Edição Diária
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Publicação de distribuição gratuita e exclusiva neste Congresso | www.spoftalmologia.pt
8 Dezembro 5.ª feira
Dr. Francisco carrilho
Prof. Alfredo Rasteiro
Prof.ª Maria João Quadrado
História, cegueiras metafóricas e retinopatia diabética
Dr. Manuel MAchado
Prof. josé manuel silva
DR
Tema central do 59.º Congresso Português de Oftalmologia, a diabetes ocular estará em destaque na Sessão de Abertura Oficial, através da intervenção do Dr. Francisco Carrilho, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Na mesma sessão, o Prof. Alfredo Rasteiro, presidente honorário do Congresso, conduzirá uma viagem histórica ao longo das várias contribuições portuguesas para o avanço da especialidade (pág.8) e a Prof.ª Maria João Quadrado, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, refletirá sobre a «cegueira dos afetos» e a diferença entre ver e olhar (pág.9). Tomarão ainda a palavra o Prof. José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos, e o Dr. Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra.
Visão SPO
EDITORIAL
Um biénio marcado por avanços notáveis
O
biénio que agora termina foi de crescimento e avanços notáveis. A melhoria científica da SPO foi o nosso objetivo, grande entusiasmo, motivação para querer fazer mais e melhor. Evidentemente que é difícil resumir todas as mudanças decorridas nestes dois anos e retratar o enorme trabalho que tivemos. Lançámos e associámo-nos a um grande número de publicações, entre as quais ressalto: Manual of Ophthalmic Plastic and Reconstructive Surgery; Manual de Retina, e-book Fillers e Toxina Botulínica; livro Fundamentals and Laser Clinical Pratice; e a Monografia 2016, sob o tema «OCT em Oftalmologia». O grande trabalho de networking e a nossa presença ativa em múltiplas reuniões científicas internacionais deram os seus frutos. Vamos realizar grandes reuniões internacionais em Portugal (o Congresso ESA (European Strabismological Association) 2017, no Porto; e o EEBA (European Eye Bank Association) 2018, em Coimbra) e somos participantes ativos no Eucornea/ESCRS 2017, em Lisboa. Realizámos, pela primeira vez, a Reunião Ibérica de Retina, conjugando os esforços dos Grupos de Retina dos dois países. Esta reunião bienal vai realizar-se, alternadamente, em Portugal e Espanha. A estreita colaboração com a Sociedade Portuguesa de Pediatria e com a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo resultou na presença de representantes da SPO em várias das suas reuniões. Fomos participantes ativos no Fórum de Diabetes 2016. Participámos no Congresso Mundial de Oftalmologia, com um simposium SPO-CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia); no Congresso da Sociedade Brasileira de Oftalmologia; no Congresso da ESCRS (European Society of Cataract & Refractive Surgeons) e no da PAAO (Pan-American Association of Ophthalmology).
A participação em webinars conjuntos SPO/CBO/ICO (International Council of Ophthalmology) aumentou consideravelmente durante estes dois anos. Após um trabalho estoico, realizámos o primeiro webinar com a Goa Ophthalmological Association. Apesar da distância, assim se solidificam laços pela língua portuguesa que nos une, para uma ciência que se quer global. Não posso deixar de referir as ligações ao Brasil, a Cabo Verde e à Índia. A SPO, juntamente com o ICO, realizou, pela primeira vez e na sua sede, o Curso para Diretores e Orientadores de Internato. O Curso Básico para Internos 2017 também está já em preparação. A Oftalmologia portuguesa está ao nível da mundial e este curso é disso um exemplo. Também neste sentido, foram vários os cursos acreditados que decorreram nas reuniões científicas da SPO. Não foi fácil consegui-lo, mas o caminho está lançado.
Novidades no Congresso Mensalmente, a nossa mensagem foi veiculada na comunicação social. A presença nas redes sociais e nos media aumentou de forma exponencial, o que deixa a porta aberta para a utilização da página de Facebook da SPO, não só para a transmissão da informação, mas também para alguma rentabilização financeira. A realização da Primeira Semana da Visão foi um momento importante deste biénio, com informação científica nos vários meios de comunicação, rastreios e ações de sensibilização para doenças oculares preveníveis em várias zonas do País. Destaco também o facto de a SPO se ter associado ao arranque do Rastreio de Saúde Visual Infantil e do Rastreio Oportunístico da Degenerescência Macular da Idade. Por outro lado, apoiámos a criação
de uma nova associação de solidariedade denominada Banco de Óculos, cuja finalidade é a recolha de óculos e armações para os mais carenciados. O 59.º Congresso Português de Oftalmologia, em Coimbra, no Convento de São Francisco, está já a ser um sucesso. Este é um espaço novo, com uma conjugação perfeita entre o património e a modernidade. Mas a mudança de rotinas é sempre um desafio. Mudámos a orgânica do Congresso, inclusive o dia do jantar de entrega de prémios. Esta gala vai decorrer num local repleto de beleza – a antiga igreja do Convento de São Francisco, que é um local cheio de história, maravilhoso e tenho a certeza que todos os oftalmologistas vão gostar. Este é o local que vai receber a Cimeira Mundial de Saúde, em 2018, e isso diz tudo ou quase tudo. O papel de todos – elementos da direção, coordenadores dos grupos e oftalmologistas – foi fundamental para o trabalho que levámos a cabo, pelo que não posso terminar sem agradecer todos os contributos!
TRATAMENTO DO GLAUCOMA DE ÂNGULO ABERTO E HIPE
Eficaz controlo da PIO
1º latanoprost sem conservant
Maria João Quadrado
Presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO)
Colirio, solução em recipiente unidose
Lata
EFICÁCIA E TOLERÂNCIA
Ficha técnica Propriedade: Sociedade Portuguesa de Oftalmologia Campo Pequeno, n.º 2, 13.º • 1000 - 078 Lisboa Tel.: (+351) 217 820 443 • Fax: (+351) 217 820 445 socportoftalmologia@gmail.com • www.spoftalmologia.pt
Respeito pel
Edição: Esfera das Ideias, Lda. Campo Grande, n.º 56, 8.º B • 1700 - 093 Lisboa • Tel.: (+351) 219 172 815 geral@esferadasideias.pt • www.esferadasideias.pt Direção: Madalena Barbosa (mbarbosa@esferadasideias.pt) Marketing e Publicidade: Ricardo Pereira (rpereira@esferadasideias.pt) Coordenação editorial: Luís Garcia (lgarcia@esferadasideias.pt) Textos: João Paulo Godinho, Maria João Fernandes, Marisa Teixeira e Sandra Diogo Fotografias: Egídio Santos, João Ferrão, Jorge Correia Luís e Rui Jorge ESTÁVEL À TEMPERATURA Design/paginação: Susana Vale
NOVO
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conservantes AMBIENTE
Patrocinadores desta edição: ANUNCIO MONOPROST JAN15 - PARA MAIS INFORMAÇÕES CONTACTAR
COMPROMISSO COM O GLAUCO
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59.º Congresso português de oftalmologia
INFORMAÇÕES ESSENCIAIS COMPATÍVEIS COM O RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO
NOME DO MEDICAMENTO: Monoprost 50 microgramas/ml colírio, solução em recipiente unidose. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA: 1 ml de colírio, solução contém 5 microgramas de latanoprost. Excipiente com efeito conhecido: 1 ml de colírio, solução contém 50 mg de hidroxi-estearato de macrogolglicerol 40 (óleo de castor hidrogenado pol solução é ligeiramente amarelada e opalescente. pH: 6,5 - 7,5. Osmolalidade: 250 - 310 mosmol/kg. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Redução da pressão intraocular elevada em do
Visão SPO
