ESCOLA PORTUGUESA DE MOÇAMBIQUE
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CENTRO DE ENSINO E LÍNGUA PORTUGUESA
10 contos ANO V
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NÚMEROS 41-42
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DEZEMBRO 2006 / JANEIRO 2007
FESTA DE NATAL
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JORNAL MENSAL
Homenagem a Dilon N’djindji
ATA S E PA R Férias... e ... regresso ao trabalho!
destaques
O Natal na EPM-CELP
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Almoço de Reis
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Balanço do primeiro momento de avaliação sumativa
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EDITORIAL Dezembro já se foi e Janeiro chegou e já partiu também. Com tudo isto, o Ano Velho finou-se e o Ano Novo nasceu bem e veio cheio de vitalidade e vontade de um novo recomeço. E aqui estamos nós, mais uma vez, a introduzir uma nova edição do nosso jornal escolar, bilhete postal desta instituição, o nosso tão querido “Pátio das Laranjeiras”, numa edição dupla, como é habitual nestes inícios de cada ano civil. E “Dupla”, pois claro, que isto de finais e recomeços dá sempre muito trabalho e ocupação a todos os que aqui desempenham funções, pelo que optamos sempre por um formato de dois em um, mais prático, mais substancial, mas não mais fácil de fazer… Para além do rigor nos processos, queremos que a EPM-CELP seja também conhecida como uma escola de festa e em festa, em que aprender e ensinar seja um acto que se executa com prazer. Por isso, queremos aqui destacar dois actos de alegria e de festa, ainda do Ano Velho: em primeiro lugar, a Festa de Natal dos mais novinhos, e, em segundo lugar, a “Festa” de Dilon Ndjindji, mestre da música e mestre da marrabenta (ver Separata). Já do Ano Novo, destacamos o “Almoço de Reis”, já tradição desta casa, óptima oportunidade para se reforçarem os laços de amizade e de trabalho entre funcionários e professores desta instituição. Mas, como sempre acontece, depois da alegria e da festa vem o retomar do trabalho e o assumir das responsabilidades que ele implica. Por isso se fizeram já várias reuniões com os alunos dos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário, para se reflectir sobre o trabalho efectuado e como forma de motivar para o trabalho que aí vem. E o que aí vem exige de todos nós esforço e dedicação: ao nível da sala de aula, sãos os novos conteúdos a adquirir e as novas competências a desenvolver e ao nível da escola, é o IV Simposium Internacional da Língua Portuguesa que se vislumbra já no horizonte. Por isso, a todos quero desejar um bom ano e bom trabalho.
A EPM-CELP EM FOCO notícias curtas
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A EPM-CELP na RTP África
Construção do sucesso na Matemática
A nossa Escola “entrou em casa” dos mais de nove milhões de telespectadores da RTP África espalhados pelos países africanos da CPLP e de Portugal, a partir de uma breve reportagem transmitida na rubrica África Global. Este trabalho, integrado numa panorâmica global sobre o ensino do português no estrangeiro, insistiu na diversidade das nacionalidades que integram a Escola Portuguesa e na abertura cultural que lhe está inerente. Previamente, e ao longo de uma manhã, um jornalista e um cameraman auscultaram espaços e pessoas, numa tentativa de captar uma imagem mais completa da instituição, nas suas múltiplas vertentes. Percorreram diversas instalações da Escola, entre as quais a Biblioteca, o Centro de Recursos e as salas de Informática, e entrevistaram pessoas, nomeadamente a Presidente do Conselho Directivo e o Presidente da Comissão de Finalistas, que, de forma breve, abordaram alguns aspectos estruturantes da vida da instituição. À semelhança do que acontece habitualmente com todos aqueles que nos visitam, também eles ficaram maravilhados com o que viram e ouviram. E, pelos olhos deles, todos aqueles que nos puderam visitar através das câmaras da RTP África. EM
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Os alunos da EPM-CELP estão agora ainda mais perto do sucesso, à disciplina de Matemática, com a aquisição de uma série de material actualizado, que veio enriquecer enormemente o acervo da Biblioteca e do Laboratório de Matemática da nossa Escola. Durante o mês de Dezembro, foram adquiridos livros e outro tipo de material relacionado com a educação matemática e com a formação de professores, literatura extremamente actual e relevante em termos pedagógicos e científicos, nas palavras do professor Jeremias Correia, coordenador da área disciplinar. Possibilitando abordagens diferentes na leccionação das aulas e das actividades realizadas no Laboratório de Matemática, de acordo com aquele professor, o recém-chegado material técnicopedagógico, relacionado essencialmente com as áreas da Geometria e do Cálculo, representa um enorme leque de possibilidades, quer para alunos, quer para professores. Para os próximos dias está prevista ainda a chegada de software, que irá facultar uma abordagem mais dinâmica e interactiva da Geometria, que é uma área em que, tradicionalmente, os alunos demonstram enormes dificuldades. Esta acção insere-se num dos projectos previstos no Plano de Actividades da Área Disciplinar da Matemática, denominado “Construção do sucesso na Matemática”, que visa equiparar a Escola ao projecto lançado pelo Ministério da Educação de Portugal, ao qual a Escola concorreu, e do qual, até à data, ainda não obteve resposta. EM
A EPM-CELP EM FOCO notícias curtas História ao vivo: 1 de Dezembro de 1640 Os alunos do 6º A, Ana Alice, Diogo e Yannick, sob a orientação da professora Piedade Pereira, dispuseram-se a explicar aos alunos dos 4º, 5º e 6º anos, o significado desta data histórica, através de uma sessão de História ao vivo. Assim, no dia 30 de Novembro, véspera do dia feriado, estes alunos, acompanhados pela professora de História, deslocaramse às salas dos seus colegas mais novos, levando para o exterior da sala uma actividade que, com frequência, realizam nas aulas desta disciplina: História ao vivo.
Vestiram os papéis de Duquesa de Mântuo, D. Carlos de Noronha e D. Antão de Almada e apresentaram uma conversa entabulada por estes três nobres do séc. XVII, dois portugueses e uma castelhana, no dia 1 de Dezembro de 1640, aquando da Restauração da Independência. A sessão era precedida de um pequeno texto explicativo, elaborado pela turma e lido pela aluna Patrícia Salomé, que contextualizava esse facto histórico. Dado o sucesso da iniciativa, os pequenos “actores” aproveitaram o intervalo grande da manhã para fazer a sua apresentação na sala dos professores, brindando os presentes com esta animada “lição de História”. E foi desta forma dinâmica e instrutiva que, na nossa Escola, foi assinada esta data tão importante para a História de Portugal. EM
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Computadores nas salas de aula
Sempre na linha da frente, a nossa Escola orgulha-se de ser pioneira também na vertente das TIC aplicadas à Educação. Foi neste sentido que se iniciou o processo de capacitação das salas de aula, de modo a potencializar o ensino assistido por computador e a utilização de e-books na sala de aula. No final deste processo, em cada sala haverá, no mínimo, 5 computadores com acesso à Internet, que complementarão, assim, o recurso a outros meios mais tradicionais. Os computadores serão dotados de wireless, o que, aliado à possibilidade de ligação do computador ao projector, que é já uma realidade nas nossas salas, trará superiores vantagens e recursos aos alunos, no seu projecto de aprendizagem e de crescimento pessoal. Este processo, tão importante para a diversificação de estratégias e de materiais na aula e, consequentemente, para o sucesso dos alunos, desenvolveu-se em duas fases sucessivas. Num primeiro momento, que decorreu durante os meses de Julho e Agosto de 2006 (aproveitando a ausência dos alunos), foram preparadas dezasseis salas, nas quais a corrente eléctrica foi distribuída ao longo das mesas, dispostas em linha horizontal.
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No entanto, como a excelência resulta de uma permanente reflexão sobre aquilo que fazemos e sobre possíveis formas de melhorar, houve necessidade de proceder a alguns reajustamentos relativamente ao projecto inicial. Assim, verificou-se que uma disposição lateral dos computadores traria vantagens sobre a sua disposição em fila, possibilitando uma maior versatilidade na utilização dos espaços e dos recursos. Deu-se, então, início a um segundo momento, com a colocação de bancadas laterais ao longo das paredes, onde serão instalados os computadores. No meio das salas, haverá uma série de mesas, nas quais os alunos poderão realizar todo o tipo de trabalhos. O projecto contempla, também, o apetrechamento das salas com cadeiras mais versáteis, possibilitando uma maior e mais rápida mobilidade dos alunos na aula. Este processo de capacitação das salas estará concluído, no máximo, até ao final de Fevereiro, e contará ainda com a aquisição de mais sessenta computadores, para além dos 50 portáteis, também já adquiridos. EM
A EPM-CELP EM FOCO notícias curtas Dia Mundial Alimentação
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No âmbito do cumprimento do Plano Anual de Actividades para o Ano Lectivo 2006/2007, os alunos do 6º ano de escolaridade participaram na comemoração do Dia Mundial da Alimentação, levada a cabo no fim de Novembro e início de Dezembro, através de uma pequena dramatização sobre a alimentação saudável. As turmas do 6º ano prepararam e ensaiaram, nas aulas de Ciências e de Área de Projecto, pequenas peças de teatro para os alunos do 1º ano de escolaridade. No teatro, foi salientada de forma divertida e lúdica, a importância para a saúde de cada grupo de alimento. Esta actividade teve dois grandes objectivos: consolidar e interiorizar os conceitos aprendidos nas aulas e sensibilizar os mais pequeninos para a prática de uma alimentação saudável. Os alunos do 1 0 Ano de escolaridade demonstraram grande interesse pelos diálogos que escutaram durante a dramatização, bem como por alguns conhecimentos básicos sobre alimentação saudável, nomeadamente em relação aos excessos de açúcar, sal, gorduras e refrigerantes. MN/TM
Ano Novo... vidas...
Novas
Dois mil e sete brindou a nossa Comunidade Educativa com mais dois nascimentos, de professores, neste caso. Trata-se dos pequenos Guilherme e Jade, os rebentinhos dos professores Pedro Jesus e Sónia Santos e da professora Teresa Noronha, respectivamente. O PL associa-se à Escola, enviando votos das maiores felicidades aos pais e aos pequenitos.
