TRABALHAR BEM

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trabalhar bem Soluções de conforto, eficiência energética e bem-estar nos empreendimentos corporativos.

Érica Marina Carvalho de Lima

Ribeirão Preto

2018



centro universitário moura lacerda Érica Marina Carvalho de Lima

trabalhar bem Soluções de conforto, eficiência energética e bem-estar nos empreendimentos corporativos.

Trabalho de Conclusão de Graduação apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda – Ribeirão Preto, como exigência para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Orientadora: Profa. Maria Lídia Guimarães Pantaleão

Ribeirão Preto 2018


“Escolha um trabalho que você ame e não terá de trabalhar um único dia de sua vida.” – Confúcio

agradecimentos Agradeço a Deus e a Ele dedico tudo o que faço, por isso busco sempre o caminho reto. No desejo de Sua benção no próximo passo, cada passo dado foi procurando acertar. Minha gratidão é infinita a todos os que me ajudaram, incentivaram, apoiaram e colaboraram de alguma forma, mesmo que com apenas uma palavra ou um abraço em tantos momentos em que eles foram necessários.

Foto: Freddie Marriage. Fonte: Unsplash.

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resumo Este trabalho de conclusão de curso consiste em um estudo sobre os determinantes da arquitetura eficiente nos espaços de trabalho, culminando com um projeto para edifício corporativo, em Ribeirão Preto. O objetivo é compreender qual papel do projeto arquitetônico no atendimento ao trabalhador, no espaço em que ele passa a maior parte do seu tempo de vida. Parte-se de uma revisão prévia sobre a história dos espaços corporativos, mostrando-se o desenvolvimento do tema ao longo do tempo com a culminância nos contemporâneos espaços de trabalho. Observaremos que os novos conceitos arquitetônicos e urbanísticos para os espaços de trabalho têm se desenvolvido de modo a questionar os projetos tradicionais. O projeto será realizado no bairro Jardim Olhos D’água para um espaço corporativo que abrigue escritórios individuais, escritórios de grupos, de micro e pequenas empresas e departamentos de grandes empresas. A ideia deste trabalho, claramente, não é esgotar a discussão sobre os espaços corporativos, mas de abrir possibilidades para as novas formas de trabalho.

Palavras-chave: 1. Arquitetura. 2. Trabalho. 3. Empresas. 4. Trabalhadores

abstract This completion of course paper regards on a study on the determinants of efficient architecture in corporate spaces, culminating with a project for corporate building in Ribeirão Preto. The objective is to understand the role of architectural design concerning about the worker, in the space in which s/he spends most of its lifetime. It begins with a previous revision on the history of the corporate spaces, showing the development of the theme over time culminating in the contemporary spaces of work. We will observe that the new architectural and urban concepts for the workspaces have been developed in order to question the traditional projects. This project will be held in Jardim Olhos D’água neighborhood for a corporate space of individual offices, group offices, micro and small businesses and large business departments. The idea of this work, clearly, is not to exhaust the discussion about corporate spaces but to open possibilities for the new forms of work.

Keywords: 1. Architecture. 2. Work. 3. Companies. 4. Workers

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Foto: Anthony Tyrrell. Fonte: Unsplash.

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Devido ao seu aspecto simbólico, a Arquitetura deve refletir as novas condições do trabalho, especialmente no ambiente corporativo, pois a tecnologia e as interações dentro das empresas evoluíram ao longo da história e devem, futuramente, mudar ainda mais drasticamente as relações sociais e o modo de vida humano. É necessário pensar no conforto e no bem-estar dos trabalhadores, desde as características térmicas, acústicas, lumínicas, passando pelas questões ergonômicas e até mesmo pela disposição dos espaços e a possibilidade de integração e/ou privacidade. As palavras-chave dos novos modos de trabalho são o bem-estar e a flexibilidade. Dar conforto e boas condições de trabalho é interessante não só para o bem-estar dos trabalhadores bem como é crucial às empresas devido à busca por funcionários motivados e produtivos, além da efetiva redução de acidentes no trabalho e/ ou processos trabalhistas.

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Os ambientes de trabalho devem permitir flexibilidade, pois o espaço físico é caro e as relações interpessoais são mais dinâmicas. Muitas vezes, o mesmo ambiente pode e deve servir para reuniões, trabalho, pausas e refeições. A organização dos recintos de trabalho é mais eficiente contemporaneamente em plantas abertas, mas isso, por sua vez, exige, por exemplo, novas categorias de espaços para reunião, para garantir privacidade quando necessário.

Além de pequenos espaços privativos de reunião, também é desejável espaços individuais não-personalizados onde se concentrar no trabalho quando for necessário. Por sua vez, deve haver espaços maiores nos quais se pode direcionar a atenção de um grupo para uma reunião que envolva mais pessoas ou promova um brainstorm. Essa multiplicidade de espaços desejáveis tem a ver com a mobilidade e conectividade atuais e é bem diA forma de organização do trabalho evoluiu com o tempo ferente da tradicional organização em salas individualizadas em a partir das mudanças tecnológicas. Com a invenção do telégrafo um prédio subdividido com muitas paredes e grandes locais de e do telefone, as distâncias começaram a reduzir paulatinamen- reunião que fiquem vazios na maior parte do tempo. Temos uma te. O telégrafo foi importantíssimo para a comunicação a longa nova realidade de organização do espaço no trabalho e os novos distância nos séculos XIX e começo do século XX, permitindo a co- projetos devem refletir essa contemporaneidade, de dentro pra municação rápida entre estações de trabalho que não precisavam fora e vice-versa. mais estar localizadas no mesmo edifício. Como afirma Vargas (2003), o objeto edificado é um signo A partir dos anos 2000, o que vemos é o uso da rede mun- representativo de uma sociedade, estabelecendo relações defidial de computadores e o compartilhamento de dados em nuvem nidas entre sua forma e aparência estética com as características que permitem o trabalho em qualquer local e a comunicação si- das sociedades que o construíram, indo além da sua utilidade, multânea entre as partes, desde que haja rede disponível, não mas também sendo considerados obras de arte. Esse caráter simimportando o local físico onde cada um se encontra. Isso significa bólico da arquitetura a torna mais atraente como instrumento de que o trabalho já não exige uma sala individual comum ao mesmo demonstração de poder. edifício onde a pessoa pode ser encontrada. Essa mudança tecnológica acaba por alterar toda a estruturação e layout interno das empresas no dia de hoje.

Portanto, o projeto arquitetônico do espaço corporativo deve ser cuidadoso, não só buscando uma identidade visual que 1


Capítulo 2 são levantadas referências projetuais sobre os espaços corporativos, uma nacional e três internacionais, com intuito de exemplificar as questões de conforto e ergonomia nos projetos em questão. Essas referências são consolidadas em um quadro comparativo com a finalidade de exemplificar as soluções projetuais pretendidas no desenvolvimento deste trabalho. A conA utilização maciça e indiscriminada de escritórios de planceituação do futuro projeto será colocada no Capítulo 3, no qual ta livre leva-nos a questionar quando a disposição aberta dos esapresentaremos nossa proposta, que será um espaço corporativo paços de trabalho é bem-vinda e desejada, partindo-se do prinno bairro Jardim Olhos D’Água, em Ribeirão Preto. O Capítulo 4 cípio que se deve focar no bem-estar do trabalhador. Além disso, apresenta a leitura do terreno e do entorno. E, por fim, o Capítulo o formato dos edifícios de escritório é muitas vezes verticalizado 5 finaliza a apresentação do projeto, após o qual têm-se as consie sem dinamismo. A palavra chave para resolver ambas as quesderações finais do trabalho. tões que se abrem é a flexibilidade. O presente trabalho pretende propor uma discussão atualizada sobre o tema, uma vez que a liPROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS teratura brasileira não traz novas propostas, mas tem copiado tardiamente a solução internacional do “Open Plan”, que já começa Um dos primeiros procedimentos metodológicos adotados nesa ser questionada nos demais países, como mostra o trabalho de te trabalho consiste na pesquisa bibliográfica e projetual. A primeira irá Singh (2017). simbolize os valores da empresa, mas pensado desde a casca do objeto arquitetônico para garantir conforto, até o layout e a definição dos itens de mobiliário, para que garantam ajustes ergonômicos. Desde as normas técnicas de desempenho, até a psicologia das cores.

Com base nessas considerações, o objetivo do presente trabalho é projetar um edifício de escritórios que traga a nova discussão a respeito do ambiente corporativo, à luz da sustentabilidade e do que se entende por processos de trabalho na contemporaneidade levando-se em conta o bem-estar do trabalhador. Especificamente, pretendemos propor uma solução projetual diferente dos grandes edifícios em formato vertical de salas com planta livre, criando uma Arquitetura dos ambientes corporativos em função dos novos modos de trabalho, questionando o papel do bem-estar do funcionário e possibilitando uma nova proposta de edifício sustentável e saudável para o ambiente corporativo. Em vez de uma planta livre, proporemos uma planta modular que traga flexibilidade e possibilidade de adaptação do edifício ao longo do tempo conforme necessidade de uso. Para isso, pretende-se sistematizar tópicos de relevância para o partido de projetos de caráter corporativo nos dias atuais. No primeiro capítulo será realizada uma revisão bibliográfica conceitual e histórica a respeito dos ambientes corporativos. Já no 2

se pautar na revisão da literatura a respeito de escritórios, que é bem escassa no país, tentando atualiza-la com as novas discussões presentes internacionalmente e com a intenção de abordar as inúmeras variáveis que devem pautar o projeto para um ambiente de trabalho com qualidade (que forneça saúde física e mental para seus funcionários e facilite a produtividade e o bom retorno para os proprietários das empresas). Para as leituras projetuais de espaços corporativos foram selecionados quatro diferentes projetos de escritório que buscam a inovação com soluções sustentáveis, versáteis e esteticamente agradáveis e mais um edifício de caráter público cujas soluções são semelhantes ao que se pretende implantar no projeto a ser desenvolvido. Posteriormente, escolheu-se um terreno na cidade de Ribeirão Preto que comporta o programa para o edifício corporativo com a finalidade de desenvolver um projeto fictício que contemple as características teóricas estudadas na revisão bibliográfica e projetual. O entorno do lote foi estudado considerando-se diretrizes urbanísticas e sustentáveis para a região, por meio de levantamentos urbanos localizados. Utilizamos uma série de programas auxiliares para análise bioclimática da cidade, do entorno e do edifício. E, por fim, o projeto é realizado por meio do desenvolvimento em sofwares de desenho.


Foto: Anthony Tyrrell. Fonte: Unsplash.

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INTRODUÇÃO 01 Procedimentos Metodológicos 02 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 06 1.1 História dos espaços corporativos 06 1.2 A discussão sobre edifícios corporativos na atualidade 11 a) Edifício inteligente 11 b) Edifício ecológico 11 c) Temas atuais 12 d) Crítica contemporânea ao Open Plan 12 1.3 Objetivos dos espaços corporativos 13 a) Melhorar a produtividade 13 b) Reduzir custos 13 c) Aumentar a flexibilidade 13 d) Incentivar a interação 13 e) Dar suporte à mudança cultural 13 f) Estimular a criatividade 14 g) Atrair e reter pessoal 14 h) Promover a Ergonomia 14 i) Expressar a marca 14 j) Reduzir o impacto ambiental 14 1.4 Escolhas cruciais 14 a) Local 14 b) Uso 15 c) Layout 15 d) Aparência 15 e) Arquivamento 16 f) Padronização 16 1.5 Tipos de espaços corporativos 16 a) Espaço de trabalho 16 b) Espaços de reunião 17 c) Espaços de apoio 17

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2 REFERÊNCIAS PROJETUAIS 18 2.1 Edifício Corujas / FGMF Arquitetos 18 2.2 Edifício Comercial La Licorne - PERIPHERIQUES Marin & Trottin Architectes 26 2.3 Tortona 37 Complexo Multifuncional / Matteo Thun & Partners 32 2.4 Edifício Administrativo da Companhia Municipal de Abastecimento de Água de Lamia, Grécia/ VTria Architects 36 2.5 Quadro comparativo dos estudos de referência 40 3 APRESENTAÇÃO E CONCEITUAÇÃO DO PROJETO 41 3.1 Conceito do projeto 41 3.2 Diretrizes projetuais 42 3.3 Sistemas construtivos 42 4 TERRENO E O ENTORNO 42 4.1 Localização: subsetor e bairro 42 4.2 Área de estudo 46 a) Topografia, levantamento planialtimétrico 46 b) Hierarquia viária 48 e) Equipamentos Urbanos 50 4.3 Lote 53 5 ESPAÇO CORPORATIVO PARA RIBEIRÃO PRETO 55 5.1 Análise Bioclimática 55 5.2 Programa de Necessidades 58 5.3 Fluxograma 59 5.4 Pré-dimensionamento 59 5.5 Estudo volumétrico 63 5.6 Apresentação do projeto 62 CONSIDERAÇÕES FINAIS 79 REFERÊNCIAS 80 5


1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 HISTÓRIA DOS ESPAÇOS CORPORATIVOS A arquitetura corporativa sempre envolveu dados concretos: além do dimensionamento e materiais utilizados, o projeto traz implicações sociais, significados de linguagem e imagem que denotam uma expressão da cultura de seu tempo. A reputação e credibilidade do negócio pautam a forma de projetar esses espaços. Por isso a evolução das sociedades e suas formas de produção e trabalho culminam em espaços com características diferenciadas a cada época. Segundo Vargas (2003), podemos dizer que a origem dos escritórios remonta aos tempos do Egito Antigo (3400-900 a.C.), onde os escribas se reuniam para o trabalho conforme a organização do trabalho daquela sociedade. Daquela época remontam as pirâmides, com altura considerável e natureza simbólica do poder atemporal. Já em Roma, desde a época de César, surge o termo “scriptorium”, onde se destinava à atividade intelectual, espaços diferentes de trabalho em relação onde os artesãos desenvolviam suas atividades. Assim, pode-se dizer que o espaço de trabalho intelectual e manual já se diferenciavam. Conforme Vargas (2003), quanto mais ambicioso o esforço arquitetônico, mais se sobressaíam os romanos.

Figura 1. Planta térreo da Galeria degli Uffizi. Fonte: Fasanella, 2015.

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De acordo com Fasanella (2015), já a partir do século XV, com os grandes descobrimentos, os escritórios no além-mar eram representações do poder central. Nos monastérios, alguns espaços eram configurados para a concentração da leitura e da escrita. No século XVI, surgem as primeiras construções específicas para escritórios, demonstrando o poder e a abrangência da ação empresarial. Em 1560, o arquiteto Giorgio Vasari construiu em Florença o primeiro edifício com função específica de abrigar um escritório, semelhante ao conceito que se tem contemporaneamente, a pedido de Cosimo de Medici. O edifício, cuja planta é mostrada na figura 1, que após dois séculos tornou-se a Galeria degli Uffizi, abrigava as funções de escritório, comércio e um depósito para seu acervo artístico no terceiro andar. Andrade (2007) nos revela que o escritório moderno surgiu no fim do século XIX, quando apareceram as primeiras invenções que revolucionaram o modo de produção intelectual: “telégrafo, 1859 (Morse, EUA); máquina de escrever, 1873 (Remington, EUA); telefone, 1876 (Graham Bell, Inglaterra); luz elétrica, 1879 (Thomaz Edison, EUA), teletipo, 1897”. Estas invenções passaram a reduzir distâncias, que não precisavam mais ser percorridas fisicamente pelas pessoas, contraindo também a dimensão do tempo. A agilização da comunicação passou a


ser possível e tornou-se uma das bases da administração da produção. Com isso, houve uma grande evolução nos meios e processos de racionalização da administração e da comunicação nos negócios (Figura 3). Apesar dessa evolução nos escritórios, importante para sua conformação subsequente, o setor de serviços era pouco representativo até o final do século XIX. Nessa época, os escritórios eram caracterizados por salas grandes e mesas de madeira escura, ocupadas somente por homens sentados lado a lado, dos funcionários ao dono da empresa, tendo à mão papéis e caneta tinteiro.

