começou a ser construída em comemoração à vitória russa. Stalin a mandou destruir nos anos 30 e só em 90 ela foi completamente reconstruída, tornando-se a mais luxuosa igreja de Moscou.
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Viagem
O FAMOSO METRÔ DE MOSCOU (FOTO MENOR). NA FOTO MAIOR, O PARQUE DA VITÓRIA
SUBTERRÂNEOS QUE PARECEM PALÁCIOS, PRAÇAS AMPLAS E MAJESTOSAS
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A Praça Vermelha e o Kremlin são os dois maiores ícones e uma espécie de marco zero da cidade. Basta procurar pelos altos muros vermelhos ou por uma das cúpulas das igrejas bizantinas para identificá-los. Eles eram meus “guias” quando eu começava a dobrar muitas esquinas e já não sabia para que lado ir. Num primeiro momento você vai se assustar com as placas escritas no alfabeto cirílico (pronunciar aquelas palavras cheias de consoantes é quase impossível), mas não se assuste, na maioria delas existe o sinônimo no alfabeto ocidental. Apenas fica o alerta para sempre anotar o endereço e o local para onde você vai em ambos os alfabetos. Vale andar com um bloco de notas e caneta no bolso para mostrar ao taxista ou pedir informação na rua. O BELÍSSIMO METRÔ O metrô de Moscou (o segundo mais movimentado do mundo, perdendo apenas para Tóquio) foi construído em 1930 e tinha o objetivo de mostrar à população que o comunismo era bom para todos, com igualdade e riqueza. Quando estourou a Segunda Guerra ele acabou sendo usado como abrigo. Tive a companhia da Julia, que trabalha como guia e fala português, para fazer um tour por algumas das estações. Acho que eu estaria perdida até agora se tivesse ido por conta própria, pois não há placas em inglês e dos alto-falantes só saem informações em russo. Uma escada rolante (fique à direita, a esquerda é
para quem quer passar mais rapidamente) desce aproximadamente 30 metros (pode levar 2 minutos) e chega a corredores luxuosos com mosaicos feitos em ouro, estátuas de bronze, vitrais, paredes de mármores, lustres. Verdadeiros palácios subterrâneos. Cada estação tem seu atrativo, mas as mais surpreendentes são Komsomolskaya e Novos. MOSCOU É SEGURA? Apesar de existirem dados alarmantes de pobreza e crime organizado na Rússia (a tão falada máfia), a guia Julia me garantiu que uma mulher pode caminhar de madrugada sozinha e chegar ao seu destino em segurança. Eu sou uma "viajante-caminhante" e certa noite, depois de um passeio de barco, caminhar me pareceu uma bela opção. O clima estava gostoso, já eram 23 horas e eu estava a cerca de uma hora a pé do meu hotel. Cumpri o trajeto na maior tranquilidade, com câmera fotográfica a tiracolo. TEATRO BOLSHOI O Teatro Bolshoi é aclamado no mundo inteiro. O prédio está atualmente em reforma, com previsão de reabertura para 2013. Enquanto isso, o corpo de balé do teatro pode ser visto dentro do Kremlin. Reserve e compre seus tickets no Brasil – com antecedência você vai conseguir bons preços e lugares!
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Viagem SERVIÇO QUEM VOA
SWISS AIR – WWW.SWISS.COM
QUEM LEVA
TRAVEL WORKERS (51) 3343.5100 – WWW.TRAVELWORKERS.COM.BR
ONDE FICAR
RITZ CARLTON – WWW.RITZCARLTON.COM/EN/PROPERTIES/MOSCOW
RESTAURANTES E CAFÉS CAFÉ RAGOUT UMA MISTURA DE BISTRÔ COM PUB. AMBIENTE CLEAN E AGRADÁVEL. SERVE PASTAS, RISOTOS, CARNES, PEIXES, SALADAS E SOPAS. TEM QUEIJOS ESPECIAIS E PRATOS PARA CRIANÇAS. BOLSHAYA GRUZINSKAYA STR, 69, TEL 72864-58 XAYA NYPU UM CHARMOSO PEQUENO RESTAURANTE AMBIENTADO NUMA ÁREA RESIDENCIAL ONDE SÃO SERVIDOS CAFÉS DA MANHÃ, ALMOÇOS E JANTARES. OS PRATOS E LANCHES SÃO INSPIRADOS NA CULINÁRIA DA GEORGIA (UMA REPÚBLICA DO CÁUCASO). B. GNEZDNIKOVSKY, 10, TEL 764-31-18 CAFÉ PUSHKIN UM CLÁSSICO DA CIDADE. A DECORAÇÃO REMETE À RÚSSIA ANTIGA, ELE FICA NUMA CASA DE 1825. NO CARDÁPIO, COMIDA TÍPICA RUSSA. UMA VIAGEM NO TEMPO. ABERTO 24 HORAS. TVERSKOY BULVAR 26A, TEL 229-5590
BELAS CÚPULAS DOURADAS ME SERVIAM DE GUIA NOS PASSEIOS PELA CIDADE
CATEDRAL DE CRISTO SALVADOR (AO LADO). NESTA IMAGEM, AO FUNDO, O CONVENTO DE NOVODEVICHY.
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Viagem
PRAÃ&#x2021;A VERMELHA, TEATRO BOLSHOI E UMA MENINA RUSSA NAS REDONDEZAS DO KREMLIN
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MEU MELHOR CONSELHO? PERCA-SE AO REDOR DA PRAÇA VERMELHA. É DE ARREPIAR!
