Visão SPO - Edição especial diária - 6 de dezembro de 2018

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EDIÇÃO DIÁRIA

ºCONGRESSO

PORTUGUÊS de OFTALMOLOGIA

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Dezembro 2018

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6 Dezembro 5.ª feira

TERAPÊUTICAS EMERGENTES PARA AS PATOLOGIAS DEGENERATIVAS DA RETINA Os tratamentos emergentes para as doenças da retina de caráter degenerativo e hereditário, entre os quais a terapia genética e o transplante do epitélio pigmentar, vão ser abordados hoje pelo Prof. Hendrik Scholl na Conferência Cunha-Vaz (pág.12). Já na conferência inaugural, o Dr. Francisco George, anterior diretor-geral da Saúde, vai apresentar o seu ponto de vista sobre o estado da Saúde em Portugal (pág.19). Outro momento alto deste congresso é a reunião da BIOPSY, na qual se discutiram ontem os melanomas da úvea, as doenças da retina e as uveítes (pág.6), estando o programa de hoje mais voltado para os tumores oculares (pág.7) INTERVENIENTES NA CONFERÊNCIA CUNHA-VAZ (da esq. para a dta.): Profs. Joaquim Murta, Francisco Falcão-Reis, Manuel Monteiro-Grillo (moderadores), Hendrik Scholl (preletor) e José Cunha-Vaz (que dá nome a este momento alto do Congresso da SPO) PUB

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quarta-feira, dia 5

PONTES ENTRE A OFTALMOLOGIA PEDIÁTRICA E A ERGOFTALMOLOGIA O impacto dos dispositivos eletrónicos na saúde ocular infantil, o glaucoma pediátrico e a realização de tomografia de coerência ótica (OCT) em crianças foram alguns dos tópicos em foco na Reunião Conjunta dos Grupos Portugueses de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo (GPOPE) e Ergoftalmologia (GPE).

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ividida em três momentos, a sessão começou por analisar temas que «estão na ordem do dia». É o caso da «utilização de dispositivos eletrónicos por crianças cada vez mais jovens, uma preocupação partilhada por oftalmologistas e pediatras», segundo a Dr.ª Alcina Toscano, coordenadora do GPOPE. No entender da também responsável pela Consulta de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central, «importa igualmente sensibilizar e esclarecer os pais e educadores sobre o uso de óculos de sol ou de desporto pelas crianças», outra questão visada na reunião, de modo a que se adotem «práticas que otimizem o comportamento visual» dos mais pequenos e «evitem riscos para o seu desenvolvimento». Uma opinião partilhada pelo Dr. Fernando Trancoso Vaz, coordenador do GPE, para quem «a necessidade de realizar esta sessão conjunta foi motivada pela crescente procura, por parte dos pais e educadores, de respostas neste campo». «Hoje em dia, quando um oftalmologista consulta uma criança, é questionado não só sobre a saúde ocular da mesma, mas também sobre a utilização de dispositivos eletrónicos, de óculos de sol e de desporto e até sobre o contacto com brinquedos com laser», acrescenta o também coordenador da Consulta de Glaucoma do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, na Amadora. Este último ponto foi o cerne da intervenção da Dr.ª Ana Vide Escada, responsável pela Unidade de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo do Centro de Responsabilidade Integrada de Oftalmologia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, que frisou que «os ponteiros laser podem constituir um risco de saúde pública». Membro da Sociedade Portuguesa Interdisciplinar do Laser Médico e «apaixonada» confessa por esta área, a especialista foi perentória: «O laser não é

ALGUNS ORADORES, MODERADORES E COMENTADORES (da esq. para a dta.): À frente: Drs. Catarina Paiva, Alcina Toscano, Rita Gama, Cristina Brito, Maria João Santos, Jorge Breda, Mafalda Mota e Madalena Monteiro. Atrás: Drs. Augusto Magalhães, Isa Sobral, Sónia Campos, Rui Castela, Rosário Varandas, Fernando Trancoso Vaz, Ana Vide Escada, Rita Couceiro e Diogo Cabral

um brinquedo e pode mesmo constituir uma arma. É um acidente à espera de acontecer, pelo que urge alertar a opinião pública para este problema, porque os efeitos podem ser irreversíveis e deixar marcas desde tenra idade. Os acidentes com laser podem provocar doenças oculares mais ou menos graves, que vão desde a visão turva temporária até à cegueira.» Por sua vez, a Dr.ª Rita Gama afirmou que «os dispositivos eletrónicos podem ser prejudiciais para as crianças, quando o seu uso é abusivo, ultrapassando as quatro horas por dia, durante pelo menos quatro meses». Segundo esta preletora, «as disfunções oculares daí resultantes podem ser ligeiras, como o olho seco, ou raras, como a esotropia aguda». Como tal, preconizou a oftalmologista no Hospital da Luz Lisboa, «recomenda-se a supervisão dos pais e educadores, o estabelecimento de regras de utilização, a instituição de pausas e a interrupção do uso dos dispositivos eletrónicos uma hora antes de dormir».

Glaucoma e uso de OCT na idade pediátrica A segunda parte da reunião centrou-se no glaucoma pediátrico. Depois de preleções dedicadas à avaliação da progressão do glaucoma congénito e às diferentes opções cirúrgicas disponíveis neste âmbito, coube ao Dr. John Brookes, oftalmologista no Moorfields Eye Hospital e no Great Ormond Street Hospital for Children, em Londres, discorrer sobre os implantes de drenagem no tratamento do glaucoma pediátrico. «Esta técnica tem vantagens relativamente

a outras cirurgias filtrantes, por ser menos propensa a complicações de cicatrização, requerer menos consultas de seguimento pós-operatório, proporcionar maior superfície para drenagem e afastar a drenagem da área do limbo.» Contudo, advertiu o orador, este procedimento «não é isento de complicações, entre as quais o risco de erosão, exposição e infeções como a endoftalmite». Sob o mote «OCT em oftalmologia pediátrica – o que há de novo», a terceira e última parte da reunião foi inaugurada pela Dr.ª Rita Gama, que abordou a OCT do nervo ótico na criança. «A análise tomográfica do nervo ótico permite o diagnóstico de múltiplas alterações congénitas, como o coloboma, a fosseta e os drusa. Não obstante, permanece desconhecida a estrutura do disco ótico normal da criança pela falta de bases normativas. Estudos recentes mostram aumento da espessura da camada das células ganglionares e da camada das fibras nervosas na criança em relação ao adulto. No entanto, também a organização estrutural do disco ótico da criança é diferente: a escavação é mais pequena e menos oval e o anel neurorretiniano é mais largo», explicou esta oradora. Nesse sentido, Rita Gama concluiu que «a OCT veio demonstrar que o disco ótico é uma estrutura dinâmica e que a perda fisiológica de células ganglionares, que ocorre ao longo da vida, origina uma remodelação da sua arquitetura». Angio-OCT, OCT do segmento anterior e avaliação perioperatória em doentes com estrabismo foram os outros tópicos em análise na última parte desta reunião conjunta. DEZEMBRO 2018

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AMBLIOPIA E ESTRABISMO NO CENTRO DA REUNIÃO GPOPE/SPO JOVEM A Reunião Conjunta do Grupo Português de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo (GPOPE) com a SPO Jovem foi organizada em jeito de «conversa com os especialistas», neste caso de oftalmologia pediátrica e estrabismo. As reflexões andaram à volta da análise de casos clínicos desafiantes sobre estrabismo e ambliopia.

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ma colaboração bem-sucedida.» É assim que a Dr.ª Rita Couceiro, coordenadora da SPO Jovem, se refere à reunião conjunta com o GPOPE que decorreu ontem. Esta oftalmologista no Hospital de Vila Franca de Xira e o Dr. Paulo Freitas da Costa, oftalmologista no Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, assumiram a moderação desta sessão e apresentaram os casos clínicos, que «foram enviados por jovens oftalmologistas de diferentes zonas do país», nota Rita Couceiro. E acrescenta: «Todos os casos lançados à discussão representam situações desafiantes de estrabismo e ambliopia.» A Dr.ª Alcina Toscano, coordenadora do GPOPE, que integrou o painel de cinco oftalmologistas pediátricos responsáveis por comentar os casos clínicos, defende que o estrabismo é «uma patologia sempre em destaque, que afeta uma percentagem significativa da população pediátrica. É crucial apostar ainda mais na sua prevenção, no diagnóstico e no tratamento». Sobre os principais objetivos desta reunião conjunta, a também responsável pela Consulta de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central afirma: «Pretendeu-se uma abordagem dinâmica, com participação da assistência, que contribuísse para a partilha de conhecimentos e o esclarecimento de situações que ocorrem na prática clínica de todos os oftalmologistas, incluindo os mais jovens.»

Debate «esclarecedor e profícuo» O painel de discussão dos casos clínicos contou ainda com a participação dos seguintes experts: Dr. Jorge Breda, responsável pela Unidade de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo do Serviço de Oftalmologia do CHUSJ; Dr. Rui Castela, chefe do Departamento de Oftalmologia Pediátrica do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra/ /Hospital Pediátrico; Dr. Ricardo Parreira, oftalmologista pediátrico no Centro Hos4

6 1.º CONGRESSO PORTUGUÊS DE OFTALMOLOGIA

ORADORES E MODERADORES (da esq. para a dta.): Drs. Ricardo Parreira, Jorge Breda, Alcina Toscano, Rui Castela, Galton Vasconcelos, Rita Couceiro e Paulo Freitas da Costa

pitalar Universitário do Porto/Hospital de Santo António; e Prof. Galton Vasconcelos, chefe do Serviço de Oftalmologia Pediátrica e Baixa de Visão Infantil do Hospital São Geraldo da Universidade Federal de Minas Gerais, no Brasil. Sublinhando «a importância de valorizar a ambliopia e o conceito muito básico de doença neurológica desencadeada pela inibição da estimulação neuronal», Jorge Breda reitera a necessidade de «considerar a inibição neuronal e a sua bioquímica, assim como o papel do seu tratamento baseado em esquemas que inibem essa inibição». Sobre o que o futuro pode trazer de novo ao tratamento da ambliopia, este oftalmologista pediátrico remete para «a estimulação de áreas corticais não utilizadas por sistema habitual», pelo que são «passíveis de biotransformação». Esta hipótese está a ser estudada «em comparação com a transformação de células gliais de Muller em fotorrecetores», revela. Nesta sessão conjunta do GPOPE com a SPO Jovem, foram ainda discutidos vários casos de estrabismo, nomeadamente síndrome sistémica com desequilíbrio

«O estrabismo afeta uma percentagem significativa da população pediátrica. É crucial apostar ainda mais na sua prevenção, no diagnóstico e no tratamento» Dr.ª Alcina Toscano oculomotor; estrabismo com restrição; estrabismo acomodativo; estrabismo com excesso de convergência acomodativa em miopia; estrabismo tardio normossensorial; estrabismo associado a ambliopia; e estrabismo consecutivo. De acordo com Jorge Breda, os casos apresentados ontem foram «muito exemplificativos das situações que ocorrem na prática clínica e a sua discussão permitiu um enriquecimento da capacidade de intervenção de todos os oftalmologistas». Afinal, «há várias soluções possíveis», pelo que o debate gerado entre experts desta área «foi esclarecedor e profícuo».