Figura 2 Pátio central da Galeria degli Uffizi. Fonte: Tripadvisor. Disponível em: <https://www.tripadvisor.com/LocationPhotoDirectLink-g187895-d191153-i131835754-Uffizi_Gallery-Florence_Tuscany.html>. Acesso em 21 out 2017.

De acordo com Andrade (2007) , porém, nos anos 1890, o engenheiro americano F. W. Taylor elabora uma teoria que seria o primeiro modo de administração científica, padronizando os procedimentos administrativos. A 1ª Teoria Científico-Administrativa pretendia buscar a máxima produtividade em um processo de trabalho linear, semelhante à organização industrial nas linhas de produção com o rigor da hierarquia do exército. Com o foco na máxima eficiência, todas as atividades deveriam ser padronizadas e cronometradas, evitando-se o desperdício ou eventual perda da produtividade. Inclusive o posto de trabalho era padronizado por função, aumentando-se o luxo nos componentes e acabamento conforme se aumentava o posto, com a finalidade de indicar uma hierarquia rígida e segregada da organização.

Ainda segundo Andrade (2007), no início do século XX, com o desenvolvimento da indústria, os processos de produção passaram a ser dependentes de um grupo crescente e organizado de funcionários burocráticos, especializados. Grandes corporações correlatas à indústria como transportadoras, seguradoras, advocacia e contabilidade surgiam. Nesse momento, acreditava-se que a burocracia seria a base para o desenvolvimento da sociedade industrial. Por isso o trabalho intelectual cresceu em importância e, consequentemente, os espaços destinados a ele se espalharam pelo mundo.

Figura 3 Escritório National Fire Insurance Co.,Hartford –CT, 1987. Fonte: Fasanella,2015.

O Modernismo, nesse exato momento, trouxe inovações racionalistas para o projeto arquitetônico e seus pormenores, incluindo espaços interiores e mobiliário, em consonância com a produção industrial mecanicista. O edifício Larking Building, de Frank Lloyd Wright é considerado o primeiro edifício projetado para ser a sede de uma empresa. Construído na cidade de Búfalo, nos Estados Unidos, estabeleceu pela primeira vez a relação da arquitetura com a imagem corporativa. A característica mais marcante do edifício é o átrio que acomodava todo o baixo escalão:

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“funcionários de processo, com baixo nível de decisão; os pavimentos intermediários - abertos para o átrio - eram ocupados pelos gerentes e diretores: controle e supervisão da produção. No último pavimento ficava a presidência, com salas maiores e luxuosas, com móveis “emprestados” da ambientação residencial” (FASANELLA, 2015).

O projeto em questão trazia uma solução integral para o edifício conforme pretendemos providenciar no presente trabalho, dada a atualização necessária dos conceitos e estética contemporânea: projeto de arquitetura, ambientação dos espaços internos e desenho de mobiliário. Tal projeto “seguiu as recomendações do conceito Bull Pen de

Com a Primeira Grande Guerra (1914-1918), expandiu-se a indústria e as escalas da produção, com incremento do comércio e da concorrência. Isso propiciou o aparecimento de novas doutrinas para maior eficiência, como a desenvolvida por Henry Ford, engenheiro mecânico estadunidense. Ford se baseou nas ideias de Taylor e na mecanização para desenvolver um novo modelo de produção industrial. “As mulheres passaram a ser contratadas para ocupar postos de trabalho na indústria, enquanto os homens assumiam as funções executivas e de controle. O Fordismo então tornou-se o modelo na produção industrial enquanto o Taylorismo dominava a gestão das grandes corporações.” (FASANELLA, 2015). Mas foi após a Segunda Guerra Mundial, segundo Gurgel (2013), que a relação das pessoas no trabalho realmente começou a se modificar tornando-se mais humanistas. Como explica Fasanella, (2015), o conceito Bull Pen (conhecido como American Office Style) usado na Europa assim como nos EUA passou a ser questionado pelo controle excessivo e frio das funções, além da alienação do funcionário, pelos teóricos ligados à Administração Humanista, que pregava um tratamento mais humano dos funcionários.

Figura 4. Vista externa do Larking Building, Buffalo, USA, 1903, arq.Frank Lloyd Wright. Fotos colorizada. Fonte: Buffalo Dandy. Disponível em: < https://buffalodandy.com/2016/10/06/colorized-photos-of-larkin-building/>. Acesso em 21 out 2017.

ocupação de escritórios, seguindo padrões ergonômicos e critérios funcionais para o armazenamento dos papéis, parâmetros dos ambientes, móveis e instrumentos de trabalho” (FASANELLA, 2015). Gurgel (2013) afirma que o escritório fechado para o chefe, à parte dos funcionários e a secretária em sala única foi o modelo seguido até 1904, quando Frank Lloyd Wright começou a desenhar salas privativas em seus projetos.

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Nesse contexto, outro projeto relevante de escritório realizado por Wright é o Johson Wax Building, de 1939, em Wisconsin, nos EUA. Com os mesmos princípios do Taylorismo e Bull Pen iniciais, porém modificado pelo movimento humanista, que pregava a importância da boa relação entre gerência e demais funcionários, ele é mais informal, mas não deixa de ser evidente a imagem de poder corporativo: “o pé-direito alto, contrastando com a escala do homem diante da grande corporação; janelas com peitoril alto de 2,40m, impedindo a visão direta para o exterior e a iluminação por claraboias, em toda a área central do salão; os gerentes ocupando um pavimento acima - nas bordas do salão - em claro sentido de supervisão e controle dos postos de trabalho do térreo.” (FASANELLA, 2015). Com o fim da Segunda Grande Guerra (1939-1945), o movimento pós-fordista, além do propósito econômico da produção industrial, passou a incluir a dimensão social do trabalho. Foi incentivando a valorização do funcionário, que este movimento impulsionou a competição e o aumento da produtividade. Com a devastação física europeia, foi preciso reconstruir e de certa forma reestruturar os negócios. Nesse momento, a administração passou a ser “focada em objetivos rígidos, com a descentralização das tomadas de decisão” (FASANELLA, 2015).


Figura 6. Detalhe do átrio do Larking Building.

Figura 5. Vista do átrio do Larking Building.

Figura 7. Andares superiores do Larking Building.

Figuras 5 a 7.Fotos colorizadas. Fonte: Buffalo Dandy. Disponível em: < https://buffalodandy.com/2016/10/06/colorized-photos-of-larkin-building/>. Acesso em 21 out 2017.

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Figuras 8 e 9. Edifício Johnson Wax, USA, 1930, arq. Frank Lloyd Wright. Fonte: CNET. Disponível em: <https://www.cnet.com/uk/pictures/why-frank-lloyd-wright-piled-60-tons-on-a-lily-pad-pictures/>.Acesso em 21 out 2017.

Essa concepção mais entrosada da forma de trabalhar interfere no modo de organização dos espaços de trabalho. “O layout seguia a geometria dos fluxos, da comunicação, e não da arquitetura do edifício.” (ANDRADE, 2007 p.45). É assim que surge Landscape Office (escritório panorâmico) na Alemanha da década de 1950. O conceito envolve a participação criativa dos funcionários, um estímulo físico ao trabalho e à responsabilidade, extinguindo o isolamento. Esse novo modo de projetar escritórios abandonou a segregação hierárquica bem como a padronização dos funcionários, dispondo-os em ilhas funcionais e integradas, um conceito criado por uma empresa alemã fabricante de móveis de escritório e de consultoria na área, o Quickborner Team. Segundo Gurgel (2013), a divisão interna são seguia a forma arquitônica dos edifícios, mas se organizava conforme o fluxo e as informações. Na década 1960, dando sequência à evolução das comunicações e a consequente transformação dos escritórios das empresas, surgem os primeiros chips para computadores, nos Estados Unidos. Conceitos como comunicação e agilidade da informação tornaram-se prioritários, tornando desnecessária a tradicional concentração de funcionários burocráticos.

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As novas formas de organização do espaço do escritório priorizam a descentralização, o dinamismo e a agilidade. Ao mesmo tempo que se desenvolve a tecnologia, o racionalismo puro é criticado pelos pós-funcionalistas como Adolf Loos, Venturi ou Peter Eisemann. Busca-se mais humanização ao mesmo tempo que se quer maior rendimento e produtividade no trabalho, dando importância ao indivíduo trabalhador como efetivo articulador desses critérios.

Em 1968 o arquiteto Robert Propst criou para a fábrica de mobiliário Herman Miller, um sistema de organização de espaços que preconizava a humanização dos mesmos. O chamado sistema Action Office mudou então a forma dos arquitetos pensarem e organizarem os escritórios empresariais. Este sistema criou espaços onde o funcionário tivesse todos os seus equipamentos e “ferramentas” de trabalho ao alcance de suas mãos; houve a preocupação com a privacidade do indivíduo, além da valorização da função. Mudou assim a geometria espacial até então utilizada para o posto de trabalho no escritório, para o formato hexagonal: tudo em volta do trabalhador. (FASANELLA, 2015).

O Action Office foi o primeiro sistema de escritórios abertos do mundo: uma solução audaciosa para a área de trabalho que se encaixava na maneira como as pessoas realmente trabalhavam, sendo criado como um conjunto de componentes que poderia ser combinado e recombinado para se tornar tudo o que um escritório precisaria ser ao longo do tempo.


Propst e seu sistema acabam inaugurando o chamado “Open Plan”, um conceito que apesar de parecido com o “Landscape”, disponibilizava maior flexibilidade do mobiliário nos ambientes empresariais, com componentes separados (mesas, mesas laterais, armários baixos, biombos, gaveteiros) que integravam os departamentos e permitiam maior contato visual. Os anos 1980 trouxeram um contraponto, “com avanços tecnológicos que colocavam o computador como um bem mais acessível, com o processo de terceirização e o enxugamento das empresas, e com o início da globalização” (GURGEL, 2013, p. 168). Essa nova conformação nos trouxe à atual situação em que a melhor opção para os espaços corporativos é que sejam um misto de espaços abertos e fechados, privativos ou integrados.

1.2 A DISCUSSÃO SOBRE EDIFÍCIOS CORPORATIVOS NA ATUALIDADE

a) Edifício inteligente A partir da década de 1970, criou-se uma nomenclatura para edifícios corporativos que permanece usual até os dias atuais: os ditos “edifícios inteligentes” ou “smart buildings” eram aqueles que traziam todo o tipo de inovações tecnológicas possíveis para o controle ambiental e/ou predial, como condicionamento de ar e outras questões de manutenção. À medida que esses sistemas foram se popularizando, os edifícios foram se automatizando a ponto de integrar controles para “temperatura, pressão estática, níveis de iluminação, fumaça, dióxido de carbono, acessos e outras condições no prédio” (ANDRADE, 2007). Esse conceito permanece até hoje, pois os tais edifícios inteligentes deveriam ter capacidade de se adequar às novas tecnologias com o passar do tempo. Os sistemas de ar condicionado, elevadores e novas técnicas construtivas permitiram, portanto, plantas com grandes profundidades e boa abertura dos vãos, além de as edificações alcançarem grandes alturas. Porém, esse modo de pensar o edifício culminou em sistemas cada vez mais complexos e distantes dos recursos naturais, exigindo pessoal qualificado para operá-los e grande consumo de energia, água e outros recursos naturais.

b) Edifício ecológico

Figuras 10. Sede da Osram Foto: Walter Hen, 1965. Fonte: http://www.henn.com/en/projects/office/osram-headquarters

Portanto, o uso do conceito de inteligência para os edifícios deve ser tomado com cuidado, pois muitas vezes o uso indiscriminado da tecnologia como solução de projeto pode causar consequências adversas graves. Surge a chamada “síndrome do edifício doente”, que se refere a uma série de sintomas de doença em seus ocupantes por agentes encontrados no sistema de ar condicionado, carpete, materiais de acabamento e até no mobiliário. É nesse contexto que nasce, ao final da década de 1990, o conceito de “edifício ecológico”, buscando aliar aos avanços da tecnologia os benefícios das condições naturais: a máxima ventilação e iluminação naturais, com limitação à profundidade dos pavimentos, além da busca frequente à eficiência energética e ao baixo impacto ambiental.

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c) Temas atuais Como o mundo está cada vez mais dinâmico, as relações de trabalho e o modo de trabalhar também estão sujeitos a mudanças constantes. Gurgel (2013) ressalta que a evolução tecnológica constante faz com que aconteçam reuniões sem a presença física dos participantes, bastando se comunicarem de onde estiverem. “Assim sendo, o trabalho, anteriormente restrito aos ambientes comerciais, poderia ser realizado em qualquer parte do mundo, ou mesmo em casa, nos cada vez mais famosos e especializados home offices.” (GURGEL, 2013 p.166). Cabe nos questionar, portanto, qual é o papel deixado para os grandes edifícios de escritórios dentro deste panorama. A autora acima citada nos deixa claro que o apelo visual dos escritórios ainda é um forte condutor de propostas de projeto colocando o edifício corporativo como símbolo de “tradição, dinheiro, força, avanço tecnológico, eficiência, capacidade administrativa e organizacional ou mesmo modernidade” (GURGEL, 2013 p.169). Atualmente, conforme Ornstein (2007 apud ANDRADE, 2007 p.12) tanto as corporações como os próprios projetistas têm debatido temas como: • • • • •

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Horários flexíveis e o trabalho em casa; Ambiente de trabalho e diferenças de gênero; Torres de escritórios e qualidade de vida na cidade; Torres de escritórios e indicadores esperados de acessibilidade e de sustentabilidade; Ambiente de trabalho e layout necessários para alcançar índices de produtividade, levando em conta não só a natureza da empresa que o abriga, mas também o conforto ambiental; A influência dos aspectos culturais, sociais geográficos e climáticos no comportamento de pessoas no ambiente de trabalho e em que medida esses aspectos determinam a sua configuração espacial; Ambiente de trabalho, automação e condicionamento de ar ou, ainda; Procedimentos para avaliação de desempenho em uso de ambientes de trabalho e de que forma os resultados desses estudos podem gerar insumos para projetos de ambientes de trabalho. (ORNSTEIN, Sheila Walbe. Prefácio. In: ANDRADE, Claudia

Miranda. A História do Ambiente de Trabalho em Edifícios de Escritórios: um século de transformações. Ed. C4, São Paulo, 2007. Em seu livro, Marx (2011) estabelece quais deveriam ser os parâmetros para orientar o trabalho para a inovação, de acordo com as novas formas de organização, mais autônomas e flexíveis. Assim, a “inovação” é colocada como meta indiscutível para a sobrevivência da empresa contemporânea, que dependeria da autonomia dos seus funcionários, bem como de um projeto organizacional onde haja espaço para criatividade e associação desses indivíduos autônomos em um grupo de trabalho focado na excelência operacional, nos produtos e nos serviços oferecidos.

d) Crítica contemporânea ao Open Plan Em seu artigo “Why Open-Plan Offices Don’t Work (And Some Alternatives That Do)” (SINGH, 2017), Amar Singh defende que um ambiente de trabalho controlado é importante para a produtividade. Singh (2017) se baseia no livro de Cal Newport “Deep Work: Rules for Focused Success in a Distracted World”, que argumenta que “o trabalho profundo”, ou seja, a capacidade de se concentrar sem distração em uma tarefa cognitivamente exigente, é uma habilidade rara e importante na nossa economia cada vez mais competitiva do século XXI. Segundo ele, a maioria das pessoas perdeu a habilidade de passar seus dias focado em uma tarefa em vez de procastinar em redes sociais. Voltando ao artigo de Singh (2017), que se fundamenta em pesquisas sociais, sociológicas e psicológicas, ele observa o aumento no nível de estresse de funcionários que migraram para plantas abertas, e passaram a uma perspectiva de espaço perturbador, estressante e pesado. Em vez de se sentirem mais próximos, os colegas de trabalho se sentiam distantes, insatisfeitos e ressentidos. Além disso, a produtividade caiu. Por outro lado, a sensação de privacidade no escritório notadamente aumenta o desempenho do trabalho, o que não ocorre nos escritórios de planta aberta. Segundo o autor, a adição de ruído inevitável aos escritórios abertos foi vista como um grande obstáculo ao trabalho focado e produtivo. Em seu livro “O essencialismo”, Grec McKeown fala sobre como decidir pelo que é realmente importante em todas as esferas da vida, mas especialmente no ambiente de trabalho. O livro aborda


como “discernir as poucas coisas vitais das muitas triviais”: em vez de focar numa abordagem funcionalista, priorizando a produtividade pelo uso racionalista do tempo, o autor mostra a importância de se tirar um tempo para “pensar” e chega a descrever uma experiência de um executivo que se isolou sem acesso à internet para conseguir finalizar o seu trabalho. Por mais radical que seja essa abordagem, é fato de que o panorama atual, com tanta interação e conectividade, pode implicar em perda de foco no ambiente de trabalho. Seria interessante se os projetos arquitetônicos para edifícios corporativos pudessem colaborar com espaço de desconexão quando necessário, uma contrapartida para o ritmo frenético a que temos tido que responder profissionalmente todos os dias na contemporaneidade.