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CARLA PERNAMB UCO
Quando sobrevoo a cidade em que moro, a cidade que surgiu no topo do Planalto de Piratininga, a cidade que está entre as maiores do mundo, fico pensativa. São Paulo é imensa, interminável, expandida. Como os ingleses gostam de definir, "a huge city". Lá do alto, olhando aquela infinidade de ruas, avenidas e construções, imagino o funcionamento desse "formigueiro", as conexões dos aglomerados humanos.
w w w. c a r l o t a . c o m . b r
Como não lembrar os áureos tempos do Bar Riviera, na esquina da Rebouças com a Paulista, onde serviam sandubas maravilhosos, chopes geladíssimos e caipirinhas divinas? O paulistano trocou esses hábitos “provincianos” por serviços evidentemente mais profissionais, embora sem aquele charme. Ainda há pouco descobri outro segredo gastronômico: a casa chinesa Aska, que vende apenas dim-sum (dumplings), aquele pastelzinho delicado, cozido no vapor, com mil recheios diferentes.
FOTO: FERNANDO BUENO
Gust
Penso em quantas pessoas naquele exato momento estão dirigindo, quantas fazem amor, quantas assistem televisão, quantas se sentem sozinhas. Gosto de imaginar também sobre a força centrípeta que movimenta a cidade como um liquidificador gigante em eterna propulsão. Mesmo durante as madrugadas, o fluxo de carros é incessante e as luzes não se apagam. Quem vive em terras paulistanas entenderá melhor o que digo. Sabemos que a qualquer momento do dia vamos encontrar serviços, atividades profissionais variadas, bares repletos e restaurantes que nunca cerram suas portas. Esquecemos que existe, durante as madrugadas, uma São Paulo Nº 2: a cidade dos que trabalham, vivem ou acordam de madrugada. Depois que o avião pousa, a sensação de adentrar uma megalópole se torna mais intensa ainda – a depender do horário. Lembro que, anos atrás, existia um roteiro obrigatório para quem sentisse fome por aqui: tomar a sopa de cebola do galpão do Ceagesp, entre caminhoneiros, caixas de repolhos, flores, frutas e uma incrível animação. Isso às 04h00 da matina! Talvez a sopa nem exista mais, pois agora as pessoas preferem opções mais próximas (e menos saudáveis) para saciar a fome das madrugadas.
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MEU BALAIO PAULISTANO Devido à imensidão da cidade e à contínua multiplicação de novos lugares para se comer de dia ou de noite, apontar meus locais favoritos em São Paulo costuma ser complicado. Como esquecer aquelas pequenas cantinas, com seis ou oito mesas, que vendiam calzonne no Bixiga de noite? Todas sumiram do mapa. E aquele tiozinho especializado em churros na Zona Leste? Era apenas uma portinha, abarrotada de fregueses lambendo os beiços.
Conheço gente que não dispensa uma ida ao Mercado Municipal para ficar plantado meia hora na fila da mortadela. Outros vão comprar iguarias nordestinas no Mercado de Pinheiros, enquanto dezenas de glutões vivem em busca do pastel perfeito. O meu eleito se encontra na Liberdade, na supersimples pastelaria Yoka: trata-se do Pastel Japonês, massa crocante nada oleosa, imenso, fumegante, recheado com tofu, shitake, shimeji, cebolinha e kamaboku. Vale por uma refeição. Precisaria citar ainda um ou dois libaneses maravilhosos (Arábia e Tenda do Nilo); um estabelecimento por tuguês que nunca perde a elegância (Antiquarius); nos espanhóis, as lagostas Don Curro e o clima contemporâneo do Eñe; bistrôs franceses menos pretensiosos (e por isso melhores, como o La Casserole); os preparados judaicos da Z Deli e do Shoshi, este no Bom Retiro; o indiano Tandoor e sua aromática cozinha com ótimos pães; a simplicidade do grego Acrópoles; mais alguns italianos infalíveis (Fasano, Zena Caffè e Cantina do Pasquale). Ainda no lado das mesas orientais, o melhor teishoku da cidade
ANDANÇAS
POR
SÃOPAULO FOTO: MATIAS ARROYO
está no Shimpachi; os pratos picantes do Por tal da Coreia, o boteco nipônico Isakaya Issa e as maravilhas do Kozushi. E como definir Lourdes Hernadez, em seu A Cozinheira Atrevida, uma confraria mexicana para poucos e bons?
EÑE Rua Mario Ferraz, 213. Fone:11 3816.4333
ANTIQUARIUS Alameda Lorena, 1884. Fone: 11 3082.3015
ASKA Rua Galvão Bueno, 466. Fone: 11 3277.9682
Enumerar e listar pontos assim é tarefa árdua. Primeiro porque são incontáveis os restaurantes paulistanos. Segundo, porque cada um desenvolve métodos de farejar boa comida ou ótimos locais. Da feira de rua ao Santa Luzia, dos endereços ocultos no centro tradicional às cantinas da Lapa/Pompeia, dos japoneses em que conheço os donos aos novos locais que adoro fuçar com amigos, São Paulo é um imenso menu. Apetitoso, tentador e com mil páginas de iguarias para todos os gostos. São Paulo abre o apetite do Brasil. FOTO: MARCO TERRANOVA
TENDA DO NILO Rua Cel. Oscar Porto, 638. Fone: 11 3885.0460
TANDOOR Rua Dr. Rafael de Barros, 408. Fone: 11 3885.9470
CANTINA DO PASQUALE Rua Amália de Noronha, 167. Fone: 11 3081.0333
ZENA CAFFÈ Rua Peixoto Gomide, 1901 Fone: 11 3081.2158
ADI SHOSHI DELISHOP Rua Correia de Melo, 206. Fone: 11 3228.1252
IZAKAYA ISSA Rua Barão de Iguape, 89. Fone: 11 3208.8819
LOURDES HERNADEZ – A COZINHEIRA ATREVIDA Casa dos Cariris – restaurante de portas fechadas, só entram os que fizerem reserva pelo email guisandera@gmail.com nas datas estipuladas pelos proprietários
KOZUSHI
Rua Viradouro, 139. Fone: 11 3167.7272
ACRÓPOLES Rua da Graça, 364. Fone: 11 3223.4386
SHIMPACHI
Rua São Joaquim, 482. Fone:11 3207.3994
YOKA Rua dos Estudantes, 37. Fone:11 3207.1795
DON CURRO Rua Alves Guimarães, 230. Fone:11 3062.4712
LA CASSEROLE Largo Arouche, 346. Fone:11 3331.6283
PORTAL DA COREIA Rua da Glória, 729. Fone: 11 3271.0924
