Avanços na Fronteira do Conhecimento em Ciências Farmacêuticas
Avanços na Fronteira do Conhecimento em Ciências Farmacêuticas
Reitor: Fernando de Sá Del Fiol Pró-Reitor Acadêmico: José Martins de Oliveira Junior Pró-Reitor Administrativo: Rogério Augusto Profeta
Editor Wilton Garcia Conselho Editorial Cristiane de Cassia Bergamachi Motta João Paulo Lopes de Meira Hergesel João Grandino Rodas José Martins de Oliveira Junior Marco Vinicius Chaud Maria Ogécia Drigo Monica Martinez Rafael Angelo Bunhi Pinto Wilton Garcia Comissão Organizadora José Martins de Oliveira Junior Luciane Cruz Lopes Yoko Oshima-Franco Comissão de Apoio Técnico Edson Martin Feitosa Jéssica de Almeida Bastida Raszl Jorge Leonardo Chitolina de Góes Millene Sanches Matos Roseli Rocha Carvalho Teresa Cristina Lima Camargo Vilma Franzoni
José Martins de Oliveira Junior Luciane Cruz Lopes Yoko Oshima-Franco (Organizadores)
Avanços na Fronteira do Conhecimento em Ciências Farmacêuticas
Sorocaba/SP Eduniso 2014
Avanços na Fronteira do Conhecimento em Ciências Farmacêuticas Copyright © 2014 dos organizadores do livro, cedido para esta edição. Capa: Luiz Fernando Almeida Santos Diagramação: Entrelinhas Editorial Normalização: Vilma Franzoni Projeto Gráfico: Entrelinhas Editorial Revisão: Entrelinhas Editorial Secretaria: Silmara Pereira
Ficha Catalográfica: Avanços na fronteira do conhecimento em ciências farmacêuticas / organizadores, José Martins de Oliveira Junior, Luciane Cruz Lopes, Yoko Oshima-Franco; autores Marta Maria Duarte Carvalho Vila ...[et al.]. -- Sorocaba: EdUniso, 2014. 308p. ISBN: 978-85-61289-23-2
1. Farmácia – Estudo e ensino. 3. Pós-graduação em ciências farmacêuticas – UNISO. I. Oliveira Junior, José Martins. II. Lopes, Luciane Cruz. III. Oshima-Franco, Yoko. CDD 615.1
Todos os direitos desta edição reservado à EDUNISO: Editora da Universidade de Sorocaba Rodovia Raposo Tavares, KM 92,5 18023-000 Vila Artura - Sorocaba / SP – Brasil Fone: 15 – 2101 7018 http://www.uniso.br E-mail: edunisoeditorauniso@gmail.com
SUMÁRIO
Apresentação................................................................................ 07 Conferências................................................................................. 09 Pesquisas...................................................................................... 43 Corpo docente..............................................................................321 Autores.........................................................................................323
APRESENTAÇÃO
O Brasil tem experimentado transformações sociais muito intensas. Temos vivido um crescimento econômico importante, com aumento no mercado de bens duráveis, de imóveis e, especialmente, na escolarização de nossos jovens e adultos. Há dez anos, em 2003, tínhamos 3,5 milhões de jovens entre 18 e 24 anos matriculados no ensino superior. Em 2013, esse número dobrou. Já são sete milhões de matrículas, com expectativa de mais uma duplicação nos próximos anos. Há uma educação formal superior crescente, indicadores econômicos pujantes, e, na contramão desse crescimento, experimentamos um pífio indicador de inovação em ciência e tecnologia. Inúmeros rankings nacionais e internacionais têm mostrado que o país tem diminuído sua posição na inovação, ocupando espaços, que variam conforme o indicador, entre o 40º e o 60º lugar no mundo. Ressalte-se a distância numérica, pois temos a sétima economia mundial mas ocupamos a 60ª posição em inovação. Esse descompasso é traduzido em uma dependência tecnológica que amarra nosso crescimento e atenta contra nossa soberania enquanto nação. Recentes políticas de internacionalização das universidades, como 7
