HABITAÇÃO SOCIAL TEMPORÁRIA VINCULADA À VULNERABILIDADE DE MORADORES DE FAVELAS. ÉRICA TITOTO
HABITAÇÃO SOCIAL TEMPORÁRIA VINCULADA À VULNERABILIDADE DE MORADORES DE FAVELAS. Trabalho final de curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento da exigências parciais para obtenção de título de arquiteta e urbanista .
Autora: Érica Titoto Orientadora: Tânia
Bulhões
Figueira
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Centro
Universitário
Moura
Lacerda
|
2017
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
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1.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1. Arquitetura efêmera: análise do conceito e possibilidades de sua aplicação. 1.2. O conceito de flexibilidade na arquitetura: possibilidades de aplicação. 1.3. Aplicabilidade dos conceitos de efemeridade e flexibilidade em edificação projetada para absorver contingente populacional ligado a processos de regularização fundiária de assentamentos informais (favelas).
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2.LEITURAS PROJETUAIS 2.1. 2.2. 2.3. 2.4.
Nakagin Capsule Tower. Arranha-céus Nómade. Habitação Social Cascina Merlata. Casas “pop-up” no Nepal.
3.LEVANTAMENTOS INTERVENÇÃO 3.1. 3.2. 3.3. 3.4. 3.5. 3.6.
SOBRE
A
ÁREA
DE
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Escolha da área de intervenção. Condicionantes urbanísticos Dados socioeconômicos. Delimitação do terreno. Caracterização física do terreno. Restrições legais.
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4.PROCESSO DE PROJETO
.
5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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4.1. Estudo de viabilidade 4.2. Estudo preliminar 4.3. Anteprojeto
INTRODUÇÃO
O tema inicial do trabalho é habitação de interesse social temporária, tendo como proposição de projeto arquitetônico um edifício com função efêmera e flexibilidade de usos.
A pesquisa nasce da necessidade e intenção de trabalhar com a vulnerabilidade social de pessoas que moram em assentamentos irregulares (as chamadas favelas). Trabalhando não com a Habitação de Interesse Social propriamente dita – na qual essas pessoas vão morar por tempo indeterminado – mas com a vulnerabilidade em que se encontram no momento em que estão sem moradia devido ao processo de regularização fundiária que está acontecendo em seu assentamento. O intuito do presente trabalho, então, é abrigar cidadãos de baixa renda por um determinado período de tempo, proporcionando um mínimo suporte habitacional a estas famílias, até que estes se estabeleçam, de forma mais estável, na unidade habitacional autônoma dita permanente, conseguindo retirá-las das condições sub-humanas dos assentamentos irregulares um período de tempo mais curto. Com essa proposta, pretende-se reduzir muitos dos problemas relacionados à moradia, sobretudo as vicissitudes e efeitos negativos do processo de regularização fundiária, alcançando, ainda que minimamente, uma redução do número de favelas através de suporte ao processo de regularização do
solo do assentamento precário, e a maior possibilidade de ascensão social dos cidadãos que dependem de sua alocação em uma moradia digna de modo mais imediato. Sendo assim, o objetivo geral do trabalho é investigar e discutir o tema “habitação social temporária”, com o intuito de apresentar possíveis soluções a problemas relacionados à moradia de extratos sociais menos abastados e à regularização fundiária. Ressalta-se que tais problemas são passíveis de serem encontrados (mesmo que em escalas variadas) nas médias e grandes cidades do Brasil, e o presente trabalho, portanto, escolhe como foco a implantação do seu projeto no município de Ribeirão Preto/SP. A fim de alcançar os objetivos propostos, foram utilizados alguns procedimentos metodológicos como: a elaboração de uma fundamentação teórica consistente, baseada em bibliografias relevantes para discussão sobre a importância da arquitetura efêmera e do conceito de flexibilidade inerente a projetos de unidades habitacionais, bem como vinculado a outros possíveis programas que possam ser estabelecidos na edificação a ser proposta; realização de leituras projetuais que forneçam subsídios à proposta projetual a ser elaborada; levantamento de dados e aspectos do terreno de intervenção e de seu entorno imediato, os quais destacam potencialidades do lugar que podem ser utilizadas pelo projeto e defasagens que podem ser supridas, a fim de alimentar as decisões sobre o projeto arquitetônico que se pretende desenvolver. Primeiramente, buscou-se entender o que significa o caráter temporário de uma dada arquitetura, a partir da investigação do conceito denominado arquitetura efêmera. Paralelamente a esta compreensão, optou-se que o objeto a ser projetado pelo presente trabalho não terá uma temporariedade material - não será, assim, um objeto temporário que sofrerá o processo de montagem e desmontagem de si mesmo - mas que os usos a ele destinados terão um caráter temporário e, então, será fundamental trabalhar com ambientes flexíveis. Por consequência, o conceito de flexibilidade alimentará, também, a concepção espacial do projeto. Portanto, o universo da fundamentação teórica
deste trabalho é inicialmente composto por essas duas abordagens conceituais, que possibilitam o diálogo, também, com a questão da sustentabilidade social de projetos de arquitetura, dado que pretendese reutilizar o edifício a ser projetado com outros usos além do habitacional, abrigando nele funções distintas ao longo de sua vida útil que possam atender à população local. Estudou-se então, de maneira específica, cada conceito com o qual pretende-se dialogar, a saber : a questão da efemeridade e da flexibilidade, paralelamente a tal estudo, compreender a atual conjuntura da questão da moradia de interesse social no país e no município de Ribeirão Preto, buscando estruturar um qualitativo embasamento teórico. Para isso foram ainda levantadas algumas das necessidades e potencialidades do município de Ribeirão Preto em relação à habitação de interesse social, sobretudo vinculadas aos processos de favelização encontrados na cidade atualmente (recortando deste universo um caso específico que dialogue com questões inerentes aos processos de regularização fundiária e da possível vulnerabilidade social que ela implica no quotidiano dos moradores de determinado assentamento precário). Desta forma, procurara-se entender as dinâmicas de funcionamento de uma favela da cidade de Ribeirão Preto, seu histórico de conformação e necessidades específicas de seus usuários , para que o projeto arquitetônico a ser elaborado pelo presente trabalho se destine à alocação temporária das famílias de tal assentamento, devido à regularização fundiária a ser realizada nele. Cria-se assim, um objeto arquitetônico a partir da conclusão sobre as concepções teóricas e panorama histórico lidos e analisados, apresentando uma proposta a ser implantada no referido município, que ainda poderá ser uma espécie de modelo a ser reproduzido, afim de possibilitar a disseminação de uma ideia transformada em objeto para mitigar, minimamente, problemas relacionados à moradia de interesse social e alocação temporária de famílias em situação de vulnerabilidade social.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No objeto proposto, a partir da leitura e análise crítica sobre o arcabouço teórico, foi escolhido trabalhar com conceito da efemeridade não na sua presença física, em seu conceito usual, mas sim no uso da edificação, sendo que esta possa ser permanente, mas absorver usos distintos ao longo do tempo, ganhando um caráter efêmero a partir de espaços flexíveis. Esta escolha se deu a partir de uma análise atenta sobre as possibilidades inerentes ao conceito e aplicação de efemeridade e flexibilidade na arquitetura ao longo do tempo e nos dias atuais, além da aplicabilidade em edificação projetada para absorver contingente populacional ligado a processos de regularização fundiária de assentamentos informais (favelas). A seguir, portanto, serão demonstradas as análises dos referidos tópicos, já que foram fundamentais para a compreensão do conceito dos termos, e de como esses conceitos podem comparecer na realidade física dos edifícios.
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2.1.1. ARQUITETURA EFÊMERA: ANÁLISE DO CONCEITO E POSSIBILIDAES DE SUA APLICAÇÃO Neste capítulo, buscaremos esclarecer o conceito de arquitetura efêmera (também chamada de transitória), e qual o partido que iremos tomar a partir da compreensão deste para o desenvolvimento do presente trabalho. A expressão arquitetura efêmera é predominantemente reconhecida por referirse a uma construção produzida para durar um determinado período de tempo, a qual será utilizada a fim de alterar temporariamente o caráter ou o desempenho do lugar onde é instalada. Segundo Paz (2008), o período de um ano é um tempo razoável para estabelecer o caráter da temporariedade. Nesse sentido, o objeto temporário pode ser desconstruído pelo homem, destruído por processos naturais ou ainda ser retirado do local.
IMAGEM 01 – Vista em planta do elemento que funciona como coluna, unindo os painéis, que podem ser inseridos em diversos ângulos (sempre múltiplos de 45º). É este o desenho utilizado como logotipo da empresa Octanorm. FONTE: http://www.octanorm.com.br
Um exemplo claro para ilustrar esse conceito de efemeridade é o sistema Octanorm, um sistema construtivo de rápida montagem e desmontagem. Criado em 1968 por Hans Staeger, (originalmente para ser utilizado eventualmente em feiras comerciais) permite a reutilização do material e da obra como um todo, compondo uma arquitetura efêmera. Porém, afirma-se que esse meio de produzir a arquitetura, como é pensado de uma forma mais genérica e abrangente, não considera necessariamente as características particulares de um único lugar de implantação, trazendo a elas um menor grau de importância, já que sua intenção é ser aplicado em todo e qualquer lugar. Podendo-se dizer, inclusive, que ele transforma o conceito da importância do lugar (fator relevante num projeto de arquitetura) em algo subutilizado. Sendo assim, o sistema proposto pode, de certa forma, sofrer críticas quanto à relação do projeto com o contexto ao qual será inserido e, então, o próprio papel do arquiteto como analista de tais características pode ser relativizado.
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Outros exemplares paradigmáticos desse tipo de arquitetura (efêmera ou transitória) são os pavilhões de exposição temporários da Serpentine Gallery¹ . Estes se diferenciam do sistema Octanorm pelo fato de que são construídos das mais variadas formas, de modo a explorar características imateriais
IMAGEM 02 – Imagens 3D de alguns dos diferentes perfis fabricados, utilizados no sistema de montagem Octanorm. FONTE: http://www.octanorm.com.br
da arquitetura (experimentações para com distintas sensações humanas, relações de interação entre homem-espaço, escala, proporção, ritmo etc.) e características materiais vinculadas à instância técnica da arquitetura (experimentações de sistemas construtivos, materialidades, encaixes etc.). Tais pavilhões são edificados especificamente para o local, mas lá permanecem por apenas um verão – daí seu caráter transitório. Porém, dentro da discussão que se pretende
estabelecer no presente trabalho, pode-se destacar que tais exemplos indicam diferentes sentidos para a chamada efemeridade da arquitetura. A saber: esse tipo de edificação, destinada a exposições, é considerada efêmera não apenas por conta da modalidade construtiva e sua possibilidade inerente de montagem e desmontagem, ou mesmo devido ao tempo em que permanece no local de implantação, mas também (e principalmente) por abrigar um uso que é temporário (e que se torna quase que um
produto). Nesse sentido, não apenas o objeto arquitetônico possui um caráter transitório, mas o programa introduzido nele também. Sendo assim, entendemos que uma construção tecnicamente precária (e/ou que apresenta precariedade de relações com a instância abstrata/artística que a arquitetura promove, mesmo sendo tecnicamente bem resolvida) pode apresentar um caráter de permanência (como os barracos construídos para abrigar famílias em assentamentos irregulares e/ou favelas), da mesma forma que uma construção bem resolvida em termos técnicos e artísticos pode ter um uso temporário (como os pavilhões de exposições de arquitetura em eventos internacionais), apresentando assim, uma característica que a qualifica por efêmera, assim como afirma Paz (2008, p. 3), dizendo que “O critério definidor da arquitetura efêmera não é a durabilidade potencial do objeto construído, mas sua durabilidade real”. E este é o ponto que o presente trabalho pretende destacar: não apenas a tecnologia da construção é suficiente para definir o rebatimento que o conceito de efemeridade confere à arquitetura. Dessa maneira, é necessário avaliar de forma complexa como a transitoriedade comparece em objetos arquitetônicos. Para tanto, analisaremos algumas obras a seguir. O Palácio de Cristal de Joseph Paxton, por exemplo, que foi construído em 1851 na Exposição Universal de Londres, por causa de seu caráter transitório foi desmontado após o evento e devido à sua importância para a historiografia da arquitetura e
A Serpentine Gallery, criada em 1970 em Kensington Gardens (Londres, Reino Unido), é composta por dois espaços de exposição situados em ambos os lados do lago Serpentine (de onde vem o nome da galeria): a Serpentine Gallery e Serpentine Sackler Gallery. A galeria foi originalmente concebida como um local para mostrar o trabalho de artistas emergentes, especialmente do Reino Unido e suas regiões, mas hoje, além de um programa de exposições sazonais de oito shows por ano, apresenta em seu Pavilhão Serpentine , durante os meses de verão, o primeiro e mais ambicioso programa de arquitetura do gênero transitório no mundo.
engenharia internacionais foi reconstruído no ano seguinte, passando a abrigar um museu. O edifício (antes) efêmero, pioneiro na construção de sistemas pré-fabricados em estrutura metálica, durou 85 anos após sua remontagem em um local diferente do locus original de implantação, abrigando outra função que não a inicialmente proposta pelo projeto original. Esse é, portanto, um modelo que ilustra as possibilidades de mudança frente ao caráter de efêmero que um objeto arquitetônico pode ter, um edifício que foi construído para ser temporário e que, devido aos paradigmas que estabeleceu acabou sendo novamente edificado passando a agregar o caráter de durabilidade (permanência) em si, mas recebendo uma modificação em seu uso. Por outro lado, uma edificação pode perder seu caráter de durabilidade e se tornar efêmera, por exemplo, devido à desfuncionalização de seu programa somada à rigidez do edifício, que gera reduzidas possibilidades de variações, de absorção de novos usos e finalidades para seus ambientes internos e externos, isto é, devido a não observância em projeto das qualidades vinculadas ao potencial de flexibilidade do edifício. A edificação rígida acaba perdendo o potencial de absorver a alternância que o quotidiano de seus usuários interpela ao longo de sua vida útil e tal fato pode culminar na necessidade de constantes reformas no edifício, abandono deste ou mesmo na opção pela sua demolição. Nota-se que a ideia de efemeridade na arquitetura ganhou força com a Revolução
O Pavilhão se d´´a como um programa contínuo de estruturas temporárias de arquitetos e designers internacionalmente aclamados. Todos os anos, desde 2000, recebe um pavilhão temporário de verão de arquiteto de renome. Cada Pavilhão é concluído dentro de seis meses e está situado no gramado da Galeria durante três meses para o público explorar e desfrutar suas características espaciais. Estes programas são complementados por uma série de projetos de escultura ao ar livre, comissões de artistas especiais, comissões digitais, programas públicos e educacionais e grandes projetos de divulgação.
Industrial, devido ao surgimento de novas tecnologias e materiais, que trouxeram a partir do final do século XIX e começo do XX, a princípio na Europa - uma vontade de se produzir cada vez mais, e melhorar tecnicamente os materiais existentes. A partir da ideia de experimentação de sistemas e técnicas construtivas, ao longo da primeira metade do século XX, os estudos ligados à construção civil geraram linhas de pesquisa nas quais todo e qualquer objeto poderia ter uma vida útil determinada (e até mesmo curta), já que logo poderia ser substituído por outro (o que dialoga, inclusive, com o contexto econômico do modo de produção capitalista da época, devido ao fato de que o mercado consumidor deveria ser, sempre, alimentado por novos produtos de forma que a economia comercial fosse constantemente suprida). Para além dos itens que compunham o cotidiano das pessoas, as edificações propriamente ditas poderiam ser construídas e, num curto período de tempo, desmontadas, para que novas tecnologias tomassem o seu lugar. Desencadeou-se, portanto, uma ideia de que tudo poderia ser descartável. Cultura esta com a qual Kurokawa, criador do movimento japonês chamado Metabolismo (1970), não concordava. O metabolismo era contra o modernismo maquinicista, que estava em evidência na época. O ideal japonês seguia o pensamento de que a arquitetura deveria sim seguir as transformações da época, mas de forma mais humana, deixando a “dureza” da máquina de lado. A arquitetura deveria sofrer modificações, já que está em constantes transformações, mas não deveria ser descartável. Para os metabolistas, não é determinada uma única tipologia ou linguagem para a edificação, a obra deve poder ser adaptada a qualquer momento histórico e a distintos programas tecnológicos, construtivos ou sociais, promovendo uma liberdade do edifício desde à concepção do projeto. Assim, a edificação não se torna ultrapassada ou obsoleta, estando apta a receber adaptações ao longo do tempo. Através da cooperação entre a tecnologia, uso adequado e atualizado das técnicas construtivas e das necessidades culturais do homem, alcançase um projeto mais flexível, que permite que
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sejam feitas alterações futuras nos objetos arquitetônicos, inclusive pelos usuários após a obra finalizada. Existem obras que são referências na questão de transitoriedade e adaptabilidade de si mesmas, principalmente quando se diz respeito a usos e programas vinculados a exposições. No Parque Ibirapuera, por exemplo, localizado em São Paulo, o pavilhão de exposições projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer recebe (ainda na atualidade) inúmeras interferências para adaptações às mostras das bienais de arte e de arquitetura, aos eventos ligados à arte do cinema, desfiles de coleções vinculadas ao universo da moda, etc., sendo estas interferências materiais ou imateriais. A edificação de reconhecido valor artístico e cultural consegue, assim, adaptar-se aos distintos usos que abriga e garante uma duplicidade de caracterização: é permanente no sentido de não ser desmontada (nem desmontável), mas agrega usos temporários em seus ambientes internos, o qualifica sua transitoriedade em termos de distribuição programática. Voltando aos pressupostos enunciados pelo Metabolismo, se faz necessário destacar o fato que ele se coloca na contracorrente de uma das principais ideias promovida pelo modernismo europeu do início do século XX, sobretudo por Le Corbusier, o zoneamento funcionalista que separava de forma rígida áreas da cidade ligadas a atividades distintas: o espaço destinado ao descanso e lazer estaria apartado dos locais destinados ao trabalho, bem como dos espaços destinados à moradia; todos, por fim, seriam conectados por uma trama vinculada às possibilidades de mobilidade urbana (circulação de pessoas e produtos) e esta trama também se conformava de modo apartado, porém habilmente conectada, às outras. Conforme analisa Kato (2011, não paginado) “O pensamento dominante entre os Metabolistas é o de que a cidade deve mudar no mesmo ritmo da vida orgânica (daí o nome do grupo japonês), o que faz todo o sentido para a nação oriental, vítima de constantes desastres naturais”.
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Kurokawa (2001) diz muito sobre tais pressupostos, como pode ser observado no trecho a seguir:
Se um trabalho de arquitetura é congelado em uma definida forma no presente, sua autonomia é assegurada. Mas se a certeza é que o trabalho continuará a crescer e mudar depois de sua construção inicial, o que deveria ser a fonte do ímpeto dessa mudança? (KUROKAWA apud EDUARDO SCÓZ, 2001, P.60)
Como diz a curadora-chefe do Mori Art Museum, Mami Kataoka (2011, não paginado): “O metabolismo defende não só a constante mutação da metrópole, mas também uma postura diferente do arquiteto. Em vez de pensar em um só prédio, ele deve criar uma cidade inteira”. Portanto, a linha de pensamento a ser seguida pelo presente trabalho é a relação íntima que pode se estabelecer entre os conceitos de efemeridade e flexibilidade de modo a se criar um objeto arquitetônico durável, que esteja em contínua comunicação com o meio urbano, e que possa atender uma sociedade por um longo período de tempo, mas que para isso seja flexível, podendo abrigar usos distintos de forma satisfatória, e que esses usos possam continuar mudando ao longo do tempo. Para além, uma arquitetura que pelos princípios técnicos de modulação e estruturação de um sistema construtivo racional possa ampliarse ou reduzir seu espaço físico (e área útil) abrigando outras possibilidades de funcionamento – daí seu vínculo com a ideia de efêmero. O trabalho busca criar uma arquitetura durável, com usos transitórios e possibilidades de alteração de sua forma. Ora a edificação pode ser estabelecida como um conjunto habitacional para usuários que se encontram em um estado de vulnerabilidade social, ora recebe transformações ganhando diferentes possibilidades de arranjos volumétricos e, então, de abrigar usos distintos que atendam a uma determinada população. Isso deve ocorrer para que a obra exerça bem sua função e não se torne obsoleta. Fugindo do desaparecimento e, como afirma SCÓZ (2001, 47), “ganhando um novo significado que ainda reflita o dever-ser da sociedade que a herda”. Exatamente como diz o trecho de Eduardo Scóz (2001) destacado a seguir: Uma obra pode ser reaproveitada para
uma sociedade se contiver um quê informacional que identifique uma ponte substancial desta sociedade, que expresse seus interesses, ou se mostre como um espelho do seu vir a ser. (EDUARDO SCÓZ, 2001, p.65).