ABORDAGEM DE HOT TOPICS EM NEUROFTALMOLOGIA A Reunião do Grupo Português de Neuroftalmologia (GPN) revisitou temas como a arterite de células gigantes (ACC), a hipertensão intracraniana na criança, a tomografia de coerência ótica (OCT) na prática clínica e a neuropatia ótica hereditária de Leber (NOHL). Esta sessão deu particular ênfase à consolidação do papel de um conjunto de exames complementares não invasivos, tanto em termos de diagnóstico como de monitorização terapêutica.

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arcada pela multidisciplinaridade, a sessão contou com «a participação de colegas de outras especialidades congéneres, como a Reumatologia e a Neuropediatria», que se juntaram à comunidade oftalmológica para refletir sobre «patologias de interesse comum, designadamente a ACG e a hipertensão intracraniana em doentes de idade pediátrica», contextualiza a Dr.ª Fátima Campos, coordenadora do GPN. Por outro lado, continua a também responsável pelos Gabinetes de Neuroftalmologia, Oftalmologia Pediátrica e Eletrofisiologia do Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria (CHULN/ /HSM), o leque de tópicos em análise deu «especial relevância aos exames complementares não invasivos e à sua utilidade para o diagnóstico e controlo terapêutico e evolutivo das doenças neuroftalmológicas». Falando sobre o papel da ecografia na abordagem à ACG, a Dr.ª Cristina Ponte, reumatologista no CHULN/HSM, recordou que, no passado, «a biópsia da artéria temporal era o gold standard para o diagnóstico» desta patologia. No entanto, além de este ser «um procedimento invasivo, menos acessível, oneroso e com baixa sensibilidade

ORADORES E MODERADORES (da esq. para a dta.): Dr.ª Filipa Caiado, Dr.ª Sofia Mano, Dr.ª Cristina Ponte, Dr. Tiago Proença dos Santos, Prof. João Paulo Cunha, Dr.ª Ivone Cravo, Dr.ª Fátima Campos, Dr.ª Dália Meira, Prof.ª Valérie Touitou, Dr.ª Olinda Faria e Dr. João Costa

diagnóstica, sabe-se hoje que a ACG pode não atingir sempre a artéria temporal». Como tal, as guidelines internacionais recomendam que a ecografia seja «o método diagnóstico a privilegiar, uma vez que é mais acessível, célere e menos invasivo, permitindo observar várias artérias», referiu esta oradora. Depois de afirmar que «a ACG é uma emergência clínica, sobretudo pelo potencial envolvimento ocular da doença, que pode evoluir para cegueira, a qual tende a ser irreversível», Cristina Ponte instou os oftalmologistas a «estarem alerta para os casos suspeitos de ACG, particularmente em doentes acima dos 50 anos, com quadro de cefaleias, aumento dos parâmetros inflamatórios e padrões oftalmológicos sugestivos, como neuropatia isquémica anterior». A nível do tratamento, a reumatologista sublinhou a importância de «evitar que a corticoterapia de alta dose se prolongue por demasiado tempo». Nesse sentido, chamou a atenção para o advento de alternativas terapêuticas, nomeadamente «imunossupressores poupadores de corticoides, como o metotrexato e o tocilizumab, um inibidor da interleucina 6 com resultados muito promissores».

NOVAS PERSPETIVAS NO TRATAMENTO DA NOHL A mais recente evidência que aponta para uma «nova era» no combate à neuropatia ótica hereditária de Leber (NOHL) foi apresentada na reunião do GPN pela Dr.ª Valérie Touitou, oftalmologista nos Hôpitaux Universitaires Pitié Salpêtrière – Charles Foix, em Paris. Esta oradora destacou não só «as diferentes moléculas que têm vindo a ser testadas», mas também «os tratamentos emergentes, como as terapias génicas e com células estaminais».

Doppler transcraniano e OCT: que papel? Habituado «a trabalhar em estreita colaboração com a neuroftalmologia», o Dr. Tiago Proença Santos, neuropediatra no CHULN/ /HSM, explicou como é que a hipertensão intracraniana se cruza com a Oftalmologia. «Desde logo, porque, devido à compressão do nervo ótico, estes doentes devem ser acompanhados também por oftalmologistas. Em segundo lugar, através do exame do fundo ocular, é frequentemente possível diagnosticar esta doença». Focando-se nos doentes em idade pediátrica, o preletor considerou que os médicos «continuam muito dependentes da punção lombar». «O Doppler transcraniano é uma boa ferramenta para aferir a pressão intracraniana, por exemplo em situações de traumatismo agudo, mas, no que toca à hipertensão intracraniana, o cenário não é assim tão linear», constatou. A esclerose múltipla foi outra patologia em análise nesta reunião, pelo Dr. António Friande, oftalmologista no Centro Hospitalar Universitário do Porto/Hospital de Santo António. Na opinião deste especialista, a OCT tem-se revelado «cada vez mais útil» neste âmbito e «pode servir como um ponto de alerta para a progressão da doença, mesmo na ausência de sinais clínicos evidentes, contribuindo para os ajustes terapêuticos necessários». Antevendo que o recurso a este exame venha a ser «amplamente difundido», este orador referiu ainda que, no futuro, «a OCT poderá até ser coadjuvante de meios complementares de diagnóstico mais complexos, como a ressonância magnética». DEZEMBRO 2018

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MELANOMA DA ÚVEA, RETINA E UVEÍTES EM FOCO Uma mesa-redonda dedicada ao melanoma da úvea, um dos tumores mais graves na área da oncologia ocular, deu ontem início ao encontro da prestigiada Burnier International Ocular Pathology Society (BIOPSY). O programa que se estende até hoje (ver página ao lado) prosseguiu com uma sessão sobre retina e uveítes.

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epois da nota de boas-vindas do Prof. Miguel Burnier, presidente da BIOPSY, foi tempo de discutir o presente e o futuro do melanoma da úvea. Destacando, antes de mais, «o reconhecimento da vitalidade da Oftalmologia portuguesa» que a realização deste evento no nosso país confere, o Prof. Rui Proença, um dos moderadores da primeira mesa-redonda, considera que a mesma «pretendeu afirmar-se como um momento alto de atualização e debate científicos». Esta sessão dedicada ao melanoma da úvea arrancou com a preleção da Dr.ª Ann Schalenbourg, chefe da Unidade de Tumores Oculares do Adulto no Hôpital Ophtalmique Jules-Gonin, em Lausane, na Suíça, que «abordou o tratamento do melanoma da coroideia, focando-se, sobretudo, na radioterapia com feixe de protões», resume Rui Proença. Seguiu-se a intervenção da Dr.ª Maria José Passos, oncologista no IPO de Lisboa, que «comentou os estudos genéticos, as opções terapêuticas atuais e o seguimento dos doentes com metástases de melanomas». Por sua vez, o Prof. André Valente, da Fundação Champalimaud, em Lisboa, apresentou o projeto europeu «UM CURE 2020», que «combina o esforço de vários centros europeus de oncologia ocular e de investigação básica com organizações de doentes, no sentido do desenvolvimento de novas terapêuticas para o melanoma da úvea metastático», sintetiza o moderador. Já a Prof.ª Julia Valdemarin Burnier, investigadora no Cancer Research Program do McGill University Health Centre Research Institute, «apresentou estudos recentes sobre o papel das biópsias líquidas na avaliação da progressão tumoral e da metastização». A última preleção ficou a cargo do próprio Rui Proença, oftalmologista no Centro Nacional de Referência de Onco-Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, abordou «o tratamento da doença local com braquiterapia ocular», apresentando os resultados dos doentes tratados em Portugal. 6

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ORADORES E MODERADORES (da esq. para a dta.): Dr. José Pita Negrão, Dr.ª Sabrina Bergeron, Prof. Carlos Moreira Neto, Dr.ª Cláudia Almeida, Dr.ª Maria José Passos, Dr. André Valente, Dr.ª Julia Valdemarin Burnier, Prof. Miguel Burnier, Dr. João Pessoa, Dr.ª Anamaria Coutinho, Dr.ª Sandra Prazeres, Dr.ª Ana Magriço, Dr.ª Ann Schalenbourg e Prof. Rui Proença