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Bom conselho POR
MALU
COELHO
MEU DIA DE FILHA Quando recordo daqueles dias em que era escolhida pela minha professora para recitar um lindo poema no Dia das Mães, sinto uma saudade dos momentos mais intensos na companhia de minha mãe. Enquanto na infância as mães eram endeusadas como Rainhas, mamães do céu, eu guardava um sentimento de culpa por sentir minha mãe de uma forma diferente. Para mim, ela era a amiga, a parceira de passeios e a companheira dos momentos de descontração e divertimento, porque nas datas em que eu recitava os poemas ela não podia estar lá. Os aplausos vinham das mãos de outras mães, mas isso não me entristecia, porque a lembrança do Dia das Mães me transporta não para a data festiva, porque ela, minha mãe, era igualmente uma professora que trabalhava nas Ilhas do Guaíba e o pouco tempo disponível impossibilitava sua participação nas atividades, mas sim para o meu Dia de Filha, quando saíamos juntas pelo Centro de Porto Alegre, visitando e experimentando os delicados e deliciosos quindins cor de girassol da Confeitaria Matheus ou quando nos permitíamos fotografar juntas, na Galeria Chaves, registrando a beleza daquela admirável mulher que eu achava muito parecida com a Elizabeth Taylor. E, na minha opinião ela era tão linda quanto a atriz. Essa era minha mãe, uma mulher trabalhadora, independente em num tempo em que poucas exerciam o direito de ter a liberdade de passear, fazer compras e usufruir de momentos felizes com suas filhas. Uma mãe das horas boas e das ruins, uma figura de proteção permanente que foi a base de construção de todos os conceitos que tenho hoje da vida. Não quero aqui desvalorizar o Dia das Mães, mas ressaltar a importância de todos nós de podermos ter um Dia de Filha ou de Filho com elas. Talvez um dia diferente que pode ser na semana que antecede a data. Experimente sair com a sua mãe para as compras! Vá a uma confeitaria, ao cinema, ao parque, descubra a mulher interessante e amiga que pode existir naquela que deu a você muitos Dias de Filho.
PARA TODOS NÓS, UM ALEGRE DIAS DAS MÃES.
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Casa
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Puro deleite POR
IRENE
MARCONDES
FOTOS
LETÍCIA
REMIÃO
ESQUEÇA AS SOLUÇÕES TRIVIAIS PARA O ESPAÇO DO BANHEIRO. ATÉ MESMO ESSE NOME, SEM CHARME ALGUM, ESTÁ CAINDO EM DESUSO. VOLTA À CENA UM TÍTULO BEM MAIS NOBRE: SALAS DE BANHO. ESTE ANTIGO-NOVO CONCEITO CARREGA CONSIGO ATRIBUTOS BEM MAIS VALIOSOS. RELAXAR, MEDITAR, DEDICAR UM MOMENTO DO DIA PARA CUIDAR DO CORPO E DA ALMA SÃO ALGUNS DELES. MAS OS TEMPOS MODERNOS PEDEM ESPAÇOS FUNCIONAIS, COM TUDO À MÃO E BEM ILUMINADOS, ONDE O DESAFIO É TRANSFORMAR OS POUCOS MINUTOS LIVRES EM PURO DELEITE. OS PROJETOS ASSINADOS POR TRÊS RENOMADOS ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA DE PORTO ALEGRE REVELAM COMO TORNAR ISSO POSSÍVEL.
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Casa
AFINAL, JUNTO OU SEPARADO? O box com dois chuveiros de teto e iluminação dicroica com filtro azul (ideal para relaxar) tem também duas aberturas. Isso porque uma passagem leva para o lado feminino e a outra, para o lado masculino da sala de banho. Preservar a individualidade do casal sem acabar com a intimidade foi o grande desafio deste projeto, comandado pelo escritório de arquitetura Maria Christina Rinaldi. A moradora ganhou uma área maior, com direito a bancada de maquiagem revestida com mármore branco João Moura e poltrona de policarbonato com design de Philippe Starck. Já o marido ficou com espaço suficiente para ter um balcão com cuba, tulha, portas e gavetas e uma espelheira com nichos para organizar os apetrechos de banho e barba. Tudo bem resolvido em 12 m² de área.
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Ăntimo
Casa
SALA DE BANHO INTEGRADA AO QUARTO
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A moradora deste apartamento em Porto Alegre desejava que a área da banheira fosse uma extensão do seu quarto. A boa ideia foi prontamente acolhida pelo escritório de arquitetura Susi Ribeiro & Wagner Maciel. A inspiração retrô que marca o projeto partiu, acredite, do piso que reveste a moradia: tábuas de madeira de demolição de Pinho de Riga. “Esse acabamento imprimiu tanta personalidade ao imóvel que muitas escolhas partiram dele”, explica Susi. Bom exemplo é a imensa bancada também de madeira de demolição que recebe a cuba. A banheira, apesar de ter essa carinha antiga, faz parte de uma coleção de louças bem atual. O chuveiro não ficou de fora do projeto. Mas esse sim fica recluso no espaço que habitualmente chamamos de banheiro.
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Casa
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PARA RELAXAR, MAS COMO MUITA PRATICIDADE
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A banheira de hidromassagem não deixa dúvidas: este espaço foi criado para oferecer momentos de relaxamento. A brancura etérea das imensas placas brancas de mármore Absoluto transmite uma agradável sensação de tranquilidade. Efeito reforçado pelas lâmpadas led azuis – usadas para cromoterapia. Livro de ioga, incensos e esculturas budistas deixam mais pistas pelo caminho. Tudo aqui é baseado na filosofia Yin-Yang. Até mesmo a dualidade do preto e branco, que marca o projeto executado pelo escritório Cristina Leal Arquitetos Associados, de Porto Alegre. Marcenaria pra lá de funcional garante ordem e praticidade ao espaço. Mimo é o carrinho de apetrechos que pode ser deslocado para o closet. Mimo maior ainda é a coleção de perfumes Hermès da moradora.