A ocupação transitória, que sempre ocorreu em diferentes culturas ao longo da história, hoje precisa ser notada e ter lugar de importância no estudo arquitetônico. Essa importância se deve não só ao cunho social, mas também ao cunho ambiental, já que, segundo Edwards (2004), 20% do lixo produzido pela sociedade tem como fonte a arquitetura, que também emprega 50% dos recursos naturais do planeta. Portanto, são necessárias soluções para diminuir os prejuízos trazidos pela arquitetura, e para esta adequar-se aos aspectos culturais e necessidades funcionais dos dias atuais e de épocas subsequentes à contemporânea. O conceito de efemeridade dos usos, e não no objeto arquitetônico em si, consegue, por fim, alcançar a otimização da distribuição de programas distintos nos espaços projetados, vinculando-se aos universos ambiental e econômico da sustentabilidade ; ao passo que consegue sanar minimamente uma problemática social de determinada população, no momento que absorve necessidades funcionais distintas ao longo da vida útil da edificação, dialogando, então, com os três aspectos que perpassam uma temática atual (e, aparentemente, permanente) da sociedade: a sustentabilidade em sua instância mais profunda.
2.1.2. O CONCEITO DE FLEXIBLIDADE NA ARQUITETURA: POSSIBILIDAES DE APLICAÇÃO Pensando de maneira geral no vocábulo “flexibilidade”, o senso comum vai aliá-lo a uma definição que o vincula à questão de ajuste/acomodação/modificação do espaço em relação ao que é necessário alocar ali. Nesse sentido, essa qualidade de se acomodar e se adaptar o espaço arquitetônico é o fato sobre o qual trataremos nesse capítulo. Segundo Tramontano (2006), a arquitetura de edifícios plurifamiliares – que se difundiu amplamente no Brasil (e principalmente em regiões metropolitanas como São Paulo/SP) a partir dos anos de 1920 – agrega em si alguns problemas para com a qualidade espacial proposta por tais edifícios arquitetônicos. Isso se deve ao fato de que esse tipo de experimentação projetual se difundiu de tal forma que passou a se reproduzir como uma espécie de projeto-carimbo – o qual não dialoga com as qualificações peculiares do lugar de implantação, muito menos com as necessidades particulares e comportamentos culturais do público-alvo a que se destina. A partir das discussões que Marcelo Tramontano inicia, já na década de 1980, a respeito de uma análise dos edifícios paulistas produzidos nas décadas de 1940 e 1960, entramos em contato com um universo de múltiplos perfis familiares, de uma sociedade que vem se organizando de formas distintas daquela da tradição burguesa, presente por volta dos séculos XIII e XIX na Europa. Ao longo do último século, houve alterações nos modos de vida, novos formatos de famílias começaram a aparecer, segundo dados censitários e acadêmicos, configurando novos tipos de usuários. As relações familiares vêm mudando, acontecimento que, segundo o historiador Sakae Tsunoyama (apud Tramontano, 2006, p.4) pode ser denominado de “desintegração da família (nuclear) na sociedade pós-industrial”. Porém, se focarmos nossa análise na distribuição espacial do programa da unidade autônoma amplamente difundida nos anos de 1980, conseguiremos perceber que as plantas não recebem variação alguma (ou se recebem, esta é mínima), e não acompanham nenhum tipo de alteração sociocultural ocorrida na
época, continuam sendo divididas em áreas íntima, social e de serviço, seguindo o padrão burguês estabelecido na Europa do século XIX, assim como constata Tramontano (2006) “Neles, é surpreendente a semelhança – muito mais nítida do que em outras tipologias – entre o desenho e a disposição de seus cômodos e aqueles do apartamento burguês da Belle Époque francesa.” Projetos de baixa qualidade dado que não comportam em si mesmos as necessidades cotidianas da época e, desta forma, visavam apenas à comercialização. Estes foram replicados não somente no período destacado (anos 1970 e 1980), mas também entre as décadas de 1990 e 2000. Tendo em vista todos esses estudos, na atualidade, ou seja, desde a década de 1990, a arquitetura e o urbanismo tentam implementar na concepção dos projetos, uma variabilidade interna e externa, que permita a absorção desses diversos perfis familiares. Entretanto, observamos que o mercado imobiliário, talvez por um falta de proliferação de cultura ou por se acreditar em questões lucrativas financeiramente, ele ainda replica aquele projeto padrão. Entretanto, o desejável é que se uma composição familiar pode sofrer inúmeras modificações ao longo do tempo e essa alteração contínua talvez possa ser traduzida na arquitetura através de sua flexibilidade. Uma arquitetura ideal é a que se adequa às transformações ocasionadas pela mutabilidade da vida humana, e tal conceito comparece no universo da arquitetura e do urbanismo desde o período modernista, ou seja, é uma alternativa a ser ainda na atualidade explorada, entretanto fala-se dela há mais de 100 anos. Dentre a análise essas mudanças, observamos que surgiram sim alguns novos modos de pensar tais alterações estruturais da sociedade, novos movimentos relacionados inclusive à arquitetura e ao urbanismo, assim como constata Silva (2004, p. 1) “Entusiasmados com os efeitos dessa perspectiva de progresso, muitos arquitetos da época viam a arquitetura tradicional como um grande artefato obsoleto e compartilhavam a crença de que era possível e necessário uma transformação total da disciplina arquitetônica”.
Um desses movimentos é o grupo Archigram, que teve sua origem na Inglaterra no início dos anos 1960, produzindo, entre outras experimentações projetuais, a habitação como uma cápsula - extremamente privada criando um espaço secundário em relação ao meio físico exterior. Eles idealizaram arquiteturas que se fundamentavam em ideias e princípios que estavam intrinsecamente relacionados às transformações provocadas pelos novos sistemas de transporte, pelos novos sistemas de comunicação e de informação e pelas novas tecnologias eletrônicas. Eles estavam atentos ao crescente desenvolvimento tecnológico e muito esperançosos com as mudanças provocadas por ele no seio da sociedade e nos diversos campos do saber, principalmente na arquitetura. (SILVA, 2004, p. 2) Porém, ainda que as ideias e os projetos arquitetônicos do Archigram repercutissem por todo o mundo, influenciando arquitetos e desencadeando uma onda de pensamentos diferentes de tudo o que até então era classificado como arquitetura, a contribuição do movimento para uma nova produção habitacional não foi significativa. Foi então que surgiu o movimento Metabolista, em Tóquio, (movimento este já citado no capítulo anterior, onde tratamos sobre arquitetura efêmera), que propôs experimentações mais significativas para a questão habitacional da arquitetura, trazendo consigo o desenvolvimento do conceito de flexibilidade e mudanças no modo de projetar utilizado até então para o programa da moradia, tentando promover a integração de seus espaços. Este ideal estudado pelos Metabolistas é algo que se aproxima do que deve ser buscado hoje: uma reflexão sobre a variabilidade tipológica das unidades habitacionais, a fim de abrigar os inúmeros tipos de usuários que existem e que compõem a sociedade nos dias atuais, já que cada modo de vida corresponde a um modo de se apropriar o espaço da moradia. No Brasil também tivemos alguns exemplos de arquitetos que buscavam a flexibilidade na arquitetura - apesar desta arquitetura ser ainda destinada à família nuclear - como Rino Levi e Rui Otake. Hoje, temos uma quantidade um pouco maior de profissionais que trabalham
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nesse campo das adaptações habitacionais na arquitetura, porém, fatidicamente, são poucos os exemplares oferecidos no mercado que dialogam efetivamente com questões ligadas a uma real flexibilidade do ambiente construído. Podemos dizer ainda que o conceito de flexibilidade virou uma espécie de modismo, tanto que, atualmente, inclusive importantes construtoras, utilizam o discurso da flexibilidade, mas muitas vezes esvaziado, disseminando uma ideia de que o projeto é flexível, quando na verdade são propostas soluções de flexibilidade ínfimas, transformando na maioria das vezes apenas pequenos espaços. Muitas vezes, essa rigidez arquitetônica se deve à inexistente concentração dos serviços e à organização sempre baseada em cômodos estanques e numa planta de tamanho reduzido, já que, conforme Tramontano (2006), a noção de “cômodo” é ultrapassada e a flexibilidade de uso dos espaços internos da habitação depende apenas da mobilidade e da variedade de seus equipamentos. Devemos, hoje, encarar o ambiente como se fossem equipamentos funcionais, e não como cômodos, pois assim a facilidade de se alterar o uso é extremamente maior. Nessa linha de pensamento, os lofts são bons exemplos quando se diz, respeito à flexibilidade, já que possuem todos os elementos de uma casa tradicional, mas dispostos livremente com diversas possibilidades de alterações de seus arranjos espaciais. Vemos, então, que alguns fatores podem definir melhor a multifuncionalidade e capacidade de adaptação dos espaços, tais como: a flexibilidade trabalhada com equipamentos e vedações móveis , que definem o espaço multiuso; a funcionalidade não mais definida por paredes; a organização do espaço em “zonas” e não em “cômodos”. Além disso, a plurifuncionalidade do espaço e a criação de módulos construtivos facilmente edificáveis são estratégias para alcançar uma expressiva possibilidade de mudanças de usos nas edificações.
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O apelo para o uso de equipamentos mais difusos e menos concentrados, de uso múltiplo, é um método para trabalhar a flexibilidade,
fator este estudado pelo Grupo Haro - que prevê elementos acessórios móveis a serem inseridos na arquitetura, que possibilitam a flexibilidade de acordo com o estilo de vida e o uso da edificação. Esse grupo faz estudos, por exemplo, com a cozinha, que deixa de ser um cômodo, a “cozinha-laboratório”, ou a “cozinha-dentro-da-sala” e passa a ser uma “cozinha-elementar”, onde a ação de se alimentar é que está em evidência, e a forma como é praticado este ato varia de acordo com seu usuário, variando então a configuração do espaço, já que a análise das necessidades reais dos usuários é que deve ser o fator determinante para a constituição do programa. As mudanças no ciclo familiar e a transitoriedade de usos do edifício devem se correlacionar a uma flexibilidade do espaço arquitetônico, capaz de absorver uma contínua transformação. O novo modo de vida e os novos equipamentos gerados por grandes tecnologias permitem uma sobreposição de funções nos espaços, eliminando a ideia de cômodos destinados a uma atividade, assim como constata Jorge (2012, p. 27):“A flexibilidade auxilia o direcionamento de uma nova mentalidade arquitetônica, voltada para a satisfação do usuário, para a melhoria do espaço e para a promoção de uma durabilidade prolongada”. Para atingir a viabilização desse tipo de projeto, temos diversos sistemas construtivos flexíveis, sendo a préfabricação o mais conhecido e, dentro do sistema de pré-fabricação, uma infinidade de outros subsistemas destinados a todas as partes do edifício. Conforme Jorge (2012, p; 63), “Leupen (2006, p.32) desenvolve um sistema composto por uma coleção de elementos arquitetônicos desconectados: estrutura; pele – separação entre exterior/interior; fachadas e coberturas; cenário; instalações e acessos”. Assim como Stewart Brand que classifica a edificação em sistemas em camadas, cada qual com sua vida útil, relacionando-se ao conceito de open-building, dando espaço às mudanças de diversos caráteres – vide imagens 03 e 04.
Nesse sistema, cada camada possui uma durabilidade própria - uma vida útil - e tratando-as de forma separada, uma não interfere na outra, trazendo ao edifício como um todo, uma durabilidade maior. Assim como constata Jorge (2012, p. 64), fazendo referência a Brand: “Conforme Stewart Brand (1994) a adaptabilidade do edifício é indispensável para que este possa atravessar o tempo e manter-se atual”. Através da análise desse método, saímos do pensamento na esfera da unidade autônoma de habitação, já que o modo de vida contemporâneo pede modificações, não só no âmbito da moradia, mas também no uso dos edifícios. Nos dias atuais, as ações e o modo de vida da sociedade estão em constantes mutações, que acontecem num tempo muito curto, e fazem com que o meio urbano se transforme, sendo assim necessário que a edificação acompanhe essas modificações urbanas, e perdure no decorrer destas. Partimos ainda, para a análise socioambiental: vivemos num período em que nada mais deve ser descartado, por questões de redução de impactos ambientais, devendo a sociedade reutilizar produtos e, para tanto, otimizar suas funções, para que haja um consumo consciente destes. Assim, novos modos de pensar o ambiente arquitetônico, alicerçado pela existência de novas tecnologias e de distintos processos construtivos, são imprescindíveis para viabilizar as intervenções direcionadas à flexibilidade do projeto e à sua sustentabilidade ambiental, econômica e social. Seguindo essa linha de pensamento, os edifícios verticais são, ainda, a grande solução para as cidades atuais saturadas, e também para impedir a expansão horizontal prejudicial da malha urbana de cidades em crescimento. Isso significa que, em última análise,
uma das modalidades mais adequadas para regiões metropolitanas como a de São Paulo ainda é o edifício verticalizado de habitações, mas certamente revisto e atualizado. Não o condomínio fechado, com controle de acessos e homogeneidade de rendimentos familiares, e provavelmente tampouco o conjunto habitacional público das periferias pobres, em cujas áreas coletivas amontoa-se lixo e entulho...
Edifícios e conjuntos baseados em novas conceituações, talvez pensados mais como fragmentos urbanos e menos como fortalezas e guetos, mais como locais de vida social, pautada pela convivência de diversidades e menos como emblemas de segregação e marginalização. (MARCELO TRAMONTANO, 2006, p. 10)
Portanto, se essa arquitetura de edificações verticais é um ponto importante para as novas cidades (do ponto de vista construtivo, ambiental e social) ela deveria ser mais bem analisada e desenvolvida, já que vemos que o modelo ainda hoje difundido não atende mais às necessidades atuais. As edificações contemporâneas necessitam cada vez mais de novos modos de pensar, mais flexibilidade, para que seja possível o processo de transformação e reutilização (o que se vincula diretamente com a possibilidade de aplicação de usos distintos no ambiente construído – o que estamos chamando aqui de efemeridade de usos).
IMAGEM 03 – Diagrama de constituição dos edifícios por camadas, conforme Stewart Brand. FONTE: Adaptado de BRAND, Stewart. How buildings learn. What’s happened after they’re build. London: Penguin Books, 1994, p.13. apud JORGE, 2012, p.66
Nesse sentido, na presente pesquisa, a proposta é a construção de um objeto arquitetônico capaz de perdurar numa sociedade, e servi-la de forma satisfatória, ao longo de sua permanência. Sendo assim, teremos a possibilidade de abrigar inicialmente um conjunto de habitações, sendo estas adaptáveis a cada diferente tipologia de usuário - abrigados por estarem num momento de vulnerabilidade social, por diferentes motivos - e, após a saída dos referentes moradores, a edificação ganhará outros usos, e continuará servindo à população. A ideia central é a busca por uma nova tipologia para o ato de morar – buscando equacionar problemas atuais da sociedade, principalmente de baixa renda - incluindo um novo ideal, novo programa e uma nova forma de construir, assim como diz o Grupo de arquitetos Andrade Morettin, sobre um de seus projetos: Habitação social, baseada nas novas necessidades originárias do modo de vida contemporâneo, utilizando o princípio da flexibilidade para a adequação da habitação às diferentes necessidades de seus moradores, e o
IMAGEM 04 – Diagrama de longevidade de cada camada. FONTE: Adaptado de BRAND, Stewart. How buildings
learn. What’s happened after they’re build. London: Penguin Books, 1994, p.13. apud JORGE, 2012, p.66
princípio da industrialização e préfabricação para facilitar e baratear a construção destinada a produção de interesse social (ANDRADE MORETTIN, 2007, não paginado).
Assim como relata Jorge (2012), a definição de flexibilidade na arquitetura é relacionada à natureza espacial, à tecnologia construtiva,
ao programa de necessidades e aos usuários. Ela classifica a flexibilidade em vários tipos: ampliação; refuncionalização; flexibilidade organizacional; adaptabilidade; associação; modulação; fachadas flexíveis. Vários desses meios devem ser utilizados no referido projeto, que deve conter uma flexibilidade programada e sobretudo ligada aos usos da edificação.
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Para isso, devem ser projetados elementos estruturais permanentes e duráveis, mas que permitam a inserção de elementos interiores de diversos tipos e de fácil remoção ou modificação. O projeto deve conter alguns mecanismos que tragam a flexibilidade arquitetônica, e viabilizam a adaptabilidade da edificação como um todo, e de cada unidade nela presente. Assim, o edifício se tornará flexível, conseguindo acompanhar as modificações de uma sociedade. Há coisas que podem ser substituídas, e forçosamente serão substituídas, mas me pergunto se os edifícios serão substituídos... Não, acho que deveríamos ser sensatos. Não é preciso construir para durar milênios, como as pirâmides, mas um edifício deveria viver tanto quanto seja possível, não há razão nenhuma para fazê-lo simplesmente provisório. Nesse caso, dever-se-ia montar barracas! (MIES VAN DER ROHE apud PUENTE, 2006, p.34)
2.1.3. APLICABILIDADE DOS CONCEITOS DE EFEMERIDADE E FLEXIBILIDADE EM EDIFICAÇÃO PROJETADA PARA ABSORVER CONTIGENTE POPULACIONAL LIGADO A PROCESSOS DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DE ASSENTAMENTOS INFORMAIS (FAVELAS). Nos dois primeiros capítulos abordamos temas relacionados ao objeto, foco do presente estudo, e a importância da relação dele com o meio urbano, locus de implantação e a população-alvo. Assim, as temáticas da flexibilidade do objeto arquitetônico e a efemeridade de seus usos (transitórios ao longo da vida útil do edifício) foram habilmente analisadas e vinculadas entre si para conferir sustentação teórico-conceitual à subsequente proposta projetual. Porém, a análise deste capítulo descreve o meio através do qual chega-se ao objeto arquitetônico propriamente dito a ser elaborado, além de tratarmos, mais especificamente, do usuário a que ele será destinado Seguindo essa linha de pensamento, o intuito deste trabalho é atingir um caráter emergencial de cunho social, e não emergencial voltado a atender uma população vítima de desastres naturais. Esse partido foi tomado levandose em conta as reais necessidades de nosso país: a baixa quantidade de ocorrências de desastres naturais no Brasil em relação ao número de pessoas em vulnerabilidade social por conta do déficit de moradias. O objeto escolhido para elaboração projetual foi escolhido a partir de uma problemática latente e estrutural da sociedade brasileira: se analisarmos o país, a maior mancha histórica nele colocada é a discrepância social, ou seja, não há e nunca houve em nossa conformação social uma distribuição de renda igualitária. Nesse sentido, há uma pequena porcentagem de famílias abastadas e muitas famílias mais pobres. Assim, a opção por trabalhar com um objeto relacionado ao assentamento informal se justifica por ser esta a maior lacuna que o Brasil possui, em termos de aspectos sociais.