Doenças retinianas e uveítes A segunda e última sessão do primeiro dia do BIOPSY Meeting foi dedicada à relação entre a retina e as uveítes. O Dr. Carlos Moreira Neto, do Serviço de Retina do Hospital de Olhos do Paraná, no Brasil, inaugurou o leque de preleções com a partilha de «um caso desafiador de patologia retiniana num jovem com perda súbita de visão no seu único olho que via». Este especialista explicou de que forma «um diagnóstico preciso, através da mais avançada tecnologia de imagem multimodal», contribuiu para a «completa recuperação da visão deste doente». Na comunicação seguinte, o Dr. André Romano, diretor do Serviço de Retina do Neovista Oftalmologia – Americana, em São Paulo, comentou um estudo sobre a progressão da retinopatia diabética através da análise quantitativa da angio-OCT. «Os resultados sugerem que a medição de densidade vascular com a angio-OCT tem o potencial de ser um biomarcador quantitativo para diagnóstico e manejo da retinopatia diabética, especialmente no plexo capilar profundo, onde a isquemia parece ser mais sensível», afirma este orador. Depois, o Dr. José Pita Negrão, oftalmologista em Lisboa, falou sobre o buraco macular, os mecanismos de base, o sucesso da cirurgia

e as opções mais adequadas para os casos de falência dos buracos. Este especialista lembra que a mácula «foi cirurgicamente intocável até ao princípio dos anos de 1990», mas, desde que se começou a operar esta área, o buraco macular tornou-se «uma história de sucesso». Entre muitas técnicas cirúrgicas para resolução do buraco macular, «a de maior adesão é a do flap de membrana limitante interna invertido, ao passo que o transplante de membrana amniótica foi uma novidade, aguardando-se resultados», referiu este orador. Ainda nesta sessão, coube ao Dr. Paulo Ferreira, diretor clínico do Oftalmos – Hospital da Visão, em Balneário Camboriú, no Brasil, versar sobre um caso de doença macular nos dois olhos, com formas assimétricas, que surgiu duas semanas após uma cirurgia de catarata. Trata-se de uma situação «atípica», à luz da literatura atual. «Temos de perceber se foi uma má coincidência, se o processo foi desencadeado pela cirurgia ou se existe algo na patogénese da doença que desconhecemos e possa ter feito suscitado essa evolução», nota este orador. O programa científico do primeiro dia do BIOPSY Meeting encerrou com mais duas intervenções que reportaram um caso de «olho amarelo» e uma forma incomum de tumor da conjuntiva.


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HOJE

quinta-feira, dia 6

TUMORES OCULARES EM DESTAQUE NO SEGUNDO DIA Entre as 9h00 e as 18h00, na sala 4, prossegue o BIOPSY Meeting 2018, que, ao segundo dia, será especialmente rico no aprofundamento da temática dos tumores oculares. Os avanços na cirurgia vítreo-retiniana e a complexa luta contra as doenças infeciosas também serão tópicos discutidos por um painel de especialistas internacionais.

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epois da apresentação do BIOPSY Special Award, seguem-se duas mesas-redondas dedicadas aos tumores da órbita, que preenchem toda a manhã. Orador na segunda dessas sessões, o Dr. André Maia, oftalmologista de São Paulo, no Brasil, vai falar sobre a resposta cirúrgica aos tumores intraoculares, mostrando «alguns casos de melanomas da coroide, tumores vasoproliferativos e hemangiomas associados a doença de von Hippel-Lindau que foram tratados com sucesso através de vitrectomia posterior», sem esquecer o relato das complicações mais frequentes, que «são os descolamentos de retina». No caso concreto dos melanomas da coroide, este especilista sublinha que, segundo a sua experiência, «têm acompanhamento durante cinco anos, sem aumento do número de metástases». Já na parte da tarde, decorre uma terceira mesa-redonda alusiva aos tumores da córnea (das 16h50 às 17h50), na qual a Prof.ª Jacqueline Coblentz assume o papel de moderadora. Esta oftalmologista que está a fazer pós-doutoramento no McGill University Health Centre destaca, desde logo, que este encontro «é uma excelente oportunidade de atualização em Oftalmologia, especialmente em tumores oculares». Sobre a sessão que modera, esta especialista observa que «os temas

ALGUNS ORADORES E MODERADORES (da esq. para a dta.): Dr.ª Cristina Fonseca, Prof.ª Maria Antonia Saornil, Prof. Pablo Zoroquiain, Prof. Carlos Moreira Neto, Dr.ª Ana Beatriz Toledo Dias, Prof. Mário Motta, Dr.ª Cláudia Almeida, Prof.ª Jacqueline Coblentz, Prof. Leonardo Noleto Negry Santos, Dr. Paulo Ferreira, Prof. Alexandre Odashiro, Dr. Abelardo Rodriguez, Dr.ª María Eugenia Orellana, Dr.ª Myriam McDonald e Dr.ª Christina Mastromonaco

escolhidos representam bem a oncologia ocular nos dias atuais», como é o caso do retinoblastoma e das lesões da íris.

O desafio das doenças infeciosas Chefe do Serviço de Patologia Oftalmológica da APEC (Asociación para Evitar la Ceguera en México), que está integrada no Hospital Dr. Luis Sánchez Bulnes, na Cidade do México, o Dr. Abelardo Rodríguez é um dos preletores na sessão «Cornea & External Diseases», a realizar-se entre as 15h00 e as 15h40, apresentando um caso de opacidade corneana bilateral de origem desconhecida. Trata-se de um homem de 49 anos com história de irmão com distrofia corneana de tipo não especificado, hipercolesterolemia com cinco anos de evolução e colecistectomia. Abelardo Rodríguez refere que a condição atual deste doente «começou com uma diminuição da visão bilateral lentamente progressiva, desde a adolescência», e a sua exploração oftalmológica «revelou opacidades corneanas subepiteliais bilaterais confluentes entre si». Interveniente na mesma sessão, o Prof. Rubens Belfort Jr. vai abordar o «boom inesperado de doenças infeciosas por todo o

mundo nas últimas quatro décadas, que começou com o vírus da imunodeficiência humana e uma série de outras epidemias que, tendencialmente, vão continuar a aparecer em número cada vez maior», indica este docente no Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo, no Brasil. Ruben Belfort Jr. traça «um cenário preocupante» no âmbito da luta contra este tipo de epidemias. «Há uma série de doenças infeciosas que continuam não controladas, inclusive na Europa e nos EUA, como a tuberculose. Além disso, há doenças que pensávamos que estavam controladas, mas aumentaram, como a sífilis. Acresce ainda o aparecimento de novos vírus, que ameaçam muitos países em África e na América do Sul, com potencialidade de expansão para os países mais desenvolvidos, como o zika, o chikungunya, a dengue e a febre-amarela.» Neste contexto, hoje em dia, verifica-se «um esforço internacional para identificar melhor as doenças e definir mais eficazmente os respetivos tratamentos». Em consequência, «a Medicina começou finalmente a considerar a importância do bolo fecal e das bactérias e vírus presentes no intestino, enquanto causas de doenças crónicas e degenerativas», remata este oftalmologista do Brasil.

RELATO DE 20 ANOS A ENFRENTAR O MELANOMA CONJUNTIVAL Atualmente a exercer no Serviço de Oftalmologia do Hospital Clínico Universitário de Valladolid, em Espanha, a Prof.ª Maria Antonia Saornil é também preletora do segundo dia do BIOPSY Meeting 2018. Percorrendo a experiência de 20 anos no tratamento do melanoma da conjuntiva, «uma doença muito rara, cuja incidência se situa entre 0,3 e 0,8 casos por milhão de habitantes», a especialista refere que, nas duas últimas décadas, o seu Serviço recebeu 27 doentes com melanoma da conjuntiva, dos quais cinco faleceram devido a esta patologia. «A mortalidade é de 20% aos cinco anos e 30% aos dez anos.» Na sua comunicação, Maria Antonia Saornil vai também falar sobre as características clínicas desta neoplasia, alertando que «um diagnóstico precoce e preciso pode fazer com que o doente conserve a visão e a vida, já que não faltam soluções terapêuticas, entre as quais se incluem a cirurgia, a quimioterapia adaptada à superfície ocular e a braquiterapia». DEZEMBRO 2018

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HOJE

quinta-feira, dia 6

REUNIÃO DE ERGOFTALMOLOGIA DESTACA PRESBIOPIA E CIRURGIA OFTALMOLÓGICA A Reunião do Grupo Português de Ergoftalmologia (GPE) decorre das 10h30 às 12h30, na sala 3, com uma vincada aproximação ao tema central deste Congresso, através da análise da presbiopia. De acordo com o coordenador do GPE, Dr. Fernando Trancoso Vaz, serão ainda exploradas «as soluções refrativas e cirúrgicas para grupos específicos de doentes, como os militares, além da apresentação e do debate de novas técnicas imagiológicas que estão a ser introduzidas para fins cirúrgicos, com enfoque nas suas vantagens e desvantagens em termos pedagógicos, ergonómicos e ergoftalmológicos».

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epois da introdução do Dr. Fernando Trancoso Vaz e da abordagem do primeiro tópico desta sessão – «Presbiopia e óculos» –, a Dr.ª Isabel Ritto, oftalmologista em Lisboa, vai analisar, em conjunto com o Dr. Augusto Barbosa, oftalmologista em Coimbra, a relação entre a presbiopia e o escritório, alargando o foco a outros locais de trabalho. «É frequente chegarmos a um espaço de atendimento ao público, por exemplo, e verificarmos que as pessoas estão a trabalhar com posturas incorretas e a distâncias do monitor não recomendáveis. Outras vezes são as características do espaço que falham, caso da temperatura, da pureza do ar ou da taxa de humidade. Portanto, é preciso alertar para esta realidade de forma a tentar melhorar o ambiente de trabalho, advertindo para os fatores que podem provocar, por exemplo, olho seco», observa Isabel Ritto. Segue-se a abordagem dos marcadores de inflamação em lágrimas de doentes expostos a ecrãs de computador no dia-a-dia laboral e, posteriormente, das exigências oftalmológicas em candidatos à carreira militar e do recurso à cirurgia por LASIK nos doentes que são militares. Como um dos oradores do tema seguinte, «Lentes intraoculares multifocais em militares – sim ou não», o Dr. Bernardo Feijóo, oftalmologista no Hospital da Luz Lisboa, vai também focar-se no subgrupo dos militares, para

Dr. Fernando Trancoso Vaz

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Dr.ª Isabel Ritto

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quem estas lentes «são particularmente atrativas por permitirem a independência dos óculos e lentes de contacto, que é um aspeto importante no dia-a-dia desta atividade profissional». No caso dos pilotos, por exemplo, «a utilização de uma lente multifocal traz várias vantagens em termos das distâncias de focagem necessárias para ver os painéis de instrumentos, os materiais de leitura e o horizonte», ilustra Bernardo Feijóo. Contudo, existe o lado reverso do implante destas lentes, que «estão associadas a uma perda da sensibilidade ao contraste e ao aumento de fenómenos disfotópicos». Por isso, conclui este preletor, «é importante saber se essa diminuição na qualidade da visão poderá ter impacto no desempenho profissional dos militares».