HOJE
quinta-feira, dia 8
Novas fronteiras em uveítes, retina cirúrgica e oftalmologia pediátrica
Prof. Rui Proença
Dr.ª Angelina Meireles
Dr.ª Alcina Toscano
Os desenvolvimentos registados em 2016 nas áreas das uveítes, da retina cirúrgica e da oftalmologia pediátrica e estrabismo estão hoje em discussão na primeira sessão de highlights do Congresso, entre as 11h15 e as 11h45, no auditório. João Paulo Godinho
O
s progressos na área das uveítes abrem a sessão «Highlights 2016», com uma palestra do Prof. Rui Proença, oftalmologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Num ano que se revelou profícuo em estudos sobre uveítes, este especialista realça os publicados «sobre as manifestações oculares das infeções pelos vírus Ébola e Zika» e aqueles em que foram utilizadas novas tecnologias, como a OCT e a retinografia de campo largo. A nível do tratamento, Rui Proença realça os estudos sobre terapêuticas intravítreas: «Há resultados sobre a utilização de sirolimus e de agentes biológicos (infliximab e adalimumab), tal como sobre o tratamento de diversas entidades clínicas com corticosteroides. Mas é no campo dos tratamentos sistémicos que foram publicados importantes resultados de estudos multicêntricos, controlados e duplamente ocultos, sobre a utilização de agentes biológicos, como o adalimumab, no tratamento das uveítes posteriores.» Também foram aprovados novos tratamentos para as uveítes superiores e, paralelamente, surgiram
resultados promissores no tratamento com células estaminais autólogas nos doentes em estádios finais de uveítes. Rui Proença enaltece ainda o facto de terem sido conseguidos «consensos internacionais na abordagem multidisciplinar e no tratamento das uveítes posteriores». Já no campo da retina cirúrgica, a Dr.ª Angelina Meireles, chefe da Unidade de Retina e Traumatologia Ocular do Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António, vai proferir uma preleção centrada nas inovações tecnológicas que poderão ter aplicação num futuro próximo. «Existe uma evolução (ou tentativa de evolução) que é a tecnologia ultrassónica na cirurgia vitreorretiniana, atualmente em fase de testes em Inglaterra», refere a oradora. Angelina Meireles salienta também as alterações na condução dos procedimentos cirúrgicos, com a entrada de uma nova plataforma cirúrgica 3D, que poderá acarretar uma menor dependência do microscópio, mudando ainda o posicionamento do cirurgião e o próprio envolvimento de outros profissionais na cirurgia. Além disso, estão a ser dados
Importância do Swept-Source OCT O desenvolvimento do Swept-Source OCT vai também ser comentado pelo Prof. Rui Proença. Esta tecnologia permite o aumento da profundidade imagiológica, trazendo avanços «no estudo do vítreo e da interface vitreorretiniana, na segmentação e no mapeamento da coroideia, na angio-OCT e na en-face OCT, perseguindo o objetivo de melhor caracterizar e quantificar a inflamação intraocular».
outros passos inovadores com a cirurgia robótica, na qual «o robô poderá substituir o homem em alguns procedimentos, para evitar o erro».
Novidades em oftalmologia pediátrica Esta sessão de highlights do ano de 2016 irá fechar com a apresentação da Dr.ª Alcina Toscano, oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Central, dedicada à atualização na abordagem das patologias do foro pediátrico e do estrabismo. Entre os temas mais prementes da oftalmologia pediátrica debatidos ao longo do ano, a especialista destaca a fisiopatologia da ambliopia e o seu tratamento em visão binocular; o aumento exponencial da miopia, fatores de risco e possíveis tratamentos; a patologia da córnea e a aplicação de novos tratamentos em idade pediátrica, nomeadamente imunossupressores na queratoconjuntivite vernal; o contributo da OCT para o estudo da retina e a melhor compreensão do nistagmus infantil; e o impacto do vírus Zika e da patologia ocular associada. Alcina Toscano salienta ainda o rastreio nacional de saúde visual infantil para despiste de fatores de risco ambliogénicos iniciado na zona norte. No seu entender, o importante é «sensibilizar os oftalmologistas para as patologias do foro pediátrico e para os novos tratamentos», sabendo quando se deve referenciar um doente para a oftalmologia pediátrica.
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Visão SPO
HOJE
quinta-feira, dia 8
Partilha de experiências enriquece lusofonia O Simposium Luso-Brasileiro, que tem lugar entre as 14h30 e as 16h30, na sala 5 (Inês de Castro), promete ser uma sessão plural e multifacetada na abordagem de «temas quentes» na área da Oftalmologia. Especialistas portugueses e brasileiros vão também aprofundar as relações entre as instituições oftalmológicas dos dois países. João Paulo Godinho
Dr.ª RITA FLORES
Dr.ª Helena Filipe
O
Simposium Luso-Brasileiro será um «momento de comunhão entre representantes da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia [SPO], da Sociedade Brasileira de Oftalmologia [SBO] e do Conselho Brasileiro de Oftalmologia [CBO]», de acordo com a Dr.ª Rita Flores, secretária-geral da SPO. A também oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Central irá analisar a problemática da neovascularização coroideia miópica. «Nos últimos anos, esta patologia sofreu algumas evoluções em termos de diagnóstico e terapêutica que permitiram melhorar o prognóstico e minorar as complicações»,
refere esta oradora, identificando «os fármacos antiangiogénicos de administração intravítrea» entre as principais armas ao dispor dos oftalmologistas. O outro contributo português neste Simposium pertence à Dr.ª Helena Filipe, oftalmologista no Hospital das Forças Armadas, em Lisboa, que irá abordar o tema das plataformas emergentes de libertação controlada de fármacos. «A modificação da superfície ou da matriz dos biomateriais permite manter a libertação do medicamento em níveis terapêuticos durante um determinado período de tempo. Além da correção da ametropia, as lentes de contacto são dispositivos que poderão ser usados nesse sentido», frisa. Apesar da evidência favorável, esta especialista refere a existência de vários desafios para os profissionais: «É necessário dar atenção a fatores como o conhecimento exato do perfil de libertação de cada fármaco, a influência nas propriedades óticas das lentes e da sua esterilização e armazenamento; a progressão nos estudos pré-clínicos e ensaios clínicos; a avaliação criteriosa da relação custo/benefício desta abordagem terapêutica; e o cumprimento de processos complexos de regulamentação para comercialização.»
Visões do outro lado do Atlântico O Dr. João Alberto Holanda de Freitas, presidente da SBO, tem a seu cargo uma preleção sobre a troca fluido-gasosa no consultório. «No pós-operatório da vitrectomia posterior via pars plana em pacientes portadores de retinopatia diabética proliferativa, 30 a 40% voltam a sangrar», diz este especialista, apontando a troca fluido-gasosa como a abordagem indicada em caso de não reabsorção.
Forte participação do Brasil O Simposium Luso-Brasileiro será dominado pelos contributos de especialistas brasileiros. Além dos já referidos, este fórum conta ainda com as presenças de: Prof. Luiz Carlos Portes, com o tema «Espisclerite e esclerite em relação a doenças reumáticas»; Prof. Mário Motta, a falar sobre as possibilidades cirúrgicas na retinopatia da prematuridade»; Dr. Arlindo Portes, com a abordagem do ultrassom da órbita»; e Dr.ª Marina Álvares de Campos, que analisará o glaucoma acomodativo.