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A AmĂŠrica
que descobri T E X T O
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NA FRONTEIRA DO CHILE COM A BOLÍVIA, O ALTIPLANO SE ESTICA ALÉM DO QUE PODEMOS VER. FICA CLARO QUE ALI A NATUREZA NÃO RECONHECE ESSAS LINHAS IMAGINÁRIAS QUE O HOMEM CRIOU PARA SEPARAR POVOS E NAÇÕES.
FOTO ABERTURA: AS LUZES DA MANHÃ COMEÇAM A PINTAR O CAMINHO EM DIREÇÃO À MONTANHA MAIS ALTA DA AMÉRICA DO SUL. “EL TECHO DE LAS
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OS INCAS FORAM UMA DAS MAIS AVANÇADAS CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS, DEIXANDO UM RICO LEGADO PARA A ARQUITETURA, AGRICULTURA, ARTE. NO VALE SAGRADO, NO PERU, TODOS PARECEM SE ORGULHAR DESSA DESCENDÊNCIA.
AMERICAS”, COMO É CONHECIDO O ACONCÁGUA, DEVOLVE EM FORMA DE BELEZA TODO O ESFORÇO QUE EXIGE DE QUEM O DESAFIA.
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O MUNDO SERIA OUTRO SE O RITMO OFICIAL FOSSE DITADO PELO CARIBE. EM CARTAGENA, NA COLÃ&#x201D;MBIA, TUDO NOS INFLUENCIA: O CALOR, AS CORES, OS CHEIROS E A SENSUALIDADE. O PRAZER PARECE MAIS LATENTE.
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NO DESERTO DE SIOLI, NA BOLÍVIA, O SILÊNCIO PASSA A SER A PRÓPRIA VOZ. O LUGAR TAMBÉM ATENDE POR “DESERTO SALVADOR DALÍ”, POR FORMAR IMAGENS SURREAIS A 4.700 METROS DE ALTITUDE.
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GRUPO RECORD. MOSTRANDO CADA VEZ MAIS DO RIO GRANDE PARA OS GAÚCHOS. Quem é daqui já sabe: tem três jeitos para descobrir tudo o que acontece no Rio Grande do Sul. Por isso, os gaúchos mais bem informados estão sempre ligados na TV Record, no Correio do Povo e na Rádio Guaíba. Com três veículos tão focados no que os gaúchos querem e precisam saber, fica fácil entender por que este é um dos estados mais cultos e bem informados do Brasil.
MAIS DE 5 HORAS DE JORNALISMO LOCAL. NENHUM CANAL É MAIS GAÚCHO QUE A RECORD.
UM GRANDE JORNAL NÃO PRECISA SER UM JORNAL GRANDE.
A s s i n e : 3 2 1 6 .1 6 0 6
HÁ 54 ANOS SINTONIZADA COM TODAS AS GERAÇÕES.
Ser & Vestir ROBER TA GERHARDT
Ter um estilo pessoal bem definido é crucial ao homem moderno, isso todo mundo já sabe. Mas vejo que poucos se atentam para a questão prática, ou seja, não estão focados em como alcançar e principalmente manter este estilo pessoal num cotidiano sempre tão corrido. Que saber o segredinho? Pois por incrível que pareça, ele se encontra na organização do seu guarda-roupa. Isso mesmo. Você precisa ter um guarda-roupa acima de tudo eficiente. Assim, não basta você acertar nas compras, saber exatamente o que lhe veste bem e quais são as marcas que mais correspondem às suas necessidades, se você não tiver uma visualização fácil e que permita você ter sempre em mente o seu acervo pessoal. Para construir um guarda-roupa realmente eficiente, você precisa pensar no seu armário por grupos: crie um espaço específico para as peças básicas – de verão e de inverno; outro para as peças da moda e, por fim, reserve um local específico para os acessórios – cintos, gravatas, echarpes, lenços, cachecol, calçados, pastas. Há homens que também gostam de criar ainda uma subdivisão para tais grupos: o guarda-roupa de trabalho e o social/casual. Este guarda-roupa impecável também precisa ter presente a necessidade de manter uma gama de cores predominante para facilitar as escolhas e composição de looks. A prática demonstra que os homens, independente do estilo, geralmente precisam ter em média 70% de tons neutros – cinza, branco, preto, marinho e cáqui –, 20% de cores fortes – geralmente as primárias – e o restante é composto de estampas. Tanto as cores fortes como as estampas variam muito de acordo com a paleta de cores pessoal e o estilo. Quando você cria um sistema de organização no seu armário, você vai notar o quanto ele se torna um grande aliado, seja na hora de fazer a lista de compras para os grupos que efetivamente precisam de atualizações, seja na hora de construir novas opções com as peças que você já tem. Pode ser trabalhoso criar o sistema, mas garanto que você irá poupar tempo e dinheiro assim que colocar em prática o que chamo de guarda-roupa eficiente.
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OS ACESSÓRIOS TRANSFORMAM LOOKS E PODEM DEIXAR O SEU VISUAL COM UMA ASSINATURA PESSOAL INTRANSFERÍVEL. MAS ATENÇÃO: SÓ SE ELES ESTIVEREM BEM CUIDADOS. ASSIM, PROCURE CRIAR O HÁBITO DE REVISÁ-LOS E PROVIDENCIAR TRATAMENTO ESPECIAL PRINCIPALMENTE NAS PEÇAS DE COURO E NOS METAIS.
dicas imperdíveis
ESTILO E EFICIÊNCIA NO GUARDA ROUPA
OS TRICÔS E AS PEÇAS DE MALHAS PRECISAM SER GUARDADOS SEMPRE DOBRADOS PARA NÃO PERDER A FORMA; E OS CASACOS EXIGEM CABIDES ADEQUADOS DE ACORDO COM TAMANHO DE OMBROS. EVITE GUARDAR SEUS CASACOS E TERNOS EM CAPAS DE PLÁSTICO. ESCOLHA CAPAS DE FELTRO PARA DEIXAR OS TECIDOS E COUROS "RESPIRAREM" E EVITAR O DESCONFORTO DO MOFO QUE ACABA COM SUAS ROUPAS.