1.3 OBJETIVOS DOS ESPAÇOS CORPORATIVOS Segundo Meel et alli (2013), os espaços corporativos em geral devem dar suporte aos trabalhadores da empresa no exercício das atividades e funções que lhe competem. Tudo isso deve levar em conta a função social e simbólica da arquitetura ao mesmo tempo que propicie um custo mínimo para a maior satisfação possível. Em síntese, o projeto do espaço corporativo deve obedecer aos seguintes nove objetivos a seguir:

a) Melhorar a produtividade Segundo os autores, um dos objetivos mais importantes. Apesar de a redução de custos ser relevante, há uma alteração de paradigma em curso atualmente a favor de melhorar a eficácia do trabalho dos funcionários. Em primeiro lugar, devem ser respeitadas as diretrizes básicas de ergonomia e de conforto ambiental, para que não haja impacto negativo no desempenho das atividades a serem desenvolvidas. Além disso, o ambiente deve ser adequado a essas atividades, dependendo do nível de concentração ou interação necessário a cada uma delas. Meel et alli (2013) ressaltam que a produtividade é um objetivo abstrato, que devem ser traduzidos em objetivos concretos como redução de custos, aumento da interação, criatividade ou satisfação, conforme os itens explicitados a seguir.

b) Reduzir custos Um bom projeto é essencial para que não haja uma acomodação cara sem a eficiência máxima. Como as estações de trabalho são em geral subutilizadas ao mesmo tempo que geram um grande custo de locação, refrigeração, manutenção e limpeza, Meel et alli (2013) sugerem o aumento da utilização do escritório por meio de plantas livres e padronização das dimensões dos equipamentos dos espaços, reduzindo futuros custos de adaptações quando necessárias.

c) Aumentar a flexibilidade A flexibilidade é parâmetro fundamental para redução de custos segundo os autores, por permitir acomodar as mudanças frequentes que enfrentam as empresas na atualidade, tanto na estrutura quanto nos processos internos de trabalho. Nesse sentido, ressaltam Meel et alli (2013) que “é importante definir o tipo de dinâmica organizacional que uma edificação deve ser capaz de acomodar(...) Para atender diferentes tipos de mudança, diferentes tipos de flexibilidade são necessários”. Recomendam móveis modulares e/ou de mesmo tamanho para viabilizar tal flexibilidade.

d) Incentivar a interação A interação entre funcionários de uma organização é necessária para troca de informações e conhecimento, bem como coesão no ambiente de trabalho. Segundo os autores, além da cultura dos envolvidos, o layout do ambiente de trabalho tem papel fundamental para estimular esse tipo de comportamento, por meio de plantas livres, ao eliminar as barreiras físicas e simbólicas entre os grupos, além da criação dos pontos de encontro. Por outro lado, é preponderante considerar a privacidade social e visual para determinadas tarefas, devendo haver um equilíbrio entre os dois extremos.

e) Dar suporte à mudança cultural A partir do cuidadoso estabelecimento da identidade e cultura que a empresa pretende abraçar, as edificações corporativas e seus interiores são poderosas ferramentas para mudança cultural, justamente por serem “tangíveis, altamente visíveis e permanentes” (MEEL et alli, 2013). É fundamental que exista compatibilidade entre o projeto proposto e a mentalidade da empresa, para que o primeiro não seja contraproducente.

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f) Estimular a criatividade Contemporaneamente, as empresas têm muitas vezes procurado a excelência por meio da inovação contínua, para a qual é fundamental a criatividade nos processos de trabalho organizacionais e/ou individuais. Mais uma vez, assim como no caso da cultura organizacional, a arquitetura e o layout interno podem ser determinantes. Para isso, os autores recomendam a combinação entre espaços individuais e coletivos, formais e informais, salientando “a importância dos encontros casuais para fortalecer a troca de ideias”. As empresas mais despojadas chegam a ter espaços de lazer equipados com mesas de bilhar, pebolim, redes etc. – apesar de que esses ambientes descontraídos não sejam adequados a todo o tipo de organização. O mais importante seria que os ambientes permitissem a liberdade de agir e pensar para quem os ocupa.

Ao oferecer melhores condições de trabalho, a ergonomia reduz a fadiga e o estresse e consequentemente promove o aumento do bem-estar e da produtividade dos colaboradores. Atualmente, a ergonomia ganhou elevada importância ao minimizar ou eliminar, em alguns casos, a fadiga e o “stress” decorrente das atividades laborais. A ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os movimentos corporais (sentados, em pé, empurrando, puxando e levantando cargas), fatores ambientais (ruídos, vibrações, iluminação, clima, agentes químicos), informação (informações captadas pela visão, audição e outros sentidos), relações entre mostradores e controles, bem como cargos e tarefas (tarefas adequadas, interessantes). A conjugação adequada desses fatores permite projetar ambientes seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na vida cotidiana.

i) Expressar a marca g) Atrair e reter pessoal As empresas interessadas em atrair e reter pessoal altamente qualificado podem investir não só em um plano de carreira e remuneração atrativos, mas também em um ambiente de trabalho interessante. Se o ambiente organizacional for confortável, saudável e atrativo, isso pode favorecer sua permanência. Para isso, é importante observar as necessidades psicológicas e comportamentais da equipe de trabalho, garantindo ergonomia, boa iluminação e condicionamento de ar, bem como disponibilizar estrutura valorizada pelos funcionários, como ambientes de leitura ou de cafeterias, por exemplo.

A imagem de uma empresa percebida pelos seus clientes e outros públicos estratégicos é desenvolvida através do “branding”. Além do trabalho tradicional desenvolvido pelo marketing para logos, papelaria, embalagens, publicidade e mídias sociais, o próprio ambiente físico de trabalho pode e deve transmitir a mensagem e identidade da empresa. Os autores recomendam que as características representativas da marca estejam preferencialmente nos ambientes de recepção aos visitantes, podendo ser mais sutil nos espaços para funcionários para não haver muita distração no dia-a-dia do trabalho.

j) Reduzir o impacto ambiental h) Promover a Ergonomia Atualmente, a ergonomia é extremamente solicitada no projeto do ambiente corporativo, pois sua importância no ambiente físico de trabalho se deve às possíveis questões trabalhistas de má adequação de projeto ou uso de mobiliário poderia implicar. A ergonomia é definida como a ciência da configuração de trabalho adaptada ao homem. De acordo com Villarouco; Andreto (2008), pode-se dizer que a ergonomia é uma ciência aplicada ao projeto de meios de trabalho adaptados às características humanas, objetivando conforto, segurança, saúde e produtividade.

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Como vimos em discussão anterior, o conceito de “edifício ecológico” é preponderante para a atual discussão sobre os espaços de trabalho. Não só a construção do edifício consome uma quantidade considerável de recursos naturais, através dos materiais empregados, transportes, viagens, mas também o funcionamento do edifício em si durante sua vida útil implica um consumo significativo de água, energia, além de gerar uma grande quantidade de resíduos. Além de pensar uma construção sustentável, o projeto pode definir a sustentabilidade ao longo do tempo por meio de maior flexibilidade para reduzir as obras futuras, bem como técnicas e tecnologias que reduzam o impacto ambiental no uso diário de suas instalações.


1.4 ESCOLHAS CRUCIAIS Meel et alli (2013) definem que para iniciar o projeto, a fim de atender os objetivos organizacionais acima descritos, deve haver uma sequência de escolhas cruciais para o seu sucesso do projeto de espaços de escritórios. Segundo eles, são cruciais: o local, o uso, o layout, a aparência, o arquivamento e a padronização, cujas diretrizes são tomadas em nível gerencial e nortearão o desenvolvimento do projeto subsequente. A seguir resumimos alguns desses objetivos, acrescentando outras considerações de autores diversos.

a) Local Atualmente, existe uma tendência à flexibilização do ambiente de trabalho, incluindo a possibilidade de trabalho em casa, ou trabalho remoto. Entretanto, apesar de haver alternativas ao escritório convencional, a partir das tecnologias que promovem a conectividade, muitas vezes é necessário atribuir um local físico para o encontro. A localização deve ser escolhida de modo favorecer a mobilidade para os trabalhadores, para que no geral não percam horas desnecessárias de deslocamento, ou para que se evitem congestionamentos.

b) Uso A flexibilidade tem sido o conceito utilizado como ferramenta para redução do espaço ocioso no ambiente de trabalho. Dotar o escritório de uma sala para reuniões apenas realizadas esporadicamente, por exemplo, pode ser muito custoso. Porém é necessário entender qual o grau de flexibilização ou de setorização necessários ou adequados para a empresa para qual é feita o projeto, a depender da interação dos funcionários no tipo de tarefas desempenhadas. A planta livre ou, em, outra palavras, o uso compartilhado de estações de trabalho, tem a vantagem de usar o espaço de maneira mais econômica e permitir a interação entre os trabalhadores. Mas, por outro lado, requer uma organização maior e desfavorece a privacidade e a concentração, como vimos na introdução conforme o artigo escrito por Singh (2017).

c) Layout Definir uso dos espaços conforme o item anterior já traz um condicionante da organização interna dos espaços. Meel et alli (2013) argumentam que não é automática a relação entre escritório de planta livre mais voltado à comunicação e interação com o fato de haver ruído e falta de privacidade. Segundo os autores, os “espaços de trabalho

abertos podem ser tranquilos quando todos estão concentrados em suas tarefas e, por outro lado, escritórios fechados dificilmente são ambientes sossegados quando divididos com colegas barulhentos” (Meel et alli, 2013, p.34). Por isso sugerem a combinação de soluções intermediárias, criando áreas abertas para interação ao mesmo tempo em que se promovem espaços de estudo e concentração. A própria organização das atividades da empresa pode servir de orientação para o desenho do layout: Funcionários que desempenham tarefas complexas e que exigem longos períodos de concentração ininterrupta costumam ter melhor desempenho em espaços que proporcionam certo grau de privacidade e tranquilidade. Funcionários que executam tarefas de rotina ou em equipe são mais indicados para ocupar espaços abertos. A cultura organizacional é outro fator importante a ser considerado. Ambientes privados reforçam uma cultura corporativa hierárquica e individualista e layouts abertos ressaltam valores de grupo e estruturas organizacionais horizontais. (MEEL ET ALLI, 2013, p.34)

d) Aparência Conforme a dissertação de Belo (2015), atualmente as empresas têm usado o “branding”, definido como “a construção e gestão das marcas”, como um ativo estratégico que as permite se distinguir da concorrência. Segundo a autora, essa distinção concretizada em uma marca é veiculada a todos os seus públicos, internos e externos. Por isso, podemos concluir que contemporaneamente a arquitetura e os interiores das corporações devem se unir cada vez mais ao marketing visual para comunicar uma mesma identidade. Segundo Meel et alli (2013), a aparência e atmosfera de um escritório têm um forte impacto para os visitantes quanto para a construção do ambiente de trabalho. Entretanto, os autores alertam que, apesar de a criação de interiores deslumbrantes ser tentadora, e muitas vezes adequada àquelas empresas que buscam expressar originalidade, é preciso verificar se esta estratégia é sempre a mais adequada à empresa em questão. Pode ser que a cultura da empresa necessite de uma imagem de seriedade e eficiência. Em resumo, a aparência geral deve estar alinhada com a estratégia da marca e deve-se definir em projeto qual a possibilidade de personalização das estações de trabalho.

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e) Arquivamento O mundo contemporâneo tem se voltado à digitalização e isso libera os trabalhadores de pilhas de papel ao seu redor, além de facilitar o compartilhamento de informações, que não ficam mais restritas a um local físico específico. Entretanto, alguns arquivos e documentos físicos ainda são importantes. Dependendo da necessidade de arquivamento e do perfil das tarefas desenvolvidas pelos funcionários, é necessário quantificar o espaço de armazenamento requerido para as informações em sua forma física – o papel.

f) Padronização A estruturação de uma empresa já pressupõe em si departamentos com funcionamento e necessidades diferentes entre si. É necessário verificar como aplicar essas diferenças no conceito geral do escritório. Um conceito geral e único tem mais facilidade de aceitação e a padronização, em geral, providencia economias de escala na execução do projeto. A padronização unida à modulação (de cabines, divisórias, mobiliário, por exemplo) pode proporcionar a flexibilidade respeitando-se o conceito único. O projeto deve levar em consideração a possibilidade de efetivar uma imagem clara e consistente da empresa e quais os limites para essa coerência (uma vez que há diferenças entre setores), com a finalidade de não frustrar os processos de trabalho mais específicos.