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Novo balcão na Sala dos Professores de Artes e Ofícios da Moamba, província de Maputo. Fez exposições no Museu Nacional de Arte, no Núcleo de Arte, no Instituto Camões, na Associação de Fotografia e, como não podia deixar de ser, na EPM-CELP, que já acolheu a sua obra por três vezes. EM Desde o início deste ano lectivo, os professores passaram a contar com um serviço de bar na sua sala, novidade que muito lhes agradou, já que podem agora desfrutar do seu pequeno-almoço e do tempo de intervalo num espaço tranquilo, em salutar convívio. Assim, logo à esquerda da sala, encontra-se agora o balcão da D. Palmira, servindo bolinhos caseiros e dois dedos de conversa a quem chega das aulas a precisar de repor energias. Não se trata, contudo, de um simples balcão. Falamos de um trabalho do artista plástico Mboa, que veio emparedar com tantas outras obras de arte que fazem da nossa Escola um espaço tão acolhedor e aprazível. Talhado em relevo com motivos florais, a consecução deste trabalho levou ao escultor moçambicano vários dias de trabalho intenso. Esta não é, no entanto, a única obra que este artista concebeu para o nosso espaço. Além dessas, esculpe pequenas peças que a Escola oferece habitualmente às ilustres personalidades que com frequência nos visitam. João Francisco Mboa nasceu a 3 de Abril de 1959, no distrito de Zavala, província de Inhambane, e fez os seus estudos primários na Escola
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Dia Mundial de luta contra a SIDA Estima-se em 40 milhões o total no mundo inteiro de casos com HIVSIDA, dos quais mais de 90% vive nos chamados países “em vias de desenvolvimento”. Milhões de doentes já morreram e continuam a morrer, principalmente nestas nações onde as condições de vida são tão precárias. Moçambique é um destes países. A SIDA é um problema de saúde pública prioritário que necessita de uma resposta combativa a nível local, regional e nacional, para alcançar uma solução global. Para isso, o indivíduo e a sociedade devem contar com informação precisa e fundamentada cientificamente. No âmbito do projecto definido para os alunos do 9º Ano “Higiene e saúde”, as disciplinas de Área de Projecto, Formação Cívica e Ciências Naturais, no dia 1 de Dezembro, “Dia Mundial da Luta Contra a Sida”, realizaram um debate inter turmas, com distribuição de panfletos e lacinhos, tendo como principal objectivo promover a prevenção e a consciencialização sobre a epidemia de HIV. AB/ MS/ MV
A A EPM-CELP EPM-CELP EM EM FOCO FOCO Balanço do primeiro momento de avaliação sumativa
Momento de reflexão com os alunos, sobre o aproveitamento no 1.º período
Pré-Escolar e 1.º ciclo do Ensino Básico A nível do 1.º e do 2.º anos, não há insucesso, sendo, no entanto, necessário maior estudo nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Ainda nestes anos de escolaridade, apenas a turma “A” do 1.º ano, apresenta um comportamento de Satisfaz Pouco e um aproveitamento de “Satisfaz”, contra as apreciações de “Satisfaz Bem” das restantes turmas. Relativamente aos 3.º e 4.º anos de escolaridade, é a disciplina de Inglês que existe uma maior percentagem de classificações “Não Satisfaz”. No 3.º ano de escolaridade, do total de cento e sete alunos, quarenta e três apresentam a classificação “Não Satisfaz”, sendo a turma “C” onde se registou o maior insucesso nesta disciplina. Ainda em relação à disciplina de Inglês, no quarto ano de escolaridade, do total de cento e seis alunos, trinta e quatro têm classificação “Não Satisfaz,” sendo a turma “D” a turma com maior insucesso. No que concerne às outras disciplinas, designadamente Língua Portuguesa, Matemática e Estudo do Meio, é novamente na turma “D” do quarto ano onde se registaram as percentagens mais baixas.
2º e 3º ciclos do Ensino Básico 2º Ciclo: - De uma maneira geral, o comportamento é Suficiente, com excepção das turmas “C” do quinto e do sexto ano de escolaridade, que apresentam um comportamento Bom. Em relação ao aproveitamento, também a maioria das turmas apresenta um aproveitamento Suficiente, exceptuando as turmas “A” e “C” do quinto ano de escolaridade. - Relativamente às disciplinas com maior insucesso, são elas a Língua Portuguesa e a Matemática comuns a todas as turmas do quinto ano, e a disciplina de Matemática para as turmas do sexto ano. - Ao fazer a análise por turma, destaca-se o quinto ano turma “D”, que apresenta um aproveitamento Insuficiente.
3ºCiclo - No sétimo ano, as turmas “A” e “B” apresentam um comportamento e um aproveitamento Suficiente, contra o Bom apresentado pela turma “C”. Neste ano de escolaridade, a disciplina onde o insucesso é maior é a disciplina de Matemática. - No oitavo ano, apenas a turma “D” tem um comportamento Bom, contra o Suficiente das restantes turmas; já em relação ao aproveitamento, todas as turmas deste ano de escolaridade têm um aproveitamento Suficiente. A disciplina com mais insucesso é a Matemática, comum a todas as turmas, havendo no entanto outras disciplinas com insucesso por turma, como por exemplo, o oitavo “A” tem também as disciplinas de Francês, Educação Visual e Educação Física; o oitavo”B”, Língua Portuguesa, com sessenta e dois por cento de insucesso, Francês e Geografia; a turma “C” Francês, Ciências Naturais e Ciências FísicoQuímicas. - No nono ano de escolaridade, as turmas “A” e “B” obtiveram um comportamento Bom e as restantes Suficiente. No que respeita ao aproveitamento, as turmas “A”, “C” e “D” obtiveram um aproveitamento Suficiente. As disciplinas com maior insucesso são a Matemática e a Língua Portuguesa.
Ensino Secundário - No décimo ano: no cômputo geral, a disciplina de Matemática é a que apresenta um maior número de classificações inferiores a dez valores. No total de sessenta e oito alunos avaliados, quarenta e cinco estão nesta situação; as duas turmas que possuem esta disciplina (turmas “A” e “B”), apresentam percentagens de sucesso inferiores a cinquenta por cento. O comportamento e o aproveitamento das turmas é de Suficiente. - No décimo primeiro ano, as disciplinas críticas são a Matemática A, com uma percentagem de insucesso de quarenta e oito por cento. Na turma “B”, na disciplina de Matemática, das dezassete classificações inferiores a dez valores, sete são de sete valores; dos alunos que estão a repetir esta disciplina, que são sete, seis obtiveram a classificação de sete valores no final do período. Ainda no décimo primeiro ano, é de referir o comportamento e o aproveitamento Suficiente. - No décimo segundo ano, não existem disciplinas com percentagens negativas; todavia, há a necessidade de se estar atento à disciplina de Matemática A, que tem uma percentagem de insucesso de vinte e sete por cento; na turma “B”, na disciplina de Matemática A, das nove classificações inferiores a dez valores, seis são de alunos que estão a repetir a disciplina. A disciplina de Área de Projecto, no total de alunos do décimo segundo ano, obteve seis classificações inferiores a dez valores. - Há a salientar a turma “E”, que apresentou um comportamento e um aproveitamento “Bom”. MV
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A EPM-CELP EM FOCO
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O que tem a Escola
Pisas o chão sem caminhar! Derramas o sangue para te alimentares! Dormes e, no fundo, um grito do silêncio, perdido no labirinto de qualquer sítio.
Na Escola relembro os factos do passado, os amigos, o estudo.
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És arrancado brutalmente do chão, subitamente caminhas no inferno, à procura do pão! No coração, bate, cada vez mais forte, a força da Razão, com esperança imortal. A cada dia que nasce o sofrimento não escasseia, com orgulho de teres o que alcanças. Eis que o dia foi de grande insucesso! Honesto caminhas, em direcção ao progresso! Fiel, no teu caminho de insucesso! Assim és tu, pobre, de coração nobre!
António José Macuácua 19 de Setembro de 2006 11º ano, Turma C
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Na Escola descubro o meu cantinho predilecto desde a sala de aula até um lugar secreto.
Na Escola tenho os meus melhores momentos: a conversa com os amigos. Mas há sempre um contratempo...
Na Escola sou sempre muito bem tratada. A Escola é a minha amiga mais do que adorada!
Carolina Lima 6.º ano, turma A
A EPM-CELP EM FOCO I - Decoração
O Natal da EPM-CELP
Se é verdade que a decoração do espaço é fundamental para criar ambientes e sensações especiais naqueles que nele habitam ou que o visitam, isto é ainda mais verdade quando se trata da época natalícia. Foi por isso que a nossa Escola se “vestiu de Natal” para todos aqueles que nela vivem diariamente e, de um modo especial, para os mais pequenos e para os Encarregados de Educação, que a ela acorrem todos os dias. Daí ter-se centrado a decoração no Pátio das Laranjeiras, na área de entrada dos alunos, que é a mais movimentada da Escola e, por conseguinte, o nosso cartão de visitas, ou, neste caso, o nosso postal de Natal. Penduraram-se estrelas, Pais Natais, bolas, sinos, anjos e cartões de boas festas, entre outros enfeites alusivos à época, todos eles realizados em esferovite pintado pelos alunos dos 5º, 6º, 7º e 8º anos, acompanhados pelos respectivos professores de EVT. Como o Pátio das Laranjeiras é frequentado maioritariamente pelas crianças do 1º ciclo, os professores tiveram em consideração a sua pequena estatura, preparando carinhosamente enfeites que, do tecto, fossem visíveis por todas elas. Mas nem todos os artefactos e elementos decorativos foram produzidos este ano. Alguns deles foram reaproveitados dos anos anteriores, evitando assim o desperdício de materiais e de tempo, como bem referiu a orientadora da actividade, professora Adilene Gudo. Mas a rainha da festa é a Árvore de Natal, e foi preciso elaborar também enfeites e grinaldas para a decorar. Uma vez mais os alunos deitaram mãos à obra, produzindo afincadamente flores de papel celofane, com a ajuda das professoras. No final, seguindo os mesmos princípios, os enfeites foram recolhidos e armazenados, para poderem vir a ser reutilizados nos próximos anos. Para além de alguns percalços que tiveram a ver essencialmente com ventos fortes, que levaram à quebra de trabalhos realizados em esferovite e ao deslocamento de materiais para locais não previstos inicialmente, esta actividade correu da melhor forma possível e deixou satisfeitas os professores e alunos. Esta actividade, prevista no Plano anual de Actividades da área Disciplinar de EVT, pretendia estimular a criatividade e o sentido estético nos alunos, e explorar conteúdos das disciplinas de EVT e EV, no âmbito da realização de elementos decorativos. EM
II - Bazar de Natal Imbuídos do espírito da época – o Natal é, por excelência, um tempo de paz, amor e solidariedade – os alunos do pré-escolar e do primeiro ciclo promoveram, no dia 12 de Dezembro, um bazar de Natal que teve por objectivo angariar fundos para comprar bens de primeira necessidade para os nossos idosos que, nestes dias, se sentem especialmente sozinhos e fragilizados. Assim, pelas onze horas, os professores e educadores, ajudados pelas suas crianças, começaram a montar as bancas na pista de atletismo, expondo orgulhosamente os objectos que, carinhosamente, tinham vindo a preparar ao longo das últimas semanas. Havia doces, postais, grinaldas, coroas, enfeites e muitos outros objectos alusivos a esta época, que é de alegria e de fraternidade. Às onze e quarenta e cinco, começaram as vendas propriamente ditas, que estiveram a cargo de pequenas equipas de professores e crianças, que se iam revezando, rotativamente. E foram muitos os pais que, acompanhados pelos seus filhos que terminavam mais uma manhã de aulas na Escola, se dirigiram às animadas bancas, para participarem neste projecto que as crianças generosamente prepararam. Os fundos angariados contribuíram para melhorar o cabaz de Natal oferecido pelo Conselho Municipal a 475 idosos da cidade. EM vide fotoreportagem na pág. seguinte
III - Festa de Natal
Depois do sucesso do Bazar de Natal, em que deram um bonito exemplo de solidariedade, chegou a vez de alunos do pré-escolar e do 1º ciclo se reunirem, no dia 15 de Dezembro, para celebrar, com canções e poemas, esta alegre quadra festiva. Assim, estabeleceram várias parcerias entre si, dando mostras de um salutar espírito de coesão, e concentraram-se na Esplanada da Escola, às 8 horas, para dar início às festividades. Coube à Tuninha esta responsabilidade, inaugurando o “palco” com a canção “É Natal, nasceu um bebé”. Em seguida, foi a vez dos alunos do pré-escolar e do primeiro e do quinto anos que, para além da canção da Escola, aqueceram a festa com coreografias e poemas alusivos à época natalícia, sem esquecer as tradicionais “Gingle bell” e “Toca o sino”. Entraram, então, os alunos do 2º e do 4º anos, com novas canções natalícias – “Noite Feliz”, “Natal” e “Vai Nevar” – para depois, numa animada parceria, entoarem a canção “Borboleta linda”. É claro que, onde há Natal e crianças, não pode faltar o velhinho de barbas brancas, a lembrar que é tempo de partilha, de dar e receber. E foi assim que surgiram não um, mas dois Pais Natais – que as crianças são muitas e o velhinho também se cansa – com dois sacos recheados de cartões de boas festas preparados previamente pelos alunos mais pequenos. Resta-nos, então, desejar boas festas a todos e um novo ano cheio de paz e de alegria. EM vide fotoreportagem na pág. seguinte
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FOTOREPORTAGEM Bazar e Festa de Natal
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FOTOREPORTAGEM
Almoรงo de Reis
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A ESCOLA EM FOCO Almoço de Reis do pessoal docente e não docente
Em jeito de despedida: Obrigado Palmira!
