Você se comunica 2014

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caderno de propostas

você SE cOMUNICa 2014 Uma Política de Comunicação para a UFRJ



FORUM DE CIÊNCIA E CULTURA 1. VOCÊ SE COMUNICA? 1.1 Apresentação - a série de Seminários VOCÊ SE COMUNICA 2013/2014, promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura (FCC), tem como objetivo debater a formulação de uma Política de Comunicação para a UFRJ. O objetivo é potencializar a capacidade de conexão, vínculo e compartilhamento da comunidade acadêmica, tanto internamente quanto em suas interfaces com a sociedade, promovendo a integração dos nossos sistemas de mídia e informação para a produção e difusão de ciência, cultura e arte. Mais profundamente, trata-se de reconhecermos que, ao desenvolvermos uma política de comunicação para a universidade, a UFRJ estará ocupando o lugar capital que deve ter no debate sobre a democratização das políticas de comunicação no Brasil. 1.2 No mundo da tecnologia digital e do que vem sendo chamado de “trabalho imaterial”, as universidades estão reconfigurando suas atividades educacionais, sociais e institucionais. As práticas do ensino, pesquisa e extensão estão sendo transformadas pelos imperativos de adaptabilidade às novas linguagens da comunicação. Identidades, territórios e temporalidades são hoje transversais, intercambiáveis e modulares, provocando um maior atravessamento de fluxos informacionais globais e novos modos de compartilhamento cultural. É o próprio estatuto da educação e da ciência que estão em jogo na cultura contemporânea, portanto, também o futuro, os papéis, as funções e, de certa maneira, a própria relevância da universidade. Compreendemos essas inovações do campo da comunicação como oportunidades para que a universidade possa fortalecer ainda mais sua missão social de proporcionar ensino, pesquisa e extensão, alargando e aprofundando suas relações com a sociedade. Ao ampliar a interface horizontal com a sociedade, a universidade promoverá ainda mais a circulação e o intercâmbio democrático dos saberes. 1.3 Entre 11 e 12 de setembro de 2013, uma série de mesas de debates abordaram os seguintes temas: políticas públicas de comunicação, transmissão e convergência de mídias, Empresa Brasileira de Comunicação, Rede Nacional de Pesquisa, cultura digital, comunicação institucional, divulgação científica, direito à comunicação, novas redes e construção coletiva de plataformas de comunicação. Participaram diversos segmentos da comunidade universitária e gestores públicos. 1.4 Os resultados desse encontro são apresentados neste documento para debate, buscando sistematizar princípios, diretrizes, programas, projetos e ações. Seguindo a experiência do VOCÊ FAZ CULTURA 2012, o presente documento deverá ser debatido, aperfeiçoado e aprovado na Plenária Final, prevista para novembro de 2014. 1.5. Os princípios, diretrizes, eixos e planos de ação aprovados pela Plenária Final serão submetidos ao Conselho Diretor do Fórum de Ciência e Cultura e, em seguida, encaminhados ao Conselho Universitário, que terá, desta forma, subsídios consistentes para discutir e definir uma Política de Comunicação da UFRJ. 1.6 A realização desta política é o desafio que deveremos assumir e enfrentar, a

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partir de 2014, e não poderá prescindir do monitoramento e avaliação de resultados que articulem proposições e práticas.