1.5 TIPOS DE ESPAÇOS CORPORATIVOS Como vimos em nossa revisão bibliográfica, o histórico dos espaços de trabalho transformou o padrão, ao longo do tempo, do uso de escritórios privativos e individuais, atrelados a uma estação de trabalho e a um telefone fixo, para um ambiente flexível e aberto que é permitido pela comunicação instantânea à distância. Tende-se ao trabalho remoto ou conectividade entre as partes, muitas vezes sem necessidade de presença física e outras vezes permitindo uma comunicação mais direta e aberta entre os funcionários. Entretanto, se houve uma convergência à menor compartimentação e à maior integração em grandes espaços, houve também a necessidade de criação de espaços diferenciados que permitam a concentração, o estudo, a reunião privativa etc., propondo individualização de pessoa ou grupo conforme a necessidade. Por outro lado, a valorização imobiliária dos espaços muitas vezes não permite

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tanta diferenciação. Aliás, é esse mesmo fator que favorece o uso de plantas livres. Por isso, a solução observada contemporaneamente é a junção das possibilidades de diferenciação dos espaços com a flexibilidade dos mesmos. Assim, um local afastado do grande salão onde se concentram os trabalhos pode ser, indistintamente, um local para refeições, para pequenas reuniões ou mesmo para descompressão. À parte essa possibilidade de multifuncionalidade, os autores Meel et alli (2013) definem tipologias dentro dos espaços corporativos a título de categorização e didática. Aqui, nos atemos apenas à definição dos espaços, não às diretrizes e recomendações de dimensão, layout, localização, vantagens ou desvantagens de cada um, cuja utilidade se dará na prática projetual, porém é uma leitura recomendada que pode ser complementado por outros manuais de projeto. A seguir resumimos tais tipologias, ressaltando que elas podem se confundir num mesmo ambiente.

a) Espaço de trabalho Os autores definem espaços de trabalho como “os mais adequados para as atividades desenvolvidas em mesas como ler, escrever, telefonar e utilizar computadores”. Poderíamos alternativamente defini-los como o espaço para desenvolvimento da atividade-fim da empresa. É prioritariamente nesse espaço que devem ser consideradas as questões ergonômicas uma vez que os funcionários passam ali a maior parte do tempo. Entre os espaços de trabalhos podemos distinguir: • Escritório aberto – espaço coletivo para mais de dez pessoas que exige comunicação e concentração relativamente baixa, podendo ser para trabalho individual que exige pouca concentração ou trabalho colaborativo que exige interação espontânea entre os colaboradores. • Estação linear – espaço de trabalho semiaberto para duas ou mais pessoas para trabalho em equipe ou colaborativo, permitindo uma comunicação interna frequente e um nível médio de concentração. • Estação celular – também chamada de baia ou ilha, é um espaço de trabalho semiaberto para trabalhos individuais com nível médio de concentração e menor grau de interação com outras pessoas. A observação é que esse tipo de estação costuma ter uma conotação negativa entre os usuários, especialmente quando o espaço é muito reduzido. • Escritório individual – utilizado para trabalho individual com alto


grau de concentração ou confidencialidade, ou para funcionários cuja atividade atrapalhe os demais (exemplo: ligações telefônicas ou conferências constantemente), também possibilitando reuniões com poucos participantes. Utilizado para salas gerenciais, são pouco flexíveis e não permitem liberdade de acesso. • Escritório compartilhado – usualmente utilizado para trabalho colaborativo em pequenos grupos, permitindo concentração dos participantes e interação espontânea entre duas ou três

pessoas que tenham atividades e/ou padrões de trabalho semelhantes. • Escritório de equipe – semelhante ao escritório compartilhado, porém comporta uma equipe maior, de até dez pessoas. • Cabine individual – também chamada de núcleo individual ou de estudos, é um espaço de trabalho fechado destinado a uma única pessoa para alto grau de concentração ou confidencialidade. Por conta de sua característica isolada, é adequado para curto período de tempo. Pode prever uma cadeira adicional para reuniões pequenas. • Salão de trabalho – destinado a trabalho flexível ou informal para duas a seis pessoas, é adequado para uso de curta duração e colaborativo. • Estação temporária – trata-se de um espaço aberto para uma única pessoa, normalmente para uso em pé ou para o uso de bancos semi-sentados, onde o funcionário trabalha com a coluna ereta, porém em repouso. Deve ser usada para atividades de curta duração, pouca concentração e baixa interatividade. Ergonomicamente, essa opção pode configurar como um descanso para a coluna para trabalhadores que ficam sentados o dia inteiro1.

b) Espaços de reunião Os espaços de reunião, como o próprio nome diz, são adequados para reuniões em grupos de dois a doze integrantes. A diferença entre os diferentes espaços de reunião está relacionada à quantidade de pessoas que comporta, o grau de abertura e à natureza da reunião que se pretende naquele espaço. • Sala de reunião pequena – espaço de reunião para poucas pessoas, adequado para interação formal ou informal, para discussões confidenciais. Alternativamente, a disponibilidade de espaços como esse libera o ambiente de trabalho de possíveis 1 Ergotríade. Como utilizar corretamente o banco semi-sentado. Disponível em: < http://www.ergotriade.com.br/single-post/2016/07/29/Como-utilizar-corretamente-o-banco-semisentado>. Acesso em 03 mar 2018

distúrbios. • Sala de reunião grande – também denominada sala de conferências ou de apresentação de projetos, serve para mais de cinco participantes e é adequada para interação formal, como reuniões agendadas com grupos, e é ideal para apresentações. • Espaço de reunião pequeno – um espaço aberto, diferentemente da sala, e por isso adequado para interação curta e informal, não apropriado para reuniões confidenciais. • Espaço de reunião grande – também usada como área de treinamento, é adequado para grandes reuniões onde há interação breve informal e eventos corporativos, como festas de aniversário. • Sala de brainstorm – Um espaço para dinâmicas, seções de brainstorm ou workshops, essa sala é adequada para apresentações e reuniões semiconfidenciais. É interessante o uso de mobiliário flexível para configurar o espaço de diferentes modos. • Ponto de reunião – Um local aberto em torno de um móvel como uma mesa, adequado para reuniões informais breves e específicas, quando o tema não é confidencial.

c) Espaços de apoio Os espaços de apoio são todos os outros espaços remanescentes necessários ao funcionamento do edifício de escritório. São úteis a depender do tipo de empresa de que se trata: espaço de arquivamento; espaço de armazenamento (aberto ou fechado); área de impressão e cópia; área de correspondências; área de alimentação; área de descanso; guarda-volumes; área de fumantes; biblioteca; sala de jogos; área de espera; área de circulação. Nas referências contemporâneas dos projetos de interiores de edifícios corporativos mais criativos e despojados, como Google, Youtube, Nokia, AirBnB, Lego, entre outros, vemos que os espaços de apoio se revezam com os espaços de reunião, tornando-se ambientes flexíveis. Também observamos que se dá muito valor ao lazer e ao lúdico no ambiente de trabalho, deixando campo fértil à criatividade e imaginação. Mas, como ressaltam Meel et alli (2013) a respeito da aparência dos escritórios, esses aspectos formais devem ser usados apenas se adequados à imagem da empresa em questão. No próximo capítulo, serão abordadas algumas referências projetuais de espaços corporativos recentes onde as soluções de projeto abrangem o conceito pretendido e a linguagem visual colabora para a mensagem que as empresas escolhidas pretendem comunicar.

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Espaços de uso comum no Edifício Corujas. Fonte: FGMF Arquitetos.

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2. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Figura 11 Vista aérea do edifício Corujas.

2.1 EDIFÍCIO CORUJAS FGMF Arquitetos

O projeto do Edifício Corujas, do escritório FGMF Arquitetos, é interessante para a análise projetual em virtude de resolver o programa de um edifício corporativo usando práticas sustentáveis, desde sua construção – com o uso de materiais recicláveis, madeira certificada e economia de água por conta do uso de 60% de estrutura pré-fabricada – até o uso externo, com a iluminação natural, a ventilação cruzada, incluindo proteções solares, além da vegetação integrada ao projeto do edifício. Também conta com sistema de captação e reúso de água de chuva, bem como espaços externos ao ar livre. O projeto respeita o gabarito do entorno, em área predominantemente residencial e conta ainda com suportes de bicicleta e vestuários para ciclistas, incentivando o uso do meio de transporte individual saudável e não-poluente.

Além da preocupação sustentável, a particularidade do projeto desenvolvido pela FGMF Arquitetos, segundo os próprios autores, é o fato de a volumetria ser distinta da estrutura verticalizada e recoberta estruturadas com a disponibilidade para reuniões ao ar livre. São três pavimentos contendo 26 espaços comerciais, com áreas a partir de 80 m². O subsolo é utilizado para estacionamento, sendo que algumas vagas são organizadas em gaveta. De acordo com a vista da fachada na Figura 14, observamos a volumetria horizontalizada do edifício, que respeita o gabarito baixo da vizinhança, composta basicamente por residências. Trata-se de situação semelhante à que encontraremos no local de estudo do projeto a ser desenvolvido.

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Figura 12 Diagrama de sustentabilidade do edifício Corujas. Fonte: FGMF Arquitetos, tradução nossa.

Ficha técnica Projeto: Edifício Corujas Escritório: FGMF Arquitetos Local: SP, Brasil Início do projeto: 2009 Área do terreno: 3.470 m² Área construída: 5.880 m² Tipologia: Comercial Materiais predominantes: Aço / Concreto / Madeira / Vidro Diferenciais técnicos: Design / Paisagismo / Sustentabilidade Programa: Edifício de três pavimentos contendo 26 espaços comerciais, com áreas a partir de 80 m² e subsolo utilizado para estacionamento. Figura 13 Vista aérea da localização do empreendimento na Vila Madalena Fonte: FGMF Arquitetos

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Figura 14 Vista 3. FGMF Arquitetos

Esse complexo ocupa 5.880 m² de área construída, permeada por varandas, jardins externos e espaços abertos. Valoriza o convívio com um café de uso comum, vestiários comuns e bicicletário. Localizado no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, o projeto está inserido em uma vizinhança predominantemente residencial, porém com muitas instituições culturais e de lazer. A ideia seria criar um espaço

de trabalho mais humanizado e que se relacionasse com a paisagem circundante, diferentemente dos usuais ambientes fechados. Segundo os arquitetos responsáveis, o formato fragmentado do lote econforme figura 13 exigiu que o programa fosse dividido em duas edificações, conforme o esquema volumétrico apresentado na Figura 17. A edificação frontal e posterior foram intermeadas por um térreo comum, de onde se distribuem os fluxos para os pavimentos de escritórios. O programa interno foi organizado com vários tipos de composições e tamanhos de espaços de trabalho, todos eles com varandas estruturadas com a disponibilidade para reuniões ao ar livre. São três pavimentos contendo 26 espaços comerciais, com áreas a partir de 80

Figura 15 Jardim interno do edifício Corujas. Fonte: FGMF Arquitetos.

Figura 16 Características lúdicas da parede artística do restaurante e do grafismo no pilar. Fonte: FGMF Arquitetos.

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m². O subsolo é utilizado para estacionamento, sendo que algumas vagas são organizadas em gaveta.

inclinadas, entre outros elementos. Essa estrutura é visualmente aparente, definindo a forma final e a plasticidade do edifício.

Já o térreo conta com 12 espaços de trabalho individualizados com pé-direito duplo, contendo varanda e jardins privativos nos fundos. Nessas plantas é fácil observar que o próprio formato do edifício proporciona a diferenciação interna de algumas salas, maiores que as demais.

A materialidade também é diversificada, tendo sido usada madeira, concreto aparente, aço, vidro e elementos galvanizados. Estes últimos aparecem nos brises responsáveis por controlar a temperatura e iluminação que se relacionam ao paisagismo proposto com vegetação em todos os níveis, incluindo árvores no primeiro pavimento bem como um telhado verde. Como podemos observar nas Figuras 27 e 28, esses aspectos de inclusão da vegetação e dos brises, além de terem a finalidade de trazer conforto térmico aos espaços internos, também colaboram para um visual interessante e nem um pouco monótono para os trabalhadores que ali frequentam, atuando ao mesmo tempo como um fator de qualidade ambiental visual e estética e, possivelmente, sendo um fator anti-estresse do ambiente de trabalho.

Figura 17 Distribuição volumétrica dos usos. Fonte: FGMF Arquitetos. Tradução nossa.

No primeiro pavimento, o pé-direito pode ser duplo ou simples, e os escritórios contam com jardins e as varandas comuns. E no segundo pavimento, as varandas estão entre escritórios e acessos privativos à cobertura, que são tratados paisagisticamente.

Essa visível preocupação projetual com a fluidez e a disposição espacial que promove áreas de descanso e descompressão entremeadas às áreas de trabalho são qualidades arquitetônicas a serem consideradas em nosso projeto.

Comparando-se as plantas a seguir (Figuras 19 a 23), é possível notar como, a partir da mesma malha estrutural, são conseguidas diferentes qualidades espaciais a depender do tamanho e do propósito da empresa instalada. A planta de cobertura tem um sistema de captação e reuso da água de chuva, o que ajuda a refrigerar os ambientes internos, uma vez que a cobertura representa uma grande área de insolação no edifício. E, além disso, esse armazenamento de água é tratado paisagisticamente, transformando o sistema em área de contemplação agradável quando está cheio. Nos cortes a seguir é possível ver a inserção do verde como elemento integrante do projeto, incluído em todos os pavimentos a partir do térreo. A estrutura do Edifício Corujas é híbrida: foi realizada com pré-moldados de concreto aparente protendido in loco, sendo que segundo pavimento exibe estrutura metálica, assim como as passarelas que ligam os blocos, a circulação, as escadas, a sustentação das paredes

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Figura 18 Obra: montagem da estrutura pré-moldada. Fonte: FGMF Arquitetos.


Figura 19 Pavimento tĂŠrreo. Fonte: FGMF Arquitetos.

Figura 20 Subsolo. Fonte: FGMF Arquitetos.

Figura 21 Primeiro pavimento Fonte: FGMF Arquitetos.

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Figura 22 Segundo pavimento Fonte: FGMF Arquitetos.

Figura 24 Corte transversal Fonte: FGMF Arquitetos.

Figura 25 Corte longitudinal Fonte: FGMF Arquitetos.

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Figura 23 Planta de cobertura. Fonte: FGMF Arquitetos.


Figura 26 Fachada trabalhada com volumetria e materialidades distintas. Fonte: FGMF Arquitetos.

Figura 27 Espaços de convívio de uso comum. Fonte: FGMF Arquitetos.

Figura 28 Paisagismo e brises atuam como elementos de proteção solar para maior conforto ambiental. Fonte: FGMF Arquitetos.

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La Licorne.Foto: Luc Boegly Fonte: Archidaily

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2.2 EDIFÍCIO COMERCIAL LA LICORNE PERIPHERIQUES Marin & Trottin Architectes

O edifício La Licorne desenvolvido pelo escritório Peripherique Architectes foi desenhado para abrigar empresas inovadoras em uma nova área da cidade de Laval, na França. Mesmo estando localizado em um terreno de pequeno tamanho, o projeto tem a pretensão de ser um marco referencial para o bairro. Nesse projeto, o diferencial é que os espaços de trabalho tem caráter hoteleiro, funcionando como um conjunto de habitações e suítes conectadas entre si por espaços comuns que promovem relacionamentos e sinergia entre empresas e salas de reunião. O edifício de quatro andares de 1.800 m² inclui escritórios modulares, que dão a opção de os espaços vincularem-se entre si, com o objetivo principal segundo os arquitetos foi oferecer aos usuários um lugar com as melhores condições de luz, circulação e área de encontro.

Figura 29 Pátio interno. Foto: Luc Boegly Fonte: Archidaily

Ficha técnica Arquitetos: PERIPHERIQUES Marin+Trottin Architectes Localização: Avenue Pierre de Coubertin, 53000 Laval, França Arquitetos Responsáveis: Emmanuelle Marin, David Trottin Área: 2199.0 m2 Ano do projeto: 2013 Fotografias: Luc Boegly Gerentes de Projeto (Construção): Antoine Roy /MIRO/ Gerentes de Projeto (Estudo):Claire Gaudin, Juliette Bonnamy Assistentes: Karine Bergevin, Maud Armagnac, Vania Léandro Engenheiros: Egis Bâtiment Centre Ouest Acústica: Peutz & Associés Cliente: SEM Laval Mayenne Aménagements Orçamento: 3,45 M € não incluso VAT (2013) Programa: Um prédio de escritórios de três andares com empresas mistas, generosos espaços comuns: terraço e um pátio interno, um prédio com baixo consumo de energia.

Figura 30 Iluminação abundante nos ambientes internos.Foto: Luc Boegly Fonte: Archidaily

O empreendimento, financiado pela Laval Mayenne Aménagement com a participação do Estado, é chamado de Hotel des Entreprises Innovantes (Hotel das Empresas Inovadoras). Trata-se de um edifício com a finalidade de abrigar start-ups da incubadora tecnológica localizada no Tecnopolo de Laval, oferecendo instalações mais próximas ao metrô2.

O projeto aprovado em concurso tem salas de trabalho de 30 a 50 metros quadrados, conforme a exigência do edital, mas a grelha estrutural de 1,35 metros e o sistema de divisão de energia utilizados 2 OUEST FRANCE. A Laval, inauguration de La Licorne, hôtel d’entreprises innovantes. Disponível em: <https://www.ouest-france.fr/economie/entreprises/startup/laval-inauguration-de-la-licorne-hotel-d-entreprises-innovantes-4542748>. Acesso em 06 abril 2018.

