Correio SPN N.º 25

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Explorar | reportagem

Multidisciplinaridade e rapidez no atendimento ao doente oncológico

EQUIPA (da esq. para a dta.) À frente: Dr.ª Teresa Pimental (diretora do Laboratório de Neurofisiologia), Dr. Duarte Salgado (diretor do Serviço de Neurologia), Cristina Lacerda (enfermeira-chefe) e Dr.ª Luísa Almeida (assistente social). Atrás: Marta Tavares (assistente técnica), Sandra Pereira (assistente técnica), Dr. João Nunes, Dr.ª Ilda Costa e Dr.ª Ana Luísa Azevedo (neurologistas), Helena Mila, Liliana Vasconcelos e Isabel Ramos (enfermeiras). Ausentes na fotografia: Dr. João Passos e Dr.ª Joana Marques (neurologistas), Dr.ª Mariana Fernandes, Dr.ª Daniela Garcez e Dr. José Bandeira Costa (internos de Neurologia), Andrea Soares e Joana Aires (técnicas de neurofisiologia), Dulce Rocha e Grazielle Herrera (assistentes administrativas da consulta externa), Fernanda Costa e Anabela Gonçalves (respetivamente assistente técnica e assistente operacional do Laboratório de Neurofisiologia)

O Serviço de Neurologia de Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa tem vindo a diferenciar-se no tratamento dos tumores do sistema nervoso central (SNC), privilegiando a abordagem multidisciplinar, com particular envolvimento da Enfermagem e do Serviço Social. Na quinta-feira em que os repórteres do Correio SPN foram conhecer este Serviço, a equipa havia reunido logo à primeira hora da manhã, para fazer um ponto da situação e debater alguns casos clínicos. Seguiu-se a habitual visita aos doentes internados e, mais tarde, realizou-se uma reunião do grupo multidisciplinar, entre muitas outas tarefas. Um dia agitado, como quase todos, não se tratasse de uma vertente da Medicina em que cada minuto é essencial na vida dos doentes. Pedro Bastos Reis

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uando assumiu a direção do Serviço de Neurologia, em janeiro de 2019, o Dr. Duarte Salgado herdou um longo trabalho no desenvolvimento de um dos serviços assistenciais de referência do IPO de Lisboa, que foi dirigido, durante cerca de 30 anos, pelo Dr. José Maria Bravo Marques. Conforme descreve o atual diretor, a atividade deste Serviço centra-se no tratamento dos tumores cerebrais primários e das complicações neurológicas do cancro sistémico. Os gliomas constituem a patologia mais frequente, sobretudo o glioblastoma, que necessita de tratamento com radioterapia e quimioterapia. O tratamento dos tumores do SNC realiza-se, principalmente, em contexto pós-operatório, com especial ênfase na parceria do IPO com os Serviços de Neurocirurgia do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central/Hospital de São José (CHULC/HSJ) e do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental/Hospital de Egas Moniz. «Os doentes operados nesses hospitais

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março 2020

que necessitam de tratamento complementar são encaminhados para o nosso Serviço, onde temos uma consulta aberta, de periodicidade semanal, para os receber», explica Duarte Salgado. Já a abordagem das complicações do cancro sistémico centra-se, essencialmente, no tratamento das patologias neurológicas relacionadas com a toxici-

dade das terapêuticas oncológicas e na observação de doentes seguidos por outras especialidades. Os tumores cerebrais primários ocupam boa parte do tempo desta equipa, particularmente o glioblastoma, um tumor incurável, que exige uma abordagem multidisciplinar. Nestes casos, por norma, após a cirurgia para remoção do tu-

Forte ligação ao Serviço de Pediatria

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e acordo com o Dr. Duarte Salgado, os tumores primários do SNC são a terceira doença oncológica mais comum na idade pediátrica, logo a seguir às leucemias e aos linfomas. Este facto motivou o neurologista a aprofundar a relação da Neurologia com a Pediatria no IPO de Lisboa, resultando na criação de uma consulta de sobreviventes destinada a acompanhar os doentes adultos que foram tratados a um tumor cerebral em idade pediátrica. Neste momento, são seguidos cerca de 250 adultos/jovens – e este número que aumenta todos os anos. «É nosso desejo contar, no futuro próximo, com mais apoio da Enfermagem na organização desta consulta», refere o responsável. Da relação próxima com a Pediatria, destaca-se também a especialização do Serviço de Neurologia no tratamento da neurofibromatose tipo 1 (NF1). Duarte Salgado evidencia os avanços registados nos últimos dois anos no tratamento do neurinoma plexiforme, sobretudo com o aparecimento do selumetinib, um fármaco oral, não citostático, inibidor da via proliferativa no tumor. «Temos uma enorme vontade de desenvolver o nosso know-how sobre a NF1 e pretendemos criar uma diferenciação assistencial virada para esta patologia», adianta o diretor.


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