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Portanto, o objeto arquitetônico em questão deve ser um tipo de habitação temporária um tanto quanto diferente do que é visto de modo geral nos dias atuais quando nos referimos à questão da efemeridade de moradias. Na maioria
dos casos, vemos projetos humanitários, de moradia provisória para populações que sofreram com desastres de ordem natural ou que advém da intervenção humana sobre o meio físico natural/construído . Já no caso a ser proposto por este trabalho, a habitação deve ser utilizada a fim de contribuir para com o processo que busca solucionar o déficit de moradia dos centros urbanos de porte grande e médio – processo de regularização fundiária, do qual trataremos ainda neste capítulo possuindo estruturas mais elaboradas, que tragam uma comodidade ao indivíduo que ali se instala, até que ele seja realocado em sua moradia definitiva. Ainda assim, através do relato de Shigeru Ban - arquiteto japonês que recebeu o Prémio Pritzker de arquitetura, em 2013 – percebemos que há uma relação intrínseca entre essas duas qualidades de moradia temporária. O autor de projetos de moradia provisória para populações em crise humanitária, diz que: Casas temporárias para vítimas de conflitos, tufões e terremotos, testadas em lugares como China e Ruanda, poderiam ser utilizadas em diversos outros lugares do mundo, a fim de solucionar problemas de déficit habitacional, como ocorre no Brasil, sendo então adaptadas às necessidades locais. (SHIGERU BAN, 2013, não paginado)
Sendo assim, os mesmos conceitos (de efemeridade, transitoriedade e flexibilidade) já enunciados nesse trabalho, podem ser utilizados a fim de solucionar uma problemática brasileira - e em especial, do município de Ribeirão Preto – já que, mesmo sendo o direito social à moradia reconhecido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), e também assegurado pela Constituição Brasileira de 1988 - que em seu artigo 6º prevê: “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados” - no Brasil, temos como um dos principais problemas urbanos o déficit habitacional, assim como constata AGUIAR (2014): A questão da habitação pode ser considerada um dos principais problemas do Brasil. Segundo a Fundação
Joao Pinheiro (2007) o Brasil em 2005 tinha um déficit habitacional de 7,8 milhões de moradias, sendo que desse total, 90,3% corresponde à população com renda mensal de até três salários mínimos. Outro dado importante é que nesse mesmo ano estimava-se a existência de 15 milhões de moradias inadequadas no Brasil, a grande maioria pela ausência de saneamento ambiental e/ou infraestrutura adequada. (MARIZA DREYER DE AGUIAR, 2014, p.16)
Vemos ainda, como já foi dito, uma grande desigualdade na apropriação de terras no país, onde poucos têm muito e muitos têm pouco. A origem dessas desigualdades foi a Lei de Terras, criada em 1850. Desde então, foi estabelecida a compra das terras, e não mais a ocupação, dando a propriedade das terras apenas àqueles possuidores de riquezas. Já entre o final do século XVIII e começo do século XX, ainda que a população não possuísse terras, vimos o grande êxodo rural - migração da população para os centros urbanos - em busca de emprego e uma nova qualidade de vida, tratando-se de um período de revolução industrial e mudanças no modo de viver, pensar e produzir da sociedade brasileira. Com o fim da escravidão e ascensão da indústria, o Brasil recebeu em suas cidades escravos e imigrantes. A princípio, os trabalhadores começaram a se instalar nas vilas operárias, próximas às fábricas, entretanto, a partir das décadas de 1940 e 1950 principalmente, começou a ocorrer um intenso crescimento da população dos grandes centros urbanos, ocasionando a escassez das moradias. Mas, ainda assim, as cidades não paravam de receber moradores - como acontece até os dias atuais (vide imagem 05) - já que a qualidade de vida na cidade, e as oportunidades lá obtidas, eram consideradas melhores do que no campo. Como meio de solucionar esses problemas, nos períodos de Ditadura Militar, foram criados o Sistema Financeiro de Habitação, juntamente com o Banco Nacional de Habitação (SFH/ BNH), promovendo a construção de moradias de interesse social e financiando a aquisição da casa própria. Porém, a qualidade dos espaços
IMAGEM 05 – Gráfico de distribuição percentual da população nos Censos Demográficos, segundo Brasil e a situação do domicílio - 1960/2010. FONTE: IBGE, Censos demográficos.
da moradia destes projetos era pífia, bem como as condições de habitabilidade (mobilidade urbana, equipamentos de suporte à educação, à saúde, ao lazer etc.) oferecidas aos extratos menos favorecidos economicamente da sociedade brasileira. Nesse cenário, essa população mais carente começou a se aglomerar em locais específicos, formando comunidades próprias já que, desde então, havia uma segregação socioespacial do ambiente urbano e o espaço ocupado por elas nas grandes regiões metropolitanas, ou mesmo nas cidades de porte mediano, era desqualificado em termos de possibilidades de assentamento das aglomerações humanas (geralmente encostas de topografia acidentada, fundos de vale ligados às inconstâncias das cheias dos cursos d’água e/ou zonas periféricas para além do perímetro urbano). Isso se deve
ao fato de que mesmo as moradias edificadas pelos programas de governo já destacados pouco atingiam a classe populacional mais carente (que recebia entre 0 a 3 salários mínimos por unidade familiar), como constata AGUIAR (2014): Para Peruzzo (1984), apesar do discurso oficial, de que o BNH ofertaria habitações à população de baixa renda, o segmento da população contemplada pelo mercado consumidor das habitações financiadas pelo BNH não eram as de baixa renda. Segmento este, por sua vez, praticamente excluído desse mercado. Vale destacar que no período de 1964 até 1980 o SFH destinou apenas 10% das produções de moradias à população com remuneração inferior a 3,1 salários mínimos. Em contrapartida, destinou 60% dos investimentos para a população com
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rendimento mensal acima de 10 salários mínimos. As habitações estavam sendo construídas não para quem precisava, mas para quem pudesse pagá-las. (AGUIAR, 2014, p.25)
Já no início dos anos de 1980, as condições de vida se agravavam no país, com grandes índices de desemprego devido à recessão pela qual o país passava, gerada pela crise econômica. Deram início a manifestações, ocupações organizadas de terra, e greves. Tornava-se cada vez mais difícil o trabalhador de baixa renda conseguir comprar um lote na periferia e, paralelamente a isso, as favelas já se encontravam saturadas, não conseguindo suprir a demanda por moradia. Por falta de opções, vimos a partir daí, o surgimento de comunidades que denominamos de “Cidades de chegada” – termo utilizado por Doug Saunders, jornalista e autor britânicocanadense que estudou os efeitos da onda final de migração rural-urbana sobre 20 cidades do mundo: bairros formados principalmente por cidadãos vindos da zona rural para as cidades. Essas comunidades, que conformavam espacialidades em cidades de todo o mundo, se apresentavam basicamente com as mesmas características, sendo vistas por seus moradores como um local temporário de morada. Para Saunders (2013), esses locais tinham características pouco analisadas, mas apresentam-se de grande importância para o mundo todo, assim como relata no trecho a seguir: A grande migração de pessoas está se manifestando pela criação de um tipo especial de local urbano. Tais espaços transicionais – as cidades de chegada – são justamente os lugares que vão abrigar a próxima grande economia, a próxima explosão cultural, ou até mesmo a próxima grande onda de violência. Isso irá depender de nossa capacidade de perceber os sinais e de nossa disposição para agir. (DOUG SAUNDERS, 2013, p.3)
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Hoje, devido a esse contingente de pessoas que se deslocaram em busca de melhores condições de vida, pela primeira vez, em termos de períodos históricos, existem mais pessoas vivendo nas cidades do que na zona rural. Portanto, mesmo que ainda aconteça este tipo de migração, o fluxo é menor, já
que a quantidade de pessoas que ainda vive na zona rural é muito menor em termos de comparação com as aglomerações urbanas. Contudo, em muitos lugares do mundo, essa migração vem acontecendo de forma diferente, dentro da própria zona urbana. Um grande número de indivíduos sai de centros urbanos remotos, cidades menores, para os grandes centros metropolitanos em busca de mais oportunidades e lutando pelo seu direito à moradia – considerando-se o fato de que “a luta pela moradia teve centralidade desde os anos 1980, embora, tenha perdido visibilidade nos anos 1990 e tenha sido parcialmente recuperada nos anos 2000”, conforme Aguiar (2014, p. 29). Na região de Ribeirão Preto, por exemplo, há uma grande incidência de fatos como este. Moradores de outros municípios vão para este município (caracterizada por ser o maior cento urbano e econômico da região, e estar entre os 30 maiores municípios brasileiros com índice de desenvolvimento humano elevado, segundo o censo feito pelo IBGE no ano de 2010), em busca de emprego e melhorias nas condições de vida. Esses indivíduos vêm de cidades menores localizadas nas proximidades, ou de locais mais distantes de outras regiões do Brasil, como norte de Minas Gerais e Nordeste do país ². Contudo, na maioria dos casos, esses indivíduos não encontram as condições desejadas, ocorrendo algo parecido com o que acontecia por volta do século XIX: a cidade não consegue abrigar da forma adequada os imigrantes, que não encontram emprego e moradia ao seu alcance e, como consequência, não conseguem se estabelecer de forma digna no município. É então este fato que promove a criação das comunidades humanas sem nenhuma infraestrutura ou condições básicas de moradia, além de promover o aumento do número de moradores em situação de rua. A população de baixa renda não consegue se inserir no mercado formal da habitação, e nessa busca
² Segundo o IBGE, a população ribeirão-pretana foi a sexta com maior taxa de aumento populacional do Brasil, o que mostra a ten-
por uma moradia minimamente digna, acabam se vinculando ao chamado assentamento informal - favelas, loteamentos clandestinos e cortiços. E, como uma cadeia, o surgimento das favelas e pessoas em situação de rua gera e alimenta uma série de outros problemas de distintas ordens na sociedade, no âmbito social, econômico, ambiental e, até mesmo, ligado à segurança pública. Como relata Cavalheiro (2014) a partir de referências aos seus estudos: A favela é caracterizada pela condição fundiária irregular, precariedade ou inexistência de infraestrutura e ocupação espontânea da terra. De maneira geral, possuem situações de insalubridade, riscos geológicos, inundação e de vulnerabilidade social. É comum que nas moradias haja problemas como coabitação, grande densidade habitacional, problemas estruturais, de salubridade e acessibilidade (ABIKO e COELHO apud CAVALHEIRO, 2014, p.2).
Especificamente no caso de Ribeirão Preto, através de um plano de habitação elaborado em 2010, ergueu-se a estimativa de existência de 35 assentamentos precários na cidade. Segundo Rolnik (2016), em estudo no município: “O plano previa várias ações de urbanização, além de provisão. Previa também o reassentamento em algumas áreas. Mas, desde sua aprovação, e diante da não implementação do conjunto de políticas nele previsto e do agravamento da crise econômica e habitacional, nos últimos seis anos surgiram pelo menos 13 novos assentamentos precários.” (ROLNIK, 2016, não paginado.).
Esse fato, portanto, mostra que atualmente o Estado pouco reage a esses acontecimentos 9ou não demonstra interesse
dência do município em receber indivíduos (já que esse aumento não diz respeito somente ao crescimento da taxa de natalidade).
em suprir qualitativamente, e não apenas quantitativamente, esse déficit de moradias), aumentando cada vez mais o número de favelas (ou de outros tipos de assentamentos irregulares) e de moradores em situação de rua nas municipalidades brasileiras, nas mesmas proporções em que cresce o déficit em habitação. No município de Ribeirão Preto, por exemplo, considerando-se o fato de que de 2010 até os dias atuais quase nada foi feito para dar suporte e/ou solucionar esta situação, apesar da elaboração do Plano de Habitação, já há a necessidade de uma revisão dos respectivos planos, para que seja possível atingir intervenções significativas, assim como constata Rolnik (2016): “Necessidade de uma revisão na demarcação das áreas especiais de interesse social, já que a maioria das áreas patrimoniais livres e, portanto, passíveis de serem utilizadas em programas de regularização fundiária não fazem parte das regiões definidas como Área de Interesse Social. Cerca de metade destas áreas patrimoniais encontram-se, por sua vez, relativamente próximas à boa parte dos assentamentos habitacionais precários existentes.” (ROLNIK, 2016, não paginado).
Sendo assim, apesar de terem sido colocadas em práticas algumas tentativas para mitigar as problemáticas inerentes a este panorama, existem ainda diversas lacunas no âmbito da habitação socialem Ribeirão Preto. No universo federal, tem-se como exemplo de lei que inclui programas de incentivo para diminuir esse problema, o Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257, de 10 de junho de 2001) que “estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental”. Ou ainda, o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), criado em 2009, que objetivou até o presente momento a construção de habitações destinadas a famílias com renda entre 3 e 10 salários mínimos – cuja qualidade de projetos, faz-se necessário destacar, é no mínimo duvidosa com raras exceções. Aguiar (2014) reflete a respeito desse processo ao analisar o pensamento de Nabil Bonduki:
Bonduki ao analisar o cenário da produção de habitações em 2008, assevera que “desde o início dos anos 1980 nunca as perspectivas foram tão boas para o enfrentamento em larga escala do problema habitacional, inclusive para a baixa renda”. Porém, chama a atenção que se não foremadotadas as medidas necessárias no âmbito habitacional, “da regulação urbana, da cadeia produtiva da construção civil e da capacitação institucional, o crédito farto poderá gerar um boom imobiliário, mas, novamente, os setores de baixa renda poderão ficar de fora, reproduzindose o tradicional processo de exclusão territorial”. (BONDUKI apud AGUIAR, 2014, p. 36).
Seguindo essa linha vemos que, apesar das tentativas, há ainda uma posição de exclusão da população de baixa renda e, em especial, daquelas que ocupam as chamadas favelas, sendo muitas vezes ignorado o fato de que moradia é um direito humano. Isso foi ocorrendo num processo global, agravado ao longo do tempo, sobretudo no momento em que a moradia tornouse efetivamente uma mercadoria, fundamental para um processo global de (re)arranjo do sistema capitalista. Houve uma destruição das políticas públicas e do poder do Estado a partir da década de 1970 (após a crise do modo de produção fordista), que desvinculou a habitação de seu universo políticosocial, assim como afirma Rolnik (2016, não paginado): “O destino da cidade é definido por uma lógica de rentabilidade do complexo financeiro, onde 100% da política urbana é voltada para o interesse privado. Porém, não se pode construir a política da casa própria em cima de programas de crédito”. Uma das tentativas do governo no sentido de dirimir tais problemáticas, já citada no início do texto que conforma este capítulo, e que traz algumas mudanças mínimas para o cenário enunciado é a prerrogativa do Ministério das Cidades, desde 2009, sobre a regularização dos espaços urbanos, processo este que “inclui medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais com a finalidade de integrar assentamentos irregulares ao contexto legal das cidades e garantir o direito social à moradia de seus ocupantes”. Conforme a Cartilha de
Regularização Fundiária (2009, p.6): “A Lei nº 11.977/2009 abre um novo e promissor momento para a regularização fundiária urbana no Brasil. Pela primeira vez, a regularização fundiária é definida numa lei federal, que estabelece, ainda, procedimentos, competências e cria importantes instrumentos para a sua efetivação”. O processo de regularização deve buscar soluções para a provisão de infraestrutura, a produção habitacional, a implantação de serviços e equipamentos públicos, bem como propiciar a compatibilização do direito à moradia com a recuperação de áreas ambientalmente degradadas, conforme as características do assentamento irregular. (CARTILHA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA, 2013, p.17)
Portanto, na maioria dos casos da atualidade, se opta pela regularização fundiária dos assentamento irregulares, porém, ainda assim se torna necessária a retirada de uma parte dapopulação local para que se possam estabelecer condições mínimas de moradia e salubridade. E a partir do entendimento deste processo o presente trabalho questiona para onde vai essa população que precisa ser retirada do assentamento informal para que habitações de interesse social dignas e permanentes sejam alocadas no espaço que antes era ocupado pela favela. Tal questionamento conforma, assim, o objeto arquitetônico e o público-alvo com os quais se pretende trabalhar. Especificamente em Ribeirão Preto, segundo o Plano de Habitação de Interesse Social (PLHIS), inicialmente definiram-se ações e programas que poderão ser utilizados para intervenção em cada assentamento precário, sendo estas ações como reassentamento, remanejamento, melhoria habitacional, recuperação ambiental, adequação de infraestrutura; e programas como: assistência técnica e para compra de material de construção; produção habitacional; urbanização de assentamentos precários; complementação de infraestrutura. São algumas metas do PLHIS entre 20102023 (2010, p.69): “Promover soluções habitacionais, sob responsabilidade pública e em parceria com os segmentos da sociedade, para o atendimento às necessidades
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habitacionais dos cidadãos do município, principalmente da população de baixa renda”, além de suprir o déficit habitacional nesse período, urbanizando e regularizando todos os assentamentos precários do município. Com isso a intervenção tem como foco eliminar, ou ao menos diminuir, a vulnerabilidade da população em questão. Assim como constata Cavalheiro (2014) “Nos projetos que envolvam remoção deve-se pensar na vulnerabilidade da comunidade envolvida, já que em muitos casos é o que se pretende eliminar com a adoção de tal medida.” E, para isso, é necessária a remoção total ou parcial da população, causando a ela uma série de impactos (inclusive de cunho psicológico). O ideal, então, é agir de forma que os meios de intervir nos assentamentos irregulares tragam o mínimo de influências negativas para vida dessa população. De acordo com a ONU, a intervenção deve incluir a participação da população, adequada notificação dos moradores sobre os acontecimentos, bem como a provisão de relocação e/ ou compensação. Sendo proibidas ações que resultem em perda de moradia ou piora das condições da habitação e de vida da população. (CAVALHEIRO, 2014, p.1501).
Segundo Cavalheiro (2014, p. 3) “A portaria brasileira reconhece o impacto dos reassentamentos no cotidiano das famílias e nas redes sociais, além da existência do risco de empobrecimento e da exposição a diversas vulnerabilidades, considerando a necessidades de medidas que eliminem ou minorem tal ameaça.”. A remoção de famílias das favelas traz a cada uma delas uma problemática, sendo ideal nesse processo a participação da população e, com o intuito de promover essa integração, a ação do Trabalho Social (TS), inserido nos programas de política habitacional do governo federal.
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Ocorrem mudanças não programadas, mas, apesar disso, a maioria das famílias encara esse processo, apesar de conturbado, como um caminho para alcançar o que almejam: a casa própria. Todavia, as mudanças são algo que afetam no funcionamento das famílias e da comunidade, como analisa Cavalheiro (2014), a partir de várias referências conceituais
e estudos de casos: Outro aspecto que pode afetar o rendimento dos moradores, sua adaptação e apropriação do novo local de moradia é a quebra das redes sociais. Para Schmidt–Soltau (2003) o deslocamento involuntário afeta as relações sociais e o estilo de vida do grupo. De acordo com Soares (2008) as remoções impactam na perda de clientes, desemprego, maior número de pessoas trabalhando fora da comunidade, aumento dos gastos com transporte e menor quantidade de trabalhadores com carteira assinada. Surge também o impedimento para algumas mães de continuar a trabalhar e estudar, já que necessitam deixar seus filhos com parentes ou vizinhos, que agora estão distantes, como lembra Noce (2008). (CAVALHEIRO, 2014, p.1503).
É ideal, portanto, que se tenha uma preocupação com a relocação mesmo que temporária dessa população, ou o abrigo efetivo dela até que se tenha algo definitivo em termos habitacionais, para que o processo seja menos drástico e cause menos transtornos à comunidade e até à sociedade como um todo. Os moradores de assentamentos irregulares estão nesses locais justamente porque não têm uma renda suficiente para pagar uma moradia legal e os reassentamentos demandam tempo de execução/construção das novas unidades habitacionais que abrigarão parte ou a totalidade da população que antes se organizava através do assentamento. Entretanto, há uma lacuna identificada nesse processo, que trata justamente da alocação deste contingente populacional durante o processo de execução do assentamento formal regularizado. Nesse sentido, o ideal do presente trabalho é criar uma tipologia de conjunto habitacional que seja inserido próximo à área de intervenção da regularização fundiária, podendo abrigar a população até que a ela seja estabelecida uma condição permanente. Sendo assim, essesmoradores não sofreram grandes impactos com o deslocamento e com as mudanças a eles interpeladas pelo processo de regularização fundiária, funcionando a moradia temporária como algo transitório em suas vidas, e que já traga melhorias à qualidade desta.
Os moradores passarão, quase que de forma imediata, a ter um endereço e condições dignas de alocação em espaços de moradia, e assim já obtêm uma facilidade maior de conseguir emprego, além de começar a assimilar melhores noções de cidadania. Conforme disse Alejandro Aravena no documentário Urbanized (2006), quando a pessoa ganha uma moradia digna, com o mínimo de salubridade, por si só ela cria uma condição de limpeza, da ideia de se conformar enquanto sujeito político dentro da sociedade a qual pertence. Automaticamente, o cidadão tende a se portar de uma forma diferente perante a sociedade. E, com um emprego melhor, morando melhor, ele consegue aos poucos deter um melhor poder aquisitivo. O objeto então reduz as incertezas quanto à manutenção da posse da habitação que irá receber, mitigando a possibilidade de piora das condições de vida destas famílias. Esses locais normalmente funcionam como um meio de ascensão social, já que os cidadãos, a partir do momento em que se entendem como sujeitos detentores de uma digna moradia, tendem a começar a economizar, investir em si mesmos e na melhoria de suas condições de vida. Além disso, estando a habitação temporária localizada nas proximidades da área de intervenção – sendo esta uma característica que visamos atingir no objeto resultado do presente trabalho – a população consegue participar dessa produção, direta ou indiretamente, e como diz Cavalheiro (2014) “Com a efetiva participação da população, as necessidades e preferências poderiam ser atendidas para que o reassentamento possa se adaptar à capacidade pagadora dos moradores, manutenção de suas redes sociais e adequação da UH, minorando a rotatividade”. Assim, como defende o arquiteto chileno Alejandro Aravena, elencando o poder do design e da participação popular como soluções para desafios da arquitetura e do urbanismo frente aos problemas da sociedade atual. Por fim, a proposta do projeto é trazer de volta a ideia de moradia como direito humano, elemento de dignidade básico. Morar estar
em
irregularmente significa condição de insegurança
permanente; por esse motivo, além de um direito social, podemos dizer que a moradia regular é condição para a realização integral de outros direitos constitucionais, como o trabalho, o lazer, a educação e a saúde. Além de transformar a perspectiva de vidadas comunidades e das famílias beneficiadas, a regularização fundiária também interfere positivamente na gestão dos territórios urbanos, já que os assentamentos regularizados passam a integrar as rotinas administrativas dos municípios. (CARTILHA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA, 2013, p. 12)
Para isso, hoje é ideal que tenhamos uma estrutura apropriada para abrigar esses cidadãos de baixa renda (advindos das situações de rua, favelas ou de outros municípios), por um curto período de tempo, podendo diminuir parte do caos relacionado ao déficit de moradias existente nas cidades. Um local destinado à moradia, que funcione como uma “Cidade de chegada”, mas que não fosse localizado às margens da sociedade, tanto no aspecto social, quanto geográfico. Dando este equipamento temporário um suporte aos moradores, eles se estabelecerão em moradias oferecidas por programas de habitação social do governo local de uma forma mais consolidada e estável, ganhando melhores expectativas de crescimento. Essa relação criada entre as pessoas e o equipamento que se pretende projetar é similar ao que acontece nas chamadas “Cidades de chegada”, mas de uma forma planejada e com fluxo intenso, caracterizando uma temporariedade efetiva e clara. Em Liu Gong Li na China, por exemplo, loteamento urbano que é uma das cidades de chegada analisadas por Saunders (2013), vemos de forma objetiva esses tipos de relações: Em outras palavras, a função social desse lugar é a chegada. Liu Gong Li, como dezenas de milhares de outros bairros de periferia no mundo, desempenha um conjunto de funções. Não é apenas um local para viver, trabalhar, dormir, comer e fazer compras; é mais do que tudo isso, um espaço de transição. Além da sobrevivência, quase todas as atividades importantes existem para colocar não apenas para colocar os moradores das vilas, mas os próprios
vilarejos dentro da esfera urbana; para trazê-los para o centro da vida social e econômica, para a educação e a cultura, tornando-os parte de uma prosperidade sustentável. A cidade de chegada é povoada por pessoas em transição – transformando as pessoas de fora em cidadãos centrais e ‘essenciais”, com futuros sociais, econômicos e políticos sustentáveis na cidade – e é por si só um local de transição, pois suas ruas, suas casas, e as famílias ali estabelecidas, ou se tornarão um dia parte da cidade central, ou cairão na pobreza e serão destruídas. (SAUNDERS, 2013, p.11)
A ideia, então, é criar um espaço de chegada com as mesmas funções descritas por Saunders, porém, em menores proporções, de forma que a população necessitada seja abrigada por um breve período de tempo. O espaço como um todo deve ser algo simbólico: simboliza a proposta de transferência de famílias que vivem de forma precária para uma vida mais digna, caracterizando-se como um espaço de transição e, portanto, temporário. Esse espaço deve funcionar como um conjunto habitacional, mas diferente dos modos tradicionais, de forma que os moradores busquem absorver dali todas as oportunidades oferecidas, enquanto se aplicam para obter uma moradia permanente. As espacialidades e funções devem ser repensadas, e possivelmente algumas delas serão agrupadas, a fim de relacionar a arquitetura a um espaço de transição, e não definitivo. Transição esta do precário para o digno, da favela para uma habitação consolidada. Fazemos assim uma ponte entre o urbanismo e a arquitetura, englobando também uma série de outras questões relacionadas a projeto arquitetônico, aspectos sociais, econômicos, tecnológicos e ambientais. Concluindo, se trata de projetar não apenas para um lote específico, mas também apontar caminhos para o importante problema habitacional de uma realidade específica do país.
