ESCOLA PORTUGUESA DE MOÇAMBIQUE
-
CENTRO DE ENSINO E LÍNGUA PORTUGUESA
10 contos ANO V I
.
NÚMERO 37-38
.
AGOSTO E SETEMBRO 2006
NOVAMENTE EM AULAS
.
JORNAL MENSAL
Cinema na Escola
1º DocKanema de Moçambique
Destaques Protocolos de Cooperação
2
Equamat@Moz 2006
2
Abertura do Ano Lectivo 2006/2007
4
Novos Professores
6
Paulina Chiziane
16
EDITORIAL Novamente em Aulas Novamente em aulas... como acontece todos os re-inícios de ano lectivo! E todos estes reinícios provocam em todos nós, pais, encarregados de educação, professores, alunos e administração, reflexões antigas, sempre renovadas: Como decorreu o ano transacto? O que funcionou? O que falhou e necessita ser modificado? O que melhorar? Enfim... E uma ideia surge sempre, creio, na mente de todo nós: a necessidade mais eficiência no processo de ensinoaprendizagem! Todos a procuramos: os pais e encarregados de educação desejam-na para os filhos, os professores incentivamna e operacionalizam-na nos alunos, os alunos necessitam alcançá-la, e nós, administração, queremo-la ver nesta instituição. Mas a eficiência resulta da combinação de vários factores - uns internos, outros externos. Na ordem dos primeiros, entram, sem dúvida, a dedicação e o empenho; na classe dos segundos, temos as condições de tempo, espaço, recursos materiais, etc. De facto, por mais que um professor se sinta empenhado e motivado, sem um mínimo de condições materiais externas, a sua eficiência ficará sempre àquem das suas possibilidades; por mais que um aluno, dessa mesma escola, se esforce, se não tiver livros para estudar, ou lápis para escrever, a sua aprendizagem ficará sempre incompleta. A nossa instituição tem a sorte de possuir boas condições internas e externas, capazes de promover tal eficiência - salas, computadores, recursos materiais e humanos, etc. Assim, neste novo início de ano, peço dedicação e empenho redobrados. Aos pais, que dêm aos filhos as melhores condições de que forem capazes; aos alunos, que aproveitem as condições que os pais e a escola lhes oferecem; aos professores, a esses peço que aproveitem bem as condições e ferramentas que lhes oferecemos no seu local de trabalho. Se todos cumprirmos adequadamente a nossa parte, decorrente do nosso papel, estaremos, estou certa, no bom caminho, e alcançaremos bons níveis de desempenho institucional. Um bom ano de trabalho para TODOS!
A EPM-CELP EM FOCO notícias curtas
notícias curtas
Protocolos de Cooperação
Setembro de 2006. De passagem por Maputo, um grupo de deputados portugueses quis conhecer pessoalmente esta instituição, tendo, na ocasião, sido recebidos pela Presidente do Conselho Directivo, a Drª Albina Santos Silva e pelo vogal Dr. José Fernandes.
Somos uma instituição inteiramente dedicada à educação. Por essa razão, e dadas as nossas valências (Centro de Formação, Escola Integrada e Centro de Recursos), formamos alunos do Ensino Secundário e colaboramos na Formação Profissional de professores e de outros técnicos do sistema educativo moçambicano. Com esse objectivo, foram recentemente celebrados mais dois protocolos de cooperação, um com o IMEP (Instituto Médio Politécnico) e outro com o IMAP (Instituto Instituto de Magistério Primário). Este último foi firmado nas instalações da EPM-CELP, tendo como protagonistas: a Drª Albina Santos Silva, por parte da Escola Portuguesa de Moçambique Centro de Ensino e Língua Portuguesa, e, por parte do IMAP, o Dr. David Lourenço Chibindje. VR
Recebemos sempre quem nos visita Ao longo dos tempos, desde o seu nascimento como instituição de carácter educativo de matriz portuguesas em Moçambique, que várias têm sido as personalidades que nos têm querido conhecer melhor, sempre que passam por Moçambique. Foi o que aconteceu, uma vez mais, no passado dia 13 de
2
O grupo era constituído por Miguel Coelho, deputado do Partido Socialista na Assembleia da República, Pedro Assunção, Deputado Municipal, Rosa do Egipto, Presidente da Junta de Freguesia dos Olivais, e, por último, pelo Engº. Sérgio Cintra, empresário. VR
Um regresso anunciado
Depois de vários anos como vogal do Conselho Directivo da EPMCELP, a Engª Manuela Jacinto regressou a Portugal, para governar, noutros mares revoltos, outros navios. Durante o tempo que aqui permaneceu, a Engª Manuela Jacinto teve a oportunidade de muito contribuir para o levantar do chão deste projecto educativo que é a EPM-CELP. Partiu, mas deixa saudades. O Pátio das Laranjeiras aqui deixa um pequeno tributo a uma grande mulher e professora. VR
A EPM-CELP EM FOCO notícias curtas
notícias curtas
Equamat @Moz Equamat@Moz 2006 Aqui, na EPM-CELP, é assim: mal se instala o novo ano escolar e começam logo a chover actividaddes. Foi o que aconteceu já no passado dia 23 de Setembro, sábado, nas instalações da EPMCELP, com o Equamat@Moz. O Equamat, jogo informático originário da Universidade de Aveiro e muito popular nas escolas portuguesas, é uma competição escolar, onde os alunos põem à prova competências e saberes váriados ao nível da Matemática. O Equamat@Moz é a versão do mesmo jogo, destinado, agora, às escolas moçambicanas. Este ano, a EPM-CELP concorreu à edição de 2006 com 23 equipas, tendo ganho a competição geral individual, ao conseguir obter os 1º e 2º lugares, bem como uma meritória 7ª classificação.
notícias curtas curiosidade, pois permitiu vivenciar todos os passos do processo, desde a captação da imagem, com uma câmara digital, até à sua impressão a cores. VR
Er a uma v ez... Era ve
Um Novo Cantinho da Leitura para os pequenitos
Cada elemento da equipa classificada em 1º lugar, vai receber, como prémio, um computador. VR
Conhecer o Mundo que nos rodeia
Para conhecer o mundo que nos rodeia é preciso interagir com ele, pois só assim se pode aprender a reconhecê-lo e a usá-lo adequadamente. Cabe ao adulto, seja ele pai, encarregado de educação ou professor, a nobre tarefa de ajudar os mais “novinhos” nessa descoberta. Foi com este objectivo que os novos alunos do Pré-Escolar visitaram, mais uma vez, o Centro de Recursos da EPM-CELP. Foi uma visita de estudo breve, mas cheia de novidades para esta gente de palmo e meio. O Centro de Recursos ofereceu às duas turmas que o visitaram, uma fotografia como a que publicamos a seguir, que foi motivo de uma enorme
As equipas classificadas eram constituídas pelos seguintes alunos: 1º lugar: Priyan Geentilal e Prital Maganalal; 2º lugar: Yara Loio e Vinicha Govan; 7º lugar: Jorge Tomás e Patrícia Almeida.
3
De pequenino é que se... aprende a gostar de ler! Por isso mesmo, num cantinho da sala de Informática 1 da Biblioteca, instalámos um espaço de leitura para os mais pequeninos. “Era uma vez” é um espaço dedicado à leitura. Descontraído, sem muitas regras, o cantinho apela para a descoberta do livro, ao seu manuseamento e à sua ilustração através de desenhos, recortes e outros trabalhos de criação e recriação de histórias.