2. PRINCÍPIOS E DIRETRIZES GERAIS 2.1 Democratização do acesso aos meios de comunicação. Uma sociedade democrática é o reflexo direto de como essa sociedade debate e negocia a comunicação pública e o acesso aos meios de comunicação. O Brasil nunca realizou de fato um projeto democrático de concessão de outorgas e de marcos regulatórios para os meios de comunicação. O fato de termos uma legislação que prevê a criação e desenvolvimento de canais da Educação, da Cultura e da Cidadania, entre outros, não garante a efetiva criação e desenvolvimento dos mesmos. A defesa da liberdade de imprensa deve ser acompanhada da defesa da pluralidade de perspectivas sociais. Na contemporaneidade, a liberdade de pensamento e expressão não se completam sem a efetivamente democratização dos meios de enunciação e difusão de ideias e imagens; da mesma forma, a liberdade de imprensa não e o direito à comunicação não pode ser reduzida ao acesso às mensagens difundidas pelas várias mídias, mas deve contemplar o direito de comunicar. A universidade pública tem um papel fundamental não apenas no debate intelectual e político mas também no campo da programação de canais de rádio e TV, na produção audiovisual, no desenvolvimento de novas linguagens e na construção de plataformas e redes sociais na Internet. 2.2 Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão, e Mérito Acadêmico. Reafirmar este compromisso significa comprometer a Política de Comunicação da UFRJ com um princípio essencial de nosso projeto universitário. Isso significa contemplar de maneira decisiva a formação nas atividades de Comunicação, o que será assegurado, sobretudo, por meio de um permanente compromisso com as atividades de ensino, treinamento, capacitação e extensão. Ao lado desse princípio, deve-se reiterar que, em sua especificidade como universidade pública, a UFRJ afirma que sua atividade e prática, seus programas e projetos devem estar pautados pela transparência do mérito e rigor acadêmico. O domínio de linguagens e técnicas de comunicação devem constituir matéria obrigatória em todos os nossos cursos, de modo a assegurar as competências comunicacionais que farão de nossos estudantes e egressos mulheres e homens contemporâneos de seu tempo. 2.3 Pluridisciplinaridade. A comunicação e a difusão científica, artística e cultural são e devem ser um permanente e múltiplo diálogo, em que se engajem não apenas os vários campos do saber formal, academicamente constituídos e reconhecidos, mas também os saberes populares e tradicionais. Por outro lado, deve-se considerar, para além dos diferentes segmentos da comunidade universitária, os também múltiplos e variados setores da sociedade, que criam, cada um a seu modo, suas linguagens e formas de expressão próprias, elementos indispensáveis à preservação e enriquecimento do patrimônio de saberes e culturas do país e da humanidade. Neste sentido, trata-se de entender difusão como processo dialógico, como intercomunicação, prática de reconhecimento, conhecimento, validação e legitimação de saberes que se constroem e são irradiados, por múltiplos meios, tanto dentro da universidade quanto em outros espaços sociais, primordialmente na esfera pública.


2.4 Interação e Diálogo entre Comunicação, Arte e Ciência. Neste esforço dialógico, destaca-se a relevância de suscitar encontros e confrontos entre diferentes epistemologias e práticas de percepção e representação do mundo, que, normalmente, encontram-se em discursos distintos: ciências exatas e humanidades, ciências e artes, cultura erudita e cultura popular, saber científico e senso comum, apenas para citar alguns dualismos (ou antinomias) que, além de obstaculizar diálogos frutíferos, estabelecem, frequentemente, inaceitáveis hierarquias e práticas verticais de poder na sociedade e no próprio mundo acadêmico. Universos cognitivos e perceptivos, tanto quanto linguagens constitutivas que são também, muitas vezes, de mundos e comunidades separadas, deveriam encontrar na universidade, mais do que em qualquer outro lugar social, a possibilidade de se entreolharem, reconhecerem, conhecerem, interpelarem e fertilizarem-se mutuamente. 2.5 Reconhecimento e Promoção da Diversidade Cultural, Reconhecimento e Acolhimento de Saberes Insurgentes. Trata-se, neste mesmo compromisso e esforço dialógico, de reconhecer e resgatar, reunir e promover os saberes e os produtores de saber independentes, não mercantis, expressão de modos de vida e visões de mundo que contestam, colocam-se ou são colocadas à margem do grande mercado cultural e das instituições oficiais de ciência, tecnologia e cultura. Trata-se de reconhecer e afirmar os discursos não-hegemônicos dos que, invisíveis ou invisibilizados, discriminados, desconhecidos ou mesmo perseguidos, constituem elementos indispensáveis de uma cultura aberta, que renuncia e denuncia toda pretensão monopolista de meios e agentes privados, que se projeta numa sociedade contemporânea democrática, que não se submete à lógica homogênea e homogeneizadora do mercado cultural e científico. A defesa e promoção da cultura nacional, condição para a construção de um projeto de nação, não se confunde com chauvinismos ou isolacionismos. O diálogo aqui afirmado também se faz vigente na relação entre cultura nacional brasileira e outras culturas nacionais e patrimônios culturais da humanidade, de grande importância em uma era em que a comunicação global transnacional, o midia-livrismo e o midia-ativismo estão na ordem do dia. Universalidade e diversidade (pluriversalidade, como proposto por Walter Mignolo) constituem vertentes inseparáveis de uma política de comunicação que se quer plural, e de uma pluralidade que não abdica da integração, da articulação, de um sentido que unifica, sem homogeneizar e pasteurizar a experiência cultural. 2.6 Ensino Básico, Escola Pública. Mais do que nunca, no momento em que a UFRJ e a Universidade Pública brasileira adotam progressivamente medidas que apontam para sua democratização, por meio de uma abertura para os estudantes oriundos do sistema público de ensino básico, nossas políticas, programas e projetos na área da comunicação devem privilegiar, sempre que for pertinente, a preocupação com a promoção da qualidade de nossas escolas. Uma política de comunicação pode certamente promover acessos transversais às produções de diferentes instituições e graus de escolaridade e formação. Queremos comunicar para e nos comunicar com os profissionais da educação engajados em nossas escolas fundamentais e médias, sobretudo as públicas. 2.7 Acessibilidade e Direitos Culturais. O reconhecimento da relevância, legitimidade e validade social das múltiplas formas de saber não deve subestimar a

