Natassia Caldas_ espaço formativo_praça monteiro lobato

Page 1

1


PRAÇA MONTEIRO LOBATO Natassia Figueiredo de Caldas Orientador: Sérgio Sandler

São Paulo 2011 2


PRAÇA MONTEIRO LOBATO

Sou eternamente grata ao apoio que minha mãe e meu pai sempre me deram e ao grande esforço que fizeram para financiar meus estudos durante tantos anos. Ao Sérgio Sandler por saber orientar tão maravilhosamente bem Ao Eduardo Gurian pela disponibilidade para me mostrar sempre novas possibilidades Ao professor Alfredo Rheingantz, à arquiteta Bia Goulart, a educadora Marta Teresa Labriola, aos meus amigos Dimas Reis, Wilson Jr e Cecília Erisman que se mostraram tão dispostos a me ajudar mesmo quando nem sabia por onde começar. Pelas maravilhosas crianças de Três Corações com quem vivi momentos mágicos À Claudia por me fazer compreender cada dia melhor a criança que vive em mim À Suzana por sempre estar presente À Nati, à Thatha, ao Digo, à Rê Matsuoka, à Martinha, à Ju Borges e todos aqueles que tornaram mais alegre essa fase de aprendizado intenso que foi a faculdade À grande força universal que me dá sem pedir nada em troca 3


Quando compreendemos o corpo como sutil instrumento musical com múltiplas cordas, ele poderá evocar em nós uma escala tão ampla de harmonias e vivências que estão bem acima das até então registradas e escritas. 4

Ensinamentos antigos


PRAÇA MONTEIRO LOBATO 1 INTRODUÇÃO

7

2 INSPIRAÇÃO

9

3 ANÁLISE 3.1 Urbana 3.2 A praça 3.3 O edifício 3.4 Conclusão

12 14 16 20

4 Projeto

22

5


Imagem: foto aerea da praca Rotary fonte: google earth

6


INTRODUÇÃO O que acredito ter aprendido de mais relevante durante o TFG foi a importância formativa que o espaço tem para a sociedade. O espaço não só deve cumprir o programa exigido, como também estimular as relações interpessoais e a experiência individual. Coletivamente precisamos estar conectados com nós mesmos para podermos receber, interpretar e devolver. Através da reflexão conhecemos o diferente. O estímulo a tudo que possa conectar o homem ao seu corpo e liberar sua mente da necessidade prática é importante para que ele esteja inteiro neste universo. A arquiteta Mayumi de Souza afirma que devemos deixar o espaço suficientemente pensado para estimular a curiosidade e a imaginacão, mas incompleto o suficiente para nos apropriarmos e transformarmos o espaço por meio da ação. Através dessa frase a arquiteta nos dá a chave para projetar qualquer espaço que tenha como objetivo proporcionar experiências individuais e coletivas através de projetos que estimulem a imaginação e o convívio social. Dentro do lugar das relações que é a cidade procurei uma oportunidade para trabalhar as questões expostas acima. A praça Rotary, que passei a chamar de praça Monteiro Lobato, se apresentou como uma incrível oportunidade de repensar o espaço público. O potencial da praça está muito aquém do que se encontra lá atualmente. A biblioteca existente, apesar de estar em boas condições, está implantada de forma que atua contra a praça. A decisão de projetar a biblioteca e a praça veio da vontade de retirar o máximo potencial possível desse espaco

7


8

Imagem: Escultura na cidade de Chantillons, França, concepção de Jacques Simon

fonte: livro “espaces de jeux”


INSPIRAÇÃO As imagens a seguir são exemplos de projetos que têm como objetivo estimular a imaginação, propondo ao usuário sair do automatismo e trabalhar seu potencial criativo durante a experiência espacial.

Imagem: projeto de Herman Berger para escola infantil

fonte: livro “primeiras li’coes de arquitetura” , de Herman Hertzberger

9


10

Imagem: Escola Fuji, T’oquio. Tezuka arquitetos

fonte: www.architypereview.com


Imagem: gangorra passaro, Elvira de Almeida, Parque 11 ibitapueraI fonte: livro “Espacos Ludicos� , de Elvira de Almeida