Em breve, as turmas do PréEscolar e dos primeiros anos do 1º Ciclo virão a este espaço, acompanhadas dos respectivos professores para ouvir uma história, um poema, uma pequena dramatização de um conto, ou para assistir a um teatrinho de fantoches. E farão desenhos lindos que esperamos ver já no próximo Pátio das Laranjeiras. TN
A EPM-CELP EM FOCO Aber tur a do Ano lecti vo 2006 / 2007 Abertur tura lectiv Na passagem do Ano Civil, que acontece sempre que cada Dezembro se transforma em Janeiro, é tradição na Europa proferir a seguinte expressão: Ano Novo, Vida Nova. Creio que, com as devidas transferências de sentido, a poderemos também aplicar ao que ocorreu no mês de Setembro de 2006, aqui, na EPM-CELP. Eis aqui alguns textos relacionados com o evento, da autoria de diversos colaboradores.
04 DE SETEMBRO Um rre e g r esso c heio de no vidades cheio novidades A Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa abriu as suas portas, para este novo ano lectivo, no passado dia 04 de Setembro. Foi grande o entusiasmo, tanto para alunos que aqui estudaram no ano transacto, como para aqueles, que, pela primeira vez, aqui dão os seus primeiros passos (referimo-nos aos mais novinhos, que acabaram de entrarar para o Pré-escolar, e a todos aqueles que, acabados de chegar a Moçambique, vieram transferidos de outras escolas e se integraram nos restantes níveis de ensino).
Na parte interior do recinto, o jardim manteve o seu aspecto habitual, destacando-se, no entanto, uma ou duas novas árvores, entretanto plantadas, bem como a presença de alguns vasos novos. Na nossa opinião, todos estes novos pormenores dão mais vontade de apreciar e usufruir o espaço envolvente da escola, mesmo àqueles transeuntes que passam do lado de fora dos seus muros.
Neste primeiro dia de aulas, a maior parte dos velhos alunos ficou surpreendida com a nova “roupagem”, que a nossa escola apresenta.
Ainda no interior da escola, merecem especial menção a intervenção efectuada em alguns espaços do edifício, o que permitiu a criação de novas salas de aula e de novos gabinetes de trabalho. Merece também referência a reabilitação e ampliação do espaço da cantina.
De facto, a EPM-CELP mudou a sua estrutura física externa, uma vez que passou de dois para três portões de entrada, apresentando também dois novos alpendres tradicionais, em colmo, bem como um novo passeio exterior, na sua parte lateral esquerda.
Esta apresenta uma nova porta, que dá acesso directo a um patamar mais alargado e sem declives, o que permitiu a colocação de novas mesas e chapéus de sol, que se espera ajudem os alunos a desfrutar melhor os seus momentos de lazer e de “reabilitação de energias alimentares”.
Em termos de funcionamento, os horários dos alunos apresentam poucas alterações, registandose, no entanto, uma mudança no horário de funcionamento dos Serviços de Administração Escolar, que passaram a funcionar das 07:15 horas às 15:30 horas, com uma interrupção no período das 12:30 às 14:00 horas.
O Novo portão de entrada, em Agosto, ainda em tempo de obras...
4
A A EPM-CELP EPM-CELP EM EM FOCO FOCO No aspecto pedagógico, o rigor e profissionalismo, exigido aos docentes, bem como a qualidade e disciplina, esperada dos alunos, serão as já habituais e esperadas nesta instituição de ensino, que se propõe, desde a sua criação, formar o cidadão do amanhã. Espera-se que estas mudanças sejam do agrado de todos, pois estas foram pensadas e implementadas com a intenção sincera de melhorar o real funcionamento da instituição. BA e VR
Planificar em conjunto Tiveram lugar, nos dias 19, 21 e 26 de Setembro do ano em curso, no Auditório Carlos Paredes, pelas 18 horas, as reuniões de abertura do ano lectivo da nossa Instituição. Nos encontros acima referidos estiveram presentes os membros do Conselho Directivo, representados pela Presidente, Dra. Albina Santos Silva, e pelo seu vogal, o Dr. José Fernandes, as coordenadoras do Pré-Escolar e 1º Ciclo, 2º e 3º Ciclos e Ensino Secundário, respectivamente, Dra. Mariana Ferreira, Dra. Mércia de Sousa Calú e Dra. Margarida Vaz. Para além destes elementos, estiveram também presentes nestas reuniões a psicóloga da escola, Dra. Alexandra Mello, a médica da escola, Dra. Patrícia Silva e o Representante da Associação de Pais e Encarregados de Educação, o Sr. Melo. As reuniões contaram com a presença de muitos pais e encarregados de educação, que responderam, positiva e prontamente, ao convite formulado pela direcção. As sessões de trabalho tiveram início com a apresentação de um diaporama, concebido pelo Centro de Recursos Educativos da Escola, tendo sido apresdentadas as finalidades e objectivos gerais da instituição.
As coordenadoras de ciclo explanaram em torno de aspectos específicos inerentes ao processo de ensino-aprendizagem dos diferentes anos de escolaridade. Posteriormente, usou da palavra a psicóloga da escola, que apresentou um breve discurso em torno de factores relativos a cada uma das faixas etárias dos diversos ciclos e anos de escolaridade, tendo, também, tratado de algumas questões importantes e relacionadas com a segurança da escola. A responsável pelo gabinete médico, a Drª Patrícia Silva, referiu-se a alguns temas relacionados com a saúde infantil e juvenil e traçou uma panorâmica geral da actividade do seu gabinete ao longo do ano lectivo transacto. É pertinente frisar que, em todas as fases do desenolar destes encontros, a Presidente do Conselho Directivo, a Drª Albina Santos Silva, efectuou algumas intervenções, tendentes a esclarecer alguns pontos dos temas abordados. No fim de cada uma das reuniões, os pais e encarregados de educação tiveram oportunidade de expor algumas dúvidas e preocupações, tendo a Direcção respondido prontamente a todas as solicitações, sempre dentro de um clima de diálogo dinâmico e produtivo. MC
Filosofia para crianças Uma nova aposta pedagógica para 1º Ciclo do Ensino Básico
A Filosofia para Crianças é um programa de desenvolvimento do raciocínio que visa, através do diálogo e do debate filosóficos, ampliar competências cognitivas, afectivas e sociais, nomeadamente ao nível da dimensão crítica, criativa e ética do pensamento. Pretende-se que as crianças emitam juízos de valor acerca do que para elas é significativo, discutam as suas ideias e as ideias dos colegas, apresentem argumentos que sustentem as suas opiniões, coloquem questões quando estão perplexas, inventem explicações e produzam ilustrações. O grupo de trabalho funciona como uma “comunidade de investigação”, sendo as actividades
5
A EPM-CELP EM FOCO orientadas com vista à consecução dos seguintes objectivos: - estimular a reflexão pessoal; - despertar o espírito crítico; - fomentar a criatividade; - promover hábitos de questionamento e problematização; - clarificar valores e descobrir os pressupostos éticos inerentes às situações do quotidiano; - desenvolver a consciência dos direitos e deveres democráticos.
Novos professores Embora em contexto poético, já Luís Vaz de Camões, no século XVI, reconhecia, que, na vida do homem e das coisas, há uma forte componente dinâmica e de mudança constantes, ao escrever o bem conhecido soneto, que começa assim: «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o Mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades.»
De facto, esta parece ser uma espécie de verdade universal à qual ninguém escapa, seja coisa, pessoa, grupo social ou instituição escolar, como a nossa. De facto, todos os anos o nosso corpo docente costuma apresentar sinais evidentes de «mudança,/ Tomando sempre novas qualidades». (1)
Não esquecendo a componente lúdica da aprendizagem, partindo da ideia de que pensar é divertido, julgamos poder contribuir para aumentar o horizonte cultural das crianças, assim como a sua predisposição natural para o “porquê?”. GP (1) O Pensador, de Auguste Rodin, é uma das estátuas mais famosas que se conhece e transformou-se num verdadeiro ícone popular da imagem do filósofo.