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PROJETUAIS LEITURAS Foram realizadas leituras projetuais de 4 objetos distintos - sendo que dois deles se materializaram e os outros dois permanecem no universo do projeto. Esses projetos foram escolhidos de forma que pudessem fornecer subsídios à proposta projetual em questão, quando se diz respeito à conceito, métodos construtivos ou materialidade.
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NAGAKIN CAPSULE TOWER 22
FICHA TÉCNICA »» Arquiteto: Kisho Kurokawa »» Ano da construção: 1970 - 1972 »» Tipo de projeto: Residencial »» Localização: Ginza, Tóquio, Japão »» Implantação no terreno: Isolado »» Área construída: 429.51m² »» Área total do piso: 3.091.23m² »» Pavimentos: 1 subsolo + 11 e 13 pisos »» Materialidade: Metal e concreto
CONCEITUAÇÃO / PARTIDO. O século XX, como um todo, foi um período em que ocorreram vários tipos de experimentações, e muito disso se deu na arquitetura. Arquitetos buscavam criar habitats para o novo mundo, rompendo laços da tradição arquitetônica, acompanhando as transformações no modo de vida dos cidadãos. O conceito do projeto da Nakagin Capsule Tower foi inovador, pondo em prática ideais do Metabolismo, movimento liderado por Kisho Kurokawa, - já discutido no capítulo 4.1.1, onde tratamos de arquitetura efêmera - sendo o edifício mais famoso que surgiu a partir dessas experiências sociais, e a primeira arquitetura de cápsula do mundo de fato construída para o uso. Para os Metabolistas as formas fixas já não acompanhavam o modo de vida moderno e as transformações que ocorriam, então, visavam um mundo de cidades flexíveis onde edifícios, como pessoas, eram transitórios e permaneciam em constantes mudanças. Kurokawa dizia ver um mundo onde as pessoas passavam a viver um estilo de vida mais nômade, passando por várias casas. Assim, o projeto foi destinado a homens e mulheres de negócios internacionais que, trabalhando até tarde, precisariam apenas de uma área pequena para descansar e rejuvenescer antes de ir para o seu próximo destino. Além disso, ele cria a unidade como cápsula para que os indivíduos possam ser protegidos, rejeitando informações desnecessárias, permitindo a eles que recuperem sua subjetividade e independência, criando uma individualidade num mundo que se tornava cada vez mais globalizado.
módulos, possibilitando a substituição ou alteração de cada unidade após o passar do tempo, podendo também alterar a disposição dos módulos e criar ambientes diferentes. 144 unidades individuais podiam ser mudadas e movidas conforme necessário, criando uma unidade adaptável. A ideia era que a cada 25 anos as células poderiam ser substituídos, dando ao edifício uma maior longevidade, com cerca de 200 anos.
Imagem 08 – Vista externa, a partir de outro edifício. FONTE: archdaily.com.br
Imagem 09 – Vista do pedestre. FONTE: archdaily.com.br
“O edifício também se esforça para estabelecer esse espaço para o indivíduo como uma crítica ao Japão, que modernizou sem sofrer qualquer estabelecimento de um “eu“”. Seguindo essa linha de pensamento, a construção de duas torres foi feita sobre a ideia de que estruturas, bem como na natureza, poderiam ser criadas em células, que se adaptam, se modificam,além de trazerem características de uma individualidade. O projeto tornou-se um protótipo do que seria a arquitetura sustentável, devido ao fato de que as cápsulas são separadas por
Imagem 10 – Perspectiva do projeto
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O LUGAR: RELAÇÃO DO OBJETO COM O ENTORNO E COM A GLEBA. O Nakagin Capsule Tower está localizado em Ginza, uma área comercial no coração de Tóquio, no Japão, estando voltado para uma importante via. É válido saber que nestas áreas o preço da terra é muito caro, e muitas vezes excede o próprio preço do edifício (às vezes até 90% do preço total). O terreno em que está implantado possui formato irregular, sendo que a edificação foi implantada de forma centralizada no lote. Observamos ainda que o projeto é um monolito, se apresenta formalmente como um único edifício,. Porém, ainda que a geometria do projeto relate formas ortogonais, como são módulos que se encaixam, a forma arquitetônica não parece única. PROGRAMA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL. Imagem 11 – Situação do edifício, imagem de satélite FONTE: Google
A distribuição espacial da edificação, assim como de cada unidade, foi baseada no conceito de design de Kurokawa, que se concentra em como fazer o uso mais eficiente do espaço vital para acomodar o essencial do dia-adia de uma pessoa. Ele usa a denominação de “cápsula“, que vem da indústria aeroespacial (já ciente de que muitas naves espaciais implementaram a ideia de uso eficiente da área). O módulo foi criado com a intenção de abrigar viajantes que trabalharam no centro de Tóquio durante a semana. É, para a época, um protótipo de arquitetura ligada a sustentabilidade e reciclabilidade, já que cada módulo pode ser conectado ao núcleo central e substituído ou trocado quando necessário. A cápsula é projetada para acomodar o indivíduo como um apartamento ou espaço de estúdio e, criando conexões entre as unidades, também pode acomodar uma família, já que o espaço interior de cada módulo pode ser manipulado ligando uma cápsula a outras.
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Imagem 12 – Implantação
EIXO FIXO DE CIRCULAÇÃO VERTICAL UNIDADES HABITACIONAIS (ARRANJO MODULAR)
Cada unidade mede 2,3 x 3,8 x 2,1 metros e contém os equipamentos básicos de uma habitação, como: cama, televisão, rádio, mesa de trabalho, armários, fogão, refrigerador e banheiro, é completa com aparelhos e móveis, do sistema de áudio ao telefone. Na finalização do projeto, elas estavam totalmente equipadas, permitindo que aos
moradores que vivessem lá sem o incômodo da necessidade de “se mudar”. Televisão, acessórios, lençóis e até mesmo uma escova de dentes foi incluído em cada habitat individual.
Imagem 13 – Isométrica do interior da cápsula. FONTE: moreaedesign.wordpress.com
Imagens 14,15 e 16 – Fotos do interior da cápsula FONTE: moreaedesign.wordpress.com
Dois núcleos centrais de concreto suportam as 144 cápsulas pré-fabricadas, dispostas em 11 andares em uma torre e 13 andares na outra, sendo empilhadas e giradas em ângulos variados em torno de um núcleo central. Ambos núcleos centrais apresentam um elevador central, rodeado pela escada e seus três patamares por pavimento. O maior, o qual leva ao elevador, dá acesso a quatro cápsulas; os outros dois, a duas cápsulas cada. Desse modo, se formam linhas de cápsulas deslocadas um terço de nível entre si ao longo da sua composição vertical, como vemos nas elevações abaixo. No primeiro pavimento temos, num volume único, todo o suporte administrativo do hotel, tanto quanto à alimentação, como administração do edifício.
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LEGENDA USO COLETIVO ÁREA ADMINISTRATIVA
Imagem 17 – Planta d cápsula. FONTE: archdaily. ÁREA PRIVADA com.br
Imagem 19 – Planta pavimento tipo.
UNIDADES HABITACIONAIS
LEGENDA
CIRCULAÇÃO VERTICAL ESTRUTURA JANELA
USO COLETIVO
ÁREA MOLHADA FIXA
ÁREA ADMINISTRATIVA
ÁREA DE DESCANSO
ÁREA PRIVADA
PORTAS
UNIDADES HABITACIONAIS
ESTOCAGEM
CIRCULAÇÃO VERTICAL
ACESSOS
ESTRUTURA JANELA ÁREA MOLHADA FIXA PORTAS ESTOCAGEM ACESSOS
Imagem 18 – Elevações. SEM ESCALA FONTE: moreaedesign.wordpress.com
ÁREA DE DESCANSO
Imagem 20 – Planta 1º pavimento.
Imagem 21 – Planta térreo.
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Com isso também, a Nakagin Capsule Tower trabalha a questão da produção em massa - tema bastante importante para a época – desenvolvendo uma maneira de agilizar e viabilizar a produção. Do centro de cada lado do núcleo central de concreto parte uma aba metálica saliente que leva consigo as instalações de abastecimento e serviços. Cada aba permite que duas cápsulas sejam conectadas a ela por pavimento. Na sua extremidade superior, cada núcleo torna-se o volume da caixa d’água. Ambos estão revestidos por placas onduladas de aço e são cortados obliquamente por uma mesma linha virtual superior, configurando dois volumes diagonais fisicamente separados, mas virtualmente e materialmente unidos. A circulação é feita de forma espiral, ligando todos os pisos. Construída de concreto armado, assim como toda a torre central. Já o interior pré-montado apresenta uma janela circular, que promove a iluminação e ventilação da unidade.
Destaca-se como característica projetual de relevância a flexibilidade e transitoriedade inerentes ao conceito do projeto, ao passo que a edificação como um todo pode se modificar, através das trocas das células, acompanhando as transformações da vida humana, podendo adaptar-se também a diferentes configurações familiares. A célula diz respeito às atividades mais pessoais, à instância mais particular da vida, estas concentram equipamentos para higiene pessoal, armazenamento de bens e descanso, assim, os espaços de coletividade e sociabilidade se encontram fora da célula. Seguindo esse pensamento, os locais de interação podem ser elementos que influenciem meu projeto, partindo do princípio de que algumas ações do dia-a-dia dos cidadãos podem se dar no âmbito coletivo.
–Estrutura
LEGENDA
USO COLETIVO ÁREA ADMINISTRATIVA ÁREA PRIVADA
Imagem 25 – Perspectiva ilustrando o processo de montagem.
Kurokawa desenvolveu a tecnologia para instalar as unidades de cápsula, no núcleo de concreto, com apenas 4 parafusos de alta tensão, a fim de facilitar a substituição das unidades, bem como tornar as unidades destacáveis e substituíveis.
RELEVÂNCIA DA LEITURA PARA O PROJETO
Imagem 24 da cápsula
As unidades foram pré-fabricadas fora do local, em uma fábrica, e enviadas para o local, para serem anexadas aos blocos centrais. Cada cápsula foi construída com treliças, e revestida com painéis de aço leve galvanizado (o mesmo utilizado em contêineres de carga), além receberem também uma pintura de prevenção de ferrugem. As 144 unidades foram alojadas e são organizadas aleatoriamente para enfatizar seu caráter agrupável.
Imagem 23 – Ilustração do eixo central.
O edifício como um todo consistia em dois componentes: uma mega-estrutura de concreto armado contendo os elevadores, escadas, bem como pontes que se interligam a outros edifícios, e as cápsulas, que iria ancorar a estrutura em apenas 4 pontos para fácil substituição a cada 25 anos (o que não aconteceu).
Imagem 22 – Ilustração das abas metálicas.
SISTEMA CONSTRUTIVO.
EIXO DE CIRCULAÇÃO VERTICAL UNIDADES HABITACIONAIS CAIXA D’ÁGUA ABAS METÁLICAS ( PARA INSTALAÇÃO DAS CÁPSULAS)
Além disso, são relevantes os métodos construtivos, que englobam um meio de produção bastante racional e industrializado, facilitando a construção e diminuindo o tempo da produção, além de possibilitar adaptações na edificação de forma fácil. Ao mesmo tempo, embora o edifício tenha sido baseado na ideia de transformação, mas não houve iniciativas para atualizar o projeto. E é, portanto, importante para o desenvolvimento do meu projeto, analisarmos os motivos que fizeram com que isso acontecesse, produzindo uma edificação onde seja viável e eficaz a modificação.
Imagem 26 – Cortes AA e BB. FONTE: archdaily.com.br
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NÔMADE ARRANHA-CÉUS 28
FICHA TÉCNICA »» Arquiteto: Kisho Kurokawa »» Ano da construção: 1970 - 1972 »» Tipo de projeto: Residencial »» Localização: Ginza, Tóquio, Japão »» Implantação no terreno: Isolado »» Área construída: 429.51m² »» Área total do piso: 3.091.23m² »» Pavimentos: 1 subsolo + 11 e 13 pisos »» Materialidade: Metal e concreto
CONCEITUAÇÃO / PARTIDO A globalização transformou um número considerável de cidadãos nos chamados “nômades modernos” - pessoas que se contentam em viver alguns meses ou anos em diferentes cidades ao redor do mundo e, em seguida, voltam a mudar de cidade, vivendo de uma forma transitória. Nessa linha de pensamento, os arquitetos italianos Luca D’Amico e Luca Tesio desenvolveram um projeto de arranhacéus denominado “Nómade”, apresentado no concurso Skyscraper eVolo no ano de 2011, tendo sido classificado como finalista. O projeto dos arranha-céus busca criar novas formas de viver através do uso de novas tecnologias, materiais, programas, estética e organizações espaciais, juntamente com estudos sobre a globalização, flexibilidade, adaptabilidade e revolução digital. Esta é também uma investigação sobre o espaço público e privado e o papel do indivíduo e da comunidade na criação de uma comunidade vertical, dinâmica e adaptável. Segundo os criadores do projeto, o conceito é simples, baseando-se na ideia de reaproveitar containers usados, que podem ser comprados a baixo custo e, a partir deles criar espaços de moradia em seus interiores. Esses containers, que podem abrigar diferentes espaços, são inseridos em estruturas maiores, localizadas em diferentes partes do mundo. Em outras palavras, os containers passam a representar moradias móveis e efêmeras. No entanto, nesse projeto, o efêmero tem um sentido diferente dos projetos analisados anteriormente, já que a moradia pode ser permanente, mas seu local de inserção pode variar, assim, é o namadismo da unidade que gera a efemeridade ao projeto. Nesse sentido, o intuito do projeto é a possibilidade de morar em um local por um período de tempo, e levar a própria unidade de habitação para outro local. Outro conceito trazido no projeto é o da sustentabilidade, já que os recipientes que agem como unidades autônomas de moradia são reutilizados, certifica-se uma inclinação do projeto também para a questão ambiental. “Containers são um símbolo de estilo de vida em uma época marcada pela
Imagem 28 – Perspectiva eletrônica da edificação
globalização e mobilidade”, diz organizador de amostras Werner Lippert. Esta possibilidade modular, combinados com sua flexibilidade, permitindo que eles sejam transportados em navios ou aviões e ferrovias é o que os torna objetos versáteis e universais. “Um símbolo nômade de uma nova era”.
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Além disso, é possível organizar os containers de acordo com o usuário, criando as mais diferenciadas modulações, podendo atender inúmeras tipologias de moradores, desde um único morador (aquele que provavelmente tem maior possibilidade de ter uma vida nómade), até uma família de quatro ou cinco integrantes. Esses usuários podem ser abrigados de diferentes maneiras a partir da combinação de módulos, sendo que há uma unidade mínima, que pode ser replicada em até 8 vezes, promovendo tipologias diferentes de moradia - como vemos no esquema ao lado. As combinações são sempre ortogonais, mas podem ocorrer a partir das unidades menores ou dos containers maiores.
Imagem 29 – mapa com locais de implantação. FONTE: archdaily.com
possível
O LUGAR: RELAÇÃO DO OBJETO COM O ENTORNO E COM A GLEBA. O lugar é pouco importante nesse projeto, que não possui local de implantação específico, já que foi criado como um modelo de habitação para ser reproduzido em vários locais do mundo, locais estes onde serão instaladas as estruturas dos arranha-céus que podem receber as unidades autônomas transitórias. Assim, devem ser feitos estudos a cada implantação, já que em cada local será promovida uma relação diferente do objeto com a gleba e com o entorno. Desse modo, a estrutura principal pode variar de um local para outro. PROGRAMA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL.
edificação, então, é composta por um exoesqueleto, onde são inseridos recipientes reformulados em unidades de apartamentos plug-in´- denominação dada pelos arquitetos, pelo fato de que tais elementos são inseridos na estrutura, num método basicamente de encaixe. Então, esses recipientes inseridos nos arranha-céus são destinados a fornecer um lar nômade para este tipo específico de morador urbano.
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Imagem 30 – implantação.
Esquemas
representativos
da
Sendo assim, o programa e a distribuição são variáveis, já que a estrutura é permanente, mas os módulos nela inseridos são flexíveis.
Então, a partir do momento que a estrutura principal da edificação é independente das unidades, e podem ser adaptados diversos tipos de unidades numa mesma edificação, esta ganha uma flexibilidade notável. Nesse sentido, o projeto tem caráter efêmero e flexível, a partir do momento que as unidades na estrutura maior podem ser posicionadas de diferentes maneiras, e não precisam permanecer ali por muito tempo, sendo transitórias. Algumas funções pertencentes ao programa são fixas à estrutura, como os espaços comuns e a circulação. Uma das extremidades da edificação é utilizada para abrigar o sistema de circulação vertical, e consequentemente, viabilizar a circulação vertical. Nesse projeto, ocorre algo bastante parecido com o que acontece no Nagakin Capsule Tower: as unidades habitacionais são bastante íntimas, e abrigam as funções mais pessoais do ser humano, já a sociabilidade dos indivíduos, acontecem em áreas destinadas ao convívio, na própria edificação. São inseridos patamares, que funcionam como pátios de convívio para os moradores – como vemos nos cortes esquemáticos ao lado além de espaços internos, entre as unidades. O projeto apresenta a cada 30 metros uma grande plataforma de espaços recreativos indoor / outdoor que, além de fornecer uma rigidez necessária para a estrutura, cria “microcidades” ou comunidades dentro do próprio arranha-céu.
SISTEMA CONSTRUTIVO. Como já foi dito, o edifício é construído através de uma estrutura suporte, composta de vigas de aço e recipientes reutilizados. A estrutura principal fornece as áreas básicas de infraestrutura e de uso coletivo, enquanto as unidades residenciais podem ser transportados por navio, caminhão e trem para quase todas as grandes cidades ao redor do mundo dando uma sensação de “casa” para estes nômades urbanos modernos.
Imagem 31 – Esquema do funcionamento da edificação.
O método de colocação das unidades depende das escolhas dos próprios usuários, além de uma viabilidade. Vemos ao lado esquemas que ilustram o sistema de montagem dos elementos de aço, que compões o edifício. RELEVÂNCIA DA LEITURA PARA O PROJETO
Através dessa análise projetual, pode-se perceber que nesse projeto há uma preocupação com a sustentabilidade, não só material – pelo fato das unidades autônomas serem reutilizadas – mas também uma sustentabilidade social, colocada em prática a partir do momento em que o edifício recebe pessoas dos mais variados tipos, que não possuem moradia fixa, ganhando um fluxo rotativo, de ganhar um caráter bastante duradouro – já que pode se adaptar a diferentes períodos – além de minimizar problemas de moradia no meio urbano. Esse é, portanto, um dos fatores relevantes ao desenvolvimento do projeto.
Imagem 32 – Possibilidades de modulações. Todas as imagens foram retiradas da prancha produzida pelos arquitetos para apresentar no projeto no concurso.
Além disso, sendo talvez de maior relevância, há a questão da flexibilidade e efemeridade inerentes ao projeto do Edifício Nômade, e que também são pontos de grande importância em meu projeto. Ainda que sua estrutura seja permanente, o objeto possui uma efemeridade, já que as unidades não são constantes. São essas unidades que também trazem a flexibilidade ao projeto, que torna-se adaptável aos usuários. Com esse alto grau de complexibilidade entre efemeridade e flexibilidade, é obtida uma aproximação do projeto com os modos de vida atuais, criando novas formas do indivíduo ocupar o seu papel no meio urbano e na comunidade. Imagem 33 – Esquema de montagem da estrutura.
Imagem 34 – Cortes esquemáticos.