USO DO SOLO

RESIDENCIAL VERTICAL DE MÉDIO / ALTO PADRÃO RESIDENCIAL + COMÉRCIO/ SERVIÇOS RESIDENCIAL VERTICAL DE MÉDIO / ALTO PADRÃO

COMÉRCIO E SERVIÇOS

RESIDENCIAL + COMÉRCIO/ SERVIÇOS

EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

COMÉRCIO E SERVIÇOS EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

VIAS ESTRUTURAIS

VIAS COLETORAS RUTURAIS PRAÇA ROTARY

PRAÇA CORREDOR DEROTARY ÔNIBUS LETORAS FACULDADES E PRAÇA ROTARY CURSOS TÉCNICOS FACULDADES E OR DE ÔNIBUS FACULDADES E ESCOLAS CURSOS TÉCNICOS CURSOS TÉCNICOS

12

PONTOS DE INTERESSE

PRAÇA ROTARY FACULDADES E PRAÇA ROTARY CURSOS TÉCNICOS FACULDADESESCOLAS E CURSOS TÉCNICOS ESCOLAS

EQUIPAMENTOS PÚBLICOS


ANÁLISE URBANA Como a praça tem um programa de caráter diretamente ligado à infância, o espaço foi escolhido para ser meu objeto de estudo e projeto A partir da análise do mapa de funções e da localização dos equipamentos do entorno próximo constata-se que o público que freqüenta a praça é formado por pessoas que moram, trabalham ou estudam no entorno próximo.

Imagem: Foto da praca com fotomontagem da autora 13


ANÁLISE - A PRAÇA

A praça é dividida em dois setores que se comunicam de forma precária em decorrência da implantação da biblioteca, que cria fundos para a Rua Major Sertório e do paisagismo da praça, que não tem um zoneamento claro.

DOIS SETORES 14

ÁREA RESIDUAL


foto: Sergio Sandler

foto da autora

foto: Sergio Sandler

foto: Sergio Sandler

15


O edifício da biblioteca está em bom estado de uso, mas sua relação com a praça é muito prejudicada por sua qualidade arquitetônica . O projeto de 1950 não contemplou o crescimento do acervo e, portanto, também do seu peso, por isso após alguns anos o acervo restrito da biblioteca foi trazido para o térreo ocupando um espaço que poderia ser oferecido às atividades mais públicas. O acervo de mais de 50 anos de todas as publicações de literatura infantil brasileira, os exemplares de livros escolares usados em São Paulo e o acervo pessoal do escritor Monteiro Lobato, tornam a biblioteca um centro de referência para pesquisadores. A biblioteca não só alimenta a imaginacão dos jovens por meio de histórias escritas como também por meio das peças de teatro. Desde 1950 a biblioteca possui um grupo de teatro para jovens que ensaia e se apresenta no pequeno auditório do edifício. Atualmente outros grupos do bairro também utilizam uma sala da biblioteca para ensaiar. Novos projetos como o PIA, Projeto de Iniciação Artística, da Secretaria de Cultura de São Paulo, que promove aulas de música, teatro, dança e artes visuais para crianças de 5 a 14 anos, foram inclusos nas atividades que a biblioteca desenvolve. Essas especificidades do programa nos mostram a importância histórica dessa biblioteca e a necessidade de reorganizar o programa de maneira a atender melhor suas necessidades atuais.

16


ANÁLISE - O EDIFÍCIO

Coleção de bonecos, acervo restrito biblioteca

foto da autora

17


foto: Sergio Sandler

foto da autora

3

PLANTA TÉRREO

18

PLANTA SUPERIOR

foto da autora


foto da autora

PLANTA TÉRREO

foto retirada do site: foto cedida pela biblioteca www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/dec/formacao/

PLANTA SUPERIOR

19


A partir das premissas que estabeleci, da importância histórica das atividades oferecidas por esse equipemento e da oportunidade dada pelo Trabalho Final de Graduação, resolvi marcar esse lugar com uma arquitetura contemporânea que poderá contribuir para a preservação das relações já existente no lugar.

20


ANÁLISE - CONCLUSÃO

Imagem: foto aerea da praca Rotary

fonte: google earth

Imagem: montagem da autora com foto aerea da praca Rotary

fonte: google earth

21


O primeiro passo para iniciar o projeto foi compreender o espaço sem a biblioteca a partir do estudo da topografia e da vegetação existente. Há um desnível de 4 metros entre a Rua Dr. Vila Nova e a Rua Cesário Motta Jr, do qual tirei partido para trabalhar a praça como um grande espaço livre com a biblioteca sob esse espaço. Outra premissa foi respeitar a vegetação existente, portanto a partir de um levantamento das árvores de grande porte, concentrei a biblioteca em uma área mais próxima à Rua Dr. Cesáro Mota Jr. onde não havia necessidade de retirar essas árvores.