Ergonomia no bloco operatório e na cirurgia 3D A reunião prossegue com reflexões sobre a importância de atender à ergoftalmologia no bloco operatório. «Trata-se de um tema essencial para os oftalmologistas que, cada vez mais, sofrem de patologias resultantes de más posturas durante a sua atividade profissional, nomeadamente no bloco operatório», justifica a Dr.ª Mafalda Mota, oftalmologista em Lisboa, que falará nesta parte. Essas más posturas «poderão causar patologia ortopédica, que, no limite,

Dr. Bernardo Feijóo

poderá levar mesmo ao afastamento da atividade cirúrgica», adverte. E conclui: «É importante termos noção da postura que adotamos no bloco operatório e conhecer estratégias para melhorar.» Por fim, serão analisadas as vantagens cirúrgicas e/ou ergonómicas da tecnologia 3D ao serviço da cirurgia vítreo-retiniana. «Por um lado, a tecnologia potencia a exploração da imagem, permitindo, no caso da utilização de uma plataforma digital 3D, a observação de detalhes que podem escapar ao olho humano auxiliado com uma visualização analógica ao microscópio», começa por explicar um dos oradores deste tema, o Dr. Miguel Amaro, diretor do Serviço de Oftalmologia do Hospital de Vila Franca de Xira. Além disso, são de realçar as vantagens da cirurgia 3D em termos de ergonomia física, já que o cirurgião «consegue estar sentado numa posição que, a nível da coluna e dos braços, é mais confortável, o que faz com que, ao fim de um dia, o cansaço físico seja menor». Outras vantagens da tecnologia 3D também serão abordadas, nomeadamente o contributo para o trabalho em equipa, pois «toda a gente visualiza o que se está a passar na cirurgia da maneira que o cirurgião está a ver») e para a vertente formativa, já que «facilita o ensino de outros colegas e alunos», remata Miguel Amaro.

Dr.ª Mafalda Mota

Dr. Miguel Amaro


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HOJE

quinta-feira, dia 6

MONOGRAFIA ESPANHOLA SOBRE QUERATOPLASTIAS REEDITADA EM PORTUGUÊS Fruto de mais uma parceria de sucesso no seio da Oftalmologia Ibérica, é apresentada hoje, entre as 10h30 e as 12h00, na sala 1, a monografia da Sociedad Española de Oftalmología (SEO) dedicada às queratoplastias. Recentemente alvo de reedição em português, esta obra acolheu o contributo de mais de uma centena de especialistas internacionais, entre os quais oftalmologistas portugueses.

ORADORES: Dr. João Feijão, Dr. Javier Celis, Dr. José F. Alfonso, Prof. Rafael Barraquer e Prof.ª Maria João Quadrado

Sánchez, «uma recuperação anatómica e visual mais consistente e mais célere», estando também associada a uma «taxa de rejeição muito reduzida». No âmbito da sua preleção, este oftalmologista vai ainda versar sobre o modo como esta técnica com 10 anos de maturação tem vindo a ser «depurada e refinada», com vista a tornar-se «mais fácil de realizar e mais estandardizada».

Contributo nacional

A

sessão, que conta com a presença dos presidentes da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia e da SEO, respetivamente o Prof. Manuel Monteiro-Grillo e o Prof. José Luis Encinas Martín, é inaugurada pelo Prof. Rafael Barraquer, presidente do Barraquer Ophtalmology Center, em Barcelona, que é o coordenador desta monografia publicada originalmente em 2016. Intitulado «Queratoplastia: novas técnicas para o século XXI», este «documento importante» foca «as mudanças verdadeiramente revolucionárias que se operaram neste campo, nas últimas décadas», salienta este especialista. Procurando ser «o mais exaustiva possível», segundo Rafael Barraquer, esta monografia inclui secções sobre «aspetos gerais de conceitos, história, ciência básica e técnicas diagnósticas, entre outros», bem como sobre banco de olhos e preservação corneana. O grande destaque vai, todavia, para «as principais técnicas cirúrgicas – queratoplastia penetrante, queratoplastia lamelar anterior superficial e profunda [SALK e DALK, na sigla em inglês], queratoplastia endotelial, como queratoplastia endotelial automatizada com remoção da membrana de Descemet [DSAEK] ou queratoplastia endotelial da membrana de Descemet [DMEK], entre outras –», havendo, igualmente, uma secção sobre «queratopróteses», resume o coordenador. 10 6 1.º CONGRESSO PORTUGUÊS DE OFTALMOLOGIA

Incumbido de discorrer nesta sessão sobre a queratoplastia penetrante protegida, o Dr. José Alfonso Sánchez, responsável pela Unidade de Cirurgia de Córnea e Cristalino do Instituto Oftalmológico Fernández-Vega, em Oviedo, explica que «a queratoplastia penetrante clássica comporta uma série de riscos que são mitigados com este procedimento». Enquanto o «transplante tradicional é executado com a câmara anterior do olho aberta», a modalidade protegida ocorre «com a câmara fechada», esclarece. Evitando-se, deste modo, a perfuração do globo ocular, não só «o risco de complicações intraoperatórias é menor», mas também «a reabilitação no período pós-operatório tende a ser mais rápida», verificando-se ainda «menor propensão a reações inflamatórias e à rejeição do enxerto», alega. Intervindo a propósito da DMEK, o Dr. Javier Celis Sánchez, responsável pela Secção de Córnea do Hospital General la Mancha Centro, em Alcázar de San Juan, sublinha que «esta é a técnica que representa, atualmente, maior novidade no universo das queratoplastias». Indicado para os casos em que a «patologia corneana se restrinja ao endotélio, estando a restante córnea saudável», este procedimento assenta numa «abordagem menos agressiva» e proporciona, na opinião de Javier Celis

O Dr. João Feijão, secretário-geral da SPO, será também orador nesta sessão. A propósito da DSAEK, este oftalmologista no Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central realça que, «a par da DMEK, esta técnica constitui o gold standard dos transplantes de córnea nas doenças do endotélio». Pressupondo «a substituição, não de toda a córnea, mas apenas das camadas lesadas», a DSAEK também possibilita «uma recuperação mais rápida, com risco de ocorrência de complicações e de rejeição menor», comparativamente ao transplante clássico. Além disso, acrescenta João Feijão, «dado que o número de córneas disponíveis é inferior ao necessário, tal permite-nos utilizar uma córnea para dois doentes, quando temos um outro doente cujas camadas da córnea lesadas são outras que não o endotélio». Depois de o Dr. Luís Torrão, oftalmologista no Centro Hospitalar e Universitário de São João, no Porto, se pronunciar sobre a DALK, cabe à Prof.ª Maria João Quadrado, responsável pela Secção de Córnea e Cirurgia Refrativa do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, encerrar este fórum, incidindo sobre «o transplante de córnea na queratite fúngica». A este respeito, a oftalmologista lembra que «a queratite fúngica é devastadora para a superfície ocular, podendo levar à perfuração da córnea com invasão intraocular». E clarifica: «No caso de grande invasão da córnea e risco de perfuração, o transplante é obrigatório para retirar a carga fúngica e proteger as estruturas internas do globo ocular.»


FÓRUM DE GLAUCOMA PROMETE DISCUSSÃO ALARGADA Composto por três módulos e com intervenções de dez oradores, o Fórum de Glaucoma, que decorre entre as 14h00 e as 15h30, na sala 2, vai debater temas atuais como o papel dos biomarcadores numa consulta não presencial de glaucoma, o seguimento dos doentes com glaucoma congénito primário ou o lugar da ciclofotocoagulação transcleral com laser micropulsado.

S

egundo revela o Dr. António Figueiredo, coordenador do Grupo Português de Glaucoma, «a ideia deste Fórum é dar a palavra a um grupo de colegas o mais alargado possível que se dedicam a esta subespecialidade, incluindo oftalmologistas mais jovens». Os dez oradores desta sessão «vão falar sobre temas que, na sua opinião, são atuais ou importantes no contexto do glaucoma». No módulo 1, os tópicos em análise são: «A UBM [biomicroscopia ultrassónica, no acrónimo inglês] na consulta de glaucoma: quando e porquê?» (Dr.ª Sara Patrício, do Centro Hospitalar Lisboa Ocidental/Hospital de Egas Moniz); «Conhecemos a base de dados normativa do nosso OCT?» (Dr.ª Isabel Lopes Cardoso, do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga/Hospital de São Sebastião), «Clínica virtual de glaucoma – o futuro?» (Dr. João Tavares Ferreira, do Centro Hospitalar Universitário de São João – CHUSJ) e «O papel dos biomarcadores numa consulta não presencial de glaucoma (Prof. João Paulo Cunha, do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central). No módulo 2, depois de o Dr. Sérgio Estrela, do CHUSJ, abordar o tópico «Glaucoma e alterações no sistema nervoso central: coincidência ou associação?», o Dr. José António Dias, do grupo Joaquim Chaves Saúde, vai refletir sobre a relação entre o glaucoma e o envelhecimento. «Se o avançar da idade é um fator de risco do glaucoma, por outro lado, não nos devemos esquecer de que o processo natural de envelhecimento pode influenciar os resultados dos exames funcionais e estruturais, podendo, eventualmente, dificultar o diagnóstico e a monitorização dos doentes com glaucoma», explica.