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59.º Congresso português de oftalmologia
DR
Dr. João Alberto Holanda de Freitas
Prof. Homero Gusmão de Almeida
O presidente da SBO explicará o procedimento, com a utilização de blefarostato, gás sf-5 a 50% ou pfc a 12%. «Introduzimos uma agulha de insulina 26g na câmara vítrea a 4mm do limbo no quadrante temporal inferior. Com a seringa de 20ml conectada à agulha de insulina com o gás diluído, introduzimos na câmara vítrea a 4mm do limbo do quadrante temporal superior e iniciamos a injeção do gás, vendo sair em gotas o líquido hemorrágico pela agulha inferior», resume. Por sua vez, o Prof. Homero Gusmão de Almeida, presidente do CBO, encerrará o Simposium com uma análise sobre a importância da gonioscopia na abordagem ao doente portador (ou suspeito) de glaucoma. «É um exame fundamental, que analisa o ângulo da câmara anterior, onde está localizado o sistema de drenagem do olho, esclarecendo, entre outros detalhes, se o glaucoma é de ângulo aberto ou fechado», refere este orador, sugerindo a classificação das alterações presentes na câmara anterior.
Desafios no controlo da retinopatia diabética
O
alerta para a necessidade de controlar os fatores de risco da retinopatia diabética (RD) estará em foco na conferência do Prof. Miguel Melo, endocrinologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, intitulada «Retinopatia diabética: fatores modificáveis e não modificáveis», que decorre hoje, entre as 11h45 e 12h05, no auditório. Na mesa, estarão o Dr. João Figueira, coordenador do Grupo Português de Retina e Vítreo da SPO; o Prof. Amândio Rocha Sousa, oftalmologista no Centro Hospitalar de São João, no Porto; e a Dr.ª Margarida Miranda, diretora do Serviço de Oftalmologia do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures. «Vou abordar o controlo glicémico e a evidência a longo prazo sobre reduções (na ordem dos 50%) do risco de RD e da sua progressão; as flutuações glicémicas e como podem afetar esta patologia; e a cirurgia bariátrica, apresentando alguns
dados e enquadrando-os na relação estreita entre a glicemia e a RD», explica o orador, enfatizando a importância do controlo glicémico nos primeiros anos de diagnóstico. Entre os fatores modificáveis da RD, vão ser destacados a glicemia, a dislipidemia e a hipertensão arterial. De acordo com Miguel Melo, «é fundamental que os doentes percebam que os fatores de risco têm de estar controlados no seu conjunto», o que exige uma abordagem cada vez mais multidisciplinar. Por isso, o endocrinologista deixa igualmente um aviso: «Sem uma boa adesão ao tratamento, o doente não vai ter resultados.» O primeiro passo no combate à RD é a prevenção, com uma consciencialização para a importância do rastreio precoce. «Sem rastreio não há diagnóstico, e o que não é diagnosticado não pode ser tratado», resume. A conferência termina com uma análise dos avanços recentes ao nível do diag-
nóstico e do tratamento da diabetes, nomeadamente fármacos e novas tecnologias ao dispor de especialistas e doentes. «Na diabetes tipo 1, destaco as bombas difusoras de insulina e, na diabetes tipo 2, uma série de fármacos novos que permitem, efetivamente, controlar melhor a glicemia e têm um papel favorável em termos de peso», adianta Miguel Melo. João Paulo Godinho
Aplicação da imagiologia nos tumores oculares
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s novidades e potencialidades da imagiologia no diagnóstico dos tumores oculares vão ser abordadas pelo Prof. Miguel Burnier, diretor-geral do Centro de Investigação da Universidade McGill, no Canadá. Este oftalmologista brasileiro será o preletor da conferência
«Imaging and digital pathology in ocular tumors», que tem lugar no auditório, entre as 12h05 e as 12h30. Na mesa, estarão os oftalmologistas Dr. João Cabral (Hospital da Luz Lisboa), Dr. Guilherme Castela (Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e coordenador do Grupo Português de Órbita e Oculoplástica) e Prof. Amândio Rocha Sousa (Centro Hospitalar de São João, no Porto). Orador assíduo no Congresso Português de Oftalmologia e em outras reuniões da especialidade em território nacional, há vários anos, Miguel Burnier leciona diversas disciplinas e dirigiu o Serviço de Oftalmologia da Universidade McGill entre 1993 e 2008, depois de ter passado por instituições como o National Eye Institute, em Bethesda (EUA), e o Armed Forces Institute of Pathology, em Washington.
Uma das novidades do 59.º Congresso Português de Oftalmologia é a criação do Prémio Miguel Burnier, resultante de uma parceria entre o Laboratório de Patologia Ocular da Universidade McGill e a SPO, a atribuir à melhor apresentação nas áreas da inflamação ou da oftalmologia oncológica. O vencedor terá a possibilidade de passar seis semanas na Universidade McGill, estudando doenças inflamatórias oculares e/ou tumores oculares, no intuito de preparar um projeto de investigação a apresentar no congresso da Association for Research in Vision and Ophthalmology (ARVO) do ano seguinte. Este prémio, entregue de dois em dois anos, incluirá uma verba de dois mil dólares canadianos (cerca de 1 400 euros) atribuída pela Universidade McGill e de 500 euros concedidos pela SPO.
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Visão SPO
HOJE
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O papel do oftalmologista na dislexia
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ob o mote «Dislexia e Oftalmologia», o Curso organizado pelo Grupo Português de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo (GPOPE) decorre entre as 14h30 e 15h30, na sala 2 (Sofia). O coordenador desta formação, Dr. Paulo Silva Santos, oftalmologista na Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP), defende «a necessidade de cla-
rificar o posicionamento do oftalmologista nas patologias da leitura, à luz da evidência científica atual e do que se sabe sobre os mecanismos neurobiológicos da leitura e a etiopatogénese da dislexia». A primeira palestra será a do Dr. José Paulo Monteiro, neuropediatra no Hospital Garcia de Orta, em Almada, que vai abordar as bases neurobiológicas da dislexia. Em seguida, a Dr.ª Paula Pires de Matos, pediatra do desenvolvimento na Clínica Gerações e no Centro de Desenvolvimento Diferenças, em Lisboa, vai focar-se no diagnóstico e no tratamento da dislexia. Por fim, o Dr. Paulo Silva Santos fará uma análise do papel do oftalmologista na abordagem a esta condição, que descreve como «muito importante, ainda que limitado à avaliação e à otimização da função visual da criança». Segundo este especialista, «não existe uma intervenção terapêutica oftalmológica na dislexia que esteja cientificamente validada». O coordenador do Curso nota que os problemas visuais podem influenciar a capacidade de aprendizagem das crian-
ças, mas não estão na base das dificuldades primárias. «Os problemas de aprendizagem são complexos e necessitam de abordagens também complexas e polivalentes, com base em intervenções cientificamente validadas, para que se obtenham os melhores resultados possíveis em termos de desenvolvimento», acrescenta. Nesse sentido, o oftalmologista «não deve ir além da identificação e do tratamento das alterações visuais registadas, colaborando na informação e na orientação dos pais quanto às reais possibilidades de intervenção terapêutica». Paulo Silva Santos defende ainda que existem dois fatores essenciais para um melhor desenvolvimento da criança com dislexia: «a intervenção educativa individualizada e multidisciplinar, e a salutar comunicação com os pais e com as crianças sobre as abordagens a seguir». A discussão final deste Curso contará ainda com as intervenções das Dr.as Alcina Toscano, Maria João Santos e Catarina Paiva (coordenadora do GPOPE). João Paulo Godinho
Diabetes ocular de A a Z
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decorrer entre as 14h30 e as 15h30, no auditório, o Curso SPO Jovem propõe uma «viagem completa» pelos diferentes estádios da diabetes ocular. Sob a coordenação do Dr. Ricardo Amorim, coordenador da Secção SPO Jovem, este Curso vai assinalar as principais manifestações oculares da diabetes e a abordagem que os internos e jovens oftalmologistas devem adotar na sua prática clínica. Sublinhando que o contacto diário com doentes diabéticos é cada vez mais frequente na Oftalmologia, Ricardo Amorim realça a importância dos progressos científicos e tecnológicos nesta área. «Cada vez se compreende melhor a fisiopatologia desta doença e os seus diferentes estádios, surgindo novas armas terapêuticas para a tentar travar», refere o coordenador, sublinhando o papel do oftalmologista no controlo da diabetes ocular, «de forma a otimizar a visão do doente e a prevenir a perda de acuidade visual».
