Rua do Vilar, 54a 54b 4050-625 Porto
Obras dos dias conseguidos | parte 1
Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são “colocados em gavetas”, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do “gaveta” mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, e 3 em 1 e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
Obras dos dias conseguidos | parte 1 Falava acerca dos dias conseguidos. E, daí surgiu a consciência de obras conseguidas em acepções semânticas complementares: as obras/ideias/actos conseguidos dos artistas presentes a esta exposição e as obras/acções conseguidas pelo Espaço T. Assim, a primeira mostra, de uma programação que se inaugura para esta Galeria, assumiu a paráfrase livre e construiu-se sob auspícios do Ensaio sobre o dia conseguido de Peter Handke. Não desmerecendo pertinência, confesse-se, quanto se consolida a ideia se associada ao alerta lúcido e ironista de Antonio Tabucchi Si sta facendo sempre piu tarde. Então, melhor não adiar e conseguir obras e dias e ideias… “[contemporary art practice is about] learning to inhabit the world in a better way, instead of trying to construct it based on a preconceived idea of historical evolution…the role of artworks is no longer to form imaginary and utopian realities, but to actually be ways of living and models of action within the existing real, whatever the scale chosen by the artist.” (Nicolas Bourriaud, 2002) Um dos fundamentos que sustentam a arte da contemporaneidade resulta da plena aceitação da diversidade de opções estéticas e artísticas que os artistas/autores concebem, integram e dirigem. Existem medidas de distância, argumentos de proximidades e as, sempre citadas, afinidades electivas. Não estaremos capacitados – na maior amplitude semântica da ideia - para a apropriação intermedial de conceitos senão através da vontade expressa nas palavras dos próprios artistas. No demais, são extensões do nosso pensamento – devidamente formatado - através/mediante a recepção visual, auditiva, enfim, a recepção estética das obras que esses mesmos autores nos permitem confrontar. Somos confrontados por, estamos perante, evidenciando-se e suscitados os nossos sentidos e pensamento naquela maior cumplicidade que se queira e/ou decida. Porque, também e sempre, se trata de uma tese/caso de existência, de resolver através do questionamento, o que sejam as condições de existência do humano que tão compulsivamente nos atinge, tornando sempre actual o anúncio/denúncia de André Malraux. As obras - entendam-se as ideias - dos artistas hoje, promovem as nossas deambulações, as nossas reflexões, expandem-se para além de nós próprios. Não (exclusivamente, porque também) num sentido egóico, narcisista, mas enquanto todos somos reflectores de comunidades onde nos integramos ou estamos, promovendo a expansão do singular e pessoalizado para além de contornos imediatos e mensuráveis. Os 5 autores possuem como denominador comum uma muito particular forma de tomarem o espaço, quanto os seus respectivos trabalhos lhe possam, ou não, ser a priori destinados, ou seja, quando se não trate ou trate de um site specific. Certo é que as obras ganham sempre o espaço, tornando-se constantemente outras, consoante as disposições de montagem, as coordenadas arquitecturais que as rodeiam ou a determinação dos demais trabalhos no conjunto dos quais se organizam. Tal não significa que se contaminem ou deixem perverter as suas identidades. Assegurase sempre a singularidade de facto/produto dialogando sempre e em prol de maior assunção de diferencialidade e especificidade. Tratar-se-á, antes e mormente, de propiciar casos efectivos e singulares, em termos de recepção, para o público. Assim, procurei flexibilizar o espaço através das obras dos autores escolhidos, afirmando-lhe uma acepção de o tornar visível, quanto diferenciado, dúctil (simultaneamente em permanência), sem que tal lhe signifique descaracterização; esta, é uma das ideias que dirige a programação a concretizar, durante o presente ano, para a Quase-Galeria. Assim, atenda-se, por um lado, aos seguintes princípios/accionadores de foro mais subjectivista: ∑ Pluralidade da intencionalidade e do conceptual versus particularidades imago/áudio, argumentativas (implícitas) que se mostram na exposição; ∑ Linguagens específicas configuradoras de ideias que, por sua vez, subjazem à produção autoral – num sentido mais lato do que seja a obra de cada um dos artistas; Por outro lado, evidenciem-se, numa perspectiva objectivadora: ∑ Actos de preservação/registo, de conservação e de expansibilidade susceptíveis de serem gerados – respeitando a terminologia fenomenológica – pois partindo de sujeitos (criadores), congregados em obras (realizações) e, depois, abertos e aderentes a outros sujeitos (público); ∑ Manifestações visuais e sonoras que, movidas pelo autor, atingem cada um de nós, retornando ao autor, “enriquecidas” por essa contemplação inominada, fruto do contacto estético e, consequentemente impulsionador e memorial. Pois, não se esqueça, recordando Edward T.Hall, quanto o espaço e o tempo nos conduzem pela existência - movimentos internos e externos - própria e pessoal tanto quanto adstrita à comunidade, permitindo-nos o reconhecimento de matrizes culturais e, assim, viabilizando a partilha, compreensão e/ou controvérsia. Pela via da imagem e do som, a consciência percepcional dos nossos contornos atravessa o espaço e o tempo, adquirindo nova lucidez e progredindo para uma maior definição da substância, axiologia e hermenêutica na contemporaneidade (leia-se = hoje, agora…quanto abstracto seja o conceito, mascarado de certeza…) DEBORA SANTIAGO “O som não precisa de sonoridade, pode ser arbitrário, mesmo algo que seja somente ruído, essencial é que eu consiga tornar-me, uma vez na vida, todo ouvidos para ele.” (Peter Handke, Ensaio sobre o dia conseguido, Lisboa, Difel, 1994, p. 30) Actuando através de diferentes registos, meios e estratégias (performance, vídeo, desenho/instalação…), a morfologia do redondo recolhe a unidade da sua produção. Quase sob auspícios bachelardianos, na peça vídeo “Baião”, as baquetas coloridas encarnam a fenomenologia que serve a noção de completude poética, abrindo, mais ainda, caminho para a recuperação da memorialidade cosmológica onde ecoa essa variante humanizada da “música das esferas” (quanto a queriam os pitagóricos…) A captação “cinematográfica” da constituição e decomposição, em quase sobreposição, dos movimentos perdura numa perceptibilidade temporalizada que exponencializa os termos sonoros, ampliando toda cumplicidade dos sentidos superiores – como lhes chamou Leonardo… CATARINA MACHADO “Não tenho qualquer concepção acerca do dia conseguido, qualquer coisa que seja. Existe tão só a ideia e isto leva-me quase a duvidar que possa trazer à luz um contorno reconhecível, fazer transparecer um modelo, salientar o rasto luminoso, tal como ansiava ao princípio, narrar o meu dia.” (Idem, ibidem, p.21)
A arquitectura como paragem do espaço no tempo pode engendrar movimento. A variedade dos movimentos humanos correspondem a uma infinita capacidade de os definir e sistematizar. Quando não se encontram sistematizados em correspondência a uma funcionalidade ou razão, adquirem condição de “informalizados”. As morfologias gráficas no espaço da matéria captam profundidade consoante as zonas preenchidas pela cor e a abertura dos vazios que conferem uma outra especificidade à parede que lhes serve de fundo, de cenário. As determinações gráficas correspondem não somente a decisões da artista, quanto (talvez até mais) à deliberação estética de aceder a novas percepções visuais, potencializadas pela inscrição arquitectural. PEDRO SARAIVA “O dia conseguido é, pois, para ti, completamente diverso de um dia tranquilo, de um dia de sorte, de um preenchido, de um dia activo, de um que só a custo se suportou, de um transfigurado pela lonjura do passado – um pormenor bastante aqui e um dia inteiro eleva-se em glória -, também de um qualquer Dia Grande para a ciência, a tua pátria, o nosso povo, os povos da Terra, a Humanidade?” (Idem, ibidem, p.11) “Gabinete Codina”, cuja versão adaptada ao espaço aqui se reinventa, resulta de uma investigação estética desenvolvida pelo artista, na sequência, aliás, de um outro processo intitulado “Gabinete Linares”. Trata-se de uma espécie de inventário visual interposto, na sequência de duas ordens de apropriação revertidas na assunção singular do artista na sua leitura caminhante da vida e actos de António Codina, através de desenhos detalhados e da maior minúcia e virtuosismo, glosando a memória singular/arquetípica para o pensamento visual do espectador actual. O desenho como metalinguagem. Por outro lado, as unidades-desenho adquirem uma dimensão de todo, onde os ritmos gráficos são susceptíveis de reinvenção instalada, assim decidida pelo autor em conformidade arquitectural. É relicário, presume-se, inscrição de visões projectadas partindo da natureza observada: é palimpsesto e bem filosófico. VASCO BARATA “Não, a ideia, ela resiste à minha ânsia de narrar. Não me apresenta qualquer imagem como pretexto. E, apesar disso, era concreta, mais concreta do que anteriormente qualquer imagem ou concepção, todos os sentidos do corpo dispersos concentrados por ela em energia. Ideia significava: não existia imagem, só luz.” (Idem, ibidem, p.21) As fotografias tornam-se imagens fotográficas que escalam as paredes, contornam as características da sala e avançam de volta para os conteúdos iconográficos e de escrita que as caracterizam. Cada uma das unidades de “The Film Séries” remete para o que fosse o imaginário do autor, devidamente estendido pela realidade, aparente e visibilizada, dos alvos captados. Todavia, essa realidade articulada às frases – que não são legendas – vai assumindo identidades pela via hermenêutica mas igualmente percepcional/visual, resolvendo dicotomias mais do que as provocando. A objectividade, a clareza morfológica dos elementos/objectos constantes na imagem fotográfica corresponde à precisão linguística das frases; uma e outra, se confrontam, apropriando-se num movimento que comunga para dentro e para fora, assumindo reversibilidade quando cativada pelo espectador/leitor. Não se esqueça Hans Belting e sua “Antrepologia da Imagem”… YONAMINE “A tonalidade para a viagem total pelo dia mostra-se-me, enquanto, escutando, procuro um som.” (Idem, ibidem, p.29) Acredite-se que nas viagens nos modificamos ou permanecemos à medida que os kms são possuídos ou nos possuem. Cada medição do espaço se transforma, sobretudo, em assunção consciente de tempo, através de uma velocidade para o movimento que talvez seja decisão própria. Uma das estratégias para cumprir a viagem – destinada ou sim – será o som que nos engole. Seja o som das vozes do sujeito sozinho da viagem, sejam os passageiros que galopam frases ou pensamentos, sejam os auto-radios, mp3 ou qualquer outro meio de sugar o silêncio. A ilusão, sensação ou conhecimento do espaço percorrido, assemelha-se à inoperante conquista do som que jamais persiste, antes de desfaz e se regenera em variantes organizadas ou imprevistas. A recriação para os espectadores e ouvintes da viagem propicia-nos a errância e a efabulação mais do que a viagem intencionalizada, com rumo determinado, no caso do vídeo “Rádio Cabinda”. A persistência da imagem, em suas alternâncias rítmicas, coaduna-se à persistência do som, em suas alternâncias imagéticas e, assim, se transpõem quer a experiência, quer a fronteira. “Mas os teus olhos proclamam Que tudo é superfície. A superfície é o que aí está E nada pode existir excepto o que aí está.” (John Ashbery, Auto-retrato num espelho convexo e outros poemas, Lisboa, Relógio d’Água, 1995, p.167) Somos espectadores quanto somos leitores de imagens. Público é isso mesmo. Acerca e quando se desenvolvem discursos sobre as imagens, avisou Hans Belting, frequentemente se chega a indefinições: “Alguns [discursos] parecem circular sem corpo, como nem sequer o fazem as imagens das ideias e da lembrança que, efectivamente, ocupam o nosso próprio corpo.” (Antropologia de la Imagen, Madrid, Katz Editores, 2007, p.13) As imagens, às quais atendemos, pertencem a uma tipologia muito particular. São ensimesmamentos, convergências de conteúdos (metáfora de corpo/obra) resolutamente seleccionados que se formatam e admitem enquanto obras de arte. Independentemente de suas correspondentes especificidades, as peças expostas suscitam, como é suposto, o surgimento, a organização de ideias sobre as ideias que as tenham motivado, dando concretização à sua existência autónoma. Nessa perspectiva, poder-se-ia contrariar, dizendo que tendem à definição – metáfora e materialização de corpo/obra . Todavia, tal definição, não significa a conquista singular concluída, terminal, antes luta em concordância com a pluralidade que se coaduna à justeza e legitimidade aberta de quem (e do que) dispõe os discursos. E a demanda ou a assunção de definição pode não significar que os seus conteúdos reflexivos ou argumentativos disponham à definição discursiva – em sua pureza significante, numa espécie de meta-sentido sobre as imagens. Assim, os discursos sobre as imagens dependem, a meu ver, quase exclusivamente, de seus próprios conteúdos e substâncias. Salvaguardando a pluralidade de natureza e funcionalidade efectivas, podem aproximar-nos das ideias-coisas que são as obras, no caso desta exposição. Pois, se poderá até antepor discursos tendentes a indefinições, proporcionadores de rasgos, vestígios e marcas sem fechamentos. Argumentar-se-ia que, por si mesmas, as obras são discursos decorrentes do pensamento, de construção poiética/estética dos respectivos produtores. Os dados sonoros são reconhecíveis pois existe o silêncio. O silêncio “é o intervalo necessário para as modulações das conversas, a respiração do significado; mas não é uma expressão simplesmente formal…” (David le Breton, El silencio, Madrid, Sequitor, 2006, p. 55), pois possui em si conteúdos insuspeitos e plolissémicos. As sonoridades revelam-se no fraseado mais ou menos sistematizado ou, então, dominantemente, visceral. Imagem, som (ou silêncio) são questões culturais, recorde-se. Tanta diversidade nas imagens sonoras quanto nas imagens ditas visuais. E, na cumplicidade entre imagem e som, existe ambiguidade, leia-se, aquela indefinição que surge das definições impulsionadoras para a gestação das peças e sugere atenção a tudo aquilo que rodeia a arte, que dela é indissociável, more and more - a vida. “O facto de um acontecimento se ter passado, realmente passado, não é susceptível de ser posto em questão. (…) Sob este ponto de vista, o passado torna-se uma fortaleza invencível.” (Étienne Klein, O tempo, de Galileu a Einstein, Casal de Cambra, Caleidoscópio, 2007, p.76) As obras conseguidas são, portanto, como acontecimentos do mundo, tornando-se substâncias seguras. Mª de Fátima Lambert Março 2008
DEBORA SANTIAGO debora@ybakatu.com.br
Nasceu em Curitiba – PR, 1972 / Born in Curitiba –PR / Brasil, 1972. Vive e trabalha em Curitiba – PR / Lives and works in Curitiba – PR / Brasil. Curso Superior de Escultura, Escola de Música e Belas Artes do Paraná (1995). Mestre em Artes Visuais, Universidade do Estado de Santa Catarina (2007). Expõe individualmente desde 1995, no Brasil e na Europa. Tem participado em inúmeras exposições colectivas destacando-se: 2008/ARCO Feira de Arte Contemporânea, Brasil país convidado, curadoria de Moacir do Anjos e Paulo Sergio Duarte, Stand Ybakatu Espaço de Arte, Madrid – Espanha. 2007/12x7=82 cadernos + 1 metro de cadernos, projeto de Daniel Barbosa, lançamentos no Ybakatu Espaço de Arte e no Beto Batata em Curitiba – PR. A#mostra, mostra de vídeos organizada por Regina Melim, Museu Victor Meireles, Florianópolis – SC. ARCO Feira de Arte Contemporânea, Proyectos / Projects, curadoria de Ricardo Resende, Stand Ybakatu Espaço de Arte, Madrid – Espanha. 2006 / Programa Rumos Visuais 2005 - 2006, Itaú Cultural. (Itaú Cultural / São Paulo – SP; Paço Imperial / Rio de Janeiro – RJ e Casa das 11 Janelas / Belém – PA). Desenho, curadoria Bitu Cassinde, MAC – Centro Dragão do Mar, Fortaleza – CE.CO, Espanha / Spain.