Prof. João Paulo Cunha (orador), Dr.ª Mariana Sá Cardoso, Dr. Fernando Trancoso Vaz (orador), Dr.ª Cristina Brito, Dr. João Filipe Silva (orador), Dr. Sérgio Estrela (orador), Dr. Nuno Lopes (orador) e Dr. António Figueiredo (coordenador). Oradores ausentes nas fotos: Drs. João Ferreira, Sara Patrício, Isabel Lopes Cardoso e Cláudia Gonçalves

Ainda no segundo módulo, o Dr. João Filipe Silva, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, vai apresentar os resultados de um estudo retrospetivo de 11 doentes com glaucoma congénito seguidos no Hospital Pediátrico de Coimbra nos últimos oito anos. «Em todos estes doentes, a cirurgia realizada foi a trabeculectomia, com ótimos resultados, objetivando-se uma diminuição da pressão intraocular, que, ao longo do seguimento, se tem mantido controlada, com ou sem colírios, não havendo, até à data, necessidade de nenhuma reintervenção», dá conta este orador. João Filipe Silva acrescenta que, «paralelamente à consulta de glaucoma, estas crianças são encaminhadas para consultas de baixa visão e de genética, tendo sempre em atenção a importância da correção refrativa, do tratamento das ambliopias e da estimulação precoce». E conclui: «Só com uma equipa multidisciplinar podemos dar resposta às dificuldades impostas por esta doença, que modifica a vida das crianças.» O módulo 3 arranca com a preleção do Dr. Fernando Trancoso Vaz, coordenador da Consulta de Glaucoma do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, na Amadora, que vai abordar o tema «Ciclofotocoagulação transcleral [CFTE] com laser micropulsado: tratamento para glaucoma refratário ou algo mais?» Segundo explica este orador, «o tratamento com laser díodo micropulsado (Cyclo G6®), que foi aprovado pela Food and Drug Administration em 2015, permite um atingimento

mais seletivo do corpo ciliar, minimizando o dano térmico colateral dos tecidos adjacentes e o risco de complicações». Fernando Trancoso Vaz vai apresentar os resultados de um estudo de eficácia e segurança realizado no hospital onde exerce, que envolveu 13 olhos. «Comprovámos a eficácia hipotensora (40%), a reprodutibilidade e a ausência de complicações com a CFTE laser díodo micropulsado, que parece constituir uma alternativa eficaz e segura à CFTE tradicional, podendo ser usada em olhos com potencial limitado de visão ou elevado risco para cirurgia incisional», frisa o especialista. E acrescenta: «Estudos de maiores dimensões e longitudinais sugerem que este é um tratamento eficaz, que poderá ser utilizado mais precocemente no algoritmo terapêutico do glaucoma, advogando inclusive a sua utilização em olhos com visão.» Por fim, após a Dr.ª Cláudia Gonçalves, do Hospital Beatriz Ângelo, abordar a eficácia da cirurgia de catarata no tratamento do glaucoma de ângulo estreito, o Dr. Nuno Lopes, coordenador da Secção de Glaucoma do Serviço de Oftalmologia do Hospital de Braga, vai incidir sobre a relação entre catarata e glaucoma. «Entre outros aspetos, serão referidos o efeito hipotensor isolado da cirurgia de catarata em glaucomas de ângulo aberto e estreito, a cirurgia de catarata PLUS (combinada com implantes), a abordagem cirúrgica de cataratas em doentes com pseudoexfoliação e ângulo estreito», informa o especialista, que vai ainda debruçar-se sobre as indicações para cirurgia combinada de catarata e glaucoma e o uso do femtofaco e lentes premium nos doentes com glaucoma. DEZEMBRO 2018

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HOJE

quinta-feira, dia 6

«A TERAPIA GENÉTICA PODE SER TRATAMENTO PARA A PATOLOGIA DEGENERATIVA DA RETINA» A realidade dos doentes com patologia degenerativa hereditária da retina está prestes a mudar. Em entrevista, o Prof. Hendrik Scholl, diretor do Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário de Basileia, na Suíça, e preletor da Conferência Cunha-Vaz, que decorre entre as 12h15 e as 12h45, na sala 1, explica porque é que as novas terapêuticas disponíveis estão a ser encaradas pelos especialistas como capazes de travar a progressão da doença e, inclusive, de restabelecer a visão perdida.

Qual o impacto da patologia degenerativa hereditária da retina (PDHR)? A patologia degenerativa hereditária da retina constitui atualmente a causa mais prevalente de cegueira e compromisso visual, sendo, na Alemanha, a única causa de cegueira na faixa etária dos 21 aos 60 anos. A sua prevalência é maior nas mulheres e aumenta, geralmente, com a idade. Quais são os principais desafios na abordagem da PDHR? Além da elevada prevalência da doença, os principais desafios estão relacionados com as opções terapêuticas disponíveis, que são atualmente limitadas, como acontece com muitas doenças neurodegenerativas. No entanto, há novas abordagens não só ao nível do tratamento, como também na definição do estádio da doença. Que novos tratamentos para a PDHR deverão surgir no futuro? No horizonte das novas abordagens terapêuticas, estão a terapia genética, com células estaminais, a optogenética e as

próteses retinianas. Muitas destas abordagens entraram já numa fase clínica de desenvolvimento e as próteses receberam aprovação recente para entrada no mercado na Europa e nos Estados Unidos da América. O nosso trabalho tem passado por avaliar a capacidade de estas novas abordagens travarem o avanço da doença ou mesmo restabelecerem a visão.

Como perspetiva a evolução destas novas abordagens terapêuticas? As terapêuticas emergentes, isoladas ou em associação, vão constituir novas opções de tratamento para doentes com PDHR em todo o espectro de gravidade. Atualmente, apenas um pequeno segmento de doentes é elegível para a cirurgia de prótese retiniana aprovada pelas agências reguladoras – os que têm patologia retiniana grave e que tiveram visão no passado, mas que agora mal possuem perceção de luz. Resta saber se, com o desenvolvimento pré-clínico adicional, a substituição de células fotorrecetoras ou a terapêutica optogenética

ADMIRAÇÃO PELO «HERÓI» CUNHA-VAZ Há vários anos que a Conferência Cunha-Vaz constitui um dos momentos mais altos do Congresso Português de Oftalmologia. Por isso, o Prof. Hendrik Scholl afirma sentir-se «muito honrado» por proferir uma palestra desta importância, mas também «particularmente orgulhoso» por esta ser uma homenagem a um dos seus «heróis da Oftalmologia europeia», Prof. José Cunha-Vaz. Além de dirigir o Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário de Basileia, o preletor leciona no Wilmer Eye Institute, na Johns Hopkins University, nos EUA, e dedica-se, sobretudo, ao tratamento médico e cirúrgico das doenças da retina, como a degenerescência macular da idade e a retinopatia diabética. 12 6 1.º CONGRESSO PORTUGUÊS DE OFTALMOLOGIA

proporcionarão ganhos visuais superiores em doentes com perda de visão profunda devido a PDHR em estádio avançado. Para os doentes com melhor preservação anatómica e funcional, a farmacoterapia, a terapia genética, a neuroproteção ou o transplante do epitélio pigmentar da retina (EPR) podem ser as melhores estratégias para desacelerar a progressão da doença, preservar a visão residual ou aumentar a função visual. Com a terapia genética em ensaios clínicos de fase III e com transplante do EPR derivado de células estaminais em ensaios de fase II, é concebível que a terapia genética possa ser o próximo tratamento a tornar-se disponível para doentes específicos com patologia degenerativa da retina.

Como se enquadram as novas terapêuticas em termos de custo-efetividade? A relação de custo-efetividade também será algo a considerar. Neste campo, o desafio continua a residir no desenvolvimento de terapêuticas custo-efetivas que possam ser adaptadas à realidade de grandes grupos de doentes com patologia degenerativa retiniana hereditária em estádios iniciais, intermédios ou avançados, idealmente sem restringir o seu acesso aos doentes com defeitos genéticos específicos. Uma ampla estratégia de tratamento baseada em fenótipos, que explora vias de doença comuns, irá expandir o número de doentes que poderão ser tratados, por comparação com abordagens estritamente baseadas no genótipo.


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HOJE

quinta-feira, dia 6

EXPERIÊNCIA E EVIDÊNCIA NO TRATAMENTO DAS UVEÍTES O Grupo Português de Inflamação Ocular (GPIO) reúne hoje, com um programa que se irá prolongar por toda a tarde (14h00 – 16h00), na sala 3, e que reúne dezenas de especialistas de grande abrangência internacional. A reunião divide-se em duas partes: uma mais clínica, baseada nas competências que os oftalmologistas vão adquirindo ao lidar com doentes difíceis, como são os de inflamação ocular; e outra em que se vai fazer uma revisão das soluções farmacológicas cientificamente validades e que podem serem usadas nas decisões clínicas diárias.

Dr.ª Vanda Nogueira

A

reunião terá início com uma ampla discussão de casos clínicos. Serão sete, ao todo, e terão como tema: «Um caso desafiante de retinite infeciosa», «À espera do próximo...» «Nevrite ótica atípica num adolescente» «Edema do disco ótico inflamatório em jovens “saudáveis”», «Descolamento de retina exsudativo e tuberculoso: eis a questão» «Nem tudo o

Dr.ª Isabel Domingues

que parece é: quando um harada não é um harada» e «Opções terapêuticas no tratamento da coriorretinopatia de um birdshot». Ainda na vertente da reunião que se baseia sobretudo na experiência prática do tratamento das uveítes, realce para a conferência sobre linfoma intraocular, na qual tomará a palavra a Prof.ª Elisabetta Miserocchi (ver caixa), e também para a

apresentação da plataforma uveite.pt, que se encontra em fase de teste no mês de dezembro, depois de cerca de dois anos a ser desenvolvida. «É uma plataforma online que pretende funcionar como base de dados para registo de doentes com inflamação ocular, podendo ser usada para estudos, análises retrospetivas, seleção de doentes para inclusão em estudos prospetivos ou pedidos de segunda opinião entre colegas», refere a Dr.ª Vanda Nogueira, coordenadora do GPIO, que será uma das especialistas a apresentar o uveite.pt. Esta plataforma, que deve estar totalmente disponível a partir de 1 de janeiro, tem como novidade o uso de «um sistema de codificação que ainda é pouco usado em Portugal, o SNOMED CT [Systematized Nomenclature of Medicine Clinical Terms], que foi «construído para comunicação médica, ao contrário daqueles que são habitualmente usados em Medicina», explica Vanda Nogueira.