Início das actividades de Complemento Curricular e Extra-curriculares Iniciaram-se, no dia 27 de Setembro do presente ano lectivo, as Actividades de Complemento Curricular e Extra-Curricular.
Mais uma vez, este ano não foi excepção. E nós, os que ficámos, assistimos, assim, à partida de uns e à chegda de outros... Aos que partiram, a coordenação do “Pátio das Laranjeiras” deseja as maiores felicidades, já misturadas com bastantes saudades, e, aos que chegam, damos as nossas mais calorosas saudações.
Os que partiram... Pelas mais diversas razões, regressaram a Portugal, ou deixaram de fazer parte do corpo docente da EPM-CELP, os seguintes professores: Ana Paula Jesus (Filosofia), Pedro Bugarin (História), Sofia Gigante (Matemática), Francisco Santos Ferreira (História), Mitra Miltecheva (FísicoQuímica), Maria José Rosado (Educadora de Infância), Rosa Alice Dixe (Português), Samuel Junior (Educação Musical), Luís Antunes (Educação Visual), e, finalmente, Manuela Jacinto (Vogal do Conselho Directivo).
Em relação às Actividades de Complemento Curricular, estão em funcionamento as áreas de Filosofia para Crianças e Jovens, Laboratório de Matemática, Expressão Dramática / Teatro, Oficina da Escrita Criativa, Clube do Ambiente e da Ciência, Clube de Jornalismo e Artes Domésticas.
Por impedimento das estruturas escolares a que pertenciam, partiram também, embora desejando ficar, os professores Vítor e Ana Albasini (PréEscolar), Cristina Chaby (Físico-Química) e Luísa Antunes (História).
No que concerne às Actividades Extra-Curriculares encontram-se também em curso as áreas de Violino, Flauta Transversal, Piano, Judo, Karaté, Inglês e Novas Tecnologias de Informação e Comunicação. MC
Os que chegaram...
6
A uma partida corresponde, quase sempre, por reacção, uma chegada! Este ano, foram vários os colegas que vieram renovar e enriquecer o corpo docente desta escola.
A EPM-CELP EM FOCO Referimo-nos a: Ana Sofia Chaby (Pré-escolar); Paulo Ferreira (1º Ciclo); Margarida Cruz e Miguel Gullander (Português); Nuno Domingos e Pedro Santos (Físico-Química) e Raquel Ribeiro (Psicologia).
de conhecimentos sobre higiene e saúde, uma prova de demonstração do uso da tão conhecida “camisinha”. Um pouco inibidos a princípio, pelo inesperado da situação, mas entrando logo depois no espírito da brincadeira, os novos professores lá foram demonstrando o uso correcto de tal utensílio, tendo, para isso, feito uso de um modelo em madeira. No final, todos foram aprovados, tendo recebido, das mãos da Drª. Patrícia Silva, médica da escola, um certificado de aptidão.
A recepção aos “caloiros” A Comunidade Escolar da EPM-CELP, como era de esperar, preparou, aos novos professores, uma recepção à altura. Sem descurar as lides “burocráticas” obrigatórias, a Comissão de Recepção (encabeçada pelo Gabinete de Psicologia e constituída ainda por outros simpáticos e imaginativos professores!) organizou uma série de actividades lúdicas que culminaram com um lanche-convívio, no Pátio das Buganvílias.
A comunidade educativa, condignamente representada por esta alegre e bem disposta comissão de recepção, espera ter contribuído para uma boa integração na Escola e no país e aproveita para reiterar que continua aqui para o que der e vier. De facto, é a brincar que muitas vezes se consolidam amizades. Essa foi a intenção! Sejam todos bem-vindos e muitas felicidades.
Mas antes, como não podia deixar de ser, os novos “caloiros” tiveram que se submeter a uma praxe, que incluiu o preenchimento de um questionário individual, a recepção de um regulamento “especial”, uma inspecção médica e uma prova de destreza, na sala dos professores. Sendo Moçambique um país de amável clima, mas que apresenta alguns problemas de saúde pública, que aconselham cautelas, foi pedido, a este grupo de “caloiros”, que fizesse, em sessão “pública”
Já depois de concretizada esta actividade, chegaram à escola novos “reforços”, quer para desempenhar funções docentes, quer ainda para desempenhar outras funções de apoio às diferentes estruturas desta instituição: Paulo Vilas Boas (jurista), Janaína Melo (Psicologia), Ana Castanheira (Acção Social Escolar), Manuel Jacinto (Informática) e, finalmente, Nuno Adão (Matemática). Para que sejam bem conhecidos de todos, no próximo número do “Pátio das Laranjeiras” contamos publicar as suas fotografias. EM e VR
7
O SUOR DE QUEM ESTUDA Desenhar e pintar a música A Área Disciplinar de Educação Visual e Tecnológica associou-se à Área Disciplinar de Educação Musical na comemoração do Dia Internacional da Música (1 de Outubro) e do duocentésimo quinquagésimo aniversário do nascimento de Wolfgang Amadeus Mozart, o músicogénio que revolucionou a música do seu tempo. Neste contexto, foram planificadas e concretizadas várias actividades que desenvolveram metodologias e estratégias de aprendizagem criativas e diversificadas. Em Educação Visual e Tecnológica e Educação Visual, os alunos dos 6.° e 7. ° anos experienciaram o desenho e a pintura ao som das mais famosas obras de Mozart, tendo transposto para o papel as emoções de viver a música, pintando-a. Em Educação Visual, os alunos produziram, ainda, elementos decorativos para a Exposição a realizar na segunda semana de Outubro, alusiva ao mesmo tema.
quebrou convenções e trouxe para o público as suas composições modernas e irreverentes. Os alunos de Desenho do 12.° ano inspiraram-se na sua personalidade ao representarem o compositor e alguns instrumentos musicais, efectuando estudos gráficos não convencionais, baseando-se nas características plásticas da Arte Pop, dos anos 60. Esta escolha técnica tem por objectivos quebrar de certa forma as expectativas que se criam em torno das representações “convencionais”, partindo para uma abordagem revolucionária, tal como se revelaram Mozart e a Arte Pop. Com estas actividades, pretendemos (re)unir as artes plásticas e musicais, para muitos indissociáveis na sua essência, onde a criatividade, o sentido estético e os elementos visuais / musicais são comuns e alimentamse mutuamente.
Mozart foi, no seu tempo, revolucionário e inovador,
Ambre Alfredo, 12º E
Daniela Kean, 8º A
Patrícia Toste, 12º E
Kátia Sousa, 7º A
8
JS
Malema Ribeiro, 12º E
José Marques, 7º C
O SUOR DE QUEM ESTUDA (Cont.) Embora com algum atraso, temos o gosto de publicar nesta rubrica, o texto de um aluno do 5º Ano, que resultou de uma actividade desenvolvida no Dia Internacional da Criança, no dia 1 de Junho de 2006...
Dia Internacional da Criança No dia 1 de Junho, Dia da Criança, nós, as crianças do 5.º ano, fomos visitar a Escola Polana Caniço. Esta escola é muito pobre. Aí, os nossos colegas não têm condições para estudar, para brincar e de higiene. As salas são muito pequenas, as mesas muito apertadas, chegando a estar sentados três ou quatro alunos na mesma carteira. É uma pena! Fiquei triste e feliz. Triste por ver meninos da minha idade a guardarem a comida para levarem para casa, por estarem com tanto calor, por não terem livros, por terem condições tão diferentes das nossas. Fiquei feliz porque ajudei aqueles meninos. As turmas do 5.º ano conseguiram levar um lanche especial. Sumo, pão com doce, bolachas, que muitos de nós comprámos com a nossa mesada e com a ajuda dos nossos pais, mas também levámos canções, histórias e muita vontade de conviver.