Apresentação o Programa Ciência sem Fronteiras, poderão, a médio e a longo prazo, garantir a formação de talentos, para buscar alguma independência científica e tecnológica para nosso país. A Universidade de Sorocaba, acreditando na necessidade de se investir em conhecimento, tem, ao longo de seus 19 anos de vida, incentivado a pesquisa científica, por meio de seus programas de Pós-Graduação. E o Curso de Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Uniso, que completou, em 2013, cinco anos de existência, já publicou, apenas nos últimos quatro anos, mais de 120 artigos, sete livros e mais de 65 capítulos de livros. Nesse mesmo período, os recursos arrecadados em agências de fomento somaram mais de dois milhões de reais. Os números são impactantes, evidenciando que o nosso Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas tem cumprido o seu papel social na produção do conhecimento e na formação de pesquisadores. A obra, que aqui apresento, mostra um pouco do muito que o Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade de Sorocaba tem realizado em seus apenas cinco anos de idade. Nosso produto é o conhecimento a serviço de nosso país. Prof. Dr. Fernando de Sá Del Fiol
8
CONFERÊNCIAS
CINCO ANOS DE ATIVIDADES DO CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DA UNIVERSIDADE DE SOROCABA: DESAFIOS E CONQUISTAS Marta Maria Duarte Carvalho Vila Silvio Barberato Filho
Neste ano de 2013 o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências Farmacêuticas da Universidade de Sorocaba (PPGCF-Uniso) comemora cinco anos de atividades, marcados por importante trajetória científica e acadêmica. A análise dos fatos e das ações que nos trouxeram até aqui corrobora com a própria visão de futuro da Universidade, que busca ser reconhecida pela qualidade do ensino oferecido, pela relevância de suas pesquisas e pela inserção criadora na sociedade. Partindo dessa visão de futuro, o Conselho Universitário da Universidade de Sorocaba (Consu-Uniso), em 28 de março de 2005, aprovou a criação do PPGCF-Uniso. Essa iniciativa fortaleceu e consolidou a Política de Pós-Graduação e Pesquisa, cujas metas para a área de Farmácia estavam incluídas no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI 2004-2008). Os passos fundamentais para a construção da proposta consistiram no fomento de fóruns de discussão que contaram com a participação de professores de programas de pós-graduação consolidados na área de Farmácia do Brasil e do exterior. Assim, foi organizado, em 15 de maio de 2006, o I Seminário de Estudos Avançados em Ciências Farmacêu-
11
Conferências ticas da Uniso, que contou com a participação da Profa. Dra. Elizabeth Igne Ferreira, da Universidade de São Paulo, cujo tema da apresentação foi “Associação de IES como objeto de desenvolvimento da pós-graduação”. Dando continuidade aos debates, em 23 de maio de 2006, a Profa. Dra. Suely Lins Galdino, da Universidade Federal de Pernambuco, proferiu a palestra “Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) e formação de recursos humanos na área de Farmácia”. Em 9 de junho de 2006, o Prof. Dr. Arturo San Feliciano, da Universidad de Salamanca, apresentou o tema “Pós-graduação em ciências farmacêuticas: acordos de cooperação internacional”. A troca de ideias, proporcionada pelas conferências, permitiu a elaboração de uma proposta de curso de mestrado com estrutura acadêmica capaz de estimular a formação humanista, ética, crítica e reflexiva, habilitada a capacitar pesquisadores a absorver e desenvolver novas tecnologias������������������������������������������������������������ , com base no rigor científico, e para atuar em diversos níveis de atenção à saúde. Com essas premissas, o PPGCF-Uniso almejou, nos contextos nacional, regional e local, contribuir para o crescimento da área de Ciências Farmacêuticas. A proposta final foi enviada para a Capes em março de 2007, sendo recomendada em dezembro de 2007. Em 27 de março de 2008, após o início das atividades do programa, o Prof. Dr. Armando da Silva Cunha Junior, da Universidade Federal de Minas Gerais, proferiu a palestra “A área de Farmácia na Capes: situação atual”, com o objetivo de discutir os critérios de avaliação da Capes. A estrutura do PPGCF-Uniso busca a disseminação do conhecimento, contribuindo para a criação e a otimização de processos e produtos farmacêuticos, bem como fornecendo subsídios para o uso racional de medicamentos. Nesse sentido, o programa foi concebido de forma a integrar a inovação tecnológica com a área da saúde, bem como discutir e avaliar políticas, programas e serviços de saúde, tendo como área de concentração “Medicamentos e Saúde”, e contemplando duas linhas 12