A Enfermeira Palmira Moreira dos Santos esteve entre nós ao longo dos últimos 14 anos. Habituámo-nos a vê-la sempre impecável na sua bata branca distribuindo conselhos, limpando feridas, aplicando bálsamos. Para além de enfermeira que nos acudia sempre que doentes ou feridos, era uma amiga, sempre com as palavras certas, um gesto amigo ou um conforto num momento de desespero. Alunos, professores, funcionários, todos sabíamos ter entre as paredes do Posto Médico um abrigo seguro, uma mão e um abraço sempre dispostos a acolhernos. E o seu trabalho não se resumiu ao Posto Médico, a Enfermeira Palmira ajudou e participou em várias Acções de Formação, contribuindo com o seu saber e experiência ligados à Saúde. Também sabíamos que era uma presença constante nos eventos e festas da Escola, apoiando na organização, trazendo muitas vezes deliciosos petiscos por ela confeccionados. A Enfermeira Palmira pertencia a esta casa que é a Escola Portuguesa. Trabalhou dedicadamente todos estes anos e é com pena que a vemos sair. Sabíamos porém que este momento ia chegar, pois também ela precisa de ter algum descanso e tempo para cuidar de si própria e da família. Embora com pena desta ausência, queremos dizerlhe que será sempre lembrada com muita saudade e carinho e que estará sempre nos nossos corações! vide fotoreportagem na pág. anterior Bem hajas, Palmira! PS
Teve lugar no dia 13 de Janeiro, no Pátio das Laranjeiras, o tradicional almoço de Natal da EPMCELP, destinado à confraternização entre o corpo docente e o pessoal auxiliar. Responderam ao convite cerca de 125 pessoas, com especial destaque para os funcionários, que aderiram na sua quase totalidade, e para os professores mais novos e mais antigos na casa. Como já vem sendo habitual, vieram munidos das suas sobremesas favoritas, que contribuíram para “adoçar” este dia de convívio natalício. A ementa era constituída por frango assado, jardineira de vaca e pela tradicional matapa de caranguejo com xima, para além do saboroso prato indiano a que a professora Hafussuate já nos foi habituando. Já bem “aconchegados”, e como forma de animar a festa, passou-se a um sorteio de pequenas lembranças simbólicas, oferecidas pela Escola através de um sistema de atribuição de rifas. Depois, num momento bem animado, a presidente do Conselho Directivo ofereceu a cada um dos funcionários alguns bens de primeira necessidade, seguindo um ritual que já vem sendo tradição. Mais para o final, houve música moçambicana, e foram muitos os que se dirigiram à pista improvisada no centro do Pátio das Laranjeiras, prolongando a festa pela tarde dentro. Como refere a Dra. Ana Castanheira, que organizou o evento, em parceria com a D. Fátima Tavares, “foi um momento de convívio muito informal e muito salutar para aproximar as pessoas dentro de uma instituição desta dimensão, onde trabalha tanta gente”. EM
Toda a vida é composta de mudança Todos ao anos, de forma mais ou menos intensa, a EPM-CELP é sujeita a uma espécie de movimento de mudança e de renovação: há alunos que partem e há
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alunos que aqui entram pela primeira vez e há professores que chegam e outros que partem, num perpétuo movimento de mudança. No entanto, há anos em que este movimento renovador é mais intenso do que noutros. Foi o que aconteceu este ano. Registamos, assim, a saída do professor Miguel Gullander, que, chegado em Setembro do ano passado, rumou em Janeiro para outro local de África: Benguela, Angola. São assim os espíritos irrequietos, sedentos de descobertas… Para o substituir, em alguns dos seus afazeres nesta Escola, chegou a professora Adília Teixeira. VR
NO REINO DA(S) ESCRITA(S) O desconhecido João Dias João Dias nasceu em Lourenço Marques (hoje Maputo) a 21 de Maio de 1926. Era filho de um importante jornalista no meio africano e muito cedo começou a manifestar a sua vocação para as letras, tendo, no seu período de liceu, escrito as primeiras impressões do mundo que o rodeava. Tais escritos revelavam, já nessa época, a sua sensibilidade para as questões sociais como as injustiças e as humilhações de que os negros eram vítimas, e fê-lo como ninguém no seu tempo. Alguns intelectuais da época viram em João Dias um brilhante escritor de quem havia ainda muito que esperar. Frequentou a Faculdade de Direito de Coimbra durante três anos, tendo-se transferido, posteriormente, para Lisboa, onde vem a falecer pouco tempo depois, a 25 de Março de 1949, vítima de tuberculose, sem nunca ter visto concretizado o sonho de publicação do seu livro de contos intitulado Godido. Colaborou em vários jornais e revistas (O Brado Africano, Itinerário, A Ilha, Vértice, Gazeta de Coimbra, Meridiano, L.M. Guardian...), tanto em Moçambique como em Portugal, com textos jornalísticos, crítica cinematográfica e contos. Vamos, a partir desta edição e até à sua conclusão, publicar, neste espaço, um dos contos do livro de João Dias, Godido e Outros Contos. Godido Anda uma escuridão de vinte e duas horas sem luar. Noite que se não acende negra como a vida de qualquer negro, como toda a noite sem batuque nem mulheres embriagadas de puto na senzala. Na penúltima palhota, à direita de quem vem do norte pelo caminho central da povoação, Carlota esperneia contorsões de parto! O candeeiro de óleo de
A Nossa Gente
Mariana da Visitação Barreto Ferreira nasceu a 12 de Junho de 1948, no Gúruè, na província da Zambézia. De nacionalidade moçambicana, fez o exame de Estado para o Magistério Primário em 1970, terminando a Licenciatura em Ensino Básico – 1º Ciclo em 2002, pela Escola Superior de Educação de Leiria (ESEL). Eis o seu percurso, que gentilmente traçou para nós:
coco à cabeceira vai-se apagando. A negruta que escorrega, deixa só iluminados os gritos desordenados da negra. O dia seguinte virá inaugurado com vinho e batucadas, em saudação ao Sol, à serra, às pedras e aos animais. Quando o poente vier e no lugar só houver a silhueta imprecisa do cair da noite despersonalizado, às árvores emudecidas suas folhas e ramos deixarão coar os olhos vivos da mãe em seu brilho. Chegaria o pai nem se sabe donde, a saber do filho pelos caminhos. Estradas e atalhos dir-lhe-iam ansiedade, e, cansado, dar-lhe-iam a aldeia que abraçava. Escapar-lhe-iam vagarosamente, saudosamente, a palhota de nhá Emília, a machamba de Henrique. O cinismo de “docodela” estaria longe. Apertados naquele abraço só caniços da palhota dela. Sacudiam-se-lhe as pernas; a palhota como que se elevava às outras no espaço e já era de caniço, nem palhota, mas uma casa como as da cidade. Nascera um quase-Deus!... - Meu filho! E António repetia “meu filho, meu filho”, esquecendo-se que Carlota também ali estava, mas era filho dele... Chegara à palhota aos gritos no coração. Abria-se lentamente a porta. Já se não sentia a povoação ao redor. Um candeeiro empurrava traços de luz sobre o recémnascido. Panos e sangue coalhavam próximos. As paredes pretas baralhavam-se com as carnes pretas dos presentes. - Minha Carlota! Godido, filho de negro António e sinhara Carlonti! Godido soba! No pai passavam vertigens; louco agarrava a criança, e tombando sobre o candeeiro, rebentava pela porta, dando seu filho à lua. - Quenquelequezé! Quenguelequezééé´... zééé!! OP «Lecciono desde 1970, tendo exercido a profissão de docente em diversas instituições. Fui Professora Metodóloga na Escola do Magistério Primário, em Lourenço Marques. Logo após a independência de Moçambique leccionei na Escola Secundária da Matola, como professora de Língua Portuguesa e, durante cinco anos, fui Directora Adjunta Pedagógica naquela escola. Em 1992, comecei a leccionar na Escola Portuguesa de Maputo – Cooperativa de Ensino e, em 1999, quando abriu a EPM-CELP tornei-me uma das docentes desta escola. Actualmente, sou Coordenadora da Educação PréEscolar e do 1ºCiclo do Ensino Básico e lecciono uma turma do 4º ano de escolaridade. Este percurso não é o mais importante. O mais importante é olhar para trás e ver que “construí” uma história, a “Minha História”, repleta de amor, carinho e respeito de todas as crianças que me foram confiadas. “OBRIGADA” a todas essas crianças que fizeram e fazem parte da minha história. Resumi, em poucas linhas, 37 anos da minha vida.»
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CENTRO DE RECURSOS EDUCATIVOS Balanço de actividades da Oficina Didáctica correspondente ao 1.º período lectivo É chegada a hora de um primeiro balanço, no que diz respeito às actividades realizadas no primeiro quadrimestre do presente ano lectivo. Relativamente ao Sector de Produção Gráfica e Pulicações, foram editadas ou reeditadas algumas publicações e concebidos e impressos diversos produtos gráficos. Eis a produção realizada nesse período: - Mais três publicações das nossas colecções Escola de Sol e Memórias e Educação, cujos títulos são Mundo e Vida, de Eliana, Nádia e Natasha e A Fada Oriana ilustrações e reconto elaborados por alunos do 1.º Ciclo do EB, de Sophia de Mello Andresen; - Com alterações de layout e de conteúdo, o Dossier de Imprensa e Quem é quem? na EPM-CELP. - Mais quatro números do Jornal “Pátio das Laranjeiras”, o último dos quais com direito a separata alusiva à homenagem a Dilon Djindji, conhecido músico moçambicano. No que se refere à restante produção gráfica, realizaram-se 17 cartazes, 5 convites, 4 publicações para circulação interna, 3 desdobráveis e mais cerca de 20 produtos vários (diplomas, formulários, cartões e postais, entre outros). Num outro domínio, o do multimédia digital, foram concretizadas 3 apresentações. Para o período lectivo em que nos encontramos, temos já em agenda, para além da edição mensal do Pátio
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Cartaz realizado com base em postais de Natal realizados por alunos do 1.º ciclo do Ensino Básico
das Laranjeiras, a realização dos cartazes, programa, convites para o IV Simposium Internacional - Língua Portuguesa: Diálogo entre Culturas e a IV Masterclass de Violino, e , ainda, apoio logístico às restantes actividades da Instituição. No que diz respeito ao sector de fotografia e vídeo, foram editados 3 filmes de eventos da escola, convertidos vários vídeos para uso didáctico, de formato VHS, para formato digital, foram efectuados cerca de 5600 registos fotográficos e foi elaborada a foto conjunta dos cerca de 1400 alunos,direcção, docentes e funcionários da EPM-CELP.