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MERLATA SOCIAL CASCINA HABITAÇÃO 32
FICHA TÉCNICA: »» Arquitetos: B22 »» Data: 2012-13 projeto | 2013-15 construção »» Tipo de projeto: residencial »» Localização: Via Pier Paolo Pasolini, 2, 20151 Milão, Itália »» Área: 7900.0 m² »» Materialidade: »» Fabricantes: Baumit, MARAZZI
CONCEITUAÇÃO / PARTIDO. O edifício está localizado na área de Cascina Merlata, na cidade de Milão Itália, perto do polo da Feira Rho-Pero e da Expo 2015 de Milão. Faz parte do núcleo residencial Villaggio Expo, um novo empreendimento construído no âmbito de um masterplan desenhado por Antonio Citterio & Partners e Caputo Partnership, com o objetivo de acolher temporariamente representantes e funcionários dos países participantes da Exposição Universal de 2015, durante todo o evento.”
A energia, questões ambientais, design industrial e de pesquisa tecnológica, são temas em foco no projeto, onde também foi realizada uma análise solar com a estimativa das horas de sol / dia nas superfícies, além de estudos dirigidos ao dimensionamento de orientação e superfícies transparentes. Isso se deve também ao fato de que o tema da Exposição de 2015, em Milão foi “Alimentar o Planeta. Energia para a Vida”. Assim, devem ser cumpridos requisitos específicos em termos de eficiência energética, planejamento da construção, controle de custos e flexibilidade das habitações. Todos os edifícios do complexo serão classificados na classe A, conseguindo combinar de forma a intenção, conforto viver com economia de energia. Além disso, segundo o plano diretor, o projeto total do complexo oferece soluções arquitetônicas que fazem uma vida saudável uma prioridade, tendo em mente desde o início do projeto, a qualidade de vida daqueles viveriam lá.
Imagens 35 a 38 – Fachadas. FONTE: archdaily.com.br
O projeto da referida edificação, de autoria do escritório B22, é parte de um desenvolvimento residencial caracterizado por uma densa rede de arranha-céus intercaladas com jardins e espaços abertos comuns, que fazem parte de um projeto de transformação urbana para a área de Cascina Merlata, incluindo habitações, centro comercial e parque.
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O LUGAR: RELAÇÃO DO OBJETO COM O ENTORNO E COM A GLEBA. A principal característica do conceito de design dos arquitetos do complexo residencial é a capacidade de definir uma paisagem urbana, “feita de cheios e vazios, os volumes de alturas diferentes, de transparência e opacidade, de cores e tons” que, também organizado em torno de um espaço central, vai garantir a qualidade de vida e conforto vivendo. Como podemos observar na implantação, o edifício faz parte de um conjunto de várias edificações dispostas em torno de um espaço central, trazendo uma identidade de espaço ao complexo. Nesse sentido também, os edifícios possuem basicamente a mesma tipologia estética e de proporções. Assim, o edifício em questão faz parte de uma unidade visual, criada propositalmente, não se destacando de forma isolada na paisagem. A referida edificação está voltada para uma via pública e inserida numa gleba de desenho orgânico, onde estão dispostos os 11 edifícios de forma irregular. Além disso, podemos analisar ainda que ela se apresenta como um único volume, mais simplificado e rígido do que o analisado anteriormente (Nagakin Capsule Tower)
Imagem 39 – Implantação. FONTE: archdaily.com.br
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Imagem 40 – Planta de situação. FONTE: archdaily.com.br
PROGRAMA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL. O edifício possui 56 apartamentos variados, divididos em 9 tipologias, que se estendem desde 45 até 100 metros quadrados, sendo de 3 ou 4 dormitórios, distribuídos em 14 pavimentos. O térreo foi concebido para acolher atividades e eventos específicos durante a Exposição Universal e, posteriormente para abrigar serviços comunitários para utilização dos futuros moradores do local. Foi concebido inicialmente um esquema específico de apart-hotel, podendo ser facilmente remodelado no final do evento e os apartamentos convertidos habitações permanentes, comercializadas em preços acessíveis, mas de alta qualidade. O volume da torre tem formas regulares, uniformes a partir do ponto de vista material, mas variado em cor e vibração da luz. A estética é enfatizada por retalhos irregulares de diferentes tons de cinza, em oposição aos vários recessos dos alojamentos onde foram inseridos o tom mais escuro do cinza. O volume se “desmaterializa” no lado sul (imagem 47), onde são inserido elementos na cor branca na fachada, em que a moldura horizontal dos suplentes varandas uma sequência densa de sol verticais luz. No piso térreo, no lado oeste (imagens 46 e 48), um elementos verticais compões um brise delgado, criando uma varanda, o que marca a entrada para as áreas comuns e para os apartamentos, que são acessados por um pequeno pátio inserido na escala humana nesse momento aparece a diferenciação na mediação entre a dimensão pública (da cidade) e a da área íntima/privada (da casa). Essas ações fazem parte de uma soluções tecnológicas e de design introduzidas desde o início do projetual, a fim de otimizar a energética no edifício.
Imagem 41 – Planta do térreo.
Imagem 42 – Plantas humanizadas- retiradas do site de vendas dos apartamentos. Vemos que são basicamente 4 tipologias de plantas das unidades.
LEGENDA USO COLETIVO SERVIÇOS ÁREA PRIVADA – ACESSO MORADORES EIXO DE CIRCULAÇÃO VERTICAL ENTRADA DOS APARTAMENTOS BRISES
série de que foram processo eficiência
Além disso, bem-estar e inovação são critérios imprescindíveis nessa construção italiana, que possui 9 plantas de apartamentos. Imagem 43 – Planta Pav. 1 a 4. FONTE: archdaily
Imagem 44 – Planta Pav. 5 a 7. FONTE: archdaily
Imagem 45 – Planta Pav. 8 a 14. FONTE: archdaily
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Imagem 46 – Área externa do edifício
Imagem 47 – Fachada 2 do edifício
Imagem 48 – Área externa/ entrada do edifício
Imagem 49 – Área comum do edifício
Imagem 50 – Interior de um apartamento
SISTEMA CONSTRUTIVO.
hotel e passa a abrigar um uso voltado à habitação de interesse social. Fazemos assim referência ao conceito de efemeridade que pretendo atingir, defendendo a ideia de que não é preciso ter um sistema construtivo montável e desmontável para caracterizar a minha ideia de efemeridade.
Os produtos Baumit e os sistemas de cores Baumit são utilizados nas fachadas: o corpo alto do edifício, realçado por um remendo irregular de diferentes tons de cinza contrasta com os recessos escuros, se estende para cima e se dissolve em uma tela branca no lado sul, como dito na página anterior, como podemos ver na elevação ao lado.
Portanto, a efemeridade não é só ligada à montagem e desmontagem, não é um conceito simples, tem um grau de complexibilidade.
A torre projetada pelo grupo B22, converge soluções tecnológicas diferentes, tais como um sistema solar (voltado para o sul) e um sistema de aquecimento / arrefecimento, alimentado através da energia obtida a partir de eliminação de resíduos.
Outro fator importante é que a construção foi planejada para ser executada com baixo custo, para viabilizar o foco na posterior habitação social. Assim, as soluções projetuais, técnicas construtivas e materiais utilizados servem como referência para a produção do objeto proposto pelo seguinte trabalho. Elementos como planos adicionais, alguns tipos de brises e diferenciação nas cores, podem trazer uma boa configuração estética à edificação a baixo custo, por exemplo.
Em busca da flexibilidade do projeto, e da conversão para um uso permanente da edificação, após o final da Exposição, foram utilizados materiais recicláveis e soluções transformáveis. Acabamentos e mobiliário de utilização flexível e baixo custo foram fornecidos na primeira fase, podendo ser reutilizados, modificados ou desinstalados, a critério dos futuros proprietários.
Imagem 51 e 52 – Corte AA e Corte BB. LEGENDA USO COLETIVO SERVIÇOS ÁREA PRIVADA – ACESSO MORADORES
O sistema construtivo é simples, sendo composto basicamente por alvenaria estrutural em concreto armado, aliada a algumas vigas.
A linguagem do sistema de aberturas é determinado vinculado ao sistema construtivo, ao passo que possuem um formato vertical, para não recortarem horizontalmente as paredes estruturais, não removendo massa estrutural do edifício. RELEVÂNCIA DA LEITURA PARA O PROJETO
O principal ponto de relevância da leitura projetual para a minha produção projetual é a efemeridade presente no uso do projeto, que proporciona a mudança de uso de um
ENTRADA PARA OS APARTAMENTOS BRISES ESTRUTURA
Imagem 53 – Ilustração da fachada 4.
Vemos um eixo central de circulação vertical, bastante tradicional, sendo que este se caracteriza como o principal elemento estrutural. As vigas amaram as paredes externas à caixa do invólucro do elevador, vencendo o vão e permitindo com que as paredes internas de cada unidade sejam independentes da estrutura, possibilitando um maior grau de flexibilidade para as unidades.
EIXO DE CIRCULAÇÃO
Imagem 54 – Esquema das fachadas.
Imagem 55 axométrica pavimentos.
– de
Perspectiva um dos
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NEPAL NO CASAS“POP-UP” 38
FICHA TÉCNICA »» Arquiteto: Barberio Colella ARC »» Ano do projeto: 2015 »» Tipo de projeto: Residencial »» Localização: Katmandu, Nepal »» Implantação: Não definida »» Área construída: 50 m² »» Pavimentos: Térreo »» Materialidade:OSB,bambu,juta,lã.
CONCEITUAÇÃO / PARTIDO. Desastres podem devastar comunidades a qualquer minuto. Em abril de 2015, um terremoto causou os maiores prejuízos da história do Nepal, fazendo com que centenas de milhares de habitantes se tornassem instantaneamente moradores de rua, muitos dos quais residiram por muito tempo em acampamentos improvisados. Para ajudar essas pessoas a reorganizarem e retomarem suas vidas, o escritório Barberio Colella ARC criou (para um concurso) um inovador projeto de casa temporária, chamado “Just a Minute”, que pode ser construído fácil e economicamente usando materiais locais . “Just a Minute” visa construir uma nova vida para os nepaleses, dando-lhes uma casa simples, mas eficiente, passível de personalização e futura mudança para uma casa estável.
maneiras, configurando variadas formas de implantação .Sendo assim, de acordo com a forma de implantação, o objeto (ou vários deles) cria relações específicas com o lugar, já que podem compor vilas, com arranjos variados, de acordo também com a combinação e unificação das unidades habitacionais. Um fator relevante na relação com o entorno, são os materiais locais que são utilizados, que promovem uma identificação do objeto com o local. Porém, uma crítica a ser feita é de que ,esse projeto nem sempre pode ser implantado a qualquer terreno, já que não possui uma forma de adequação topográfica. Imagem 57 – Perspectiva do interior da unidade.
Nesse sentido, as unidades habitacionais podem ser facilmente unidas para criar uma habitação ou mesmo, uma comunidade inteira. Falando sobre o projeto, o porta-voz do Barberio Colella ARC disse: “Um terremoto pode arruinar a vida de uma comunidade inteira em um minuto. Esta casa temporária instantânea pode dar uma nova chance de começar sua vida novamente em “apenas um minuto” também. “Just a Minute” visa construir uma nova vida para os nepaleses, dandolhes uma casa simples, mas eficiente, muito aberto à personalização e futura mudança para uma casa estável. A ideia principal do projeto é usar materiais locais nepaleses, ou de países próximos, para fazer uma casa que pode ser construída rapidamente, leve e compacto para transporte, durável (apesar de ser temporária) e econômica. ”
Imagem 58 – Perspectiva eletrônica do exterior da unidade.
O LUGAR: RELAÇÃO DO OBJETO COM O ENTORNO E COM A GLEBA. O projeto não há forma de implantação específica, uma vez que foi criado como um protótipo a ser repetido em diversos locais carentes de moradia, devido ao terremoto ocorrido no país. Além disso, ele pode ser replicado ou combinado de diversas
Imagem 59 – Perspectiva eletrônica do exterior da unidade.
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PROGRAMA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL. As estruturas de Barberio Colella permitem que as comunidades se reconstruam o mais rápido possível. Uma vez no local, as casas modulares podem ser implantadas e combinadas para criar espaços maiores conforme as necessidades dos moradores. Os arquitetos preveem várias destas estruturas “agregando-se umas com as outras para compondo casas duplas ou quádruplas, pequenas vilas e assim por diante para facilitar a vida da comunidade após a tragédia do terremoto.“ A casa é projetada para famílias grandes, podendo acomodar de 4 a 10 pessoas, conforme necessário (usando a sala de estar para dormir e instalar beliches na área de dormir). Imagem 60 – Planta da unidade.
LEGENDA ÁREA DE ESTAR SERVIÇOS ÁREA DE DORMIR ESTRUTURA DOBRÁVEL
No centro da casa há uma parte permanente, feita de painéis OSB de madeira cobertos, equipados com todos os serviços - banheiro e cozinha - , que mede 1,5 x 4 metros. Nas laterais do bloco central, são implantados dois ambientes - área de estar e área de dormir - que medem 4 x 4 metros, além de uma varanda coberta de 1 x 4 metros. O uso de uma estrutura desdobrável feita de bambu e envoltório de construção têxtil, permite o transporte da casa fechada, que passa a medir apenas 2,5 x 4 metros que, uma vez aberto, obtém-se uma casa de 4 x 11,7 metros. SISTEMA CONSTRUTIVO.
A casa “Just a Minute” é construída com seis materiais: painéis OSB, bambu, bambu laminado, juta branca, lã reciclada e uma membrana à prova d’água. A paleta limitada de materiais é um dos fatores que tornam o projeto mais acessível e fácil de construir. Sua fabricação não requer tecnologias complexas ou mão-de-obra qualificada, mas apenas uma série de simples operações úteis para preparar as várias partes a serem montadas todas juntas. As estruturas, que armazenam de 4 a 10 pessoas, foram planejadas para serem fabricadas em massa, fora do local de implantação e, em seguida, enviados para áreas de necessidade.
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Imagem 61 – Corte B/B.
Imagem 62 – Corte A/A.
A modularidade da estrutura permite organizar
Para facilitar o processo de transporte das casas, existem pontos de articulação entre as peças verticais e transversais de bambu estrutural, permitindo que a casa de 4 por 11,7 metros seja dobrada, ocupando apenas 2,5 por 4 metros. A estrutura das laterais maiores é composta por postes de bambu horizontais, verticais e oblíquos com diâmetro de 6 cm, apoiados por postes de bambu dispostos em X, com elementos de diâmetro de 3 cm. Estes polos são perfurados no centro e nas extremidades, fixados por parafusos borboleta, de modo a permitir que a estrutura se desdobre. Além disso, o mecanismo de desdobramento da estrutura é facilitado pelo uso de “envelope leve”, mas resistente, feito de uma camada dupla de juta branca, dentro do qual se posiciona um estofamento de lã, feito de suéteres e roupas velhas (que podem ser recolhidos através de doações), proporcionando isolamento térmico (o que é fundamental, por causa dos diferentes climas do Nepal).
ambientes internos.O telhado single-pitched – telhado de uma única água - permite que os usuários instalem facilmente painéis fotovoltaicos, e capte a água da chuva, que vai para um tanque, a fim de armazenar a água, a ser utilizada em funções da cozinha e do banheiro, ajudando a manter níveis saudáveis de higiene.
Imagem 63 – Configuração da fachada.
o processo de construção em etapas, como em uma linha de montagem. Por exemplo, os módulos de bambu podem ser preparados por uma equipe, uma segunda equipe pode preparar o núcleo central, outro pode lidar com o envelope têxtil, e assim por diante. Algumas peças podem ser pré-fabricadas, de modo a chegar ao local de fabricação já prétrabalhadas, acelerando o processo. Assim, este sistema de instalação no local requer poucos voluntários, por ser transportada já construída, com exceção do piso que é posicionado quando a estrutura é aberta.
RELEVÂNCIA DA LEITURA PARA O PROJETO
A relevância da leitura para o projeto surge a partir de 4 pontos: a efemeridade inerente ao projeto, a flexibilidade de combinação dos módulos, o sistema construtivo, e o programa. O conceito de efemeridade aparece no projeto das casas no Nepal relacionado à vulnerabilidade de pessoas vítimas de desastres naturais, diferente do trabalho proposto, ainda assim, o conceito do projeto analisado nesta leitura projetual alimenta minha teoria ao passo que soluciona déficits em moradia, oferecendo habitações temporárias, e que ainda são flexíveis, podendo sofrer arranjos e se tornarem permanentes. E essa flexibilidade é, em grande parte, devida ao sistema construtivo, que também se apresenta interessante, por utilizar o princípio da modulação (e portanto, da seriação industrial, que culmina na possibilidade de uma produção em massa do objeto arquitetônico), com materiais acessíveis. Além disso, o programa presente na unidade é o mínimo necessário para a vivência de uma família ou conjunto de pessoas, ideia parecida com minha proposta.
Já as fachadas menores são feitas de policarbonato montado em um quadro de bambu. Estas fachadas são concebidas como adaptáveis, sendo que a ventilação e o sombreamento solar são controláveis. No centro da casa, painéis de OSB criam um núcleo contendo os equipamentos de serviço (banheiro e cozinha), que funciona como divisória, criando dois outros espaços, de 4 por 4 metros, usados como áreas de estar e dormir. Tudo isso é coberto com uma membrana impermeável, instalada para proteger a casa de chuva e neve, sendo tensionada por alguns espaçadores que, destacando-a da camada de juta, também permitem a transpiração de
Imagem 65 – Sistema de monstagem.
Imagem 66 – Materiais.
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LEVANTAMENTOS FICHA TÉCNICA FAVELA DAS MANGUEIRAS (DADOS DO PLHIS DE 2011):
»» ÁREA = 32.409,00m² »» NÚMERO DE UNIDADES = 367 »» POPULAÇÃO ESTIMADA = 1.245 habitantes »» PROPRIEDADE = municipal »» DESTINAÇÃO DA ÁREA = praça »» QUESTÃO AMBIENTAL = parcialmente consolidável »» INFRAESTRUTURA = parcialmente consolidável »» HABITAÇÕES = parcialmente consolidável »» NECESSIDADE DE CONTROLE DE HABITAÇÃO = nível baixo »» ENTORNO = consolidado »» ESTIMATIVA DE REMOÇÃO OU REASSENTAMENTO = 100%
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de vida. Aos poucos sugiram vários becos e muitas famílias que não tinham condições de pagar aluguel se mudaram para lá – hoje, o espaço se consolidou como um labirinto. A comunidade é então, uma das mais antigas de Ribeirão Preto – tem pelo menos 37 anos – e está em um terreno público que seria destinado a uma praça. Parte do local também está sobre uma área de preservação permanente (APP). De acordo com o Plhis (Plano Local de Habitação de Interesse Social) de 2010 , elaborado pela prefeitura, a favela tem 367 barracos e 1.245 pessoas. Os terrenos foram comercializados de maneira ilegal e distribuídos de forma desordenada, caracterizando uma ocupação com alta densidade populacional e com condições precárias de habitabilidade e saneamento. Em 1995, com a favela já tomando grandes proporções, o Ministério Público propôs ação civil para obrigar a prefeitura a retirar as famílias do local, promovendo a urbanização. Desde então, procura-se caminhos para realizar a reurbanização. Porém, uma decisão veio apenas em 2006. Imagem 68 – Foto aérea da área do assentamento. Fonte: Google Maps.
Podemos ver nitidamente a área da favela das mangueiras, delimitada pelas ruas do entorno, e se aglomerando com as duas áreas privadas nas extremidades.
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Imagem 69 – demonstrativo de acordo com o cadastro municipal. Fonte: Secretaria de planejamento e gestão pública de Ribeirão Preto. De acordo com o cadastro municipal apresentando o assentamento se localiza numa área pública aproximadamente 24.000 m², que seria destinada a uma praça, além de ocupar outras duas áreas de propriedades particulares, abrangendo uma área total de 32.409,27m². Ao lado vemos algumas imagens (64 a 66) do assentamento, cedidas por Heitor Kooji (Secretaria de Planejamento de Ribeirão Preto).
ESCOLHA DA ÁREA DE INTERVENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA DO ASSSENTAMENTO - ORIGEM A escolha da área ocorreu somente após o desenvolvimento do meu embasamento teórico. Sendo assim, partindo do princípio de que seria necessário trabalhar com a comunidade de um assentamento irregular específico do município de Ribeirão Preto, foi escolhida a Favela das mangueiras, no referido município. Esse local foi escolhido devido à real necessidade de regularização do assentamento - inclusive havendo uma sentença jurídica para desocupação da área – por conta da vulnerabilidade social da população, da presença da violência associada ao tráfico de drogas e da necessidade de recuperação da área verde existente no local. O assentamento começou na década de 1970, quando a favela das Mangueiras se formou. A ocupação se deu de forma gradativa e pacífica. As famílias migraram principalmente dos estados do Ceará, de Minas Gerais e do Paraná, em busca de melhores condições
No início de 2008, a promotoria da Habitação e Urbanismo apresentou um projeto de regularização fundiária. O primeiro passo é a retirada de 170 famílias que serão realocadas em apartamentos que na avenida dos Andradas, também na Vila Virgínia. A área desocupada seria usada para a construção de outro empreendimento, que absorveria o restante dos barracos, colocando fim a favela das Mangueiras.Além disso, “Todas as famílias com barracos em área de preservação ou em locais que serão utilizados para a passagem da rede de água e esgoto serão removidas”, explicou Layr Luchesi Júnior, secretário municipal da Casa Civil e coordenador do projeto de desfavelamento, na época. De acordo com o cadastro municipal o assentamento se localiza numa área pública aproximadamente 24.000 m², que seria destinada a uma praça, além de ocupar outras duas áreas de propriedades particulares, abrangendo uma área total de 32.409,27m². Ao lado vemos algumas imagens (64 a 66) do assentamento, cedidas pela Secretaria de Planejamento de Ribeirão Preto).