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desigualdade na distribuição dos meios de produção e acesso ao conhecimento científico, arte e cultura nas sociedades contemporâneas e, em particular, na sociedade brasileira. Em outras palavras, grupos majoritários da população são frequentemente excluídos da possibilidade de acessar, gozar e usufruir do patrimônio cultural, artístico e científico acumulado pela humanidade ao longo dos séculos. Os direitos culturais incluem desde o direito de preservar, manifestar e gerar formas próprias e singulares de expressão cultural até o direito de acesso à arte, conhecimento e cultura universais. Sob esta perspectiva, em que o direito cultural é concebido também como direito de acesso, menção especial deve ser feita aos grupos mais destituídos – os mais pobres, os discriminados e, também, as pessoas com deficiência, transtorno e/ou sofrimento psíquico – lançados, muitas vezes, a um mundo encerrado, isolado, que os destitui de processos de interação social, mas que também, em contrapartida, debilita o conjunto da sociedade devido a essa exclusão. Atenção especial deverá ser igualmente consagrada a crianças, jovens e terceira idade. Nunca é demais lembrar que a Constituição estabelece que “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”, estando previstas, entre outros, a defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro, produção, promoção e difusão de bens culturais; e a valorização da diversidade étnica e regional. O direito de acesso e democratização da arte e cultura deve ser assegurado, assim como a promoção da construção coletiva do conhecimento e da cultura do compartilhamento dos saberes, mantendo o respeito aos direitos do autor, como os de controle de exploração de suas criações, assegurado por lei. Este direito só é exercido plenamente se é entendido também como direito a receber e emitir mensagens e imagens, arte, cultura, saberes, pensamentos. 2.8 Autonomia, Engajamento e Políticas Nacionais. A busca de múltiplos reconhecimentos e diálogos não pode, em nenhum momento, ter como consequência o desconhecimento ou desprezo pelo lugar e papel singulares da universidade como instituição e espaço de guarda, produção e difusão de saberes. O engajamento da universidade na multiplicidade de diálogos e interações não pode ser entendido como renúncia à autonomia, condição para que a universidade aporte sua contribuição original e própria a um projeto societário republicano, democrático, igualitário e diverso. Sem autonomia, o engajamento deixa de ter sentido, pois submete a universidade a lógicas e dinâmicas que lhes são estranhas, seja a do mercado, seja a do poder constituído, seja a de segmentos de opinião. Se a autonomia não pode ser o álibi do desengajamento e do descompromisso sociais, o engajamento não pode, por outro lado, constituir-se como mecanismo, processo e pretexto para a destituição da universidade de sua especificidade e forma particular de se fazer presente na esfera pública e no campo da ciência, cultura e artes, assim como naquele das políticas públicas voltadas para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural e artístico. Uma dimensão particularmente sensível da autonomia diz respeito às relações da universidade pública com as políticas governamentais. No campo em que se situa esta proposta, a questão a enfrentar trata, especificamente, das relações com as políticas governamentais no campo da comunicação, sobretudo no que diz respeito às políticas de concessões de canais de telecomunicações, de produção de conteúdos, de difusão, exibição e distribuição audiovisual, além da regula-


