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Dezembro 5.ª feira
FORMAÇÃO E LUSOFONIA EM EVIDÊNCIA NO DIA INAUGURAL Um aspeto que sobressai do primeiro dia do 62.º Congresso Português de Oftalmologia é a forte aposta na vertente formativa, com a organização dos cursos de escrita e publicação de artigos científicos (P.3), traumatologia ocular (P.4), cirurgia de formas complexas de estrabismo (P.6) e cirurgia refrativa de catarata (P.7). Outro claro destaque são as boas relações da SPO com a Oftalmologia dos países lusófonos, que se refletem no Espaço Portugal/África (P.8), na conferência do Prof. Renato Ambrósio Jr. (P.9) ou no Espaço Luso-Brasileiro (P.10). Depois das Jornadas de Investigação (P.12) e da sessão de abertura, na conferência inaugural, o Prof. Miguel Burnier apresentará o estado da Oftalmologia nos países em desenvolvimento (P.14) DIREÇÃO DA SPO E COMISSÃO ORGANIZADORA DO 62.º CONGRESSO (da esq. para a dta.): Prof. João Paulo Sousa, Prof. Rufino Silva, Dr. Nuno Campos, Prof.ª Sandra Barrão, Prof. Fernando Falcão-Reis, Dr.ª Angelina Meireles e Dr. Nuno Alves
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EDITORIAL
ACTUALIZAÇÃO DOS ESTATUTOS
O
s estatutos da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) datam de 1939, ano de fundação da nossa Sociedade. Desde então, os estatutos nunca foram revistos, o que faz com que a SPO se coloque numa situação incomum entre as sociedades científicas nacionais e estrangeiras. Por muito mérito que as regras e as orientações de ordem ética e profissional formuladas há 80 anos possam ter, não é fácil compreender o que levou a que os estatutos se mantivessem inalterados durante um período tão prolongado. Mais do que tentar perceber as razões deste imobilismo, interessa agora adaptar os estatutos à realidade actual. Se há temas cuja formulação, apesar de efectuada há 80 anos, mantém plena actualidade, como é o caso dos objectivos da SPO plasmados no artigo segundo, outros há que estão completamente desfasados da realidade actual. É, por conseguinte, de importância capital proceder às alterações que possam, de modo mais adequado, reflectir as mudanças sociais, as relações entre profissionais médicos e não médicos, a dualidade público-privado na assistência oftalmológica, a representatividade regional nos órgãos de gestão, as novas tecnologias, a disponibilidade de informação, a protecção de dados, o próprio processo eleitoral, etc. São inúmeros os aspectos que merecem reflexão. Por isso, a actual Direcção da SPO trabalhou os estatutos de uma forma metódica, aproveitando o que têm de melhor os estatutos de várias sociedades europeias de Oftalmologia e de outras sociedades médicas nacionais. O estatuto de utilidade pública foi objecto de um pedido ainda não autorizado, razão pela qual não foi introduzido na actual proposta.
Eis o que propomos:
• A aceitação de três novos tipos de sócios: i) membros associados a pensar em duas classes profissionais que partilham connosco o dia-a-dia de trabalho – os enfermeiros e os técnicos de ortóptica; ii) sócios institucionais dirigidos às empresas para captar apoio financeiro que permita à SPO instituir bolsas de investigação e desenvolver programas de acção humanitária; iii) sócios beneméritos, sempre que o valor dos donativos o justifique; • A criação de um novo órgão, o Conselho Consultivo, a ser constituído por todos os ex-presidentes da SPO que o aceitem integrar; • Que o mandato dos órgãos sociais tenha a duração de três anos;
Fernando Falcão-Reis
Presidente da SPO no biénio 2019-2020
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• O voto por correspondência, a par do voto pre sencial, para as eleições dos órgãos gerentes;
• Que os candidatos à Direcção da SPO surjam por duas vias: indicação directa de pelo menos 75 sócios efectivos e indicação da Direcção cessante, depois de ouvido o Conselho Consultivo; • Uma nova constituição da Direcção: um Pre sidente, dois Vice-presidentes, um Secretário-geral e um Tesoureiro; • A criação de um centro de formação em Oftalmologia, de modo a profissionalizar, o mais possível, as nossas actividades de formação contínua; • Abertura para celebrar protocolos de colabo ração com outras sociedades, que passarão a ser designadas de sociedades afiliadas, com o objectivo de estreitar laços e aproveitar sinergias; • Um conjunto de alterações de pormenor, que podem ser mais bem apreciadas, comparando os actuais estatutos com a nova redacção agora proposta. Em nome da SPO, que queremos solidária, interventiva e moderna, apelo a todos para que, caso concordem, façam aprovar os novos estatutos, comparecendo em peso na Assembleia-geral (AG) desta sexta-feira, 6 de Dezembro, com início às 16h30, na sala 1. Esta AG não ficará na história da SPO por, eventualmente, aprovar a renovação dos estatutos, mas sim pela demonstração de que os estatutos podem, e devem, ser actualizados sempre que os sócios assim o entendam.
COMO ESCREVER E PUBLICAR UM ARTIGO CIENTÍFICO No curso «How to publish a scientific paper», que se realiza entre as 11h05 e as 12h30, na sala 1, serão explicadas as várias etapas da escrita de um artigo científico, desde a descrição dos materiais e métodos até à correta referenciação, passando pela elaboração do título, do resumo, das figuras, da discussão, etc. Além disso, serão partilhados conselhos para escolher a revista ou o jornal mais adequado ao artigo, bem como dicas para obter sucesso na publicação e, posteriormente, na citação pelos pares.
S
egundo o Prof. Amândio Rocha-Sousa, oftalmologista no Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, «ensinar a publicar um artigo científico» é o principal objetivo deste curso que coordena com o Prof. Carlos Marques Neves, oftalmologista no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria (CHULN/HSM). «Reunimos um conjunto de pessoas com know-how na publicação científica e organizámos uma formação teórico-prática sobre como escrever e publicar um artigo científico, abordando tópicos como a descrição dos materiais e métodos, a escrita da introdução, a criação de figuras e a escrita de uma boa discussão. Tentamos responder a questões como: como referenciar e ser referenciado?, onde publicar?, como conseguir “vender” a ideia científica?, entre outras relevantes», afirma o também editor da revista científica da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO). A primeira apresentação do curso está a cargo do Prof. Rufino Silva, coordenador da Secção de Retina Médica e Neuroftalmologia do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que vai discorrer sobre os princípios gerais de um trabalho científico. «Durante a nossa formação como médicos e depois como oftalmologistas, não é dado grande ênfase a este tema. Além disso, muitos bons investigadores não
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Prof. Amândio Rocha-Sousa
Prof. Rufino Silva
são conhecidos, simplesmente porque não publicam», contextualiza o também vice-presidente da SPO. Por isso, com a sua preleção, Rufino Silva pretende elucidar os formandos sobre as principais características de um artigo científico e como o publicar, incidindo, particularmente, sobre os aspetos a considerar na escolha da publicação. «Há que ter em conta vários fatores, nomeadamente se a publicação está ou não indexada, o peer review, o tipo de artigo, o tema, a rapidez e a qualidade de revisão, o impacto e o quartil», elenca o também professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, deixando uma reflexão: «É importante lembrar que os cientistas são conhecidos pelo que terminam e não pelas suas tentativas.»