CENTRO DE RECURSOS As Novas Tecnologias e a EPM-CELP Reflexões em Discurso Directo
Temos lido, ultimamente, muitos artigos sobre as novas tendências informáticas que se verificam nas escolas em Portugal e não só. Na verdade, fala-se de bem apetrechadas salas de informática, de um ou outro projector de vídeo, algures de um smartboard instalado pela PT ou UA, de Internet a não sei quantos megabites, bandas largas, etc., etc... E nós, EPM-CELP, aqui, neste fim-de-mundo informático, em que a nossa Internet, infelizmente, ainda é lenta, lentinha, e em que um simples (para não dizer elementar!) portátil ainda custa entre 1100/1200 •uros, e, nós, repito, aqui, neste contexto, neste sul de àfrica, não teremos nós nada para mostrar ao Mundo? Talvez não seja bem assim... Que Escola, em Portugal, terá já a funcionar uma rede wireless, complementada por uma segunda por cabo, a cobrir todo o perímetro funcional escolar? Que Escolas, em Portugal, terão já um computador por sala, para registo das actividades pedagógicas, ou (o que vai ser 100% realidade na EPM-CELP, num futuro muito próximo!), um projector de vídeo (e o seu respectivo ecrã!) em cada sala de aula, para que o professor possa, com o seu portátil, ligar-se à NET via WiFi e aproveitar, assim, todas as potencialidades pedagógicas desta ferramenta tecnológica? Que Escolas, em Portugal, terão já as salas de aula preparadas para os alunos utilizarem o seu portátil e terem, em cima da sua carteira, acesso à Net, sem se preocuparem com a duração da carga eléctrica da bateria do seu computador, porque, em cada carteira individual, existe uma ficha eléctrica para esse fim? E quais serão as Escola que, em Portugal (não incluo, claro está, nesta situação, algumas universidades!...) que disponibilizam acesso a internet WiFi no bar ou no pátio, como acontece com o nosso bonito Pátio das Buganvílias? Para além disto tudo, quantas Escolas, em Portugal, poderão apresentar, com orgulho, um bem equipado Centro de Recursos Educativos, possuindo fotocopiadoras e impressoras laser a cores e monocromáticas, possuindo, quase todas elas, a possibilidade automática de colocação imediata de um agrafado, criando-se assim um pequeno livro ou publicação? Como em muitas Escolas, em Portugal, esta possui também uma página na Internet, que, podendo não ser o último grito em termos de design gráfico, cumpre perfeitamente as suas funções e consegue dar, de forma fácil e imediata, a todos os que cliquem em www.edu-port.ac.mz, uma visão alargada de tudo o que se passa no seu interior, quer sejam eles alunos, pais e encarregados de educação, ou simples cibernautas ocasionais a surfar pelas nossas bandas!... Mas a EPM-CELP, para além desta página, orgulha-se de poder apresentar também um blog escolar, onde todos podem participar, e uma outra interessante e inovadora funcionalidade, o MOODLE, ferramenta destinada a potenciar a interacção tecnológica entre professores e alunos, constituindo-se em autêntico entreposto ciber-tecnológico de troca de perguntas e dúvidas, apontamentos, resumos, textos de apoio, etc, etc.
Eu e a minha “gang”, o Francisco, o Shelton e o Nuno, brincámos muito com eles e ficámos felizes por dividir com eles tudo o que levávamos. Mais tarde, já em casa, continuei (Continua na página 15 )
Quando ouço e leio o que os colegas em Portugal dizem, orgulhosamente, sobre as suas escolas, lembro-me cada vez mais desta nossa EPM-CELP: uma sala de professores grande, bem equipada, com cadeiras confortáveis, televisão, bar, ar condicionado e uma grande mesa de trabalho, equipada com meia dúzia de computadores e scaner de imagem e ligação à Net, por cabo e por Wireless... Nem todos os professores têm,l é certo, o seu gabinete de trabalho individual, mas há os gabinetes de trabalho para os Coordenadores de
9
(Continua na página 15)
FOTOREPORTAGEM Novo ano... Tarefas antigas e renovadas! 1º dia de aulas
Reuniões da Direcção com Alunos, Pais e Encarregados de Educação
10
FOTOREPORTAGEM
Filme Documentรกrio na Escola!
11
EPM-CELP EM FOCO
Somos uma escola aberta a todos os saberes, capacidades e competências. Estamos receptivos a tudo aquilo que estimule a mente dos nossos alunos. A arte é algo que nos entusiasma particularmente! Por isso mesmo acolhemos, no nosso seio, todo o tipo de manifestações artísticas... Por isso mesmo criámos e mantemos uma orquestra de violinos, por isso mesmo proporcionamos aos nossos alunos aulas de teatro, piano e flauta... Estamos, assim, abertos para receber, na nossa comunidade escolar, todo o tipo e género de ARTE. O cinema é mais uma... Há quem lhe chame a sétima!... mundo que nos rodeia. O documentário é por excelência o cinema da cidadania, da consciência política, da troca de experiências entre comunidades geograficamente distantes, do alargar de horizontes.»
A Ébano Multimédia Lda, uma empresa de produção de vídeo e cinema local, está na base da organização do 1º Festival do Filme Docmentário de Moçambique, que decorreu, durante o mês de Setembro, entre os dias 15 e 24, em vários cinemas da capital, Maputo, mas que incluiu também o auditório da nossa escola.
Nós, aqui, na Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa, concordamos com estas palavras, pois sentimos que reflectem alguns dos aspectos e princípios do nosso Projecto Educativo, para além de coincidir com a nossa intenção de formar cidadãos críticos e capazes de intervir socialmente. Por essa razão, aceitámos de imediato a ideia de apoiar a promoção e concretização deste evento e de oferecer, aos nossos alunos, o visionamento de alguns dos filmes escolhidos para este festival e que se encontram em apresentação em outras salas e auditórios de Maputo, alguns de índole comercial.