Avanços na fronteira do conhecimento em Ciências Farmacêuticas de pesquisa: “Desenvolvimento e Avaliação de Substâncias Bioativas (DASB)” e “Uso Racional de Medicamentos (URM)”. A linha de pesquisa DASB compreende a investigação, a caracterização e os estudos de atividade de substâncias naturais, semissintéticas e sintéticas, bem como o desenvolvimento, a otimização e o controle de qualidade de fármacos e medicamentos. Visa desenvolver projetos relacionados com o estudo de novas formulações, biodisponibilidade de fármacos, sistemas de liberação de fármacos, controle de qualidade de fármacos e medicamentos, estudos de propriedades físico-químicas e microbiológicas, desenvolvimento de métodos analíticos de dosagem e avaliação biológica, farmacológica e toxicológica. A linha de pesquisa URM compreende a investigação sobre a prescrição apropriada, o acesso, a dispensação em condições adequadas e o consumo de medicamentos eficazes e seguros, nas doses, intervalos e período de tempo indicados; exige conhecimentos específicos e atualizados por parte dos profissionais e a compreensão do paciente sobre a importância da adesão ao tratamento. Contempla projetos relacionados com políticas de saúde, ensaios clínicos e estudos de utilização de medicamentos no Sistema Único de Saúde e no setor privado. Apesar de todas as conquistas alcançadas, não podemos negligenciar o rigor dos critérios de avaliação da Capes e o crescimento vertiginoso de outros programas de pós-graduação da área de farmácia. Esses programas, oferecidos quase exclusivamente por instituições públicas, com maior número de docentes, muitos com bolsa produtividade em pesquisa do CNPq, atuando em mais de um programa de pós-graduação, com colaborações internacionais consolidadas, amplo acesso a financiamento para ampliação da infraestrutura e aquisição de equipamentos, e orientando alunos com dedicação exclusiva, indicam o caminho para a excelência na área de farmácia. 13
Conferências Cabe ao PPGCF-Uniso definir qual a melhor estratégia para a sua consolidação. Para isso, é fundamental refletir sobre a trajetória do programa e identificar limitações e potencialidades. Até o momento foram matriculados 86 mestrandos. Além de farmacêuticos (54% dos ingressantes), foram recebidos graduados em medicina (19%), enfermagem (9%), nutrição (6%), odontologia (5%), medicina veterinária (2%), química, engenharia química, física e estética (1% cada). Apenas 23% dos ingressantes cursaram graduação na Uniso. O perfil do corpo discente comprova a importância do curso de mestrado para a qualificação de profissionais de diversas áreas, formados em várias instituições de ensino, públicas e privadas, do estado de São Paulo, mas também dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. As três primeiras turmas já concluíram seus trabalhos, totalizando 40 dissertações, com a mediana do tempo de titulação variando entre 25,5 e 30 meses. Entre 2008 e 2012, o corpo docente do programa publicou mais de cem artigos em periódicos nacionais e internacionais. Segundo a classificação Qualis-Capes, 20% dos artigos foram publicados em periódicos de excelência, no chamado estrato superior (A1, A2 e B1). Outros 57% foram publicados em revistas classificadas nos estratos B2 e B3, indicando que também apresentavam boa qualidade. Importante destacar que, em 2012, 47% dos artigos publicados pelo corpo docente pertenciam ao estrato superior da classificação Qualis-Capes, indicando melhora significativa desse indicador. Contribui para esses resultados o fato de 70% do corpo docente permanente ter concluído ou estar realizando pós-doutorado no Brasil e no exterior. Um novo indicador, incluído na avaliação da área em 2012, analisa a publicação com coautores internacionais. No último triênio (20102012), 12% dos artigos publicados contavam com a participação de 14