CENTRO DE FORMAÇÃO IV Simposium Internacional
Língua Portuguesa: Diálogo entre Culturas Lusofonia: Línguas e Patrimónios será o tema do IV Simposium Internacional Língua-Portuguesa: Diálogo entre Culturas, que terá lugar nos próximos dias 7, 8 e 9 de Maio, no Auditório Carlos Paredes. Devendo ser a Lusofonia, por sua natureza, constituída e animada por um grupo de oito países que, começando pelo uso de uma língua comum (materna, oficial ou de património), querem pôr também em comum todas as suas riquezas linguísticas e culturais, e tomar iniciativas em outros campos (político, económico, técnico, etc), importa promover desde já, um ideal de solidariedade e partilha. A isso se destina este IV Simposium, que versa, especialmente, os aspectos linguísticos (das várias línguas dos oito) e culturais (literatura, história, educação, filosofia, artes… dos mesmos). Valorização, dignificação e partilha estas que abrangem tanto os tempos anteriores à colonização, como os dessa época ou do estádio actual do desenvolvimento pós-independência. A organização fica, uma vez mais, a cargo do Centro de Formação da Escola Portuguesa de Moçambique.
Acções de formação desenvolvidas Nos meses de Dezembro e Janeiro tiveram lugar duas acções de formação interna, a primeira, destinada aos docentes e, a segunda, destinada ao pessoal administrativo. A acção de formação A Comunicação na Escola, dirigida aos docentes, foi orientada pela Professora Doutora Olga Pombo, proveniente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e decorreu nos dias 1 e 2 de Dezembro passado, nas instalações da EPM-CELP. Do programa constavam os seguintes temas: A Importância da Comunicação na nossa contemporaneidade; As teses centrais de McLhuan e a sua importância para a definição do lugar e funções; Escola e Conhecimento; Comunicação entre pares, entre gerações e com a sociedade; Elementos históricos e transformações em curso;A escola como dispositivo de comunicação; Os diversos tipos de escola; Espaços da escola: a sala de aula, o recreio, o ginásio, a biblioteca, o museu; Figuras da escola: alunos, professores, funcionários; Objectos e funções da escola; O individuo e o grupo; Estatuto e papel. O Professor como pólo de comunicação; Comunicação verbal e não verbal; Palavra, postura, gesto; Ensino e Educação. A acção de formação A cultura organizacional e a qualidade no trbalho na EPM-CELP dirigida, por sua vez, ao pessoal administrativo, foi orientado pelo Dr. Mauro Nankin e decorreu nos dias 27 e 28 de Janeiro na Catembe. Esta acção teve como objectivos elevar o nível e melhorar a qualidade de desempenho profissional do pessoal administrativo e consolidar a cultura organizacional da instituição, aprofundando a comunicação com os diversos responsáveis pela coordenação das estruturas e áreas funcionais. ○
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No âmbito do Mestrado em Desenvolvimento Pessoal e Social orientado pelo Departamento de Educação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tiveram, ainda, lugar, em 4 e 5 de Dezembro último, duas palestras ministradas pela Professora Doutora Olga Pombo, subordinadas aos temas: A metodologia do trabalho científico e Avaliação: temas e problemas. JS
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O “SUOR” DE QUEM ESTUDA Filosofia para Crianças
Encontrámos Amizade Com as suas dúvidas e interrogações, a Pimpa vai desencadeando as nossas reflexões, numa verdadeira dinâmica de comunidade de investigação. Desta vez começou assim: «Ao atravessar o átrio de entrada, eu e a Isabel demos as mãos como de costume. Não íamos a conversar porque estávamos ambas a pensar. Eu pensava como tinha sorte em ter uma amiga (…)» (1) A partir desta narração começou a nossa discussão em torno do conceito “amizade”. O que é ser amigo? Existe diferença entre colegas e amigos? O que são os amigos de verdade?Como podemos demonstrar a nossa amizade? Muitas foram as respostas, O Diogo do 4ºC disse que “a amizade não se vê, mas cria-se”. Para a Marla “Ter amigos é criar laços”. O Miguel Padrão do mesmo grupo
disse”Eu crio laços quando acho que alguém é parecido comigo nos valores fundamentais”. A Carolina Policarpo não hesitou em afirmar que “a amizade é tudo o que uma pessoa pode ter de melhor no mundo”. Tal como a Pimpa e a Isabel, também os nossos alunos saem, por vezes, de mãos dadas para combinarem, à pressa, a brincadeira do intervalo. Não há tempo a perder, e é preciso alguma proximidade física para que o grupo de amigos não se disperse e para evitar que aquela brincadeira fique, irremediavelmente, perdida no imaginário, à espera de novo dia. Estender as mãos, dar as mãos, apertar as mãos… Será que há outra forma melhor de expressar a amizade?! Todos percebemos rapidamente a importância destes gestos e a partir daqui foi proposto aos nossos “aprendizes de filósofo” que fizessem o desenho da sua mão e nele escrevessem sobre a amizade. Aqui estão alguns deles… GP
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(1) – Mattew Lippman, Pimpa
PSICOLOGANDO Palestra / debate sobre a prevenção da toxicodependência
Iniciou-se nos dias 29 e 31 de Janeiro na EPM um ciclo de debates sobre o tema TOXICODEPENDÊNCIA – Consumos ilícitos: motivações e consequências. Estes debates realizaram-se com os alunos do 10º e 12º ano e irão continuar ao longo de Fevereiro e Março com as turmas do 7º, 8º, 9º e 11º anos. Porquê debater este tema? O uso de substâncias passíveis de criar aditismo começa a ser, infelizmente, uma prática comum entre os nossos jovens desde idades precoces. Num inquérito sobre saídas nocturnas realizado há 3 anos nesta Escola, cerca de 20% dos jovens inquiridos (entre os 13 e 19 anos) admitiram ter já consumido álcool, tabaco e mesmo outras drogas. Este assunto foi nessa altura alvo de um debate dirigido aos Encarregados de Educação. Este consumo estava ligado às saídas nocturnas, principalmente aos fins-de-semana. Sabemos que, hoje em dia, há jovens a sair durante a semana e não apenas à noite! Continua pois a ser importante a presença dos pais na vida dos seus filhos, pois o tempo passado fora do controlo da escola e de casa é cada vez maior!
Assim, o Gabinete de Saúde Escolar, em parceria com o de Psicologia, decidiu levar a cabo uma acção alargada de debates com todos os alunos do Secundário e do 3º Ciclo. Já se realizaram 2 debates e a participação e interesse dos jovens foi visível. De salientar que houve a colaboração especial de um dos nossos alunos que, de livre vontade, acedeu em partilhar a sua experiência como toxicodependente, ainda em tratamento, fazendo um depoimento ao vivo do desespero que passou no mundo da droga. Todos tiveram a oportunidade de levantar questões, dialogar e intervir sobre o tema, tendo sido o debate muito interessante e proveitoso para todos. Pretendemos continuar com estas iniciativas, dando espaço a toda a comunidade escolar para colocar as suas questões, sugestões e dúvidas, mas, principalmente, é nossa intenção contribuir para a prevenção deste mal que é a toxicodependência com o consumo de toda e qualquer substância que interfere com o organismo e a mente, transformando os seus usurários em fantoches e fantasmas de si próprios. Excertos de depoimentos de toxicodependentes: “Cometi loucuras, as quais jamais pensei em cometer. Estive preso, a minha família abandonou-me. Enclausurei-me no meu próprio mundo, deturpado da realidade. Só não tirei a minha vida porque me faltou coragem. Não acreditava em mais nada, nem em mim próprio.” “Nem nos conseguimos lembrar do quão felizes éramos antes de nos drogarmos! Mais cedo ou mais tarde um drogado acaba por fugir de tudo na vida e até de si próprio.” PS
cartaz do evento
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ÚLTIMA PÁGINA O Código Da Vinci No dia 25 de Janeiro de 2007 teve lugar no Átrio da EPM / CELP a IV Tertúlia Literária no quadro das “Conversas com Arte” levadas a cabo pela Área Disciplinar de Português e no seguimento das três já levadas a cabo, tendo a 1ª sido realizada no mês de Outubro de 2005, dedicada a Rui Knopfli. No encontro participaram os alunos do 10º, 11º e 12º anos de escolaridade, acompanhados pelos seus professores e outros convidados A presente Tertúlia teve como orador o Prof. Dr. Francisco Noa e como tema “O Código Da Vinci”, .que constituiu um êxito a nível mundial, cheio de suspense e com um enredo deveras complexo. “O Código Da Vinci” é uma obra cheia de elementos científicos e de revelações inesperadas e
imprevisíveis, onde a intriga religiosa é uma constante e põe em evidência uma sociedade secreta devotada a proteger o Santo Graal e que é perseguida por um monge assassino aparentemente ao serviço do Vaticano. A grande atracção do livro está na resolução de inúmeras charadas, códigos e anagramas. Por outro lado, “O Código Da Vinci” desenvolve uma história de suspense inteligente que
Países e Povos na Escola Kim Erik Francisco Martins nasceu na Finlândia a 3 de Fevereiro de 1999. Filho de pai português e de mãe finlandesa, veio para Moçambique há cerca de 2 anos, com os pais e a irmã, e frequenta agora o segundo ano do primeiro ciclo, na turma B. Pátio das Laranjeiras – Nasceste na Finlândia. Há quanto tempo estás em Moçambique? Kim Erik – Vim para cá quando tinha cinco anos e agora tenho quase oito. Fiz lá a Pré. P.L. – Tens família a viver lá? K.E – Tenho uma avó. Costumo ir visitá-la nas férias. P.L. De que é que te lembras mais? K.E. – Lembro-me que no Inverno fazia muito frio e às vezes havia neve. Também me lembro dos sítios onde costumava brincar, da minha escola e dos meus amigos. P.L. – E ainda falas bem finlandês? K.E. – Muito bem. Com o meu pai, costumo falar em português, mas com a minha mãe falo sempre em finlandês. P.L. – Então, Nakemiin. K.E. – Até breve.