O Filme Documentário, que, apoiado pelas estruturas estatais, conheceu grande expansão em Moçambique, logo após a Independência (Este era um país que se queria auto-conhecer e ver retratado na tela!), é, segundo o director deste evento, o Sr. Pedro Pimenta, um género particular de cinema que se opõe, com vantagem, ao chamado cinema de ficção. Para o definirmos, usaremos as palavras do próprio, que encontramos na publicação que serve de enquadramento textual a este festival: «O Documentário é sempre um cinema comprometido com a realidade. É o cinema que traz ao espectador o mundo concreto dos conflitos sociais e dos eventos políticos, dos bastidores do show business às descobertas da ciência. Pode tratar dos choques de civilizações e de culturas que abalam as relações entre nações, até aos temas globais que afectam as nossas vidas, desde os segredos da natureza às novidades da tecnologia, das catástrofes ecológicas aos segredos da cultura popular. Estes temas levam-nos a reflectir, inspiram e motivam para deixarmos de ser sujeitos passivos e passarmos a intervenientes no
12
Foram sete os filmes que foram mostrados no nosso auditório “Carlos Paredes”: 1º Dia: Ilha das Flores, de Jorge Furtado, Brasil, 1989 e Globalização: violência e diálogo, de Patrice Barrat, França, 2002; 2º Dia: A Negação do Brasil, de Joel Zito Araújo, Brasil, 2000; 3º Dia: En Un Momento Dado, de Ramon Gieling, Holanda, 2004; 4º Dia: Marrabentando: Histórias que a minha guitarra canta, de Karen Boswall, Moçambique, 2005 (manhã) e Natureza Morta, de Susana de Sousa Dias, Portugal, 2006 (tarde); 5º Dia: Movimentos Perpétuos - Tributo a Carlos Paredes, de Edgar Pêra, Portugal,
EPM-CELP EM FOCO Vencer em Tang Soo Do
2006 (noite de encerramento). Os alunos, escalonados por grupos e turmas, foram levados a assistir aos filmes e convidados a participar no debate que se seguiu a cada exibição. Se, no primeiro dia, pelo inusitado da situação, a participação dos alunos foi algo acanhada, exígua e hesitante, com a continuação da experiência, o seu espírito crítico soltou-se, o que levou a participações bastante significativas. O debate, inicialmente orientado por professores da escola, foi, nos dois últimos dias do festival, enriquecido com a presença da realizadora Susana de Sousa Dias, e autora do Filme Natureza Morta, filme que apresenta a particularidade de não incluir, na sua concepção, qualquer tipo de comentário verbal, facto inovador e estranho, que obriga o espectador a interpretar e a reconstruir a mensagem, a partir apenas do discurso visual e musical. Temáticamente, este filme debruça-se sobre o período do Estado Novo e sobre a ditadura de Salazar. No final da exibição, a realizadora teve a oportunidade de se ver confrontada com questões apresentadas pelos alunos e professores presentes, o que lhe permitiu explicitar alguns aspectos e intenções do seu filme, bem como esclarecer procedimentos relacionados com a actividade profissional de realizadora de cinema, na sua vertente documental. A presença desta realizadora, no último dia de participação da EPM-CELP no 1º Dockanema de Moçambique, muito contribuiu para a análise do filme de Edgar Pêra, Movimentos Perpétuos, e para abrilhantar a pequena cerimónia de encerramento organizada pela escola, constituída, no ínício, por uma pequena actuação do Coro Infantil da escola e, no final, por um breve Cocktail, que se constituiu em momento mais íntimo e próximo, propício à troca directa, e, por isso mesmo, mais dialogante, de ideias e visões pessoais sobre o filme exibido. No dia anterior, aquando da exibição do filme “Marrabentando - Histórias que a minha guitarra canta”, a presença do Sr. Dilon Ndinji, uma das personagens intervenientes no filme (simplesmente porque é considerado como o “inventor” da Marrabenta, este estilo musical muito apreciado em Moçambique), proporcionou um excelente momento de comunicação intergeracional, tendo os nossos alunos participado de forma intensa, quer cantando, quer colocando perguntas e dúvidas. No próximo ano, contamos poder continuar a proporcionar aos nossos alunos esta experiência e enriquecimento cultural. Esperamos, assim, já anciosos, pelo 2º Dockanema de Moçambique.
VR
Lério Miguel Pinto Teles e Cunha é aluno da nossa escola. Frequenta actualmente o 10º Ano, Turma B, do curso de Economia. Há seis anos que, paralelamente, nos seus tempo livres, pratica uma arte marcial conhecida por Tang Soo Do. O Tang Soo Do é uma arte marcial de origem coreana, mas que actualmente possui uma grande expansão e divulgação nos Estados Unidos, onde se têm realizado vários compeonatos mundiais. Lério já participou numa edição anterior e, este ano, por falta de apoio financeiro, sempre escasso em Moçambique, esteve quase para não participar no campeonato mundial que se realizou, entre os dias 7 e 8 de Julho de 2006, na cidade de Anaheim, CA (California). A Direcção da EPM-CELP, ao tomar conhecimento desta situação, e reconhecendo no aluno significativas qualidades pessoais e escolares, bem como desportivas, resolveu dar-lhe um voto de confiança e apoiá-lo directamente, disponibilizando-se para efectuar o pagamento do bilhete de avião. Este apoio inesperado deu mais ânimo e força a este nosso vencedor, acabando Lério Cunha por conseguir trazer para Moçambique duas prestigiantes medalhas de ouro, nesta tão difícil arte marcial, tão exigente, quer ao nível físico, quer a nível moral e intelectual. O Tang Soo Do é conhecido, aliás, pela importância que atribui à mente como controlador do corpo, traduzindo-se esta filosofia em cinco códigos e sete mandamentos, que passamos a enunciar: os cinco Códigos são: 1. Ser fiel à Pátria; 2. Obedecer aos pais; 3. Honrar a amizade; 4. Não recuar na batalha; 5. Em combate, decidir com consciência e honra; os sete Mandamentos são: 1. Integridade; 2. Concentração 3. Perseverança; 4. Respeito e obediência; 5. Autocontrolo; 6. Humildade; 7. Espírito indomável.
13
(Continua na página 18)
CENTRO DE FORMAÇÃO Notícias Breves Apoios ao Exterior
Ecos na Imprensa
A EPM-CELP não é, e não quer ser, uma ilha... Por essa razão desenvolve e mantém ligações estreitas e diversificadas com o Meio envolvente, nomeadamente ao nível do apoio a outras instituições de ensino. Por essa razão, a EPM-CELP apoiou, recentemente, a Escola da Organização Esperança de Magude, ofertando diverso material didáctico para as crianças mais desfavorecidas. Foi um modo simples e eficaz de expressar a nossa solidariedade. AA
A mão amiga do Dr.Fernando Capão coloca com frequência a EPM-CELP nas páginas da Voz Portuguesa, jornal da comunidade portuguesa na África do Sul, o mesmo é dizer que vamos sendo conhecidos pelos nossos compatriotas radicados nesse grande país. Também o Mundo Português, na sua edição de 1 de Setembro, insere uma extensa entrevista concedida pela vogal do conselho directivo, Engª Manuela Jacinto. Ornada com belas fotografias da EPM-CELP, em três páginas integrais se deu a conhecer um pouco da vida e dos projectos desta instituição. AA
Projecto Formar O Projecto FORMAR foi concebido pelo Centro de Formação com o objectivo de proporcionar a realização de Estágios Pedagógicos a estudantes finalistas oriundos do sistema educativo moçambicano. É um contributo para a consolidação da formação contínua centrada nas práticas profissionais. Nesta primeira fase, estão aqui a estagiar 12 alunos do Instituto do Magistério Primário de Maputo e 7 do Instituto Médio Politécnico. O Projecto FORMAR conta com o apoio da Embaixada de Portugal e do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento. AA
Formandos em visita guiada às instalações da EPM-CELP, onde realizarão um estágio pedagógico, no âmbito do projecto FORMAR
Maputo se encontra actualmente a frequentar um módulo de Português para Estrangeiros. Como não podia deixar de ser, o intuito é adquirirem proficiência e familiaridade com a língua portuguesa. AA
Formação de Professores Organizada pela Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, no âmbito do PRODEP III, realizar-se-á, em Pretória, República da África do Sul, de 30 de Outubro a 2 de Novembro, uma acção de formação intitulada, Construir e Adaptar Materiais para a Língua Portuguesa em Contexto Não Nacional, cabendo a sua dinamização a Isabel Soares e Lúcia Coimbra. A EPM-CELP será representada pelos Professores Vítor Roque, Miguel Gullander, Olga Pires e Teresa Paulo. AA
Estamos na SANAVA A EPM-CELP é membro associado da SANAVA (South African National Arts Association) e far-se-á representar pelo Embaixador Anton Loubser, na reunião anual da organização, que terá lugar em Kirstenboch, Cidade do Cabo. AA