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A premência do diagnóstico precoce também estará em destaque nesta formação. «Muitas vezes, os doentes não têm queixas ou sintomas visuais e podem estar com uma doença ocular avançada. Por isso, é importante apostar no rastreio da diabetes ocular, para que a terapêutica seja instituída numa fase ainda adequada para prevenir potenciais perdas visuais.» Para que tal aconteça, Ricardo Amorim considera que «é necessária uma maior sensibilização dos doentes» para as complicações oculares que advêm desta patologia, bem como uma «aproximação do rastreio à população», que deve ocorrer de forma «fácil e rotineira». Este Curso conta com as palestras do Dr. Luís Abegão Pinto, oftalmologista no Centro Hospitalar Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria, que vai falar sobre a diabetes ocular no segmento anterior; do Dr. João Luís Silva, oftalmologista no Centro Hospitalar Tondela-Viseu, que abordará as complicações desta patologia no seg-
mento posterior; e do Dr. Manuel Falcão, oftalmologista no Centro Hospitalar de São João, no Porto, que vai analisar alguns ensaios clínicos relevantes neste campo. João Paulo Godinho
Riscos do progresso tecnológico para a visão
O
Curso de Ergoftalmologia, que se realiza entre as 15h30 e as 16h30, na sala 2 (Sofia), promete aclarar os horizontes desta disciplina recente no campo oftalmológico. Coordenado pelo Dr. José Nolasco, oftalmologista no Hospital Militar de Coimbra e coordenador do Grupo Português de Ergoftalmologia (GPE), este Curso vai incidir sobre os efeitos da tecnologia atual a nível ocular, bem como as suas consequências e possíveis abordagens terapêuticas. A primeira palestra pertence à Dr.ª Coralie Barrau, investigadora da Essilor International e especialista na conceção e fabrico de filtros de lentes que bloqueiam a «luz azul» emitida pelos aparelhos tecnológicos, como computadores e tablets. «Esta luz causa desconforto e fadiga, acabando por prejudicar a retina, a longo prazo. O seu efeito nocivo depende do tempo de exposição e da intensidade», afirma José Nolasco, que também descreverá a síndrome visual dos computadores. «Este problema poderá afetar até
cerca de 90% das pessoas que passam mais de três horas em frente ao ecrã e consiste em irritação nos olhos, sensação de corpo estranho ou “areias”, olhos vermelhos, etc.», esclarece. Por fim, a Dr.ª Maria da Luz Cachulo, oftalmologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, apresentará um estudo que relaciona os efeitos da dieta com a função visual. As consequências do progresso tecnológico podem vir a traduzir-se num «retrocesso» da capacidade visual, mas José Nolasco deixa o alerta para potenciais efeitos em outras áreas: «Cada vez mais, aparecem estas síndromes relacionadas com as tecnologias, que acabam por gerar algum absentismo laboral e redução da produtividade. As pessoas não relacionam os olhos com as cefaleias e o mal-estar no ambiente de trabalho, por exemplo.» Assim, o coordenador do GPE defende uma maior cooperação preventiva entre a Oftalmologia e a Medicina do Trabalho. A regra «20-20-20» (focar, a cada 20 minutos, um objeto a 20 metros, durante
20 segundos) é uma das abordagens preconizadas por José Nolasco para combater a síndrome de fadiga ocular. Todavia, existem outras soluções para restabelecer a lubrificação do olho, como «dispor de boa iluminação, evitar reflexos ou controlar a posição do olhar para o monitor». João Paulo Godinho
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OPINIÃO
Visão SPO
HOJE
Olhos e óculos, desde Camões ao olho biónico
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reocupados com a uniformidade da língua em que se expressam, os oftalmologistas respeitam a delicadeza do órgão da visão e utilizam material que «...quando das mãos cae se conhece/Que he fragil vidro aquilo que aparece…» (Luís Vaz de Camões (c.1524–c.1580): Canção X, 179-180). Na Europa de André Vesálio, Leonhart Fuchs e Ambroise Paré, o albicastrense João Rodrigues, mais conhecido por Amato Lusitano (c.1511–c.1568), pesquisou o reflexo fotomotor antes da cirurgia da catarata (Quinta Centúria, Memória 77.ª, Veneza, 1560). Diz ter visto a Epistola de Jesus Ben Hali, o De oculo que Demetrius Pepagomenus atribuiu a Galeno, provavelmente em versão latina de Marcus Musurus (Veneza, 1517) e autores árabes, que não identificou. A Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra possui a ePistola Jesu filij Hali respõdêdo de hoc quodqz vite viuis ex discipulis suis de cognitide infirmitatu oculos & curatide... (Veneza, 1513), editada em conjunto com o De oculis de Canamusali de Baldac (Babilónia), Cauliaco e outros. Alhazen (965–1040) e Pedro Yspano (c.1210–1277) não são referidos. Alhazen, traduzido em 1170, em Toledo, por Gerardo de Cremona, será impresso em Basileia (1572), no mesmo ano d’Os Lusíadas, depois do «coatro olhos» padre Francisco Cabral (1528–1609) ter chegado ao Japão, em 1571 («coatro olhos» in: Luis Fróis (1532–1597): Historia de Ja-
A valorização prognóstica da reação pupilar à luz antes da cirurgia da catarata foi proposta em 1560, por Amato Lusitano, na Quinta Centúria, Memória 77.ª
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59.º Congresso português de oftalmologia
pam; Frei Cristovão de Lisboa (c.1627): História dos animaes, e árvores do Maranhão; Padre António Vieira (1608–1697): Sermão de Santo António, de 17 de junho de 1654). O «coatro olhos» do Brasil é o Anableps anableps Lin. A identificação de sensores luminosos e o estudo da sensibilidade à luz conheceram avanços significativos entre 1875 e 1888: Paul Langerhans (1847–1888) identificou células pigmentadas do Amphioxus lanceolatus das ilhas Canárias e olhos rudimentares de Langerhansias da Ilha da Madeira (Die Wurmfauna von Madeira, Zeitschrift für Wissenschaftliche Zoologie, Leipzig, 32: 513-592, plates XXXI – XXXIII, 1879). Em 1888, Sousa Martins constatou, com perplexidade, que «As pupilas dos mortos reagem à luz» e Egas Moniz (1874–1955) retomou este tema em 8 de janeiro de 1946, depois da primeira transplantação de córnea realizada por Henrique Moutinho (1907–1978) e Fernando Alves (1911–1981), em 1 de novembro de 1945 (Primeiros resultados de Queratoplastias em Portugal, Boletim da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, 1946-47, n.º 5, 191). A cirurgia queratoplástica (Decreto de Lei n.º 45 683, de 1946, e Decreto de Lei n.º 553/1976) beneficiou com a adoção dos Critérios de Harvard, introduzidos por João Lobo Antunes (1944–2016): «A reanimação prolongada e os critérios de morte cerebral», Revista Portuguesa de Clínica Terapêutica, 1975, 1, 245-254.