ANTECIPE A TENDÊNCIA: PANTALONAS OVERSIZED Depois da febre das calças skinny – que ainda se mantém forte –, das carrot pants e do modelo boyfriend, agora é a vez das pantalonas oversized. Tanto as passarelas como as vitrines das melhores grifes internacionais do momento na Europa estão apostando nesta tendência. A pantalona oversized é uma calça de modelo pantalona tradicional que você já conhece, porém, para ser atual, ela precisa parecer pelo menos dois números acima do seu tamanho normal. Sim, a ideia é que fique realmente bem solta no seu corpo e com um charmoso movimento, quase parecendo uma saia longa. A tendência é tão forte na Europa que certamente será febre logo mais no Brasil, por isso, vou dar algumas dicas para você aderir a ela, respeitando o seu estilo pessoal e tipo físico. A maior parte dos estilistas europeus sugere a combinação pantalona oversized com uma blusa bem justinha, para trazer um equilíbrio à silhueta - já que o volume exagerado concentrase abaixo da cintura. Blusas e tops de couro bem justo são as preferidas e as mais vistas. Entretanto, quem tem pouca cintura ou a indesejada barriguinha certamente vai precisar de um complemento que disfarce a barriga e crie a ilusão óptica de cintura. Nesse caso, sugiro incluir ao look um charmoso casaqueto acinturado, de preferência de cor forte; ou mesmo um paletó, que pode ser de tecido metalizado para dar um arrojo e acompanhar outra grande tendência do momento na Europa. Quando usado fechado, alonga ainda mais a silhueta. Mulheres de baixa estatura costumam acreditar que nunca podem fazer uso da prática calça pantalona, ainda mais essa oversized, que tem um volume proposital e bem extravagante. Mas com cuidado é possível vestir sim. O segredo é construir um look monocromático, isto é, vestir, todas as peças seguindo a mesma gama de cores, evitando contrastes. E escolher sempre cores neutras – como o bege, o caramelo, o marfim – em tecidos opacos, para ficar discreto. Eis aí uma excelente alternativa para você inovar seus looks nesta temporada outono-inverno, sem cair na obviedade das passarelas nacionais. Aproveite e antecipe! ROBERTA GERHARDT É CONSULTORA DE MODA E ESTILO E COMPORTAMENTO robertagerhardt@terra.com.br
dicas imperdíveis
QUEM TEM MUITO QUADRIL PRECISA EVITAR A PANTALONA OVERSIZED, POIS ELA REALMENTE MARCA MUITO TUDO O QUE PRECISA SER DISFARÇADO. NÃO TEM JEITO. AO COMPRAR SUA NOVA PANTALONA, EXIJA SEMPRE MODELOS DE CALÇAS QUE TENHAM UM EXCELENTE FORRO. É DESELEGANTE MARCAR CELULITE E A LINGERIE.
CUIDADO COM O COMPRIMENTO DA SUA PANTALONA OVERSIZED: NADA DE CALÇA CURTA. PARA FICAR ELEGANTE E VALORIZAR SEU TIPO FÍSICO, ELA PRECISA ESTAR SEMPRE NA ALTURA LOGO ABAIXO DO OSSINHO DO CALCANHAR.
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Vida de
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EM BUENOS AIRES
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UM AUTÊNTICO PALÁCIO DOS ANOS 30 ABRIGA 98
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O relógio marca uma da madrugada. O silêncio predomina no bar de um dos endereços mais chiques de Buenos Aires, o Hotel Alvear Palace, localizado no coração do bairro da Recoleta. O habitual burburinho do som de muitas vozes e da presença de renomados políticos, ilustres figuras do cinema argentino, elegantes senhoras do jet set e belíssimas modelos não se escuta nesta hora da noite. Fica mais fácil observar a arquitetura clássica do hotel, o excelente estado de conservacão e a riqueza dos estofados, móveis de época, tapetes, cortinas, lustres, louças e cristais. Cada detalhe é impecável. O Alvear não para. Há o concorrido brunch de domingo, os fartos cafés da manhã, os almoços, os delicados chás da tarde, os jantares, os banquetes, todos servidos em sequência. A rapidez e eficiência com que as mesas são montadas (e desmontadas) é impressionante. Num piscar de olhos muda o cenário. Da cozinha saem os carrinhos com belas peças de prataria trazendo diversos tipos de peixes, carnes, massas, saladas, acompanhamentos e sobremesas, tudo com uma apresentação irretocável. Um “exército” de garçons de luvas brancas monta as mesas com rigor e absoluta precisão ao posicionar os talheres de prata, guardanapos alinhados aos pratos de porcelana e copos de cristal. Em cada mesa, um vasinho de porcelana delicada com flores frescas completa o requinte do cenário. Grandes executivos fazem check-in a todo momento. Casais em lua de mel e famílias escolhem o Palácio para viver Buenos Aires em grande estilo. Os clientes são fiéis. Quem provou do atendimento do Alvear volta sempre. Afinal, quem não gosta do conforto de ter um butler (mordomo) disponível para tornar sua estada ainda mais especial? Na chegada, ele desfaz sua mala, pendura suas roupas e pergunta se você deseja que alguma peça seja passada a ferro. Você, então, se lembra do jantar marcado para aquela noite no restaurante La Bourgogne, do premiado chef Jean Paul Bondoux, que fica dentro do hotel. Sim, o butler pode mandar passar o seu vestido.