Escola Internacional Para além da oferta curricular própria do Sistema de Ensino Português, a EPM-CELP oferece também formação ao nível do Portugês como língua estrangeira (segunda língua). É nesse âmbito que um grupo de crianças da Escola Internacional de
14
D. LUÍSA MUGE Acometida por uma doença tão fulminante quanto fatal, a Srª.D.Luísa Muge abandonou o nosso convívio. Enquanto Secretária do Centro de Formação, deixou um rasto de grandes qualidades humanas, a par de um eficientíssimo desempenho profissional em tarefas que demandavam inteligência conceptual e saber instrumental. Até um dia! AA
(Cont.) É nossa missão Formar! Mas esta não é, de facto, uma tarefa fácil. Sobretudo quando formar não significa, de modo algum, anular a liberdade de quem formamos - o aluno. Para nós (Direcção e professores em geral, pois esta é uma tarefa colectiva!) formar, mais do que impor, significa desenvolver e atribuir uma liberdade responsável e uma vontade de viver plenamente a vontade de ser livre - livre de quaisquer jugos ou correntes férreas ou de pensamentos preconcebidos... Assim, é nosso desejo que cada um dos nossos alunos desenvolva uma forte vontade de se assumir, energicamente, perante os outros e si mesmo... que seja capaz de construir e afirmar uma identidade própria, seja ela africana, asiática ou europeia! Nesta árdua, mas tão nobre tarefa, em momemtos de maior fraqueza e fragilidade, chegamos a desanimar, a pensar que falhámos na nossa missão! Mas, felizmente, nem sempre é assim! Outros momentos há, outros momentos vêm no tempo, que nos reconfortam e nos dão ânimo. Nessas alturas, perdoemnos a imodestia, aceitem o nosso orgulho ou perdoemnos o pecado (se é pecado sentir que cumprimos bem a nossa tarefa!). E é nestes outros momentos que vemos, às vezes com nostalgia, que os nosso alunos, que começaram por ser meninos, são hoje adultos assumidos, reconhecidos e prontos para enfrentar a vida fora das nossas fronteiras e muros de protecção. Este é um exemplo desses momentos de exaltação que nos impelem a batalhar e a remar em frente, mesmo contra tufões e marés contrárias. VR Exª. Srª. Presidente da EPM-CELP: Venho por este meio felicitar a direcção da EPM-CELP pelo excelente trabalho que tem vindo a realizar ao longo destes anos. Eu, como antiga aluna, vejo que a escola cresceu muito, os alunos que hoje frequentam a escola devem-se sentir orgulhosos de serem alunos da melhor escola de Moçambique e de Portugal, pois não se encontra nenhuma escola pública ou privada em Portugal com as condições que a EPM-CELP oferece. Para além de felicitar a escola, quero deixar registado o meu agradecimento por me terem deixado realizar o estágio curricular na EPM-CELP. Este estágio veio enriquecer os meus conhecimentos e dar oportunidade a novas experiências a vários níveis dentro da EPM-CELP. Quero também deixar o meu reconhecimento a todos os funcionários da EPM-CELP, sem deixar de referir a Drª Albina Santos e o Dr. Aresta por todo o apoio directo e indirecto que me deram para a realização deste estágio. Os meus melhores agradecimentos
Obrigado, Mónica!
(Continuação do artigo da página 9)
ainda a pensar na dificuldade que aqueles meninos devem ter em estar atentos nas aulas, com o calor e com a fome. Ah! É verdade, as casas de banho! São muito precárias e não são muito bem cheirosas. E nós aqui com tanta coisa! Este foi um dia muito especial para mim, para os meus colegas e para os alunos da Escola Polana Caniço.
Tiago Graça, 5.º A (2005/06)
[\ (Continuação do artigo da página 9)
Ciclo, para o Centro de Formação e Centro de Recursos, para a Presidente do Conselho Directivo e seus Vogais, para as Áreas Disciplinares, etc, etc... Afinal, também nós temos razões para nos sentirmos orgulhosos em ser professores da EPMCELP... Com o aproximar de mais um aniversário da abertura da Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa, é-nos grato verificar que, nas condições que criámos, quer para professores, quer para alunos, temos confiança num crescente sucesso escolar, pois estamos bem no pelotão da frente!... O Coordenador do Centro de Recursos
15
ESCOLHAS DA BIBLIOTECA O Sétimo J ur amento Jur uramento de Paulina Chiziane
“Sinto-me a flutuar entre dois mundos”
Paulina Chiziane na intersecção da tradição com a modernidade “Quando eu nasci – conta Paulina Chiziane – os meus pais temeram pela minha vida. Vim ao mundo com um peso muito baixo, a minha saúde era muito frágil. Então houve necessidade de consultar sacerdotes e adivinhos para descobrir o que eu tinha. Estes concluíram que havia um espírito importante que queria encarnar em mim. Foi necessário um ritual muito complicado para celebrar a encarnação do dito espírito importante. O tratamento que eu tenho ainda hoje, dentro do clã, apesar de estar a viver na cidade, quando eu regresso a Gaza, à minha aldeia natal, é um tratamento especial, porque tenho o nome do grande antepassado.” Assim fala Paulina Chiziane, fazendo da sua voz eco deste universo secreto que comanda não só os acontecimentos da vida quotidiana da maioria das pessoas em Moçambique, o seu imaginário, os seus medos e motivações, mas, numa esfera mais macroscópica, o equilíbrio entre poder político e a submissão. Quem não ouviu falar de gente que se transforma em animais e sob esta forma comete as maiores atrocidades, de mães feiticeiras que devoram os seus próprios filhos, de gente com corpos fechados invulneráveis às balas? Gente que não é “inocente” como nós, mas possui poderes conferidos por espíritos que encarnam nos seus corpos e que agem por eles? A par destas histórias, outras mais benignas como de bebés que a medicina havia dado como condenados e que encontram salvação em rituais tradicionais como aquele em que foi encontrado o espírito antepassado que encarnou em Paulina Chiziane e que uma vez apaziguado pelo ritual, a fez desabrochar para a vida.
16
Como falar destes assuntos cuja veracidade parece duvidosa mas cuja realidade é real? (como diz o provérbio “não acredito em bruxas mas que as há, isso há»). Achille Mbembe, antropólogo diz-nos “é necessário uma nova linguagem que nasça da vida quotidiana das pessoas comuns, assuma as angústias da sua vida, os seus pesadelos, as imagens através das quais as pessoas comuns exprimem o que sentem ou sonham. Como fazê-lo se os escritores africanos escrevem em línguas europeias onde este universo simbólico não encontra correspondência? Como buscar as palavras, as expressões que falem pela voz dos espíritos dos antepassados que vão encarnando nas personagens das histórias de todos os dias, consoante as situações que estas vivem? É este dilema que enfrenta Paulina Chiziane e é esta busca constante de uma tradução fiel deste universo que ela faz, de olhos, fechados, deixando que as palavras se fecundem no plasma das sensações e das vivências. Ela tacteia e espera que as palavras venham ao encontro da situação. É uma solução de compromisso como em todas as traduções (ou poderei dizer traições?). Mas, pouco a pouco, à medida que a consciência deixa de comandar a acção e o verbo ocorre ao chamamento da história, Paulina Chiziane tece, segundo ela, não romances, mas histórias - que poderiam ser contadas à volta de uma fogueira - onde vivos e mortos se procuram, se disputam, se reconciliam. E se em “Balada de amor ao vento”, seu primeiro romance, Paulina, a medo, ia penetrando o mundo tradicional onde uma mulher vai perdendo o seu amor e as suas ilusões na teia de uma vida de sofrimento, em “O Sétimo Juramento” os passos são mais firmes, construindo uma trama nos quais as personagens vão ao fundo dos seus sentimentos, medos, pesadelos e ambições, e as palavras vão assim ganhando corpo, forma, transportando as imagens desse mundo subterrâneo anterior a qualquer denominação moderna. A história de “O Sétimo Juramento” passa-se nos últimos anos da guerra civil. “É Inverno, é Junho, os pobres confortam-se nos braços das amantes.” Na cidade alheia à morte que embebe de sangue as estradas, as greve dos operários marcam o falhanço da utopia socialista que preconizava o “pão para todos”. Há meses que os trabalhadores não recebem salário. David, o Director da empresa estatal, desviou o orçamento da fábrica para comprar um novo carro e para realizar investimentos pessoais. Longe vão os tempos em que “tinha o coração do tamanho do povo. Hoje a palavra povo é um simples número, sem idade nem sexo. Estatística”. Mandou erguer uma mansão na qual Vera, sua esposa amantíssima, qual Penélope, fia e desfia os seus dias, mantendo a tranquilidade e bem-estar da família. Clemente, o filho adolescente debate-se com um mundo imaginário povoado de espíritos malignos que lhe assombram as noites e se alumiam nos clarões dos raios das tempestades, desfilando ao ritmo dos estrondos.