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Figura 31 Perspectiva Axonométrica. Fonte: Archidaily

permitem qualquer outro tipo de divisão interna. Essa proposta é um modelo interessante para permitir a flexibilidade, pois as empresas que se situam no edifício podem agregar novos espaços ao se deparar com o crescimento ou diminuir o espaço ocupado quando precisar enxugar as suas atividades. Tal opção será levada em consideração no desenvolvimento do projeto-fim deste trabalho. As fachadas externas interagem conforme a entrada de luz, se diferenciando para atender à incidência solar atribuindo conforto térmico aos interiores. Esse movimento cinético cria uma percepção ritmada do edifício. O projeto também tem um filtro visual ou uma segunda pele composta por brises voltadas para o pátio interno. Essa permeabilidade visual é tratada não só em termos estéticos, bem como permite um maior conforto térmico além de trazer uma identidade e uma uniformidade visual para todo o projeto. Na perspectiva axonométrica da Figura 31, é possível observar que os dutos de condicionamento do ar condicionado funcionam

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Figura 32 Fachada cinética Foto: Luc Boegly Fonte: Archidaily


como uma malha regular que permite a flexibilidade de uso dos espaços. Além disso, observamos as diferenças entre a fachada externa, fabricada com uma estrutura de alumínio colorida de bronze e prateado, e da fachada interna, que tem brises de madeira. Observamos pela planta de situação ao lado (Figura 33) como duas fachadas voltadas para a rua trabalham conjuntamente, formando uma trama coesa voltada para a esquina, trazendo uma imponência ao edifício por meio do afastamento de um dos lados. Na Figura 39 vemos que grande parte do térreo foi tratada paisagisticamente como espaço aberto o público e há no centro do edifício um pátio que será aberto em todos os pavimentos, recebendo iluminação do átrio.

Figura 33.Situação Edifício La Licorne. Fonte: Archidaily.

(Figura 37). Diferentemente do Edifício Corujas, pode-se notar que as plantas originais têm distribuição semelhante entre as salas, deixando a flexibilidade para o uso eventual das modulações que permitem a grelha estrutural.

Estrutura de alumínio perfurada colorida em bronze e prata

Distribuição de Fluídos

Efeito cinético

Retorno do ar

No terceiro pavimento (Figura 42), há uma área de uso comum que se conecta ao átrio central e configura um espaço de descompressão privativo para os trabalhadores. Ou seja, tem qualidade de uso distinta do espaço que há no térreo, já que este é aberto ao público. O terraço se comporta como um mirante para o entorno do edifício.(Figura 36).

Fornecimento de ar

Caminho em Brises de volta do pátio madeira Figura 34 Zoom da Perspectiva Axonométrica. Fonte: Archidaily.

Figura 35 Área de estacionamento. Foto: Luc Boegly Fonte: Archidaily.

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Figura 36 Terraço. Foto: Luc Boegly Fonte: Archidaily

Figura 38 Corte Transversal Edifício La Licorne. Fonte: Archidaily

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Figura 37 Pátio interno. Fotos: Luc Boegly Fonte: Archidaily


Figura 39 Térreo Edifício La Licorne. Fonte: Archidaily

Figura 40 Primeiro Pavimento Edifício La Licorne. Fonte: Archidaily

Figura 41 Segundo Pavimento Edifício La Licorne. Fonte: Archidaily

Figura 42 Terceiro Pavimento Edifício La Licorne. Fonte: Archidaily

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2.3 TORTONA 37 COMPLEXO MULTIFUNCIONAL Matteo Thun & Partners

Tortona 37 é um complexo arquitetônico desenvolvido pelo escritório Matteo Thun & Partners de uso misto e composto por cinco edifícios retangulares com 6 pavimentos cada, somando 25m2 dispostos no entorno de um quarteirão de forma a permitir um pátio interno arborizado. Essa disposição do edifício localizado em Milão, Itália, permite uma melhor ventilação e iluminação nas unidades internas, pela possibilidade de dupla orientação. Ficha técnica Arquitetos: Matteo Thun & Partners Localização: Milão, Itália Diretor de Projeto: Luca Colombo Equipe de Projeto: Tom Lacey, Francesco Isabella, Simone Alberi, Ilaria Brollo Área: 39000.0 m² Ano do projeto: 2009 Fotografias: Matteo Danesin, Daniele Domenicali Gerenciamento de Projetos: Mangiavacchi Pedercini s.r.l Estrutura: B.C.V. progetti S.r.l, ing. Alberto Vintani, ing. Claudio Cerra Civil: B.C.V. progetti S.r.l, Ing. Alberto Vintani Geotécnico: Ing. Celotti Claudio Iluminação: Matteo Thun & Partners Srl Urbano: Urb.a.m. s.r.l Arch Francesco Moglia Serviços: Planning s.r.l Ing. Gianluigi Marazzi, Ing. Matteo Bosetti, Ing. Tieghi Andrea Arquitetura Paisagística: AG&P srl Arch. Valerio Cozzi Empreiteira Geral: Di Vincenzo –Mangiavacchi S.c.a.r.l Contratante Serviços Gerais: Carlo Gavazzi Impianti S.p.A. Programa: complexo de edifícios compostos por blocos retangulares com 6 pavimentos cada, dispostos no entorno de um quarteirão de forma a permitir um pátio interno arborizado.

Tortona 37. Fonte: Archidaily

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Figura 43 Localização: Via Tortona, nº 37, Milão, Itália. Fonte: Google Earth.

Figura 45 pátio interno do complexo multifuncional. Fonte: Singhal,2013.

Esse projeto restaura a antiga planta industrial pertencente anteriormente à General Electric, de 25 mil metros quadrados, usando em seu restauro a tecnologia com eficiência energética de ponta para propiciar um processo baixo impacto ambiental. A máxima eficiência no uso da energia é aplicada desde o uso de geotermia para o sistema de ar-condicionado até a inserção de painéis radiantes nos interiores, além de um cuidadoso estudo realizado para a envoltória externa. Os espaços internos são amplos e flexíveis, permitindo aos usuários e moradores inserirem salas de exposição, laboratórios, estúdios profissionais, lojas, escritórios, caracterizando ambientes personalizados e flexíveis, o que também garante a sustentabilidade ao longo do tempo.

Figura 44 Implantação do edifício. Fonte: Singhal,2013.

Cada ambiente interno tem fachadas voltadas para diferentes direções, proporcionando ventilação cruzada. Esses espaços têm pés-diretos duplos com 7m, um mezanino interno, tornando o espaço interno mais amplo. Os terraços também proporcionam vistas panorâmicas sobre toda a cidade.

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Terraço Figura 46. Detalhe da fachada. Fonte: Singhal,2013.

A fachada de vidro tem um sistema de persianas de madeiras externas sobre as esquadrias (Figura 46) para reduzir a radiação solar direta em até 87% e, assim, evitando o aquecimento dos interiores no verão. Esses brises podem ser movimentados, o que traz um ritmo e um interesse na fachada, que varia em sua aparência conforme o uso. A envoltória externa ao edifício é projetada para fornecer isolamento total de extremos de calor e frio.

circulação entre os edifícios Figura 48 Elevação Oeste. Fonte: Archidaily.

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Figura 47. Planta do pavimento tipo, mostrando os 5 blocos em torno do pátio central, sendo que em um deles está apontada a distribuição dos usos. Fonte: Singhal,2013. Adaptado.

Sala comercial Circulação vertical Circulação Horizontal Pátio Central

Vemos que cada bloco se comporta da mesma forma ao longo da disposição dos blocos no quarteirão: as unidades se distribuem em torno de um espaço interno onde são organizados jardins privativos e ao lado dos quais se localizam as caixas de circulação vertical.


painéis radiantes

bomba de calor

trincheira de drenagem 19 -2 ° C

tanque 14 - 16 ° C

trincheira de drenagem 19 -2 ° C

bombeamento 200l / s

lençol freático

Esse projeto conta com a exploração geotérmica, que é uma tecnologia de ponta em termos de energia renovável e limpa para a manutenção da temperatura. A 100m abaixo do solo a temperatura é basicamente a mesma independentemente do local do mundo: de 12 a 13°C. Desta forma, o mesmo tipo de sistema possibilita aquecimento nos países frios e resfriamento nos países quentes. O sistema da geotermia faz com que a temperatura ambiente dos interiores projetados seja controlada apenas por meio da irradiação, através de mangueiras onde circulam água com aditivos, não havendo nenhum ruído ou correntes de ar, garantindo o máximo conforto nas áreas ocupadas pelas pessoas. Além de alta eficiência energética, o sistema é silencioso e não tem impacto na fachada do edifício. O limitante é que a geotermia consegue controlar apenas as temperaturas, não havendo geração de energia. De qualquer forma, o sistema é uma solução muito interessante para o uso em escritórios, onde o condicionamento artificial é fundamental em virtude dos computadores. Essa solução será usada em nosso projeto.

Figura 49 Sistema de refrigeração e aquecimento por geotermia. Fonte: Archidaily, adaptado.

Observamos a conexão entre os blocos na Figura 48 e na Figura 50 vemos nos corte transversal de um desses blocos do edifício mostrando como o programa se organiza ao longo dos pavimentos. Trata-se de um estacionamento no subsolo, apartamentos com mezaninos e um terraço jardim.

brise

Fachada de vidro

Terraço jardim Sala comercial Mezanino Circulação vertical Figura 50 Corte Transversal. Em que no lado esquerdo está apontada a distribuição dos usos e do lado direito mostram-se os principais elementos consstitutivos da fachada. Fonte: Archidaily, adaptado.

Acesso serviços

circulação

Pefil “I“

Acesso interno Estacionamento

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2.4 EDIFÍCIO ADMINISTRATIVO DA COMPANHIA MUNICIPAL DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE LAMIA, GRÉCIA VTria Architects O projeto do edifício que abriga a Administração da Companhia Municipal de Abastecimento de Água da cidade de Lamia, na Grécia, foi escolhido para este trabalho como referência projetual devido à sua materialidade e uso de recursos energéticos sustentáveis. Esse edifício encontra-se na junção de duas principais vias de acesso, em um lote de esquina.

Ficha técnica Arquitetos: VTria Architects Localização: Andrea Papandreou, Lamia 351 00, Grécia Arquiteto Responsável: Vasilis Triantafyllou Área: 3525.0 m² Ano do projeto: 2017 Fabricantes: PERI Arquitetos Associados: Ifigeneia Triantafyllou, Dimitris Triantafyllou Engenheiro Civil: Nikos Papadopoulos Engenheiro Elétrico: Giannis Apostolou Construção: Tzortzis A.T.E.B.E. and Lantern Construction Programa: edifício com dois pavimentos no ponto mais alto do terreno, voltado para o Norte, e três pavimentos para a parte Sul, sendo permeado por um grande número de acessos.

36 E difício Administrativo da Companhia Municipal de Abastecimento de Água de Lamia .Fonte: ARCHIDAILY Brasil, 2017


Figura 51 Implantação. Fonte: ARCHIDAILY Brasil, 2017

De acordo com a equipe de arquitetos, “o processo de projeto teve como objetivo principal criar um edifício icônico, interativo, extrovertido e aberto, acessível e acolhedor para todos os usuários. O poderoso eixo leste-oeste que conecta o edifício ao centro urbano, atravessa o volume do edifício e constitui o principal eixo de organização do projeto, que volta sua orientação para o sul.” (ARCHIDAILY Brasil, 2017)

Um das características mais marcante do projeto é a utilização de soluções sustentáveis como a instalação de um sistema geotérmico

abaixo de todo o terreno, aproveitando a temperatura estável do solo para reduzir o consumo de energia com manutenção da temperatura interna do edifício. Os painéis solares instalados nas superfícies de vidro se somam às opções de energia limpa tornando o empreendimento em um edifício de “impacto zero” em termos de energia. Outra qualidade marcante do projeto é a forma como sua materialidade se mostra bem definida, permitindo um aspecto brutalista, mas delicado. O formato da distribuição dos espaços internos são uma releitura da tradição clássica grega.

NÍVEL +4.20 1 Lobby 2 Departamento Financeiro 3 Anfiteatro 4 Laboratório Químico

Figura 52 Pavimento Térreo. Fonte: ARCHIDAILY Brasil, 2017. Adaptado.

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NÍVEL +7.80 5 Sala de Conferências 6 Departamento Técnico

Figura 53 Primeiro Pavimento. Fonte: ARCHIDAILY Brasil, 2017. Adaptado.

Figura 54 Presença marcante das colunas de sustentação. Fonte: ARCHIDAILY Brasil, 2017.

A distribuição do projeto arquitetônico segue os arquétipos geométricos da tradição clássica grega, com organização dos espaços em volta de um átrio e a presença marcante das colunas de sustentação, porém com estética contemporânea. Ao intercalar os volumes cheios e vazios, estabelece um ritmo assimétrico, porém equilibrado, na fachada do edifício. Conforme se observa na Elevação Leste (Figura 55), o edifício tem dois pavimentos no ponto mais alto do terreno, voltado para o Norte, e três pavimentos para a parte Sul, que se volta para a cidade e por isso é usada como fachada principal da construção. Apesar disso, os edifícios contam com um grande número de acessos escadaria e rampas, propiciando uma ampla sensação de permeabilidade através do volume construído.

Figura 55 Elevação Leste. Fonte: ARCHIDAILY Brasil, 2017

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Figura 56 Elevação Norte. Fonte: ARCHIDAILY Brasil, 2017

Figura 57 Elevação Norte. Fonte: ARCHIDAILY Brasil, 2017

Figura 58 Elevação Norte. Fonte: ARCHIDAILY Brasil, 2017

Trata-se de um edifício de caráter público que convida o transeunte ao espaço permeável que cria. Essa receptividade é proposital, para que o edifício pudesse ser usado para realização de eventos culturais, conectando átrio e anfiteatro e fortalecendo o caráter público do edifício. É na entrada principal (Figura 54) que se localiza a recepção de pé-direito duplo. Nessa fachada se configura como um portal onde se recebe rede urbana. O fato de o edifício se organizar em torno de um átrio repleto de espelhos e quedas de água fazem com que, além de contribuir para o convívio social amenizam as altas temperaturas presentes na Grécia, especialmente no verão, gerando um microclima mais ameno.

Figura 59 Espelhos d’água e cascata. Fonte: ARCHIDAILY Brasil, 2017

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2.5 QUADRO COMPARATIVO DOS ESTUDOS DE REFERÊNCIA O quadro a seguir é um resumo comparativo dos estudos de referência acima realizados. Os itens à esquerda representam as soluções projetuais desejáveis para o projeto a ser desenvolvido e presente em alguns dos estudos de referência. As células preenchidas correspondem aos itens atendidos por cada um dos projetos analisados anteriormente.

Nota-se que a estrutura modular e os brises na fachada são usados nos quatro edifícios anteriormente estudados. Outras soluções muito presentes estão o uso do átrio central, de espaços públicos no térreo e o tratamento paisagístico nos diferentes pavimentos do edifício.

Tabela 1. Quadro Comparativo de Usos de estratégias projetuais. Elaboração Própria.