O vídeo "Baião" é uma sobreposição de som e imagem da gravação da música "Cantiga de Violeiro" de Luiz A.Anunciação (Pinduca), executada em xilofone por Danielle Santiago. Danielle, minha irmã, é percurssionista, e enquanto estudava a música eu criei o vídeo. Como a música apresenta uma estrutura que possui divisões claras, e que se repetem, foi possível fazer a sobreposição do som e manter perceptível o ritmo baião. Estas sobreposições estão ligadas à idéia de circulação na minha produção, como os movimentos da água e do ar na natureza, nem sempre visíveis, mas que apresentam formas que se repetem e se alteram continuamente. Ficha Técnica Título: Baião Data: 2008 Técnica: vídeo (original em miniDV) Duração: 3minutos e 40 segundos Edição: 5 ( a cópia do Zé Mário é a 1/5) Galeria Graça Brandão – Porto e Lisboa Ybakatu Espaço de Arte, Coritiba, Brasil
CATARINA MACHADO cmachado1975@gmail.com
Morfologias do Vazio, 2008 Acrílico sobre PVC 247 x 113 x 7 cm
Nasceu em 1975, no Porto. Licenciada em Arquitectura pela Universidade Lusíada do Porto (1993-98). Pós-graduação em Arte Contemporânea pela Universidade Católica do Porto (2006-07). A partir de 1995 participa em vários concursos e bienais de Artes Plásticas. Expõe individualmente desde 1996. Em 1999 foi convidada a juntar-se ao grupo de jovens artistas emergentes da Por Amor à Arte Galeria, assumindo em 2003 e 2004 a coordenação de exposições de jovens artistas naquele espaço. Representada em várias Feiras Internacionais de Arte Contemporânea: New Art Barcelona’99, IV Foro Atlântico Pontevedra’99, Trânsito Toledo 2000, Art al Hotel Valência 2000, Miart Milão 2000 e 2001. Viena Aushotel Áustria 2001, ARCO’02 Madrid. Arte Lisboa 2005, 2006 e 2007 e Art Cologne’06, Alemanha.
Morfologias do Vazio, 2008 Neste espaço arquitectónico, num primeiro momento, senti a verticalidade bem marcada nas quatro grandes aberturas verticais, que funcionaram como base e ponto de partida para o meu trabalho. Transportei a morfologia do vão das portas para o interior da obra, que colocada na parede expositiva, adapta a obra ao local. O branco da parede, dá corpo à transparência dando-lhe forma/fundo. A prática da pintura que desenvolvo mergulha na linha, forma e cor. A gestualidade evoca movimento. A depuração das formas elípticas, remete à fisicalidade que pela cor de uma paleta mais reduzida, evidencia e contrasta, com a superfície do material composto por duas lamelas de PVC transparente – pintadas do avesso - avesso ao habitual, despertando os sentidos… são assumidamente agrafadas à grade de madeira, aprisionando, entre elas, o vazio inscrito na grade, camuflado, empacotado e contudo, impenetrável. Ao contrário, parece que a morfologia da pintura… extravasa para além da obra… Catarina Machado Miramar, 19 de Março de 2008 Cortesia Galeria Presença - Porto e Lisboa www.galeriapresenca.pt
PEDRO SARAIVA pedrosaraivaakad@hotmail.com
Gabinete Codina, 2006/2008 tinta-da-china sobre papel de esquisso, 50x75cm (cada desenho)
1952 Nasceu em Lisboa. 1979 Curso de Pintura, E.S.B.A.L. Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian Professor Auxiliar na F.B.A.U.L. Expõe individualmente desde 1986. Da participação em inúmeras exposições colectivas, destacam-se: 1988 1.14VR.88, Módulo, Lisboa 1º Forum de Arte Contemporânea (Módulo), Lisboa ART LA 88 (Módulo), Los Angeles 1989 1º Forum de Arte Contemporânea (Módulo), Lisboa ART 20/89 (Módulo), Basileia 1995 10ª Exposição Internacional de Desenho, Catania, Itália 2002 Arte Lisboa (Módulo), F.I.L., Lisboa 2003 Arte Lisboa (Módulo), F.I.L., Lisboa 2004 Arte Lisboa (Módulo), F.I.L., Lisboa 2005 XXX (1975-2005), Módulo, Lisboa Arte Lisboa (Módulo), F.I.L., Lisboa 2007 Arte Lisboa (Módulo), F.I.L., Lisboa
Colecções Secretaria de Estado da Cultura, Lisboa Galeria Redies, Dusseldorf UNYSIS, Lisboa Museu Teixeira Lopes, Mirandela Banco Comércio e Indústria, Leiria Galeria Municipal de Almada (Casa da Cerca), Almada Colecção Pública Galeria Bronte, Etna, Itália Fundação P.L.M.J., Lisboa O presente projecto intitulado “gabinete > codina” assenta fundamentalmente na pesquisa em arquivos reais e ficcionados, na construção de personagens/espaços/ambientes, nos quais são utilizadas diversas formas de expressão que permitem sobrepor identidades, significados e temporalidades, e em que múltiplos níveis de interpretação se podem intersectar. Cortesia MÓDULO – Lisboa CENTRO DIFUSOR DE ARTE MÓDULO CENTRO DIFUSOR DE ARTE Cç. Mestres, 34 a-b / p-1070-178 Lisboa Tel / fax: 351.21.388 55 70; e-mail: modulo@netcabo.Pt Av. Boavista, 854 / p- 4100-112 Porto Tel: 351.22.609 47 42
VASCO BARATA vasco.barata@gmail.com
The Film series (24), 2007 Inkjet print sobre papel fotográfico 45 x 60 cm Edição de 3 + 1 AP Colecção Particular- Leonor Sottomayor & Ricardo Camarinha
The Film series é um work in progress que pretende situar-se, de alguma forma, no domínio de uma genealogia das imagens, em particular na sua relação com o cinema e com a pintura. Nas presentes imagens, a relação com a pintura – a procura implícita de locais para filmar, como quem procura locais para pintar – é-nos sugerida pelo processo inerente à construção das imagens e que as aproxima, inevitavelmente, também do cinema. Localizemo-nos no domínio do script, onde, através de processos de síntese semelhantes aos da prática (e pensamento) da pintura, se constroem imagens a partir de sugestões narrativas. Interessante também, é verificar ou tentar desvendar o mecanismo por detrás de um processo de construção narrativa, para isso usando deliberadamente as imagens. No caso, constatar que antes sequer da existência física de um filme existe já um mecanismo de síntese que permite contar uma história com uma sequência de apenas algumas imagens provisórias (ou mesmo só uma). Behind an image lies another. Vasco Barata Lisboa, Agosto 2007 Galeria Reflexus, Arte-Contemporânea – Porto inforeflexus@gmail.com
YONAMINE yonaminemiguel@yahoo.com
RÁDIO CABINDA by yonamine 2008 video Loop, with sound _ 1 screen, 5’ _ PAL
Yonamine nasceu em Luanda, em 1975. Viveu em Angola, no Zaire (actual R.D.C), no Brasil e no Reino Unido. A sua formação artística consolidou-se sobretudo durante a Primeira Trienal de Luanda, através da participação em diversos workshops, conferências e seminários com: Laurie Farrell, Sue Williamson, Simon Njami, Billi Bidjoka, Alfredo Jaar, Paul D. Miller / DJ Spooky, Miquel Barceló, Ruth Noack, Pedro Lapa, Paulo Cunha e Silva, entre outros. TRAJECTÓRIA (Selecção) 2007 | Residência artística| ZDB | Lisboa, Portugal; Cabeça sem gente | Intervenção em 5 casas embargadas da Serra da Azóia | Azóia, Portugal; Check List Luanda Pop | Pavilhão Africano da 52ª Bienal de Veneza | Veneza, Itália 2006/7 | Trienal de Luanda | Luanda, Angola 2006 | SD OBSERVATORIO | Instituto Valenciano Arte Moderno | Valência, Espanha; Réplica e Rebeldia I Centro Cultural Português _ Luanda, Angola; Museu de Arte Moderna da Bahia _ Bahia, Brasil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Centro Cultural do Banco do Brasil _ Brasília, Brasil; Museu Nacional de Arte _ Maputo, Moçambique; Palácio da Cultura Ildo Lobo _ Cidade da Praia, Cabo-Verde; Colecção Sindika Dokolo | SOSO arte Contemporânea | Luanda, Angola; Arte InVisible I Feira ARCO I Madrid, Espanha. COLECÇÕES SD –Colecção Africana de Arte Contemporânea | Luanda, Angola Ellipse Foundation Contemporary art Collection _ Lisboa, Portugal Colecção BPA _ Banco Privado de Angola _ Luanda, Angola RIVA _ Colecção Ricardo Viegas de Abreu_ Luanda, Angola Colecção António Nascimento_ Luanda, Angola Colecção António Mosquito _ Luanda, Angola Hélder Batáglia Colecção Arte Contemporânea _ Luanda, Angola RÁDIO CABINDA is a video produced after an arts residence in Cabinda, Angola. RÁDIO CABINDA it’s road movie with a 5 minutes close up of a stereo radio that gives us the feeling and vibration of the travel between Cabinda and Belize, the limit village before Republic of Congo. Galeria 3+1 (Lisboa) www.3m1arte.com
Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são “colocados em gavetas”, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do “gaveta” mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio da galeria Modulo, dos artistas e da Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
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Obras de Catarina Saraiva, Pedro Valdez Cardoso e Rute Rosa
"...poucos existem que ainda saibam..."(Robert Musil) Obras de Catarina Saraiva, Pedro Valdez Cardoso e Rute Rosas A ductilidade dos materiais ou sua rigidez fixam as ideias que se conformam progressivamente no tempo. As obras de Catarina Saraiva, Pedro Valdez Cardoso e Rute Rosas, apresentadas no contexto desta mostra, evocam 2 grandes temas que atravessaram a produção artística (e a reflexão estética) no decurso do século XX e, ainda hoje, promovem debate: 1. Escultura versus estatuária versus tridimensional; 2. Desmontagem iconográfica, mítico-simbólica e semântica das obras tridimensionais. 1. A consciência da diferença tipológica, entre obras de escultura e de estatuária, implica a análise de elementos, por demais circunstanciais e determinativos, que ajudem à devida explicitação de ambas definições. A estatuária verificou-se enquanto forma/tipologia artística em três dimensões, por excelência, quase até ao século XX. Constituída, sobretudo, por imagens destinadas a desempenhar funções de valência decorativa, religiosa, política ou comemorativa; inscrita num sistema iconográfico submetido, por sua vez, a uma série de regras de arte e normas sócioculturais pré-estabelecidas e instituídas sem proporcionarem grandes dúvidas ao público em geral. Uma estátua traduzia, comummente, alguns aspectos de regularidade e remanescência estilística; tratava-se de uma figura inteira representando uma solicitação concreta conforme aos referentes: pessoa feminina ou masculina relevante (e/ou histórica), mito, herói, deus ou animal. O carácter da representação podia ser directo ou por transposição. Ou seja, consoante evocasse, de forma realística, um indivíduo histórica e efectivamente existente, portador de determinadas qualidades, protagonista de factos ou situações; podia apelar, contudo, alegórica ou metaforicamente, por convenção de base — se bem que acrescentada por alguns elementos criativos — seres imaginários ou míticos, que permitiam a classificação, em termos simbólicos e fantasmáticos, de sua pertença a substratos culturais de valor incontestável. A escultura não era, nem poderia, portanto, cumprir o papel da estatuária; não necessitava preencher qualquer função determinada por agregação de intenção; podia assumir-se como criação livre e autónoma. As técnicas a que recorre(u), os materiais a utilizar, a escala, as dimensões a determinar, as iconografias que aborda assumem-se enquanto parâmetros enquadradores para orientar a concepção e projecto a concretizar, e as suas limitações são as do acto humano artístico — possível ou decidido. A escultura, de acordo com esta definição (de abertura e criatividade), foi invenção dos povos ocidentais, opondo-se à natureza do pensamento e produtos artísticos pertença das civilizações orientais mais restritivas. Em inícios do séc. XX, os hábitos da escultura europeia reflectiam as notas qualificativas da civilização e sociedade ocidentais, que celebrava e pretendia prolongar — de forma obsessiva, é certo— a convicção intemporalizada da vida de homens e gerações, dirigindo a conversão de tempo presente a tempo futuro. Assim, se entenda que quer a estatuária quer a escultura, ocupassem estatutos relevantes nas práticas, profanas e