NO REINO DA(S) ESCRITA(S) A avó liga o mundo presente ao mundo dos antepassados, sabe que espírito encarnou em que corpo e encontra as explicações para o que se passa num determinado momento na história da linhagem. Esta tranquilidade familiar será posta à prova quando os operários da fábrica que David dirige, declaram greve, ameaçando o poder do Director. Lourenço, um outro empresário amigo instiga-o a procurar ajuda das forças sobrenaturais, dizendo-lhe “não sou órfão! Sou negro. Tenho a minha própria raiz e o meu próprio canto. Sou aquele que encarnou a embondeiro secular. Caminho sobre as águas e não me afundo. Caminho sobre o fogo e não me queimo. Na empresa que dirijo, as minhas mãos banharam-se no lodo e não se conspurcaram. No confronto com os operários as minhas mãos mergulharam no sangue mas não se mancharam. Sou invulnerável. Não gravito, levito.”. Para conservar a posição, David, de início incrédulo, envolver-se-á numa trama de rituais secretos de um mundo obscuro em que os espíritos o levam a seduzir e tornar-se amante da própria filha. Vera e Clemente lutarão do outro lado da barreira, procurando espíritos conciliadores que se oporão às forças do mal e da ambição do marido a fim de preservar a paz da família. Em torno da família de David orbitam também Mimi, uma virgem que ele compra numa casa de prostituição e Cláudia, secretária, que dá à luz quase no mesmo dia que Mimi, o que deixa perceber que o mundo da poligamia se mantém, ainda que encoberto por casamentos aparentemente monogâmicos. Neste livro a autora conjuga todas as temáticas que se esboçaram nos livros anteriores: a realidade da mulher nas sociedades de origem bantú, a poligamia camuflada, o inconsciente colectivo banhado de um imaginário ancestral de medos, forças e poderes conquistados em rituais secretos. Mostra-nos uma sociedade em que a corrupção é nota dominante nas camadas dirigentes, em que os ideais de justiça deram (Continua na página 20)
Rui de Noronha e a Literatura Moçambicana Neste número do nosso Pátio das Laranjeiras, vamos dar início a uma nova rubrica regular - “No Reino da(s) Escrita(s). Esta nova secção do nosso jornal vai estar a cargo da prof. Olga Pires, que lecciona a disciplina de português. Nascida em Moçambique, cidade de Quelimane, na província da Zambézia, Olga Pires vai-nos dar a conhecer alguns dos nomes menos conhecidos da Literatura Moçambicana, sobretudo aquela que é escrita em língua portuguesa. O primeiro súbdito deste Reino da(s) Escrita(s) que nos traz é o poeta Rui de Noronha.
com Manuel Ferreira (in No Reino de Caliban III, p. 31), esta obra constitui “o sinal expressivo de uma nova fase da poesia moçambicana, que viria mais tarde a alcançar o verdadeiro ponto de ruptura com o passado.” Rui de Noronha possui poemas, contos e textos críticos publicados em jornais (sobretudo em O Brado Africano) e revistas da época.
António Rui de Noronha – considerado o mais antigo precursor da moderna poesia moçambicana. Nasceu em Lourenço Marques a 28 de Outubro de 1909. Filho de pai de origem goesa e mãe negra, viveu uma vida marcada por muita tristeza. Morreu aos trinta e quatro anos sem ver concretizado o sonho de ver publicado o seu livro de poemas, presumivelmente intitulado Lua Nova, um conjunto de sonetos postuma-mente publicado graças ao empenhamento de um grupo de amigos. Acredita-se, contudo, que o seu prefaciador e outras pessoas tenham adulterado alguns destes sonetos, mas, de acordo
17
Soneto Eu tenho a pagar 10 e na carteira Apenas tenho 8. Eis a arrelia. Eis-me buscando em mente uma maneira De pagar o que devo em demasia. E fica às vezes nisto todo o dia, Um dia inteirinho em estúpida canseira. Se busco distrair-me, de vigia, Olha-me a rir a dívida grosseira. E entretanto na rua vão passando Carros de luxo, altivos salpicando O lodaçal dos trilhos sobre mim… E sinto, na revolta, o algarismo, Do trono do brutal capitalismo, A rir de nós, os bobos do festim! in O Brado Africano, nº 794 Lourenço Marques, 15. 2. 1936 OP
PSICOLOGANDO Regresso às Aulas Nas reuniões de abertura do ano lectivo de 2006/7, com os Pais e Encarregados de Educação de todos os alunos desde o PréEscolar ao Secundário, o SPO Serviço de Psicologia e Orientação - fez a apresentação dos seus serviços e das suas atribuições na EPM-CELP. A existência destes serviços na EPM-CELP justifica-se por várias razões: 1. Porque há alunos com a necessidade de aprender a ser pessoas, na sua amplitude máxima do SER; 2. Porque há professores com a responsabilidade de formar, educar e orientar os seus alunos para a escola da vida, sendo esta nossa Escola um dos “apeadeiros” da vida; 3. Porque há Pais e Encarregados de Educação, com a responsabilidade de orientar os seus filhos/ educandos, sem os quais o nosso trabalho não seria completo. O SPO tem como tarefa fazer a articulação com estes pólos de forma a fortalecer, por um lado, a equipa pedagógica que no dia-a-dia trabalha para o enriquecimento dos alunos, e, por outro, trabalhar directamente com os alunos q u e tenham necessidade de orientação no seu processo educativo tanto para vencer as dificuldades associadas à aprendizagem como
ao seu processo de crescimento pessoal. Nestes encontros ficaram registadas algumas orientações aos Pais/ Encarregados de Educação. Assim, papás, registem alguns aspectos: Horas de Sono – Ajudem os vossos filhos a cumprir o horário de sono por noite que está de acordo com a sua faixa etária, que varia entre 12 horas para os meninos do Pré (3 anos) e 8h30m para os alunos do Secundário, e NUNCA MENOS! Desta forma será garantido maior sucesso no rendimento escolar dos vossos filhos; Saídas nocturnas – Ainda associado à importância do cumprimento de horas de sono, deverão ser evitadas as saídas nocturnas com regresso tardio aos fins-de-semana (JAMAIS durante a semana!!!) Alimentação – Uma alimentação cuidada, rica nos principais nutrientes como proteínas e ferro, (presente na carne e peixe), vitaminas (nas frutas e vegetais) e cálcio (presente no leite e deriva-dos), deve ser considerada. Se a falta destes nutrientes traz sérias consequências ao crescimento de uma criança, uma alimentação desequilibrada e em excesso pode provocar a obesi-dade. O exercício físico,
como andar a pé, de bicicleta, e o desporto no geral, é aconselhável como comple-mento de uma vida saudável; Televisão / Computadores / “Games” – Horas em excesso de exposição à televisão e/ou computadores e games, são muito prejudiciais ao bom desenvolvimento dos nossos alunos. Diversos estudos comprovam que a capacidade de atenção é fortemente afectada pela “caixinha mágica”, devendo ser controlado o seu horário de utilização. Na adolescência a televisão, e os media em geral, tem ainda uma influência negativa sobre as meninas que, com a mudança de corpo própria da idade, e o aumento da massa corporal, começam a interiorizar a falsa necessidade de dietas, de forma a compararem-se com os modelos ultra-magros divulgados! Consumo de Tabaco, Álcool e outras Drogas – São sobejamente conhecidos os malefícios por eles causados: danos físicos e mentais com a diminuição da capacidade de aprendizagem e de concentração, são, entre outros, algumas das consequências directas do consumo. AM
[\ (Continuação da página 13)
De regresso, Lério confessou-nos que se sente feliz com o sucesso desportivo alcançado, mas que, no fundo, a maior satisfação que sentiu nesta sua experiência, foi ver que o nome de Moçambique, a prencípio só reconhecido quando localizado «perto da África do Sul», passou depois a ser conhecido e sinónimo de qualidade desportiva. Histórias de vida como a de Lério Cunha podem e devem ser vistas como inspiradoras e como exemplos a seguir por todos nós. Felicitações, Lério.
