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Rota Literária Irene Lisboa

“adivinhá-la” deitada em sua cama coberta de uma colcha de renda fina em movimento de espiral, alva e bela. Podíamos ouvir aquelas histórias escutadas por uma menina sentada num lindo tapete voador… Luminosa como seu olhar saudoso do vento dos montes, aconchegada em xaile de lã, com sua chávena de porcelana de chá fervente pousada sobre naperon de cambraia fina bordada em ponto pé de flor, Irene Lisboa estava ali, como que a falar connosco. Mostrava-nos nos poucos fragmentos de textos, objectos íntimos, cartinhas e postais manuscritos, a sua vida desfiada num espaço de planta irregular numa junta de freguesia. Convidava-nos a ler a sua obra, ou reler. A divulgar.

De repente, regresso ao início da rota, enquanto oiço a voz do nosso querido guia contar histórias de Arruda, vila, de arruda planta, de lagartas e borboletas olho de andorinha, bruxas de comer. Ali, começou a visita a uma casa antiga pintada a fresco com seus tectos de gesso e salas comunicantes. Livros. Casas antigas preservadas, abertas na memória guardada com amor. Irene Lisboa tem aí Biblioteca com seu nome desenhado. Merece a vila ser guardiã de sua vida em fragmentos de beleza e singela presença. Merece a autora, a pedagoga e a mulher que tão gostosamente homenageámos, de modo simples, neste dia.

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Em Arruda foi. Este sábado. Em boa companhia, em festa.

A curiosidade ainda levou alguns de nós à Igreja Matriz. Em boa hora foi. Merece voltar.

Depois, partimos com o olhar rasgado pelo horizonte. Com palavras de Irene Lisboa, pois claro.

Num sábado quente, com sol com nuvens, aventuras nos caminhos, um grupo de professoras e professores participaram numa das muitas Jornadas Pedagógicas do nosso SPGL. Foi no dia 11 de Março, uma data sempre quente para muitos de nós que trilhamos caminhos conjuntos de luta. Que melhor título teríamos do que uma “Rota Literária

Irene Lisboa” que tanto diz ao nosso sindicato e a nós todos aprendizes de pedagogos? Em subtítulo do folheto de nossa rota, está escrito em letra miúda “Voltar atrás para quê?”, título de uma novela autobiográfica da nossa autora. Belo título escolhido para fio condutor de uma viagem pelo passado de uma Mulher solitária, quase órfã, inovadora, corajosa e criativa. Desde Arranhó, lugar de nascença, pudemos

“Arruda em baixo, a meia légua de distância, estendia-se para a direita e para a esquerda branca e plana. E a toda a roda vinhas, que iam subindo. No alto das serras os moinhos. E alvejando os carrapitos e pelas baixas os casais e os lugares”, Apontamentos.

A autora escreve segundo o anterior Acordo Ortográfico.

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