combina o prazer de um mistério internacional com uma colecção de segredos fascinantes extraídos de dois mil anos de história do Ocidente e traz à tona um plano sinistro para revelar um segredo que tem sido protegido por uma sociedade secreta desde a época de Cristo. A próxima Tertúlia Literária está prevista para o mês de Março do corrente ano. AB
Finlândia Nome oficial: República da Finlândia Superfície: 338.145 Km2 Capital: Helsínquia Línguas Oficiais: Finlandês e Sueco. Regime Político: República, sistema multipartidário Constituição em vigor: 17 de Julho de 1919 Dia Nacional: 6 de Dezembro (independência da Rússia, 1917) Moeda: Euro Principais cidades: Helsínquia, Espoo, Tampere, Turku e Oulu População total: 5.214.512 (2004) Taxa de Crescimento Natural da População: 0,18% População Urbana: 58% População Rural: 42% Esperança Média de Vida: 78 anos Taxa de Alfabetismo: 100% Taxa de Mortalidade Infantil: 0,4% Produto Interno Bruto (PIB): 131.508 biliões de USD (2002) PIB per capita: 25.290 USD (2002) Exportações: madeiras e produtos derivados (papel e pasta de papel), máquinas e material eléctrico, pro-. dutos metalúrgicos, produtos químicos. Importações: máquinas e material eléctrico, bens de consumo, produtos químicos, petróleo e produtos alimentares. (adaptado de Microsoft Encarta 2005)
Pátio das Laranjeiras, n.º 41-42 Directora: Albina Santos Silva . Coordenação Editorial: Vítor Roque . Coordenação Executiva: António Aresta , Jorge Pereira . Redacção: Eugénia Marques, Judite dos Santos, Teresa Noronha, Vítor Roque . Concepção Gráfica e Paginação: Judite dos Santos . Fotografia: Filipe Mabjaia, Vítor Roque . Colaboração: Alexandra Melo, Ana Besteiro, Armindo Bernardo, Graça Pinto, Margarida Vaz, Mariana Ferreira, Michele Neves, Olga Pires, Patricia Silva, Sandra Macedo, Teresa Murta . Revisão: Eugénia Marques . Produção: Centro de Recursos Educativos, Fevereiro de 2007 Propriedade: Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa Av. do Palmar, 562 . Caixa Postal 2940 . Maputo . Moçambique . Telefone: 00 258 21 481300 www.edu-port.ac.mz . E-mail: patiodaslaranjeiras@edu-port.ac.mz
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Telefax: 00 258 21 481343
ESCOLA PORTUGUESA DE MOÇAMBIQUE
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CENTRO DE ENSINO E LÍNGUA PORTUGUESA
10 contos ANO VI
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NÚMERO 41 e 42
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DEZEMBRO 2006 / JANEIRO 2007
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JORNAL MENSAL
A Sustentável Leveza da Música
Homenagem a Dilon Ndjindji
A SUSTENTÁVEL LEVEZA DA MÚSICA 1. O ambiente sonoro que nos cerca como ilha Para além da imagem, a civilização de hoje é também a civilização do som, mas nem sempre agradável. Ele invade-nos por todos os lados e cantos: em casa, na rua, no autocarro, a caminho do trabalho, no trabalho, nas nossas horas de lazer, nos passeios que fazemos pelo campo… Já não há “O Silêncio”! É verdade! Mesmo o campo, onde tradicionalmente era certo poder encontrar-se o silêncio “natural”, não é já mais o mesmo e encontra-se adulterado... Os sons da civilização invadem-no sistematicamente, sendo já vulgar, em qualquer passeio que por aí façamos, a intromissão de sons de veículos que passam em alta velocidade na estrada que se expande perto ou a intromissão do som de máquinas agrícolas que labutam nas mãos de agricultores. O gostoso silêncio “natural” morreu!... A correcta recepção, interpretação e descodificação dos sons tem sido uma necessidade constante do ser humano. O sentido da audição, coadjuvado pelo sentido da visão, foi sempre essencial para a sobrevivência do homem. Nos tempos idos da pré-história, o saber captar e interpretar atempadamente os ruídos denunciadores da aproximação de um qualquer animal selvagem, significava, muitas vezes, a diferença entre o permanecer vivo e a morte certa. Hoje, milhares de anos percorridos na escala da evolução, mantém-se ainda essa mesma necessidade: a necessidade de identificar correcta e atempadamente os sons de um veículo que se aproxima, pode significar, - isso mesmo! - , a diferença entre a vida e a morte. Desde muito cedo que a criança é ensinada pelos pais e pelos familiares mais próximos a identificar e a interpretar esses sons essenciais à vida de modo adequado. Vemos, assim, que interpretar sons é algo que se pode aprender, e, por isso mesmo, é também algo que se pode ensinar. Mas mudemos a terminologia e tornemos mais claro o tema. O que nós queremos aqui analisar não são os sons que constituem os chamados ruídos, mas os sons que constituem a chamada música… Assim sendo, o que é, afinal, a música? 2. O que é a música? Segundo uma visão radical do fenómeno musical, qualquer tipo de “som/ruído” é susceptível de ser transformado em música, porque música é o som, qualquer tipo de som, intencionalmente organizado pelo homem. Isto é, a música é a «arte de organizar os sons em sequências, em imagens rítmicas ou em estruturas de séries sonoras». Em contrapartida, ruído é o som que «carece de coordenação e não está organizado».
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Sendo isto verdade, podemos chegar a uma outra conclusão radical: qualquer tipo de objecto pode ser utilizado como um instrumento de produção de sons intencionalmente organizados, isto é, de música. A veracidade/aceitabilidade desta “visão radical”, parece ser confirmada pelos povos que ainda hoje vivem em estádios evolutivos pouco sofisticados, como sejam, por exemplo, os índios do Brasil ou certos agrupamentos populacionais de África. Nestas comunidades, «um músico de talento e sentido rítmico pode prender pessoas limitando-se a bater dois pedaços de madeira um no outro». Mas não são só estas comunidades mais ou menos primitivas que nos confirmam a justeza desta opinião. Grupos modernos há que o fazem também. Basta recordar um grupo musical em particular, os Stomp, criado em Inglaterra, há já alguns anos, por Luke Cresswell e Steve McNicholas. Nas suas performances musicais, essencialmente viradas para a percussão, este grupo utiliza, de forma intencionalmente musical e extremamente criativa, toda a sorte de objectos do diaa-dia, como vassouras, latões, jornais, bolas de basquete, varas de madeira, bidões, latas do lixo, sinais de trânsito, tubos metálicos, tubos de borracha, chapas, etc. Os “Stomp” exploram, essencialmente, o ritmo e o timbre dos objectos, combinando-os com o movimento, a base da dança. Aliás, a música, em todas as partes do globo, não só nasceu sempre associada à dança, como também à palavra, isto é, à palavra com ritmo – à poesia. É desta forma inovadora, que os “Stomp” conseguem alcançar, no nosso entender, um dos objectivos
A SUSTENTÁVEL LEVEZA DA MÚSICA essenciais desta manifestação cultural: agregar pessoas e proporcionar a evocação de emoções e sentimentos… No fundo, é tornar mais humano os humanos. Este fenómeno de humanização, que muito tem de inato, apura-se com a experiência e com o tempo: quanto mais nos expusermos à experiência musical, mais facilmente a compreenderemos, mais facilmente desenvolveremos a capacidade de captar os sons musicais e de compreender a sua coerência sonora, e, mais facilmente nos sentiremos agregados a ela e a estimulados a participar nela. Aqui surge, no nosso entender, o papel da escola. Se a capacidade de interpretar os sons se pode ensinar, se esta capacidade, partindo de uma base inata, hereditária, pode ser aprofundada e desenvolvida, caberá assim à escola a responsabilidade de a desenvolver e amadurecer, tal como o faz para o pensamento e a inteligência. No fundo, trata-se de uma formação do ser humano… uma formação integral, que englobe domínios do cognitivo, do psicomotor e do emocional. Só na interacção destes elementos é que poderá surgir o ser total – o homem. Que o digam os gregos…
3. Breves notas sobre o ensino da música nas escolas Na valorização e conhecimento do Ser Humano, os gregos foram os primeiros em muitas áreas e matérias. No que diz respeito à educação, também. De facto, foram eles o primeiro povo que colocou a educação como um problema a resolver. Ao educar as Paidos (crianças), os gregos procuravam alcançar um ideal, um ideal de educação, um ideal de ser humano perfeito, conceito este que foi evoluindo ao longo dos tempos da sua história como povo. Nos poemas homéricos (período arcaico), o ideal a alcançar era designado pela palavra arete (αρετε). A arete era, nesses primeiros tempos civilizacionais da Grécia Antiga, entendida como um atributo próprio da nobreza, algo exclusivo e não acessível a todos. A arete era vista como um conjunto de qualidades físicas, espirituais e morais próprias dos heróis. Compreendia,
entre outras, as qualidades de bravura, coragem, destreza, eloquência, capacidade de persuasão, etc. Este conceito de ideal de perfeição humana, evoluiu, após o período arcaico, para o conceito de Kaloskagathia (καλοσκαγατηια). Com este conceito, os gregos queriam designar a procura da excelência física e moral – a beleza (kalos - καλοσ) e a bondade (kagatos - καγατοσ).
Este ideal estava agora ao alcance de todos aqueles que se submetessem a um processo educativo adequado, que era constituído por dois elementos fundamentais: a ginástica, para o desenvolvimento e treino do corpo, e a MÚSICA, para o desenvolvimento e treino da alma. E cá temos nós a importância do ensino da música!… Mais tarde, na mesma procura do ideal de perfeição, a estes dois elementos (ginástica e música) os gregos juntaram a gramática, para o desenvolvimento e treino do discurso. A partir do século V a. C., o ideal de perfeição evolui novamente e surge o conceito de Paideia. Agora, o que se pretende, não é só a formação excelente do homem, mas, também, a formação excelente do cidadão, do ser da Polis. Segundo Jaeger, Platão definia este conceito da seguinte maneira: «(…) a essência de toda a verdadeira educação ou Paideia é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento»3. Mas o que importa aqui agora realçar, é, de facto, esta curiosa centralidade do papel que os Gregos atribuíam ao ensino-aprendizagem da música, neste projecto de criação do cidadão ideal… Mas a relevância da presença do ensino da música nas escolas não se ficou apenas pela Grécia Antiga. Na Idade Média, surgiram as scholae cantorum e os estudos superiores estavam divididos em trivium, conjunto de três disciplinas (gramática, dialéctica e retórica) e em quadrivium, composto agora por quatro matérias, onde, ao lado de disciplinas como a geometria, aritmética e a astronomia, aparecia, novamente, a MÚSICA. Na Renascença, a música foi também muito valorizada como demonstração de excelência. Todo o
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A SUSTENTÁVEL LEVEZA DA MÚSICA artista ou pensador tinha conhecimentos de teoria musical e saber cantar ou tocar um instrumento eram capacidades muito apreciadas na sociedade. As igrejas protestantes, surgidas após a Reforma do século XVI, continuaram a dar muito relevo ao estudo e ensino da música, aceitando-a claramente no seu seio. Martinho Luthero, mentor da Reforma, por exemplo, era, ele próprio, um executante de alaúde e compositor. Mais tarde, já no século XVIII e XIX, podemos fazer referência a vários pensadores de renome que defenderam os benefícios do ensino e aprendizagem da música: Jean-Jacques Rosseau (1712-1778), por exemplo, para além de se ter interessado pela música durante toda a sua vida, preconiza, no seu livro “Émile”, a música como uma das capacidades constitutivas da educação ideal das crianças; Pestalozzi, sustentava que a música ajudava a «harmonizar» o carácter; Froebel via na música um caminho para levar a criança ao desenvolvimento pleno de todas as suas capacidades. O interesse pelo ensino e aprendizagem da música estendeu-se também ao século XX, tendo surgido várias propostas pedagógicas inovadoras, especialmente destinadas às crianças mais jovens: na Alemanha, Car Orff desenvolve o seu Método Orff, que usa «música tonalmente simples e ritmicamente viva para conjuntos de instrumentos de percussão»; na Hungria, Zoltán Kodály, cria o seu Método Kodály, que muito contribuiu para o vasto desenvolvimento da música do seu povo e, no Japão, Shinichi Suzuki cria o seu Método para o
ensino do Violino (o Método Suzuki). Neste método, «as crianças começam com violinos pequenos logo que são capazes de segurar neles. A técnica é desenvolvida como uma resposta física natural à percepção auditiva e não há leitura musical em jogo, no início». Curiosamente, este é o método usado na nossa escola pelo professor responsável pela nossa Orquestra dos “Pequenos Violinos”. Aqui chegados, aproveitamos a oportunidade para dar um salto e passar para o ponto seguinte da nossa reflexão.