22


PROJETO

PRAÇA+ BIBLIOTECA EXISTENTE

ESTUDO TPOGRAFIA E VEGETAÇÃO

BIBLIOTECA+PRAÇA PROPOSTA

23

CORTE LONGITUDINAL

PRAÇA+ BIBLIOTECA EXISTENTE


Como espaรงo aberto a praรงa repete-se em diferentes escalas, que articulam o programa da biblioteca.

24


PROJETO

25


PROJETO

A partir do estudo do funcionamento da biblioteca redistribuí o programa possibilitando relações mais ricas. Entre as modificações mais consideráveis está o acervo restrito, a biblioteca infantil e o auditório Por meio de estantes eletrônicas pude diminuir a área destinada ao acervo restrito e ainda ter espaço adicional para mais 13 mil livros. A biblioteca infantil ganhou mais área, pois além de abrigar o acervo seu layout flexível permite o desenvolvimento de outras atividades no local.

26

O auditório aumentou sua capacidade de 70 para 170 pessoas, por meio de uma diminuição da área destinada ao foyer e um aumento de 100m² da sua área total.


PROJETO QUADRO DE ÁREAS EXISTENTE

PROPOSTA

137 m² 265 m² 143 m²

172 m² 289 m² 320 m²

80 m²

22 m²

121 m²

173 m²

AML / BDLIB / AHLE / PROCESSOS TÉCNICOS Administracão / diretoria / projeto PIÁ

121 m² 121 m²

81 m² 144

Salas de aula Projeto PIÁ + ensaio grupos de teatro

149 m² (5 salas)

156 m² (2 salas)

Telecentro

71 m²

47 m²

Recepção

163 m²

164 m²

WCs / DMLs

141 m²

211 m²

Auditório (foyer, teatro, apoio, camarim)

473 m² (capacidade máx. 170 pessoas)

508 m² (capacidade máx. 70 pessoas)

Café

-

131 m²

Circulação

229 m²

357 m²

Área total

2213 m²

2612 m²

Acervo Acesso livre Gibiteca e Periódicos Biblioteca Juvenil Biblioteca infantil Acervo de Acesso Restrito Acervo Monteiro Lobato (AML) Bibliografia Documentação da Literatura infantil Brasileira (BDLIB) Acervo Histórico de Livros Escolares (AHLE) Equipe Biblioteca

27


NÍVEL 0

NÍVEL - 4

Acervo Acesso Livre

Acervo Acesso Restrito

Gibiteca - 4 000 exemplares

Acervo Monteiro Lobato - 3 400 exemplares

Biblioteca Infantil - 21 000 exemplares

Acervo historico de livros escolares- 5 500 exemplares

Biblioteca Juvenil - 25 000 exemplares

Bibliografia e documentação da literatura infantil brasileira- 32 200 exemplares

Equipe biblioteca

Equipe biblioteca

Administracao / Diretoria - 7 funcionarios Limpeza - funcionarios a definir Recepção - 4 funcionários

Equipe do projeto de iniciação artística (PIA) Equipe - 4 funcionários

28

Bibliografia e documentação (produção, organização e publicação)- 13 funcionários Tratamento da informação - 8 funcionários Salas de aula iniciação artística PIÁ Teatro Auditório, foyer, apoio, camarim


PROJETO

NÍVEL 0

NÍVEL - 4

29


É possível ter acesso à biblioteca tanto direto da rua Dr. Cesário Motta Jr. quanto do pátio do nível 2.00.

30

A entrada não só dá acesso ao acervo publico da biblioteca, como também se caracteriza como um grande espaço público coberto, que pode também servir de passagem ou de espaço de estar.


PROJETO

31


PROJETO

O objetivo de colocar a biblioteca infantil mais próxima à rua é despertar o interesse das crianças para esse espaço que além de ser destinado à leitura, também pode abrigar outras atividades voltadas ao desenvolvimento da cognição, pois a dimensão do espaço e seu layout flexível permitem diversas maneiras de apropriação.

1 ACERVO LITERATURA INFANTIL

32

2 DET. BANCO RECEPÇÃO E ACERVO INFANTIL

PERSPECTIVA ESQUEMÁTICA NÍVEL 0


1 2

0

5

10

20

33 PLANTA NÍVEL 0


PROJETO

Próximo à recepção está a informática, a gibiteca e os periódicos que se caracterizam por serem programas mais públicos e de menor permanência. A biblioteca juvenil, se encontra mais isolada, com vista para a Rua Cesário Mota Junior. Ainda mais distante da entrada fica a equipe da administração e do projeto PIÁ.