religiosas, e na decorrência dos hábitos culturais por toda a Europa e, por extensão, em Portugal. Também se compreendem as inúmeras encomendas de natureza comemorativa ou para preservação de memórias, de teor diverso e correspondente inscrição arquitectónica e/ou urbanística. A estatuária, mais do que a escultura, pelos motivos mencionados, sempre dependeu muito de solicitações públicas e institucionais, mais do que de privados singulares. Exigia, para seu incremento, a obediência a procedimentos estipulados para o género e para a tradição formal, ainda oitocentista, quanto à diferença específica: monumento ou estátua. A escultura poderia igualmente cumprir certos propósitos, associáveis a celebrações, funções decorativas ou evocativas de âmbitos e finalidades diversos, mas concretizando-os através de outro tipo de modelos plásticos. Em meados do séc. XX português, à estatuária oficial, desajustada à evolução vivida nas artes plásticas europeias, havia que contrapor a renovação veiculada de forma mais lúcida nas artes plásticas e nas letras por intelectuais independentes. A escultura em Portugal foi um fenómeno de amplitude apenas consolidada pela geração que assumiu produção nos anos 60, salvaguardando casos paradigmáticos quanto os de Jorge Vieira, Arlindo Rocha, Fernando Fernandes... E casos de experimentalidade específica quanto os de António Pedro, Vespeira, Fernando Lanhas, Cruzeiro Seixas, entre outros. Nos anos 60 e 70 afirmaram-se identidades e ideologias, expuseram-se controvérsias, denunciaram-se situações societárias através de peças consideradas “radicais” e promotoras de iconoplastias “conceptuais”…por públicos desconhecedores e elites convencionalizadoras. As substâncias que configuraram a escultura produzida em Portugal, a partir dos anos 60, visitaram materiais inusuais, não académicos, correspondendo a intenções e conceitos decididos pelos seus autores. Assim, nas décadas sequentes, tais concretizações consolidaram direccionamentos cada vez mais diversificados e complexos, contribuindo para a afirmação definitiva da escultura e objectualidade criativa. Por outro lado, a ênfase agarrada pela escultura ao espaço que habita, determinou propostas localizadas, pensadas para “o lugar”, assegurando-lhes a sua inscrição efectiva no espaço, enfim, o que designa por instalação, site specific e project specific, obras in situ… 2. Aves, plumas e marcos funerários desmitificados…corpos, corpetes e excrescências grotescas e transfiguradoras…moldes de segmentos, fragmentação do corpo, exibição neo-barroca…são algumas das estratégias configuradoras das obras, respectivamente, de Pedro Valdez Cardoso, Catarina Saraiva e Rute Rosas. Compartilham uma visão ironista dessa efabulação representacional e instituída que consolidou a estatuária e escultura ocidentais. Tratam a desvirtuação de estereótipos, prolongados através de anos e gerações, habituação de transeuntes ou voyeurismo de elites… Simulacros de esculturas e de estatuária e monumentária…enganando pela morfologia, pela aparência distanciada dos materiais constitutivos…destroem simbolismos e vocabulários visuais gregários… 2.1. Catarina Saraiva – NEVER FIT A DRESS TO THE BODY BUT TRAIN THE BODY TO FIT THE DRESS (2004) proclamado como o “décimo mandamento” de Elsa Schaparelli evoca, na transmutação trabalhada pela escultora, o derrube de paradigmas sócio-estéticos quanto à idealização do corpo feminino na sociedade ocidental. É certo declarar-se com David le Breton que: “A imagem do corpo, é a representação que o sujeito se faz do seu corpo; o modo como ele aparece mais ou menos conscientemente através de um contexto social e cultural particularizado pela sua história pessoal.” David Le Breton, Anthropologie du corps et modernité, Paris, PUF, 1990, p.150 Igualmente, não surpreende ou se contesta, quando se lê: “Ninguém pode aceder à imagem fiel do seu próprio corpo. O meu olhar não pode explorar o que se esconde atrás das minhas costas, mas sobretudo não pode ver esse rosto que eu sou e que me exprime.” Umberto Galimberti, Les raisons du corps, Paris, Grasset, 1998, p.208 Cabe atender ao que se recebe enquanto imagem de si mesmo ou inumeradas imagens de outrem. Verifica-se um movimento duplo, ou seja: quer sejam efabulações, idealizações ou verismo de figurações, são registos paradigmáticos em redor do corpo - externalizado na obra artística. Todavia, e também, a imagética da figura humana depende e dirige, por sua vez, sua mesma conceptualização (na diversidade e
tipologias) da pessoa individual. Depende, pois reflecte a definição predominante, a cada momento, em cada capacitação sócio-cultural, correspondendo às tendências de mentalidade e predomínio dogmático e/ou mesmo, tautológico; dirige, a posteriori, manipulando, contaminando ou simplesmente influenciando a exterioribilidade do conceito em causa e acto. Desta complexidade, que é quase cúmplice, o corpo presentificado ou ausente mas apreensível em conceito serviu de receptáculo e de fuga, usou-se em conivência e provocou devaneios laterais; marginalidade interior escapando-se pela via do corpo em excrescências, e apenas, porque a alma que não se vê se redime assim pró visível. Vingando-se na aparência transfiguradora, na sua emancipação da aura (???) pois Walter Benjamin fez perceber que as auras fugiram para outros céus - e as auras talvez pudessem ser o que de mais parecido com almas visíveis se quer no humano... Tampouco quer sublimidade quanto seja excessivo esse conceito, a fazer sentir muito pequeno o humano individuado. Assim, a anuência estética concentra-se na ideia morfologizada de corpo (exterior-interior) substituto ou duplo de si que, em termos antropológico-estéticos – e portanto artísticos – destina uma substância corporalizadora no espaço do desocultamento; refaz uma ironia de si mesmo por destino; sublinha uma denúncia para quem souber, ou é uma sublime viagem iniciática. O corpo foi libertado, redimido – embora dificultosamente – pela cientificidade psicanalítica sistematizada por Freud. 2.2. Pedro Valdez Cardoso – Os corvos - BLACKOUT, 2007 - evocam quase automaticamente a imagética de Edgar Allan Põe, integrando parte do imaginário literário ocidental, na vertente “negra”, exploratória de medos, fantasias e compulsividade laceradas pelo masoquismo esteticizante; a assunção de valores plásticos combinados à perversidade ficcional, aquele fantasmático mais comummente associado às pulsões humanas primordiais. Remete, igualmente, para memórias associadas à 2ª guerra mundia, por exemplo, quando era obrigatório à população colocar materiais opacos nas janelas e portas, de modo a que não fossem assinaladas luzes visíveis em cidades quando de bombardeamentos. Assim, a historicidade surge camuflada, concentrada na iconografia de aves que, simbolicamente, endereçam para maus augúrios e superstição macabra. O ocultamente, independente das razões que o regem dirige para uma assunção de superação mediante a ironia que configuradora desta obra. Na continuidade de outras peças e projectos desenvolvidos pelo autor, reencontram-se, igualmente, tópicos de índice sociológico e antropológico na peça IN THE DARK, 2006 relacionados com motivações interculturais e a intencionalidade manifesta de, através de estratégias poiéticas (leia-se criativas) intervir e suscitar equivocidades – em termos de recepção - de significação e polissemias interpretativas quanto à descodificação imago-mental junto do público. Rituais e seus atributos impregnam qualquer civilização, conjugando vontades comunitárias e exorcizando seus medos e credibilidades. O ramo de flores tropicais promove uma emergência e imersão – paralelamente, salvaguardando a aporia – no luto, seja ele individual ou colectivo, do privado ou do mundo pós-colonial. Nesse contexto, PLAY DEAD, 2007 externaliza, materializando aspectos constitutivos de imaginários, também aqui, singulares e colectivos. Marcos funerários, lápides, obeliscos e demais elementos tridimensionais de radicação totémica atravessam gerações e periodizações históricas. No caso português, designadamente, a estatuária praticada na 1ª metade do séc. XX, com frequência se apropriou de tais elementos para lhes conferir uma pertença política e ideológica – como se avançou atrás. Considerando a adopção de materiais e vestindo morfologias tipificadas, Pedro Valdez Cardoso enfrenta tais representações, promovendo novas perspectivas de decifração axiológica e estética. A sua obra desde o início tem glosado temas que requerem desvelados ser, denunciados e ironizados através de procedimentos iconológicos. A sua produção fundase em matrizes quase herméticas, por vezes, e sempre explorando territórios de viabilidade escultórica, desconstruindo a presença escultórica e da estatuária que se convencionalizou ao longo da história da arte e da cultura ocidental. Por recurso a materiais que comportam a maior carga mítico-simbólica, o artista proporciona novas acepções conceptuais agregadas àquelas mais evidenciadoras do que as vias da hermenêutica e da semiótica, lhes confira. 2.3. Rute Rosas - Desde os primórdios foi lugar de culto. O corpo edificou-se logo nas primeiras manifestações colectivas, pautando-se pelo inefável na beleza que se esvaziava nas matérias e nos símbolos que as conformavam — máscaras, estatuetas, fetiches... Nas comunidades arcaicas e tradicionais, de componente holista, comunitária, é o corpo, mas o corpo que abarca e atravessa todos os corpos individuais: é um corpo que contém em si a herança dos mortos e a marca social dos ritos — comunicação corporal tribal. No domínio da comunicação dos signos, como no da sua apreensão e tradução, o que permitia que nos códigos fossem transmitidos e compreendidos era uma determinada função do corpo. O corpo comunitário implica uma vivência do corpo singular como não separado, não isolado das coisas e dos outros corpos. O "corpo próprio" erigido em conceito pela fenomenologia é um produto do Ocidente. Apenas pode ser pensado como tal - isolado - a “quem empresta o seu rosto”; concebível somente nas estruturas sociais de tipo individualista onde os homens se encontram separados uns relativamente aos outros, quanto a seus valores e iniciativas – na sua axiologia e na sua praxis e pragmática. A singularidade do "indivíduo" não é a de um eu com corpo distinto - com os seus órgãos, a sua pele (em devir, eu-pele, seguindo Didier Anzieu), a sua afectividade, os seus pensamentos separados do resto da comunidade - mas sim a de um corpo em comunicação com toda a natureza e toda a cultura e tanto mais singular que se deixa atravessar pelo maior número de forças sociais e naturais. Rute Rosas – FRAGMENTOS DE MIM (2007) toma a fisicalidade dividida de si mesma, sistematizando unidades individuadas do seu corpo não somente como percepto mas como vestígio directo trazido através de moldes que se quase eternalizam em substâncias volumetrizadas. Algumas asseguram-se de sua parcela divinatória, ganhando propriedade enquanto relíquias breves. Os corpos recuperam a sua completude através da separação de seus elementos constitutivos, aqueles que melhor os explicitam: mamilos, dedos que rasgam paredes; lábios – PROCURANDO CONFORTO NUM BEIJO (2006), umbigos que são metonímias…As fisionomias recorrentes do eu no corpo próprio, visto como espectador, em frente de instantâneos de razão e sensibilidade. Topos sagrados ou profanos, prata e bronze que encontram a matericidade redentora para o milénio — proposta de Calvino ou anjo de José Jimenez. E na plenitude alegórica de formas erectas, dominam as sobreposições, compactos figurais e sinalética dos corpos.