Como publicar um artigo científico? De seguida, três formadores explicarão o processo até à publicação de um artigo científico. O Prof. Luís Abegão Pinto, oftalmologista no CHULN/HSM, vai incidir sobre a escolha do título, dos autores, dos materiais e métodos, sem esquecer as questões éticas. «Às vezes, queremos responder a perguntas muito amplas, mas, depois, ou nos deparamos com uma realidade diferente ou desenhamos métodos que não permitem responder a essas perguntas.» Por isso, alerta o também docente na Clínica Universitária de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), «uma ideia interessante é fundamental, mas não chega». E concretiza: «O investigador tem de ter a noção de qual é o seu local de trabalho e do material à sua disposição, caso contrário, incorre num exercício de retórica. Antes de se lançar para um trabalho científico, o investigador deve refletir sobre a logística, porque, habitualmente, o principal problema não é a falta de ideias, mas sim saber como adequar essas ideias à realidade, ou seja, como adequar os métodos à pergunta de investigação.» Por seu turno, o Prof. Amândio Rocha-Sousa vai explicar como escrever os resultados e a discussão num artigo científico.
Prof. Luís Abegão Pinto
«Vou partilhar técnicas que permitem otimizar a escrita científica e transmitir a mensagem mais interessante na fase de discussão, esclarecendo ainda como não duplicar a informação, como colocar percentagens e como tratar os dados, tendo sempre em vista a componente da discussão», adianta o oftalmologista no CHUSJ e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). Já o Prof. Manuel Falcão, também oftalmologista no CHUSJ, vai centrar-se na elaboração de tabelas e figuras, que, «muitas vezes, ficam para segundo plano, no entanto, são dos aspetos mais importantes e que mais chamam a atenção de quem lê o artigo científico». Em concreto, este formador destaca a importância da qualidade das imagens e da legenda, que «tem de ser clara e explicativa». O também professor na FMUP vai alertar ainda para os erros na elaboração de tabelas, nomeadamente «a informação em demasia e o excesso de tabelas». E aconselha: «Uma das primeiras etapas deve ser a escolha das imagens e tabelas, porque isso ajuda na escrita dos resultados e na elaboração de todo o artigo científico.»
Como referenciar e ser referenciado? Outro aspeto essencial na elaboração de um artigo científico é a citação de referências bibliográficas. Nesse processo, «um passo fundamental da escrita científica é consubstanciar e enquadrar o objetivo do artigo no status quo científico existente à data». «A revisão bibliográfica deve suportar as nos-
Prof. Manuel Falcão
sas hipóteses de diagnóstico e discussão, pois, citando Karl Popper, “em ciência não procuramos certezas, mas sim os erros das nossas teorias”. Por isso, a argumentação deve ser racional e apoiada em referências, sendo que existem mecanismos próprios de referenciação e citação, que se baseiam em regras internacionais», refere o Prof. Carlos Marques Neves, oftalmologista no CHULN/ /HSM e diretor da Clínica Universitária de Oftalmologia da FMUL. A este propósito, o formador sublinha dois aspetos: «Por um lado, as referências bibliográficas escolhidas têm de suportar as nossas ideias e, por outro, têm de estar de acordo com o que é conhecido e validado cientificamente pelos pares. Portanto, é necessário que a referenciação seja feita à luz de um padrão racional, para que todos falemos a mesma linguagem.» A última apresentação do curso vai referir alguns métodos para que os artigos científicos sejam citados pelos pares. «Um aspeto importante é desconstruir a mensagem e escrevê-la de forma clara e concisa», afirma o Dr. João Barbosa Breda, oftalmologista no CHUSJ. Este formador acrescenta que, «para chamar a atenção, o título tem de estar bem escrito, o abstract tem de ser curto e esclarecedor, os highlights, sempre que forem opção, devem ser aproveitados e as imagens, especialmente os gráficos, devem ter boa qualidade e resolução». Na sua preleção, o também coordenador da Secção SPO Jovem, vai ainda partilhar alguns conselhos relativamente à elaboração de pósteres. «Muitas vezes, o póster é a janela de oportunidade para apresentar um trabalho científico, pelo que deve ser muito bem elaborado. É necessário selecionar criteriosamente a informação e colocar apenas aquilo que vai chamar a atenção, porque, se as pessoas quiserem saber mais, podem falar connosco. Copiar o conteúdo de um artigo para um póster sem o adaptar é a melhor maneira de fazer com que este não seja lido», remata João Barbosa Breda.
Prof. Carlos Marques Neves
Dr. João Breda
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REPARAÇÃO DAS LESÕES DO TRAUMA OCULAR O Curso de Traumatologia Ocular, cujos formadores são todos oftalmologistas no Centro Hospitalar Universitário do Porto/Hospital de Santo António (CHUP/HSA), decorre entre as 11h05 e as 12h30, na sala 2, e pretende sensibilizar para as diversas abordagens no tratamento das lesões do globo ocular, desde a córnea até ao segmento posterior.
vel do segmento anterior, nomeadamente catarata traumática. Vou tentar mostrar as melhores técnicas de abordagem destes casos, que constituem verdadeiros desafios cirúrgicos», avança. Relativamente à íris, este formador vai explicar «como proceder à sua reparação, seja através de suturas (quando é possível) ou do implante de anéis ou de uma íris artificial». «Após um traumatismo, não sendo possível a recuperação funcional, é importante restituir a anatomia, de forma a preservar o globo ocular do doente», realça Nuno Correia.
Drs. Sílvia Monteiro, Bernardete Pessoa, Angelina Meireles e Nuno Correia
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egundo a Dr.ª Angelina Meireles, que, além de oradora, coordena este curso com o Dr. Nuno Correia, «a traumatologia ocular está um pouco esquecida na maioria dos serviços de Oftalmologia, ou pelo menos não é tão valorizada como outras áreas, apesar de ter um grande impacto na fase da vida ativa dos doentes». É por isso que esta formação «vai incidir sobre o diagnóstico e, fundamentalmente, sobre a atuação terapêutica, abordando o globo ocular desde a córnea até ao segmento posterior». Após a introdução da Dr.ª Angelina Meireles, a terminologia e as regras básicas para a reconstrução do globo ocular vão ser comentadas pela Dr.ª Sílvia Monteiro. «É fundamental fazer um exame oftalmológico inicial ao doente, para percebermos se estamos perante um
traumatismo fechado ou aberto. Dentro dos abertos, temos de perceber se estamos perante um caso penetrante, perfurante ou de rotura ocular», começa por referir esta formadora, sublinhando a importância de algumas pistas do exame objetivo. «Às vezes, a classificação do trauma, que é a primeira medida que devemos tomar, começa mal. Se uniformizarmos procedimentos, conseguiremos obter melhores resultados, tendo sempre presente que é essencial salvar o olho, mesmo que o traumatismo pareça, inicialmente, ter um prognóstico muito reservado.» De seguida, o Dr. Nuno Correia vai falar sobre a reparação do segmento anterior, incidindo sobre a catarata traumática e a recuperação da íris. «Dependendo do tipo de traumatismo – aberto ou fechado –, o doente pode ter várias alterações ao ní-
«Às vezes, a classificação do trauma, que é a primeira medida que devemos tomar, começa mal» Dr.ª Angelina Meireles Por seu turno, a Dr. Bernardete Pessoa vai abordar a relação entre a presença de corpos estranhos intraoculares e as endoftalmites traumáticas. «Qualquer corpo estranho pode transportar bactérias e outros agentes infeciosos, por isso, o grande perigo é que o doente desenvolva uma endoftalmite além do próprio trauma do tecido», alerta este formador. E acrescenta: «Perante um trauma aberto, temos de suspeitar sempre da possibilidade de existir um corpo estranho intraocular. Nessa situação, temos de tentar fechar o olho o mais rapidamente possível e reconstruir o que estiver lesado. Além de fecharmos o olho, se não retirarmos o corpo estranho, pode surgir uma lesão química decorrente da reação ao tipo de material ou até uma infeção.»