Prof. Alfredo Rasteiro Presidente honorário do 59.º Congresso Português de Oftalmologia e orador na Sessão de Abertura, que arranca às 17h30, na sala 1 (auditório) | Oftalmologista aposentado do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
João Lobo Antunes participou num projeto de olho biónico, desde 1982. Depois de Alhazen, Johannes Kepler e Descartes, Isaac Newton e Christiaan Huygens, Max Planck, Albert Einstein e Werner Karl Heisenberg, da microscopia eletrónica e da química molecular, atingimos um patamar dos conhecimentos que permite compreender os mecanismos da visão. O NATO Advanced Study Institute on the Blood-Retinal Barriers, organizado por José CunhaVaz, em Espinho (10 a 19 setembro de 1979), tornou possível o encontro, durante dez dias, de cerca de 90 oftalmologistas portugueses e Andres Bill, David Maurice, Paul Henkind, Morton Goldberg, Mark Tso, A. Deutman, Gabriel Coscas, M. Brightman, S. Rapoport, A. Laties, A. Lajtha, L. Bito, E. Cotlier, D. Archer, D. Finkelstein, Arsélio Pato de Carvalho, João José Pedroso de Lima e José Cunha-Vaz.
Em 1982/83, o neurocirurgião João Lobo Antunes foi o primeiro médico a implantar o olho eletrónico num invisual
Reflexões sobre cegueiras metafóricas e reais As dissemelhanças figurativas entre os verbos ver e olhar e a retinopatia diabética, uma das principais causas de cegueira nos países desenvolvidos, serão alguns dos assuntos em foco na Sessão de Abertura Oficial deste 59.º Congresso Português de Oftalmologia, com início às 17h30, na sala 1 (auditório). Marisa Teixeira
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o mundo atual, vemos muito, mas pouco olhamos. Ver e olhar não são a mesma coisa.» Quem o diz é a Prof.ª Maria João Quadrado, presidente da SPO, que, na sua conferência da Sessão de Abertura Oficial deste Congresso, intitulada «Cegueira dos afetos. O poder da visão», pretende criar «uma metáfora entre ver, de uma forma física, e olhar, no sentido de reparar e estar atento ao que se passa à nossa volta». «De facto, embora sejam sinónimos, os verbos ver e olhar têm diferenças», afirma a preletora, recordando uma frase do escritor José Saramago: «Se podes olhar, vê; se podes ver, repara.» Além de tentar despertar a atenção para o ato de olhar, enquanto alerta para o mundo, Maria João Quadrado avança que outro dos objetivos desta conferência é ser «uma receção repleta de beleza e emoções a todos os congressistas, nesta bela cidade cheia de histórias, emoções e património que é Coimbra». Portanto, a sua palestra vai basear-se em imagens do quotidiano. «Tive a sorte e o privilégio de poder contar com a colaboração de uma grande instituição da “cidade dos estudantes”, a Escola Superior de Educação de Coimbra, em
Prof.ª Maria João Quadrado
particular do Dr. Rui Paulo Simões, a quem muito agradeço», acrescenta a presidente da SPO e oftalmologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
Rastrear a retinopatia diabética O facto de a diabetes ocular ser o tema central deste Congresso agrada especialmente ao Dr. Francisco Carrilho, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), que estará também presente na Sessão de Abertura Oficial. «A SPEDM sublinha a importância de se falar desta complicação grave da diabetes, que pode levar à cegueira e relativamente à qual há uma contínua investigação clínica e fundamental, com benefício muito significativo para os doentes», destaca o responsável. E acrescenta: «Se a diabetes for bem controlada, a retinopatia diabética [RD] é menos frequente e, quando presente, menos grave. É também importante que os novos tratamentos estejam disponíveis em tempo útil para o tratamento dos doentes.» O também diretor do Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do CHUC lembra que a RD tem na sua ori-
Dr. Francisco Carrilho
gem fatores não modificáveis e modificáveis. «Enquanto uns são de natureza essencialmente genética, não estando, para já, ao nosso alcance alterá-los, há fatores que podem e devem ser controlados e tratados, de forma a reduzirmos a prevalência e a gravidade da RD.» De realçar que esta doença é uma das principais causas de cegueira nos países desenvolvidos, ainda que a prevalência das suas formas mais graves tenha vindo a diminuir. Segundo Francisco Carrilho, em Portugal, «o rastreio da RD existe, mas é insuficiente, visto estarem a ser rastreadas menos pessoas do que aquilo que deveria acontecer, existindo falta de técnicos e de retinógrafos». O especialista defende que a SPEDM e a SPO deverão alertar a Direção-Geral da Saúde para a necessidade urgente da correção deste facto». O Prof. José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos, e o Dr. Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, também serão intervenientes na Sessão de Abertura Oficial, bem como o Prof. Alfredo Rasteiro, presidente honorário deste Congresso (ver página ao lado).
Correr em prol da Associação de Diabéticos da Zona Centro Com partida às 20h00, na Avenida Inês de Castro, em frente ao Convento São Francisco, a corrida/caminhada de três quilómetros que fecha o programa de hoje tem um fim solidário, para além dos óbvios benefícios decorrentes da prática de atividade física e do convívio entre colegas. Por cada inscrição, resultado da parceria que estabeleceu com a SPO, a Théa Portugal contribuirá com dez euros para a Associação de Diabéticos da Zona Centro. A Ponte de Santa Clara e o Parque Manuel Braga serão alguns dos pontos de passagem deste percurso solidário, que terminará no local de partida. Os que se inscreveram até ao dia 28 de novembro têm direito a uma t-shirt alusiva a esta caminhada/corrida solidária, que deve ser levantada no secretariado do Congresso ao longo do dia de hoje. Mas, mesmo sem esta t-shirt, o importante é participar em prol de uma boa causa.
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HOJE
quinta-feira, dia 8
Análise em vídeo de cirurgias da via lacrimal
À
s 15h30, na sala 3 (Almedina), arranca o Vídeo-Simpósio de Cirurgia da Via Lacrimal, organizado pelo Dr. Guilherme Castela, coordenador do Grupo Português de Órbita e Oculoplástica (GPOO) e chefe da Secção de Órbita e Oculoplástica do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Este simpósio de cariz didático vai mostrar, passo a passo
e em vídeo, a execução de nove técnicas cirúrgicas para patologias da via lacrimal. «É um curso que vai abordar a maioria das cirurgias da via lacrimal com o intuito de permitir que as pessoas que já as fazem e as que ainda estão a adquirir experiência possam melhorar e aprender estas técnicas cirúrgicas», adianta Guilherme Castela. Em análise vão estar oito técnicas, por nove especialistas: dacriocistorrinostomia (DCR) externa, pela Dr.ª Filipa Ponces, do CHUC; DCR endonasal, pelo Dr. Rui Tavares, do Centro Hospitalar Tondela-Viseu; DCR transcanalicular, pela Dr.ª Maria Araújo e pelo Dr. António Friande, do Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António; entubação da via lacrimal, pela Dr.ª Nádia Lopes, do Centro Hospitalar do Médio Tejo; dacrioplastia, pelo Dr. Guilherme Castela; puntoplastia, pela Dr.ª Sara Ribeiro, do Hospital de Braga; ectropion do ponto lacrimal, pela Dr.ª Sandra Prazeres, do
Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/ /Espinho; oclusão do ponto lacrimal, pela Dr.ª Ana Magriço, do Centro Hospitalar de Lisboa Central; e reconstrução canicular, pelo Dr. João Cabral, do Hospital da Luz, em Lisboa. Para o coordenador do simpósio, estas técnicas «são já clássicas e bem definidas», mas o domínio de todos os passos é essencial para um melhor resultado cirúrgico. «Uma técnica não resolve todos os problemas. Há que identificar onde se localiza o problema na via lacrimal e, depois, decidir qual o procedimento cirúrgico mais adequado», sublinha. No entender de Guilherme Castela, as patologias da via lacrimal são, por vezes, votadas ao esquecimento. «Esta é uma área que tem ficado para trás na Oftalmologia, mas que abarca patologias que ocorrem com alguma frequência e são muito incómodas para o doente», conclui. João Paulo Godinho