O CHARMOSO E REQUINTADO HOTEL ALVEAR Estilo Zaffari
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No banheiro do apartamento você encontra mimos e utilidades da marca Hèrmes, em lindas embalagens verde-musgo. Logo seus olhos encontram a televisão de plasma instalada diante da banheira. Claro, meia horinha será destinada a um relaxante banho de imersão, acompanhado de um copo de vinho e alguma distração na telinha. Sair da cama será uma tarefa árdua. A maciez dos lençóis vai convencer a ficar mais um pouco e a cama espaçosa deixará você se espreguiçar com vontade. Tudo isso é incrível, mas o que mais fascina no Alvear é seu aroma. Nos corredores, sprays espalham o perfume desenvolvido com exclusividade para o Alvear. Quem se apaixonar pelo cheirinho do hotel pode comprar o perfume e levar para casa. O aroma delicioso vai trazer belas lembranças dos seus dias de rei! Nos quartos, você terá flores e frutas frescas não apenas no dia de chegada, mas durante toda a sua estada. Imagine que há um setor que cuida com exclusividade das 2.400 flores que por mês enfeitam o hotel. Deus está nos detalhes... Se dentro do Alvear o mundo de mordomias, gentilezas e beleza fascina, você gostará de saber que a vizinhança acompanha o bom padrão. A poucos pas-
LOUÇAS LIMOGES, PRATARIA, GARÇONS DE LUVAS BRANCAS, FLORES NATURAIS: BONS TRATOS DO ALVEAR PALACE
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sos da entrada principal do hotel estão as melhores lojas de grifes internacionais instaladas na capital portenha. O shopping Patio Bullrich fica a poucas quadras e igualmente oferece as melhores marcas. No final do dia de compras e passeios pela cidade, pare um minutinho antes de entrar no hotel, observe a beleza do prédio dos anos 30, veja o quanto você está bem localizado na avenida Alvear. Sorria e siga em frente. Para relaxar e se preparar para a noite, o melhor a fazer é marcar uma massagem no SPA (quem sabe um tratamento La Prairie?) e mergulhar na piscina com hidromassagem. A noite é uma criança, você está hospedado em um palácio e desfruta da vida de um rei. Aproveite! SERVIÇO
AMBIENTAÇÃO SOFISTICADA E CLÁSSICA, NOBREZA EM TODOS OS MATERIAIS. E UM SPA DA GRIFE LA PRAIRIE
QUEM LEVA OURO E PRATA – WWW.OUROEPRATATURISMO.COM.BR
ONDE FICAR ALVEAR PALACE – WWW.ALVEARPALACE.COM
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Equilíbrio CHE RRIN E
C A RD OS O
PARE E RESPIRE! Você já se deu conta de que só por parar alguns instantes e executar uma respiração mais profunda, isso naturalmente permite que você adquira um pouco mais de energia e disposição? Pode não parecer, mas é pela respiração e conscientização desse ato que você se dá um pouco mais de vida. Se dá, de maneira involuntária e desde que nasceu, um sopro a mais de saúde! Pense o quanto você agradeceria se, nos instantes finais de sua vida, pudesse fazer um pedido. O que será que você pediria? Eu pediria mais ar! É pela respiração, esse ato natural do seu corpo, que você está vivo. É a respiração que te mantém ativo, com o organismo funcionando, e tudo em perfeita harmonia dentro de você. Observe-se por alguns instantes e verifique o seu inspirar e expirar. Será que você poderia respirar de uma maneira ainda melhor e eficiente? Eu nem estou à sua frente, mas já posso afirmar com toda certeza que sim. Quando envelhecemos limitamos nossa capacidade pulmonar. Alguns condicionamentos e registros do nosso inconsciente fazem com que a respiração e absorção do ar pelo nosso corpo sejam menores do que aquelas que o órgão responsável pelo armazenamento e distribuição desse oxigênio está capacitado a receber. Seus pulmões, que não têm apenas um e sim dois hemisférios, possuem um espaço enorme para absorver uma quantidade inimaginável de ar, e você pode reeducar-se para fazer uso disso! De acordo com o Wikipédia, nós temos uma capacidade pulmonar que corresponde a mais ou menos 6
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litros, isso em nossa fase adulta. Na realidade, só cerca de 70% desse volume chega mesmo aos alvéolos. Quando inspiramos ou exalamos forçadamente, o volume de ar que expelimos pode chegar a 5 litros. Imagine como estamos desperdiçando, por uma respiração errada, uma quantidade enorme de capacidade vital e energia. As técnicas que os yôgis desenvolveram na Índia antiga há mais de 5 mil anos, e que praticamos hoje, aumentam sua consciência no ato de respirar. Fazem você observar que não precisa puxar o ar só com o alto do tórax e que inspirar e expirar apenas pelas vias nasais (afinal, o nariz tem duas aberturas e está no seu rosto para este propósito) te proporcionará um resultado muito mais eficaz desse ato. Juntamente com o ar que você respira você absorve também aquilo que no Yôga chamamos de prána. Prána é todo tipo de energia manifestada biologicamente, está