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO LINFOMA INTRAOCULAR A Reunião do Grupo Português de Inflamação Ocular vai contar com uma conferência dedicada ao linfoma intraocular, que será proferida pela Prof.ª Elisabetta Miserocchi, oftalmologista no Hospital Universitário San Raffaele, em Milão. A preletora italiana adianta algumas das principais ideias que transmitirá: «O linfoma intraocular é a síndrome maligna mascarada mais comum a nível ocular, apesar de estas síndromes representarem apenas 2,5% das entidades uveíticas. Trata-se de um tumor ocular que se apresenta clinicamente como uma uveíte, mas que, na verdade, não é uma doença inflamatória. Também pode ser considerado um linfoma do sistema nervoso central, uma vez que pode afetar o cérebro em cerca de 20% dos casos. Por este motivo, a taxa de sobrevivência desta doença é muito baixa: apenas 32% dos doentes sobrevivem cinco anos após o diagnóstico. Fazer um diagnóstico precoce desta patologia é muito difícil porque, por vezes, os doentes podem apresentar uveítes crónicas que não respondem adequadamente aos corticosteroides. Além disso, o diagnóstico requer uma biópsia do vítreo, com vista a detetar células malignas. No entanto, em cerca de um terço dos doentes, a vitrectomia tem resultado negativo, apesar de o doente ter efetivamente a patologia. Existem novas ferramentas diagnósticas para aumentar a sensibilidade do diagnóstico, como o estudo das citoquinas ou estudos genéticos, nomeadamente a deteção do gene MYD88 nestes doentes. Uma vez efetuado o diagnóstico, o tratamento depende da existência de envolvimento cerebral. Se o olho e o cérebro estiverem envolvidos, o doente deve ser submetido a quimioterapia sistémica. Se só um olho estiver envolvido, podemos decidir tratar apenas localmente com terapêutica intraocular, com injeções de rituximab e metrotexato. No entanto, se ambos os olhos estiverem afetados, é preferível utilizar quimioterapia sistémica. Um aspeto muito importante para o diagnóstico e o tratamento desta patologia é a multidisciplinaridade. No centro onde trabalho, no qual seguimos mais de 25 doentes com linfoma intraocular, somos uma equipa de especialistas em uveíte, neuro-oncologistas, patologistas e neurorradiologistas que trabalha efetivamente em conjunto, com o doente no centro da nossa ação.»

14 6 1.º CONGRESSO PORTUGUÊS DE OFTALMOLOGIA


Terapêuticas de futuro Se a primeira parte da reunião se debruçará sobre as uveítes baseadas na experiência, a segunda abordará a mesma patologia sobre a perspetiva da evidência, contando com quatro palestras. Abordado num primeiro momento será o tema da terapêutica intravítrea em uveítes, pela Dr.ª Marta Guedes, oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental/Hospital de Egas Moniz, que se centrará nos corticoides. «Vou discutir as indicações disponíveis, com evidência científica na literatura, para tentar refletir sobre qual o melhor corticoide por injeção intravítrea e em que situações e com que frequência deve ser administrado, focando-me essencialmente na triamcinolona, no implante de dexametasona e no implante de fluocinolona», adianta a preletora. A metodologia utilizada para a escolha do primeiro imunossupressor será o tópico seguinte. Responsável por esta preleção, a Dr.ª Maria João Furtado, especialista no Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António (CHP/HSA), explica que, em busca dessa identificação, «é fundamental a realização de uma história clínica detalhada, com informação sobre os antecedentes patológicos, medicação crónica e informações afins, bem como a

DR

Dr.ª Marta Guedes

caracterização de eventual doença sistémica associada à patologia ocular inflamatória». Antes da seleção do imunossupressor mais adequado, o doente deve ainda «ser submetido a um conjunto de exames com o objetivo de aferir a função dos órgãos vitais e detetar posteriormente possíveis efeitos adversos da medicação». Nas palavras da especialista no CHP/HSA, «o conhecimento das alternativas terapêuticas existentes e suas particularidades é importante, assim como os estudos que evidenciam a eficácia terapêutica dos fármacos». Esta sessão terá ainda a participação da Prof.ª Elisabetta Miserocchi, que fará o ponto de situação no universo dos fár-

Dr.ª Maria João Furtado

macos biológicos, e terminará com uma reflexão com vista para o futuro da terapêutica, a respeito da importância das pequenas moléculas no tratamento das uveítes não infeciosas. De acordo com uma das quatro oradoras deste último tema, Dr.ª Isabel Domingues, oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Central/ /Hospital de Santo António dos Capuchos, serão abordados os fármacos de dimensão molecular muito reduzida, que ainda estão a ser estudados em pequena escala na área da Oftalmologia, mas que conseguem «atuar a nível intracelular e inibir o processo autoimune no estádio mais inicial da cascata inflamatória».

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HOJE

quinta-feira, dia 6

CIMENTAR CONHECIMENTOS SOBRE TÉCNICAS OCULOPLÁSTICAS Subordinada ao tema «Cirurgia de oculoplástica: dicas para o jovem oftalmologista», a Reunião da SPO Jovem, a decorrer entre as 14h00 e as 15h30, na sala 1, convida internos da especialidade e recém-especialistas a aprofundarem o seu domínio de procedimentos diferenciados no âmbito da cirurgia da pálpebra. Terapêutica orientada pelo estudo fisiopatológico

ORADORES E MODERADORES (da esq. para a dta.): Dr.ª Rita Couceiro, Dr.ª Andreia Soares, Dr.ª Ana Magriço, Dr. André Borba, Dr.ª Mara Ferreira, Dr.ª Lígia Figueiredo e Dr.ª Sandra Prazeres

E

specialmente dirigida aos jovens especialistas e internos de Oftalmologia, aos quais «nem sempre é dada a oportunidade de contactar regularmente com técnicas cirúrgicas diferenciadas de oculoplástica, ao longo da sua formação», como justifica a Dr.ª Rita Couceiro, coordenadora da SPO Jovem e oftalmologista no Hospital de Vila Franca de Xira, esta sessão assume uma vocação eminentemente «interativa e prática», sendo complementada, sempre que possível, com o visionamento de «vídeos ilustrativos dos procedimentos descritos». Discorrendo sobre «princípios de anatomia cirúrgica», os quais dão mote à sua preleção, a Dr.ª Andreia Soares, interna de Oftalmologia no Hospital de Braga, começa por explicar que, «à semelhança do que acontece com a minuciosa anatomia do interior do globo ocular, a anatomia da região periocular e da órbita é também extraordinariamente complexa». Por conseguinte, «é necessário ter um conhecimento vasto da anatomia da pálpebra, órbita e face antes de iniciar a cirurgia de oculoplástica, órbita e vias lacrimais». Partindo dessa premissa, a parte inicial da reunião obedece ao intuito primordial de «transmitir conceitos anatómicos funcionais indispensáveis para uma melhor apreensão dos pressupostos inerentes aos diversos tipos de cirurgia pal16 6 1.º CONGRESSO PORTUGUÊS DE OFTALMOLOGIA

pebral desenvolvidos durante a sessão», conclui esta preletora. Debruçando-se, em seguida, sobre a dermatocalásia, a Dr.ª Sandra Prazeres, responsável pela Secção de Oculoplástica e Órbita do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, recorda que esta patologia implica «excesso de pele na pálpebra superior ou inferior». Não obstante, o cerne da sua comunicação é «a dermatocalásia da pálpebra superior», que, além do impacto do ponto de vista estético, «tende a provocar desconforto e peso palpebral, restringir o campo visual superior e causar cefaleias de tensão». Para a correção deste problema, a blefaroplastia superior, embora seja considerada de «execução simples», pode ter complicações associadas sérias, se não for bem executada, adverte Sandra Prazeres. Detalhando as diferentes componentes da blefaroplastia superior, desde «o desenho da incisão, passando pela excisão de pele e eventual gordura em excesso e terminando na sutura», esta oradora frisa ainda que, «na maior parte das vezes, não basta extrair a pele em excesso para otimizar o resultado final». «Pode também ser necessário extrair ou redistribuir gordura, corrigir uma ptose do supracílio ou uma ptose da glândula lacrimal e complementar com tratamentos de medicina estética», concretiza.

À Dr.ª Mara Ferreira, coordenadora do Grupo Português de Órbita e Oculoplástica, cabe versar sobre ectrópion e entrópion senil, isto é, «a rotação para fora ou para dentro da margem palpebral». Apesar de o diagnóstico destas patologias «não ser particularmente complexo», esta oftalmologista enfatiza a relevância de «estudar adequadamente os mecanismos fisiopatológicos» subjacentes, visto que esse passo é determinante para «orientar a decisão terapêutica». Segundo a também oftalmologista no Hospital da Luz Lisboa, no que concerne ao ectrópion e entrópion senil, está em causa «um processo degenerativo relacionado com a idade», pelo que «as condições sistémicas de cada doente também têm um peso preponderante na escolha entre tratamento cirúrgico ou não cirúrgico». Em seguida, incidindo sobre a abordagem às lesões da pálpebra, a Dr.ª Ana Magriço, coordenadora do Grupo Português de Patologia Oncológica e Genética Ocular, chama a atenção para «os sinais de alarme aos quais qualquer oftalmologista ou interno da especialidade deve estar alerta – lesões nodulares, com bordos elevados e/ou alteração da posição dos cílios, que causem a erosão do bordo; lesões de evolução recente; lesões mais pigmentadas e lesões que destruam a arquitetura do local onde se inserem». Perante a suspeita de existência de uma lesão maligna, «há que excisar essa mesma lesão, procurando o equilíbrio entre a necessidade de garantir que a lesão é extraída com as devidas margens de segurança e a importância de assegurar o melhor resultado cosmético e funcional possível», defende a também oftalmologista no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. Na Reunião da SPO Jovem intervém também o Dr. André Borba, oftalmologista no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, que vai apresentar o livro Técnicas de Rejuvenescimento Facial. Toxina Botulínica e MD Codes®.


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HOJE

OPINIÃO

quinta-feira, dia 6

PROPOSTAS DA ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A SAÚDE DA VISÃO

DR. AUGUSTO MAGALHÃES Presidente da Comissão de Estratégia Nacional para a Saúde da Visão Presidente do Colégio da Especialidade de Oftalmologia da Ordem dos Médicos | Preletor da conferência que decorre das 17h00 às 18h00, na sala 1

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elaboração da Estratégia Nacional para a Saúde da Visão resulta do Despacho n.º 1696/2018, publicado no Diário da República n.º35, Série II, de 15 de Fevereiro de 2018. O então Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, na sequência dos resultados obtidos pelo projecto-piloto do Rastreio de Saúde Visual Infantil, decidiu integrar este e outros projectos num documento único, que fosse capaz de acomodar uma política estruturada para a saúde da visão.

