Museu da Democracia

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MUSEU DA DEMOCRACIA O partido do projeto foi fazer com que o visitante tenha uma experiência de imersão

na história da ditadura militar brasileira a partir das diferentes espacialidades do Museu da Democracia. O programa foi dividido em três volumes principais: “edifício elevado”, “edifício anexo” e “subsolo”. A ideia é que o usuário percorra o museu de baixo para cima, começando na escuridão da ditadura (subsolo) até chegar no “edifício elevado”, que representa a Democracia não à toa a cor símbolo escolhida para o edifício foi o amarelo: cor da luz, do conhecimento, do esclarecimento, e, é claro, da Democracia. A dicotomia ditadura democracia também pode ser percebia nos diferentes graus de exposição à luz natural à qual o visitante é exposto: no subsolo, onde encontram-se as exposições permanentes da Comissão Nacional da Verdade, do Memorial da Democracia e Memorial dos Mortos e Desaparecidos, não há nenhuma presença dos raios solares. Esse passado é imutável e marcado pela obscuridade.

No espaço das exposições temporárias (“edifício anexo”, no térreo), o usuário já recebe um pouco de claridade natural, sobretudo no percurso até o “edifício anexo”. Metaforicamente, é como um trajeto tímido em direção à democracia – as exposições temporárias podem fazer alusão à ditadura, mas também trazer elementos democráticos.

É no “edifício elevado” que os usuários recebem a luminosidade. Com o objetivo de criar o emblema mais significativo da democracia, foram reunidos espaços de conhecimento e debate (biblioteca, salas de aula, teatro e auditório) em um prédio quase inteiramente envidraçado. Essa progressão, porém, não é isenta de um pesar, pois a estrada da ditadura à democracia foi árdua, penosa e difícil. Durante o trajeto entre os volumes do museu, o visitante é obrigado a encarar um dos maiores símbolos da repressão e tortura dos anos 1964 a 1985: o DOI-Codi (Destacamentos de Operações de Informações - Centros de Operações de Defesa Interna); bem como a Igreja do Santíssimo Sacramento, que, na época, foi

uma apoiadora da ditadura militar. Esses dois ícones são percebidos principalmente do “edifício elevado”, cujas fachadas sudeste noroeste apontam para, respectivamente, a Igreja do Santíssimo Sacramento e o DOI-Codi. É preciso avançar sempre, porém, sem nunca esquecer do passado.

O Museu da Democracia está localizado no número 1030 da Rua Tomás Carvalhal, local onde antes existia um estacionamento que dava as costas para o DOI-Codi. O novo edifício do museu não apenas olha para ele, mas compartilha um pátio que interliga as ruas Tutóia, Tomás Carvalho e Cel. Paulinho Carlos. Apesar de hoje funcionar o 36° Distrito Policial, há um apelo para que ele seja transformado em um espaço de memória. O primeiro passo dado foi o tombamento dos prédios, palco de tantas prisões, torturas e mortes. O Museu da Democracia compartilha dessa proposta, e tem seu pátio interno como extensão do estacionamento do antigo DOI-Co-

di - uma das formas de se chegar ao térreo do projeto justamente pela entrada da atual delegacia. A ideia é que o Museu da Democracia se integre neste futuro espaço de memória ali locado.

Além disso, o local é estratégico por estar localizado em uma área amplamente contemplada por transporte público (há inúmeros pontos de ônibus na região, bem como 3 estações de metrô – Paraíso, Ana Rosa e AACD - Servidor – em um raio de 2 km); e com notáveis elementos socioculturais (como o Parque Ibirapuera, o Museu de Arte Contemporânea, o Sesc Vila Mariana e mesmo a Avenida Paulista, distante do Museu da Democracia em cerca de 1km).