“Me levanto em teus espelhos me vejo em rostos antigos te vejo em meus tantos rostos tidos perdidos partidos refletido irrefletido…”3
Mª de Fátima Lambert Maio/Junho 2008
1 David Le Breton, Anthropologie du corps et modernité, Paris, PUF, 1990, p.150 2 Umberto Galimberti, Les raisons du corps, Paris, Grasset, 1998, p.208 3 Ferreira Gullar, “Poema sujo”, Obra Poética, Famalicão, Quasi, 2003, p. 302
Catarina Saraiva catarinasaraiv@gmail.com www.anamnese.pt
Never fit a dress to the body but train the body to fit the dress técnica mista dimensões variáveis 2004
Never fit a dress to the body, but train the body to fit the dress O título desta instalação é o décimo mandamento de Elsa Schaparelli (1890/1973), designer de moda italiana. Sendo o seu trabalho e percurso bastante influenciado pelos surrealistas e tendo colaborado inclusive com Salvador Dali. É uma instalação que pretende uma reflexão sobre o corpo e sua identidade. Constituída por cinco bustos de manequins femininos cuja ambígua presença sexuada se faz patente nas formas grotescas e disformes, aqui o corpo situa-se entre o caminho da amputação e da metamorfose questionando o género e identidade feminina. Catarina Saraiva nasceu em 1973 em Lisboa, vive e trabalha em Lisboa. Das suas exposições individuais destaca-se Entre os Actos (2008) no CAPC - Círculo de Artes Plástica de Coimbra, Specular (2007) no Módulo – Centro Difusor de Arte em Lisboa, Tänzerin (2006) no Voyeur Project View em Lisboa, Never fit a body to the dress but train the body to fit the dress (2004) no Módulo – Centro Difusor de Arte em Lisboa; bem como exposições colectivas das quais se destacam Private Office (2007) no Espaço Avenida em Lisboa, Body Sweet Body (2007) no Centro de Arte de S.João da Madeira, Sculp Your Mind (2006) na Plataforma Revólver em Lisboa, YPA – Young Portuguese Artists (2006) na Galeria MAM - Mário Mauronner Contemporary Art em Salzburgo, entre outras. Cortesia Módulo - Centro Difusor de Arte, Lisboa modulo@netcabo.pt
Pedro Valdez Cardoso pedrovaldezcardoso@gmail.com www.anamnese.pt
IN THE DARK, 2006 tecido, arame, borracha e cordão | 160 x 105 x 50 cm
Pedro Valdez Cardoso nasceu em Lisboa (1974). Licenciou-se em realização Plástica do espectáculo pela Escola superior de Teatro e Cinema e realizou o Curso Avançado de Artes Visuais, na Maumaus, em Lisboa. Das exposições individuais, destacam-se: For a Non-Audience, (c/ Francisco Pinheiro), Galerie Kollaborativ, Berlim (2008); Crude, Pavilhão Branco do Museu da Cidade, Lisboa (2007); Jogos de Caça, Módulo – Centro Difusor de Arte, Porto (2007); Livro de Actos, Centro Cultural Emmerico Nunes, Sines (2006); e Areias Movediças, Módulo – Centro Difusor de Arte, Lisboa (2005). Entre as exposições colectivas em que participou, incluem-se: Bichos, Museu Rafael Bordalo Pinheiro, Lisboa (2008); 5 Portuguese Artists, Michel Soskine Inc., Madrid (2008); Lisboa, Luanda, Maputo, Cordoaria Nacional, Lisboa (2007); 25 frames por Segundo (vídeos da colecção PLMJ), Cinema São Jorge, Lisboa (2007); Entre a Palavra e a Imagem, Centro Cultural vila Flor, Guimarães (2007); Museu da Cidade, Lisboa (2007); Fundación Luís Seoane, La Coruña (2006); e Momentos de Vídeo-Arte Portuguesa Contemporânea, Photo España, Centro Cultural Conde Duque, Madrid (2006). Venceu o V Prémio de Escultura City Desk. IN THE DARK, 2006 A peça reproduz um ramo de folhas de origem tropical realizadas em tecido de damasco preto. O tecido de uso decorativo e origem ocidental padroniza as diferentes folhas criando uma uniformização das mesmas. Deste modo são retiradas as especificidades inerentes a cada uma das espécies de flora e dada uma aparência normalizadora, apenas destabilizada pela cor negra, que dá o título à peça e traduz as questões ligadas à identidade e camuflagem implícitas. BLACKOUT, 2007 A peça é constituída por um varão de cortina que apresenta vestígios de uma cortina em pedaços de tecido rasgado. O mesmo tecido forra o varão e os três pássaros (corvos) que se encontram empoleirados neste. O negro habitual da penugem dos corvos alastra-se pelo resto da peça, em negro total. A aparência de ruína simula aparentemente um estado carbonizado. O título alude à ideia de um “apagão” (escuridão brusca e total), criando um efeito de constante jogo entre exterior e interior, pela natureza e função da cortina e a subversão do seu uso como poleiro para pássaros. Por outro lado, o termo “blackout” é usado como termo técnico em teatro (e artes do palco em geral), convocando a peça para si esta memória e possíveis metáforas, jogando ainda em simultâneo com a própria ideia de cortina. PLAY DEAD, 2007 A peça reproduz uma estrutura funerária (campa) construída em alcatifa industrial, usada frequentemente em complexos de escritórios. Parte do chão em redor da pedra tumular é também revestido a alcatifa mas numa aparência liquida, como algo que se alastra ou recolhe de ou a partir da pedra. A peça pretende jogar com questões ligadas à alienação e dormência, a par do jogo entre o conforto sugerido pela alcatifa e a arquitectura fúnebre. Do mesmo modo, o título alude a uma situação de embuste, muitas vezes usada por determinadas espécies na natureza para sobreviverem ou atacarem as suas presas. Cortesia Módulo - Centro Difusor de Arte, Lisboa modulo@netcabo.pt
Rute Rosas rrosascontacto@hotmail.com www.anamnese.pt
procurando conforto num beijo 2006 materiais: prata e veludo, entre outros.
Esculturas? Jóias? Relicários? Réplicas/recriações em prata de partes do meu corpo que podem ser dádivas de mulher: dedais de costureira, umbigos de mãe, bocas que beijam e alimentam, mamilos que alimentam e se deixam beijar, chupar e lamber pelo recíproco prazer, dedinhos que apertam a camisa do seu amor. Expressões de afecto, de vivências, de acções elementares necessárias à subsistência, codificadas plasticamente em objectos e em algo mais do que representações miméticas de meu corpo. Rute Rosas, Maio 2008 Nasceu no Porto em 1972. É Assistente de Artes Plásticas do Departamento de Escultura na FBAUP, Mestre em Arte Multimédia e encontra-se a realizar Doutoramento em Artes Plásticas – Escultura. Possui formação em Ballet Clássico, Artes e Técnicas dos Tecidos, Fundição por Cera Perdida, Resinas de Poliéster e Imagem Digital. Desde 1998 que concebe e coordena diversos cursos, seminários, faz curadorias de exposições de jovens artistas, realiza palestras em diversos países e publica artigos em catálogos, periódicos e revistas. Desde 1994 tem integrado numerosas exposições e eventos colectivos, concursos, feiras de arte nacionais e internacionais, leilões, simpósios e oficinas. Tem realizado acções performativas, happenings e projectos de arte pública. Recebeu prémios e sua obra encontra-se representada em diversas colecções privadas, instituições e museus. Exposições Individuais 2008 - não há príncipe azul no elefante cor-de-rosa, no Espaço Ilimitado, Porto. 2006 - Água de Colónia, projecto de parceria com Isaque Pinheiro, Galeria Virgílio, São Paulo, Brasil. - Abraça-me (projecto de arte pública) nas ruas de S. Paulo, Salvador da Bahia e Recife. 2005 - São rosas, Senhor! Galeria SMS. Museu Sociedade Martins Sarmento. Guimarães. - Pele de embrulho. Galeria Sopro. Lisboa. 2004 - Faço de conta que és tu.... Galerie 35. Berlim. Alemanha. - Vídeo projecções. Projecto Espaços em Branco. Galeria Cubic. Lisboa. 2003 - Por Fim. Curadoria Paulo Reis. Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho/ Castelinho do Flamengo. Rio de Janeiro. Brasil. 2002 - Dentro de Mim. Galeria Canvas. Porto. 2000 - Mamã, deixa-me andar de escultura!?. Galeria Serpente. Porto. Cortesia da Artista
Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são “colocados em gavetas”, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do “gaveta” mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 em 1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
AFRONTAMENTOS 51 Beatriz Albuquerque, Sónia Carvalho, João Cortez, Ynaie Dawson, André Fradique, Ana Fradique, João Galrão, Susana Guardado, Vanessa Muscolino, Catarina Patrício, Aldo Peixinho, Manuela Pimentel, Pauliana Valente Pimentel, João Pedro Rodrigues, João Vilhena “…O mundo quer distracção mas é preciso perturbá-lo perturbá-lo, perturbá-lo (…) Com o objecto do espírito contra o lixo do espírito com a obra de arte contra a sociedade contra a estupidez…”2 Nos inícios do séc. XX proliferaram manifestos, ultimatums, proclamações, lançados por grupos de artistas ou assumidos por artistas isolados. Entre todo uma panóplia de discursos empolgados ou de sistematizações acutilantes e lúcidas, os princípios que pautavam as actuações dos seus respectivos autores, pretendia-se atingir um público que estava por decidir. Ou seja, a noção de público(s) conformava-se enquanto uma soma de indivíduos, desconhecedores na sua quase totalidade, do que fosse arte, cultura – fossem estas fenómenos de modernidade ou vanguardas. Em cartas publicadas posteriormente, em diários ou outro tipo de registos intimistas e para “circuito fechado”, alguns modernistas portugueses assumiam-se como uma elite, cientes da incompreensão que suscitavam através da divulgação das suas ideias. O mais importante, como já afirmei noutros estudos e textos, foram os actos quanto as ideias mais do que as obras – no caso de alguns dos protagonistas de Orpheu e de Portugal Futurista, a titulo de exemplo. Ao longo do século passado, atravessando acontecimentos históricos irreversíveis e ideologizações (dês)necessárias, os artistas não largaram suas convicções e persistiram em anunciar utopias (nalguns casos), consolidar denúncias, promover actuações e apresentar produções artísticas. Enfim, geraram obras, fossem estes de valência mais estritamente conceptual ou sustentada em fisicalidades matérico-formais. As consequências traduzem-se na pluralidade e riqueza do património artístico-estético que nos procede e que, simultaneamente, nos situa…Ainda que, este “situar” possa ser alocalizável, deslocável e fugaz, verificando-se, pois e sem grande margem a dúvida, qual a extensão e pregnância entre espaço, tempo e movimento… Tanto quanto as publicações artísticas (suporte digital ou convencional) são imprescindíveis para propagar axiologias e obras, mais são convenientes acções conjugadas para apresentação autoral. Assim, entendo a presença assídua em diferentes espaços e locais das diferentes edições dos Afrontamentos, salvaguardadas as diferenças que o Zeitgeist e o Umwelt lhes conferem. Este colectivo de artistas inclui pessoas de diferentes gerações, embora de grande proximidade, manifestando-se em complementaridades de linguagens plástico-visual e em consecuções (numa leitura formalista e simultaneamente semântica) gratificantes e prospectivas. [Confronte-se o texto de apresentação, assinada pelo próprio colectivo, enuncia desde logo, os pressupostos e directrizes que têm orientado o desenvolvimento das suas ideias, desempenhos e concretizações autorais. Abstenho-me pois de repetição, remetendo para a sua leitura atenta e disponível.] As obras que integram Afrontamentos 5 desenham uma consciência societária e pessoal que não colidem ou se ignoram, antes angariam forças e geram sinergias inesperadas. Atendendo 1
O colectivo Afrontamentos tem vindo a apresentar-se em diferentes espaços, de Sul a Norte (e por aí…), integrando um número não regular, nem permanente… de artistas “residentes”. Além dos elementos que participam neste colectivo desde a 1ª edição, tem como característica endereçar convite a outros jovens criadores portugueses e de outros países. A edição 5 de Afrontamentos irá alastrar pela quase galeria, estendendo-se a outros espaços no Espaço T…saindo para fora e dentro…afrontando as leis da gravidade curatorial… 2 Thomas Bernard, Minetti, Paris, L‟Arche, 1983, pp.31-32 3
aos conteúdos iconográficos ou organizando racionalmente o que deles emana em estado de “ver mais puro e descontaminado”, confrontamo-nos com oposicionalidades, com redefinições de género e decisão, pela via de depoimentos específicos e particulares. Mas também, e mediante essas especificidades individuais, reconhecem-se compulsões e arquétipos que atravessam a condição existencial do humano. Um “humano” que de anónimo nada tem, embora ser susceptível de um processo de projecção/introjecção/…como bem se sabe. É questão de emissão estética promovida por uma intencionalidade sólida, quando de uma recepção diferenciadora, de acordo com o desconhecimento de quem sejam, precisamente os receptores, mas também a certeza de que sejam alguns deles – os utentes do Espaço T. A acção e produções do colectivo Afrontamentos permite convocarem-se as afirmações de Thomas Bernard, no seu texto dramático, Minetti:
“…Os artistas têm todos medo medo medo Arte e medo Esses homens decidem o curso da história Feridas recíprocas, sabeis Declamam em voz alta (…)3 O público que Afrontamentos pretende promover, incentivar é esse público constituído pelo “espectador activo”, como assim o designou Antoni Tàpies. Ou seja, é missão dos artistas induzir a novas assunções de si mesmo, de si na sociedade, novos desígnios e procedimentos, enfim, ao desempenho actuante sobre o “mundo”, contrariando estereótipos, convencionalismos, verdades supostas e/ou atávicas:
“Perante uma verdadeira obra de arte, o espectador há-de sentir-se obrigado a fazer um exame de consciência e a pôr em dia as suas antigas concepções. O artista deve-lhe fazer compreender que o seu mundo era estreito e abrir-lhe novas perspectivas. Isto é: levar a cabo uma autêntica obra humanista.”4 Os artistas, através das obras que se apresentam nesta mostra, convocam e utilizam sinais, cifras e codificações, ícones simbólicos, cuja origem, na maioria dos casos, retrocede aos estados mais primordiais do humano sobre terra. Assim mesmo, sua genuidade, compulsividade ou emergência, se revelam como as mais prioritárias e imprescindivéis, pois reúnem, se alimentam e nutrem – em sobreposição - as circunstâncias irreversíveis, as forças inultrapassáveis de Eros e Thanatos. Trata-se de arquétipos que reconfiguram as argumentações de C.G.Jung. Por vezes, as suas formas são “impostas” pela natureza, quer a vegetal, outras são sinais inventados para cifrar conteúdos. Mas há casos em que pelas constantes repetições e utilização destes sinais em contextos semelhantes, as “fórmulas” de associações se tornam facilmente legíveis.