O documento produzido desenhou uma metodologia que assenta na identificação das prioridades da saúde visual e na análise das insuficiências encontradas para a oferta de cuidados de saúde visual no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS). As propostas concretas da Estratégia Nacional para a Saúde da Visão incluem a criação de uma plataforma de cuidados primários de saúde visual nos centros de saúde, garantindo uma política de proximidade com os profissionais da Medicina Geral e Familiar e com as populações. Esta plataforma assentará em três pilares: (i) Pontos de rastreio; (ii) Pontos de avaliação básica em Oftalmologia; (iii) Pontos de intervenção única para diagnóstico precoce e sinalização de risco aos 60 anos para glaucoma e degenerescência macular da idade (DMI). As restantes propostas prendem-se com a melhoria da funcionalidade da Rede Nacional de Especialidade Hospitalar e Referenciação em Oftalmologia (RNEHR-O) e da sua articulação com outros projectos e orientações da Direcção-Geral da Saúde

(DGS). Queria aqui particularizar a proposta de criação de Centros de Leitura e Tratamento de Retinopatia da Prematuridade. As urgências metropolitanas de Oftalmologia foram também objecto de análise e de propostas de reformulação. A uniformização do registo e o desenvolvimento de uma rede de acesso a informação clínica no âmbito do SNS são aspectos estruturantes de uma rede eficiente e modernizada, sendo por isso objecto de propostas concretas. A última proposta diz respeito à criação de um modelo de governação para a área da saúde visual. Este modelo será da responsabilidade da DGS, em articulação com a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), as Administrações Regionais de Saúde (ARS), os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e com os profissionais de saúde envolvidos na área da visão, com particular ênfase para os oftalmologistas. Nota: o Dr. Augusto Magalhães escreve segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990.

CORRER OU CAMINHAR COM SENTIDO SOLIDÁRIO

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om partida prevista para as 19h30 de hoje, após a sessão de abertura oficial do congresso, decorre mais uma edição da iniciativa «3 km a caminhar ou a correr com a SPO», que, nos últimos anos, «se vem estabelecendo como uma tradição no Congresso Português de Oftalmologia», descreve a Dr.ª Rita Couceiro, coordenadora da SPO Jovem e da organização desta corrida/caminhada. «O objetivo é juntar oftalmologistas de todas as idades num momento único de convívio, em que a prática de exercício físico se alia a um fim solidário», acrescenta. Com o apoio dos Laboratórios Théa, a inscrição de cada participante permitirá apoiar a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO). Portanto, «quantos mais congressistas participarem, maior será o apoio a esta instituição», apela Rita Couceiro. Como o nome da iniciativa pressupõe, o percurso pode ser completado a caminhar ou a correr, ao longo de três quilómetros, que incluem o passeio da Marina de Vilamoura. Aos vencedores masculino e feminino será atribuído um diploma durante o jantar de encerramento do congresso, no qual estarão também presentes representantes da ACAPO. Em nome da SPO Jovem, Rita Couceiro convida «todos os participantes do 61.º Congresso Português de Oftalmologia a participarem nesta corrida/ /caminhada» e deseja que «desfrutem, ao seu ritmo, de uma experiência diferente e enriquecedora». As inscrições são gratuitas e devem ser feitas presencialmente, no secretariado do congresso, até às 14h00 do dia da corrida, 6 de dezembro. 18 6 1.º CONGRESSO PORTUGUÊS DE OFTALMOLOGIA


OPINIÃO

UMA REFLEXÃO SOBRE O ESTADO DA SAÚDE EM PORTUGAL

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tualmente, na área da Saúde, há indicadores que nos devem deixar satisfeitos. Nos últimos 20 anos, foi desenvolvido um esforço conjunto que permitiu ultrapassar atrasos crónicos, sendo que o nosso país recuperou e, em alguns casos, até superou os países mais industrializados da Europa. Neste momento, em matéria de indicadores de Saúde, designadamente no domínio materno-infantil, estamos no top 3 a nível mundial. De igual modo, há a registar uma série de outros bons indicadores de grandes avanços na área da Saúde em Portugal. É disso exemplo a taxa de mortalidade prematura, que ocorre antes dos 70 anos de idade, a qual se tem vindo a reduzir cada vez mais.

«A saúde visual é uma prioridade. Em boa parte, tal está relacionado com um grande problema de base – a diabetes –, cujas taxas de incidência e prevalência estão a aumentar» As conquistas granjeadas em 1974 foram determinantes para o caminho trilhado desde então, mas o trabalho dos governantes a partir dos anos de 1990 permitiu uma aproximação e uma convergência com os indicadores de Saúde que predominam na Europa, que mais tarde foram ultrapassados a favor de Portugal. Hoje em dia, com frequência, os países europeus interrogam as autoridades portuguesas sobre o que foi feito, e de forma tão rápida, para concretizar a nossa recuperação, que é ainda mais louvável pelo facto de existirem poucas diferenças entre o Litoral e o Interior. Em termos de qualidade e nível de produção, os nossos hospitais, centros de saúde e unidades de cuidados continuados estão muito próximos uns dos outros, independentemente da sua localização. Tudo se explica com investimento e participação. Investimento em termos dos orçamentos do

Estado, que têm sido importantes para conseguir desenvolver programas em Saúde. Participação de todos, desde a população em geral até aos profissionais de saúde, nomeadamente médicos, enfermeiros e farmacêuticos, que têm uma responsabilidade particular neste processo de evolução. No que concerne, particularmente, à Oftalmologia, há a assinalar também uma boa performance. As unidades têm-se preocupado, sobretudo, com os problemas mais comuns, como a correção da acuidade visual e as doenças oculares que surgem nas pessoas de mais idade. A forma como se realizam facectomias, hoje em dia, é um exemplo dos ganhos em qualidade na área da Oftalmologia, para além das intervenções complexas e minuciosas que os oftalmologistas têm conduzido, muitas vezes com sucesso. Paralelamente, há que registar as importantes inovações farmacológicas que têm surgido. Atualmente, a saúde visual é uma prioridade. É verdade que, em boa parte, tal está relacionado com um grande problema de base – a diabetes –, cujas taxas de incidência e prevalência estão a aumentar, com um reflexo importante a nível oftalmológico, devido à retinopatia diabética e aos problemas associados.

Desafios por debelar Ainda que a avaliação do estado da Saúde em Portugal seja positiva a vários níveis, persistem desafios aos quais urge fazer frente. Com efeito, as principais ameaças à saúde das gerações futuras incluem, nomeadamente, as resistências das bactérias aos antibióticos, o impacto das alterações climáticas na saúde pública e as proporções epidémicas das doenças crónicas. Há infeções muito difíceis de tratar, precisamente porque os antibióticos foram usados de forma desordenada até há relativamente pouco tempo. Agora, há que pôr cobro a essa desordem e mobilizar médicos, enfermeiros e farmacêuticos para assumir a linha da frente de combate a este problema, limitando o recurso aos antibióticos apenas para situações em que estes fármacos sejam estritamente necessários.

DR. FRANCISCO GEORGE Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa e anterior diretor-geral da Saúde | Orador da conferência inaugural (18h00 às 19h00, na sala 1)

Por sua vez, o aquecimento global provoca a diminuição da camada de ozono estratosférica, expondo o ser humano ao risco de cancro da pele. Essa é uma realidade que já estamos a viver: o constante aumento da incidência do cancro da pele tem uma relação clara com a diminuição da camada de ozono, devido ao uso excessivo dos gases com efeito de estufa. Outra consequência é a multiplicação de mosquitos, um problema de saúde pública, uma vez que estes podem ser vetores de doenças. Para Portugal continuar a progredir, no âmbito da Saúde, como noutros, o Estado Social é indispensável. Não podemos viver em contextos absolutamente liberais: temos de assegurar a proteção, sobretudo aos mais vulneráveis. Na área da Saúde, mais concretamente, está estudado que problemas como a incapacidade física, a perturbação cognitiva e muitas doenças surgem 15 anos antes nas famílias com baixos rendimentos versus as famílias mais ricas. A verdade é que há sempre muito a fazer pela Saúde Pública. Não estamos a percorrer uma via-férrea, que começa e acaba. Há sempre necessidade de melhorar a proteção das pessoas, a prevenção das doenças ou a reinserção na sociedade daqueles que estiveram doentes. Trata-se de um trabalho que não cessa, é multidimensional e tem grande relevo social, pelo que é compensador constatar que, hoje em dia, as pessoas estão mais bem informadas sobre as questões de saúde e que o país está muito mais preparado para enfrentar os problemas, mesmo os inesperados.

D E Z E M B R O 2 0 1 8 19


Visão SPO

HOJE

quinta-feira, dia 6

OLHO SECO: NOVAS FORMAS DE DEBELAR UM PROBLEMA ANTIGO DR

Prof. José Benítez-del-Castillo

Dr. Paulo Guerra

Prof.ª Maria João Quadrado

Dr. Vítor Maduro

Dr. Luís Oliveira

Proporcionar uma atualização de conhecimentos sobre as armas diagnósticas e terapêuticas mais recentes no combate a uma das patologias oftalmológicas mais comuns é o que propõe o Curso de Olho Seco, que decorre hoje, entre as 17h00 e as 18h00, na sala 2.

