Escola/Professores
Alexandra Vieira Professora de História e Sociologia da Educação
A
pergunta que se levanta é saber se os primeiros nove anos de escolaridade devem ou não estar segmentados em três ciclos, com transições marcadas e abruptas, sobretudo na passagem do primeiro para o segundo. Neste caso, os alunos passam da monodocência, que já não o é completamente, para a pluridocência, resultante da contaminação da organização do ensino secundário, influenciado, ele próprio, pela organização académica dos percursos educativos, já sem equivalente no modelo de acesso ao ensino superior e que contamina também a educação pré‑escolar.
Numa abordagem panorâmica, e necessariamente incompleta, referem-se dois sistemas educativos, o francês e o finlandês. Um por ter servido tradicionalmente de inspiração ao sistema educativo português, de que são exemplo os liceus. Outro por ter contextos sociais, políticos, económicos e culturais que permitem avaliar e adequar o sistema educativo sempre que é considerado necessário, tendo em vista os desafios de cidadania e civilizacionais que as gerações do futuro terão de enfrentar. No caso francês, a necessidade de reformar a escola laica, pública e universal, está relacionada com os elevados níveis de abandono e de insucesso escolar, associados à reprodução social. Em França, o sistema educativo integra as crianças a partir dos dois anos de idade, na escola maternal, que vai até
ESCOLA
A organização da escolaridade em ciclos, nos doze anos em que é obrigatória, é uma das questões estruturantes, a par de outras também relevantes, que teimam em escapar ao escrutínio. O quotidiano docente imerso em tarefas burocráticas, quase sempre inúteis, retira tempo ao questionamento crítico, expectável num dos maiores setores profissionais, que não tem sido convocado nem implicado sobre como se aprende e como se ensina em Portugal.
Informação
Perspetivando a escolaridade em ciclos
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