LOCALIZAÇÃO O terreno está localizado na área da Favela das mangueiras, localizada na Vila Virgínia, zona Oeste de Ribeirão Preto –SP. Tendo como ruas limítrofes: Rua Barão de Mauá, Rua Anália Franco, Rua Gonçalves de Magalhães , Rua Lúcio de Mendonça. As ruas limítrofes são dotadas de água, energia elétrica, pavimentação asfáltica, calçamento, galerias de águas pluviais e iluminação pública. No núcleo a rede de esgoto foi instalada pela prefeitura em 1994, de forma precária, para minimizar a situação de insalubridade devido o esgoto correr a céu aberto, embora ainda hoje, em alguns pontos nota-se “esgoto a céu aberto”. Estão inseridos na malha urbana e dispõem de todos os recursos necessários de prestação de serviços; institucionais (Saúde, Educação, Esporte, Lazer e Cultura), ONGS, comércio diversificado, entidades religiosas, dentre outras. Podemos analisar identificadores da favela, divididos em três dimensões:
Arquitetônica: Se manifesta na construção improvisada, com materiais e condições de salubridade inadequadas, que geram uma característica física e perceptível do assentamento; Urbanística: Se refere justamente à inexistência das redes, serviços e equipamentos urbanos dentro do assentamento; Jurídica: caracterizada pela irregularidade na posse da terra, e ainda pelos processos de regularização, impostos por lei.
Imagens 70,71,72 – Imagens de satélite. FONTE: Google maps.
ao lado), localizada na região do Córrego Laureano. A área em estudo estar classificada na legislação como ZUP ratifica o fato de estarmos ocupando a área com moradia. Esse fato faz com que recusemos o espraiamento indevido, a partir do momento eu ocupamos o centro do tecido urbano, já que projeto proposto ocupará uma área da cidade densamente ocupada, que se localiza próxima ao centro, e é provida de de toda infraestrutura urbana.
MACROZONEAMENTO
Zona de Urbanização Preferencial – ZUP – composta por áreas dotadas de infra-estrutura e condições geomorfológicas propícias para urbanização, onde são permitidas densidades demográficas médias e altas; incluindo as áreas internas ao Anel Viário, exceto aquelas localizadas nas áreas de afloramento do arenito Botucatu-Pirambóia, as quais fazem parte da Zona de Urbanização Restrita. Destaque para a existência de uma área de preservação permanente relativamente próxima à área (que não aparece no recorte do mapa
Imagem 73 – Mapa de macrozoneamento FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto
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ÁREAS ESPECIAIS
Áreas Especiais - Segundo Lei Complementar 2157/2007: “Zona Especial de Interesse Social 1 ( AEIS – 1) – loteamentos residenciais de média e baixa renda ou assentamentos informais, parcialmente destituídos de condições urbanísticas adequadas; destinadas à recuperação urbanística e provisão de equipamentos sociais e culturais e à regularização fundiária, atendendo legislações específicas. “
Imagem 74 – Mapa de Áreas especiais FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto
Portanto, conforme o Plano Diretor de Ribeirão Preto, o Jardim Piratininga (onde está inserida a área de intervenção referenciada no presente trabalho) é considerada uma área de interesse social. Ao analisar o uso atual deste espaço, percebe-se irregularidades, já que nota-se uma quantidade significativa de vazios urbanos, que devido a localização, são vítimas da especulação fundiária.Porém, para o projeto em questão, é bastante importante essa classificação da área como sendo de interesse social, já que o projeto também pretende seguir essa linha de produção, voltando a construção ao uso de interesse social, realizado por cidadãos de baixa renda, moradores da favela das Mangueiras. ZONEAMENTO INDUSTRIAL
O local está inserido no Plano diretor como sendo uma Área de Uso Misto: Área de Uso Misto I - AUM 1: destina-se, sem prejuízo à instalação de estabelecimentos de menor potencial poluidor, à localização daqueles cujo processos, submetidos a métodos adequados de controle e tratamento de efluentes, ainda contenham fatores incômodos, em relação às demais atividades urbanas, classificadas com índice de risco ambiental até 1,5 (um e meio);
Imagem 75 – Mapa de zoneamento industrial FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto
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Observamos que o local é pertencente a uma área de uso misto através do levantamento de uso do solo, que nos clarifica a presença de comércios, serviços e instituições. Sendo assim, o uso misto permite que a temporariedade que desejo atingir em meu objeto seja cabível, já que posso utilizar diferentes usos – habitacional e posteriormente poderá haver uma troca de usos. Se o terreno estivesse alocado numa região estritamente residencial, seria difícil ampliar as possibilidades de ocupação do espaço.
HIERARQUIA VIÁRIA Através dos mapas ao lado de Hierarquia viária física e funcional, e dos cortes transversais das vias /9acima/0, podemos observar que as vias imediatamente ao redor da área de intervenção (e do assentamento como um todo, são vias locais, com 9metro de leito carroçável. Imagem 78 – MApa de hierarquia viária física.
Vemos ainda, através dos mapas, que no interior da Favela das Mangueiras, temos vielas de várias dimensões, sendo que duas delas comportam a passagem de carros, e o restante não, são passagens apenas para pedestres, bicicletas e às vezes motocicletas. Parte dessas vielas se dão como continuidades das vias existentes na malha urbana, e outras, foram criadas no interior, de forma aleatória.
FAVELA DAS MANGUEIRAS
Imagem
76
–
Seção
transversal
Avenida
Monteiro
Lobato.
Sem
escala. FAVELA DAS MANGUEIRAS
Imagem
77
–
Seção
transversal
das
vias
locais.
Sem
escala.
Imagem 79 – MApa de hierarquia viária funcional
FAVELA DAS MANGUEIRAS
FAVELA DAS MANGUEIRAS
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TOPOGRAFIA + CARACTERÍSTICAS FÍSICAS A área está localizada em terreno acidentado e em declive, onde rochas afloram na superfície tornando difícil a abertura de valetas no solo para a implantação de rede de água e esgoto. (sic avaliação técnica de 1994), como vemos nas fotografias abaixo. É visível uma declividade que permanece mesmo com a instalação da favela, onde os barracos vão se acentuando de acordo com a situação da topografia. Ou seja não existe intervenção nessa característica natural do “terreno”, o que ausenta a estrutura mínima possível, é tudo superfície.
Imagem 83 – Mapa aspectos físicos.FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto
IMAGENS 80 e 81 - Fotos do interior do assentamento – FONTE: heitor Kooji, Secretaria de planejamento de Ribeirão Preto. Vemos nas fotos a qualidade do solo na Favela das mangueiras.
Imagem 82 – Mapa de topográfico.FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto
OCUPAÇÃO DO SOLO – GABARITO O gabarito da área é predominantemente baixo, podendo-se concluir que esta é caracterizada por uma tipologia horizontal. Poucos lotes possuem edificações de dois pavimentos, e apenas um lote, com uso residencial, possui três pavimentos. Essas edificações podem ser qualificadas como construções pertencentes a um padrão construtivo, quanto a questão financeira, mais alto do que a média do local. Esta é uma situação que traz certas condicionantes ao projeto proposto no presente trabalho,já que a altura da edificação determinará a similaridade com o entorno ou o seu destaque. OCUPAÇÃO DO SOLO – FIGURA-FUNDO
Observa-se através do Mapa de Figura-Fundo que a área é bastante adensada, e que toda ela possui um grau de ocupação parecido, com o lote sendo em grande parte ocupado. Isso se deve muito pelo fato das áreas dos lotes serem diminutas, fazendo com que o morador necessite ocupar grande parte dele, na maioria das vezes através de ampliações improvisadas que ocorrem ao longo do tempo (muito por conta do bairro ser antigo), que acabam por ocupar o restante do lote, onde antes havia apenas a construção principal.
Imagem
82
–
Mapa
gabarito
Outros fatores podem gerar esse alto índice de ocupação como a presença de uso misto num único lote, fazendo com que as construções aumentem para abrigá-los. Há ainda a presença de alguns terrenos vazios no entorno, que fazem com que a densidade bruta da área diminua. No assentamento em si, vemos que a ocupação é bastante irregular, havendo um alto índice de ocupação, que ocorre de forma desordenada. Observa-se que inclusive o espaço das vias de passagem não são respeitados, havendo habitações que impedem as passagens e afunilam os caminhos. Nas fotos ao lado, vemos o assentamento de fora para dentro, onde podemos observar o alto grau de adensamentos das moradias, o que provoca certo fechamento, já que são moradias voltadas paras as vias públicas. No interior do assentamento, existem algumas áreas um pouco menos adensadas.
Imagem 82 – Mapa figura-fundo.
Imagens 84 e 85 - Devido à aclividade do terreno, podemos ver na foto as unidades internas, sendo possível identifica-las como uma massa de ocupação. Adensamento da Favela das Mangueiras. FONTE: Secretaria de planejamento e gestão pública de Ribeirão Preto.
Imagem 83 – Mapa gabarito.
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USO DO SOLO Em relação ao uso do solo no entorno, há predominância de lotes residenciais, e alguns pontos de comércio e prestação de serviço. A atividade comercial no bairro em geral volta-se para mercados, mercearias, farmácias etc. Nos serviços há predominância oficinas mecânicas ou serviços relacionados ao ramo automotivo. Nota-se ainda a presença de algumas indústrias, algo que não é comum em todos os loteamentos. Isso se deve a uma gama de motivos: a proximidade do local com uma via expressa (Avenida Bandeirantes), que facilita o acesso; e ao baixo custo dos lotes na área, em relação a outros locais da cidade. No uso institucional, além de todas a unidades de ensino público e municipal, localiza-se no bairro uma unidade da secretaria municipal de saúde o Município. Para a proporção do bairro ao analisar o mapa o número de instituições aparenta suprir a necessidade da população, porém, principalmente as escolas, como atendem a população (crianças e jovens) de outros bairros, mostram-se em falta. Os espaços vazios qualificam-se como um ponto que chama bastante atenção no entorno, e isso se deve muitas vezes ao fato de serem terrenos localizados em uma área periférica e próxima a Av. Bandeirantes, muito destes espaços sofrem com a especulação fundiária.
e exercícios que ajudam na recreação, no lazer e na informação como um tudo. Oficinas de informática, esporte, música, arte e comunicação contribuem no desenvolvimento motor e auxiliam na capacidade intelectual, como a de organizar ideias. O projeto estimula a construção e reconstrução das histórias dos participantes e ainda os prepara para enfrentarem a vulnerabilidade social.Além de todos esses benefícios, outra vantagem é que o projeto garante que as crianças e os adolescentes atendidos não fiquem nas ruas enquanto os responsáveis.” São atendidas 50 crianças entre seis e 15 anos atualmente no local. Portanto, em relação à diversificação de usos, e presença de comércio e serviços, os moradores do assentamento estão bem servidos. É talvez necessário melhorar a qualidade dos comércios pertencentes à favela, para que possam atender de uma melhor forma à população. Além disso, seria importante a implantação de equipamentos públicos relacionados à assistência social para atender melhor a população da favela, principalmente equipamentos voltados à questão profissional, destinados aos adultos. Esse é então um dos fatores relevantes para a proposta do presente trabalho.
O uso da favela é predominantemente habitacional, mas vemos também alguns pequeno comércios, em barracos voltados para a via pública.
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Outro uso que ganha destaque é o institucional, referente à ONG OCA, e à quadra esportiva, que também faz parte dela. Esse é um elemento importante dentro do conjunto, e utilizado pela população da Favela das Mangueiras. Segundo o próprio site da instituição “Diante da preocupação com as questões sociais e econômicas enfrentadas pelos participantes, o projeto promove atividades diárias fora do horário das aulas e garante alimentação balanceada
EXTRATOS VEGETATIVOS Vemos que no local, as áreas verdes existentes são as que fazem parte do sistema viário. Além disso, temos apenas alguns fragmentos dispostos longo das quadras. Na favela das mangueiras temos a presença de grandes árvores (mangueiras), pontuais no território.
Imagem 86 – Mapa de uso do solo.
LEGENDA : HABITAÇÃO COMÉRCIO SERVIÇO INDÚSTRIA VAZIO Imagem 93 - Capela de Santos Reis. FONTE: Acervo pessoal Mapa de uso do solo.
Imagem 91 – Posto de combustíveis em reforma. FONTE: Acervo pessoal
Imagens 89 e 90 - Interior da ONG OCA. FONTE: Site da instituição.
Imagens 87 e 88– Comércios pertencentes à favela, voltados para a via pública. FONTE: Acervo pessoal
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O mapa de equipamentos foi representado de forma que mostrasse a área de intervenção de forma mas ampla, já que os equipamentos, muitas vezes, podem abranger grandes áreas de influências. Então, no mapa ao lado podemos ver todos os equipamentos que podem trazer benefícios para a população moradora da Favela das mangueiras, assim como observamos a falta de alguns equipamentos, ou a grande distância até eles. Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social, a Rede de Proteção Social Básica Existente no Território e Proximidades da Favela das Mangueiras é composta pelos seguintes equipamentos:
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Assistência Social – Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente III – Centro Social Urbano – Unidade de Proteção Social Básica Educação – Creche Municipal Alaor Galvão César – Creche Municipal Deolinda Gasparini – Centro Municipal de Educação Integral CEMEI – Escola Municipal de Educação Integral – EMEI Santa Maria Goreti – Escola Estadual Dr. Meira Junior – Escola Estadual Professora Eugênia Vilhena de Moraes – Escola Estadual Professor José Pedreira de Freitas Área da Saúde – Centro de Referência para Tratamento de DSTs. – Unidade Básica de Saúde Segurança – Base Comunitária de Segurança da Vila Virgínia – 6º distrito Policial ONG e Serviços Privados – Associação São Francisco de Assis de Assistência e Proteção ao Menor – CEFIC – Centro de Formação Integral da Criança – Associação Beneficiênte Pro-Família – Instituto Plural de Educação e Cidadania Vila Bela – Liga das Senhoras Católicas de Ribeirão Preto – Creche Modelo – Núcleo da Criança e do Adolescente da Favela das Mangueira – OCA
Imagem 94 Mapa de Equipamentos. ESC. 1:10000. FONTE: Disponível no site da prefeitura de ribeirão Preto
EQUIPAMENTOS URBANOS
ONG OCA
ONG OCA
ONG OCA
ONG OCA
FAVELA DAS MANGUEIRAS
FAVELA DAS MANGUEIRAS
MORADORES
NOTA: Todos os gráficos pertencentes a esse levantamento socioeconômico fazem parte do Anexo III dos levantamentos oficiais sobre a favela das mangueiras. Foram desenvolvidos pela Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, Secretaria da Cidadania e Desenvolvimento Social e Departamento de Ação e Desenvolvimento Social. Os dados são dos anos de 2006 a 2009, quando do início do processo de relocação de parte da população do assentamento – parte do processo de regularização fundiária. Mesmo que esses dados não tenham sido colhidos recentemente, são os últimos dados oficiais sobre essa população. Além disso, segundo funcionário da prefeitura de Ribeirão Preto, integrante da equipe que trabalha com o remanejamento da Favela das Mangueiras, esses dados pouco mudaram de lá para cá. A favela apresenta uma rotatividade de moradores, mas estes, se qualificam com as mesmas características, não alterando significativamente o caráter do local.
ESCOLARIDADE.
Observa-se através dos dados que a grande maioria dos moradores do assentamento não concluiu o ensino fundamental ou possui o ensino médio incompleto, algo que é bastante comum no âmbito social do qual estamos tratando, devido às más condições de vida, baixo suporte financeiro e social. A falta de um embasamento faz com que o cidadão pare de estudar, voluntária ou involuntariamente. O baixo índice de escolaridade acarreta diversos fatores negativos para a comunidade, do assentamento e do município como um todo: -
Quanto mais baixa a escolaridade, menos provável que o indivíduo consiga um bom emprego, gerando problemas financeiros, que refletem inclusive na questão da moradia.
-
O baixo nível de escolaridade também traz problemas relacionados a questões sociais, que por sua vez geram uma nova série de problemas para o indivíduo e para a sociedade (tendo como exemplo o tráfico).
-
Acarreta ainda numa situação de exclusão do indivíduo da sociedade. Esta situação de exclusão extrapola as condições físicas em que vivem e estende-se à uma outra que seus moradores sofrem tanto no mercado de trabalho, como nas relações sociais, grande parte deles apresentando problemas psicológicos desde os relacionados à convivência social até à forma com que se veem inseridos na cidade, passando a desacreditar de suas capacidades.
PROFISSÃO | OCUPAÇÃO.
Vê-se que a maioria dos indivíduos trabalham como autônomos, profissão esta caracterizada pela informalidade ou até ilegalidade, ao passo que não pagam impostos, e fazem trabalhos por fora da lei. Isso se deve principalmente à dificuldade que os indivíduos encontram em obter emprego, muito por conta da falta de um endereço fixo ou de um maior nível de escolaridade, procurando um trabalho informal onde buscam uma renda através de seus próprios meios. Mas ainda assim é possível observar uma quantidade relativamente alta de trabalhadores com carteira assinada. Podemos classificar esse fator como positivo, principalmente pelo fato de que o morador possui uma renda fixa, e uma segurança um pouco maior, conseguindose obter-se uma garantia maior de que eles terão alguma estabilidade para sustentar as novas unidades habitacionais, para as quais serão destinados – e pelas quais deverão pagar. Porém, observa-se também a quantidade significativa de desempregados, o que causa uma problemática maior em relação às condições de vida de cada um deles, assim como uma preocupação com o sustento da nova habitação. Podemos ver esse fator como um ponto determinante no presente trabalho, ao passo que podemos criar funções relacionadas à educação e à profissionalização, para dar um suporte a esses moradores, que possuem um histórico conturbado e se apresentam num estado de vulnerabilidade social.
Imagem 95 - Gráfico sobre escolaridade dos moradores do assentamento. FONTE: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto. 2009
Imagem 96 - Gráfico sobre as profissões e ocupações dos moradores do assentamento. FONTE: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto. 2009
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FAIXA DE RENDA FAMILIAR.
Imagem 97 - Gráfico demontrando a faixa de renda salarial dos moradores do assentamento. FONTE: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto. 2009
A faixa de renda familiar muito tem a ver com os dois itens tratados na página anterior – escolaridade e profissão – já que a renda é um resultado da profissão, que é obtida a partir de uma escolaridade. Assim, observase que tudo funciona como uma cadeia, em que a base é a educação. A faixa de renda, portanto, será baixa, já que as condições para que o cidadão obtenha uma renda não são positivas. Vê-se no gráfico que a grande maioria das famílias tinha uma renda, em 2006, de menos de R$500,00 reais em 2006, algo próximo de 1,5 salários mínimos. E que o máximo que o morador recebia era R$600,00. Levando –se em conta que R$500,00 deve manter todas as condições básicas de uma família inteira – sendo esta na maioria dos casos bastante numerosa – o valor não consegue suprir as necessidades dos indivíduos, que assam a viver em condições precárias.
Imagem 98 - Gráfico sobre o tempo de moradia em Ribeirão Preto. FONTE: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto. 2009
Esse é um fator que dá origem à favela, e que faz com que muitos de seus moradores permaneçam lá, já que não possuem renda para obterem uma moradia formal, com melhores condições de vida – ou condições dignas de salubridade.
TEMPO DE MORADIA EM RIBEIRÃO PRETO E NA COMUNIDADE. Observa-se que a maioria da população moradora da Favela das Mangueiras está em Ribeirão há um período de tempo entre 5 e 30 anos, e que esses números coincidem com o tempo em que a maioria dos moradores estão na favela. Podemos dizer que isso ocorre porque a população vem de outras cidades ou regiões para Ribeirão Preto, em busca de emprego e melhores condições de vida, porém, não conseguem se estabelecer, e acabam formando os assentamentos irregulares, ou aglomerandose nos já existentes.
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Imagem 99 - Gráfico sobre o tempo de moradia ena comunidade. FONTE: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto. 2009
Porém, há ainda uma pequena variação, onde os moradores estão há mais tempo no município, e se mudaram para a favela a menos tempo. Talvez isso ocorra por questões financeiras e mudanças repentinas, onde a única escolha é morar na favela (como a perda de um emprego).
MORADIA ATUAL Devido ao fato de que a Favela das Mangueiras é um assentamento que surgiu por volta de 1970, as construções são mais consolidadas do que assentamentos mais recentes. Sendo assim, a maioria das unidades habitacionais da favela são de tijolo, já que muito provavelmente passaram por uma série de modificações, e foram se consolidando, já que o tijolo traz um caráter de maior conforto e segurança. Além disso, o entorno é provido de energia, água e esgoto encanados, os quais são utilizados pela população da Favela. Sendo assim, a grande maioria das unidades é provida de energia água e esgoto, o que traz melhores condições de vida e de higiene para os moradores. Esse fator é ainda relevante para o projeto, já que é a preexistência dessas instalações se caracterizam como algo positivo, devido ao fato de que as novas habitações precisam dessas instalações. No gráfico sobre outras questões relacionadas à moradia, temos a pergunta: “Pensa em mudar deste local”. É satisfatório observar que a grande maioria pretende sair do local, em busca de melhorias nas condições de visa. Porém, é notável que 72 moradores disseram que não pensam em sair dali. Essa resposta é algo que impressiona, devido às más condições que vivem ali – muitos deles se tornam acomodados, e por isso não pensam sem sair do local. Além disso, essa porcentagem da população pode representar problemas relacionados à resistência contra a regularização fundiária e consequente retirada dos moradores.