“Mas a palavra”matéria” permanece um conceito seco, inhumano e puramente intelectual, e que para nós não tem qualquer significação psíquica. Como era diferente a imagem primitiva da matéria - a Mãe Grande - que podia conter e expressar todo o profundo sentido emocional da Mãe-Terra !”5 Maria de Fátima Lambert Lisboa, Março 2009
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Thomas Bernard, Minetti, Paris, L‟Arche, 1983, p.20 Antoni Tàpies, La Pratica del Arte, Barcelona, Ariel, 1971, p.20 5 Carl C. Jung, O Homem e seus Símbolos, Botafogo, Ed. Nova Fronteira, 1987, p.94. 4
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Projecto colectivo, o qual vários artistas plásticos apresentam uma obra cujo conceito "Afrontamentos" serve como matriz. Esta palavra ambígua, ganha uma particularidade plástica e conceptual ao confrontar o público com várias soluções em que é esperada uma reacção activa e não indeferente por parte deste, podendo variar do encantamento ao espanto, do erotismo à reflexão social. A intimidade é aqui questionada, assim como o conceito de espaço enquanto galeria ou espaço cultural, tendo as soluções artísticas a capacidade de o transformar, tal como o espectador, afrontado. Este Projecto pretende inter-agir com alguns centros culturais, museus e galerias, como no exemplo de "Afrontamentos 1", dupla de André Fradique e Vanessa Muscolino, na Galeria Projecto de Vila Nova de Cerveira e em "Afrontamentos 2" na Casa da Guia em Cascais, neste caso uma colectiva. Este projecto, não pretende ficar limitado a um único espaço físico, nem incluir sempre os mesmos artistas no seu projecto, conseguindo assim uma versatilidade e continuação, cruzando experiencias de norte a sul do país por parte dos artistas e do público.
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Aldo Peixinho
1- Henri Miller - Tinta plástica, óleo e acrilico sobre papel fabriano (250gramas), 70x50 cm 2- Kafka -Tinta plástica e acrilico sobre aluminium, 62x44 cm 3- Antinoo - Serigrafia sobre papel Fabriano (250 gramas), 47x29,5 cm Esta mini-instalação, composta por três peças, foi elaborada, tendo como referência obras literárias, respectivamente: “Sexus” de Henry Miller; “Aforismos” de Franz Kafka; “As memórias de Adriano” de Marguerite Youcenar. As confissões de Miller fundamentadas na sua prática tradicional, vestidas de um carácter inovador. Citando Jorge de Sena em Maquiavel e outros estudos: De um rigoroso ponto de vista, toda a gente se revela, queira ou não, mesmo em obras inteiramente alheias a qualquer intuito revelador, ou qualquer proximidade imediata com a experiência individual do autor como homem. O que nos choca é no fundo as revelações do íntimo. Cada ser humano as tem. É o íntimo, o obsceno, o “porco”. O escândalo é a experiência humana, está inerente no homem e na obra choque em Sexus, é uma visão, são sentimentos. O que me fascina é a sua pureza, é transparente como a água. Segundo Walter Benjamin, Kafka, é o comentário. Faltas de presença, vazios interiores, silêncios, omnipresenças, o significado colado às suas parábolas tornando a língua rasa como um profeta silencioso, um sábio como diria Kundera nos ensaios de Os Testamentos Traídos. A sua parábola é assim, existe, algo que ocupa o lugar de outra coisa, é alargado e projecta a sua própria dimensão, mostra-nos um caminho, é evidente. Mas no fundo é outro, é uma pirueta, é uma manobra de distracção, belas imagens de pensamento, tendo um sério problema de culpa…Como escreve Agamben, é vergonha, é o cunho humano, seriamente humano é o modernismo do homem moderno confrontado com o seu espelho interior. As Memoires d’ Hadrian (memórias de Adriano) de Marguerite Youcenar de1951é um objecto ímpar de escrita, uma obra duma beleza estonteante. Marguerite coloca o imperador Adriano a falar na primeira pessoa relatando as suas memórias. O que eu retiro desta peça é o amor de Adriano por Antinoo o seu amado “a criança” como lhe chamava, e é na realidade o capítulo mais importante da obra. O amor (...este jogo misterioso que vai do amor de um corpo ao amor duma pessoa pareceu-me suficientemente belo para lhe consagrar uma parte da minha vida...) é uma experiência comunitária entre dois seres humanos. Porém as relações entre homem e homem, ou entre as pessoas, acabam por aparecer reduzidas ao vazio, ao indiferente, estão isoladas tornam-se impenetráveis. É o mal do homem moderno, é a solidão, que está nas nossas raízes mais profundas e não existe cerimónia social, nem política que faça desaparecer com facilidade. Este amor acaba duma forma trágica com o suicídio de Antinoo. Em sua honra Adriano manda construir uma cidade com seu nome, igualando-o a um deus tornado divino. A terceira peça é precisamente o tronco da escultura monumental de Antinoo mandada erguer por Adriano em sua homenagem. A peça foi feita a partir de uma foto tirada pelo artista António Mira. A leitura deste trabalho é uma visão um pensamento, um ensaio visual que requer uma visão sem preconceitos, sem barreiras, numa tentativa de romper a solidão, de infiltrar uma espécie de mensagem de descoberta dos nossos mais profundos laços humanos independentemente do sexo, procurando uma possibilidade de auto-libertação do ser humano chamando a afectividade humana à poesia do amor, do apelo social à espiritualidade. Aldo Peixinho - Lisboa, 26 de Fevereiro de 2009
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Beatriz Albuquerque
BUTt, 2008, vídeo performance (Chicago) Esta video-performance explora a repetição do mesmo movimento da zona das nádegas, que se costuma ver nos shows de pin-ups masculinos.
João Cortêz
Édipo segundo Jocasta (Quem sai aos seus), 2009 - Acrílico sobre tela, 205x145 cm A obra que apresento faz parte de uma série que tenho vindo a desenvolver a partir do texto “Rei Édipo” do clássico dramaturgo grego Sófocles. Que conta a história do indivíduo que mata o pai e depois se casa com a mãe. Nesta série tenho feito uma espécie de encenação pictórica. Procuro construir imagens a partir de, e, com as palavras do texto. Tal como no teatro é na repetição e no ensaio da palavra que desenvolvo a obra. Esta obra faz parte da ultima fase, onde comecei a procurar o rosto das personagens. Nela apresento um possível retrato de Édipo desenvolvido a partir de uma fala de Jocasta mãe-esposa do protagonista onde ela faz uma descrição de Laio, seu ex-marido-pai: _”Era alto e na cabeça começavam a surgir-lhe as cãs.De figura não era muito diferente de ti.”_ Esta fala permite-nos visualizar uma personagem que não entra em cena, que não aparece no quadro, e remete para o seu próprio seio familiar o observador. A imagem de Édipo corresponde a de Laio com uma diferença de idades pelo meio, tal pai tal filho.
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João Galrão
Pilão, 2009 - Madeira, 180x94x16 cm Pilão é uma peça em laminado de madeira, em que uma silhueta de um pénis em forma gráfica é apresentado. O seu interior é vazio e a forma oca. A representação deste símbolo tem sido uma constante no ponto de partida dos meus trabalhos no Projecto Afrontamentos. Interessa-me as questões associados ao comportamento social e a moral em relação a este símbolo, e ao preconceito e tabus associados, geralmente pouco aceites na comunidade e olhados e interpretados como negativos e mesmo censurados na nossa sociedade contemporânea. Em contraponto este símbolo era usado na nossa antiguidade como culto pagão em que o "falo" era usado como símbolo de fertilidade e união das culturas ancestrais.
João Vilhena
Untitle Fuck of 1/ 2, 2009 – acrílico s/ madeira, 100x76x7cm/71x71x7cm Integrado nas interrogações sobre género, João Vilhena refugia-se no rigor essencialista para fazer considerações sobre o tema " Afrontamentos", tema esse da autoria do artista e comissário João Galrão, para esta mostra. O trabalho de João Vilhena, desloca-se em considerações relativas á pintura e fotografia. Em trabalhos anteriores foram visitados temas, personagens e pontos de vista. Actualmente a pintura de João Vilhena, avança num discurso sobre o que não se vê. Cada pintura tem dezenas de camadas de acrílico e aguada sobre madeira para remeter para o universo dos anos 30, durante a grande recessão.
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João Pedro Rodrigues
Discussão, 2009 - Receptáculo em Vidro, Base em Ferro, Motor de Oxigenação, Vidro Estilhaçado, Pedras, Madeira , Peças em Cerâmica e Água, 1,90x0,30x0,30cm Discussão - Projecto “Universos” 2009 João Pedro Rodrigues expõe " Universos". Neste seu último ensaio, tenta recriar diferentes realidades, lugares e situações. Liga os elementos da natureza: a Água, a Terra, o ar e a luz. Em receptáculos de vidro, surgem elementos vegetais suspensos numa atmosfera auto sustentável isolados da presença humana, noutros, o Homem discute num ambiente invertido, isolado e despojado de vida... No trabalho “Discussão” João Pedro coloca num ambiente estéril um trio de humanos com diferentes visões acerca de realidades que os rodeia, a eterna discussão, a imposição dos seus universos, o enraizamento de conceitos que os torna incapazes de aceitar outras esferas.
Pauliana Valente Pimentel e Catarina Patrício
Sem título, sem data - Técnica Mista S/ papel, 112X250cm
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Manuela Pimentel
Os jardins são de cimento? 2007, Técnica Mista s/tela (resina s/acrílico s/cartazes), 120x 150cm Fixação Proibida É nas paredes frias que se reflectem as marcas do tempo. Nas intervenções públicas urbanas do nosso quotidiano, com e sem consciente de sentido. As ruas transformam-se em corredores sem tecto, nós em habitantes avulsos. As paredes parecem habitar-nos por fora! O meu trabalho reflecte-se na luz dos Azulejos, e o que escuto é a minha crítica sobre o que vejo. Num encontro casual e inesperado dos sentidos, leituras e significados, são os pontos que me motivam e conduzem à prática da repetição da mensagem: uma forma de leitura visual contínua inserida num contexto real da sensibilidade e observação. Tenho nos azulejos portugueses o meu pretexto, transmitindo o que nos dizem as ruas. As fachadas, bem como os cartazes que maltratam os azulejos, são aqui expressões do que as paredes nos dizem. A comunicação, os folhetos informativos, os grafittis ou as manifestações das pessoas, que quando já não têm azulejos semelhantes colocam outros no seu lugar, fazem também parte deste universo. É uma procura de um percurso nestes desenhos, mensagens, nos ritmos da repetição existentes à nossa volta, em lugares como a Baixa Portuense ou o Bairro Alto em Lisboa, o que se respira entre paredes que falam através das intervenções que se inscrevem desenfreadas pelas fachadas de Azulejos Tradicionalmente Portugueses. E então encontro a minha observação envolta das histórias das coisas e do que resultam, são estes os pontos que entranham a minha vontade de falar mais alto, de sentir e de gritar...
Susana Guardado
Fama #01, 2009 – Papel, 50x60 cm / 70x50 cm Carta de recomendação do critíco Alexandre Melo para candidatura de Susana Guardado ao "Projecto em Curso" no Rio de Janeiro, Brasil, 2008/2009, mais declarações escritas dos seguintes artistas: Carla Cabanas, Catarina Botelho, Miguel Bonneville e Ynaiê Dawson, sobre a referida carta. 10
Sónia Carvalho
N a t u r a l B o r n K i l l e r # 1, 2006 - L a m b d a P r i n t, 98cm x 102cm N a t u r a l B o r n K i l l e r # 2, 2006 - L a m b d a P r i n t, 98cm x 102cm “A prática de Sónia Carvalho (1978) ancora-se em múltiplos meios de expressão, embora sobressaiam a pintura e o desenho. Porém, é o potencial da dimensão performativa que a artista explora – por exemplo, as intervenções de natureza pictórica remetem para a performance, entendida enquanto acção individual ou colectiva que envolve quatro elementos fundamentais: tempo, espaço, o corpo do(a) performer e o relacionamento existente entre este(a) e o público. Daí que o plano da imagem, tanto nas suas pinturas como nos seus desenhos, consista na representação de um dado personagem, a maioria das vezes protagonizado pela própria artista, a executar uma qualquer acção. A silhueta gizada através da linha, em traço próximo da estética underground típica das fanzines, complementa-se com as extensões corporais esboçadas pela mancha, que caracterizam tanto física como psicologicamente o(a) retratado(a). Trata-se de objectos de uso quotidiano, evocativos do modelo comunicacional definidor da contemporaneidade, como megafones, que aumentam o desempenho do corpo quando a ele acoplados, instituindo-se em metáforas da conexão verificada entre a artista e o espectador dos seus trabalhos. (...)” Miguel Amado, revista internacional de arte contemporânea “ExitExpress”, Maio de 2006.
André Fradique
Magna Mater, 2009 – 121x11x56cm - fibra de vidro, madeira, ferro e flores. Esta peça é um ícone que questiona e faz a inversão conceptual das influências dos cultos populares portugueses. 11
Vanessa Muscolino
I’m so happy!, 2009 – 38 folhas A4, papel e tintas de água, dimensões adaptáveis Conheci hoje o espaço T (desculpem-me a ignorância) e para dizer com franqueza fiquei Toda AfecTada de sorrisos e alegria. Numa sociedade em que o T (ideológica e politicamente aceite) de Ter se sobrepõem ao S de Ser confesso sem pudor que a minha peça “I‟m so happy!” encontrou-se aqui… na medida possível em que as peças encontram “o seu” espaço também. Esta peça teve como motor de arranque a queda voluntária mas radical na simplicidade; na vontade de partilha; no desejo de dádiva. Para o efeito, utilizei materiais comuns, baratos e quotidianos (tintas de água, papel A4). Poderei dizer que o paredão I‟m so happy! é o resultado materialmente possível da falta de artifício absoluto a que propus no último ano. No sentido em que a(s) arte(s) é, no seu extremo, o manuseamento hábil e sociológico do artifício, este T (decidido hoje) encontra-se no pólo oposto, usando da minha liberdade enquanto artista. T de tinta, T de trabalho, T de Tu e eu (em alguns dias de tola também)… E T de todos, onde os bichos/pessoas podem ter em simultâneo, pernas e asas, riscas ou bolas, duas, três ou quatro patas! Árvores com olhos ou cactos que afinal querem ter focinho. Este “I am so happy!” (ele mesmo) transformado em T como agradecimento a vocês Espaço T! Bem hajam!