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3. APRESENTAÇÃO DO PROJETO 3.1 CONCEITO DO PROJETO O presente trabalho pretende desenvolver um modelo de edifício corporativo voltado ao bem-estar do trabalhador e por isso distinto dos edifícios tradicionais, que se preocupam apenas em oferecer espaços reduzidos e confinados de trabalho, sem maior qualidade ambiental. Esse edifício deveria ter, como toda empresa, um desenvolvimento de projeto preocupado com eficiência energética. A busca pela sustentabilidade permeia o projeto, levando-se em conta as duas questões: tanto o bem-estar do trabalhador quanto, mais diretamente, a redução energética para as empresas que venham a se estabelecer no edifício. O conceito de sustentabilidade deve ser aqui esclarecido porque irá permear as escolhas de projeto. Originalmente, segundo AsBEA (2007) o termo surgiu no relatório de Brundtland, em 1987, na definição de desenvolvimento sustentável, “como sendo o desenvolvimento que supre as necessidades atuais sem comprometer o atendimento das necessidades das futuras gerações em atender às suas”. O termo caracteristicamente engloba as três dimensões: ambiental, social e econômica, porém vem sendo usado desde então de diferentes formas. Por isso, cabe aqui definir em que pontos a sustentabilidade irá estabelecer diretrizes do projeto a ser elaborado. Portanto, com base nos apontamentos do Guia de Sustentabilidade na Arquitetura (ASBEA, 2007), nos caberá observar: a) Localização Urbana – A localização do edifício deve ser identificada por meio da análise do entorno, para observar limitantes e potencialidades da sua inserção no local escolhido. É preciso considerar a existência de: • • • • •

Um sistema viário e de transporte coletivo; Rede de distribuição de água e coleta de esgoto; Sistema de águas pluviais; Rede de distribuição de energia Sistema de coleta de resíduos sólidos urbanos; Também é recomendável:

• • •

• • •

“Privilegiar os espaços de convívio; Valorizar situações urbanas positivas (vistas agradáveis, presença de edifícios com valor arquitetônico etc.). Prever o efeito de sombreamento causado pela implantação do empreendimento sobre os edifícios vizinhos, buscando garantir o acesso da vizinhança à iluminação natural e a eventuais vistas agradáveis. Considerar o efeito de sombreamento causado pelas edificações vizinhas ao empreendimento. Considerar os impactos do empreendimento nos ventos dominantes, a fim de assegurar à vizinhança o direito à ventilação natural. Limitar os efeitos incômodos dos ventos ao entorno e suas edificações.” (ASBEA, 2007)

b) O Programa do empreendimento – O programa de necessidades deve ser bem estudado de forma que o empreendimento atenda às demandas atuais e futuras para “as empresas locatárias, os funcionários administrativos, os funcionários operacionais e de manutenção, os prestadores de serviço e a sociedade.” (ASBEA, 2007). Esse programa de necessidades deve englobar os seguintes padrões: • • • • • • • •

Consumo de água potável e não potável; Estimativa de geração de resíduos; Necessidades de desempenho térmico; Necessidades de conforto acústico; Necessidades de conforto visual; Necessidades de segurança no uso e segurança patrimonial; Vida útil pretendida para a edificação e para espaços específicos dentro dela; “Identificação de necessidades de manutenibilidade, durabilidade, adaptabilidade, gerenciabilidade e servibilidade dos sistemas prediais, equipamentos e espaços edificados.” (ASBEA, 2007). c) Orientação e Insolação – o bom estudo da localização do fu-

turo empreendimento permite um projeto que considere a proteção contra o sol e o uso acertado da ventilação natural com vistas a diminuir a necessidade de climatização artificial e, portanto, reduzir o gasto de energia. Também propicia o estudo das fachadas e o uso de iluminação natural devidamente filtrada ou cuja abertura seja estrategicamente localizada. d) Economia de energia – o projeto pode lançar mão também de outras especificações que reduzam o uso de energia durante o tempo de vida do edifício, por meio de:

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Lâmpadas adequadas; Eletrônicos e eletrodomésticos de baixo consumo; Isolamento térmico correto; Caixilhos e vidros adequados; Uso de coberturas como telhas termoacústicas; Isolamento do solo; Ventilação natural; Revestimentos e cores utilizadas; Energia Renovável, como a fotovoltaica e a geotérmica.

sentido tomamos como referência projetual o edifício da Companhia Municipal de Abastecimento de Água de Lamia, na Grécia, estudado no

e) Outras questões ambientais – todas as questões acima têm fundamental importância ambiental, sendo que ainda existem outras de impacto direto como:

Escolheu-se a cidade de Ribeirão Preto, localizada no Estado de São Paulo para a elaboração de um projeto corporativo com a finalidade de comportar pequenas e médias empresas, bem como departamentos de grandes empresas que se situem na cidade.

• • • • • • • • •

• Poupar água; • Usar a água da chuva; • Reciclar o lixo; • Uso de materiais e sistemas construtivos que aprimoram o desempenho da construção e reduzem impactos socioambientais.

item 2.4 das referências projetuais.

4. O TERRENO E O ENTORNO

3.2 DIRETRIZES PROJETUAIS No desenvolvimento do corpo teórico deste trabalho, entendemos que o item 4.3, “Objetivos dos espaços corporativos” sintetiza as necessidades do projeto corporativo e devem sustentar o desenvolvimento do mesmo. Quer sejam: a) Melhorar a produtividade; b) Reduzir custos; c) Aumentar a flexibilidade; d) Incentivar a interação; e) Dar suporte à mudança cultural; f) Estimular a criatividade; g) Atrair e reter pessoal; h) Promover a Ergonomia; i) Expressar a marca; j) Reduzir o impacto ambiental. Todos esses objetivos serão pautados pelas diretrizes de sustentabilidade acima descritas.

3.3 SISTEMAS CONSTRUTIVOS Em busca da sustentabilidade, durabilidade e futura facilidade de manutenção, além de uma flexibilidade necessária para o escopo do projeto, este será desenvolvido em sistema pré-fabricado com piso elevado, paredes possíveis de serem alteradas e por isso pensado de maneira modular. Irá contar com sistema de energia baseado na energia geotérmica (refrigeração) e solar (demais sistemas elétricos). Nesse

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Figura 60 Ribeirão Preto no estado de São Paulo, Brasil. Fonte: Wikipedia.

4.1 LOCALIZAÇÃO Subsetor e bairro O terreno escolhido está localizado no Jardim Olhos D’Água I, em Ribeirão Preto, estado de São Paulo, no Subsetor S-09, que, Decreto Municipal n° 333, de 26 dezembro de 1983, “se inicia no cruzamento da Avenida Presidente Vargas com o Anel Viário, segue pelo Anel Viário, Rodovia SP 255, divisa interdistrital de Bonfim Paulista com o Distrito Sede, Rodovia SP 328 até o ponto inicial”. Como pode ser observado, o bairro conta com áreas estritamente residenciais, tendo bem próximas uma área de interesse social e uma área especial de industrialização.


Figura 61 Subsetor S-09 Decreto 333/1983. Fonte: Google Maps 2018, adaptado.

Figura 62 Bairro conforme Decreto 333/1983. Fonte: Google Maps 2018, adaptado.

O loteamento Jardim Olhos D’água I conta com infraestrutura de telefonia, rede elétrica e interfonia subterrâneas, em localização próxima à área verde preservada e parque projetado pela empresa construtora responsável como um projeto de alta qualidade ambiental, possibilitando, além das áreas residenciais, espaços para edifícios comerciais. A área de estudo está caracterizada no Macrozoneamento do atual Plano Diretor como ZUP – Zona de Urbanização Controlada (Figura 64). Encontra-se próximo à área do terreno um trecho de ZPM – Zona de Proteção Máxima na área de APP do Córrego Ólhos D’Água, bem como no extremo sul do Subsetor S-09 nas proximidades do Córrego das Limeiras. PROJETO DE LEI DE PARCELAMENTO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO LOTE AER – ÁREA ESPECIAL ESTRITAMENTE RESIDENCIAL AIS 2– ÁREA ESPECIAL DE INTERESSE SOCIAL AID – ÁREA ESPECIAL INDUSTRIAL AEPU – ÁREA ESPECIAL PARA PARQUE URBANO Figura 63 Caracterização da área: Parcelamento Uso e Ocupação do solo. Fonte: Prefeitura de Ribeirão Preto, adaptado.

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Como mostra o mapa de Hierarquia Física na Figura 66, a área tem projeção de implantação de inúmeras vias arteriais, avenidas, locais e coletoras. Há a previsão de instalação de uma avenida parque, onde será o Parque Olhos D’Água. Comparando-se o mapa de hierarquia funcional, observamos que, provavelmente por ser um bairro novo, as categorias física e funcional se correspondem. Diferentemente dos bairros mais antigos, onde a via teria sido projetada para um uso e adquirido outro fluxo ao longo do tempo. Por se tratarem de loteamentos residenciais, não há previsão de que as vias locais sejam sobrecarregadas em fluxo.

LOTE ZUP – Zona de Urbanização Preferencial ZUC – Zona de Urbanização Controlada ZUR – Zona de Urbanização Restrita ZPM – ZONA de Proteção Máxima Figura 64 Caracterização da área: Macrozoneamento. Fonte: Prefeitura de Ribeirão Preto, adaptado.

Outra questão interessante sobre a área é que encontramos sua localização permeada por ciclovias projetadas no Plano Diretor da cidade. Essa localização é muito interessante para promover meios de transporte mais limpos aos trabalhadores, como o uso de bicicletas. Utilizamos como a área de estudo o bairro Jardim Olhos D’água, ampliando um pouco o recorte de estudo quando se fizer necessário pelo escopo da análise. LOTE CICLOVIAS PROJETADAS EM VIAS EXPRESSAS DE SEGUNDA CATEGORIA CICLOVIAS PROJETADAS EM AVENIDAS CICLOVIAS PROJETADAS EM AVENIDAS PARQUE E PARQUES LINEARES Figura 65 Caracterização da área: Hierarquia Física. Fonte: Prefeitura de Ribeirão Preto, adaptado.

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I – Vias arteriais/ Vias expressas Implantadas A implantar II – Vias principais/Avenidas Implantadas A implantar A implantar com o alargamento da via existente

III– Avenidas Parque Implantadas A implantar III – Vias principais/Vias de distribuição e coletoras Implantadas A implantar A implantar com o alargamento da via existente PARQUES LINEARES A implantar Hidrografia LOTE Figura 66 Caracterização da área: Hierarquia Física. Fonte: Prefeitura de Ribeirão Preto, adaptado. I – Sistema estrutural Vias expressas de 1ª categoria Vias expressas de 2ª categoria Avenidas Vias que compõem o anel viário de circulação interno Avenidas Parque III– Sistema distribuidor e coletor Vias de distribuição e coletoras

III – Sistema local Parques lineares Hidrografia LOTE

Figura 67 Caracterização da área: Hierarquia Funcional. Fonte: Prefeitura de Ribeirão Preto, adaptado.

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4.2 ÁREA DE ESTUDO

Figura 68 Perfil topográfico da área. Foto: própria autoria.

a) Topografia, levantamento planialtimétrico O clima típico do município de Ribeirão Preto é tropical úmido, caracterizado pelo verão chuvoso e pelo inverno seco. A forte incidência solar é característica nesta região, então é essencial para o projeto o estudo da fachada e a utilização de filtros para a incidência solar, de modo a melhorar o conforto térmico. O mapa indica o caminho percorrido pelo sol ao longo do dia (de Leste para Oeste, com inclinação para o Norte) e a direção preferencial do vento, que nessa região é Sudeste-Noroeste. A disposição do

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edifício corporativo deverá respeitar, além da topografia, esse sentido dos ventos para aproveitar ao máximo a ventilação natural da região. A drenagem da água pluvial corre predominantemente para o sentido oeste, deseguando no Ribeirão Preto, porém próximo ao Córrego Olhos D’água muda de direção no sentido do Córrego que posteriormente deságua naquele que dá nome à cidade. As curvas topográficas estão representadas de 1m em 1m no mapa da Figura 69 e a altitude é maior conforme se deslocam para o sentido sudoeste. A declividade é bem suave, por volta de 5 a 6%.


Drenagem das águas pluviais, se dividem para o sentido Ribeirão Preto ou para o Córrego Olhos D’ Água, que deságua no mesmo. Figura 69 Região com curvas de nível

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b) Hierarquia viária A localização do terreno está em uma área comercial residual de um conjunto de novos loteamentos com a proposta de serem novos empreendimentos fechados de alto padrão e por isso permeado por áreas verdes e caminhos pitorescos. Dessa forma, o sistema viário é bem diferente do traçado xadrez histórico existente no centro da cidade e nos bairros mais tradicionais. Essas vias de acesso para os residenciais são propositadamente dimensionadas para serem locais, mas possuem calçada de ambos os lados e tem certa acessibilidade. Conforme se observa a hierarquia viária da área de estudo, ela é bem irrigada por vias rápidas expressas que fazem as vezes de vias principais, isso permite a mobilidade para outras zonas da cidade com facilidade e rapidez. Já as vias de circulação dentro dos bairros são todas caracterizadas como locais, devido à sua dimensão e ao caráter predominantemente residencial dos bairros. O maior problema se dá pelo fato de que o crescimento da cidade está localizado para além do Anel Viário Sul, ultrapassando-o. Isso

fez com que o fluxo de veículos que trafegam pela rodovia para acessar os principais pontos da cidade seja cada vez maior. Esse maior fluxo tem causado congestionamentos e acidentes. Como maneira paliativa para se resolver a questão, o limite de velocidade no Anel Viário Sul foi reduzido de 110km/h para 90km/h a partir de 17/09/20173. O fluxo de ônibus, como mostra a Figura 71, se situa primordialmente nas avenidas principais, mas foi também deslocado para atender à nova unidade do Hospital Unimed à região de Bonfim Paulista, o que configura alguns trajetos pré-existentes que poderiam ser reforçado com mais linhas nos horários de entrada e saída do trabalho no caso de a demanda por transporte público aumentar para atender aos trabalhadores do local. Relativamente não há fluxo de pedestres ou ciclistas no local, devido ao fato de não ser possível acessar tais bairros sem passar pelo 3 REVIDE. Anel Viário Sul terá velocidade máxima reduzida neste domingo, 17. Trechos da Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira passam a ter limite de 90 km/h (notícia). 15 SET 2017 10H47. Diponível em: <https://www.revide.com.br/noticias/cidades/anel-viario-sul-tera-velocidade-maxima-reduzida-neste-domingo-17-09/>. Acesso em 09 maio 2018.

Legenda: Via Local Via Coletora Via Rápida Via Expressa Lote Figura 70 Vias da região conforme uso. Elaborado com base no .dwg da Prefeitura de Ribeirão Preto.

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Anel Viário Sul, o que configuraria um risco. Porém, no caso de atender a trabalhadores que venham a morar nas redondezas, ou caso as diretrizes cicloviárias para a região sejam implantadas, o projeto terá um bicicletário, pois as vias adjacentes têm pouco fluxo e são bem tranquilas.

Figura 71 Linhas de ônibus que atendem a região Fonte: RITMO - Rede integrada do Transporte Municipal por ônibus. http://www.ritmoribeirao.com.br/servicos-a-populacao/consultar-linhas/

A Rodovia José Fregonezi que ladeia o terreno à oeste é a continuação da avenida Presidente Vargas, uma das mais importantes vias principais da cidade em termos de fluxo de veículos e concentração de comércio e serviços. Essa avenida se comunica com a Avenida Independência e a Avenida João Fiúsa, uma rede que distribui grande parte do fluxo de veículos nessa área. Entretanto, apesar da boa localização às vias de acesso rápido, a área do terreno está longe dos pontos críticos de maior intensidade de tráfego, como aponta a Figura 72. Todos esses fatores favorecem a mobilidade para os trabalhadores, como justifica, Meel et alli (2013), para que no geral não percam horas desnecessárias de deslocamento, ou para que se evitem congestionamentos. Mas não só isso, caso precisem ir ao médico, isso representa menores atrasos, também têm à disposição os maiores centros de compra para satisfação das suas necessidades de consumo próximo ao local de trabalho, além de terem fácil acesso a locais de lazer após as horas trabalhadas, podendo fugir de horários de pico de trânsito logo após o expediente. Ou seja, a localização permite não só a redução do tempo de deslocamento ao trabalho, bem como favorece a qualidade de vida.

Figura 72 Tráfego. Fonte: Amâncio (2016). Área de estudo na região destacada.