Imagem 100 - Gráfico sobre o tipo de construção da unidade no assentamento. FONTE: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto. 2009
Imagem 102 Gráfico sobre a infraestrutura da unidade no assentamento. FONTE: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto. 2009
Imagem 101 Adensamento da Tipo de construção predominante no assentamento. FONTE: Secretaria de planejamento e gestão pública de Ribeirão Preto. ANO 2013
Imagem 103 - Real situação da infraestrutura do local. FONTE: Secretaria de planejamento e gestão pública de Ribeirão Preto. ANO 2013
Porém, ainda que muitos pensem em sair do Assentamento irregular, a maioria absurda dos cidadãos não possuem terreno em Ribeirão Preto, assim como, provavelmente não possuem condições financeiras que o permitam sair dali. Sendo assim, é necessário um subsídio do governo, para que essa população consiga se mudar dali para uma unidade habitacional com condições dignas de moradia.
Imagem 104 - Gráfico sobre a posse de terrenos na cidade. FONTE: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto. 2009
Imagem 105 - Gráfico sobre a vontade de se mudarem do local. FONTE: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto. 2009
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E é ai que entra a proposta do presente trabalho, propor uma moradia temporária, que faça a ponte entre o assentamento irregular e a moradia permanente, agindo como um meio de transição, e levando às famílias um suporte para que elas desenvolvam seus próprios meios para mudar de vida.
Imagem 109 - Gráfico sobre disponibilidade financeira dos moradores. FONTE: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto. 2009
Assim, as famílias que não possuem renda suficiente para financiar a nova moradia, ganham um tempo - habitação temporária – para se estabilizar, procurar um novo emprego, ou novas formas de aumentar sua renda. Essa maior possibilidade de estabilidade dos moradores também é facilitada pelo fato de que, a partir do momento que saem da favela, eles passam a ter um endereço de moradia, e começam a ganhar melhores noções da vida enquanto seres humanos. AUXÍLIO DE ONG’S OU PROGRAMAS SOCIAIS.
DISPONIBILIDADE FINANCEIRA PARA INVESTIR EM MORADIA. Imagens 106 e 107 - Gráfico sobre o auxílio das ONG”s na comunidade. FONTE: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto. 2009
Observa-se através do gráfico que, em 2006, a maioria das famílias tinham disponibilidade de pagar apenas R$50,00 por mês pelo financiamento da nova moradia. Outra parte dos moradores conseguiriam pagar mais do que isso, e outra parte deles, nem esse valor conseguiriam disponibilizar. Esse estudo é importante para analisar quais são as reais condições dos moradores a sustentarem a nova unidade habitacional, já que deverão pagar por ela (ainda que haja um subsídio do governo) e sustentá-la, com uma quantidade de gastos bem maior do que a moradia no assentamento irregular.
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Imagem 108 - Gráfico com a quantidade de beneficiários de programas sociais FONTE: Secretaria de Planejamento e Gestão Pública de Ribeirão Preto. 2009
Esses são alguns dos fatos que muitas vezes levam o programa de moradia de interesse social ao fracasso, já que grande parte das famílias que recebem uma nova unidade habitacional não têm condições financeiras, e até mesmo psicológicas de mantê-la, já que estão adaptados a uma situação completamente diferente.
A Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) atua na área desde 1993, com programas de inclusão social, projetos voltados à transferência de renda, capacitação profissional, garantia dos direitos da criança, do adolescente e da família, dentre outros. Relacionado a isso, estima-se que 70% dos moradores são atendidos de forma direta e indireta por meio de programas sociais em nível Municipal, Estadual, Federal e pelas ONGs. Atualmente 50,28% são beneficiários dos programas oficiais citados. Porém, ainda assim, no ano da pesquisa, apenas 11 moradores disseram que recebem auxílio de alguma ONG. Hoje, esse número é um pouco maior, devido à maior força que a ONG OCA obteve. Porém, como já dissemos, essa instituição atende apenas uma parcela de crianças, ficando todos os outros moradores deficitários desse tipo de auxílio. Esse auxílio se mostra bastante importante, já que traz para as famílias um apoio educacional, além de financeiro. Observa-se ainda que grande parte dos moradores recebiam auxílio financeiro de programas do governo. É também um fato importante a ser estudado pelo motivo de que nos revela importantes questões sociais e políticas da comunidade. Esta, se demonstra dependendo do governo, tendo muitas vezes esses auxílios como principal fonte de renda.
REGULARIZAÇÃO F U N D I Á R I A
LIBERAÇÃO DE ÁREA
Como já foi dito anteriormente, o assentamento está sofrendo um processo de regularização fundiária. Após anos de tramitações, processos e análises, estão sendo colocadas em prática alguma etapas do processo. A primeira delas é a remoção de 170 famílias, que deve acontecer em breve. A seleção dessas famílias a serem realocadas foi feita pela própria equipe da Prefeitura (incluindo integrantes da Secretaria de Planejamento e Gestão Pública, da Secretaria de Desenvolvimento Social e da Assistência Social), levando-se em conta quase que somente uma questão territorial. As primeiras 170 unidades a serem removidas estão demarcadas na figura ao lado. Essa população irá para um conjunto habitacional construído em outra área, na Avenida dos Andradas, próximo à Favela das Mangueiras. Consequentemente, a área dessas 170 unidades será liberada. O intuito do presente trabalho para a continuação do processo de regularização é então transferir o restante dos moradores do assentamento para uma construção que será realizada na área liberada do assentamento, tornando possível a regularização do restante do lote de propriedade pública onde está atualmente instalada a favela.
Para o final da consolidação do processo de regularização, há inclusive um projeto feito pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), que ocupa a área toda do atual assentamento. Porém, esse processo é algo ainda mal resolvido, já que pressupõe-se que a edificação pertencente ao projeto final, destinada a ser inserida na área das 170 primeiras unidades a serem resolvidas, não comporta o restante da população, sendo esta estimada em 197 famílias. Sendo assim o processo deveria ser realizado em mais de uma etapa, ganhando uma maior complexidade e demandando mais tempo. Outro fator complicador desse processo é a demora para construção de um novo conjunto habitacional nessa área liberada. Assim, as 197 famílias permanecem num estado de vulnerabilidade. Então, pretendo inserir meu minha moradia temporária para abriga-las, e retira-las da condição de favela enquanto é desenvolvido o processo de regularização tradicional. Nesse sentido, não pretendendo excluir o projeto existente para a área, analiso algumas áreas livres neste projeto, que podem ser utilizadas para a elaboração do meu projeto. Assim, meu objeto arquitetônico será inserido nas sobras do referido projeto da CDHU, auxiliando de forma imediata – bem mais rápida do que o processo convencional para a construção de conjuntos habitacionais – no processo de regularização, no momento da retirada do restante das unidades. Assim, futuramente, ainda que seja desenvolvido o conjunto habitacional proposto pela CDHU, meu objeto passa a fazer parte do conjunto, e ganha outros usos, tornandose um equipamento permanente de utilização da população do novo conjunto habitacional (advindos do assentamento), assim como do bairro num geral. E ainda, caso seja necessária a desmontagem de parte do meu projeto, devido ao seu caráter efêmero, ele é passível a esse processo (apesar de que esse processo não é o meu foco de pensamento). A área total que está em processo de regularização atualmente, de onde estão sendo retiradas as 170 famílias, possui em torno de 13.200 M².
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Imagem 110 - Delimitação das Unidades a serem retiradas em primeira instância do assentamento. FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto.
Imagem 112 - Recorte aproximado do projeto da área que coincide com a área de retirada das 170 unidades. FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto. Imagem 111 - Projeto realizado pelo CDHU para a área da Favela das Mangueiras. FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto. LEGENDA:
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EDIFÍCIOS HABITACIONAIS ÁREA VERDE LIVRE SISTEMA VIÁRIO ÁREA INSTITUCIONAL PROPRIEDADES PRIVADAS
DELIMITAÇÃO DO TERRENO Nesse contexto, conforme dito na página anterior, a delimitação do terreno foi determinada a partir de dois fatores, sendo eles: a área de remoção das primeiras 170 unidades, e a área de implantação do projeto proposto pela CDHU.
Imagem 113 - Corte longitudinal AA. Escala 1:750. FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto.
Nesse contexto, foi determinado um espaço vazio, dentro da área liberada na favela, que não fosse utilizada pelo projeto da CDHU. (Como podemos ver no mapa da próxima Imagem 114 - Corte transversal BB. Escala página). 1:750. FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto. Aliado a esses fatores, temos ainda a localização da OCA, que foi também fator determinante no momento da delimitação da área de intervenção. Esta, ocupará portanto, a área institucional do referido projeto da CDHU propositalmente, já que a proposta do presente trabalho é apresentar um objeto com usos temporários, que se apresente como moradia – solucionando problemas no momento da regularização fundiária – e posteriormente ganhando um uso institucional (além de poder abrigar comércios e serviços).
Imagem 115 Planta do terreno. Escala 1:750. FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto.
A área ocupa uma extremidade do terreno da favela, e é caracterizada como área pública. Já que a intenção da presente proposta é compatibilizar um projeto ao projeto existente da CDHU existe uma área, por observarmos uma faixa destinada ao sistema viário que será implantado – ligação da rua Julia Lopes até a Travessa Caeté, parte do terreno antes selecionado já será destinado à implantação dessa via. Além disso, no referido projeto a área para a implantação da Rua Júlia Lopes até a Rua Barão de Mauá destinada pela prefeitura, é mantida como uma faixa não edificantes, para a possível implantação da via. Sendo assim, o terreno selecionado deve manter essa característica, não ocupando a área pública destinada ao sistema viário. LEGENDA : ÁREA DE INTERVENÇÃO ÁREA DE REMOÇÃO (170 UNIDADES) INSTITUIÇÃO (OCA) VIA PRESENTE NO PROJETO CDHU VIA PRESENTE NO PLANO VIÁRIO
Imagem 116 Esquema de localização da área de intervenção. Sem escala. FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto.
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CARACTERIZAÇÃO F Í S I C A Imagem 117 - Localização dos extratos vegetativos. FONTE: Prefeitura de Ribeirão Preto. FONTE: Imagem de satélite
F5
Imagem 117 - Habitação presente na área de intervenção. FONTE: acervo pessoal
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F2
Imagem 118 - Vista do google a partir da esquina da área de intervenção FONTE: Google esarth
LEGENDA LEGENDA :
EXTRATOS VEGETATIVOS ÁREA DE INTERVENÇÃO
O terreno possui 5634 m² e tem cerca de 13 metros de desnível, que pudemos observar nos cortes da página anterior. Existem alguns extratos vegetativos, algumas árvores (mangueiras pontuais), que provavelmente serão mantidos após a remoção das 170 unidades habitacionais pela prefeitura.
F4
Imagem 119 - Habitação presente na área de intervenção. FONTE: acervo pessoal
F1
Imagem 120 - Vista dos arredores da área de intervenção. FONTE: acervo pessoal
F3
Imagem 121 - Habitação presente na área de intervenção. FONTE: acervo pessoal.
RESTRIÇÕES L E G A I S
LEGISLAÇÃO ÁREA DO TERRENO
5.634 M²
TAXA DE OCUPAÇÃO
3.943 M²
COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO
28.170 M²
RECÚOS
R=H/6
GABARITO MÁXIMO
> 10 metros
Coeficiente de aproveitamento = 5x a área do terreno
DENSIDADE LÍQUIDA MÁXIMA
1.126 habitantes OU 331 unidades
Para terrenos com mais de 1000M² a taxa de permeabilidade é de 15%.
DENSIDADE LÍQUIDA BÁSICA
478 habitantes OU 140 unidades
TAXA DE OCUPAÇÃO A taxa de ocupação máxima do solo para edificações residenciais será de 70% (setenta por cento) COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO
TAXA DE PERMEABILIDADE
É obrigatória a manutenção de solo natural coberto com vegetação, na proporção de 10% (dez por cento) da área total do lote para cada imóvel, em qualquer terreno no qual se construa. Este percentual será proporcional à dimensão do terreno, denominado de taxa de solo natural. Para parcelamento do solo, a porcentagem do total do sistema de áreas verdes, admitida como Sistema de Lazer Recreativo é 25% (vinte e cinco por cento) nas Zonas de Urbanização Preferencial - ZUP RECÚOS Todas as construções com gabarito superior ao básico (10 metros de altura) deverão observar recuos de todas as divisas do terreno de acordo com a seguinte fórmula matemática: R=H/6, maior ou igual a 2 O recuo lateral nas edificações com gabarito
até 10 metros (gabarito básico) poderá ser ocupado pela caixa de escada e pelo elevador quando necessário especificamente para adequar às exigências quanto à acessibilidade. Ao longo das demais vias que compõe o sistema viário, 5 (cinco) metros para os imóveis cujo gabarito seja superior a 4 (quatro) metros, podendo também seu recuo ser determinado pela fórmula H=3x(L+R) metros, onde H é a altura do prédio, L é a largura da rua e R é o recuo até o alinhamento. GABARITO MÁXIMO Estabelece a altura base de 10 (dez) metros para todas as edificações. No caso do lote em estudo, o gabarito poderá ser ultrapassado, pois se trata de um lote próximo as vias públicas e com testada mínima de 40 (quarenta)
metros. DENSIDADE LÍQUIDA MÁXIMA Fica estabelecida a Densidade Populacional Líquida Máxima de 2.000 hab/ha. (dois mil habitantes por hectare) permitida para lotes ou glebas localizadas na Zona de Urbanização Preferencial - ZUP e na Zona de Urbanização Controlada - ZUC, desde que atendidas as demais restrições urbanísticas desta lei; DENSIDADE LÍQUIDA BÁSICA Fica estabelecida a Densidade Populacional Líquida Básica de 850 hab/ha (oitocentos e cinqüenta habitantes por hectare) permitida para cada lote de terreno.Não poderão ser feitas residências multifamiliares verticais que ultrapassam 30.000 (trinta mil metros).
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62
P R O J E T O Edificação de usos efêmeros, qcom o intuito inicial de abrigar unidades autônomas de habitação social.
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CONCEITO
O conceito do projeto é prioritariamente
a efemeridade nos usos de um objeto arquitetônico, que funcione inicialmente
para sanar problemas de moradia para
moradores da Favela das Mangueiras, que se encontra em processo de regularização fundiária.
Assim, esse objeto vem para agilizar o processo, e minimizar a vulnerabilidade social
em
que
se
encontra
determinada população.
essa
Entretanto, o objeto arquitetônico em questão deve funcionar temporariamente
como habitação, e após realizado esse
processo de regularização da área, e das unidades finais prontas, o mesmo
perde a funcionalidade relacionada à moradia, ganhando outros usos, também
destinados à população carente (como: abrigo
para
a
instituição
OCA,
e
ampliação desta, comércios e prestação de serviços, entre outro). PARTIDO Consigo
absorver
a
variabilidade
programática que faz parte do conceito do projeto, a partir de um edifício
de múltiplos pavimentos, composto por várias lajes - dispostas de diversas maneiras
no
terreno
espaços flexíveis. Para
resolver
objeto, capazes
a
que
abrigam
estruturação
conseguindo de
-
abrigar
espaços a
deste
flexíveis
variabilidade
programática, busca-se estruturas que permitam essa variabilidade, além de
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possibilitarem uma rápida montagem e desmontagem.
122 - Foto da maquete física inicial.
Imagem
123 - Foto da maquete física inicial.
P R I M E I R A S EXPERIMENTAÇÕES P R O J E T U A I S
Imagem
Inicialmente foram pensados 4 volumes para compor a estética formal do projeto, dispostos de forma a se encaixarem um no outro. Dois deles com sua face maior voltada quase totalmente a norte, o outro perpendicular a estes, e por último, o volume voltado para a fachada principal, paralelo à via.
Imagem
Imagem
Imagem
124 - Commposição formal inicial.
Imagem
125 - Composição formal secundária.
126 - Commposição formal inicial.
Imagem
127 - Composição formal secundária.
128 - Implantação incial.
A referida volumetria foi pensada de modo que o terreno não fosse muito ocupado, mas ao mesmo tempo tivéssemos um bom aproveitamento dele. Buscando então grande área de solo livre, além de planos elevados entre os blocos, que quebram a solidez dos volumes e criam espaços de permanência e convívio para os usuários do objeto em questão.
A partir desses volumes iniciais,criou-se um jogo com as lajes, levando uma unidade ao projeto, fazendo com que o projeto ganhasse uma estética melhor, além de criarmos espaços intermediários às áreas fechadas. Essas lajes constituem a circulação da edificação, além de proporcionarem espaços de convívio. Ao lado observamos fotos da maquete referente à primeira etapa de projeto. Nela vemos o a presença marcante de um volume maior, em formato de fita, que se sobrepõe em volumes menores. Abaixo dele, temos uma laje suspensa num grande vão, e entre os volumes, algumas outras lajes que se estendem. Porém, ao longo do processo, foi observado que tínhamos alguns problemas em relação à essa volumetria, como: - A amplitude do volume maior que trazia uma sensação ruim em relação à escala humana, além de ser prejudicial quanto aos aspectos de iluminação e locação da circulação vertical; - A grande laje suspensa que também deveria ser repensada, já que assim como no grande volume, teríamos problemas em relação à estruturação.
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DESENVOLVIMENTO SUBSEQUENTE A partir das observações feitas nas primeiras experimentações, portanto, foram feitas modificações formais no projeto, além de reajustes quanto às unidades autônomas e circulação vertical.
Imagem
129 - Pespectiva eletrônica. Implantação reformulada.
Imagem
130 - Pespectiva eletrônica. VISTA 01
A primeira e mais importante modificação se deu com a ruptura do volume maior da edificação, que foi dividido, gerando dois blocos menores, sendo que um deles permaneceu na posição original, e outro foi realocado sobre o outro volume já existente. Assim, além de resolver um problema estrutural, quebramos a monotonia visual do usuário do prédio, e conseguimos uma melhor iluminação. A partir da vista 01 conseguimos observar nitidamente os dois volumes criados, e vemos que, apesar da divisão, eles ainda apresentam uma unidade visual, fator de grande importância na concepção do projeto. Observamos também a colocação da edificação nos diferentes níveis do terreno, que teve sua topografia original pouco modificada. Um dos “blocos” possui um piso a mais, já que é inserido num nível mais baixo. Na vista 2 fica clara a ligação entre os dois blocos, criando a unidade visual e espacial à edificação. Essa ligação é feita através de passarelas, que se ligam às caixas de escada e elevadores e aos corredores de circulação.
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Observamos ainda outras lajes, que se desprendem dos blocos principais, e criam espaços de convívio.
Imagem
131 - Pespectiva eletrônica. VISTA 02
Imagem
132 - Pespectiva eletrônica. VISTA 03W
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FINAL PROJETO
Imagem
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133 - Pespectiva eletrônica. VISTA 03.
IMPLANTAÇÃO
Por fim, a implantação pensada desde o início para o projeto foi pouco modificada, ocorrendo basicamente apenas a ruptura do grande volume inicial. Assim, como resultado, obtivemos uma implantação bastante homogênea no terreno, já que este é ocupado por inteiro pela edificação, que se integra com espaços de uso coletivo, proporcionando uma baixa ocupação do solo, mas um bom coeficiente de aproveitamento - devido ao gabarito elevado da edificação. Os espaços coletivos no térreo proporcionam a maior integração do objeto arquitetônico com o entorno, minimizando discrepância visual do novo projeto com o entorno existente. Cada um desses espaços se dá como uma extensão da via pública, funcionando como praças. Já a orientação da edificação foi pensada de acordo com dois principais fatores: o posicionamento solar e o aproveitamento do terreno.
Além disso, se o objeto fosse rotacionado paralelo às vias, teríamos um espaço menor V9 para implantá-lo, já que a diagonal é a mior medida do terreno.
134 - Pespectiva eletrônica. IMPLANTAÇÃO.
V5
V6 V4
V7
10
As maiores fachadas, se ficassem voltadas paralelamente às vias, ficariam posicionadas à sudesde e a noroeste, direção essa que proporciona uma incidência de luz solar dificil de ser controlada. Posicionando essas fachadas maiores para norte, temos uma maior gama de possibilidades para controlar a incidência solar.
Imagem
V8
RU
A
BA
RÃ
O
V3
Ainda, o posicionamento na diagonal, permite que os espaços coletivos no térreo sejam posicionados de forma que possam ser vistos por inúmeras direções, criando uma maior amplitude e continuídade do passeio.
DE
MA
UÁ
V2
V1
69
ACESSOS
Os acessos se dão por todas as vias públicas ajacentes e também pelo terreno lindeiro À área do projeto (terrneo este remanescente da desocupação de paste do assentamento irregular). São acessos amplos, que se comportam como uma extensão da rua. Assim, o projeto ganha uma grande fluidez, principalmente quando se diz respeito à escala do pedeste, além de atrair este para se adentrar ao terreno. A partir do térreo, temos as caixas de circulação vertical (sendo um total de 4 escadas pressurizadas e 5 elevadores) que promovem o acesso até os pavimentos superiores, onde está a maioria das unidades habitacionais e também grande quantidade de espaços de uso coletivo. Essas 4 caixas de circulação vertical estão dispostar próximas às vias, facilitando o acesso da população. CIRCULAÇÃO VERTICAL
CIRCULAÇÃO VERTICAL
70
Imagem
135 - Pespectiva eletrônica. VISTA 07.