OS BONS RESULTADOS DA CORIORRETINECTOMIA Na sua preleção, a Dr.ª Angelina Meireles vai centrar-se na coriorretinectomia, uma técnica cirúrgica utilizada para evitar recidivas dos descolamentos de retina em casos de trauma ocular mais graves. Baseando-se na experiência do Serviço de Oftalmologia do CHUP/HSA, a formadora afirma que, com este procedimento, «os resultados no pós-operatório são muito melhores, com uma baixa incidência de recidiva dos descolamentos de retina, permitindo evitar a perda da função visual em muitas situações». Segundo Angelina Meireles, «o principal desafio da traumatologia ocular é o facto de a abordagem cirúrgica não ser padronizada, ao contrário do que acontece noutras áreas da Oftalmologia, pois cada caso é diferente e a sua resolução depende muito das lesões existentes».
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CIRURGIA DE FORMAS COMPLEXAS DE ESTRABISMO Organizado pela Unidade de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo (UOPE) do Centro Hospitalar Universitário de São João DR (CHUSJ), o curso que a sala 3 acolhe das 11h05 às 12h30 é ministrado por cinco oftalmologistas desta unidade.
Drs. Renato Silva, Augusto Magalhães, Paulo Freitas da Costa, Olinda Faria e Jorge Breda (da esq. para a dta.)
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Dr. Jorge Breda, que coordena o curso «Surgery of complex forms of strabismus» com o Dr. Augusto Magalhães, começa por apresentar a UOPE do CHUSJ, que está integrada no Serviço de Oftalmologia, mas «ocupa um espaço físico independente, com sala de espera, secretariado e seis zonas de observação». Os oito médicos que aqui trabalham, apoiados por um profissional de Ortóptica e outro de Enfermagem, asseguram consultas todos os dias, de manhã e de tarde, e cirurgias duas manhãs por semana. A especificidade de certas patologias levou à diferenciação de alguns elementos da equipa em áreas como eletrofisiologia, neuroftalmologia, órbita, genética e retina, cirurgia de catarata congénita, doenças metabólicas com implicações oculares, patologia palpebral e paralisias oculomotoras. «Tudo resulta de um trabalho de 60 anos. Em 1959, abriu a Consulta de Estrabismo; há 28 anos, a Consulta de Oftalmologia Pediátrica e, há 25 anos, as duas foram fundidas», destaca o responsável pela UOPE. Sobre este curso, Jorge Breda refere que «resulta da evolução do pensamento de uma escola, uma vez que existem formas menos frequentes de estrabismo que obrigam a manipulações de vários músculos em ambos os olhos e implicam treino específico». Por isso, apresentar-se-ão «casos clínicos e protocolos para diagnóstico e elaboração de planos operatórios, com imagens e vídeos de paralisias oculomotoras, estrabismos restritivos, síndromes com variabilidade do ângulo, assim como técnicas corretoras desenvolvidas na UOPE». A cirurgia dos oblíquos será abordada pelo Dr. Paulo Freitas da Costa. «No oblíquo inferior, há técnicas por nós abandonadas pela sua ineficácia, como as miotomias e as miectomias, bem como a clássica retroinserção, 6
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por não ser reprodutível. A transposição do oblíquo inferior, sendo eficaz, tem pormenores técnicos a atender, para alcançar bons resultados. Quanto ao oblíquo superior, falaremos da técnica de Harada-Ito, com a qual se procura corrigir o desvio exciclotorsional através da anteroposição e da lateralização das fibras anteriores do seu tendão. Esta técnica aplica-se em casos pouco frequentes e tem indicações precisas, pelo que é necessário saber como a realizar e qual o seu efeito», explica o preletor.
Evolução vence desafios cirúrgicos A seguir, o Dr. Renato Silva vai deter-se sobre as síndromes alfabéticas, que «são estrabismos em que o ângulo horizontal de desvio varia consoante a posição vertical do olhar (em elevação, depressão ou posição primária)». Os tipos mais comuns são os padrões em A (ângulo de desvio é maior na depressão) e em V (ângulo de desvio é maior na elevação). Os tipos mais complexos são os padrões em Y (maior divergência na elevação), em lambda (maior divergência na depressão), em X (maior divergência na elevação e na depressão) e em seta (maior convergência na depressão). A nível cirúrgico, as técnicas mais comuns são a transposição vertical de dois músculos horizontais e o enfraquecimento de músculos oblíquos. «Por exemplo, no caso do padrão em V, ao fazer a retroinserção dos músculos retos laterais, podemos colocá-los um pouco mais acima. Esta técnica é simples, não aumenta o tempo cirúrgico e melhora os resultados. Se o padrão alfabético coexistir com hiperação do oblíquo inferior ou do oblíquo superior, é melhor abordar primeiro estes músculos, diminuindo-lhes a ação», resume. A Dr.ª Olinda Faria, também formadora neste curso, explica que, «na ausência de recuperação após um tratamento médico de
pelo menos seis meses, é proposta cirurgia sempre que o desvio seja significativo e afete o doente em termos sensoriais, posturais ou estéticos». A distinção entre paresia e paralisia do nervo VI par é a base do tratamento cirúrgico. «Enquanto, na paresia, podemos optar por reforçar diretamente o músculo reto lateral (além de enfraquecer o reto medial), na paralisia, não o podemos fazer pela ausência de força no músculo envolvido. Neste caso, apesar de se tratar de um maior desafio cirúrgico, a evolução das técnicas de transposição muscular na paralisia do VI par tem permitido correções eficazes, com menor risco de isquemia no segmento anterior, sobretudo com a modificação de Foster», frisa a oradora. Depois, o Dr. Augusto Magalhães começará por distinguir os estrabismos concomitantes, nos quais, «apesar de desalinhados, os olhos respeitam as leis de Hering (inervação igual) e de Sherrington (inervação recíproca)», dos estrabismos inconcomitantes, nos quais «estas leis não são respeitadas, originando um ângulo de desvio que varia consoante as posições do olhar». Dentro destes últimos, há o desafio do diagnóstico diferencial entre as formas paréticas (diminuição da força muscular por defeito inervacional) e as formas restritivas (força e relaxamento musculares variáveis em função da causa). A nível cirúrgico, Augusto Magalhães referirá as técnicas que se aplicam aos quatro tipos mais frequentes de estrabismo restritivo (síndrome de Brown, síndrome de Duane, fibrose congénita dos músculos extraoculares e estrabismo miópico do adulto). «A abordagem diagnóstica e cirúrgica destas patologias resulta da experiência acumulada pela UOPE do CHUSJ ao longo de várias décadas, da evolução do conhecimento científico, da análise contínua dos resultados e do espírito reflexivo de um serviço universitário, que criou uma escola com “algoritmos” próprios de resposta a doenças raras», justifica. Na última apresentação, Jorge Breda vai demonstrar uma técnica inovadora desenvolvida na UOPE do CHUSJ, para «aumentar o poder da força contrátil de um músculo através do alongamento do seu arco de contacto». Este formador vai mostrar imagens cirúrgicas da utilização desta técnica, assim como de modificações introduzidas em técnicas já existentes para as adaptar a músculos de acesso posterior dificultado, como o reto superior.