mentação do marco civil da Internet. Neste ponto, cabe reiterar e enfatizar que a universidade, em todos os contextos e situações, deve preservar, e se reservar o direito e a obrigação de atuar enquanto agente crítico, lugar de reflexão e discussão que olha adiante, em perspectiva ampla, e que, sem se situar fora da arena das lutas políticas, busca validar um espaço próprio de percepção e enunciação. Apesar disso, a Universidade não estará cumprindo plenamente seu papel de agente coletivo e institucional de caráter público se não participar e apresentar propostas nos debates públicos sobre políticas nacionais – universitárias, educacionais, culturais, científicas e artísticas. E também deverá reconhecer que, ao invés de força partidária e unitária, a universidade pode, legitimamente, aportar várias e diferenciadas contribuições, sempre fundadas no processo coletivo e democrático, que é condição para a validação da esfera pública merecedora deste nome. A universidade, portanto, sem abdicar de seu papel crítico, participa e engaja-se no diálogo nacional. E, sempre que viermos a reconhecer nas políticas governamentais caminhos que apontem nas mesmas direções que as indicadas por essas diretrizes, não devemos nos abster do engajamento em políticas tanto da esfera federal, quanto da estadual ou municipal. 2.9 Política nacional de comunicação. É nossa obrigação o contribuir para o avanço de uma política nacional para a democratização da comunicação, em uma dupla face de acesso à informação e aos meios, para avançarmos também em um projeto institucional da UFRJ. Somos a maior comunidade acadêmica do sistema federal de universidades públicas e devemos assumir o nosso papel de promover um debate nacional e abrir negociações com os Ministérios da Comunicação, Educação, Cultura e Ciência e Tecnologia para que finalmente implementemos uma série de ações historicamente reivindicadas pelas universidades mas nunca realizadas amplamente, como a criação de uma rede nacional de rádio e TV universitárias e a conexão nacional em banda larga. 2.10 Cultura Nacional, Promoção e Difusão de Novas Formas de Comunicação e Expressão e Cultura Digital. A herança colonial e as múltiplas formas de imperialismo cultural, numa era de globalização dominada pelas dinâmicas mercantis e pelas tendências homogeneizantes que ameaçam as culturas dos países periféricos, assim como dos grupos sociais minoritários (povos indígenas, populações tradicionais, entre outros) atualizam a necessidade de políticas voltadas para a defesa e promoção da cultura nacional e das culturas locais. A defesa e promoção da cultura nacional deve escorar-se no entendimento de que nossa diversidade cultural é um valor a ser assumido, que se atualiza, de maneira criativa e ininterrupta, por meio de múltiplas formas de criação e expressão que englobam diferentes identidades, manifestações culturais e linguagens artísticas. Valorizar a diversidade cultural e artística implica em reconhecer e promover todas as expressões culturais. Nesse sentido, é possível assumir as postulações do Plano Nacional de Cultura, que propõe mapeamento, reconhecimento, promoção e valorização das expressões culturais brasileiras, sejam elas linguagens artísticas ou manifestações culturais. É também igualmente relevante o incentivo ao registro, à proteção e à promoção do patrimônio cultural material e imaterial das manifestações dos povos e comunidades tradicionais e das culturas populares. É um compromisso nacional de assumir a cultura nacional como parte de uma cultura universal, com a qual devemos dialogar, algo que nos enriqueceu no

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passado, nos enriquece no presente e o fará no futuro. Muitas vezes, políticas culturais, mais ainda políticas culturais comprometidas com a preservação de formas de manifestação e produção ameaçadas de extinção pela mercantilização da vida social, como as defendidas neste documento, são pensadas e praticadas como políticas que se encerram na defesa das formas tradicionais (“populares”, para alguns). Cabe, porém, afirmar, mais uma vez, nosso compromisso com a multiplicidade e diversidade, assumindo que a contemporaneidade impõe a verdadeira revolução dos meios e modos de comunicação e expressão que, embora apoiada em bases tecnológicas, transcende à tecnologia e atinge a totalidade da vida social, assim como dos conceitos e práticas de produção e difusão de conhecimentos científicos, artísticos e culturais. Esse reconhecimento deve ir além de uma simples postura concessiva para pensar as possibilidades que as novas formas abrem para a democratização, diversificação e acessibilidade culturais que constituem valores fundamentais de nossa Política. As novas tecnologias de informação e comunicação e as formas emergentes da chamada “cultura digital” são meios essenciais a uma Política de Comunicação. 2.11 Políticas de Comunicação e Financiamento Público. O caráter público da universidade e seu compromisso com a ciência, arte e cultura, enquanto constitutivas da esfera pública, obrigam, exigem e impõem que o financiamento das políticas de comunicação seja assegurado pelo Poder Público. 2.12 Intercâmbio e Cooperação Interuniversitárias. A UFRJ entende que seus esforços para levar adiante sua Política de Comunicação se potencializam sempre que se realizam em cooperação com as demais universidades, em primeiro lugar, as universidades de nosso estado e nossa cidade. Assim, a cooperação e a promoção conjunta de programas, projetos, ações e redes de comunicação constituem-se como uma diretriz de primeira ordem, em primeiro lugar com o recém-constituído Fórum Interuniversitário de Cultura do Rio de Janeiro (FIC-RJ). 2.13 Transparência de informação e da produção universitária. A cultura comunicacional contemporânea é fortemente marcada pela acessibilidade à informação. Nesse sentido, é fundamental que a universidade se abra ainda mais à sociedade, dando visibilidade à sua produção. 2.14 Em síntese, os princípios de nossa Política de Comunicação apontam para concepções e práticas que componham diferentes campos do saber acadêmico e outras tradições, novos horizontes culturais e expressivos, autonomia e engajamento, múltiplas linguagens, cultura nacional, universal e diversidade cultural. Ao unificar esse conjunto complexo e contraditório de desafios, a convicção é que o caminho está na afirmação permanente dos valores que se escoram na liberdade intelectual e de expressão, na prática democrática, na ruptura de monopólios e ilegítimas hierarquias entre disciplinas e saberes, e, sobretudo, na construção de uma esfera pública em que cultura, ciência e arte completam-se num diálogo difícil, porém indispensável, posto que emancipatório.