CIRCULAÇÃO VERTICAL
Os acessos a partir das vias públicas são sempre nivelados a estas, porém, devido à declividade do terreno, temos acessos em vários níveis, que formam diferentes platôs nos espaços térreos. Na VISTA 08, por exemplo, vemos os acessos aos diferentes níveis, proporcionados através de degraus ou de uma rampa (que dá acesso à todos os níveis do térreo).
137 - Pespectiva eletrônica. VISTA 08.
Vemos na VISTA 05, algumas faixas amarelas no piso (fabricadas apenas por uma variação na tonalidade do concreto no piso) que, além de proporcionarem uma unidade visual e identidade no projeto, indicam acessos e faixas de cinculação até o interior do complexo, a partir da via pública. O cruzamento das fauxas amarelas no piso (demonstrado na VISTA 05) por exemplo, indica o acesso para a entrada da Instituição OCA.
Imagem
Em todo o perímetro do terreno, temos calçadas de no mínimo 4 metros, que se encontram na inclinação da via pública.
Imagem
136 - Pespectiva eletrônica. VISTA 05..
ACESSO INSTITUIÇÃO - NÍVEL 405
RAMPA
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Para acesso aos quatro pavimentos voltados à rua principal (Rua Barão de Mauá) temos escadas sem pressurização (VISTA 09), já que a legislação permite, devido ao número de pavimentos. Essas escadas acontecem nas duas extremidades, e funcionam ainda como elemento de destaque visual no projeto. Na VISTA 04 (ao lado) vemos que outros elementos de circulação vertical também são destaque: duas das caixas de escadas recebem uma pintura voltada à arte urbana (grafite, e acabam por se tornar elementos decorativos, aproximando ainda as características do projeto com a identidade dos moradores (moradores de assentamento irregular, que muitas vezes se identificam com esse tipo de arte. Esse fator acontece também no grande plano vertical em destaque na VISTA 09 (plano que apesar de nãose tratar de circulação vertical, tem destaque por estar posicionado no cruzamento de vias,na fachada principal do projeto).
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Imagem
138 - Pespectiva eletrônica. VISTA 09.
NA VISTA 04, esse Grafite chama atenção, mais uma vez, para a presença da OCA, enfatizando a entrada para a instituição, que ocorre pelo lado direito do painel - Nível 495, e pelo lado esquedo - Nível 498 (entradas demonstradas por setas na vista). Sendo, alpem disso, a entrada para os pavimentos superiores da instituição permitida exclusivamente por essa caixa de escada.
Imagem
139 - Pespectiva eletrĂ´nica. VISTA 04.
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VOLUMETRIA
Imagem
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140 - Pespectiva eletrônica. VISTA 02.
Como já dito anteriormente, a volumetria foi pensada a partir de blocos que se sobrepõe, criando assim um jogo de volumes, que contrariem uma solidez visual no projeto, além de proporcionar uma ocupação mais homogênea e harmônica na gleba. Com isso, como resultado tivemos 4 volumes principais, que se encaixam, sendo que um deles não toca o chão, se apoiando em outro que toca o chão no nível 498 (abaixo da via imediata) e os outros dois tocam o chão no nível 495, ganhando um pavimento. O volume voltado para a Rua principal (Rua Barão de Mauá)se encontra paraelo a esta, porém os outros, se encontram rotacionados em relação ao primeiro. Para a unificação formal do objeto, foram usadas as caixas de circulação vertical e os planos de circulação. Imagem
Já para a unificação visual, o elemento de destaque é a “faixa amarela” que circunda todos os blocos, dissemindando ainda a cor vibrante por alguns outros pontos - como nas escadas, em faixas de circulação no piso, na rampa no térreo, e em alguns mobiliários. Assim, a faixa amarela, utilizada inicialmente para dar tonalidade a um conjunto de guardacorpos, tornou-se uma marca do projeto, dando identidade visual a este, além de tirar a monotonia da tonalidade de concreto (já que todas as paredes do projeto devem ser de placa cimentícia sem acabamento). As formas são sempre criadas apartir de linhas retas, que unidas ao encixe dos volumes, dão um aspecto visual geométrico à volumetria final. As formas orgânicas, por sua vez, ficam por conta da vegetação também bastante presente entre as áreas livres do projeto.
141 - Pespectiva eletrônica. VISTA 01.
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da Imagem 142 - Pespectiva eletrônica. Representação da área comum do térreo, áreas de contemplação e convivÊncia. Representação Imagem 143 - Pespectiva eletrônica. extensão do refeitório, e acesso rampa.
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RESOLUÇÃO DO TÉRREO
Como já apontado anteriormente, o térreo possui grande quantidade de áreas livres, de uso público, já que o acesso ocorre a partir das vias públicas, sem nenhuma barragem. Sendo assim temos praças, áreas de contemplação, áreas de recreação infantil, áreas de reccreação para jovens e adultos, além de uma área que funciona como extensão do refeitório (Imagem 143). Esses usos acontecem em vários platôs, que se encontram entre o nível 405 e 502, sendo que o acesso entre estes é feito por escadas ou pela rampa vista na imagem 143. na imagem 142 vemos bem essa diferenciação de níveis, os possíveis usos destes,além da distribuição de área permeável e vegetação que compõe essa grande praça. Vemos: - Bancos; - Escada que da acesso ao parquinho para recreação infantil; - Arquibancada que acontece como continuação da escada, e funciona como ponto de encontro para a população; - Gramados,sob grandes árvores (algumas já existentes no local), que podem ser usados como espaços de recreação e contemplação. NA imagem 144, vemos uma continuidade do espaço que ocorre na imagem 142, sendo alguns patamares acima (na imagem níveis 499 a 501). O bloco amarelo no piso, deve ser o principla ponto de encontro dos moradores, onde temos bancos e algumas mesas (inclusive para receber um ponto de encontro de idosos). A vegetação faz a sombra que deixa o local mais agradável para longas permanências. É notável lembrar que esse espaço coletivo é passível de algumas atividades e esportes, como o skate e a bicicleta, que estão nas raízes dos moradores, e que trazem sa identidade juntamente com alguns outros elementos, como a caixa de escada que mais uma vez é transformada em painel de arte, criando um ambiente todo voltado a esses moradores. Na imagem 143, por sua vez, como dito acima, temos uma diminuta praça de alimentação, num plano logo ao nível que chega da rua (nível 498), que funciona em um pátio coberto, com o pé direto de 12metros (o que proporciona um espaço coberto com grande amplitude).
Imagem 144 - Pespectiva eletrônica. Resolução do térreo, áreas de convívio e contemplação.
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SISTEMA CONSTRUTIVO 78
ETRUTURA E FECHAMENTOS
Imagem
146 - Pilar
Imagem
145 - Perfil da viga
Imagem
147 - Desenho das placas de fechamento.
Imagem 148 - Desenho das placas da laje pré-fabricada.
Buscado sistemas mais eficientes de construção com o objetivo de aumentar a produtividade, diminuir o desperdício e atender a uma demanda crescente, o sistema construtivo escolhido para o projeto foi um sistema misto, composto por vigas e pilares metálicos e lajes pré-fabricadas alveoláres em concreto. Além disso, o fechamento externo deverá ser feito em placas cimentíceas, e as internas em gesso acartonado. O método de execução escolhido para detalhamento é o de . tanto dos pilares e vigas quanto dos painéis, não sendo contemplada a execução perfil a perfil, que foge à característica de industrialização e necessita de grande experiência por parte dos armadores.O sistema foi escolhido por conta de alguns fatores, como a rapidez na montagem, qualidade estrutural e para garantir um isolamento térmico eficiente, e isolamento acústico entre uma unidade habitacional e outra. Outro fator bastante importante quando se diz respeito ao sistema construtivo, são os banheiros. A fim de otimizar a construção, os banheiros também foram pensados como módulos, que são inseridos prontos em cada unidade, sendo necessário apenas promover a ligação da tubulação. A estrutura então fica por conta dos pilares pilares metálicos uniformes, do tipo caixão, medindo 60x30cm e das vigas metálicas que os acompanham (sendo do tipo H, elas têm uma largura de 30 ou 60cm, e altura de no máximo 75cm - já que a maioria dos vãos medem cerca de 12,5m. As caixas de circulação vertical também fazem o papel de estruturação, caracterizando-se como núcleos rígidos, já que são fabricadas todas em concreto armado. Além disso, a laje também auxilia na estruturação. Porém, devido à altura da edificação (que chega a 10 pavimentos na parte mais alta) e à sua forma bastante longelínea, é necessário um contraventamento, feito em estruturas metálicas em X, que acontece em paredes alternadas na transversal. É viável salientar que não é necessário um contraventamento no sentido longitudinal porque a inércia nesse sentido é grande. Assim, o contraventamento em apenas algumas paredes tranversais não traz problemas ao projeto, quando se diz respeito aos aspctos visual e formal. (Poderemos ver melhor o posicionamento desse sistema de contraventamento nas plantas técnicas).
MODULAÇÃO
Para exemplificar a modulação das placas, temos a planta do primeiro nível, onde vemos a utilização de todas as placas na laje e nas paredes. Aqui, por conta da modulação, afim das placas verticais se encaixarem da maneira correta, e de termos um aproveitamento satisfatório dos shafts, as unidades habitacionais ganham áreas diferentes - algo que não ocorre em tosos os pavimentos. Essa modulação da laje se repete em todos os pavimentos, havendo apenas inserções de uma maior quantidade de placas para que se forme o desenho variável de algumas lajes.
PAREDES: Algumas placas ficam posicionadas sob a viga, sendo também exceção, e devem possuir altura menor que 3 metros. As paredes devem ser cimentíceas ou de drywall, variando de acordo com o local se inserção. LAJE: Algumas placas de 3,6x2,4m devem ser recortadas, a fim de formarem as lajes irregulares presentes no projeto, porém estas são pequenas exceções.
NÍVEL 495,00 - MODULAÇÃO DAS LAJES ESC. 1:500 Imagem
149
N
N
NÍVEL 498,20. - MODULAÇÃO DAS LAJES Imagem 150 ESC. 1:500
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NÍVEL 501,40 - MODULAÇÃO DAS LAJES Imagem 151 ESC. 1:500
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NÍVEL 504,60 - MODULAÇÃO DAS LAJES Imagem 152 ESC. 1:500
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NÍVEL 507,80 - MODULAÇÃO DAS LAJES Imagem 153 ESC. 1:500
N
NÍVEL 511,00. - MODULAÇÃO DAS LAJES Imagem 154 ESC. 1:500
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NÍVEL 514,20 - MODULAÇÃO DAS LAJES Imagem 155 ESC. 1:500
N
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NÍVEL 517,40 ; 520,60 ; 523,60 ; 527,00 MODULAÇÃO DAS LAJES ESC. 1:500 Imagem 156
ABERTURAS, BRISES E GUARDA-CORPOS
As aberturas serão feitas através dos mesmos módulos das placas cimentíceas, que fazem o fechamento da edificação. Assim, medindo 1,2mx3m, o caixilho da abertura entra no lugar de uma placa cimentícea, não necessitamos então de cortes nas placas, agilizando o processo de montagem, desmontagem e modificação de acordo coma necessidade.São apenas 3 módulos, sendo: - Janela, em caixilho metálico e fechamento em vidro, com abertura no sistema guilhotina; - Porta com o mesmo desenho da janela, porém com vidros fixos, e dobradiças para abertura como porta; - Porta toda metálica, com bandeira. O posicionamento dessas aberturas se dá VISUALMENTE de forma aleatória, formando um jogo de aberturas não uniforme. Porém é válido salientar que cada posicionamento foi pensado de acordo com o layout do uso interno à edificação. Para uma composição estética ideal, o material metálico deve ser pintado na cor preta, e os vidros podem receber tratamentos com películas opacas ou refletivas. Outros elementos adicionados à edificação foram os guarda-corpos e os fechamentos/ brises. Os guardacorpos acontecem em quatro pavimentos, fabricados também com as placas cimentíceas. Porém, de acordo com as normas técnicas dos bombeiros, em edificações habitacionais de interesse social, por segurança, acima do quarto pavimento não são aceitos guardacorpos, sendo necessários fechamentos totais. Assim, afim de atender a norma, solucionar problemas quanto À incidência solar e trazer um agradável aspecto visual, foram inseridos módulos metálicos - espécies de grades, nos sentidos vertical e horizontal intercalados que, tendo a altura de 3 metros, proporcional o fechamento toal do corredor externo Às unidades habitacionais, e delimitam parte da incidência solar nas paredes dessas unidades. Na imagem 157 vemos que o guarda-corpo pintado em amarelo provoca uma delimitação de atá onde vai o pavimento aberto e onde começam os brises, criando ao mesmo tempo uma unidade ao projeto.Nesta imagem vemos ainda outro fechamento em tela, que é o da quadra poliesportiva.
Imagem
157 - Pesrpectiva eletrônica. Detalhes dos guarda-corpos e brise.
83
84 Imagem
158 - Desenhos tĂŠcnicos das esquadrias, brise e guarda-corpo.
Na imagem 157 vemos a combinação entre os elementos de fefechamento, aberturas, brises e guarda corpos, uma combinação de cores e texturas, que tiram a monotonia do plano. Na imagem 159 vemos as combinações das esquadrias, inseridas pontualmente ou em planos. Vemos no térreo, exemplo, a inserção de 6 portas de vidro, uma ao lado da outra, dormando um plano envidraçado, que funciona como entrada para a Instituição OCA. No piso superior, temos a combinação de janelas uma ao lado da outra, que também fazem parte da área institucional. E, acima, a combinação de portas e janelas, da área residencial. É importante notar que essa combinação não determina visualmente o uso de cada espaço, possibilitando a efemeridade nesses usos e a flexibilidade dos espaços, ainda que não sejam feitas modificações na forma do edifício - principal conceito do projeto.
Imagem
159 - Perspectiva eletrônica. Detalhe das aberturas.
85
P R O G R A M A O programa total do projeto engloba: - Unidades habitacionais; - Refeitório/restaurante;
PLANTA NÍVEL 498,20 - USOS Imagem
160
- Instituição OCA;
- Espaços de lazer e recreação;
Espaços para oficinas, cursos profissionalizantes, cinema ao ar livre e horta comuitária.
Esse é o programa inicial do projeto, mas que, após as famílias receberem suas habitações permanentes, deve sofrer modificações, abrigando inclusive usos como comércios e prestação de serviços. A seguir, temos as plantas de cada pavimentos, com os respectivos usos do atual projeto.
INSTITUCIONAL HABITAÇÃO CIRCULAÇÃO CONVÍVIO
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PLANTA NÍVEL 501,40 - USOS Imagem
161
Imagem
163
PLANTA NÍVEL 507,80 - USOS
87
Imagem
162
PLANTA NÍVEL 504,60 - USOS
Imagem
165
PLANTA NÍVEL 514,20 - USOS
88 Imagem
164
PLANTA NÍVEL 511,00 - USOS
Imagem
167
PLANTA NÍVEL 517,4; 520,6 E 523,8 - USOS
89
Imagem
166
PLANTA NÍVEL 517,40 - USOS
90
168 - Perspectiva eletrônica. Visão geral. VISTA 10
Outros usos relacionados à recreação podem ser aderidos pela população, utilizando o que o projeto pode oferecer, como a escalada, nos grandes planos verticais das caixas de escada. Esse é um tipo de esporte que faz com que haja uma interação da população entre si e com o objeto arquitetônico, que dá possibilidades de usos a fim de manter ou até melhorar as relações interpessoais dos moradores advindos de uma favela.
Imagem
PLAYGROUND
Poemos ver na imagem 169 alguns usos do térreo, que, como já dito antes, recebe áreas de recreação, contemplação e convívio. O playground visto nessa imagem é destinado prioritariamente ao uso dos moradores e visitantes, e temos também outro que fica vinculado mais aos usuários da ONG (visto na imagem 168), já que estámais próximo à sua entrada e à viapública.
Imagem 169 - Perspectiva eletrônica. Espaços de recreação infantil e convívio no térreo.
PAREDE PARA ESCALADA
R E S O L U Ç Ã O DOS ESPAÇOS A primeira ação no momento da concepção do projeto foi o estudo e definição prévia da volumetria. Após isso, por conta do sistema construtivo, o projeto foi idealizado do MICRO para o MACRO, ou seja, a partir das placas modulares da estrutura, foram moduladas as unidades, e posteriormente os blocos maiores, dando exatidão ao tamanho das lajes e à forma final da implantação. Através dessa modulação, criou-se 198 unidades, sendo: »» »» »» »» »»
PLANTA BANHEIRO TIPO SEM ESCALA Imagem
170
2 unidades de 21m² 175 unidades de 24m² 9 unidades de 51m² 8 unidades de 55m² 4 unidades de 65m²
Ao lado, temos o banheiro que, como dito antes, será fabricado como um módulo, inserido por inteiro na construção, facilitando e agilizando a montagem, e possibilitando a retirada sem grandes danos, no momento em que od usos da edificação forem modificados. Esse módulo deverá ser construídos com as paredes chamadas “hisdráulicas”, paredes por onde devem passar a tubulação até o forro. E deve ficar posicionado sempre ao lado dos shafts, por onde irá correr a tubulação vertical. A seguir, teremos o detalhamento melhor dar unidades habitacionais, com sugestões de layout.
91
Interrupção gráfica Interrupção gráfica
PLANTA UNIDADES HABITACIONAIS TIPO (24M²) ESC.: 1:25
92
A unidade autônoma de 24m² é replicada 175 vezes, sendo que 122 são iguais - tornandose a unidade tipo (que é mostrada na próxima página). Essa unidade é a unidade básica, que pode ser ampliada, uma vez que os módulos que compõem as paredes possuem função apenas de fechamento, e podem ser removidos, ampliando
o espaço. Cada unidade possui apenas um pilar e duas vigas como elementos estruturais fixos, além dos elementos hidráulicos. Acima, a planta dos banheiros que, como já dito, devem ser produzidos como módulos, que se encaixam
Imagem
171
na estrutura do edifício. Sendo assim, esse módulo também pode ser removido facilmente quando necessário, permitindo que os espaços se tornem ainda mais flexíveis. . A Seguir, temos sugestões de layouts para cada uma das unidades.
Interrupção gráfica
Interrupção gráfica
SUGESTÕES DE LAYOUT PARA AS HABITAÇÕES
Imagem
172
93
94
Imagem
173
Imagem
174
95
96
Imagem
175
Imagem 176
97
Interrupção gráfica
Interrupção gráfica
SUGESTÕES DE LAYOUT PARA ÁREAS COMUNS
No projeto, além dos espaços comuns de contemplação e recreação do térreo, temos uma grande quantidade de áreas de uso coletivo, sendo elas: - Refeitório/restaurante coletivo (visto por fora na imagem ao lado), com cozinha industrial, local para armazenamento e contabilidade dos produtos, e ampla área interna e externa para refeição - Img 178; - Lavanderia coletiva, com cerca de 20 máquinas de lavar e 20 máquinas de secar, tanques, mesas de apoio e assentos - Img 178; Imagem
177 - Perspectiva eletrônica. Fachada do refeitório e lavanderia , com espaço de estar.-
Pátio coberto com mesas, banheiro e lavatórios, para ser usado como oficina ou local para cursos profissionalizantes - Img 179. - Laje suspensa que possibilita a implantação de uma horta coletiva, em grandes tanques de terra - Img 180; - Pátio de jogos e recreação, com mesas de pebolim, mini quadra poliesportiva e mesas para trabalhos manuais - Img 181; - Laje elevada descoberta que possibilita a implantação de um cinema ao ar livre, oficina de teatro ou mostras - Img 183.
98
Interrupção gráfica
Interrupção gráfica
Interrupção gráfica
LAYOUT REFEITÓRIO E LAVANDERIA
ESC.: 1:50
Imagem
178
99
LAYOUT PÁTIO OFICINA
100
LAYOUT PÁTIO HORTA
ESC.1:150
COMUNITÁRIA
Imagem
179
ESC.1:150
Imagem
180
LAYOUT PÁTIO DE JOGOS/RECREAÇÃO
Imagem
ESC.1:150
Imagem
181
182 - Pespectiva eletrônica. Vista do pátio de jogos.
101
102
LAYOUT PÁTIO HORTA COMUNITÁRIA ESC.1:150
Imagem
183
R E S T R I Ç Õ E S LEGAIS FINAIS LEGISLAÇÃO
PROJETO
ÁREA DO TERRENO
5.634 M²
5.634 M²
TAXA DE OCUPAÇÃO
3.943 M²
2.160 M² (38,33%)
TAXA DE PERMEABILIDADE
845 M² (15%)
980 M² (17,40%)
COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO
28.170 M²
15.552,25 M²
RECÚOS
R=H/6
4,05 M
GABARITO MÁXIMO
> 10 metros
24,30 M
DENSIDADE LÍQUIDA MÁXIMA
1.126 habitantes OU 331 unidades
DENSIDADE LÍQUIDA BÁSICA
478 habitantes OU 140 unidades
198 unidades OU 673 habitantes
Ao final da modulação e ajuste dos ~espaços, obteve-se os seguintes dados referentes à legislação:
103
104
105
DESENHOS TÉCNICOS
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
130
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2017