DESMISTIFICAR A CIRURGIA REFRATIVA DE CATARATA Coordenado pela Prof.ª Filomena Ribeiro e pelo Dr. Bernardo Feijóo, o curso «Desmystifying refractive cataract surgery», que decorre entre as 11h05 e as 12h30, na sala 4, é totalmente ministrado por oftalmologistas que exercem no Centro da Visão do Hospital da Luz Lisboa e visa promover uma atualização sobre as mais recentes técnicas, metodologias e ferramentas na cirurgia refrativa de catarata. Segue-se o resumo do que vai ser abordado por cada preletor.
Como selecionar os doentes
Dr. Peter Pêgo, Prof.ª Filomena Ribeiro, Dr. Bernardo Feijóo, Dr.ª Leyre Zabala e Dr. Paulo Guerra
«A
seleção do doente ideal para a cirurgia refrativa de catarata deve seguir critérios psicológicos e anatomo-oftalmológicos. Primeiro, o doente tem de estar motivado a deixar de usar óculos para as várias distâncias, deve ter expectativas realistas e ser uma pessoa tranquila para facilitar a adaptação. A nível oftalmológico, há características anatómicas que permitem determinar se o olho é ou não um bom candidato para a implantação de lente intraocular (LIO). O processo de seleção é fundamental, porque um erro na avaliação pré-operatória do doente pode originar resultados menos satisfatórios. Paralelamente, o médico tem de estar disponível para esclarecer todas as dúvidas no pré-operatório e acompanhar o doente no pós-operatório.» Dr.ª Leyre Zabala
Correção da presbiopia e do astigmatismo
«R
elativamente à correção da presbiopia, não existe uma solução universal para todos os doentes. Ou seja, não há uma única LIO que possa solucionar todos os casos. Portanto, na minha apresentação, pretendo explicar como as lentes têm evoluído ao longo dos anos e como essa evolução tem permitido vencer as dificuldades. Relativamente à correção do astigmatismo na cirurgia de catarata, vou centrar-me na vertente tórica e no cálculo do astigmatismo a corrigir. Esta cirurgia tem sido alvo de grande evolução tecnológica, com o aparecimento de novas lentes, novas possibilidades corretivas, novos métodos de cálculo (quer da potência esférica quer da potência cilíndrica) e novos instrumentos de medição. Esta panóplia de desenvolvimentos num curto espaço de tempo exige ao cirurgião um esforço de atualização constante e grande precisão cirúrgica.» Prof.ª Filomena Ribeiro, diretora do Centro da Visão do Hospital da Luz Lisboa
Escolha personalizada da LIO e instrumentos necessários
«A
adequada seleção do doente e a análise das suas expectativas, as características anatómicas do olho, a existência de doenças associadas e as possíveis cirurgias oculares prévias pesam na escolha da LIO, que pode ser monofocal, multifocal ou de foco alargado. Não existe uma lente perfeita para todos os doentes e temos de tentar encontrar a melhor solução para cada caso. No que toca a instrumentos, numa cirurgia refrativa de catarata, a simples avaliação na lâmpada de fenda e a biometria não são suficientes. Há também que recorrer a instrumentos que permitam detetar patologias desconhecidas que poderão comprometer o resultado final. Existem ainda outros instrumentos que, não sendo indispensáveis, podem ser um excelente complemento, como a aberrometria intraoperatória.» Dr. Peter Pêgo
Biometria e cálculo da potência da lente
«E
ste é um curso para os cirurgiões de catarata com alguma experiência e que queiram fazer a transição para a cirurgia refrativa de catarata. Vou discutir aspetos menos consensuais, como a necessidade de ter ou não um laser femtossegundo, a segurança desta cirurgia nas ametropias extremas, o custo das novas tecnologias e a forma como abordamos este assunto com os doentes. Para o sucesso da cirurgia refrativa de catarata, a biometria e o cálculo da potência da LIO são pontos fulcrais. Nos últimos anos, assistimos ao desenvolvimento de uma multiplicidade de novos métodos de cálculo, que vão muito além das fórmulas clássicas. Na segunda parte da minha apresentação, vou abordar as novas metodologias de cálculo da potência das lentes.» Dr. Bernardo Feijóo
Novas soluções para a pseudofaquia e tendências futuras
«N
a primeira intervenção que farei no curso, vou abordar as vantagens e desvantagens das LIO add-on e o seu papel na correção de ametropias residuais pós-operatórias e no tratamento da presbiopia em doentes pseudofáquicos. Serão discutidas as técnicas cirúrgicas para a polipseudofaquia, nomeadamente o implante primário, o implante secundário e os diversos tipos de LIO add-on multifocal e o seu potencial para converter, de forma reversível, um doente com monofocalidade em multifocalidade. Em relação às tendências de futuro, destacam-se as LIO de potência ajustável no pós-operatório, nomeadamente com ajuste não invasivo através de laser femtossegundo e luz ultravioleta. Outro avanço esperado para o futuro é a possibilidade de converter uma LIO monofocal já implantada em multifocal e vice-versa. Abordarei ainda o papel das LIO acomodativas.» Dr. Paulo Guerra DEZEMBRO 2019
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IMPULSO À OFTALMOLOGIA DOS PAÍSES AFRICANOS DR
Dr. Luís Dias Pereira
DR
Dr.ª Mariana Dolores
Dr.ª Angelina Meireles
Prof. Rufino Silva
Dr. Inácio Alfredo Costa
A ligação de Portugal aos países africanos de língua oficial portuguesa no âmbito da Oftalmologia vai estar em discussão no Espaço Portugal/África, entre as 14h30 e as 15h30, na sala 1, com a apresentação de diversas organizações e iniciativas sociais nesta área.