3. CAMPOS E EIXOS DE AÇÃO DE UMA POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO Trata-se, nesta seção, de reunir e organizar, num todo coerente e articulado, os diversos campos e eixos de ação que devem integrar nossa Política de Comunicação, que será a base para construir o Plano de Ação 2015-2016. Concebemos


duas dimensões de uma política de comunicação para a universidade: a institucional e a social. 3.1 Comunicação institucional. A comunicação institucional deve responder às necessidades de representação da UFRJ pelo gabinete do Reitor, sobretudo no que diz respeito à Assessoria de Imprensa e Relações Públicas. 3.2 Comunicação social. A comunicação social deve promover a difusão da relação entre ciência e cultura, sobretudo no que diz respeito à produção acadêmica e cultural da UFRJ e da articulação intramuros e extramuros (de nossa comunidade e a sociedade) através de mídias audiovisuais e plataformas digitais. 3.3 Plataforma Integrada da UFRJ. A meta é construir uma plataforma integrada de comunicação que conecte os diferentes sistemas de informação, administração, mídias e setores da comunidade universitária para a construção colaborativa e cotidiana de um diálogo cultural, científico e artístico que ultrapasse a esfera institucional, potencializando a nossa missão de garantir a democratização dos saberes em uma relação horizontal com a sociedade. O primeiro grande desafio é justamente otimizar o ambiente de diálogo e troca de ideias em nossa universidade para que possamos garantir o exercício permanente de liberdade intelectual, valorizando as múltiplas formas de conhecimento, técnicas e produções científicas, artísticas e culturais. A tarefa que se impõe é a superação da fragmentação da UFRJ em categorias universitárias, áreas de conhecimento e localização geográfica, para que, de fato, possamos articular os saberes produzidos por nossa comunidade, promovendo plenamente o diálogo horizontal com a sociedade. Em tempos de Internet 3.0 e dos movimentos de mídia livre, em que os próprios modos de utilização das redes as constituem e transformam constantemente, é fundamental que a UFRJ proporcione uma ampla articulação entre o portal da UFRJ, o SIGA, SIGMA, INTRANET, os serviços da RNP e os diversos servidores espalhados pelos campi para que os usuários possam ultrapassar a fragmentação atual de nossos sistemas. Planejamos a criação de uma plataforma integrada que permita aos diferentes setores da comunidade universitária, alternativa e simultaneamente: a) gerarem e divulgarem conteúdos; b) terem acesso, através de meios propiciados pela Universidade, a conteúdos gerados no universo acadêmico nacional e internacional e, de forma mais ampla, às múltiplas manifestações contemporâneas no campo cultural, artístico e científico. 3.4 TV, rádio e internet. A partir da demanda de outorga de concessões de canais de rádio e TV, criaremos os projetos de nossas unidades produtoras, emissoras e distribuidoras, e colocaremos no ar, sempre pensando na convergência com a Internet, produções novas, acervos e parcerias com outras instituições, articulando as necessidades de programação e produção dos canais com as demandas das atividades acadêmicas de nossa comunidade universitária, as atividades pedagógicas da Escola de Comunicação, e as atividades da rede pública de comunicação. 3.5 UFRJ no Mapa. Trata-se de um projeto de uma plataforma de geo-localização no portal da UFRJ em que se possa consultar sobre os arquivos de mídia e informação sobre agendas científicas e culturais, programações de nossos canais de comunicação e as atividades acadêmicas de toda a UFRJ não apenas localizando no mapa nossos territórios, edifícios e equipamentos culturais mas

