Foto: Joana Rodrigues
“Memórias de uma Educação Especial” • Sofia Vilarigues
IJornalistaI
-lhe para falar com Maria Amália Borges, do Centro Helen Keller. E assim principiou o seu percurso. No ano letivo de 1960-1961 iniciou atividade no Centro Helen Keller e aí se manteve, até outubro de 1964, altura em que foi convidada a coordenar o então recém-criado Serviço de Educação de Deficientes Visuais, da Direção-Geral de Assistência. Em 1973, tendo pedido a demissão daquelas funções, passou a exercer funções de coordenação do Ensino Especial no Ministério da Educação, cargo que ocupou até 1994, ano em que transitou para o Instituto de Inovação Educacional. Em 2002 o Instituto foi extinto e decidiu aposentar-se,
Informação
um espacinho, depois o portão que dava para a rua. E então o recreio, o que é que era o recreio? Elas iam em fila, davam o braço umas às outras, e iam para lá e para cá, para lá e para cá, era o recreio. Umas levavam na mão um transístor, para ouvir um bocadinho de música”. Sentiu então necessidade de começar a ler. “E aí percebi, para já, que entre o que se passava ali e se passava noutras escolas era uma diferença abissal”. Leu muito, “sobretudo dos Estados Unidos, e comecei a contactar com instituições que via nesses livros, e começaram a dar-me informações. Portanto, foi um caminho”. A certa altura procurou saber mais sobre o que havia em Portugal e disseram-
ESCOLA
A
tese de licenciatura de Ana Maria Bénard da Costa – tirou o curso de Ciências Histórico-Filosóficas – sobre crianças cegas, uma proposta do seu professor, levou-a a descobrir realidades e desbravar novos caminhos, apesar de nunca a ter terminado. “Nunca tinha visto uma criança cega na vida”, conta-nos. Então lançou-se à procura e falaram-lhe de uma instituição, o Asilo-Escola António Feliciano de Castilho, um asilo de crianças cegas em Campo de Ourique. Recorda-se: “Eu cheguei lá, ao edifício em Campo de Ourique, aquelas criancinhas todas de bibezinhos aos quadradinhos, tudo aquilo muito ajuizadinho, tudo aquilo muito fechado. As crianças estavam ali, fechadas. Havia um edifício, grande, depois tinha
Inclusão
Ana Maria Bénard da Costa editou recentemente um livro, pelas Edições Universitárias Lusófonas – “Memórias de uma Educação Especial – do Modelo Médico à Educação Inclusiva”. A propósito do percurso nele descrito, tivemos uma conversa informal com a autora, na sua casa em Sintra, dando para os montes verdes da serra, em que nos contou uma mão-cheia de histórias.
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