W.C W.C m²

PAULINOCARLOS RUA

CARVALHAL

W.C m²

O Museu da Democracia está dividido em três principais blocos: o “edifício anexo”, “edifício elevado” os “subsolos”. O principal partido do projeto foi alocar no subterrâneo, espaço da escuridão da morte, as exposições permanentes com os acervos sobre ditadura; e, no edifício elevado, repleto de luz e transparência, as atividades relacionadas aos debates instrução. O térreo é o espaço de transição que conecta tais opostos, apresentando tanto um espaço para exposições temporárias, quanto duas praças (uma a nível do térreo, e outra elevada) para serem locais de encontros e de conversas. Além disso, praça no nível térreo serve como uma plataforma de distribuição das diversas circulações que alimentam o edifício. No nível da rua, praça interna do Museu interliga as ruas Tomás Carvalhal Cel. Paulinho Carlos ao estacionamento do antigo DOI-Codi e à rua Tutóia. O projeto também previu o alargamento da calçada da rua Cel. Paulinho Carlos. Ainprimeiro pavimento da área destinada àto a área expositiva encontram-se no “edifício anexo”. No segundo pavimento desse “edifício anexo” está outro pavimento para área expositiva temporária. A praça elevada é primeiro espaço de onde possível avistar tanto antigo DOI-Codi quanto Igreja do Santíssimo SacramenPara se chegar às exposições permanentes, o usuário deve descer até o primeiro ou segundo subsolos, utilizando elevadores ou escadas. Aqui, há uma tentativa de emular experiência de aprisionamento das vítimas da ditadura, que, quando capturadas, eram como que “mandadas às trevas”, ou, ainda, para “7 palmos abaixo da terra”. Foram destinados dois pavimentos de cerca de 1.000 m² cada para abrigar os acervos da Comissão Nacional da Verdade, do dos Mortos e Desaparecidos. O último subsolo é destinado à área de apoio do Museu, contando com seu acervo, almoxarifado, sala de administração, área preservação e restauro e um espaçodades complementárias às do Museu,

como comunicação marketing. Além disso, conta com um espaço para descanso dos funcionários e uma copa. O “edifício elevado” é composto por 4 pavimentos, tendo os três últimos um pavimento triplo. No primeiro an(quatro salas de 50 m²), bem como um espaço para reflexão e outro de leitura da biblioteca (ambos dispostos nas duas extremidades do pavimento). Na fachada sudeste, o espaço de leitura da biblioteca é voltado para as copas das árvores e a Igreja; e na ala noroeste, onde há espaço para reflexão, os usuários se deparam com o antigo DOI-Codi. A mesma coisa acontece no andar superior, com auditório e com teatro. Nos dois casos, o antigo DOI-Codi (com auditório) e a Igreja do Santíssimo Sacramento (com o teatro) são plano de fundo para as discussões e encenações que ali existirão, de modo que tais cenários sejam sempre vistos pelos expectadores.

ra estrutura metálica (modular); os de vidro são conectados às esquadrias. mais complexa por ser inteiramente estaiada. Para que se pudesse ter um vão livre nas duas praças do Museu (praça térrea e praça elevada), optou-se por fazer as cargas primeiramente subirem cobertura por tirantes, para depoistros. A estrutura metálica desse bloco duas lajes nervuradas, uma na base do primeiro pavimento e outra na cobertura, ÁREA EXPOSIÇÃO TEMP. 325 m² ÁREA EXPOSIÇÃO TEMP. CIRCULAÇÃO VERTICAL. ESCADA ROLANTE