AGORA PODE CONTINUAR contido no ar, no alimento, na água, nos raios do sol, na atmosfera, ou seja, em tudo o que está a sua volta. E é esse prána, essa bioenergia, que absorvida de forma mais consciente produzirá em você um aumento considerável de vitalidade, energia e longevidade. Ao prestar atenção na sua respiração, buscando com ela absorver um acúmulo maior de bioenergia, você sentirá gradativamente um aumento de disposição e certamente, por meio disso, conseguirá realizar muito mais coisas em sua vida. Um rendimento maior nos esportes, no trabalho, nos estudos. Esse prána é visível. Você pode fazer um teste e ver se o enxerga. Vá a um ambiente externo, feche seus olhos por alguns segundos, faça algumas respirações nasais e profundas, e em seguida abra os olhos e mire-os no céu (não volte seus olhos pro sol). Deixe o olhar parado por alguns instantes (se estiver em algum lugar com vegetação e plantas talvez seja mais fácil) e, em seguida, observe que começam a surgir inúmeros pontinhos prateados, como se seus olhos estivessem embaçando ou criando essas partículas devido à parada do olhar. Pois bem, isso é prána. São esses pontos luminosos que nós absorvemos quando respiramos, mas não nos damos conta disso. Nunca nos ensinaram na escola que devemos observar o ar que respiramos. Menos ainda que é devido a ele que gerenciamos nossas emoções, aumentamos nossa vitalidade interna, ganhamos mais saúde. Para começar a respirar melhor, vou dar uma dica e a partir dela você pode fazer uma escolha, a de buscar um meio de reaprender a respirar! A dica é a seguinte: sentado (onde quer que você
esteja lendo esta coluna), você vai fechar os seus olhos e observar por alguns instantes como é a sua respiração. Ela está nasal? Está profunda? Lenta? Ao inspirar você está apenas inflando sua caixa torácica ou sente que o ar vem lá da região abdominal? Se nenhuma das coisas acima citadas estiver ocorrendo, então sugiro que você busque reaprender a respirar o quanto antes! A respiração completa consiste em você puxar o ar desde a região baixa de seus pulmões até a alta, inspirando e projetando o abdômen para fora, dilatando o músculo do diafragma e com isso expandindo suas costelas, trazendo o ar até o alto do tórax. Essa é a respiração correta. E ao exalar? Faça a mesma coisa, mas pelo caminho inverso. Se depois de alguns ciclos executando esta técnica simples você sentir uma grande diferença na sua sensação corpórea, isso não será mera coincidência! A opção de escolher mais qualidade de vida para os seus dias depende exclusivamente de uma única pessoa: você. Existem muitas atividades que contribuem para o aumento de vigor e vitalidade, mas para todas elas você precisa de uma coisa essencial: respirar. Lembre disso! NASCIDA EM SÃO PAULO, CHERRINE CARDOSO É FORMADA EM JORNALISMO PELA UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI. FEZ ESPECIALIZAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA E EM MARKETING. HOJE É DIRETORA DE UMA DAS ESCOLAS DA REDE DEROSE EM PORTO ALEGRE. NA UNIDADE MONT'SERRAT ELA DIFUNDE, POR MEIO DE UMA PROPOSTA DE LIFE STYLE COACHING, UM JEITO DIFERENTE DE SE CUIDAR E DE VIVER. WWW.DEROSEPORTOALEGRE.COM.BR
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mulheres que amamos
INAUGURAMOS ESTA SEÇÃO NA EDIÇÃO PASSADA, E ELA JÁ FEZ UM ENORME SUCESSO. O NOME MULHERES QUE AMAMOS NÓS ROUBAMOS DA REVISTA PLAYBOY, MAS AS NOSSAS AMADAS VÃO APARECER AQUI SEMPRE BEM VESTIDAS. E MUITO BEM FALADAS! AS ELEITAS DESTA EDIÇÃO SÃO A ESCRITORA-POETISAPUBLICITÁRIA PAULA TAITELBAUM E A QUITUTEIRA-CHEF-ARTISTA NEKA MENNA BARRETO. PARA APRESENTAR CADA UMA DELAS, CONVIDAMOS PESSOAS QUE TÊM O PRIVILÉGIO DE CONVIVER COM ESTAS DUAS MULHERES ESPETACULARES. OS TEXTOS SÃO VERDADEIRAS DECLARAÇÕES DE AMOR. ELAS MERECEM.
COMO PAULA Paula se derrama vertical, esguia, falsa esquálida, no esquadro e no compasso. Paula a largos passos nas calçadas e esquinas, mulher do futuro com traços do passado. Biscuit da feira de San Telmo sob um feixe de luz outonal, reluz no tabuleiro, secreta entre as quinquilharias baratas. Paula, mulher à Modigliani: a alquimia do verbo transmutando terracota em raro mármore de Carrara. Paula se veste de palavras e se desnuda em público, sem pudores falseados. Deixa cair uma peça das vestes, prega peças, faz troça do pecado. Paula, galgo de bronze, galga a escadaria do salão de espelhos da mansão imaginária. As cortinas esvoaçam, o jardim de perfumes entre as frestas. Sacerdotisa pagã deslizando entre as fontes, as ânforas e o âmbar... Paula, sintética como haikai de Kerouac, caudalosa como prosa de francês do 19. Paula poeta de ossatura ereta, as palavras certeiras como seta. Clara Paula, é claro. Paula claraboia, Paula vagalume, ao sabor das vagas, soprando o lume entre as vigas dos verbos vigorosos e dos versos reflexos. Paula acrobata, mulher-bala, cujo cântico louva os píncaros, desata o nó que ata ao mastro e descerra a cera dos ouvidos. Paula rosa lilás, botão em flor entre as pernas. Paula beija-flor, cândida, lânguida entre os lençóis de linho em desalinho, espreguiçando-se, entregue, inteira, íntegra. Paula na espreguiçadeira à luz da luminária decó, decorando Shelley. Paula vestida de nuvens, fosforescente ao luar nas cachoeiras das serranias do Cipó. Troca de pele na prateleira dos brechós. Polaca dos guetos de Varsóvia estilhaçados como cristais noturnos, ecoa silvos remotos em rima rica da pobre gente de Chagall. Paula, onírica, entre violinistas verdes e bois voadores e homens-xícara. Germânica valquíria dos becos de Berlim ressoando a marcha dos que vieram dar com os costados no Bom Fim, nos campos da Redenção, nas várzeas verdes dos vales do fim do mundo, onde os sinos dobram e os rios imitam o Reno. Paula meu seguro porto alegre. Sanduíche de realidade de ervas finas surreais, guloseima para saborear sem gula. Paula, como aspargos com shitake. Como Paula, como Paula, como Paula.