L
ogo no arranque da sessão, o Dr. Luís Dias Pereira, diretor do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar de Setúbal/Hospital de São Bernardo, vai falar sobre o apoio oftalmológico à população de São Tomé e Príncipe, no âmbito do Saúde para Todos, um projeto social do Instituto Marquês de Valle Flôr, do qual é o responsável. «Temos tentado criar as condições para apoiar a população a enfrentar as patologias mais preocupantes, nomeadamente a catarata, o glaucoma e os problemas de visão em idade pediátrica», refere. Três vezes por ano e ininterruptamente desde 2009, a equipa de voluntários do Saúde para Todos desloca-se a São Tomé e Príncipe, em missões de 15 dias, para prestar cuidados oftalmológicos à população de um país que, atualmente, não tem nenhum oftalmologista residente. Durante o resto do ano, o apoio mantém-se através do Teleye®, que está integrado na plataforma Medigraf e consiste na realização de consultas semanais de telemedicina. «Desta forma, conseguimos dar consultas em tempo real, vemos os doentes, fornecemos orientações terapêuticas e, caso seja necessário, propomos a evacuação sanitária», resume Luís Dias Pereira, que, com a sua apresentação, espera despertar o interesse de novos voluntários. «Fazemos três missões por ano, habitualmente em fevereiro, junho e outubro, mas, daqui para a frente, o calendário está em aberto, para que os colegas se possam inscrever e consigamos agendar mais missões de forma atempada.» De seguida, será apresentada a Mundo a Sorrir, uma organização não-governamental (ONG) que promove a saúde em diversos países de língua oficial portuguesa, no8
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meadamente Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Cabo Verde. «Neste momento, atuamos na área da Oftalmologia na Guiné-Bissau, apostando na capacitação dos estudantes de Medicina e na formação dos médicos em funções. Neste país, o grande objetivo da nossa organização é potenciar a capacitação da Oftalmologia e garantir a qualidade da atuação dos seus profissionais de saúde», afirma a Dr.ª Mariana Dolores, preletora nesta sessão e presidente da Direção Estatutária da Mundo a Sorrir. Uma das voluntárias da Mundo a Sorrir, através do projeto Saúde a Sorrir, é a Dr.ª Angelina Meireles, oftalmologista no Centro Hospitalar Universitário do Porto, que falará sobre a vertente de capacitação na cadeira de Oftalmologia que leciona na Universidade Jean Piaget e no Hospital Nacional Simão Mendes, na Guiné-Bissau, uma vez por ano, por períodos de 15 dias. «Neste país, que tem apenas três oftalmologistas, a carência de recursos é grande. São necessários mais profissionais na área oftalmológica, pois todos os guineenses têm de se deslocar à capital ou aos países vizinhos, para acederem a cuidados médicos nesta área. Um dos objetivos do Saúde a Sorrir é formar mais profissionais a médio prazo, mas precisamos que mais oftalmologistas portugueses se disponibilizem para proporcionar formação específica na Guiné-Bissau», apela Angelina Meireles.
Missão Visão Guiné e sistema de saúde guineense Por seu turno, o Prof. Rufino Silva, coordenador da Secção de Retina Médica e Neuroftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, vai falar sobre
a Visão Guiné, uma missão humanitária ao abrigo da qual, desde 2011, um grupo de oftalmologistas portuguesas desloca-se anualmente à Guiné-Bissau para ajudar a população carenciada. «O grande objetivo deste projeto é a luta contra a cegueira, atuando sobretudo no tratamento da catarata, do tracoma e do glaucoma, através da realização de consultas e cirurgias; da formação de médicos, enfermeiros e técnicos de saúde locais, da promoção de formas de prevenção e da criação de um centro clínico», elenca Rufino Silva, acrescentando que, desde o início da Visão Guiné, «foram realizadas cerca de 20 mil triagens, 10 mil consultas e 850 cirurgias». Vindo deste país, o Dr. Inácio Alfredo Costa, médico de Clínica Geral, mestre em Saúde Pública e diretor do Centro de Saúde Bandim, em Bissau, vai explicar o funcionamento do sistema de saúde guineense. Este orador partilha algumas das principais dificuldades, como «a falta de infraestruturas e equipamentos essenciais, a constante fuga de quadros técnicos da saúde para o exterior, a falta de recursos humanos e o aumento de práticas nocivas à sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde [SNS]». Além disso, «o setor da Saúde guineense tem sofrido com a instabilidade política do país, sendo que qualquer tentativa de organizar ou reorganizar o sistema acaba por fracassar», lamenta Inácio Costa. O também presidente do Sindicato Nacional dos Quadros Superiores de Saúde da Guiné-Bissau aproveita para apontar parte da solução: «As orientações estratégicas deverão sustentar política, técnica e financeiramente o SNS, o que permitirá a integração e facilitará a colaboração entre as várias entidades do setor da Saúde.»
OPINIÃO
DR
AVANÇOS EM CERATOCONE E ECTASIAS DA CÓRNEA: UM CAMINHO PARA A MEDICINA PERSONALIZADA
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ceratocone e outras doenças ectásicas podem ser considerados como nova sub (ou super) especialidade no âmbito da córnea. Isto se torna verdadeiro em função da elevada (possivelmente crescente) prevalência destas doenças em todo o mundo e do advento de técnicas de diagnóstico mais acurado e tratamentos menos invasivos. Enquanto se contempla a quebra de diversos paradigmas relacionados com o manejo destas doenças, há questões paradoxais que merecem destaque. Muitos dos avanços estão relacionados com a cirurgia refrativa eletiva, que tem como objetivo a satisfação e a liberdade visual de óculos ou lentes de contato, o que é distinto das cirurgias terapêuticas de reabilitação visual. A necessidade de identificar os casos com maior risco para desenvolver ectasia progressiva após as cirurgias de correção visual a laser na córnea (LASIK, PRK e SmILE) evoluiu do rastreamento para formas leves de ceratocone, no caminho do entendimento da susceptibilidade da córnea para descompensação biomecânica e progressão ectásica. Neste contexto, observamos uma verdadeira revolução nas técnicas de imagem multimodal, que incluem topografia da superfície por discos de Plácido, tomografia de Scheimpflug e coerência óptica (OCT), estudo biomecânico da córnea, diferentes técnicas de aberrometria ocular e testes por biologia molecular e genética. Considerando-se a enorme quantidade de dados gerados nestes exames, a inteligência artificial ganha especial relevância para combinar dados de forma eficiente e auxiliar
a decisão clínica, destacando-se o PRFI (derivado da tomografia por Pentacam) e o TBI (resultante da integração do Pentacam com o Corvis ST).