Ana Fradique
Branca de neve e não só - 4 fotografias, 40x60 cm (cada) Branca de Neve e Não Só é uma série de fotografias em que um homem e uma mulher se encontram nus sobre a superfície de um lago gelado. Juntos suportam o contacto directo da pele com a neve que os rodeia. Hesitam procurar outro lugar ou ficar ali, no imenso branco e despovoado. Talvez não possam escapar à brutalidade do longo Inverno, nem ao desejo um do outro. Este trabalho, cujo título pode ter várias leituras, troca a condição humana por animal, e leva a relação com a natureza ao extremo do choque térmico.
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Ynaie Dawson
Eros x Thanatos, 2009, madeira e maças, tinta dourada comestível, dimensões variáveis. A instalação consiste em uma maçã, feita em madeira maciça, ligeiramente agigantada, com as letras a, m, o, r, t, e, inscritas em seu redor, podendo-se ler „amor‟ e „morte‟. Ela encontra-se suspensa em meio a uma série de maçãs verdadeiras, douradas (com corante comestível), também elas suspensas no espaço, gravitando à espera de serem colhidas e degustadas pelo público. A eterna relação dialéctica entre amor e morte é explorada nessa peça a partir da simbologia em torno da maçã: uma primeira referência diz respeito à maçã da discórdia, que dá origem ao início da guerra de Tróia. Quando Paris, príncipe desta cidade, é incumbido de oferecer uma maçã de ouro à deusa mais bela entre Afrodite, Hera e Atena, ele acaba por escolher a deusa do amor e, em troca, é-lhe oferecido o amor da mortal mais bela, Helena. Entretanto Helena é casada com Menelau, rei da Grécia e o rapto dela por Paris faz com que Menelau, enfurecido, resolva invadir Tróia para resgatá-la, dando início à guerra entre gregos e troianos. Uma guerra, que por mais razões politicas que estivessem em causa, acaba por ser impulsionada pelo amor... A proposta de oferecer as maçãs diz respeito já à segunda referência (inevitável), da maçã enquanto símbolo do conhecimento. Tendo em consideração a origem etimológica das palavras „saber‟ e „sabor‟ – o vocábulo latim sapere – proponho o compartilhar do saber através do sabor, a partir de uma reflexão entre as associações do amor com a morte e a violência.
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Aldo Peixinho Nasceu em Cascais em 1976. Vive e trabalha em Lisboa. Frequentou o Centre Culturel de Boulogne-Billancourt. aldopeixinho@gmail.com João Galrão Nasceu em Sintra, 1975. Vive e trabalha em Lisboa. 1993/1996 - Curso de Conservação e Restauro do Património Edificado na EPRP de Sintra, Portugal 1996/2001 - Curso Avançado de Artes Plásticas do Ar.Co, Lisboa, Portugal www.galeriagracabrandao.com/ galgb@mail.telepac.pt http://thechemistry.cz www.joaogalrao.blogspot.com www.myspace.com/joaogalrao www.joaosintra.multiply.com Beatriz Albuquerque Nasceu no Porto em 1978. Vive e trabalha no Porto e Chicago. Licenciatura em Design (2003) Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. 2006 Master of Fine Arts, the School of the Art Institute of Chicago. beatriz_albuquerque@hotmail.com www.beatrizalbuquerque.web.pt Galeria 3m1: http://www.3m1arte.com Sónia Carvalho Nasceu em Fermonde em 1978. Vive e trabalha no Porto. Licenciada em Artes Plásticas pela Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha e em Pintura pela Escola Superior Artística do Porto. Bolseira do programa Erasmus pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Complutense de Madrid. Actualmente lecciona na Escola Superior Artística do Porto (extensão de Guimarães). Rua da Igreja, 584 - 4415 - 106 Sermonde info@soniacarvalho.com www.soniacarvalho.com Galeria Plumba: www.plumba.net Ynaiê Dawson Nasceu em São Paulo, 1979. Vive e trabalha em Lisboa. Maumaus – Escola de Artes Visuais, Lisboa, 2006-2007; Pós-Graduação em Fine Art Media, Slade School of Fine Art, UCL, Londres, 2003-2004; Fotografia, UNESA, Rio de Janeiro, 1999-2002. Rua de São Marçal, 101 / 1o 1200-420 Lisboa/Portugal +35 1 91 788 1734 ynaie.dawson@gmail.com http://ynaiedawson.blogspot.com Manuela Pimentel Nasceu no Porto em 1979, onde vive e trabalha. Bacharel do curso de Desenho da Escola Superior Artística do Porto (99/02). Licenciatura em Artes Plásticas, com especialização em Litografia, Serigrafia e Arte Multimédia, na ESAP(02/03). www.impressoesderisco.blogspot.com www.joaopedrorodrigues.com – galeria 14
André Fradique Nasceu em Lisboa em 1976, onde vive e trabalha. 2001 - Bacharelato em Realização Plástica do Espectáculo, Escola Superior de Teatro e Cinema, Lisboa 1996 - Curso Técnico de Conservação e Restauro, Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra, Especialização em Pedra. 1994 - Trabalho de escultura no Centro Internacional de Escultura, Pêro Pinheiro. 1993 - Curso de Desenho com o mestre de escultura Anjos Teixeira, Casa-Museu Anjos Teixeira, Sintra R. da Pedra Abelha, 71, Negrais 2715-334 Almargem do Bispo – Sintra andrefradique@hotmail.com http://www.andrefradique.blogspot.com http://andrefradique.hi5.com http://www.andrefradique.multiply.com http://www.bienaldecerveira.org Susana Guardado Nasceu em Sintra em 1971. Vive e trabalha em Lisboa e Rio de Janeiro. Sintra, Aulas de Desenho com o Mestre Escultor Anjos Teixeira Lisboa, Frequência do Curso de Desenho da Sociedade Nacional de Belas Artes Lisboa, AR. CO; Workshop de Photoshop Lisboa, Ar.Co.; Curso de Escultura Lisboa, Ar.Co.; Fase Avançada de Artes Plásticas Lisboa, Curso Intensivo de Multimédia da Fundação Oliveira Martins (com componente pedagógica), creditado pelo Centro de Emprego e Formação Profissional. Lisboa, Curso de Tratamento Digital, CENJOR Rua Cidade Benguela Lt 292 A r/c Esq. Olivais Sul 1800 Lisboa Galeria 3m1: http://www.3m1arte.com sugulab@yahoo.com Pauliana Valente Pimentel Nasceu em Lisboa em 1975, onde vive e trabalha. Curso de fotografia da Gulbenkian no âmbito do programa de criação artística, coordenado por Sérgio Mah Assistente do fotógrafo Andrea Pistolesi em Portugal, México e Itália Workshops de Fotografia (TPW) em Itália, com David Alan Harvey (“How to create a photographic book”) e Andrea Pistolesi (“Easter Processions in Sicily”). Workshop de Fotografia em Lisboa na ETIC, com Alex Majoli e Eric Lessing (Magnum). Organização/ Participação do workshop “LisbonLight” com David Alan Harvey (Magnum) em Lisboa. Curso de Tratamento Digital do CENJOR. Workshops de Fotografia (TPW) em Itália, com Amy Arbus (“Easter Processions in Sicily”) e Bob Sacha (“Street Life in Sicily”). Curso de Fotojornalismo do CENJOR. 2002 - Workshop com David Alan Harvey (Magnum e National Geographic) em Lisboa onde foi convidada para ser sua assistente de fotografia em Lisboa durante 2 semanas. 1993 -1995 -Curso de Desenho e Pintura na Sociedade Nacional de Belas Artes. 1993 -2005- Licenciatura e Mestrado em Geologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa pauliana@yahoo.com http://www.programacriatividade.gulbenkian.pt/arquivo_fotografia_detalhe.asp?id=pauliana_valente_pim entel&num=39&area=arquivo Galeria 3m1: http://www.3m1arte.com
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João Pedro Rodrigues Nasceu em 1967, Rambouillet, França. Vive e trabalha no Porto. Licenciado em Artes Plásticas pela Escola Superior Artística do Porto (ESAP), com especialização na área de: artes performativas, arte e multimédia e serigrafia. Bacharelato na área do desenho - ESAP - PORTO Curso de Artes Visuais - Escola Sec. Soares dos Reis Especializada no Ensino Artístico. Curso de Realidade Virtual (3D StudioMax, Bryce 5) Microcamp internacional - Porto 2004 Curso de formação pedagógica de formadores - (C.A.P) - instituto de artes e ciências - Porto - 2003. Curso de escultura - Centro de Estudo da Pedra (C.E.P), Matosinhos -1995. www.joaopedrorodrigues.com http://joaopedrorodrigues.multiply.com/ João Vilhena, 1980 Vive e trabalha em Lisboa e Nova Iorque. 1996/ 2001 - Sculpture Studies and Advanced Art Course, Ar.Co School of Art and Visual Communication, Lisbon, Portugal. 1995/1996 - Lightening and Camera Studies, Logomedia Productions, Lisbon, Portugal 1994 Summer Drawing Course, Ar.Co School of Art and Visual Communication www.joaovilhena.carbonmade.com www.freewebs.com/joaovilhena www.apintofblood.blogspot.com joao_vilhena@yahoo.com Ana Fradique Nasceu em Sintra, em 1984. Attending Maters's programme in Environmental Art at University of Art and Design of Helsinki (TAIK) and doing Leonardo Da Vinci european programme at Nunes Gallery, in Helsinki. In 2008, concludes Licenciatura degree in Painting at Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (Faculty of Fine Arts, University of Lisbon - FBAUL). Group Show "Quintanistas ponto final" at Galeria do Casino, Estoril. "Sondas" solo exhibtion at Corrente d'arte gallery, Lsibon. In 2007, Selected By ELIA (European League of Institutes of the Arts) for Hotel Bloom project, Brussels, Belgium. Erasmus Programme scholarship 2006/2007, at Institute of Fine Arts, Lahti University of Applied Sciences, Finland. ana.fradique@gmail.com João Cortêz Nasceu em 1972 e vive em Mafra Frequentou o 1º ano do curso de desenho S.N.B.A. joaocortez@joaocortez.info www.joaocortez.info Agradecimentos: Galeria 3m1 - Lisboa Galeria Graça Brandão - Lisboa/Porto Galeria Jorge Shirley - Lisboa E, muito em especial à colaboração "desafrontada/coordenada" de João Galrão, Beatriz Albuquerque, Ynaie Dawson, Vanessa Muscolino, Manuela Pimentel, André Fradique e João Pedro Rodrigues, aqui no Porto, ao longo destes dias... Finalmente, um muitíssimo obrigado ao José Mário Brandão.
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3 Viagens pelo Eu dos Eus RACHEL KORMAN, HELENA MARTINS-COSTA E TATIANA MACEDO
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Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são ―colocados em gavetas‖, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do ―gaveta‖ mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 +1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto 2
construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
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3 Viagens pelos eus do eu ―3 viagens pelos eus do eu‖, integrando obras das artistas plásticas Helena Martins-Costa (Brasil), Rachel Korman (Brasil/Portugal)e Tatiana Macedo (Portugal) apresenta trabalhos de fotografia e um vídeo. ―There is no perception in the absence of the body. Nevertheless, any number of modern commentators have claimed that the rise of aesthetics in the eighteen century depends on the repression of the body.‖1 ―Toda a descida em nós mesmos é simultaneamente uma ascensão, uma assumpção, uma vista do verdadeiro exterior.‖2 A pessoa retrata-se, apresenta-se ou representa-se quanto mostra suas decisões sobre o congelamento dos outros que povoam seu quotidiano ou se atravessam em lugares do passado. Sempre apropriação possível, afinidades lúcidas ou consolidação de si. No confronto das imagens das três artistas desconhecem-se as razões efectivas dos lugares, suspeita-se dos enredos próprios ou anónimos, promovendo novas iconografias e interpretações. O artista não está isento dos ―condicionalismos sensoriais‖ (Edward T. Hall3); está sujeito às suas experiências diferenciadas, o que sucede pelo simples facto de os homens vivenciarem, habitarem em mundos sensoriais específicos e diferentes. Os condicionalismos da percepção, quer do corpo próprio, quer dos outros corpos, do corpo-outrem, clarificam a verdade que a percepção é cultural e diferenciada. As mensagens registadas no ―eu‖ pelos órgãos sensoriais, logo a elaboração psicocognitiva e demais ilações, resultam de uma representação do mundo plural e multicultural.4 Na Arte, o corpo é ―objecto‖ enquanto pode ser considerado (e decidido) através de diferentes estratégias que respondem a outras tantas e várias intencionalidades (por parte do artista/autor). A sua fixação, a captação e o registo do corpo como imagem pode revestir-se de apropriações, entre outras, como as que seguem: - em movimento, em quietude — conceitos labanianos; - instauração/constituição de gestos - continuidade/descontinuidade dos movimentos; - configuração/composição da pose (encenação géstica) – imobilização, duração e dissolução; - recriação quer do movimento, quer da quietude — mesmidade, alteridade ontológico/estética, 1
Tobin Siebers, “Introduction: Defining the Body Aesthetic”, The Body Aesthetic – From fine art to body modification, Michigan, The University of Michigan Press, 2000, p. 1 2 Novalis, Fragmentos (trad. Mário Cesariny), Lisboa, Assírio & Alvim, 1986, p.14 3 Cf. Edward T. Hall, La dimension cachée, Paris, Ed. du Seuil, 1978, cf. Chap. 9, pp.129-130: "C'est à se fondement sensoriel préculturel que le savant doit inévitablement se référer lorsqu'il compare les modèles proxémiques. Le premier, infraculture, concerne le comportement et il est enraciné dans le passé biologique de l'homme. Le second, préculturel, est physiologique et appartient essentiellement au présent. Un troisième niveau, microculturel, est celui où se situent la plupart des observations proxémiques. (...)" 4 Cf. António Pinto Ribeiro, Corpo a corpo – possibilidades e limites da crítica, Lisboa, Ed. Cosmos, 1997, p.118
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com o intuito, intenção de cumprir: - desenvolvimento de um trabalho performático possível; exercício de exploração/conhecimento — auto-gnósico — do corpo próprio; - elaboração exterior dando visibilidade para outrem — constituição intersubjectiva, no campo societário, cultural...