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também acessando tudo o que a nossa comunidade acadêmica publicar na plataforma. 3.6 Divulgação científica, difusão cultural e EAD. Nossos sistemas e canais de comunicação dedicarão especial empenho no desenvolvimento da divulgação científica, difusão cultural e campanhas de interesse público, assim como proporcionarão melhor integração de ações de educação à distância, incluindo as atividades complementares de cursos presenciais. 3.7 Agência de notícias, ética jornalística e conselho curador. A criação de uma agência de notícias é fundamental para que tenhamos um polo irradiador de informação que reúna os esforços de nossas assessorias de imprensa e jornalistas, alimentando tanto os conteúdos de nossos meios universitários quanto as demandas externas. Através de um conselho curador, teremos um fórum permanente de debate e deliberação sobre curadorias, editorias, pautas e programações de nossos meios de comunicação. 3.8 Programação e identidade visual da UFRJ. A falta de uma política de Comunicação se reflete na maneira difusa como a UFRJ é representada por sua comunidade, muitas vezes pelos seus próprios colegiados. Uma identidade visual forte, que se reflita em uma estética que dê unidade à comunicação institucional de nossa universidade nos meios gráficos e audiovisuais é fundamental para que a credibilidade de sua imagem seja sempre lembrada como referência. 3.9 Pontos de mídia. Uma característica fundamental da comunicação de nosso tempo é a organização em rede. Para que a nossa política de comunicação possa ser implementada é necessário ultrapassarmos a tendência moderna da centralização da produção, desenvolvendo polos difusores em nossa comunidade. Como na lógica das redes sociais, em última instância, é desejável que todos sejam fornecedores e gerenciadores dos sistemas de comunicação. Como na política dos pontos de cultura, é importante que tenhamos pontos de mídia em nossos campi não apenas para que todos tenham sempre um apoio nos seus locais de atuação cotidiana em nossa comunidade, seja na forma de oficinas permanentes, orientações ou utilização de equipamentos, mas para que também tenhamos polos de conexão com a mídia livre, popular e colaborativa. 3.10 Sinalização dos campi. A UFRJ ocupa um grande território nas cidades em que está presente com seus campi, edifícios e equipamentos culturais. Um tema muito importante de nossa política de comunicação é estabelecer uma linguagem comum de utilização de nossos espaços como mídia, seja através da sinalização de ruas, vias, painéis e muros gerenciados pelas nossas prefeituras, seja pelos espaços internos de nossos edifícios. Há um grande potencial de comunicação, tanto interno de nossa comunidade, quanto externo, a ser desenvolvido na utilização de nossos territórios e edifícios históricos como mídia. 3.11 Valorização e ativação dos acervos audiovisuais da UFRJ. É necessário criar um programa integrado de memória audiovisual da UFRJ, com a valorização da função não apenas de manutenção mas também de utilização ativa do acervo. 3.12 Diálogo com os conselhos de políticas públicas. Participação nos conselhos municipal e estadual de comunicação, e em comitês e grupos de trabalho de gestão pública do Rio de Janeiro.


3.13 Circuito Rio. Guia cultural das atividades culturais universitárias da cidade do Rio de Janeiro, a ser produzido tanto em papel, quanto em meio eletrônico.