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4. A EPM-CELP e a música A Escola Portuguesa de Moçambique é um projecto educativo que, com as devidas, necessárias e óbvias adaptações ao tempo moderno, persegue ainda alguns dos velhos objectivos e intenções da educação da Grécia Antiga. Tal como ela, também a EPM-CELP procura formar o Homem Integral, o novo Cidadão da Polis Moderna, técnica e cientificamente capaz, mas também humanamente formado, desenvolvido e equilibrado. O seu desejo é criar uma espécie de Nova Paideia, promotora do equilíbrio, da excelência, da paz e do convívio multicultural e multiétnico. Nesta sua intenção, nesta sua incessante procura da “alma sã em corpo são”, também a prática e fruição da música tem ocupado um lugar de destaque. Para além da música “curricular”, isto é, dos espaços de ensino-aprendizagem previstos para esse efeito no currículo português, nos vários níveis de ensino, a EPMCELP tem procurado sempre disponibilizar aos seus alunos muitas outras experiências musicais, quer numa perspectiva de pura fruição, quer numa perspectiva de ampliação de conhecimentos e aperfeiçoamento da técnica de execução de um instrumento, sobretudo em espaços de desenvolvimento extra-curricular. Com o objectivo de promover a fruição e o gosto pela música, o que constitui sempre uma possível porta de entrada para a sua prática, a EPM-CELP, através do seu Grupo Disciplinar de Educação Musical, tem promovido vários eventos e actividades, de entre as quais destacamos a “Semana da Música” (periodicidade anual) e os “Encontros com Arte”, espaço mensal (últimas quintas-feiras de cada mês), em que, junto à entrada principal, alunos ou artistas profissionais convidados apresentam a sua “arte” aos
colegas, que saem ou entram para as aulas e aos país que vêm buscar os seus filhos à escola. Em todas as celebrações e festividades, muitas ao longo do ano lectivo, a música faz sempre a sua aparição, quer pela mão sazonal de professores que, no âmbito particular da sua disciplina, ensaiam uma canção ou utilizam a música como pano de fundo de uma dança ou dramatização, quer pela mão sistemática dos coordenadores dos grupos permanentes que a escola mantém, como sejam o “Coro Infantil” ou a “Tuninha Sol e Dó”.
A SUSTENTÁVEL LEVEZA DA MÚSICA Para além disto, em cada final de tarde, ao longo de todo o ano lectivo, vários são os alunos da escola que, em vez de se recolherem directamente a suas casas,
permanecem ainda mais algum tempo na escola, com o objectivo de aprenderem a tocar piano, viola ou flauta. Nesses finais de tarde, tendo em conta os instrumentos que deambulam pela entrada e corredores da escola, a EPM-CELP perde o seu ar de Escola Integrada e ganha o seu quê de Conservatório de Música… Esse é, aliás, um sonho antigo da instituição, que se encontra bem visível no seu último Projecto Educativo, nas chamadas “Medidas Futurantes”:
Violino, que tem trazido a Moçambique, artistas e professores portugueses de renome nesta área. O espírito da música clássica está patente numa outra realização anual, que, por se ter já tornado tradição, é, por isso mesmo, já uma actividade obrigatória. Referimonos ao Baile de Finalistas, que, qual rito iniciático, marca o fim do ciclo de estudos secundários dos alunos desta instituição. Este ritual, que enerva espíritos e congrega muitas vontades, obriga a que todos os finalistas saibam executar, com a maior perfeição possível, os passos da Valsa, surgindo, assim, no recinto escolhido para a celebração, o ambiente e o espírito de uma qualquer espécie de Viena de África.
«8.2.1. Concretizar-se-á a Casa da Música, enquanto espaço físico de formação musical que possa congregar o entusiasmo da comunidade educativa ao promover a alegria, o prazer, a recreação e a convivência, além de proporcionar experiências e conteúdos de natureza cognitiva e atitudinal. A Casa da Música, projectada no triénio anterior e cujas actividades já tiveram início em algumas das suas vertentes (…), constitui um espaço propiciador da descoberta de capacidades expressivas e criativas da criança e do jovem, bem como do desenvolvimento da sua imaginação criadora e da inteligência emocional, e, estará aberta a elementos de escolas circunvizinhas.» A Orquestra dos “Pequenos Violinos” corresponde já, de facto, à concretização de uma das vertentes deste projecto maior – o da Casa da Música. Vários são os alunos que se encontram inscritos e que apresentam já um produto de excelência na área do Violino, bem visível nos vários concertos que têm efectuado quer em Portugal, quer em Maputo, quer em Johanesburgo, na África do Sul. Ligado a esta vertente da Casa da Música, está também a realização anual de uma Masterclass de
Integrando-se ainda neste projecto maior e global da chamada “Casa da Música”, está também a recente criação (Janeiro de 2007) da “Banda Filarmónica da EPM-CELP” (designação provisória). Neste projecto musical participam professores, funcionários e alunos, tendo também a colaboração de um Encarregado de Educação, o Maestro Major Amaro Pereira, que assumiu a sua direcção artística e musical
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A SUSTENTÁVEL LEVEZA DA MÚSICA Mas nem só de Música Erudita vive o apreciador de música. Também a música tradicional portuguesa e moçambicana têm aqui lugar nesta escola. Esse facto é bem visível na existência, embora sem uma permanência regular, de um pequeno Rancho de Música e Danças Populares Portuguesas, constituído essencialmente por alunos dos ciclos iniciais. Contudo, este espírito e gosto pela música popular portuguesa tem-se expandido, também, aos próprios funcionários da casa, que em festas e celebrações da instituição, têm apresentado ao público discente, docente e pais e encarregados de educação os seus dotes e capacidades. Por outro lado, têm sido frequentes os convites a grupos de música tradicional moçambicana para actuarem no espaço desta instituição. Com estes grupos, para além do deleite musical, procura-se cultivar o valor da preservação cultural e o conhecimento de instrumentos tradicionais moçambicanos como a Mbila, Timbila ou a Chigovia A Marrabenta, verdadeiro ícone da música popular moçambicana de cariz urbano, da região de Gaza e Maputo, sul do país, tem também o seu acolhimento na escola. Pelo seu cariz alegre e vocação especial para a dança, este tipo de expressão musical tem aparecido frequentemente em momentos festivos celebrados nesta instituição, como o “Dia da Mulher Moçambicana”, por exemplo. É desta maneira, que, nesta instituição, se tem incentivado o gosto e a prática da música clássica e tradicional. Mas estes, claro está, não são os únicos géneros que é possível ouvir no nosso espaço. Géneros e ritmos mais recentes, talvez mais comerciais e estereotipados, aparecem também na nossa escola, tais como o Rock, o Pop, o Rep, etc. Contudo, dado o seu cariz mais ou menos massificado, não falaremos muito deles aqui.
desenvolva um espírito crítico próprio, capaz de formar e clarificar um gosto musical pessoal coerente, não redutor e exclusivamente virado para géneros modernos e de cariz comercial e internacional. É que não nos poderemos nunca esquecer que a música tradicional, não deixa nunca de ser um dos importantes elementos veiculares da cultura de um povo. Na procura deste objectivo nobre, que é o de ajudar os alunos a clarificarem um gosto pessoal e a desenvolverem o valor da preservação de tradições musicais, ou outras, expressões consolidadas da cultura genuína de um povo, tem a EPM-CELP a convicção de que mais vale possuir uma multiplicidade de estratégias, do que desenvolver apenas uma. A consecução dos objectivos tornar-se-á, assim, muito mais rápida e fácil. Por isso, esta escola gosta de trazer para o seu seio, não só a música em si, mas também os seus executantes de maior relevo, como patronos de espaços, recantos e salas. Desta forma, expõem-se aos alunos e visitantes modelos de excelência e espera-se que alguns dos nossos alunos os possam apreciar e seguir. José Creveirinha, escritor grande de Moçambique, ainda em vida, emprestou o seu nome à Biblioteca da Escola; Fernando Pessoa, poeta maior, ilustra com o
5. Um modelo vivo de música Popular Moçambicana Se é verdade que, como se costuma dizer, se aprende a ler, lendo, e se aprende a escrever, escrevendo, também no caso da música se poderá dizer algo de semelhante: aprende-se a gostar e a bem ouvir música, ouvindo… muito! No fundo, esse é o objectivo último de todas as actividades descritas anteriormente: proporcionar ao aluno o maior número possível de experiências musicais, para além das que se adquirem em ambientes extraescolares (casa, cafés, discotecas, etc.), para, assim, à medida que aumenta a experiência e contacto com diferentes estilos de música clássica e tradicionais, apareça e cresça, também, a capacidade de distinguir sons e a capacidade de captar a coerência de construções sonoras cada vez mais complexas… Só assim, com o tempo, se poderá esperar que o aluno
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seu nome e presença em bronze, um patamar nobre de acesso às salas de aula; Carlos Paredes, excelente guitarrista português, honra esta escola ao ser o patrono do seu auditório, Malangatana, grande pintor moçambicano, serve de inspiração aos alunos de artes, ao deixar designar como seu nome a Ala de Artes Visuais; e, finalmente, desde o dia 14 de Dezembro último, Dilon Ndjindji permitiu que o seu nome passe a designar a sala onde almas jovens se iniciam no gosto e, quem sabe, na arte da Música - Sala de Música Dilon Ndjindji.
5. Porquê “Dilon Ndjindji” Dilon Ndjindji é um homem simples, mas não é simplesmente um músico. Ao longo dos seus quase 80
A SUSTENTÁVEL LEVEZA DA MÚSICA anos, para além de músico, Dilon envergou também as roupagens do sonhador, do perseverante, do homem que perseguiu sempre, apesar das contrariedades, o seu sonho de ser músico. Enquanto criança e jovem jovem, as condições económicas dos pais não lhe permitiam sonhar com a compra de uma viola. Mas Dilon soube encontrar a solução para esse problema: construiu a sua própria viola, feita com uma lata de cinco litros de azeite. Se não sabia música nem tinha dinheiro para pagar a alguém que o ensinasse a tocar, a solução foi experimentar e construir a sua própria aprendizagem. Mais tarde, se a sua arte não cabia nas formas tradicionais de afinação da viola, a solução foi criar a sua própria afinação, criando assim a sua sonoridade própria. Dilon é, assim, um criativo nato. Criou letras e temas musicais que são hoje inesquecíveis, que são hoje clássicos do género que cultivou. Se a vida era dura, Dilon soube lutar, sem ter receio de abraçar uma das vidas mais duras formas de viver: a de mineiro, na África do Sul do Apartheid. Se, iniciada a sua carreira ainda sob o domínio português, logo após a independência., as dificuldades lhe foram madrastas, obrigandoo a um longo silêncio, soube, nos anos oitenta, renascer das cinzas e integrar-se, de forma criativa, num movimento musical com músicos mais jovens, ajudando a desenvolver o chamado “Projecto Mabulo” Para além disso, há já muito que persegue um sonho – o de passar aos mais jovens a sua arte e a sua experiência de vida artística, criando um Escola de Música. Dilon Ndjindji é, assim, e sempre foi, um homem de vontade robusta, capaz de viver com um sonho e de lutar por ele. Dilon é, assim, para além de um bom exemplo de artista, um exemplo de homem sonhador, um candidato a “Mestre”. Por isso a Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa o quis trazer para o seu seio e apresenta-lo aos seus alunos como um exemplo de artista e de homem… um exemplo a seguir por todos aqueles que se sintam inclinados para a música.