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Legenda de Equipamentos Urbanos: Saúde Educação e Cultura Religioso Agência Bancária Hotel Esporte e Lazer Lote Figura 73 Equipamentos urbanos. Elaborado com base no .dwg da Prefeitura de Ribeirão Preto.

e) Equipamentos Urbanos O entorno imediato da área onde será o terreno ainda não tem ocupação efetiva, com exceção do Hospital Unimed, porém as áreas próximas dos dois lados da Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira são predominantemente residenciais, porém com diversos pontos importantes de comércio e serviços que se concentram na principal avenida próxima, a Presidente Vargas. A região também é servida por dois clubes de tênis e está próxima do Ribeirão Shopping, Shopping Iguatemi e Novo Mercadão da Cidade. A presença desses equipamentos nas proximidades (escolas, praças, shopping, cultura, hospitais, etc.) é de grande interesse imobiliário, valorizando a localização do terreno. A área também é valorizada com a presença de uma delegacia da Polícia Federal próxima, localizada na Av. Prof. João Fiúsa, próximo à Avenida Presidente Vargas, dando maior sensação de segurança para os moradores locais. Observa-se, de maneira geral, que a área mais bem servida

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de equipamentos urbanos encontra-se próxima ao Ribeirão Shopping. Ali se encontra a Universidade Paulista e Unip, instituições de ensino superior particulares, o colégio particular Einsten, a Escola Municipal Elisa Duboc Garcia. E um pouco mais distante, o Colégio Santa Úrsula. Próximo ao Ribeirão Shopping, a cidade ganhou da incorporadora responsável pelo Ribeirão Shopping o Parque das Artes, inaugurado em 15 de junho de 2016, “com 45 mil metros quadrados de área de vegetação e cerca de 23 mil metros cobertos por três lagos artificiais interligados, o parque apresenta uma pista interna de corrida e caminhada com quase 1.500 metros de extensão e três metros de largura”4. Além desse parque recém-inaugurado, a região do terreno irá contar em futuro próximo com o “Parque Olhos D’Água” localizado no centro do Subsetor S-09 em volta do Córrego Olhos D’Água. 4 A CIDADE ON. Ribeirão Preto ganha Parque das Artes e shows para comemorar 160 anos. (notícia). Disponível em: <https://www.acidadeon.com/ribeiraopreto/cotidiano/cidades/NOT,2,2,1175283,Ribeirao+Preto+ganha+Parque+das+Artes+e+shows+para+comemorar+160+anos.aspx>. Acesso em 09 maio 2018.


Lote

Legenda Uso e Ocupação do Solo: Residencial Comercial Misto Institucional Área Verde/ Lazer Serviços Sem Uso Lote

Figura 74 Uso do solo do entorno. Elaborado com base no .dwg da Prefeitura de Ribeirão Preto.

f) Uso do Solo na Região No recorte dessa área de Ribeirão Preto, observamos que, apesar de bem servida de equipamentos urbanos, notadamente nas proximidades do Ribeirão Shopping, a predominância é de edifícios residenciais.

No subsetor S-09 onde se encontra o nosso terreno, temos apenas o Hospital Unimed, o Tênnis Country Clube e uma concessionária de veículos. O restante são áreas residenciais entremeadas com muitos espaços verdes e vazios. ALTO PADRÃO Essa região da Zona Sul é ocupada por uma população da mais alta faixa de renda, acima de 15 salários mínimos.

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Figura 75 Figura-fundo. Elaborado com base no .dwg da Prefeitura de Ribeirão Preto.

Figura 76 Gabarito. Elaborado com base no .dwg da Prefeitura de Ribeirão Preto.

Legenda do Gabarito:

Acima de 5 Pavimentos 4 Pavimentos 3 Pavimentos 2 Pavimentos Térreo Lote

g) Figura fundo Em um recorte mais próximo da área, observamos a baixa taxa de ocupação do setor estudado, o que caracteriza, também uma baixa densidade.

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h) Gabarito O gabarito basicamente não ultrapassa três pavimentos, sendo mais comum um e dois pavimentos porque são loteamentos residenciais unifamiliares. A única edificação maior é o Hospital Unimed com oito pavimentos.


4.3 LOTE O terreno se situa em local próximo à SP-322 – Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, sendo uma das principais vias de acesso para a cidade. A área terá fácil acesso pela Rodovia José Fregonesi bem como à SP-322, nas proximidades de onde se situa o recém-inaugurado Hospital Unimed.

Essa localização é privilegiada é importante para a locomoção dos trabalhadores do espaço corporativo. Está situada na zona de expansão em Ribeirão Preto. Escolheu-se de uma área de concentração de equipamentos urbanos ligado à saúde e educação, além de estar próxima de dois shoppings da cidade e um parque.

RODO VIA A

NTÔN

NOG

UEIR

A - SP -322

RODOVIA JO SÉ

FREGONESI

IO DU ARTE

Figura 77 Mapa de Localização. Elaboração própria.

Figura 77 Localização do Lote. Elaborado com base no .dwg da Prefeitura de Ribeirão Preto.

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Figura 79 Localização do terreno Edifício Unimed em destaque. Foto: própria autoria. Figura 78 Lote com dimensões, curvas de nível e recuos. Elaboração própria.

Figura 80 Pavimentação da rua em frente ao terreno. Foto: própria autoria.

Tabela 2. Coeficientes urbanísticos. Elaboração Própria.

Figura 81 Vista do trevo do Anel Viário Sul. Fotos: própria autoria.

A tabela acima resume os condicionantes urbanísticos do lote escolhido, tendo gabarito máximo de 10m (básico). O lote, para quem olha da rua, de frente, fica á esquerda do Hospital Unimed. Porém como a rua sobe nesse sentido, ele fica após passar aquele hospital, conforme mostra a Figura 79. A via de acesso para o terreno é única e sem saída, por enquanto, mas está pavimentada e já tem iluminação pública. A vista do Anel viário Contorno Sul é muito próxima, porém o acesso não é direto (Figura 81).

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Figura 82 Vista da pista de frente ao terreno


5. espaço corporativo para ribeirão preto

5.1 ANÁLISE BIOCLIMÁTICA

O projeto do edifício coorporativo será desenvolvido com foco na sustentabilidade e eficiência energética. Para isso, lançamos mão do conceito “Arquitetura Bioclimática” (MANZANO-AGUGLIARO et alli, 2015), que consiste no desenho dos edifícios tendo em consideração as condições climáticas, analisando o comportamento do sol, chuvas, vento, bem como fatores climáticos como latitude, altitude e presença de vegetação, direcionando o projeto para prover conforto térmico naturalmente, minimizando os impactos ambientais e reduzindo o consumo energético. Consiste em uma resposta construtiva diferente dependendo da região e do clima e, utilizando técnicas, materiais construtivos e estratégias diferentes para cada um.

Tabela 3. Dados gerais de Ribeirão Preto. Elaboração Própria.

Segundo consta na classificação do ZBBR, Ribeirão Preto se situa na Zona 4, e as estratégias bioclimáticas recomendadas são: no verão, refrigeração evaporativa, inércia térmica para resfriamento e ventilação seletiva (em alguns horários) e, no inverno, aquecimento solar da edificação e paredes internas pesadas. Outra possível a análise para o diagnóstico bioclimático é o Climaticus , que usa as variáveis climáticas: temperatura; umidade relativa; radiação solar; ventos; precipitação; nebulosidade e insolação e iluminância (céu) para indicar estratégias de projeto: diagnóstico climático (método Givoni), geometria ótima, eficiência energética, períodos de sombreamento.

A partir do levantamento de dados acima descritos, podemos fazer uma análise prévia da situação do edifício e com base no diagnóstico a ser desenvolvido a seguir, proporemos diretrizes projetuais para o desenvolvimento de uma Arquitetura Bioclimática. Ribeirão Preto conta com as seguintes informações das normais climatológicas: O programa ZBBR - Zoneamento Bioclimático do Brasil - faz a classificação bioclimática das sedes dos municípios brasileiros e traz diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social, conforme a ABNT NBR 15220-3, de 29/04/2005. Apesar disso, as recomendações bioclimáticas podem ser utilizadas igualmente em nosso projeto coorporativo como diretriz de análise da situação climática onde o projeto se situa.

Figura 83 Classificação de Ribeirão Preto como Zona 4 de acordo com o programa ZBBR.

55


Tabela 4. Estratégias para a zona bioclimática 04. Elaboração Própria. Tabela 5. Fontes de dados utilizados no Climaticus. Elaboração Própria.

O Climaticus não tem em seu banco de dados a cidade de Ribeirão Preto, mas ele permite fazer o input de dados para gerar seus resultados. Para podermos acessar tais dados, fizemos algumas aproximações. Usamos dados do INMET para a cidade de Pradópolis, que é estação elevatória mais próxima, para a Pressão atmosférica e Insolação Total e, para os dados de Umidade Relativa e precipitação, utilizamos dados do próprio Climaticus para São Carlos. A Nebulosidade encontramos no site Weather Sark e os demais dados foram retirados da dissertação de Ribeiro (2008).  De acordo com o programa, dados os dados tabulados, temos a seguinte distribuição de estratégias de projeto:

O que é significativo nesse resultado é que além das estratégias possíveis indicadas para a Zona Bioclimática 4 segundo a ABNT NBR 15220-3, existe ainda uma necessidade muito alta de uso de condicionamento artificial em grande parte do ciclo anual (43,80%). Isso significa que para os dias de calor, que são predominantes na cidade, além de abordar as possíveis estratégias de ventilação e resfriamento evaporativo, é necessário, mesmo assim e sem dúvida nenhuma, complementar essas estratégias com o uso de condicionamento artificial. A utilização de aparelhos de ar-condicionado como indispensável para o conforto dos trabalhadores dentro do edifício nos faz nos atentar para a dificuldade de viabilizar uma estratégia energeticamente eficiente para tal construção.

Tabela 6. Resuldados apontados pelo Climaticus conforme dados tabulados.

56


Tabela 7.Estratégias apontadas pelo Climaticus conforme dados tabulados.

A solução para essa questão é o uso da geotermia, conforme apresentamos nas leituras projetuais dos itens 5.3 e 5.4. A geotermia poderá utilizar o terreno como permutador de calor para climatização dos espaços internos do edifício através de bombas de calor. Outro benefício do uso da energia do solo para climatização radiante é que ela disponibiliza a possibilidade tanto de refrigeração quanto de aquecimento, também. Então o edifício poderá contar com aquecimento adicional nos dias (menos frequentes) quando acontece de ficar frio na cidade. A energia terrestre armazenada no subsolo pode ser usada para refrigeração (ou aquecimento) radiante a custo muito baixo de manutenção. Essa solução poderia ser utilizada em todo o tipo de construção, desde moradias unifamiliares até grandes edifícios a exemplo deste projeto em questão. Porém, como o investimento nessa nova tecnologia ainda é alto, enquanto não se populariza, ainda é conveniente financeiramente apenas para grandes edifícios, pois o investimento se amortiza devido à poupança energética. Complementarmente, podemos fazer uso de painéis solares para captar energia solar para subsidiar os outros sistemas elétricos necessários ao uso do edifício. Também utilizaremos a captação para reúso da água de chuva a fim de serem utilizadas nas cascatas e espelhos d’água incluídos no projeto com a finalidade de resfriamento evaporativo e, por fim, para amenizar a insolação tão forte na região, teremos várias alternativas de sombreamento: uso de brises, arborização e marquises.

maior privacidade com outros espaços totalmente abertos para maior integração de alguns setores da empresa, espaços compartilhados para funcionários que não trabalham necessariamente no endereço da empresa (free address), salas de reuniões comuns, áreas de repouso e de lazer. (GURGEL, 2013, p.171). Outra característica dessas empresas, como afirma Gurgel, (2013, p.171) é o uso de uma recepção desconectada do escritório, muitas vezes no térreo, para fazer a triagem dos visitantes. Isso garante maior controle e segurança de quem entra no edifício como um todo. O projeto está sendo desenvolvido para uma nova versão de flexibilidade, onde o uso do espaço seja livre dentro dos pavimentos do prédio, trazendo uma conceito de adaptabilidade entre as empresas dentro de plantas totalmente livres. O programa de necessidades foi organizado em seis grandes áreas: estacionamento, recepção, áreas de trabalho, espaços de apoio, espaços comuns e área técnica, conforme quadro abaixo. Estacionamento se encontra no térreo e subsolo. A recepção ficará no térreo. Os setores de Áreas de trabalho e espaços de apoio serão divididos em todos os pavimentos com exceção do térreo. Espaços comuns se distribuem entre todos pavimentos do edifício. A área técnica são espaços de não circulação do público, distribuídos conforme a melhor adequação às necessidades técnicas.

5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES

No terreno acima especificado optou-se por desenvolver um edifício composto por blocos entremeados por espaços vazios e de convívio social. Esses blocos são compostos por uma divisão interna de trabalho conhecida como New Office (Novo Escritório), que é a solução contemporânea para misturar às salas de reuniões fechadas para

Tabela 8. Programa de necessidades. Elaboração própria.

57


5.4 PRÉ-DIMENSIONAMENTO

5.3 FLUXOGRAMA O Fluxograma foi elaborado para ter a entrada à pé ou pelo estacionamento, sendo que essa segunda opção leva também à recepção, como a primeira. É na recepção que o fluxo de visitantes e funcionários é regulado para se acessar às áreas de trabalho, aos espaços de apoio e aos espaços de uso comum. Paralelamente, haverá outra entrada, privativa pra funcionários do próprio edifício, que servirão à área técnica, à recepção e, subsidiariamente a todos os espaços de apoio.

ESPAÇOS PÚBLICOS DE APOIO

ESPAÇOS DE APOIO PARA TRABALHADORES

Para o pré-dimensionamento, foram considerados diversos perfis de empresas, porém adequados para pequenos grupos de trabalho, micro e médias empresas ou ainda departamento de escritórios maiores, como o perfil das empresas que existem na região de Ribeirão Preto. Esses espaços de trabalho serão apoiados por banheiros, vestiário para os trabalhadores que chegarem de biclicleta, espaço para arquivamento, armazenamento, impressão e cópia, alimentação e DML. E o prédio como um todo usufruirá de uma recepção comum, biblioteca, restaurante, academia e sala de jogos.

ENTRADA PRINCIPAL

ENTRADA SECUNDÁRIA

RECEPÇÃO

ESTACIONAMENTO

ÁREAS DE TRABALHO

ENTRADA DE FUNCIONÁRIOS

ESPAÇOS COMUNS

ÁREA TÉCNICA Figura 84 Fluxograma. Elaboração própria.

58


Tabela 9. Pré-dimensionamento. Elaboração própria.

59


5.5 ESTUDO VOLUMÉTRICO Para maior conforto térmico e lumínico dos espaços de trabalho, é necessário saber a orientação das fachadas do edifício, o posicionamento do ambiente, as alturas das aberturas, e o controle de insolação. No primeiro momento, enquanto desenvolvemos o estudo volumétrico, é possível intervir na quantidade de insolação que incidirá sobre as fachadas. Diminuindo essa quantidade, será ainda possível prover aberturas que favoreçam a iluminação natural dentro dos ambientes, o que é vital para o bem-estar dos trabalhadores. Para a análise volumétrica da insolação nas fachadas, complementando o estudo bioclimático acima desenvolvido, utilizaremos o

software FormIt, da Autodesk, cujo propósito é permitir a modelagem a partir de um estudo solar conectado diretamente ao local onde será realizado o projeto, por meio de localização via Google Maps. Usamos essa poderosa ferramenta para fazer os estudos iniciais de volumetria a partir do pré-dimensionamento feito acima. Os gráficos mostram a temperatura de cada uma das fachada, sendo que quanto mais azulada, menos calor absorve na superfície, passando pela cor vermelha e atingindo tons amarelados, fica cada vez mais quente. Inicialmente estudou-se volumes de três a quatro pavimentos com chanfros para ver como poderiam colaborar com o próprio sombreamento da fachada. As camadas que aparecem no desenho representam pavimentos de 3,5m.