Acreditação nos eventos de educação médica DR
O
Workshop «Acreditação de eventos de educação médica contínua» decorre entre as 15h30 e as 16h30, na sala 4 (Conventual), sob a coordenação da Prof.ª Ângela Carneiro, oftalmologista no Hospital de São João e professora na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e do Dr. Pedro Afonso, oftalmologista na Clínica de São Sebastião, em Ponta Delgada. A explicação dos conceitos inerentes ao processo de acreditação de eventos de educação médica contínua, o alerta para a sua «componente burocrática» e o valor de uma planificação prévia são temas em foco nesta sessão. «Assiste-se hoje ao aparecimento de uma grande quantidade de eventos, pelo que é importante que denotem até que ponto tiveram algum rigor subjacente à sua planificação e organização», sublinha Ângela Carneiro. Apesar de o número de acreditações a eventos organizados pela SPO ter aumentado no biénio 2015-2016, Ângela Carneiro espera ver, num futuro próximo, «todos os eventos organizados pela SPO e outras instituições idóneas acreditados». Já Pedro Afonso realça o peso 10 59.º Congresso português de oftalmologia
Prof.ª Ângela Carneiro
de um novo enquadramento legal nesta área. «A acreditação de eventos científicos por entidades idóneas tem-se mostrado progressivamente mais importante face às alterações legislativas nacionais e europeias em curso. É importante que a chancela de qualidade ajude a distinguir os eventos com qualidade», salienta. O European Accreditation Council for Continuing Medical Education (EACCME) da Union Européenne des Médecins Spécialistes (UEMS) é a entidade de referência internacional neste âmbito, pela independência e pelo rigor na atribuição de créditos aos participantes, acreditando cerca de 1 400 eventos por ano. Na ótica de Pedro Afonso, a acreditação coloca
Dr. Pedro Afonso
«ênfase nas necessidades educacionais, na formação de qualidade e no reforço da transparência» dessas organizações. Neste workshop, a Dr.ª Helena Prior Filipe vai falar sobre a Continuing Medical Education Task Force e o Continuing Professional Development Committee and Contributors do International Council of Ophthalmology. Por sua vez, a Prof.ª Filomena Ribeiro vai abordar o papel do EACCME – UEMS, e o Dr. Pedro Afonso irá apresentar o Manual de Acreditação de Eventos da UEMS. No painel de discussão, juntam-se as perspetivas do Dr. Pedro Menéres e da Dr.ª Inês Leal, para debater questões práticas e sua resolução. João Paulo Godinho
Dia Mundial da Visão assinalado no Porto
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o Dia Mundial da Visão, que se assinalou a 13 de outubro, a SPO organizou uma ação de rastreio no coração da cidade do Porto, com o objetivo de sensibilizar e alertar a população para a necessidade de vigiar a saúde visual regularmente. Associaram-se à iniciativa jovens internos e oftalmologistas de vários hospitais do norte do País, designadamente do Centro Hospitalar do Porto (CHP), do Centro Hospitalar de São João, do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho e da Unidade Local de Saúde de Matosinhos/Hospital Pedro Hispano. O objetivo desta ação, intitulada «Abra os Olhos para a sua Visão», consistiu, precisamente, em informar e sensibilizar a população para algumas das doenças oftalmológicas mais comuns, nas quais o diagnóstico precoce pode permitir um tratamento mais eficaz e proporcionar melhor prognóstico. «Estamos a alertar para doenças como o glaucoma, a degenerescência macular ligada à idade [DMI], a retinopatia diabética e a catarata», exemplificou o Dr. Pedro Menéres, vogal da Comissão Central da SPO, que marcou presença nesta ação. Segundo o também diretor do Serviço de Oftalmologia do CHP, «só através de um maior conhecimento destas doenças e do seu diagnóstico precoce é possível evitar situações de grave perda de visão ou mesmo de cegueira». Além dos rastreios, a SPO promoveu a distribuição de jornais e folhetos informativos e respondeu, presencialmente, às dúvidas das pessoas que passavam por acaso ou que se deslocaram de propósito ao centro do Porto para uma primeira ou subsequente opinião médica. «Aparecem sempre muitas pesso-
s dos internos de vários hospitais O Dr. Pedro Menéres (à direita), com algun ades do Dia Mundial da Visão ativid nas iparam partic que do norte do País
as com erros refrativos, cataratas ou pressões intraoculares elevadas não diagnosticadas. Outras pessoas vêm apenas confirmar que têm alterações já conhecidas ou aproveitam para ver se está tudo bem», notou Pedro Menéres. Nesta ação de rua, esteve ainda disponível um simulador de doenças oculares que permite ter uma ideia muito aproximada do que é sofrer destas patologias. «Temos doentes que nos dizem, na consulta, que veem muito mal e os familiares não percebem, porque eles continuam a fazer as atividades do dia a dia. Em algumas formas de DMI, por exemplo, a visão pode estar próxima do normal e a família não tem a perceção da dificuldade e da tristeza que é não reconhecer o rosto de um familiar ou reconhecer as letras na televisão», explicou o vogal da SPO.
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Iniciativas SPO
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Highlights da reunião conjunta dos GPRV, GPOO e GPOPE Nos dias 21 e 22 de outubro passado, decorreu, no Porto Palácio Hotel, a reunião anual dos Grupos Portugueses de Retina e Vítreo (GPRV), Órbita e Oculoplástica (GPOO) e Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo (GPOPE). Para além da reflexão sobre os mais recentes avanços nestas áreas, como a utilização da angiografia OCT no estudo das patologias retinianas e da ressonância magnética no diagnóstico do estrabismo, o encontro contou com diversos cursos práticos, nos quais especialistas e internos puderam partilhar experiências. Sandra Diogo
O
Curso de Angiografia OCT (tomografia de coerência ótica) deu início ao debate do GPRV, uma vez que «se trata de uma técnica imagiológica inovadora, ainda desconhecida em alguns centros, e cujas aplicações poderão representar uma mais-valia na avaliação de certas patologias retinianas no futuro», explica o Prof. João Figueira, coordenador do GPRV. Esta formação foi coordenada pela Dr.ª Rita Flores, oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Central/Hospital de São José, e versou sobre os princípios básicos da tecnologia, os equipamentos disponíveis, as perspetivas futuras, as diferenças face à angiografia fluoresceínica e as atuais limitações da angio-OCT.
COORDENADORES: Prof. João Figueira (GPRV), Dr.ª Catarina Paiva (GPOPE) e Dr. Guilherme Castela (GPOO)
Além da participação de vários oradores nacionais de hospitais portugueses já com experiência neste exame, o curso contou com a intervenção do Dr. Maximino Abraldes, especialista em retina no Hospital Clínico Universitário de Santiago de Compostela, que falou sobre a aplicação clínica da angio-OCT nas oclusões venosas. «O objetivo foi explicar as mais-valias desta técnica face à angiografia fluorescínica, nomeadamente o facto de ser um exame não invasivo e muito mais rápido de realizar, mas também avançar as principais indicações em que pode ser útil, ou seja, para o estudo do edema macular, da zona vascular fluída e da isquemia retiniana, entre outros», salienta este formador.
João Figueira destaca ainda a sessão dedicada às complicações na cirurgia vitreorretiniana, já que constituiu uma oportunidade para um painel de especialistas, de hospitais públicos e privados, «discutirem, de forma acesa e informal, as opções tomadas em casos clínicos particularmente difíceis e, assim, ganharem mais conhecimento quando enfrentarem problemas semelhantes». A troca de experiências sobre as patologias da retina teve ainda outro momento relevante, quando o GPRV se juntou ao GER (Grupo de Estudos da Retina) para debater aspetos relacionados com a degenerescência macular ligada à idade (DMI) e as hemorragias subretinianas.