VERTICAL ESCADA

W.C m² W.C m²

CIRCULAÇÃO VERTICAL ESCADA

VERTICAL ELEVADOR

CIRCULAÇÃO

CIRCULAÇÃO

VERTICAL ELEVADOR

CIRCULAÇÃO

VERTICAL CIRCULAÇÃO VERTICAL ESCADA

VERTICAL ESCADA

CIRCULAÇÃO

VERTICAL ELEVADOR

CIRCULAÇÃO

CIRCULAÇÃO VERTICAL ESCADA

SALA 01 SALA 02 SALA 03 SALA 04 BIBLIOTECA 150 m² W.C W.C m²

BICICLETÁRIO 28 BICICLETAS TRANSPORTE DE CARGAS

CIRCULAÇÃO VERTICAL ELEVADOR TRANSPORTE DE CARGAS

ELEVADOR TRANSPORTE DE CARGAS

CIRCULAÇÃO VERTICAL ELEVADOR

VERTICAL ESCADA

VERTICAL CIRCULAÇÃO

CIRCULAÇÃO VERTICAL CIRCULAÇÃO

CIRCULAÇÃO

VERTICAL ELEVADOR

CIRCULAÇÃO

VERTICAL CIRCULAÇÃO VERTICAL ESCADA

CIRCULAÇÃO D’ÁGUA CAIXA VERTICAL ESCADA

CIRCULAÇÃO

VERTICAL ELEVADOR

CIRCULAÇÃO VERTICAL CIRCULAÇÃO

VERTICAL ESCADA

CATALOGAÇÃO PESQUISA

ÁREA DE COWORKING 80 m² ÁREA DE ESTAR

CIRCULAÇÃO VERTICAL

-para garantir a estabilidade baixa deformabilidade de todo o conjunto fachadas garantem o encaminhamento das forças horizontais e verticais à estrutura da cobertura; bem como os tirantes internos que conectam todos os pavimentos às vigas de concreto protendido da cobertura às quais se ligam os estais dos mastros. As duas lajes nervuradas são como estruturas maciças, que servem como engaste dos pórticos deslocáveis da estrutura metálica do bloco elevado. Dessa forma, tais lajes nervuradas se tornam grandes estruturas de contraventamento, estabilizando o prédio integralmente. Para melhor estabilização, também se previu um pilar que apoia todos os pavimentos do “edifício elevado” e que chega ao nível térreo – de modo a não prejudicar nem a estética arquitetônica, nem o vão livre idealizado. Os mastros centrais também servem acabam fazendo o papel de estrutura rígida central do projeto. Além disso, acomodam os sanitários dos pavias escadas de emergência enclausuradas, que também atuam como estruturas rígidas. Além da função estrutural, os mastros, dada sua magnitude, são importantes elementos de reconhecimento do museu na paisagem na memória da população. CIRCULAÇÃO VERTICAL. ESCADA ROLANTE ÁREA EXPOSIÇÃO PERM. ÁREA EXPOSIÇÃO PERM. 1.000 m² ACERVO MUSEU

CIRCULAÇÃO VERTICAL ELEVADOR TRANSPORTE DE CARGAS

CIRCULAÇÃO VERTICAL CIRCULAÇÃO VERTICAL ESCADA CIRCULAÇÃO VERTICAL CIRCULAÇÃO VERTICAL

CIRCULAÇÃO VERTICAL CIRCULAÇÃO

VERTICAL ELEVADOR

VERTICAL ESCADA

CIRCULAÇÃO W.C m²

CIRCULAÇÃO VERTICAL ESCADA

VERTICAL ELEVADOR

CIRCULAÇÃO

CIRCULAÇÃO W.C m² W.C m²

CIRCULAÇÃO VERTICAL CIRCULAÇÃO

VERTICAL ESCADA

VERTICAL CIRCULAÇÃO RESTAURO PRESERVAÇÃO E W.C 25 m²

W.C ADMINISTRAÇÃO 50 m² ALMOXARIFADO

200313AB 3° ANDAR ED. ELEVADO 2° ANDAR ED. ELEVADO ANDAR ED. ELEVADO PRAÇA ELEVADA PERSPECTIVA DA PRAÇA ELEVADA PERSPECTIVA DA RUA TOMÁS CARVALHAL PERSPECTIVA TÉRREO (OLHANDO DO DOI-CODI PARA MUSEU DA DEMOCRACIA) 9 10 12 13 EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS PERMANENTES (CORTE PERSPECTIVADO) PERSPECTIVA ESPAÇO DE REFLEXÃO PAVIMENTO VISÃO DO PÁTIO DOI-CODI 2° ANDAR EXP. TEMPORÁRIA ED. ANEXO TÉRREO 2° SUBSOLO MEZANINO TEATRO AUDITÓRIO FOYER ESPAÇO PARA REFLEXÃO ESPAÇO DE LEITURA CAFETERIA CIRCULAÇÃO VERTICAL TRANSPORTE DE CARGAS CIRCULAÇÃO VERTICAL LOJA BICICLETÁRIO CIRCULAÇÃO VERTICAL CIRCULAÇÃO VERTICAL 1° ANDAR TEATRO DEPÓSITO TEATRO SALA DE PROJEÇÃO SOLARES PAINEIS 120 PESSOAS 100 m² 100 m² ELEVADOR ELEVADOR 100 m² BICICLETAS ESCADA 300 m² 150 m² 25 m² 50 m² 148 UNIDADES COBERTURA ED. ELEVADO - m - m - m
-
cia foi pensada modularmente e com componentes pré-fabricados. Esse foi um esforço para se conseguir uma construção mais limpa, rápida e ambientalmente correta (a sustentabilidade também foi contemplada com o projeto de uma cobertura que conta com 148 painéis fotovoltaicos apesar de não estarem voltados para o Norte, a ausência de sombras advindas da direção oeste permite que toda radiação proveniente partir das 13h seja aproveitada pelos receptores solares). A estrutura é majoritariamente metálica nos três blocos (“edifício elevado”, “edifício anexo” e “subsolos”), havendo também elementos estruturais em concreto armado ou protendido, de acordo com a conveniência (ora devido à necessidade de uma geometria diferenciada, ora para maior estabilidade da estrutura como um todo). perfil em H. Para vencer vãos de até 20 de altura; para vãos de até 10m, foram utilizadas vigas de 50cm de altura; e, para vãos de até 5m, 30 cm. Todos os pilares possuem seção 50cm 50cm altura de 3,685m. Foram utilizados pilares em concreto armado nos subsolos e eventualmente na estrutura do “edifício anexo”, que possui geometria irregular devido à sua implantação. O edifício anexo também conta com paredes estruturais em concreto armado. Todas as lajes são alveolares protendidas (pré-fabricadas), e as vedações se dão através de painéis de concreto armado (também pré-fabricados) ou de painéis de vidro. Os painéis de W.C W.C 25 m² W.C COPA 60 m²

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