Avanços na fronteira do conhecimento em Ciências Farmacêuticas coautores estrangeiros. Nesse quesito o PPGCF-Uniso também apresenta potencial de crescimento, pois docentes do programa estão desenvolvendo projetos em colaboração com pesquisadores da Espanha, de Portugal, do Canadá, Noruega, Dinamarca, Alemanha, Finlândia e dos Estados Unidos. A captação de recursos em agências de fomento tem sido dificultada pela escassez de editais que permitam a participação de instituições privadas e comunitárias como a Uniso, e também pelos pequenos orçamentos disponibilizados nesses editais, quando comparados aos recursos destinados às instituições públicas. Mesmo assim, 60% dos docentes obtiveram recursos de agências no último triênio. O maior volume de recursos foi obtido com a aprovação do projeto de “Ampliação da infraestrutura de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas” em edital da Finep, que possibilitou a implantação do Laboratório de Pesquisa em Toxicologia (Lapetox). Destacam-se também a aprovação de projetos nos editais do Programa Pesquisa para o Sistema Único de Saúde: gestão compartilhada em saúde (PPSUS) e a captação de recursos na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Atualmente a infraestrutura de pesquisa do PPGCF-Uniso inclui: o Centro de Referência e Informação sobre Antibióticos da Universidade de Sorocaba (CRIA-Uniso); o Laboratório de Pesquisa em Toxicologia (Lapetox); o Laboratório de Desenvolvimento e Avaliação de Substâncias Bioativas; o Laboratório de Neurofarmacologia; e o Laboratório de Física Nuclear Aplicada da Uniso (Lafinau). Até 2012 o PPGCF-Uniso contou com pequeno apoio da Capes na concessão de bolsas de estudo para os mestrandos. A partir da publicação da Portaria Capes nº 181, de 18 de dezembro de 2012, houve ampliação significativa do número de bolsas na área de farmácia e a criação de uma nova modalidade de apoio denominada “taxas escola15
Conferências res”, que permite o custeio das mensalidades, mesmo para aqueles que mantenham vínculo empregatício. Essa medida já impactou o processo seletivo de 2013, com aumento expressivo do número de candidatos. A Uniso também contribui oferecendo descontos para ex-alunos da graduação e bolsas integrais para professores e funcionários. Outros aspectos positivos merecem destaque: dissertações e trabalhos premiados no Brasil e no exterior; a obtenção de patente derivada de dissertação; a atuação na formulação e aprimoramento de políticas de saúde em nível nacional, estadual e municipal; a forte integração com a graduação, por meio da orientação de projetos de iniciação científica e de trabalhos de conclusão de curso (TCC); a ampla participação dos docentes no corpo editorial de revistas científicas, na revisão de artigos de periódicos nacionais e internacionais, e como assessores ad hoc em agências de fomento. Entre as prioridades estabelecidas pelo colegiado do PPGCF-Uniso para a sua consolidação e para o oferecimento do curso de doutorado destacam-se: a ampliação do corpo docente permanente, da captação de recursos nas agências de fomento, e da demanda por bolsas de produtividade em pesquisa do CNPq; o estímulo à colaboração em projetos de pesquisa no Brasil e no exterior, e também ao pós-doutorado no exterior; o aumento quali e quantitativo da produção científica, especialmente com discentes e, quando pertinente, com coautores internacionais; a captação de bolsas nas agências de fomento e a ampliação do número de mestrandos com dedicação integral ao programa. Unidos em torno desses objetivos, docentes, discentes, funcionários e gestores da Universidade de Sorocaba certamente serão recompensados pelo reconhecimento da qualidade dos seus cursos de pós-graduação. Evidentemente há muitos desafios a serem superados para fortalecer as linhas de pesquisa, estimular a produção científica docente/discente e aprimorar a infraestrutura disponível, mas as conquistas alcançadas justificam comemorar os cinco primeiros anos de sua existência. 16
COLABORAÇÕES INTERNACIONAIS EM PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO NA EUROPA Antonio Macho Quirós