Avanços terapêuticos e educação do paciente O transplante penetrante era a única cirurgia eficaz para ectasias da córnea até o final dos anos 1990, sendo reservado para casos avançados com intolerância às lentes de contato. Enquanto o transplante lamelar profundo (DALK) passou a ser a técnica de eleição por apresentar resultados visuais similares e com menores chances de rejeição, deve ser consciente o objetivo de evitar a necessidade de ceratoplastia. Destacam-se duas diferentes cirurgias: crosslinking (CXL), para estabilizar a progressão da ectasia, e implante de segmentos de anel intraestromal (ICRS), com o objetivo de regularizar a córnea no manejo de ceratocone. A indicação de quando, como e porquê operar merece considerações individualizadas para cada caso, dentro do modelo de medicina personalizada. Isto se torna ainda mais relevante com a perspectiva de usar informações genéticas para diagnóstico, prognóstico e manejo destes pacientes. Podemos considerar que a cirurgia deve ser indicada para evitar o agravamento da ectasia e (ou) para reabilitação visual. Além de todos os avanços já destacados, verificamos a necessidade de orientar e conscientizar os pacientes, já que a falta de informações e a desinformação podem ser piores do que a doença em si. Foi por isso que a campanha VIOLET JUNE
PROF. RENATO AMBRÓSIO JR.* Professor adjunto de Oftalmologia na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) Diretor de Córnea e Cirurgia Refrativa no Instituto de Olhos Renato Ambrósio e VisareRIO Refracta Personal Laser
(www.violetjune.com.br) se iniciou no Rio de Janeiro em 2018 e rapidamente se tornou internacional. A mensagem para evitar o ato de coçar, fazer fricção ou mesmo a pressão contra os olhos durante o sono é destacada, pois estas ações podem causar ectasia e agravar o ceratocone. A educação do paciente está de acordo com os mais básicos princípios da Medicina: «Curar algumas vezes, aliviar o sofrimento sempre que possível, confortar sempre.» Enquanto dispomos de recursos cada vez mais eficientes para ajudarmos os pacientes com doenças ectásicas da córnea, cada oftalmologista deve ser consciente do seu papel no diagnóstico precoce e no manejo adequado, que estão relacionados com menor morbidade e melhores resultados clínicos. Poderemos individualizar as decisões de acordo com a propedêutica multimodal. De fato, estamos na era da medicina personalizada para o manejo do ceratocone. *Na impossibilidade de estar presente, o Prof. Renato Ambrósio Jr. vai assegurar a sua intervenção por videoconferência.
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5 de Dezembro quinta-feira
NOVAS TERAPÊUTICAS NO ESPAÇO LUSO-BRASILEIRO Entre as 15h35 e as 16h30, na sala 1, oftalmologistas portugueses e brasileiros reúnem-se para discutir novas terapêuticas, como os anticorticosteroides na coriorretinopatia serosa central, o laser femtossegundo na correção do astigmatismo, a facoemulsificação nas alterações corneanas, a ciclomodulação com laser micropulsado e os antiangiogénicos no glaucoma neovascular.
DR
Anticorticosteroides na coriorretionopatia serosa central
«A
coriorretinopatia serosa central é uma causa comum de perda visual associada a acometimento macular. A sua apresentação clínica ocorre por meio do acumular de líquido na retina, causando descolamento do epitélio pigmentar e da retina neurossensorial. Quanto ao tratamento farmacológico, a maior parte dos estudos fundamenta-se no bloqueio dos recetores de mineralocorticoides, sendo a espironolactona e a eplerenona os fármacos mais utilizados. Mas uma parte dos doentes não responde a estas terapêuticas e precisa de outra abordagem. Baseados na resposta terapêutica de uma observação clínica inusitada, vamos apresentar os resultados de um novo estudo com nove doentes e um follow-up de dois anos, que avaliou o impacto da associação inesperada de antifúngicos com bloqueadores dos recetores de mineralocorticoides.» Prof. André Portes, docente de Oftalmologia na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro*
Correção do astigmatismo com laser femtossegundo
«A
s incisões arqueadas na cirurgia de catarata assistida por laser femtossegundo resultam de uma técnica simples de programar, que permite resolver astigmatismos ligeiros durante a cirurgia de catarata sem custos acrescidos. Esta ainda é uma tecnologia que não existe em todos os hospitais, mas acredito que, pouco a pouco, vai democratizar-se. No nosso Serviço de Oftalmologia, fizemos um pequeno estudo comparativo dos tipos de incisões e dos nomogramas para decisão do número, do tipo, da localização e da profundidade das incisões, sendo que obtivemos bons resultados. O laser femtossegundo é uma tecnologia com muito por explorar e aproveitar.» Dr.ª Inês Machado, oftalmologista no Hospital Garcia de Orta, em Almada
Facoemulsificação em alterações corneanas
«V
ou começar por falar nos casos em que apenas a cirurgia de catarata pode ser opção para o doente com lesão ou degeneração do endotélio corneano. Será também discutida a possibilidade de realizar concomitantemente facoemulsificação e transplante endotelial, versus a realização destes dois procedimentos em separado. Também vou abordar um caso de descolamento completo da membrana de Descemet e sua recolocação através de queratoplastia da membrana endotelial de Descemet (DMEK). O astigmatismo pós-transplante penetrante e a sua possível correção através de lentes tóricas são outros tópicos da minha preleção.» Prof. José Beniz Neto, docente de Oftalmologia e chefe do Serviço de Catarata da Universidade Federal de Goiás
Ciclofotocoagulação transcleral (CFTE) com laser micropulsado
«A
CFTE com laser micropulsado, ao contrário da clássica CFTE com laser contínuo (sonda G), permite atuar abaixo do tempo de relaxamento térmico dos tecidos e, assim, impedir a propagação da onda de calor para os tecidos vizinhos, poupando-os. Mantém-se a eficácia da CFTE laser, mas diminui-se consideravelmente as suas complicações. Nesta apresentação, é explicada como atua este laser mais seletivo, como se realiza a técnica e apresenta-se os resultados dos estudos que levaram à introdução do Cyclo G6 com sonda MP3. Utilizamos esta nova forma de tratamento há pouco mais de um ano (38 olhos tratados) e temos obtido bons resultados. Com indicações próprias, que vão muito para além dos glaucomas refratários, esta parece-nos uma nova arma terapêutica com imenso potencial, dada a sua capacidade para reproduzir e predizer os resultados, com um perfil de segurança muito bom.» Dr. Fernando Trancoso Vaz, coordenador da Consulta de Glaucoma do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, na Amadora
Antiangiogénicos no glaucoma neovascular
«O
tratamento do glaucoma neovascular (GNV) continua a ser um desafio, porque o prognóstico desta patologia é reservado devido aos elevados níveis de pressão intraocular (PIO), à necessidade de controlar o fator causal e à presença de neovasos, inflamação, fibrose e sinéquias. Nestes casos, é necessário diminuir rapidamente a PIO, para evitar maiores danos no nervo ótico; reduzir os níveis dos fatores vasoproliferativos, principalmente os fatores de crescimento vascular endotelial (VEGF); tratar a doença de base e manter a PIO controlada no longo prazo. As vantagens da paracentese da câmara anterior, com injeção de anti-VEGF, são a simplicidade do processo, a rápida resposta terapêutica, com redução imediata da PIO, a interrupção da reação inflamatória e dos processos cicatriciais que pioram o prognóstico do GNV e o menor risco de lesão das estruturas intraoculares. As desvantagens são a inexistência de estudos prospetivos e randomizados com um grande número de casos e a avaliação da possível toxicidade para as estruturas do segmento anterior, o efeito temporário dos anti-VEGF, a baixa eficácia na redução do edema macular e o facto de este ser um procedimento off-label.» Prof. Mário Motta, docente de Oftalmologia na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro *Por motivos imprevistos, o Prof. André Portes não poderá estar presente no Congresso e a sua apresentação será assegurada pelo Prof. Mário Motta.
