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Arte é o teu nome!
Arte, dizem eles, mas sabem lá eles do que falam. Eles não conhecem a arte que os meus olhos veem. Artistas, críticos, especialistas, ou até os turistas de museus. Arte, dizem eles enquanto olham para um quadro pintado por alguém que nunca sequer conheceram ou ouviram falar, num passado tão distante que por vezes não conseguimos compreender.
Dizem-se peritos, artistas incontestáveis, e falam de como os traços daquele quadro representam angústia, ou que as pinceladas de Van Gogh demonstram o seu estado emocional. Arte eu vejo nos teus olhos, em que o brilho dos anéis de saturno não se comparam ao brilho dos teus olhos. Alguns dizem que temos de compreender a arte de viver, sabem lá o que dizem, porque nunca te viram.
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Nunca te tocaram, eu também nunca o fiz, mas sei que arte não está num museu, numa exposição. A arte anda nas ruas preocupada com os seus problemas, um quadro nunca pintado, estátua nunca erguida, não é observada por turistas ou avaliada em milhões por críticos especialistas.
A arte anda nas ruas. À procura do quê? Nunca sabe, nem saberá muito bem. Ela não quer saber quem a pinta, quem a estuda ou quem a aprecia. A arte anda à solta pelas ruas, às vezes, um pouco perdida nessas ruas vazias.
Eu só a reconheci quando te vi dançar naquela noite, ao som daquela música que nenhum de nós conhecia, não tínhamos nada melhor para fazer e algumas moedas para gastar, e tu dançaste, moveste-te de maneiras que nenhum Mestrado em Estudos de Arte, qualquer História da Arte ou Museologia saberia explicar. Eu vi arte. Aquela tela de estrelas por cima de nós, aquele frio que me queimava mais do que um gole daquele whiskey que me fazia companhia nas noites de solidão.
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Tive arte nas minhas mãos, nos meus braços. Senti cada toque, contornei cada traço teu, saboreei os sabores mais apetecíveis; a tua beleza deve ser avaliada não pelas proporções do teu corpo, mas pelo efeito que elas me produzem. Arte nem sempre é aquela que está exposta nas galerias, observada por todos. Arte é aquela que está à minha frente, a única que eu vejo. Arte é o teu nome.
3ºAno
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Técnico Auxiliar Protésico Valéria Yuzinkevych