M

oderado pelo Dr. Walter Rodrigues, coordenador do Grupo Português de Superfície Ocular da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia e responsável pelo Gabinete de Superfície Ocular Externa e Transplantação do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria (CHULN/HSM), o Curso de Olho Seco tem início com a preleção do Prof. José Benítez-del-Castillo, presidente da Sociedad Oftalmológica de Madrid e vice-presidente da Sociedad Española de Inflamación Ocular. Salientando que «o olho seco é o diagnóstico mais frequente em Oftalmologia», o também responsável pela Unidade de Superfície e Inflamação Ocular do Serviço de Oftalmologia do Hospital Clínico San Carlos, em Madrid, explica que «há vários exames que podem ajudar a orientar o manejo desta doença». Todavia, «não existe um exame gold standard e, embora se recorra a combinações de exames para avaliar os sintomas e sinais clínicos do olho seco, continua a não haver consenso sobre que combinação atinge melhores resultados». Já no âmbito terapêutico, José Benítez-del-Castillo destaca algumas novidades, entre as quais «fármacos anti-inflamatórios como a ciclosporina e o lifitegrast, secretagogos ou hormonas». Este orador refere também «outras terapêuticas da disfunção da glândula meibomiana com recurso a dispositivos como o LipiFlow®, o MiBoFlo®, a luz intensa pulsada e o Blephex®, entre outros». 20 6 1.º CONGRESSO PORTUGUÊS DE OFTALMOLOGIA

Segue-se a palestra do Dr. Paulo Guerra, oftalmologista no CHULN/HSM, dedicada aos algoritmos atuais no diagnóstico de olho seco, na qual serão elencadas, de acordo com a evidência disponível, «as estratégias e os exames mais recentes para o diagnóstico e a monitorização» desta doença, bem como para «a identificação dos seus subtipos predominantes e respetiva gravidade». De igual modo, acrescenta este orador, serão referidos «os exames mais adequados em determinados cenários clínicos». Segundo Paulo Guerra, o algoritmo em causa «tem vindo a sofrer alterações ao longo dos anos, que se traduzem na progressiva menor relevância de alguns exames, como o teste de Schirmer, dando lugar a outros, como a osmolaridade, a meibografia e a avaliação da camada lipídica». Paralelamente, constata-se uma tendência crescente para a «automatização de muitas dessas ferramentas, otimizando a quantificação dos resultados e a posterior confrontação com os outcomes terapêuticos». Por sua vez, a Prof.ª Maria João Quadrado, responsável pela Secção de Córnea e Cirurgia Refrativa do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, garante que a cirurgia refrativa «é uma solução cada vez mais frequente, segura e eficaz». No entanto, «a síndrome de olho seco pós-operatório é a sua complicação mais frequente». Acresce que «o olho seco exige um investimento extenso no diagnóstico pré-operatório e no tempo de tratamento», estando os profissionais de saúde «conscientes de que este problema

não tem cura fácil, apresentando, não raras vezes, discrepâncias entre sinais e sintomas», sublinha esta oradora. Sob o mote «Doença de Meibomius: otimização terapêutica em 2018», cabe ao Dr. Vítor Maduro, responsável pela Qualidade na Unidade de Transplantes de Córnea do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Central, chamar a atenção para esta que é «uma das etiologias mais habituais de olho seco e de inflamação da superfície ocular externa». Além de aludir ao tratamento convencional protocolado para esta entidade clínica, este oftalmologista vai colocar a tónica nas «novidades terapêuticas que têm vindo a mostrar maior potencial». Explicitando «em que fase da doença de Meibomius é possível introduzir essas novas armas», Vítor Maduro fará «uma revisão bibliográfica da eficácia das terapêuticas mecânicas e farmacológicas». Indagando se «tratar a inflamação no olho seco é a regra», o Dr. Luís Oliveira, responsável pela Secção de Córnea do Centro Hospitalar Universitário do Porto/Hospital de Santo António, recorda que, «em Medicina, “não há sempre nem nunca”», o que não invalida que «a inflamação esteja quase sempre presente nas diversas formas de olho seco». Posto isto, «o tratamento do olho seco deve obrigatoriamente considerar a inflamação, sendo que grande parte da investigação nesta área recai, exatamente, sobre novos fármacos para a combater», o que constitui «uma clara mudança de paradigma face à abordagem clássica do olho seco», remata o último orador do curso.


Visão SPO

NOVO WEBSITE TRAZ MAIS DINAMISMO À ERGOFTALMOLOGIA

D

urante a sessão de abertura oficial do congresso, entre as 18h00 e as 19h00 de hoje, haverá lugar à apresentação do website ergophthalmology.com. Trata-se de um projeto da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), que é coordenado pelos Drs. Fernando Trancoso Vaz e Fernando Bívar, respetivamente atual e antigo coordenador do Grupo Português de Ergoftalmologia. «A ideia de lançar este portal surgiu após a publicação do livro Perguntas e Respostas em Ergoftalmologia, em janeiro deste ano, que, tal como a versão digital agora lançada, contou com o apoio incondicional dos Laboratórios Théa», sublinha Fernando Trancoso Vaz, que exerce no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, na Amadora. São oftalmologistas no mesmo hospital as quatro cocoordenadoras do website – Dr.as Susana Henriques, Mafalda Mota, Diana Silveira e Silva e Ana Sofia Lopes. «O intuito inicial foi disponibilizar online os diversos capítulos do livro, em open-access, não só para oftalmologistas, mas também para todos os que tiverem interesse nesta área, tanto em Portugal como além-fronteiras», explica Susana Henriques. Por isso mesmo, o website apresenta-se totalmente escrito em inglês e, logo na home, encontram-se em destaque os oito capítulos do livro, desta feita em inglês: Introduction; Portuguese Ergophthalmology History; Ergophthalmology and Childhood; Office’s Ergophthalmology; Operating Room and * Ergophthalmology; Driving and Ergophthalmology; Flights and Ergophthalmology; Sea Activities and Ergophthalmology. No entanto, os conteúdos desta que pretende ser a plataforma digital do Grupo Português de Ergoftalmologia e o seu veículo de

ptix

informação é ir muito mais além e disponibilizar vários conteúdos constantemente atualizados. «Além de servir como edição online do livro Perguntas e Respostas em Ergoftalmologia, com este website, pretendemos abrir portas a uma ergoftalmologia dinâmica, com a sua atualização constante e a introdução regular de novos temas», adianta Fernando Trancoso Vaz. Tal como no livro, o prefácio deste portal é assinado pelo Prof. Manuel Monteiro-Grillo, presidente da SPO no biénio 2017-2018. Nessa nota preambular, o autor destaca que o «extraordinário sucesso» da primeira edição do livro Perguntas e Respostas em Oftalmologia, escrito em português por um total de 44 autores, incluindo o próprio, «conduziu a SPO à publicação da versão digital em inglês para permitir o acesso aos seus conteúdos aos oftalmologistas não falantes da língua portuguesa».

Instantes

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Propriedade: Sociedade Portuguesa de Oftalmologia Campo Pequeno, n.º 2, 13.º • 1000 - 078 Lisboa Tel.: (+351) 217 820 443 • Fax: (+351) 217 820 445 socportoftalmologia@gmail.com • www.spoftalmologia.pt

Edição: Esfera das Ideias, Lda. Campo Grande, n.º 56, 8.º B • 1700 - 093 Lisboa • Tel.: (+351) 219 172 815 geral@esferadasideias.pt • www.esferadasideias.pt Direção: Madalena Barbosa (mbarbosa@esferadasideias.pt) Marketing e Publicidade: Ricardo Pereira (rpereira@esferadasideias.pt) Coordenação editorial: Luís Garcia (lgarcia@esferadasideias.pt) Textos: Ana Rita Lúcio, João Godinho, Luís Garcia e Rui Alexandre Coelho Fotografia: João Ferrão e Jorge Correia Luís • Design/paginação: Susana Vale

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s. Material revisto em maio de 2018.I11805827666.

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D E Z E M B R O 2 0 1 8 21

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Visão SPO

DECLARAÇÃO OFICIAL A MedicalMix e a PhysIOL reforçam os seus acordos de exclusividade em Portugal, acrescentando as lentes trifocais FineVision® e os equipamentos de facoemulsificação Esta aliança significativa para a Oftalmologia portuguesa só foi possível graças às excelentes relações entre a PhysIOL e a MedicalMix existentes há 10 anos. A MedicalMix e a PhysIOL alcançaram um acordo importante para a distribuição exclusiva das suas lentes trifocais FineVision® no território luso. Desta forma, a empresa espanhola será a única no mercado a oferecer às clínicas e hospitais públicos e privados a comercialização da lente trifocal mais procurada no atual mercado oftalmológico. A MedicalMix e a PhysIOL renovaram o seu compromisso de longo prazo, um binómio de sucesso e inovação na especialidade oftalmológica. Desta forma, a MedicalMix iniciará, a partir de 1 de maio de 2019, a distribuição exclusiva da marca FineVision® em Portugal. A tecnologia FineVision® é garantida graças aos mais de 400 000 implantes realizados nos últimos oito anos. As lentes trifocais autênticas, prescritas pelos mais prestigiados oftalmologistas de todo o mundo, oferecem uma solução premium e segura para pacientes com catarata e presbiopia, permitindo recuperar a visão em todas as distâncias (longe, intermédia e curta) e libertando os pacientes do uso de óculos, com alto grau de satisfação. Anteriormente, a MedicalMix já era o distribuidor exclusivo das lentes monofocais PhysIOL em Portugal. Para François-Xavier Lahaye, Sales Manager Europe & America da PhysIOL, «este

Instantes

22 6 1.º CONGRESSO PORTUGUÊS DE OFTALMOLOGIA

acordo simboliza a renovação e a consolidação da posição em Portugal nas mãos de uma empresa líder na distribuição oftalmológica». Mauricio Peralta, diretor-geral da MedicalMix, acrescenta que esta «é uma aliança de sucesso e excelência, afirmando-se como sinónimo de inovação, tecnologia e qualidade». A MedicalMix e a PhysIOL constituem uma aliança de sucesso, iniciada em 2008, com sólidos princípios baseados em pesquisa tecnológica, desenvolvimento e inovação em cada um dos seus produtos, e a qualidade do serviço para melhorar a saúde ocular dos pacientes. Finalmente, a MedicalMix desde 2015 e até agora detém o prémio de Melhor Distribuidor Internacional PhysIOL, três anos de sucesso e crescimento contínuo.

APOSTA FIRME EM PORTUGAL A MedicalMix consolida a sua posição em Portugal através dos principais fabricantes na área da Oftalmologia, como a Physiol, a Beaver Visitec, a BTi e a Katena, entre outros. Reforçando e demonstrando a sua confiança em nós, para desenvolver novamente um plano de negócios bem-sucedido em Portugal, semelhante ao desenvolvido em Espanha nos últimos anos.


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