Por fim, optou-se pela composição em dois volumes e, na sequência, considerando-se o formato do terreno, optou-se por uma volumetria em forma de “V” que irá formar certo paralelismo com as laterais do terreno e criará um pátio interno na direção mais favorecida pela menor incidência solar, que é no sentido sul. Na Figura 86 é possível observar a disposição geral do edifício, tendo 15m de largura em suas laterais. Nessa disposição, a fachada Sul receberia em torno de 60 Watt-hora por metro quadrado enquanto as fachadas Norte e sul receberiam mais de dez vezes esse valor.

Figura 85 Estudos de volumetria iniciais. Elaboração própria. Legenda da análise térmica. Fonte: FormIt. Tradução própria. Unidade: Wh/m²

60


Observamos que inclinar a cobertura no sentido da fachada sul ajuda a melhorar a condição térmica da cobertura, que uma grande área de insolação. Por outro lado, inclinar a cobertura sentido fachada norte ajuda a sombrear essa fachada, que é crítica, porém acaba deixando o telhado mais exposto à insolação, o que pode ser tratado com a materialidade do telhado. A distância do pavimento inferior em relação ao telhado, devido sua maior inclinação, também ajudará o isolamento térmico.

Figura 88 Fachada norte da Volumetria inicial.

Figura 89 Vista superior da Volumetria inicial.

Figura 86 Implantação para estudo volumétrico no Formit.

Esse volume final tem aproximadamente 9.500 m2 de área, o que está de acordo com os 9.380 m2 obtidos no pré-dimensionamento excetuando-se o estacionamento e deixando alguma folga para os recortes provocados pela inclinação da volumetria. Foram necessários quatro pavimentos para atingir a área prevista no pré-dimensionamento.

Figura 90 Fachada sul com inclinação da cobertura para o norte.

Figura 91 Fachada sul com inclinação da cobertura e da fachada norte para o norte.

Figura 92 Fachada norte com inclinação da mesma e da cobertura para o norte. Figura 87 Fachada sul da volumetria inicial.

Figuras 85 a 92: Elaboração própria, modelo FormIt.

61


5.6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO

Pórtico de entrada Pavilhão 2

Como vimos anteriormente, o projeto deste edifício corporativo foi pensado em termos de flexibilidade de usos e sustentabilidade. A característica marcante é que não há pré-definição necessária do formato das salas que irão ocupá-lo, desde que se respeite o acesso das outras empresas a pelo menos um (no caso de grandes corporações que ocuparem boa parte de um pavimento) dos módulos que suportam cada pavimento, contendo banheiros e caixa de elevador e escada. O projeto é dividido em dois pavilhões que, apesar de organizados com paredes ortogonais, na implantação eles se encontram em ângulo, para fazer respeitar o formato do terreno que, além de ter uma declividade acentuada, tem um formato pouco convencional, sendo a figura resultante de uma reta secante ao arco formado pela rua onde se situa. Como a maior parte da fachada se posiciona, necessariamente, para o norte, devido ao formato incomum e alongado do terreno, é necessário tratá-la para o conforto dos trabalhadores sem, entretanto, romper com a vista para a cidade, que é privilegiada nessa localização. Um dos recursos utilizados foi fazer cada pavimento se estender um pouco mais para o norte em relação ao pavimento inferior, conforme estudo volumétrico anterior. Essa estratégia é muito válida para grande parte do ano. Entretanto, no verão, em horários onde o sol se encontra baixo, temos insolação direta na fachada e, por isso, propomos persianas internas ao vidro duplo em todas as janelas. Como estratégia adicional, temos um brise que corre externamente à fachada e cria um ritmo à construção a depender do uso.

62

Pavilhão 1

Figura 93 Esquema da implantação

O primeiro pavilhão acessado conforme se sobe a rua fica à esquerda na implantação da Figura 93, ele é o maior e mais flexível. Os dois subsolos, usados para estacionamento privativo, encontram-se sob este primeiro edifício. Existem algumas vagas externas ao edifício, no térreo, que estão disponíveis logo no início do terreno. Também no primeiro pavilhão se encontram, em todos os andares a partir do térreo, apenas dois módulos com elevador, caixa de escadas e banheiros. O único pavimento que se comporta diferentemente é o térreo, que contém uma pequena recepção e os dois banheiros são ampliados para abrigar vestiários para ciclistas. Ali sugerimos a instalação de uma central de cópias e uma lanchonete. Acima desses andares, na cobertura do edifício, se encontram as caixas d’água e no espaço restante temos o terraço, que tira proveito da vista da cidade e se configura como um mirante. Também é um bom espaço para a instalação de um estabelecimento de alimentação.


O segundo pavilhão, à direita no esquema de implantação da Figura 93, é pensado para receber o público externo já tem uma planta mais diversificada entre os andares (Figura 98). No térreo, temos uma recepção maior do que o outro pavilhão em função do seu caráter de uso mais extrovertido. Os módulos ali contidos são interessantes para uso de lojas, que podem abrir suas portas para o térreo. Esse pavimento tem certa proteção do olhar de quem passa na rua, por ser escavado na topografia. Tirando proveito da profundidade, é um excelente lugar para se instalar a casa de máquina da caixa d’água subterrânea e os equipamentos externos do sistema de geotermia. Ali também se encontram, ao final do corredor em frente ao edifício, a casa de lixo, para armazenamento até o dia da coleta. Já na parte interna, se encontra a casa para instalação dos botijões de gás.

No segundo andar, encontra-se a área lúdica onde os trabalhadores ou até visitantes podem se distrair na sala de jogos ou até fazer uma academia, que conta com uma sala de aula com finalidade diversa. Já no terceiro pavimento, temos um restaurante que se utiliza da elevação para aproveitar a vista da cidade. E, por fim, a cobertura desse edifício é utilizada para se aproveitar a energia solar com painéis fotovoltaicos voltados para a fachada norte.

No primeiro andar desse segundo pavilhão, temos uma “biblioteca”, por assim dizer, devido ao seu caráter do uso público. Ali, encontramos um grande salão organizado para receber individualmente ou em grupo, duas salas de informática com layouts diferentes e, na área mais privativa, após a catraca, o acervo, uma mesa para uso compartilhado e salas mais reservadas de estudo para grupos, a fim de não atrapalhar os usuários do salão.

em uso deste pavilhão não acessem os demais andares, privativos a quem trabalha neles.

Figura 94 Sistema de refrigeração e (quando necessário) aquecimento por geotermia. Elaboração própria. argamassa de regularização

piso elevado

0

5

10m

No pátio interno, que pode ter o portão aberto durante a liberação do uso, existe um espaço para descompressão tratado com estratégias bioclimáticas que também tem funções paisagísticas (Figura 97). Nas paredes onde se encontram elevador e caixa de escada, optou-se pelo uso de paredes verdes, deixando as demais paredes liberadas para a iluminação agradável da face sul do prédio. A área comum tem espaços de estar trabalhados volumetricamente como se “brotassem” do chão, alternando diferentes alturas com espaços de jardim e uma queda que aproveita a água pluvial para alimentar um espelho d’água. grelha de piso para saída do ar refrigerado carpete ou piso vinílico em placas porcelanato ou piso cerâmico

Tampa

argamassa colante pedestal de piso elevado argamassa de regularização laje de concreto armado

Figura 95. Esquema de insuflamento de ar refrigerado pela geotermia por meio de uso de piso elavado. Elaboração própria.

tanque 14 - 16 ° C

bombeamento 200l / s

Os dois pavilhões são conectados, por recepção com cobertura diferenciada, em estrutura metálica, revestida em alumínio composto e que demarca a entrada do edifício. Essa ligação se repete em todos os andares com a presença de passarelas. Para controlar a segurança do acesso, existe uma catraca após cada passarela que é liberada apenas para trabalhadores, com a finalidade de que os visitantes que estiverem

lençol freático

63


Cobertura aproveitada para obtenção de energia fotovoltaica

Cobertura aproveitada para como mirante para a vista da cidade espaço de descompressão

Uso de bicicletários em frente ao prédio, próximo à entrada, bem como a disponibilidade de vestiários favorece o uso do veículo mais ecologicamente correto Figura 96. Esquema de uso de equipamentos. Elaboração própria.

64


Espelho d’água, outra técnica de resfriamento evaporativo adequada ao pátio interno.

Paredes verdes são uma estratégia de resfriamento evaporativo, além de uma solução paisagística agradável.

Espaços tratados paisagisticamento favorecem a permanência e a troca de experiências. Figura 97. Esquema de estratégias bioclimáticas e paisagísticas. laboração própria.

65


USOS DO SEGUNDO PAVILHÃO Figura 98. Organização interna. Elaboração própria.

1º andar - sala de jogos

Térreo (subterrâneo) - área técnica. Na figura, a casa de lixo.

Térreo - recepção com espaços de espera.

1º andar - biblioteca

2º andar - sala de jogos

3 º andar - restaurante

66


IMPLANTAÇÃO

Figura 100. Fachada principal de ligação entre os dois pavimentos.

Figura 101. Vista do pórtico de entrada a partir da rua.

0

Figura 99. Implantação. Elaboração própria.

25

50

75

100m

Figura 102. Vista do pórtico de entrada do pátio interno.

67


Figura 103. Fachada completa do edifício em perspectiva. Elaboração própria.

Figura 104. Subsolo 2. Elaboração própria.

Figura 105. Subsolo 1. Elaboração própria.

Figura 106. Vista do Pavilhão 1 do pátio interno. Elaboração própria.

Figura 107. Vista do Pavilhão 2 do pátio interno. Elaboração própria.

68


VEST MASC.

VEST FEM.

PCF

E.E. E.

E.

PCF

LANCHONETE

CENTRAL DE CÓPIAS

DML

PCF

E.E. E.

E.

PCF

PAVIMENTO TIPO - PAVILHÃO 1

0

5

10m Figura 109. Vista nível térreo do Pavilhão 1. Elaboração própria.

Figura 108. Pavimento térreo do Pavilhão 1. Vestiários e sugestão de lanchonete e central de cópias. Elaboração própria.

CASA DE LIXO

LOBBY

Figura 110. Edifício visto da alça de acesso. Elaboração própria.

RECEPÇÃO DO EDIFÍCIO

MANUT. GEOTER.

PCF

E.E. E. PCF

E.

MANUT. CAIXA D’ÁGUA CASA DE GÁS

0

5

10m

Figura 108. Pavimento térreo do Pavilhão 2.Recepção e área técnica. Figura 111. Edifício visto do pátio interno. Elaboração própria.

69


WC. MASC.

5

E.E. E.

E.

PCF

DML

0

PCF

W.C. FEM.

PCF

E.E. E.

E.

PCF

10m

Figura 112. Pavimento tipo do Pavilhão 1. Repete-se do primeiro ao terceiro andar para total flexibilidade de uso das empresas. Elaboração própria.

SALA ESTUDOS I SALA INF. I

SALÃO PRINCIPAL PCF

E.E. E.

BIBLIOTECA

SALA INF. II

ACERVO

SALA ESTUDOS II

E.

PCF

0

5

10m

Figura 113. Pavimento térreo do Pavilhão 2, contendo a biblioteca. Elaboração própria.

Figura 114. Salão da Biblioteca. Elaboração própria.

70


+14,00

+10,50 LOBBY

+7,00

Academia

+3,50

PCF PCF

E.E. E.

E.

Salão de jogos

Sala de Aula

0,00 -2,40 0

0

5

5

-4,80

10m

Figura 117. CORTE A. Elaboração própria.

10m

Figura 115. 2º Pavimento - Pavilhão 2: salão de jogos e academia. Elaboração própria. +14,00

+10,50

+7,00

Bar PCF.

E.

PCF.

E.

EST. REF

COPA LIMPA COZINHA ADM

0

5

EST. SECO

W. C.

COPA SUJA

+3,50

LIXO SECO LIXO REF.

Salão

0,00

-2,40

10m

Figura 116. 3º Pavimento - Pavilhão 2: restaurante. Elaboração própria.

0

5

10m

Figura 118. CORTE B. Elaboração própria.

71


0

5

10m

Figura 119. Cobertura do Pavilhão 1: terraço com espelhos d’água. Elaboração própria.

0

5

10m

Figura 120. Cobertura do Pavilhão 2: uso de telas de proteção solar. Elaboração própria.

Figura 121. Vista da cobertura de ambos os edifícios. Elaboração própria.

72


+14,00 +10,50 +7,00 +3,50 0,00 -2,40 -4,80

Figura 122. CORTE C. Elaboração própria.

+14,00 +10,50 +7,00

+3,50 0,00 -2,40 0

5

10m

-4,80

Figura 123. CORTE D. Elaboração própria.

+17,00 +14,00 +10,50 +7,00 +3,50 0,00 0

5

10m

-2,40

Figura 124. CORTE E. Elaboração própria.

73


+17,00 +14,00 +10,50 +7,00 +3,50 0,00 0

5

-3,00

10m

Figura 125. CORTE F. Elaboração própria.

0

5

10m

Figura 126. ELEVAÇÃO 01. Elaboração própria.

0

5

10m

Figura 127. ELEVAÇÃO 02. Elaboração própria.

74

0

5

Figura 122. ELEVAÇÃO 06. Elaboração própria.

10m


0

5

10m

Figura 123. ELEVAÇÃO 03. Elaboração própria.

+17,00 +14,00 +10,50 +7,00 +3,50 0,00 -2,40 -4,80 Figura 124. ELEVAÇÃO 04. Elaboração própria.

Figura 125. ELEVAÇÃO 05. Elaboração própria.

75


FLEXIBILIDADE A seguir temos ilustrativamente, sem esgotar as possibilidades, como diferentes empresas de tamanhos diversos poderiam ocupar o pavimento-tipo do pavilhão 1. Considerar que cada cor distinta representa a ocupação de uma empresa diferente.

76


Cada módulo corresponde a aproximadamente 25m², verificar o quanto é possível variação de áreas entre os layouts ilustrados nessas páginas.

0

5

10m

Figura 126 a 134. Variações em possibilidade de ocupação do pavimento-tipo. Escala gráfica e orientação solar idênticas. Elaboração própria.

77


lash.

sp nte: Un

h. Fo ate Trys Foto: K

78


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise a respeito dos ambientes de trabalho e sua caracterização ao longo do tempo, suscitando o questionamento de como devem ser pensados os espaços corporativos nos dias de hoje. Dada a premência desses assuntos, torna-se necessário o considerar a sustentabilidade e o bem-estar do trabalhador. Tomando-se esses conceitos como base, desenvolveu-se um anteprojeto de maneira flexível para se adequar a diversos perfis de empresas: pequenos grupos de trabalho, micro e médias empresas ou ainda departamento de escritórios maiores, como o perfil das empresas que existem na região de Ribeirão Preto. Em termos de sustentabilidade, o projeto se aproveita das novas tecnologias energéticas já disponíveis: uma que vem se consolidando ao longo do tempo com a popularização e a redução paulatina de custos (a energia solar) e outra que é uma promessa, a geotermia, especialmente para uma região como Ribeirão Preto, em o uso de ar-condicionado se faz indispensável em grande parte do tempo no ciclo anual da insolação. Utilizou-se o piso elevado, que já é alternativa usual para cabeamento em projetos corporativos, com a finalidade de incorporar a possibilidade de refrigeração de ar dos espaços internos. Não é objetivo deste trabalho resolver paisagisticamenteas áreas verdes, mas propôlas como espaços disponíveis em virtude das estratégias bioclimáticas de interesse para a zona 04 em que se situa a cidade de Ribeirão Preto. Por fim, espera-se ter contribuído para a discussão mais aprofundada de projetos corporativos, mas sempre prevendo novas possibilidades em constante desenvolvimento a depender do progresso da cultura, da arquitetura, do urbanismo e da mentalidade social de cada época.

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Foto: True Agency. Fonte: Unsplash.

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