6. A cerimónia A cerimónia de imposição do nome de Dilon Ndjindji à Sala de Artes Musicais da Escola Portuguesa de Moçambique ocorreu no passado dia 14 de Dezembro de 2006, tendo a cerimónia decorrido em dois momentos distintos. O primeiro momento occorreu ao meio dia, hora da chegada do homenageado à escola. À sua espera encontravam-se a Presidente da Escola Portuguesa de Moçambique, a Drª Albina Santos Silva, o Adido Cultutral da Embaixada de Portugal em Maputo, o Dr. António Braga, a Drª Cristina Arruda, em representação do embaixador, vários individualidades e amigos pessoais de Dilon Ndjindji, professores da casa e o “Grupo Coral Infantil do Pé-Escolar”, que cantou algumas canções, como forma de dar as boas vindas ao Mestre da Marrabenta. Seguidamente, foi inaugurada uma “Feira de Arte Moçambicana, onde marcaram presença a pintura, a escultura e a cerâmica de nomes já consagrados das Artes Plásticas Moçambicanas - Malangatana, Reinata, Victor Souza, Idasse... Estiveram em exposição mais de setenta obras, algumas das quais disponíveis para venda.
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A SUSTENTÁVEL LEVEZA DA MÚSICA Esta feira foi instalada junto à entrada principal da escola, em local de destaque, de forma a valorizar as obras e os artistas, fazendo-se coincidir a hora da inauguração com a hora de saída e de entrada dos alunos para a escola, a maioria, como é habitual, acompanhada pelos seus familiares mais directos. Foi uma oportunidade para a Escola interagir com as famílias e com o meio, que a direcção da escola não quis deixar de aproveitar. E como não podia deixar de ser, a inauguração foi acompanhada pela presença da música, desta feita interpretada por uma Banda Militar de Maputo. Em formação cerrada, a banda percorreu as alamedas dos jardins da escola e posicionou-se junto do portão de entrada, de forma a proporcionar uma melhor audição a quem entrava e saia. Das peças interpretadas, destacaram-se temas musicais de carácter militar, mas também de música tradicional portuguesa e de Marrabenta, que serviram para reverênciar o homenageado. Estes momentos foram aproveitados pelos presentes para “darem um pézinho de dança”. De entre os bailarinos de ocasião, destacaram-se o próprio Dilon Ndjindji e esposa, a Directora da Escola, individualidades do Centro Cultural de Matalana e vários professores e funcionários. À tarde, pelas 16 horas, decorreu a parte mais formal da cerimónia. Junto à sala de música, Dilon Ndjindji assinou, juntamente com a Presidente da Escola Portuguesa de Moçambique, Presidente da Associação de Pais, e outras individualidades do Centro Cultural de Matalana e da Associação de Músicos de Moçambique, a acta que assinala formalmente a imposição do seu nome à Sala de Artes Musicais da EPM-CELP. Na osasião, a Presidente proferiu uma breves palavras assinalando o significado do acto. Como forma de abrilhantar o evento, segui-se uma breve actuação da “Orquestra dos Pequenos Violinos” da EPM-CELP, que interpretou alguns trechos de música clássica, actuação muito elogiada por Dilon Ndjindji. Como completando a esta actuação, a profrssora Cláudia Costa, orientadora das sessões de Complemento Curricular ligadas à aprendijazem da flauta, apresentou duas das suas alunas que interpretaram, também elas, temas clássicos. Os presentes foram então convidados a xdeslocarem-se para o auditório “Carlos Paredes”, para assim de poder dar continuidade à cerimónia. Neste espaço, encontrava-se a “Tuninha Sol e Dó”, já pronta para a sua actuação, constituída por temas de origem portuguesa e africana, destacando-se a peça “Tenho orgulho de ser africano. Os professores Célia Quambe e Luís Perdiz serviram de anfitriões, tendo apresentado o resto do programa, que incluiu vários discursos: o da Presidente do Conselho Directivo da EPM-CELP, Albina Santos Silva, que reproduziremos a seguir, o do Presidente da Associação de Pais, António Melo, o da Administradora de Marracuene, terra do homenageado, Ivete Zibia, e o do represemntante da Associação Cultural de Matalana, Lindo Nlhongo. A intervenção da representante da Associação dos Músicos Moçambicanos, a cantora Elvira Viegas, revelou-se surpreendente e inovadora, uma vez que soube substituir as palavras ditas por palavras cantadas. Foi então a vez de Dilon Ndjindji proferir algumas palavras, sendo notório o reconhecimento pela honagem que lhe fora prestada. O final da sessão oficial foi animado pelo ”Grupo Malimba Tradicional”, que interpretou vários temas da música tradicional moçambicana, de onde se destacou o uso da Timbila.
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DISCURSO Dilon Ndjindji, Meu Caro Mestre e Amigo Ilustres Convidados Caros Colegas Queridos Alunos Não pretendo introduzir superfluidade alguma ao homenagear a Sua Vida e a Sua obra. No entanto, devo sublinhar alguns aspectos do seu trajecto, para que todos aqueles que trabalham e crescem nesta Instituição colham o exemplo vivo de um homem que porfiou tenazmente a sua própria caminhada. Lembro que: Dilon Ndjindji foi menino de espírito indomável; foi músico, cantor e compositor; foi pastor, mineiro e agricultor e, hoje, sonha com vigor, criar uma escola para ensinar os meninos da sua Terra a procurar um futuro com esperança! De facto, foi a força telúrica de Dilon Ndjindji essencial para forjar a sua resistência à adversidade e guindá-lo para lugar cimeiro, onde só os Homens Bons conseguem chegar. No ano em que se comemoram os nascimentos de: Fernando Lopes Graça (100 anos); Béla Bartók (125 anos); Mozart (250 anos), quis a EPM – CELP homenagear Dilon Ndjindji, dada a sua sábia humildade e sensibilidade do Homem e do Artista. É este exemplo que queremos apresentar, hoje, aos nossos alunos. Quisemos homenagear o serviço de um cidadão que dedicou a sua alegria de criador à sua terra e ao seu país, / vivendo simultaneamente a música como realidade e valor /e lembrando a todos o quanto a liberdade é desejada e a fraternidade é possível. Dilon Ndjindji é um autodidacta com existência difícil. Teve o mérito de desbravar terreno em áreas onde, se trabalho anteriores houve, não foram de certo suficiente e condignamente divulgados. Dilon Ndjindji soube caminhar por veredas estreitas da vida, exaltando com alegria os sons, os cheiros, a beleza do país que o viu nascer, celebrando com solenidade culta o seu povo e as suas paisagens, lutando contra a vulgaridade de um quotidiano banal sem encanto e sem horizonte, ultrapassando o conflito insolúvel entre querer ser um cidadão produtivo, socialmente integrado e o seu desejo de construir a sua existência em permanente errância. É, assim, que consegue atingir posição e dignidade no panorama musical Moçambicano e ganha notoriedade Internacional. Podemos testemunhar esta notariedade através da consulta dos inúmeros sítios da Internet, onde se conta a História de Dilon Ndjindji, onde se fala da sua obra, onde se ouve a sua música.
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QUEM É DILON NDJINDJI? Por conseguinte, Dilon Ndjindji soube, no dealbar do Séc. XXI, com as suas mais de 7 décadas de existência, tornar-se cosmopolita. Ser porta-voz de um género musical: a marrabenta e promover o seu consumo além fronteiras, enquanto bem cultural. Não há dúvida que Dilon Ndjindji deu à marrabenta cotação e credibilidade no panorama musical estrangeiro, contribuindo igualmente, para a promoção do diálogo em torno da africanidade e reivindicando esperança para o seu Moçambique. Por tudo isto, é com grande prazer e honra que na condição de Presidente da EPM – CELP queremos estender esta lição de vida a todos quantos frequentam esta Escola, colocando-o no nosso Quadro de Honra, junto de Homens Eméritos no domínio da Arte, juntamente com Carlos Paredes, Poeta José Craveirinha e Mestre Malangatana.
Albina Santos Silva
BREVES NOTAS BIOGRÁFICAS DE DILON NDJINDJI
Dilon Ndjindji nasceu na aldeia de Marracuene, situada na província de Maputo, a 14 de Agosto de 1927. Em 1939, com apenas 10 anos, começou a aprender a tocar guitarra. Dois anos mais tarde, construiu, a partir de uma lata de azeite, o seu próprio instrumento de eleição, com apenas três cordas. Três anos depois, tinha então 15 anos, conseguiu obter a sua primeira
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QUEM É DILON NDJINDJI? guitarra “a sério”, com a qual começou a tocar diversos estilos musicais africanos, tais como a Dzukuta e a Madjica, em casamentos e festas particulares. Em 1945, após a conclusão dos seus estudos secundários, frequentou um curso de estudos bíblicos no Seminário de Ricatla. Terminado o curso, em 1946, exerceu a função de pastor, na ilha Mariana, actual ilha Josina Machel, local em que se iniciou no ritmo marrabenta. Contudo, como possuía um espírito muito irrequieto e o trabalho de pastor o prendia demasiado a obrigações rotineiras, abandonou o cargo em 1949 e, usando o pretexto de ir à procura de melhores condições de vida, foi para a África do Sul trabalhar como mineiro.
conduziu-o a nova fuga, acabando por renunciar definitivamente à carreira de pastor. Em 1954 regressa a Moçambique, tornando-se membro fundador da Cooperativa Agrícola Roque de Aguiar e, no ano seguinte, trabalha na fábrica Taninho (fábrica de tintas). Trabalha depois na construção da fábrica SONEF, como encarregado da secção do pessoal, e, em 1956, emprega-se nos Caminhos de Ferro de Moçambique, para, em 1957, passar a trabalhar na empresa SOSEL. Dois anos depois, em 1959, é incorporado na Administração de Panda (distrito de Inhambane), como agente de recenseamento populacional, regressando novamente à África do Sul, para mais uma vez trabalhar nas minas.
Aí, tempos depois, foi descoberto como pastor fugitivo, acabando por ser reconduzido ao cargo em várias igrejas na África do Sul. Regressara, assim, ao
Dilon Ndjindji com a esposa.
trabalho rotineiro e pouco gratificante para o seu espírito. Com o tempo, esta situação ocupacional frustrante,
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QUEM É DILON NDJINDJI? Depois de mais esta experiência na profissão de mineiro, regressa a Moçambique e, em 1962, cria o
Pela sua actuação, Dilon Ndjindji pertence ao grupo dos artistas lendários, como é o caso do compositor e
seu próprio grupo musical, o Estrela de Marracuene, com o qual realiza a sua primeira transmissão
intérprete já falecido Fanny Mpfumo. Para além de cantor, Dilon é também compositor,
radiofónica, na estação Voz Africana, a 16 de Dezembro de 1964. A partir daí, o seu nome passa a ser uma
coreógrafo e bailarino. Dada a sua grande energia e disponibilidade, foi já diversas vezes solicitado para dar
referência junto do público. No ano de 1973, Dilon Ndjindji grava seu primeiro
aulas de dança em grupos e projectos de pequena e grande envergadura. Exemplo disso é a sua
álbum, Xiguindlana, através da editora Produções 1001. Neste projecto, para além do papel de músico e cantor,
participação no projecto UMOJA, que integrava cerca de 100 artistas oriundos de quatro países diferentes,
desempenha também funções de Coordenador de Produção.
nomeadamente Moçambique, África do Sul, Zimbabwe e Noruega. Recentemente, participou, juntamente com António Marcos, no filme “Marrabentando – As Histórias que a Minha Guitarra Canta”, produzido por Karen Boswel. Com 67 anos de carreira é um das figuras incontornáveis da música moçambicana.