1 ADM

34

2 GIBITECA + PERIÓDICOS

PERSPECTIVA ESQUEMÁTICA NÍVEL 0


1

PLANTA NÍVEL 0

2 0

5

10

20

35 PLANTA NÍVEL 0


PROJETO

O pavimento inferior, nível -4.00, é caracterizado por um grande pátio que articula o café com o teatro e as salas de aula.

PÁTIO NÍVEL -4 36

PERSPECTIVA ESQUEMÁTICA NÍVEL - 4


0

5

10

20

37 PLANTA NÍVEL -4


PROJETO

O espaço destinado à equipe de tratamento da informação e bibliografia e documentação fica mais próximo ao acervo restrito pela relação direta entre os programas.

VISTA DE QUEM DESCE A RAMPA 38

PERSPECTIVA ESQUEMÁTICA- NÍVEL -4


1

0

5

10

20

39 PLANTA NÍVEL -4


PROJETO

As salas de aula do PIÁ têm divisórias móveis que permitem uma maior flexibilidade para as atividades.

PERSPECTIVA ESQUEMÁTICA NÍVEL -4 40


0

5

10

20

41 PLANTA NÍVEL -4


PROJETO

O espaço destinado ao teatro é composto pelo foyer, auditório, apoio e camarins, para atender tanto o grupo de teatro da biblioteca como outros grupos da região.

PÁTIO NÍVEL -4 42

PERSPECTIVA ESQUEMÁTICA NÍVEL -4


0

5

10

20

43 PLANTA NÍVEL -4


PROJETO

Para quem está na praça superior, nível 4.00, é possível ter uma leitura de todo o conjunto.

PERSPECTIVA ESQUEMÁTICA- NIVEL 4 44


0

5

10

20

45 PLANTA NÍVEL 4


PROJETO

A partir do estudo dos fluxos foi feita a setorização da praça. Algumas áreas foram tratadas como passagem e outras como espaços de permanência, que por sua vez, caracterizam-se por estimularem a interação e não somente a contemplação. 46


0

5

10

20

47 PLANTA NÍVEL 4


PROJETO

No espaço central da praça há uma grande área destinada ao desenvolvimento infantil, por meio de equipamentos e materiais que estimulam os sentidos. Podendo servir não só para a criança, mas para todos que se aventurarem a explorar este espaço.

2

48

2

1

1


2 1

0

5

10

20

49 PLANTA NÍVEL 4


PROJETO

O piso de madeira por ser uma material mais “quente” configura uma grande área de permanência. Este piso encontra-se em dois níveis distintos permitindo que as pessoas o utilizem como banco, já que na periferia do edifício o desnível cria um degrau que é sustentado pela viga invertida do edifício da biblioteca.

SITUAÇÃO 1- VIGA SOB A LAGE

SITUAÇÃO 2- VIGA SOBRE A LAGE

DETALHE GUARDA-CORPO

50

PISO MADEIRA

PERSPECTIVA NÍVEL 4


0

5

10

20

51 PLANTA NÍVEL 4


PROJETO

PERSPECTIVA ESQUEMÁTICA NIVEL 4 52

CORTE TRANSVERSAL BB


PROJETO

CORTE TRANSVERSAL AA

0

5

10

20 53


PROJETO

O edifício se revela para quem o vê da Rua Cesário Motta Jr., enquanto nas ruas transversais a essa ele desponta com duas fachadas cegas que revelam a topografia do lugar. Para quem vem da rua Dr. Vila Nova há apenas uma grande praça sem nenhuma obstrução visual além das grandes figueiras Benjamin que estão no centro da praça.

54


VISTA DA RUA DR.CESÁRIO MOTTA JR 0

5

10

20

55


VISTA DA RUA DR. VILANOVA 0

5

56

10

20


FOTO MONTAGEM VISTA DA RUA MAJOR SERTORIO 57


VISTA DA RUA GENERAL JARDIM 0

5

10

58

20


59

FOTO MONTAGEM VISTA DA RUA GENERAL JARDIM


VISTA DA RUA MAJOR SERTORIO 0

5

10

60

20


FOTO MONTAGEM VISTA DA RUA MAJOR SERTORIO 61


Imagem: foto aerea da praca Rotary

fonte: google earth

62

Imagem: montagem da autora com foto aerea da praca Rotary

fonte: google earth


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.