10 62.º CONGRESSO PORTUGUÊS DE OFTALMOLOGIA
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Visão SPO
5 de Dezembro quinta-feira
INVESTIGAÇÃO EM OFTALMOLOGIA
Prof. Rufino Silva
Dr.ª Bernardete Pessoa
Dr.ª Cláudia Farinha
Dr. João Pinheiro Costa
Dr. António Campos
Nas Jornadas de Investigação/Revista SPO, das 17h05 às 18h30, na sala 1, serão apresentados projetos de investigação em Oftalmologia de diferentes hospitais. O edema macular diabético (EMD), a degenerescência macular da idade (DMI), as alterações da coroide, a circulação ocular e a genotipagem de doentes e familiares com distrofias coriorretinianas são os temas em análise na sessão, que encerra com a conferência da Sociedade Europeia de Oftalmologia (SOE) dedicada à inteligência artificial.
N
o âmbito da Oftalmologia, a ligação entre a prática clínica, o laboratório e a investigação clínica tem vindo a estreitar-se nos últimos anos, o que motivou a aposta nesta sessão, como justifica o Prof. Rufino Silva, um dos moderadores e responsável pela introdução. «Ao desenhar as Jornadas de Investigação, foi nossa intenção criar a possibilidade de várias instituições divulgarem o seu trabalho de investigação que já tenha sido objeto de publicação em revistas indexadas e com fator de impacto», revela o coordenador da Secção de Retina Médica e Neuroftalmologia do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO). Logo de seguida, a Dr.ª Bernardete Pessoa, oftalmologista no Centro Hospitalar Universitário do Porto/Hospital de Santo António, conduzirá uma comunicação dedicada a novas perspetivas na abordagem do EMD, com especial ênfase no papel do vítreo e da interface vitreorretiniana. «O EMD é a principal causa de perda de visão nos doentes com retinopatia diabética. Acresce que, sendo uma doença multifatorial, é mais difícil de tratar», contextualiza. Quanto a linhas de investigação futuras, esta oradora
Prof. Luís Abegão Pinto
Dr.ª Luísa Coutinho Santos
12 62.º CONGRESSO PORTUGUÊS DE OFTALMOLOGIA
sublinha a «necessidade de procurar novas moléculas, nomeadamente na área da terapêutica dirigida a outros mediadores inflamatórios». Atualmente, com base nas guidelines em vigor, «os tratamentos intravítreos com fármacos anti-VEGF [sigla em inglês para fator de crescimento endotelial vascular] são a primeira linha, seguidos dos corticoides». Por seu turno, a Dr.ª Cláudia Farinha, oftalmologista no CHUC, vai apresentar os resultados mais recentes do estudo epidemiológico da DMI desenvolvido pela Associação para a Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem (AIBILI) em colaboração com unidades de cuidados de saúde primários de duas localidades da região centro. Até à data, este é o único estudo em Portugal que aborda a incidência da DMI. «Assistimos ao crescente envelhecimento da população, pelo que é de prever que o número de doentes com DMI aumente, daí a importância deste tipo de estudos para prevermos o impacto na população portuguesa e anteciparmos as necessidades que poderão surgir em termos de tratamento e burden da doença», afirma a oradora. Quanto ao futuro da investigação nesta área, Cláudia Farinha elenca dois desafios: «O primeiro prende-se com o facto de ainda não existir nenhum tratamento que modifique a progressão da DMI, pelo que é fundamental tratar os doentes numa fase precoce, evitando a chegada a fases mais avançadas. O segundo desafio relaciona-se com a DMI tardia na forma atrófica, que, até à data, não tem tratamento, pelo que é um alvo importante do desenvolvimento de novas terapêuticas.» Na preleção seguinte, o Dr. João Pinheiro Costa, oftalmologista no Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, apresentará os resultados de uma investiga-
ção clínica sobre as alterações da coroide nos doentes com queratocone. «Nos últimos dois anos, temos verificado que, nestes casos, a coroide é mais espessa e achamos que essa camada relaciona-se com a inflamação e a progressão do queratocone. Podemos estar perante um novo marcador no seguimento destes doentes e a possibilidade de prevermos as situações que vão progredir mais depressa», frisa o especialista. E acrescenta: «O queratocone sempre foi apresentado como uma doença progressiva e não inflamatória. No entanto, neste momento, estamos a assistir a uma mudança de paradigma, uma vez que achamos que existem muitos marcadores de inflamação que poderão ser a chave do controlo do queratocone no futuro.» Depois, o Dr. António Campos, oftalmologista no Centro Hospitalar de Leiria/Hospital de Santo André, incidirá sobre as alterações da coroide e da retina num modelo experimental de diabetes. «A caracterização da estrutura vascular da retina e da coroide é fundamental para compreender as doenças vaso-oclusivas. No indivíduo com diabetes, a prioridade é saber como variam as células inflamatórias e as células reguladoras que rodeiam os vasos», enquadra o especialista. Durante a sua preleção, António Campos vai apresentar dados desta investigação experimental que ajudam a compreender o papel da coroide na retinopatia diabética, dando pistas para terapêuticas futuras. «A inflamação tem um papel muito importante na diabetes. A regulação vascular, quer na coroide quer na retina, é significativamente alterada pelo estado inflamatório e pode constituir um alvo para a pesquisa de novos tratamentos.» De seguida, o Prof. Luís Abegão Pinto, oftalmologista no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte/Hospital
de Santa Maria (CHULN/HSM) e docente na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, vai partilhar o ponto de situação da investigação levada a cabo nestas duas instituições na área da circulação ocular. «Desenhámos uma nova forma de testar a circulação ocular e agora temos de perceber se os resultados são reprodutíveis e replicáveis na prática clínica. O desafio que se segue é a validação na prática clínica», indica o orador, sublinhando que «o papel do oftalmologista não se resume à escolha do tratamento, devendo estender-se à explora-
ção das melhores formas de diagnóstico». Por sua vez, a Dr.ª Luísa Coutinho Santos, oftalmologista no Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, em Lisboa, vai apresentar o trabalho de investigação desenvolvido nos últimos anos por esta instituição, em parceria com a Genética Médica do CHULN/HSM e com a Genética Computacional da Universidade de Lausanne, no âmbito da genotipagem de doentes e familiares com distrofias coriorretinianas hereditárias. «Estas doenças afetam, principalmente, os fotorreceptores e o epitélio pigmentar, são geneticamente
transmitidas e causam cegueira», explica a oftalmologista. Sobre os objetivos do estudo clínico que arrancou em 2017, a oradora adianta: «A ideia deste trabalho é identificar, para cada família/doente, qual o gene afetado e qual a mutação que envolve esse gene. Não se tratando de técnicas utilizadas correntemente em estudos populacionais, esta é a primeira vez que se consegue fazer genotipagens sistemáticas nos doentes com distrofias coriorretinianas.»