VR
18
Imagens de uma demonstração de Tang Soo Do realizada na nossa escola.
ESCRITA CRIATIVA Escrever, criar, exprimir ideias e sentimentos, explorar segundos sentidos, segundas intenções, levar a língua até ao extremo da estética... Eis aqui o prazer de escrever de forma criativa. Primeiro a brincar e, quem sabe, mais tarde, ser escritor mesmo a sério! Na nossa há alunos que trilham já esses caminhos fantásticos e com vontade de mostrar o que já conseguem alcançar. Vejamos alguns exemplos, neste caso, duas letras de duas canções, segundo a filosofia do movimento “Straight-Edge”...
Não morras antes de morreres Erra, grita, chora, Levanta-te, sorri, luta! Erra para seres feliz, Perde-te para te encontrares, E ensinares a muitos, Como rasgar as nuvens que tapam o Sol.
Sou um copo de água Sou um cópo de água Que eu mesma me sirvo E que numa questão de segundos Estará a correr nas minhas veias Purificando a minha mente, corpo e sangue Encarnado que corre, também nas minhas veias
Descobre-te inteiro nos outros, Não queiras nem uma parte de ti, Encurralada numa mentira! Para quê drogas? Para quê fumo? Fraquezas frequentes,,, Para quê o alcoól? Para quê os vícios e ganâncias? Vazios frequentes... Para quê o ódio, a guerra e tanta morte? Para quê?
Sou o Ar que respiro O solo em que piso E em que um dia me irei decompor. Eu sou o tudo O tudo sou eu E por isso eu cuido do tudo Para que este cuide de mim.
Aprende a ver e a sentir com o teu interior. A beleza que parte de ti, Para o resto do Mundo.
Mónica Moisés Cuambe, 11º C Refrão Alguém já soube ver o Sol quando brilha no Mar? Alguém já soube ver a fresta de luz no bosque, que espreita entre ramos? Ou as lágrimas de uma mãe que perdeu um filho? Alguém já soube ver as mãos de uma avó? Ou o primeiro passo de um bébé? Ou o reflexo da luta no olho de todas as crianças no Mundo? Alguém já soube escutar a Natureza no meio de uma floresta? Alguém já soube sentir o vento?
Aprende a ver, a ver com o teu interior. A beleza que parte de ti, Para o resto do Mundo. Tudo parte de ti! Aquele abrir do olho, Que surge fundo Do mais puro e simples de ti! É tão fácil recusar, Basta pensares por ti, Aceitares o erro e seres tu mesmo! Acorda com o Sol e deita-te com a Lua! Não vivas nas trevas. Não morras antes de morreres! Rita Silva Couto, nº 18, 11º C
19
Textos elaborados sob orientação do prof. Miguel Gullander
ÚLTIMA PÁGINA Países e Povos na Nossa Escola Taxa de Alfabetização: 78% Taxa de Mortalidade Infantil: 4,8% Produto Interno Bruto (PIB): 797 milhões de dólares (USD) (2003) PIB per capita: 1700 USD (2003) Exportações: Peixe e bananas Importações: bens alimentares e de consumo, equipamentos industriais e de transportes.
Cabo Verde
A Nossa Gente
Nome Oficial: República de Cabo-Verde Superfície: 4.033 Km2 Capital: Praia Língua Oficial: Português Regime Político: República, sistema multipartidário Constituição em vigor: 1992 Dia Nacional: 5 de Julho (Independência de Portugal, 1975) Moeda: Escudo Cabo-Verdiano (CVE) Principais cidades: Praia, Mindelo. População Total: 418.224 hab (2005) Taxa de Crescimento Natural da População: 0,67% População Urbana: 56% População Rural: 44% Esperança Média de Vida: 71 anos
Stefany Monteiro de Pina nasceu em Delft, Holanda, mas é de nacionalidade cabo-verdiana. Em 1991, quando nasceu, os pais estavam aí a estudar. O pai, Engenheiro Hidráulico, trabalha para a UNICEF e encontra-se actualmente a trabalhar em Moçambique, em Maputo e na privíncia da Zambézia. A mãe é Educadora de Infância, mas não exerce a profissão.
( Continuação da página 17)
lugar a ambições pessoais que tudo justificam. As máscaras das personagens vão caindo à medida que os actos se sucedem. Advogados bem falantes dão lugar a curandeiros, empresários estudados no estrangeiro encarnam espíritos de antepassados. E as crenças antigas são usadas para se alcançar os
Pátio das Laranjeiras: Stefany, nasceste na Holanda! Apesar disso, pode dizer-se que conheces bem o teu país? Stefany: Sim, claro! Nasci na Holanda, mas já vivi em três locais diferentes de Cabo Verde... Já vivi na ilha de S. Vicente, Santo Antão e na capital, a cidade da Praia. lugares de poder, “os mais altos ramos da árvore” de um país onde o passado e o presente se entrecruzam deixando as pessoas espartilhadas entre várias culturas, entre várias identidades. E, embora Paulina diga que a sua escrita está sujeita a uma auto-censura, porque em
PL: Há quantos anos estás em Moçambique? SP: H á dois anos. PL: O que te agrada mais em CV? SP: As pessoas... O seu comportamento... Os caboverdianos são pessoas muito alegres e vivas por natureza... Há muita música e muitas danças! PL: Quais são as músicas tradicionais de que mais gostas? SP: Há muitas! Temos o Funana, que é muito mexida... Temos a Morna, mais lentae a Coladeira, que é também muito alegre... PL: Dizem que a comida é muito boa!
SP: Sim! Temos muitos pratos tradicionais. A Catchupa, por exemplo, que leva milho e vários tipos de carne... o Cuscus, o doce de banana e eu adoro papaia com queijo! PL: Estas a estudar... Pensas, mais tarde, regressar ao teu país? SP: Claro! VR Moçambique a liberdade de expressão é ainda uma miragem, não podemos deixar de admirar a coragem com que as contradições, os dilemas, as ambiguidades desta sociedade vêm, pela sua mão, à luz. Um livro imprescindível a quem pretende ver este país, para além das aparências! TN
Pátio das Laranjeiras, n.º 37 e 38 Directora: Albina Santos Silva . Coordenação Editorial: Vítor Roque . Coordenação Executiva: Jorge Pereira, Núcleo de Apoio, Informação, Relações Públicas e Publicações . Redacção: Teresa Noronha, Vítor Roque . Concepção Gráfica e Paginação: Judite dos Santos e Vítor Roque. Fotografia: Vítor Roque e Filipe Mabjaia . Colaboração: Alexandra Melo, Mércia Calú, Bernardo Álvaro, Judite dos Santos, Eugénia Marques, Graça Pinto, Jorge Pereira, Olga Pires, Miguel Gullander Revisão: Vítor Roque, António Aresta . Produção: Centro de Recursos Educativos, Agosto e Setembro de 2006 Propriedade: Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa, Av. do Palmar, 562 . Caixa Postal 2940 . Maputo . Moçambique . Telefone: 00 258 21 481300 . Telefax: 00 258 21 481343 , www.edu-port.ac.mz . E-mail: patiodaslaranjeiras@edu-port.ac.mz . epm-celp@edu-port.ac.mz
20