A afirmação do corpo em imagem – no caso das 3 artistas nesta mostra – demonstra a consciencialização de si como acto singular, único e exclusivo. O que não indispõe quanto à sobrevivência de modelos reconhecíveis nos outros – sejam estes denominados ou ausentes de identificação. O artista, ao usar-se como objecto a converter em obra5, mostra ser imprescindível a convocação de um ―quase arquétipo‖ particular. Verifica-se distintamente que a imagem internalizada do "corpo próprio" (conceito introduzido por M. Merleau-Ponty) se institui como: — representação (interior/mental)que o sujeito se faz do corpo enquanto aparência; — modo como se comparece perante si configurado: integra as 3/4 acepções do corpo — real, imaginário, idealizado >>> simbólico —, num contexto social, cultural, particularizado pela sua inscrição, história pessoal; — presentificação totalizadora (em unidade interna/externa) perante os outros, implicando actos de decisão artística e estética. Como tive, já anteriormente, oportunidade de assinalar, alguns dos eixos de sustentação para a definição estruturada, existencialmente e analiticamente, da imagem do corpo podem enunciar-se: 1) pela organização em torno de uma forma destacada: sentimento de unidade das diferentes partes do corpo ("desarticulação" - José Gil), da sua apreensão como todo, dos seus limites, do seu contorno preciso no espaço e 2) pela propriedade/posse substancial de um conteúdo — corpo continente de si mesmo >>> imagem do corpo como um universo coerente e familiar onde se inscrevem sensações previsíveis e reconhecíveis... 3) pela concepção epistemológica do saber: conhecimento pelo sujeito, ainda que rudimentar, da ideia que a sociedade se faz da espessura invisível do corpo; saber daquilo que o constitui, como agenciamento de órgãos e funções... Também para o artista, a imagem e a definição do corpo que o sujeito elabora, decorre de diferentes fontes: a) dos outros em presenças efectivas; b) do confronto com as imagens ―mediatizadas‖ dos outros: — criação/celebração de idolatrias; — criação/estipulação de modelos; — criação/interiorização de estereótipos. c) do próprio:
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(A contemplar, a ver, tanto por si mesmo, após sua externalização em imagem, como pelos espectadores.)
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— imagens segmentadas, parcelares, visionadas sobre si mesmo – de acordo com a perspectiva descensional sobre o próprio eu – dirigido o olhar sobre si que não instituem a completude do euimagem-todo; — imagens reflectidas em superfícies especulares; — imagens-retratos (fotográficos e videográficos)…
Não seja de surpreender, pois, que fotógrafos quanto pintores e outros tenham realizado série infinitas de cativação de imagens de si. Nem todas as imagens de si mesmo são auto-retratos, no sentido mais literal do termo. O auto-retrato, recorrente e transversal na História da Arte Ocidental envolve, designadamente na época contemporânea e na actualidade, uma atitude interior — consciente ou inconscientemente potencializada com intuito de demonstrar a "corporeidade própria"6.
Tatiana Macedo A pessoa pensa-se a si mesma. Procura-se a pessoa, nunca ou somente uma paisagem, dizia Bernardo Carvalho em Mongólia. Si mesm(a)o busca-se de dentro para fora, revendo-se em outrem e regressando a si, tendo passado pelos outros do outro. Na viagem por si, o corpo torna-se exploratório, além do tempo e no espaço. O corpo pode aceder a posturas de quase ―loucura‖, reencarnando situações vividas por outrem, absorvendo-as e devolvendo-as com genuinidade. ―Se o nosso corpo, em si mesmo, não é senão um centro de acção comum dos nossos sentidos – se nós possuímos o domínio dos nossos sentidos – se os podemos fazer agir à vontade – se os podemos centrar em comunidade, então não depende senão de nós darmos a 7 nós próprios o corpo que queremos.‖
As Séries apresentadas por Tatiana Macedo: “Mental Disorders for the camera”, “Tensões Corpo/Objecto” e “Polaroid Studies: Tensões Corpo/Objecto” possuem denominadores comuns. O corpo próprio é encenado, cenário; ou seja é, simultaneamente sujeito e objecto; é próprio e alheio. 6
Descoberta da constituição do "meu próprio corpo" — Paul Valéry. "No término da mente, o corpo. Mas no término do corpo, a Mente." 7 Novalis, Fragmentos (trad. Rui Chafes), Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, p.51
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O registo do corpo nestas imagens fotográficas explora o espaço de envolvência, localiza-se assumindo uma propriedade sobre as coisas – por exemplo o televisor, o balde, os sapatos ou as botas. Esses objectos conduzem à diferencialidade relativamente ao corpo, promovendo-lhe a singularidade, conferindo-lhe uma corporalidade intensa; proporcionam através de uma vontade decisória e ironista (caso de Polaroid Studies) que conduz o registo supostamente ―espontâneo‖, a convicção definitiva e identitária – recordem-se as imagens fotográficas de Erwin Wurm. O gesto - movimento e rosto - é simultaneamente significante e significado. Oferece ao corpo um outro tipo de universalidade, a de uma "lógica do sentido" que lhe permite operar passagens de um código a um outro sem recurso a uma grelha transcendente. Esta propriedade do corpo traz a marca da cultura, de uma distância com a natureza que, aliás a organização do corpo humano permitiu.
As fotografias correspondem a etapas vivenciadas – umas mais directamente imputáveis à identidade própria da artista, outras pretendem-lhe uma desafectação, um distanciamento. Todavia, as marcas da pessoalidade criativa encenam-se em poses caracterizadoras de uma assunção do corpo próprio que se relaciona com uma exploração coreográfica além da exploração perfomática. Existe uma certa generosidade relativamente aos outros que são o eu. As colocações outorgam uma presentificação, uma apresentação e, numa percentualidade menor, uma representação. Une-as o desempenho que é registado em tempos e condições criativas diferenciadas. Nuns casos, a aparente instantaneidade das polaroids cumpre a concretização morosa e elaborada da Série conclusiva. Mas possuindo em si um hieratismo estético decisório. Não são imagens transitivas mas estabelecidas, independentemente da duração do pensamento, das argumentações conceptuais que as antecede em termos de concreção. Organizando a passagem do olhar do espectador pela contemplação das fotografias sequencializam acções cinéticas que ultrapassam a imobilidade do registo. O movimento precede e sucede à fixação, estabiliza-a e garante-lhe pessoalidade.
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Rachel Korman A pessoa deixa vestígios de si, algures, nenhures…para que alguém se apresse e os veja ou deles se aproprie. Atenção, pois os vestígios podem esvanecer-se demasiado rapidamente…. Aí, a pessoa dissolve-se (isto é 1 pergunta…). Uma das modalidades através das quais, a fotografia se relaciona com o ―real‖, cativando-o, é pelos vestígios, pelos rastos, pelas marcas, assinalou Philippe Dubois. A Série Vestígios vem sendo construída ao longo de anos, à semelhança das pequenas aderências que o tempo nos regala. Os vestígios, que deixam marcas no solo, instituem-se como imagens do corpo. O corpo existe, é usado em acções (quase performances). Os elementos naturais acolhem o corpo da artista e deixam-se penetrar, efectivando a sua força mítica. É caso de forças cosmogónicas quase: neve [água], areia [água + terra], flor de sal [água salina] e relva [terra brotando da água]. A ductilidade da matéria condiciona a morfologia dos vestígios gerados. O corpo lançase e permanece, na decorrência de uma osmose que é ritual. Fica para os demais o registo do acto e da acção na obra. Lembra o Fausto de Goethe, quando se refere às condições e impulsos da criação por analogia à Criação divina: "No princípio era a Acção!"8
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Goethe, Fausto, "Quarto de Estudo" (1250-1264), Fausto (trad. de Agostinho d'Ornelas), Coimbra, Universidade de Coimbra, 1953, pp.60-61
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A imagem externa (tornada exterior) é fisicalizada/corporeizada em relação à concepção da imagem interna, com a conformidade (credível e legitimadora) da interioridade – compleição da auto-imagem mental/profunda. Presencia-se um processo que materializa a ideia (=imagem mental antecipatória) que, por sua vez, ao aprofundar-se, somente subsiste enquanto imagem. Mas as imagens são esculturas em reverso, em molde negativo. Não se dissolvem em cavidades geometrizantes: as marcas antropomórficas asseguram nas 4 imagens que o corpo/identidade é um e o mesmo mas, simultaneamente, garantem-lhe diversidade. Quem é o título da obra que complementa a intervenção de Rachel Korman. Consiste numa composição de fotografias, tipo passe, cujas dimensões são 3x4 cm, percorrem um arco temporal iniciado aos 5 anos de idade e que se desenha até aos 50 anos. A artista interferiu nas fotografias ao lhes infligir uma aceleração que funciona em termos perceptivos. Ou seja, não se trata de uma temporalização de sequência de imagens como se de um diaporama se tratara – o que permitiria aos espectadores aperceberem-se dos detalhes fixos e estabilizados de cada uma das fotografias. A aceleração, que lhes conferiu gera sobreposições sucessivas, impede o reconhecimento individuado de cada unidade/fotografia. O empastamento das imagens evidencia a não-consciência diária da passagem do tempo na vida. E uma metáfora da vivência do tempo subjectivo… A existência sonora Quem? Deixa igualmente de ser perceptível em termos auditivos, dês-reconhendo o significado da palavra. Duplo empastamento, dupla contaminação: indistintas unidades fotográficas e indistinta interrogação sobre quem [é]…
Quem… .
Helena Martins-Costa “Les visages font-ils partie du coprs? Parfois j’en doute. Ils semblent sans le poids du reste. Ils viennent directement du démoniaque et de l’angélique, d’en bas et 9 d’en haut; le reste est seulement terrestre.”
Os rostos não estão; foram erradicados da imagem fotográfica. Os rostos existiam nas fotografias originais, fotografias essas das quais Helena Martins-Costa se apossou. A identidade dos fotografados dissolveu-se no tempo e no espaço – na história, não possuindo tampouco um título.
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Guido Ceronetti, Le silence du corps, Paris, Albin Michel, 1984, p.56
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Sem título, sem identidade, sem nome: poder-se-ia pensar. É em tudo o contrário. Pois alguém, a artista, decidiu e agiu, apropriando-se de fotografias inominadas e sobre elas foi agindo. Questione-se qual o significado – para os espectadores – destes corpos truncados, cujos rostos foram expulsos. Os rostos, as faces que, de forma convencional, são os elementos mais facilmente denunciadores das identidades singulares. Esta acção é, irreversivelmente, premeditada. Pretende-se intensificar a vicissitude de anonimato, desidentidade dos corpos. A leitura que se desenhe pode não ser literal, melhor, será quase certamente questão polissémica. Para lá daquilo que é preconizável, do que corresponderia às expectativas cognoscíveis aos contempladores, o confronto com corpos de ―cabeça seccionada‖ organizam uma nova ordem de compreensão, uma extensibilidade do que seja a apreensão individuada da pessoa humana. Pense-se quão frequentemente, os rostos não servem para enfatizar a personalidade…quanto podem dissimulá-la, torná-la ilusória. A ausência de rosto completo – nalgumas imagens a cabeça ainda deixa vislumbrar o queixo – obriga a uma focagem mais atenta ao corpo visível.
Corpo travestido pelos cânones da moda de época, atravessando desde a década de 10 até aos anos 40 e/ou 50 do séc. XX. Os adereços denunciam o período em que os
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fotografados tenham vivido. Nalguns casos, as fotografias procedem de famílias da alta sociedade paulista. Outras, advêm de lugares e tempos desconhecidos totalmente. Padrões de comportamento, colocações de corpo que rectificam estipulações psico-societárias, atitudes que denunciam sensibilidades ou circunstâncias potencializam interpretações que transcendem em muito a condição óbvia do visualmente percepcionado sem mais. Considere-se que os corpos inominados são duplamente desidentificados… mas essa certeza é apenas uma pseudo-condição, algo que não corresponde exactamente à situação. A identidade passa a ser outorgada, registada por mão da artista que se converte em autora pois decidiu distintos actos que transfiguraram as fotografias iniciais. A recepção do real passa pela transfiguração mantendo dados genuínos das fotografias originais. As marcas da passagem do tempo sobre as matérias fotográficas são preservadas. Não há restauro, não existe apagamento dos sinais que garantem a autenticidade, garantindo pois que houve identidade para além da projecção de teor auto-presentativo que a intencionalidade e a consequente acção da artista concretizou. Não se trata de auto-retrato ―directo‖, nem mesmo intermediado mas localiza-se na ordem da projecção identitária que sublinha a propriedade autoral.