4. INFRAESTRUTURA, MEIOS E RECURSOS 4.1 A política comunicacional perseguida implicará em dotar de pessoal, infraestrutura e meios materiais todas as unidades, departamentos, programas, cursos, laboratórios, grupos de pesquisa, grupos culturais e artísticos, assim como demais instâncias e coletivos engajados na concretização desta Política de Comunicação para a UFRJ. A mudança cultural e institucional que nos desafia anuncia-se e inicia-se com o processo do Você se Comunica e terá momento decisivo na aprovação, pelo Consuni, da Política de Comunicação para a UFRJ. 4.2 Parte essencial desta nova política diz respeito à adequada alocação de recursos e ao entendimento, por parte das instâncias dirigentes, de que as unidades de produção, emissão e distribuição de rádio e TV, assim como os pontos de mídia da UFRJ, demandam formas particulares de financiamento, pessoal com qualificações específicas, infraestruturas que não se confundem com os tradicionais laboratórios e salas de aula. 4.3 Estabelecer e discriminar no Orçamento Participativo da UFRJ as dotações orçamentárias específicas para o fomento e promoção de atividades contempladas pela Política de Comunicação e pelo Plano de Ação. 4.4 Criar uma dotação orçamentária específica para os espaços de criação, produção e difusão audiovisual. 4.5 Mapear as necessidades para contratação, mediante concurso, assim como para a criação de cargos voltados a profissionais com qualificações específicas relacionadas à realização audiovisual e outras atividades. 4.6 Criar, no âmbito do FCC, o núcleo de apoio ao planejamento, elaboração e execução de projetos de comunicação da UFRJ. 4.7 Criar, com dotação própria, o Programa de Apoio a produção audiovisual da UFRJ que deverá contemplar, por meio de edital, fomento e apoio material a grupos formados por estudantes e técnico-administrativos. 4.8 Fomentar por meio de programa específico a ampliação das atividades cineclubistas e de formação de acervo.

5. O FÓRUM DE CIÊNCIA E CULTURA 5.1 A afirmação e implantação de uma Política de Comunicação para a UFRJ será o resultado de ampla e profunda mudança cultural na própria universidade, em suas unidades, departamentos, programas, cursos, assim como nas instâncias dirigentes e colegiados superiores. Deverá envolver o conjunto de concepções e práticas, assegurando o entendimento de que as dimensões contempladas pela nova política universitária sejam inseparáveis do processo de formação dos estudantes e do processo quotidiano ao qual nos lançamos para produzir novos conhecimentos. 5.2 Com essa mudança cultural e institucional, caberá redefinir e fortalecer o

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lugar até hoje desempenhado pelo Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, que, pelo Estatuto da UFRJ, tem como objetivos: a) o debate e a síntese dos estudos referentes ao progresso dos vários setores do conhecimento, assim como dos problemas brasileiros; b) a difusão científica e cultural: c) a preservação e expansão do patrimônio histórico, cultural, artístico e da natureza brasileira. 5.3 Vistos os desafios de uma Política de Comunicação para a UFRJ, o FCC deve ser concebido e atuar como o lugar privilegiado da concretização da dupla integração propugnada pelo Plano Diretor UFRJ-2020: a integração universitária e a integração universidade-cidade. Seu horizonte é o de um duplo encontro: da universidade consigo mesma e do encontro com a sociedade. Nesta direção, ao invés de pensar e atuar como “centro cultural”, o FCC terá que se transformar no “articulador e promotor cultural e comunicacional” do grande centro de produção e difusão cultural, artística e científica que é a UFRJ. As ações, programas e projetos que integram nossa Política de Comunicação não constituem tarefas do FCC, mas do conjunto da universidade, cabendo ao FCC ser um dos responsáveis por sua promoção e articulação das ações comunicacionais, das iniciativas de difusão concretizadas por grupos de pesquisa e grupos culturais, cursos, programas, departamentos, unidades, centros, etc. Nesse processo, também desempenham papel decisivo a Administração Central, em particular a PR-5, a quem caberá liderar muitos dos programas, projetos e ações aqui arrolados, e o Gabinete do Reitor, ao qual está e estará vinculada a Assessoria de Imprensa. 5.4 A redefinição do lugar e papel do FCC exigirá que este transforme-se, de fato e de direito, em um FÓRUM, assembleia permanente de todos os que, na UFRJ e em conexão e cooperação com a UFRJ, atuam na área comunicacional, cultural e artística e estão engajados em práticas de difusão científico-cultural. Nesta direção, será necessário fortalecer seu Conselho Diretor, dando-lhe maior representatividade e amplas competências. 5.5 Lugar de articulação programática e institucional, o FCC não deverá nem centralizar recursos, nem polarizar iniciativas; ao contrário, deverá funcionar como plataforma e instância que, em consonância com as deliberações coletivas, assume a coordenação da aplicação de nossa Política de Comunicação para a UFRJ, política que se concretiza pelas ações continuadas que desenvolvem professores, estudantes e técnico-administrativos no quotidiano dos centros, unidades, departamentos, programas, laboratórios, cursos ou grupos culturais e artísticos.