Hoy en día, las colaboraciones internacionales entre Universidades ¿están de moda o son una necesidad? Podemos decir que ambas cosas. En el caso de Europa se trataba de una necesidad y una obligación, puesto que teniendo un espacio económico y laboral común, no era sensato mantener un sistema universitario que no fuera equivalente entre todos los países del área comunitaria y afines. Desde 2010 en Europa existe el llamado “Espacio Europeo de Educación Superior”, que posibilita y promueve el intercambio de personal universitario y unos estándares de calidad comunes entre todas las universidades de los países que lo integran. Esta normativa ha aumentado el nivel de competitividad entre las universidades para captar alumnos y propiciado la presión entre el colectivo de profesores para mantener unos mínimos de calidad. Estos principios no sólo afectan a Europa, se están extendiendo por todo el mundo. La posibilidad de estudiar en cualquier universidad europea fue reconocida como elemento esencial de la integración europea desde la fundación del Consejo de Europa en 1949. El Consejo elaboró para ello diversos tratados internacionales: en 1952 se reconoció el derecho 17
Conferências a la educación en el artículo 2 del primer protocolo de la Convención Europea de Derechos Humanos, en 1959 se completó la redacción del Convenio Europeo sobre el Reconocimiento Académico de Cualificaciones Universitarias, en 1969 se completó el Acuerdo sobre el pago continuado de becas a estudiantes en el extranjero, y en 1990 el Convenio Europeo sobre la Equivalencia General de Periodos de Estudio Universitarios. Además, el artículo 2 de la Convención Cultural del Consejo de Europa, fechada en 1954, prevé que cada una de las partes firmantes deberá, en lo posible: animar a que sus ciudadanos estudien las lenguas, la historia y la civilización de las demás partes firmantes; garantizar que dichas partes puedan promover dicho estudio en el territorio de aquella; promover el estudio de su lengua o lenguas, su historia y civilización en el territorio de las demás, y garantizar que los ciudadanos de las demás partes sigan tales estudios en el territorio de aquella. Pese a estos tratados, que promovían el intercambio universitario, históricamente, la única posibilidad legal de reconocer estudios universitarios era el tratado internacional de mutuo reconocimiento de documentos público al que se adhirieron la totalidad de Europa y otros muchos países de América, Asia y Oceanía (en un principio 103 países a los que posteriormente se unieron otros 43, entre los que no se encuentra Brasil). Este acuerdo, conocido como Convenio de La Haya, sobre la Eliminación del Requisito de la Legalización de Documentos Públicos Extranjeros (1) o popularmente como “Apostilla de la Haya” fue firmado en 1961. Pero las diferentes reglas entre países, duración de los estudios, calidad, etc…, incluso entre universidades de un mismo país, dificultaban el verdadero reconocimiento de los estudios, pese al acuerdo firmado. Es por eso que se han seguido desde la creación de Europa, múltiples reuniones con el fin de tender, no sólo a un espacio económico común, sino también a un espacio universitario superior común que permitiese 18
Avanços na fronteira do conhecimento em Ciências Farmacêuticas la libre circulación efectiva de trabajadores formados en los distintos países del área. Estas reuniones, en lo que respecta a los estudios universitarios, comenzaron a dar fruto en la “Convención de Lisboa” de 1997 (2), en la que en el punto central de la misma se reconoció que: “Los poseedores de títulos (universitarios) emitidos en una de las partes tendrán un acceso adecuado a una evaluación de estas cualificaciones en las otras partes”. Este tratado, denominado Convenio sobre Reconocimiento de Cualificaciones Relativas a la Educación Superior en la Región Europea, fue firmado no sólo por Europa, sino también por Australia, Belarús, Canadá, Estados Unidos, Israel, Kazajistán, Kirguistán, Nueva Zelanda, la Santa Sede y Tayikistán. En principio debería de ponerse