Cuidados especiais na infância
Curso com cirurgias em direto Apostados em fomentar a forte componente prática desta reunião conjunta, os Drs. Guilherme Castela e Catarina Paiva decidiram iniciar o programa do GPOO e do GPOPE com um curso de vídeo-dissecação em cadáver, transmitido em direto do Teatro Anatómico da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto para as salas do Porto Palácio Hotel. A sessão, que durou toda a manhã do primeiro dia, abordou os limites e as relações da órbita, pálpebras, conjuntiva e sistema lacrimal, músculos extraoculares e sua inervação, vasos e nervos da órbita e anatomia cirúrgica da órbita. Na opinião de Catarina Paiva, tal permitiu «uma aprendizagem destes conceitos do ponto de vista anatómico, mas sem esquecer a realidade oftalmológica». «O objetivo foi desenvolver uma iniciativa diferente, daí a ideia de fazermos este curso com cirurgias em direto, cujas técnicas íamos explicando à medida que eram realizadas. A assistência pôde fazer perguntas e esclarecer dúvidas, um fator muito importante para quem está a aprender e procura evoluir nesta área», comenta Guilherme Castela.
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Um dos assuntos em destaque na Reunião do GPOPE foi a aplicação da ressonância magnética (RM) no diagnóstico do estrabismo, tema explorado na conferência da Dr.ª Pilar Merino, oftalmologista no Hospital General Gregorio Marañón, em Madrid. Além da utilização deste exame na identificação de casos complexos, a especialista incidiu a sua apresentação sobre o contributo do mesmo na definição de futuros tratamentos para o estrabismo. «Ainda que não esteja indicada em todas as situações, a RM poderá constituir uma mais-valia nos casos de estrabismo em pessoas com alta miopia, nas fibroses congénitas dos músculos extraoculares e na endotropia associada à idade. Aliás,
foi graças à RM que este último quadro passou a ser diagnosticado, já que, anteriormente, tinha outro nome e pensava-se que interferia noutros mecanismos», referiu a conferencista. O interesse suscitado pela sessão «Rosácea ocular», apresentada pelo Dr. Manuel Salgado, responsável pela Unidade de Reumatologia Pediátrica do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, não surpreendeu a Dr.ª Catarina Paiva, coordenadora do GPOPE. Na sua opinião, esta é «uma patologia que está francamente subdiagnosticada e para a qual o contributo do Dr. Manuel Salgado tem sido fundamental». Este pediatra alertou para o facto de os atrasos no diagnóstico da rosácea ocular «resultarem, muitas vezes, de diferentes designações para a mesma patologia» e serem «responsáveis por uma significativa morbilidade e por sequelas frequentemente irreversíveis». Relativamente ao tratamento, defendeu que «deve ter por base a antibioterapia prolongada e uma abordagem holística, para identificar potenciais doenças crónicas associadas». Manuel Salgado aproveitou ainda para apresentar os recém-criados «Critérios de Diagnóstico de Coimbra da Rosácea Ocular em Idade Pediátrica».
Oculoplástica com forte contributo internacional Com o objetivo de criar uma reunião estimulante tanto para especialistas mais experientes, como para aqueles que estão a dar os primeiros passos na área da oculoplástica, o Dr. Guilherme Castela, coordenador do GPOO, organizou os conteúdos deste âmbito de modo a que a troca de experiências tivesse uma forte componente prática. Foi nesse contexto que se inseriu o Curso «Técnicas cirúrgi-
Manual de órbita e oculoplástica Também nesta reunião conjunta, foi apresentado o livro Manual of Ophthalmic Plastic and Reconstructive Surgery, da autoria do Dr. Guilherme Castela, no qual se abordam aspetos relacionados com anatomia cirúrgica, patologia cerebral, doenças do aparelho lacrimal e problemas da órbita. «O objetivo desta obra é divulgar uma parte da Oftalmologia que tem vindo a desenvolver-se em Portugal, nos últimos anos. A órbita e a oculoplástica são áreas frequentemente partilhadas por outras especialidades médicas, mas sobre as quais acredito que o oftalmologista tem uma compreensão mais abrangente e profunda», comenta o autor.
cas em cadáver», transmitido em direto do Teatro Anatómico da Faculdade de Medicina da Universidde do Porto para as salas do Porto Palácio Hotel, no qual médicos portugueses e estrangeiros realizaram técnicas cirúrgicas como a descompressão orbitária, a dacriocistorrinostomia, a blefaroplastia, as correções da ptose por via anterior e posterior e a evisceração. «A observação destes procedimentos permite tomar contacto com as pequenas adaptações que cada um de nós faz no dia a dia e isso é uma parte essencial da nossa aprendizagem», explica o coordenador. Guilherme Castela reforça o contributo para este encontro de médicos estrangeiros que trabalham em centros com larga experiência em oculoplástica, salientando algumas conferências, nomeadamente: «Diagnóstico diferencial de inflamação orbitária na criança», a cargo do Prof. Perez Moreiras, vice-presidente da Sociedad Iberoamericana de Oculoplástica y Órbita; e «Gliomas do nervo ótico na neurofibromatose», apresentada pelo Dr.
Joan Prats, chefe de serviço de Oftalmologia no Hospital Sant Joan de Déu, em Barcelona e presidente da Sociedad Española de Cirugía Plástica Ocular y Orbitaria. Para o coordenador do GPOO, outros momentos de destaque foram a conferência «Malposições palpebrais inferiores na criança», proferida pela Dr.ª Consuelo Prada, oftalmologista no Instituto Internacional de Órbita y Oculoplástica, em Santiago de Compostela, e a mesa-redonda «Ptose palpebral na criança», na qual a especialista espanhola também participou. Com mais de 30 anos de experiência na área da oculoplástica, Consuelo Prada apresentou os bons resultados que tem obtido no tratamento da ptose palpebral, mas também alertou para as complicações, muitas vezes inevitáveis, que surgem durante os procedimentos cirúrgicos. «O meu objetivo foi transmitir não só a importância destas cirurgias, como, principalmente, que sejam realizadas de modo a obter um bom resultado estético e funcional», concluiu.
Novas opções no tratamento da retinopatia da prematuridade Esta reunião foi ainda palco de uma união de esforços entre o GPRV e o GPOPE para analisar as melhores estratégias terapêuticas na retinopatia das crianças prematuras. Além da abordagem à utilização do laser e dos fármacos anti-VEGF como formas de tratamento, a opção cirúrgica mereceu especial atenção. Para se pronunciar sobre o assunto, foi convidado o Dr. Chien Wong, cirurgião consultor no Great Ormond Street Hospital for Children, em Londres, e especialista em doenças da retina na infância. «A vitrectomia endoscópica é a nova estratégia de tratamento do descolamento da retina nos casos de retinopatia da prematuridade, não só porque reduz a necessidade de realização de lensectomia, como também aumenta as probabilidades de recuperação», sublinhou o convidado.
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Banco de Óculos para que ninguém olhe sem ver pretende também alertar para doenças preveníveis e tratáveis, como os defeitos de refração. Há muitas pessoas que não veem porque a refração não está corrigida e, com a crise económica, cada vez mais, se verifica que muitas pessoas não têm recursos para comprar os óculos de que necessitam», sublinha.