Em 2001 integra-se num novo projecto musical, como membro do grupo Mabulo. Por esta altura, conjuntamente com os seus colegas de arte, actua pela primeira vez fora de Moçambique, demonstrando uma inesgotável energia e uma enorme agilidade para a dança. A sua carreira, e a do grupo, passa a estar, a partir desse momento, projectada internacionalmente. Integrado no grupo Mabulo, faz digressões por vários países, tais como Portugal, Inglaterra, Suécia, Suíça, Alemanha, Austrália, França, Espanha, Holanda, Polónia, Bélgica, Áustria e África do Sul. Em 2002 gravou o seu primeiro trabalho internacional, a solo, num CD intitulado Dilon, no qual a marrabenta é apresentada de forma mais acústica. Desde então, tem demonstrado grande empenho em prol da preservação do ritmo Marrabenta, como patri-mónio cultural moçambicano.
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In Dilon Ndjindji, Homem da Marrabenta, 2006, Publicação do Centro de Recursos da Escola Portugesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portugesa.
ENTREVISTA E depois da Homenagem? Terminada a homenagem, na tarde do dia 14 de Dezembro, Dilon Ndjindji regressou à sua vida habitual de cantor e de homem de publicidade. Terminada a homenagem, a escola, embora mais rica de exemplos a oferecer aos seus alunos, voltou à sua função habitual de criação do Homem do Amanhã... Aconteceram aulas, avaliações, reuniões de final de período e veio a tão esperada interrupção de actividades do Natal. Morreu o Ano Velho e nasceu o Ano Novo e a curiosidade avolumou-se: o que seria feito do nosso mais novo patrono artístico? Tinhamo-lo visto aparecer mais... em entrevistas e em programas da TVM, canal oficial de televisão de Moçambique. Janeiro crescia e chegava ao seu primeiro mês de vida. No dia 26 de Janeiro, a equipa do “Pátio das Laranjeiras” resolveu “matar a curiosidade” e realizou a entrevista que agora se transcreve.
entrei 90 % dos moçambicanos aperceberam-se verdadeiramente de mim, aperceberam-se do grande valor da Marrabenta e aperceberam-se também do grande valor da da cultura
EPM-CELP: Neste momento vamos dar início à nossa conversa e a primeira pergunta que gostaria de lhe fazer é a seguinte: Qual é, para si, a importância que a Escola tem na sociedade? Dilon Ndjindji: Eu acho que a importância da Escola na sociedade está no facto de… a escola educar e desenvolver as pessoas. Mas não é só na educação, pois ela também procura envolver as pessoas na cultura de modo a que as pessoas tenham e desenvolvam uma visão mais ampla das coisas… Portanto, é educar as pessoas. É esta a importância que a Escola tem na sociedade.
musical de Moçambique. E ela tem mesmo um grande valor. Hoje, em qualquer parte por onde eu passo, as pessoas apercebem-se de que Dilon Ndjindji é importante. Então, isso constituiu um grande acto de educação em Moçambique, para todos. Tem importância. EPM-CELP: Pensa que é importante que a música seja ensinada e aprendida nas escolas? EPM-CELP: Agora, acha que a Escola Portuguesa consegue alcançar estes objectivos? Dilon Ndjindji: Acho que sim, que consegue alcançar estes objectivos. Porque… eu irei falar de mim próprio! O facto de ter estado, aqui, na Escola Portuguesa, foi muito importante para mim. A partir do momento em que eu aqui
Dilon Ndjindji: Penso. Penso que ela deve ser ensinada em todas as escolas... Aqui, nesta escola, mas também em todas as escolas moçambicanas... Eu sou um defensor da cultura moçambicana e a música é um elementos importante da nossa cultura. Sempre o foi e sempre o será. E, para desenvolver a música, é preciso ensiná-la e aprende-la cada vez mais...
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ENTREVISTA EPM-CELP: Todos conhecemos a riqueza da cultura moçambicana. Assim sendo, qual é o lugar que a música, a música no geral, ocupa na cultura das pessoas de moçambique? Dilon Ndjindji: Muito obrigado pela pergunta. Eu podia responder, para resumir, dizendo que a
Dilon Ndjindji: Acho que sim. Esta música foi desprezada nos princípios, no começo, nos anos 49, 50… até 51. mas, agora, as pessoas apreciaam a Marrabenta, porque a Marrabenta já ocupou o mundo inteiro. Todo o mundo gosta da Marrabenta, não só aqui, em Moçambique, como também em todo o mundo e por todos os lugares por onde eu passei. Todo o mundo gosta da Marrabenta. Continuemos com a nossa Marrabenta.
EPM-CELP: A Escola Portuguesa de Moçambique acaba de lhe fazer uma homenagem e atribuiu o seu nome à Salas de Artes Músicais desta escola, reconhecendo, assim, o papel que o Dilon teve no desenvolvimento da música moçambicana. Estava à espera desta homenagem?
música ocupa mesmo uma área muito importante na vida das pessoas… na vida de todos nós. A Música distrai-nos, quando estamos cansados do trabalho, conforta-nos, quando estamos tristes, mesmo em cerimónias de falecimentos, entre outras!... E, quando a pessoa está muito zangada, a música acalma-nos e refresca-nos a alma. É por tudo isto, que a música é muito importante. EPM-CELP: A Marrabenta é um estilo musical que existe desde há já algumas décadas atrás. E hoje, acha que as pessoas continuam a apreciar e a gostar da Marrabenta?
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Dilon Ndjindji: Foi uma grande admiração para mim. Até hoje continuo com grande espanto, pelo facto de a Escola Portuguesa ter me feito isso a mim. Não estava à espera! Esta homenagem vai ajudar-me a desenvolver ainda mais a minha carreira... Deu-me mais inspiração para pensar na música. Eu não estava a espera. EPM-CELP: O que acha dessa iniciativa? Dilon Ndjindji: Acho que esta iniciativa abriu as portas para Moçambique e para o povo moçambicano... Abriu as portas nas ideias de muitas pessoas... e no seio do povo moçambicano. Eu tenho que louvar o povo moçambicano... E vou dar a minha força ao povo e à educação... Vou trabalhar mais.
CARTAZES E CONVITES EPM-CELP: O Dilon é um músico com uma carreira longa e consolidada. Depois da homenagem que lhe foi feita pela Escola Portuguesa, creio que o vi já em vários programas de televisão que falavam sobre si e sobre a Marrabenta. Assim, acha que esta iniciativa, de algum modo, ajudou e contribuiu para um maior interesse pela Marrabenta e para um melhor e maior reconhecimento do músico Dilon Ndjindji? Dilon Ndjindji: Creio que sim, mas o mais importante, para mim, foi o estímulo que senti... Senti-me com muito mais vontade de trabalhar... Quero dar a todos o meu contributo naquilo que sei fazer melhor: a música! Vou pedir à Escola Portuguesa para que me dê um tempo, no sentido de vir cá trabalhar!... EPM-CELP: E para finalizar, quer deixar alguma mensagem ou conselho aos nossos alunos que já se sente atraídos pela sua música? Dilon Ndjindji: Parabéns aos alunos da Escola Portuguesa, por estarem com o Dilon Ndjindji. Têm que estudar muito e têm que aprender música, para fazermos avançar a música moçambicana... Se estudarem e aprenderem música, podem até ser melhores músicos do que eu... Por isso, força! Estamos juntos nesta ideia... Estou muito satisfeito em trabalhar com as crianças desta escola. Muito obrigado a todas pessoas desta escola. Entrevista planeada por Vítor Roque e executada por Benites Jesus
Produções do Centro de Recursos para o evento
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O QUE É A “MARRABENTA”?
Dilon Ndjindji reivindica para si o título de “Rei da Marrabenta”. Contudo, o que é, de facto, a Marrabenta? Claro, é um estilo musical típico das zonas urbanas de Moçambique, particularmente da região de Maputo e de Gaza. Contudo, pedimos ao nosso colaborador, Benites Lucas José para nos catracterizar, de forma breve, a Marrabenta. São de sua autoria as palavras que passamos a transcrever:
«A Marrabenta é uma forma de manifestação cultural expressa através do canto e da dança. Segundo fontes orais, terá surgido nos anos 40 e provavelmente como o resultado da dinâmica dos ritmos tradicionais Zukuta e Madjika. Segundo Dillon Ndjindji, após o surgimento dos ritmos Zukuta e Madjika, surgiu o Xiromana, ritmo ao qual foi atribuído o nome de Marrabenta. Era tocado em afinação Matola (baseada na afinação internacional, que sofre uma alteração na 4ª corda (ré) passando a ter o tom mi) e da afinação Frenk (que usa apenas duas cordas, dentro das seis). Ao contrário do que se verifica actualmente, a Marrabenta era tocada com base numa única guitarra. Este estilo musical, também se caracteriza (facto que se tem verificado até a actualidade) pelo uso, no geral, de três notas musicais, que interagem entre si de uma forma regular, do início até ao fim da música, não havendo variação rítmica. A Marrabenta é um ritmo do sul de Moçambique, tendo sido usado pelos nativos, como uma forma de expressão cultural, abordando temas relacionados com dia a dia da população, tais como Lobolo, a traição conjugal, conflitos étnicos, o amor, a alegria, a tristeza, o trabalho migratório nas minas da Africa do Sul, entre outros. Através deste estilo musical, transmitia-se assim, uma forte componente cultural, através da oralidade, que é o que caracteriza o “registo” dos usos e costumes dos povos naturais de Moçambique. As línguas usadas na interpretação dos temas musicais, eram o Ronga e o Changana. Para dar mais consistência melódica, não raras vezes as músicas eram acompanhadas por coristas e dançarinas do sexo feminino. A partir dos anos 60, a música adquiriu uma evolução em Moçambique e criou-se uma nova base instrumental, passando a integrar a bateria, a viola baixo, a viola ritmo, a viola solo, que, em certos momentos, faz também o contra solo. Paralelamente, foram introduzidos novos instrumentos, tais como o saxofone, o trompete e a precursão, entre outros. Actualmente, a Marrabenta é tocada de diversas formas e, devido à demanda comercial, tem sido alvo de introdução de componentes musicais ocidentais novas, principalmente por parte de músicos jovens.» Benites Lucas José
Pátio das Laranjeiras, n.º 41 e 42 Directora: Albina Santos Silva . Coordenação Editorial: Vítor Roque . Coordenação Executiva: António Aresta, Jorge Pereira . Redacção: Vítor Roque Concepção Gráfica e Paginação: Vítor Roque. Fotografia: Vítor Roque, Filipe Mabjaia e arquivo pessoal de Dilon Ndjindji . Colaboração: Benites Lucas José Revisão: Vítor Roque . Produção: Centro de Recursos Educativos, Janeiro de 2007 Propriedade: Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa, Av. do Palmar, 562 . Caixa Postal 2940 . Maputo . Moçambique . Telefone: 00 258 21 481300 . Telefax: 00 258 21 481343 , www.edu-port.ac.mz . E-mail: patiodaslaranjeiras@edu-port.ac.mz . epm-celp@edu-port.ac.mz
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