en marcha en 1999, pero muchos países atrasaron su reconocimiento (por ejemplo en España no entró en vigor hasta 2009). Este tratado de Lisboa reconoce el acceso y evaluación para la equiparación de títulos, pero aún no define normas que hagan factible este reconocimiento mutuo sin problemas. Sin embargo, el Convenio de Lisboa fue un instrumento importante para el desarrollo del llamado “Proceso de Bolonia de 19 de junio de 1999” (3), cuyo objetivo es crear el “Espacio Europeo de Educación Superior” (EEES) haciendo que los tipos de titulación y los mecanismo de control de calidad fueran más comparables y compatibles en toda Europa. Este proceso de creación de una Universidad integrada y común duró 10 años y se hizo una realidad con la declaración final de Budapest-Viena de marzo de 2010 (4). Las reformas para la creación del EEES están basadas en seis objetivos sencillos, que son la esencia del proceso y que se han ido concretando y ampliando a lo largo de estos años por los gobiernos y las instituciones implicadas en el proceso: 1) ��������������������������������������������������������������� Adopción de un sistema fácilmente legible y comparable de titulaciones, que permita responder mejor a las demandas sociales y para facilitar su incorporación al mercado laboral europeo. 19
Conferências 2) Adopción de un sistema basado en tres ciclos (grado, máster y doctorado). 3) Establecimiento de un sistema internacional único de medida de horas de estudio efectuadas, o créditos (los llamados ECTS, de “European Credit Transfer System”). Cada crédito supone entre 25 y 30 horas y refleja los resultados del aprendizaje y el volumen de trabajo realizado por el estudiante para alcanzar los objetivos que recoge el plan de estudios. 4) Promoción de la movilidad de estudiantes, profesores e investigadores y personal de administración y servicios, y superación de los obstáculos que dificultan dicha movilidad. 5) Promoción de la cooperación europea para garantizar la calidad de la educación superior, mediante la introducción de estándares compartidos de calidad desde todas las perspectivas: gestión, docencia e investigación. 6) Promoción de una dimensión europea de la educación superior. Figura 1– Países actualmente integrantes del EEES (en azul). Mónaco y San Marino son los únicos países del Consejo de Europa que no se han integrado aún. Bielorrusia está aún en proceso de adaptación. Otros países (Israel, Kirguistán, Kosovo y la República Turca del Norte de Chipre) han solicitado su integración en el EEES, pero han sido rechazados por diferentes razones, mayoritariamente políticas y ajenas a la educación.
Espaço Europeu do Ensino Superior Os países elegíveis
Fuente: Wikimedia Commons (2010). Domínio público.
20
Avanços na fronteira do conhecimento em Ciências Farmacêuticas En este Espacio Europeo de Educación Superior participan gobiernos, universidades, estudiantes, y organizaciones de 46 países así como la Comisión Europea. El esfuerzo por parte de todas las Universidades y gobiernos para adaptarse a este proceso de internacionalización que supone el EEES ha sido inconmensurable, no sólo desde el punto de vista económico, sino también de trabajo. La adopción de numerosas normas, la adaptación a los nuevos planes de estudio e incluso el cambio de mentalidad a la hora de impartir y recibir aulas ha sido bastante difícil. Pero con ello se ha pretendido pasar de la competición entre Universidades a la colaboración, creando estudios co-tutelados entre Universidades, centros transfronterizos de master y doctorado, un doctorado europeo e internacional, etc… Pero la adopción de normas comunes y estándares de calidad compartidos no asegura llenar las aulas ni aseguran la calidad. En el caso de España y otros muchos países europeos, donde la Universidad era mayoritariamente pública y se regía por un sistema multidistrito en el que el alumno estaba obligado a acudir a la universidad más cercana a su domicilio, el caso fue al contrario; se pasó a un sistema donde la competencia por la captación de alumnos se hizo una necesidad. Ahora