Ver bem para aprender bem
Dr.ª Teresa da Franca (vogal da direção do BO), Dr.ª Regina Bento (administradora dos Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra), Prof.ª Maria João Quadrado (presidente da SPO), Dr.ª Filomena Vieira (presidente do BO), Dr.ª Clara de Moura (vice-presidente do BO), Dr. Bruno Martinho (diretor dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa) e Dr. António Pimentel (diretor do Museu Nacional de Arte Antiga)
«Doe os seus óculos, para que ninguém olhe sem ver» é o lema do Banco de Óculos (BO), uma nova associação de solidariedade social que foi publicamente apresentada no Dia Mundial da Visão, 13 de outubro. Na sessão que decorreu na biblioteca do Museu Nacional de Arte Antiga, foi assinado o protocolo de colaboração do BO com a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), os Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra e os Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa. Maria João Fernandes
«O
objetivo principal deste projeto é ajudar quem verdadeiramente precisa.» Estas são palavras da Dr.ª Filomena Vieira, advogada, mentora e presidente do Banco de Óculos (BO), que apela à doação de lentes e armações usadas, no intuito de as oferecer à população carenciada. O projeto funciona através de caixas de recolha, colocadas em locais estratégicos, onde as pessoas podem deixar óculos de que já não precisam. Inicialmente, será feita uma análise e classificação do material recolhido, inserindo a informação numa base de dados desenvolvida para o BO por um parceiro. A atribuição dos óculos só será feita a pessoas carenciadas e referenciadas por instituições de solidariedade social, tendo uma prescrição médica para óculos que não podem adquirir. O BO está também a criar uma rede de oftalmologistas voluntários para as situações em que essas pessoas não têm prescrição médica. De momento, estão protocoladas duas parcerias com entidades públicas – os Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra e os Serviços Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, onde estão colocadas caixas de recolha identificadas com o logótipo do BO e existirão 14 59.º Congresso português de oftalmologia
gabinetes para consulta. O projeto conta também com a parceria da SPO, que, numa primeira fase, o validou tecnicamente, ou seja, analisou a possibilidade de reciclagem das lentes. A Prof.ª Maria João Quadrado, presidente da SPO, considera a iniciativa «meritória», tendo, por isso, respondido positivamente à parceria que lhe foi proposta. «A SPO não se pode demitir da sua responsabilidade social. O Banco de Óculos é um projeto fundamental, que
A ideia da criação do BO surgiu durante uma ação de voluntariado do Colégio de Santa Doroteia, no qual Filomena Vieira participou. «Durante o apoio disponibilizado a uma escola de Lisboa com bastantes problemas sociais, os professores revelaram que havia muitos alunos que viam muito mal, mas que não tinham óculos por falta de dinheiro das famílias para os adquirir. Alguns pais não levavam os filhos a uma consulta de Oftalmologia por não terem capacidade financeira para depois comprar os óculos. Conseguimos uma consulta de Oftalmologia para uma jovem de 16 anos, a frequentar o 7.º ano de escolaridade, que a direção da escola nos indicou como sendo um caso particularmente grave, a quem foi diagnosticada uma ambliopia e 20% de visão», lembra Filomena Vieira, que confessa ter-se sentido «chocada» com aquela realidade. «A falta de visão traz vários problemas e é fundamental que, na fase de crescimento, exista prevenção e tratamento dos defeitos de refração, como a miopia ou o astigmatismo», refere Maria João Quadrado, concluindo que «uma criança que não vê bem cresce com alguns problemas associados, sendo o insucesso escolar um reflexo inevitável».
Próximos passos A divulgação do Banco de Óculos (BO) tem sido uma prioridade desde o seu lançamento, no dia 13 de outubro passado. «Queremos que as pessoas conheçam o projeto e queiram contribuir. Estamos a colocar caixas de recolha em locais centrais de Lisboa e Coimbra, para que, depois, a iniciativa se possa ir alargando ao resto do País», frisa Filomena Vieira. Outro passo importante será aumentar e diversificar o número de pontos de recolha. «Pretendemos que sejam locais com uma grande circulação de pessoas, para que a doação seja simples e confortável. Vamos começar a colocar caixas em farmácias, escolas, universidades, paróquias, ministérios e outros locais», afirma a presidente do BO. É necessário também apoio monetário para a impressão de folhetos informativos e a produção das caixas de recolha. «Todos os apoios são necessários e bem-vindos. O Diário As Beiras tem sido incansável e tem feito ofertas muito generosas, como as primeiras 1 000 caixas de recolha com o logótipo do BO», exemplifica Filomena Vieira. E deixa o repto: «Não deixem de nos contactar e de fazer sugestões, quer pela página do Facebook (facebook.com/ /bancodeoculos.pt), quer através do e-mail bancodeoculos.pt@gmail.com.»
Babar encantou miúdos e graúdos na sede da SPO
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o seguimento das ações culturais que a SPO tem vindo a promover, no dia 1 de outubro passado, o foco recaiu em Babar, um espetáculo que conjuga teatro, música e dança, dedicado a «crianças e adultos com o espírito de uma criança», refere a Prof.ª Leonor Almeida, responsável pela Secção Cultural da SPO. Babar é um pequeno elefante da floresta que, ao fugir de um caçador, fica sozinho no meio da cidade. Depois de muitas aventuras, regressa para a floresta onde acaba por se
tornar rei. Esta é a sinopse da obra infantil L’Histoire de Babar, do escritor e ilustrador francês Jean de Brunhoff. Na sua adaptação a espetáculo, a obra é musicada pelo compositor francês Francis Poulenc. A versão que subiu ao palco da SPO foi encenada por Bruno Cochat, interpretada por Ruben Santos e musicada ao piano por Cândido Mendes. Leonor Almeida explica esta iniciativa decorreu no Dia Internacional da Música, pois «esta arte desempenha um papel im-
portante na peça e na própria forma como se exprime o narrador». «Este foi um espetáculo oferecido a todos nós, sem predominância de idade, com um momento de música, teatro e dança, para avós, pais, filhos, netos e, sobretudo, para futuros sonhadores especializados», frisa a responsável. Na sua opinião, «tendo em conta os sorrisos e olhares entusiastas que surgiam na assistência, tanto de miúdos como de graúdos, esta peça foi uma boa aposta». Marisa Teixeira
Almeida, adiantando que, «apesar de em Babar a música ter marcado presença, faltava uma ação musical no seu sentido mais puro, daí o convite a este jovem pianista». Filipe Manzano Tordo começou a tocar aos 4 anos de idade. Formado na Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo do Instituto Politécnico do Porto, finalizou o Mestrado em Música – Interpretação Artística na classe do professor Constantin Sandu, obtendo a nota máxima de 20 valores na sua Dissertação «As
Três Últimas Sonatas de Franz Schubert D.958-959-960 – Interligações». «O talento deste jovem ficou bem refletido neste concerto e na forma que se envolve no processo da música, deixando-se levar por ela, emocionando-se e emocionando o público que o escutava e observava. Foi espetacular», assegura Leonor Almeida. Para a responsável pela Secção Cultural da SPO, «este foi o culminar de um processo, a “cereja no topo do bolo”, depois de dois anos de trabalho». Marisa Teixeira
Ao som do piano
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o passado dia 25 de novembro, Filipe Manzano Tordo foi o protagonista de uma iniciativa cultural da SPO, em parceria com a Secção Regional Sul da Ordem dos Médicos, em cuja sede interpretou, ao piano, Franz Schubert e Frédéric Chopin. «Ao longo dos últimos dois anos, tentei promover diferentes expressões culturais. Organizámos várias iniciativas, desde a exposição de pintura à declamação de poesia, passando pelo teatro para adultos e crianças», comenta a Prof.ª Leonor
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simpósio-satélite santen
Glaucoma
2020
8 de dezembro 12h30 – 13h15 sala 1 (Auditório)
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Chairman Dr. José Moura Pereira, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Coordenador do Grupo Português de Glaucoma
«Sem cumprimento não há eficácia»
Dr. Pedro Faria, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
«PIO nas 24h, o que sabemos?» Dr. Nuno Lopes, Hospital de Braga
«Doente e médico – preocupações diferentes para o mesmo problema?» Dr. Mário Cruz, Centro Hospitalar Tondela-Viseu/Hospital de São Teotónio