6. CONSELHOS DE COMUNICAÇÃO 6.1 Defrontamo-nos com o grande desafio de assegurar unidade, integração, consistência e flexibilidade das múltiplas mídias da UFRJ, de modo a alcançar coerência e clareza em nossos meios e mensagens. Será indispensável combinar e articular esta comunicação de natureza e responsabilidade institucionais com os espaços, meios e conteúdos que, não institucionais, expressem a multiplicidade de experiências, vozes, percepções e estéticas da comunidade universitária. 6.2 Com este objetivo, deveremos reestruturar integralmente o setor de comu-


nicação da universidade, até recentemente conduzido pela coordenação de comunicação (coordcom) e pela assessoria de imprensa, ambas vinculadas ao gabinete do reitor. a seguir apresenta-se um esquema de reestruturação do setor. conselho superior de comunicação assessoria de imprensa/ relações públicas - GR

superintendência de comunicação, tv e rádio - FCC

Jornalismo, ead e fotografia e gestão de redes programação divulgação científica audiovisual e informáica visual - design rádio - FCC TV - FCC portal e mídias eletrônicas

mídias impressas

6.3 O Conselho Superior de Comunicação (CSC) determina as diretrizes, orientações e pautas prio-ritárias, assim como define a política geral de comunicação. Ele avalia os vários meios e seus conteúdos de maneira periódica. O CSC também pode organizar reuniões gerais dos comunica-dores, jornalistas, designers e programadores da UFRJ. Ele se reúne ordinariamente a cada três meses. 6.4 Integram o conselho o Reitor (presidente), os Pró-Reitores, o Coordenador do FCC, o Chefe da Assessoria de Imprensa do GR, o Superintendente de Comunicação, Rádio e TV do FCC, o Superintendente de Difusão Cultural do FCC, o coordenador do SIMAP, o diretor da ECO, o diretor da rádio, o diretor da TV, o diretor do portal, 1 representante do DCE, 1 representante do SINTUFRJ, 1 representante da ADUFRJ. 6.5 O Conselho Executivo de Programação (CEP) debate e delibera sobre a programação da rádio, TV e web, assim como a integração entre as programações, sempre em consonância com as diretrizes aprovadas no CSC. O conselho se reúne mensalmente. 6.6 Integram o Conselho, o Coordenador do FCC, o Chefe da Assessoria de Imprensa, o Superintendente de Comunicação, Rádio e TV do FCC, o Superintendente de Difusão Cultural, o diretor da ECO, o diretor da rádio, o diretor da TV, o diretor do portal, 1 representante do DCE, 1 representante do SINTUFRJ, 1 representante da ADUFRJ, 1 representante dos profissionais de comunicação, 1 representante dos docentes de Comunicação e 1 representante do CA da ECO. 6.7 A Rede de Comunicadores da UFRJ é uma instância permanente de debate, troca de experiências e informações composta por todos os profissionais de comunicação da UFRJ, tendo como objetivo pautar e debater as principais questões de comunicação da universidade, fornecendo subsídios para as discussões e deliberações dos conselhos de comunicação

7. PLANO DE AÇÃO 2015 7.1 Aprovação da institucionalização da Superintendência de Comunicação, Rádio e TV, alocação de novos funcionários técnico-administrativos e realização de

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concursos para todas as áreas da SUPERCOM. 7.2 Aquisição de equipamentos de hardware e software para áudio, vídeo, luz e informática para a SUPERCOM. 7.3 Realização de obras para as instalações da SUPERCOM e dos estúdios e áreas administrativas de rádio e TV. 7.4 Plano de integração dos sistemas eletrônicos de rede de informação administração e comunicação. 7.5 Planejamento e execução da outorga da concessão da Rádio UFRJ. 7.6 Planejamento e execução do Circuito Rio. 7.7 Lançamento do UFRJ no Mapa. 7.8 Chamada e instalação da rede de comunicadores, do CSC e do CEP. 7.9 Realização da Semana da Comunicação, com a participação da SUPERCOM, dos profissionais de comunicação do GR e de todas as Unidades da UFRJ, além dos docentes, técnicos e estudantes da ECO, EBA e toda a comunidade universitária envolvida com a comunicação. 7.10 Planejamento da integração comunicacional e identidade visual de todas as áreas, edifícios e equipamentos da UFRJ, sinalização dos campi, painéis, grades e muros.

8. 2016 8.1 Implantação, produção de programação e lançamento da Rádio UFRJ. 8.2 Solicitação de outorga e planejamento de canal de TV. 8.3 Implantação do sistema integrado de rede e de equipamentos de informação, administração e comunicação. 8.4 Instalação da integração comunicacional e identidade visual de todas as áreas, edifícios e equipamentos da UFRJ, sinalização dos campi, painéis, grades e muros.



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