el alumno puede elegir, incluso con base a becas públicas, estudiar en la universidad que quiera, dentro y fuera del país. Los alumnos que empiezan a estudiar en una Universidad pueden decidir terminar sus estudios en otra, y dispone de ayudas europeas para ello. Pero también la Universidad tiene que favorecer la movilidad de sus estudiantes para aumentar sus estándares de calidad y hacer más atractivos sus estudios, atrayendo con ello más estudiantes. Ello ha supuesto para la Universidad un esfuerzo aún mayor para adaptarse a este proceso, y por ello, casi todas las Universidades cuentan con un Vicerrectorado de relaciones internacionales. El papel de este vicerrectorado es negociar con otras universidades a través de convenios, la ida y venida de estudiantes, profesores y personal de administración, realizar campañas publicitarias a 21
Conferências nivel internacional para captar alumnos, promocionar entre el profesorado la impartición de clases en inglés, atraer investigadores y profesores de otros países para aumentar la calidad y atractivo de sus estudio, etc... Incluso tienen programas propios de becas para atraer estudiantes y profesores. Esta búsqueda de alumnos no sólo se centra en Europa. Algunos países, extienden su propaganda y la firma de convenios hacia otros lugares que tengan proximidad histórica o lingüística y bajo el reclamo de unos estudios que abren las puertas al mercado laboral en toda Europa. Así, por ejemplo, tenemos el caso de España y Portugal que centra su captación en Iberoamérica, siendo más fácil atraer a un estudiante argentino, ecuatoriano o brasileño que a un estudiante alemán, inglés u holandés, por cuestiones de lengua y cultura. O el caso de Francia con los países norteafricanos y con Quebec. Aunque Brasil no ha firmado ninguno de estos convenios, si ha captado la idea y conoce la necesidad de competir por alumnos en el mundo y por aumentar la calidad universitaria. Así, el gobierno federal, a través del CNPQ, y los gobiernos estatales a través de sus programas de desarrollo universitario e investigador, como la FAPESP en São Paulo, están realizando grandes esfuerzos en este sentido, mediante la disposición de becas y ayudas para enviar estudiantes e investigadores fuera de sus fronteras, o para atraer a extranjeros al país. También están realizando campañas en los distintos países de Europa promocionando la venida y/o facilitando la captación en las distintas universidades, como las recientes de la FAPESP en las mayores universidades españolas o la del CNPQ en el CSIC (“Centro Superior de Investigaciones Científicas”). Por otro lado está presionando a las Universidades brasileñas para aumentar la calidad de sus estudios, principalmente los de doctorado y mestrado que son los que más estudiantes, investigadores y profesores movilizan, mediante estándares de calidad semejantes a los usados en Europa o en EE.UU. 22
Avanços na fronteira do conhecimento em Ciências Farmacêuticas Durante la conferencia se intentará abordar cuales son los estándares de calidad universitarios y el porqué del aumento en la política de internacionalización. Referências CONSELHO DE EUROPA. Convention on the Recognition of Qualifications concerning Higher Education in the European Region. 1997. Disponible en: <http:// conventions.coe.int/Treaty/en/Treaties/Html/165.htm>. Acceso en: 13 marzo 2013 HAGUE CONFERENCE ON PRIVATE INTERNATIONAL LAW. Convention of 5 October 1961. Abolishing the Requirement of Legalisation for Foreign Public Documents. 1961. Disponible en: <http://www.hcch.net/index_ en.php?act=conventions.text&cid=41>. Acesso en: 13 marzo 2013. PARLAMENTO EUROPEU. The Bologna Declaration of 19 June 1999. Joint declaration of the European Ministers of Education. Disponible en: <http://www. ehea.info/Uploads/Declarations/BOLOGNA_DECLARATION1.pdf>. 1999. Acceso em: 13 marzo 2013. PARLAMENTO EUROPEU. Budapest-Vienna Declaration on the European Higher Education Area. 2010. Disponible en: <http://www.ehea.info/Uploads/Declarations/Budapest-Vienna_Declaration.pdf>. Acceso en: 13 marzo 2013.
23