EDUARDO BUENO, ESCRITOR (E MARIDO DA PAULA) 106
Estilo Zaffari
PAULA TAITELBAUM
mulheres que amamos NEKA SAPECA Como vivemos na mesma cidade, estou sempre topando com a Neka. No Natal, ela esteve aqui em casa, na forma de um pão de figos e nozes, que nos fez acreditar que Papai Noel não apenas existe como andou lá entre os turcos. Ô meu Saleh! Em festas de casamento eu encontro ela direto. Basta o evento ter charme, um cheirinho de alecrim no ar, uma folhinha de ouro servida na entrada, batata, ali está a Neka. Jantares de gente bacana, quando tem alguém ajoelhado ao lado da mesa: Neka. Ouviu um comentário sobre o sabor exótico da caipirinha? Lá está a Neka. A Neka é tão surpreendente que deu os ares e as graças no meu pic-nic de aniversário, assim sem mais. Chegou com um sorriso enorme, um lenço enrolado na cabeça – a cara dela – e uma roupa toda branca,um iogue-chic style que só ela tem. Certa vez inspiramos e expiramos várias vezes o mesmo oxigênio, numa prática de ashtanga, e eu pude ver na prática a disciplina e a disponibilidade física e mental que ela tem. Uma das poucas vezes em que estive na sua casa, tirei os sapatos para entrar. Ela tem um ofurô bem no meio da sala – será que podia contar? Dentro da sua intimidade moram objetos do mundo todo. Imagens de quem esteve lá em carne e osso. Quando você entra no site da Neka Gastronomia, vê a animaçãozinha de um bonequinho indo de encontro a um coração. Isso é a Neka. Antes de quituteirachef-gourmandise-ulahlah, a Neka é esse feliz e saltitante coração. Não tem receita, só quem fala com os sentidos, é fiel a sua essência e intuição faz coisas extraordinárias. A Neka faz. Assim rápido, na ponta da língua, eu tenho algumas palavras para a Neka. Palavras que rimam, mas só um pouquinho: Neka boneca. Neka sapeca. Neka moqueca. Neka levada da breca. Neka querida. Neka amiga. Neka do coração.
TETÊ PACHECO, PUBLICITÁRIA (E AMIGA DA NEKA) NEKA MENNA BARRETO
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Palavra
LUÍS AUGUSTO FISCHER
“O” CIÚMES E O AMADINHO Não sei se o prezado leitor já percebeu, mas acontece uma manha esquisita na linguagem de nossos dias, nessa matéria de ciúme: é considerar “ciúmes” como sendo invariável, ou melhor, como sendo uma dessas palavras peculiares, que têm “s” no fim mas não exigem as flexões de concordância no plural, feito “ônibus”. Tem cabimento? Por mim, não tem nenhum. Tem a palavra no singular, “ciúme”, e tem seu plural, “ciúmes”; parece que a língua atual está encarando a unidade como sendo “ciúmes”, como se fosse palavra feito exéquias, bodas, pêsames, alvíssaras, núpcias, férias, primícias, condolências e mesmo, perdoada a grossseria, fezes, palavras sempre usadas na forma plural, não havendo singular corrente (não se usam exéquia, pêsame, alvíssara, etc., e só em contextos específicos se usam boda, núpcia e féria – e não há uma fez, jamais). Qualquer dessas formas exige a concordância no plural. Então por que raios é que a gurizada escreve “o ciúmes”? A origem pode ser a frase ter ciúmes, que é como se diz; mas o sentimento é o ciúme, singular. É não; era. Fui agora mesmo ao google para averiguar rapidamente o uso: teclei entre aspas “o ciúmes”, apenas em língua portuguesa, e apareceram nada menos que 113 mil ocorrências. Cito uma: “Dra. Margareth L. Eidt acredita que o ciúmes está intimamente ligado as questões de confiança e desconfiança”, frase em que ainda por cima falta um sinal de crase. Outra: “Mas o ciúmes reprimido será mais forte e prejudicial para a criança do que se tivesse ...”. Outro caso ainda: “Pelo visto ele gosta muito de você, pois o ciúmes em partes é o medo de perder uma pessoa que se gosta muito...”. Nesta frase, por sinal, tem outro plural novo na língua: até há pouco, alguém concordava em parte com algo, mas agora se concorda, para meu espanto, em partes. Quer dizer: aí está uma alteração na língua portuguesa atual. “Ciúmes”, não como “bodas” mas como “ônibus”, está sendo entendido como uma palavra que termina em “s” mas não tem número marcado,
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Estilo Zaffari
sendo portanto encarada como substantivo singular. Sou contra, não os ciúmes, que fazem parte da vida e, na minha velha opinião, são plurais; sou contra a mudança, que talvez nos atropele a todos, mesmo assim. Por outro lado, mas no mesmo campo semântico dos afetos, já viu como hoje em dia atendentes de telefone usam chamar a gente de amado, amadinho, querido, assim à toa? Me aconteceu esses dias: liguei para uma repartição pública, em busca de determinada informação, e a senhora lá me diz assim: “Olha, amado, eu vou ver isso pra ti”. Amado? Eu? Mas ela nem me conhece? Claro que pode ser apenas um exagero da criatura essa, que em vez de “prezado”, antigo e mais manso, resolveu radicalizar e chegou ao “amado”, sem passar pelo “estimado” e pelo “querido”. Fazer o quê? Estranho, mas não vou reclamar para a senhora; imagina eu dizendo: “A senhora vai me desculpar, mas eu sou amado só da minha mulher, está ouvindo? Só dela!”. E o pior é que em certo momento ela chegou ao “amadinho”, não estou brincando. É um pouco demais, não? Amadinho é filho, marido, namorado. Como cortesia, é claramente uma descabida forçação de barra. (Eu gosto muito da palavra “forçação”, com dois cês com cedilha, em sequência.) Tudo se completa com outro susto meu, em outro telefonema, para outra repartição. Ligo e o sujeito me instrui: “Olha, meu garoto, tu faz o seguinte”. Eu, garoto dele? É que a minha voz parece de adolescente? Até disse para ele que, com meus mais de 50 anos, ficava honrado com o “garoto”, imaginando que ele pararia com o tratamento. Ledo engano: ele repetiu tudo, no restante da conversa. E eu desliguei com uma estranha sensação de estar ficando velho. LUÍS AUGUSTO FISCHER, PROFESSOR DE LITERATURA E ESCRITOR