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA OFTALMOLOGIA Na conferência SOE, que fecha o programa desta sessão, a Prof.ª Joana Ferreira, oftalmologista no Hospital CUF Descobertas e docente na NOVA Medical School/Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, vai falar sobre o recurso à inteligência artificial em Oftalmologia. Eis o resumo que a oradora partilhou com o Visão SPO: «No segmento anterior, a inteligência artificial (IA) tem sido utilizada na identificação de formas subclínicas de patologias corneanas, como o queratocone ou outras ectasias; nos estudos intra, peri e pós-operatórios de córneas transplantadas; na identificação de cataratas pediátricas e/ou no cálculo da potência das lentes intraoculares. Também estão a surgir vários trabalhos em que a IA permite identificar a neuropatia ótica glaucomatosa através da correlação de vários dados funcionais e estruturais. No segmento posterior, a retinopatia diabética (RD) tem sido o principal alvo da tecnologia de IA, não só pela sua prevalência, mas também por ser a principal causa de cegueira nas pessoas em idade ativa, tendo grande impacto socioeconómico. A Food and Drug Administration aprovou o IDx-DR, um dos sistemas de deteção automática de sinais de RD. Atualmente, a IA permite não só a deteção da RD ou do EMD, como também a sua quantificação. Outras patologias do segmento posterior, como a DMI ou a retinopatia da prematuridade, têm sido alvo de vários estudos de aplicação da IA. Porque as aplicações da IA na Oftalmologia são cada vez mais abrangentes, é essencial que o oftalmologista se familiarize com estes conceitos e com a sua prática, não os assumindo como uma ameaça ao seu trabalho, mas antes como uma mais-valia. A IA vai exigir uma maior diferenciação dos médicos, sendo assim desafiante e estimulante.»
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5 de Dezembro quinta-feira
«NÃO EXISTE BOA MEDICINA SEM UMA FACETA DE SOLIDARIEDADE» Intitulada «Oftalmologia nos países em desenvolvimento», a conferência inaugural do 62.º Congresso Português de Oftalmologia, marcada para as 18h35, na sala 1, vai ser proferida pelo Prof. Miguel Burnier, diretor de Clinical Research & Training no McGill University Health Centre Research Institute, em Montreal, no Canadá, e presidente da Associação Pan-Americana de Oftalmologia (APAO). Nesta entrevista, o oftalmologista alerta para as desigualdades que ainda persistem entre países e regiões, sugerindo algumas linhas de atuação para o futuro, sempre com a educação e a entreajuda como fatores essenciais.
Quais são os principais objetivos da sua conferência? Em primeiro lugar, apresentar uma análise da situação da Oftalmologia nos países em desenvolvimento, tendo por base o Visão 2020, um programa internacional para prevenir determinadas patologias oftalmológicas, como o tracoma, o glaucoma e a catarata. Em segundo lugar, vou fazer uma observação mais detalhada sobre o facto de não serem apenas os países em desenvolvimento a necessitar de intervenção: em muitas regiões de países mais desenvolvidos, continuam-se a verificar desigualdades. Por fim, vou referir que há várias maneiras de colocar a população a par dos problemas e de lhe dar ferramentas para os resolver, sobretudo através da educação para a saúde. Que estratégias devem ser seguidas a nível educativo? Temos de educar a população e, sobretudo, temos de criar mais programas para
educar os oftalmologistas que trabalham nas regiões e países mais desfavorecidos. É necessário ir aos locais, ajudar os médicos e proporcionar-lhes formação nos países mais desenvolvidos, para que depois possam regressar com maior capacidade para enfrentar os problemas locais. Em vários países africanos, e até mesmo no Brasil, no Estado do Amazonas, por exemplo, muitos doentes nem sequer têm atendimento médico, sendo que algumas doenças podem causar cegueira a até morte. Este é um problema global, que exige a educação de todos os médicos. Não existe boa Medicina sem uma faceta de solidariedade. Se não entendermos a importância social da Medicina e da Oftalmologia, não conseguiremos chegar onde queremos. É isso que a APAO tem tentado fazer em países como Honduras, El Salvador ou Nicarágua.
O que é que Portugal, em conjunto com o Brasil, pode fazer para reduzir as desigualdades entre países e regiões no âmbito da Oftalmologia? É importante referir que há vários países africanos onde se fala a língua portuguesa que necessitam de ajuda. Portugal tem de ser parte da solução e esse é um trabalho contínuo que a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) tem feito e que é muito aplaudido. A Oftalmologia portuguesa é de alto valor científico e muito bem reconhecida, assim como a brasileira. A união dos dois países é excelente e fundamental no combate às doenças oftalmológicas nas regiões mais desfavorecidas do Brasil e
da América do Sul, bem como em vários países africanos. Na minha conferência, vou precisamente discutir possíveis formas de entreajuda, sobretudo no âmbito institucional. Se a SPO, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia e a Sociedade Brasileira de Oftalmologia desenharem programas conjuntos para intervenção nos países de língua portuguesa, de certeza que será uma grande ajuda.
Estamos no final da segunda década do século XXI. Que desafios antevê para próxima década? É preciso pôr fim às desigualdades entre países e regiões, não só em termos médicos, mas também a nível educacional, económico e social. Há regiões extraordinariamente desenvolvidas ao lado de regiões muito pouco favorecidas. A partir de 2020, temos de entender que batalhámos muito para chegar ao ponto em que estamos, o que é um fator positivo, mas precisamos de fazer mais para que outros países se desenvolvam na Oftalmologia TRATAMENTO DO GLAUCOMA DE e na Medicina em geral. Um caminho para lá chegar passa por envolver as pessoas com mais habilitações literárias desses países e regiões, para que não ignorem os problemas que persistem e ajudem na sua resolução. Eficaz controlo A principal ajuda que os países mais da PIO desenvolvidos podem oferecer passa 1º latanopros pela educação e pela formação da população e dos profissionais de saúde das regiões mais desfavorecidas. Neste âmbito, destaco o papel fundamental da telemedicina. Colirio, solução em recipiente unidose
FICHA TÉCNICA Propriedade: Sociedade Portuguesa de Oftalmologia Campo Pequeno, n.º 2, 13.º • 1000 - 078 Lisboa Tel.: (+351) 217 820 443 • Fax: (+351) 217 820 445 socportoftalmologia@gmail.com • www.spoftalmologia.pt
EFICÁCIA Edição: Esfera das Ideias, Lda. Rua Eng.º Fernando Vicente Mendes, n.º 3F (1.º andar), 1600-880 Lisboa Tel.: (+351) 219 172 815 • geral@esferadasideias.pt • www.esferadasideias.pt Direção: Madalena Barbosa (mbarbosa@esferadasideias.pt) Gestor de projetos: Ricardo Pereira (rpereira@esferadasideias.pt) Coordenação editorial: Luís Garcia (lgarcia@esferadasideias.pt) Textos: João Paulo Godinho, Pedro Bastos Reis e Rui Alexandre Coelho Fotografia: João Ferrão • Design/paginação: Herberto Santos
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