CODA As viagens pelo eus do eu dependem do eu e da substância que o recebe O conceito de figura, nas diferentes acepções, revoluciona-se. Atendendo ao estudo do retrato na pintura renascentista, nomeadamente em Leonardo da Vinci, verifica-se a preponderância atribuída no todo, à fisionomia — em termos de percepção visual deliberada — e particularmente à representação da boca e dos olhos. Os olhos constituem-se, segundo o autor, órgãos privilegiados, demonstrando importância crescente na cultura erudita da época e posteriormente. No século XVI, o retrato individual apresenta-se como fonte e tema, fundamentais da pintura, liberto das referências, quase exclusivas e obrigatórias, até então, da figuração religiosa. Através da consciência de individuação pelo corpo, chegou-se à individuação pelo rosto, em que se inscreveu primordialmente o olhar, como a parte do corpo humano mais individualizada, a da suprema e irrefutável singularidade. Em 1543, na obra De Corpus humani fabrica, Vesálio determinava a distinção implícita
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entre o homem e o seu corpo. O homem passou a ser fonte de um dualismo que encarou o corpo isoladamente, numa espécie de indiferença a que o homem emprestava o seu rosto. Neste, os olhos cumpriam uma relevância inquestionável, à qual correspondiam extrapolações mítico-simbólicas imprescindíveis. El ojo, que llaman ventana del alma, es la vía principal por donde el centro de los sentidos o común sentido (commune senso) puede contemplar más ampliamente las infinitas y magníficas obras de la naturaleza; la oreja es el segundo sentido, el cual se ennoblece 10 escuchando el relato de las cosas que el ojo ha visto.
Nas obras patentes nesta mostra, os olhos viajam entre a presença e a ausência. Em Tatiana Macedo os olhos ora se gritam a si mesmos, espelhando a lucidez constrangedora da identidade, ora se escondem dentro de objectos que são extensão do eu quando é em paralelo imagem estereotipada dos outros… Em Rachel Korman os olhos pertencem a um corpo que é força e densidade convertido em vestígio e substância matricial, denotando a sua radicação cosmogónica – simbolizando o humano desde os tempos primordiais. Helena Martins-Costa cumpre a irreversibilidade do tempo assumindo-a como duração pois visibiliza quanto é possível nós sermos os outros através da apropriação que não oblitera o que fosse ou seja a existência desses ―mesmos‖ – Je est un autre, preveniu Rimbaud. A concepção do corpo variou, conforme as sociedades e os tempos, considerando parâmetros como: o seu tratamento social; o valor simbólico imbuído na mentalidade dominante; os modelos de relação intersubjectiva mediante o corpo, e a acepção relacional com o mundo, no sentido cosmológico. Ao longo do séc. XX, nas artes plásticas, a representação da figura humana foi um dos pretextos mais adequados à experimentação das novas linguagens plásticas, tomando como núcleo a própria alteração ao conceito de pessoa, através da pragmática do corpo. Nas artes performativas, designadamente, na dança, grandes transformações tomaram as formas coreográficas e destituídos os vocabulários mais académicos, por rupturas, e também gradualmente. Na imposição das linguagens de vanguarda, o corpo foi usado com sentido performativo, procurando expor uma determinada visão do mundo, uma representação do mundo derisória, relativamente aos preconceitos e normas de gosto anteriores. Entrado o séc. XXI, a focagem criativa e conceptual no corpo ganhou movas acepções e correspondendo a desígnios insuspeitáveis que são tão intermináveis quanto os casos pessoais que haja. As obras de Helena Martins-Costa, Rachel Korman e Tatiana Macedo colocam-nos perante questionamentos heterogéneos e divergentes, possuindo todavia denominadores comuns, como se pode verificar. A auto-identidade de cada artista se revela nas peculiaridades, nos seus acontecimentos pessoais e únicos como autoras. Mª de Fátima Lambert
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Leonardo da Vinci, Aforismos, Madrid, Espasa-Calpe, s/d, p.64
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Helena Martins-Costa Sem título - 2000/2009, 6 fotografias p/b, impressão sobre papel de algodão, 78,57x49 cm (cada)
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Rachel Korman da série Vestígios (flor de sal) - 2009, Fotografia, 110 x 137cm
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da série Vestígios (areia) - 2009, Fotografia, 137 x 110cm
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da série Vestígios (neve) - 2009, Fotografia, 110 x 137cm
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da série Vestígios (relva) - 2009, Fotografia, 110 x 137cm
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Tatiana Macedo Mental disorders for the camera #1 – 2001, Impressão de Gelatina de Sais de Prata (Silver Gelatin prints), 24x30cm (moldura), Provas únicas
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Mental disorders for the camera #2 - 2001
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“Tensões Corpo/Objecto (part of A Room With a View”) Londres, 2004 Impressão de Gelatina de Sais de Prata (Silver Gelatin prints), 80x120cm (montado em pvc preto 5mm), Provas únicas
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“Tensões Corpo/Objecto”, Londres - 2004, Impressão de Gelatina de Sais de Prata (Silver Gelatin prints), 24x30cm (moldura), Provas únicas
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“Polaroid Studies : Tensões Corpo/Objecto” Londres, 2004 Polaroids, 24x30cm e 30x40cm (moldura), Provas únicas
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Helena Martins-Costa, nasceu em Porto Alegre, vive e trabalha em São Paulo. Formação: graduação no Instituto de Artes da UFRGS, Porto Alegre. Mestrado em Poéticas Visuais na ECA – USP, São Paulo. Exposições individuais: 2009 : Sem Título, Centro Cultural Maria Atônia– USP, São Paulo,SP. Realidades Imprecisas. SESC Pinheiros, São Paulo. 2004 : Temporada de Projetos: Paço das Artes, São Paulo,SP. 2000 : Projeto Imagem Experimental, Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM Higeanópolis, São Paulo, SP. Exposições Coletivas:. 2006 : ― Desindentidad: Arte Brasileira Contemporânea no Acervo do Museu de Arte de São Paulo‖, IVAN, Valência, Espanha. Novas Aquisições. Coleção Gilberto Chateubriand, MAM- RJ, RJ. 2004: ―50 Anos da Arte da Fotografia brasileira – Acervo do MAM SP”, Santander Cultural – Porto Alegre, RS.2003 : “Um Teritório da Fotografia ―Usina do Gasômetro, Porto Alegre, RS. 2002: "Visões e Alumbramentos, fotografia contemporânea da Coleção Joaquim Paiva‖, Paralela Bienal, Oca, São Paulo, SP. 2002: ―Insólitos, Arte Brasileira no Séc XX‖, MAM Villa Lobos – São Paulo, SP. 2002: ZOOM - Fotografia contemporânea - Museu de Arte Contemporânea "José Pancetti", Campinas, São Paulo. 2000 -:Algo Noir , Galeria Obra Aberta, Porto Alegre, RS. 1999: Transfiguração e Desaparição exposição com Vânia Mombach, Galeria Iberê Camargo - Usina do Gasômetro, Porto Alegre, RS. Obras em Acervos: Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM SP; Coleção Gilberto Chateaubriand - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro,MAM RJ. Editora Arte y Naturaleza, - Madrid, Espanha. Coleção Joaquim Paiva - Rio de Janeiro,RJ; Fundação Vera Chaves Barcellos , Porto Alegre, RS
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Tatiana Macedo
Nasceu em Lisboa a 28 de Fevereiro de 1981. Licenciada em Belas Artes pela Central St. Martins College of Art & Design, University of the Arts London. Obteve também o Professional Development Award in Studio and Location Photography pelo London College of Communication. Já expôs em Lisboa, Londres, Madrid, Bruxelas e Paris, nomeadamente na École National Supèrieur des Beaux-Arts e como representante do Reino Unido no 49ème Salon de Montrouge. Em 2005 participou no Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Arftística em Fotografia e em 2007 na Residência Internacional Sítio das Artes realizada no Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão no âmbito do Fórum Cultural Estado do Mundo. Ainda no mesmo ano foi convidada pelo Instituto Camões a integrar a exposição ―Deslocações: Quatro Perspectivas Portuguesas Contemporâneas‖ em Bruxelas, São Tomé, Maputo, Cabo Verde, Brasília e Luanda onde dirigiu um Workshop de Retrato na Fotografia Contemporânea com artistas Angolanos no Centro Cultural Português-Instituto Camões em Luanda. Ganhou a Bolsa de Jovens Criadores do Centro Nacional de Cultura em 2008 e novamente em 2009. Viajou para Xangai em 2008 com uma bolsa da Fundação Oriente para produzir o seu novo corpo de trabalho. Ainda no mesmo ano foi convidada a publicar um ensaio visual sobre a cidade de Lisboa no livro ―Lisboa Mistura‖. Das suas exposições individuais destaca-se a exposição ―Boys Need Yoga Too‖ Na VPF Rock Gallery, Lisboa 2008/2009. Integrou recentemente a exposição ―Arte Viajante: Manifestações de Arte Portuguesa Emergente‖ em Caracas, Venezuela. Em Novembro do presente ano editou o seu primeiro livro de artista intitulado Luso-Tropicália. Está no presente a fazer o Mestrado em Antropologia de Culturas Visuais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
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Rachel Korman (1955, Brasil) vive e trabalha em Lisboa. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, no final dos anos 90, tendo como mestre o artista Nelson Leirner. Em 2007 mudou-se para Lisboa onde cursou o Avançado de Fotografia do Ar.Co. (Centro de Arte e Comunicação Visual) sob orientação dos curadores Sergio Mah e Nuno Faria. Em 2008/2009 frequentou o Independent Art Studies Program da Maumaus, em Lisboa. Dentre as principais exposições da qual participou destacam-se: 2010 - De heróis está o inferno cheio, Plataforma Revólver, Lisboa, 3 viagens do eu, Quase Galeria, Porto (curadoria Fátima Lambert); Pensão Ibérica, residência artística, Lisboa 2009 - The Shadow of my Being, Rosalux, Berlim (individual), XV Bienal de Cerveira, Vila Nova de Cerveira, PT, Novas Aquisições do Museu Bernardo, Caldas da Rainha, PT; 2008 - O contrato do desenhista, Plataforma Revólver (curadoria Paulo Reis), Lisboa; 2007 - Conversando com Cindy (individual) galeria João Lagoa, Porto; 2006 - 5ª Bienal Internacional de Fotografia e Artes Visuais de Liège, Bélgica, Salão de Arte da Bahia, Salvador, Brasil; 2005 - Lugar de Passagem, Maus Hábitos, Porto, PT, FotoRio, Rio de Janeiro; 2004 - N.Leirner 1994+10 (artista convidada), Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Falso ou Verdadeiro, Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro, Registros (individual), Mínima Galeria, Rio de Janeiro; 2003 - Grande Orlândia, Inclassificados, Projéteis de Arte Contemporânea, FotoRio, Rio de Janeiro, além de Mostras Internacionais de Fotografia em Quito (Equador), La Paz (Peru) e Buenos Aires (Argentina). Em 2002 foi premiada no 2º Salão Nacional de Arte de Goiás, 59º Salão Nacional de Arte do Paraná e 9º Salão de Arte da Bahia.
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Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são ―colocados em gavetas‖, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do ―gaveta‖ mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 +1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto 2
construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
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Ana Telhado…parafraseando Fra Mauro… 0 No séc. XVI e na Corte de Veneza, Fra Mauro desenhou mapas, sendo um cartógrafo sem viagens efectivas, vividas pela sua própria pessoa. As suas viagens eram efabulações, externalizadas em escrita, no decurso do conhecimento directo e indirecto de narrativas da autoria de outrem…daqueles que, definitivamente as tivessem empreendido e cumprido. As viagens supõem toda aquela panóplia de decisões, intencionalidades e estratégias acerca das quais muito se tem escrito – quem as concretiza e quem sobre elas se debruça, talvez compulsivamente. No caso de ―Cartografia‖, ao contemplar as 7 (das 10) fotografias, sinto-me como Fra Mauro…a viver as existências da permanência nas viagens através da visibilidade que Ana Telhado lhes confere. Viajo através das imagens de outrem e fico. 1 Confesso que, mediante estas fotografias, sinto (desculpe a pessoalidade da análise e das reflexões) uma espécie de complexo de Stendhal, deslocado (transfigurado) no tempo e no espaço…Ou seja, a vivência real de Florença transporta-se para prospectiva emocional e imaginária da Guiné; o séc. XIX salta para o XXI. Sobretudo, trata-se uma viagem que não cumpri…a África. Somente (e não seja pouco…) através das imagens decididas pela Ana Telhado, possibilita-se a deslocação para longe. Viaja-se através das imagens do outro. ―De vez em quando, tento colocar-me no lugar de outros. Olhar à distância provoca um encantamento paralisante, como se o espaço fosse, realmente, ilimitado. Quem sou eu para estar tão convencido de que todo esse vazio não é a manifestação de alguma substância invisível?‖1 2 Todavia, como tantos o afirmaram antes, não se trata de viagem, antes de abordar a permanência. Ao que se associe o caso de ponderar a presença e plasmar o hieratismo: cativar. Cativar desde dentro e estender a duração como reflectiu Peter Handke pois: ―E os locais da duração também nada têm de notável, muitas vezes nem estão assinalados em nenhum mapa ou não têm no mapa qualquer nome.‖2
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James Cowan, O Sonho do Cartógrafo – meditações de Fra Mauro na Corte de Veneza do século XVI, Lisboa, Rocco, 2000, p.32 2 Peter Handke, Poema à duração, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p.53
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Os protagonistas são pessoas que adquirem nas fotografias da Ana Telhada uma condição de intemporalidade, embora localizados num tempo sóciohistórico e cultural. Residem na circunstancialidade do eu (Ortega y Gasset) mas transpõem-no, sendo-lhes outorgada – talvez por outras circunstâncias recepcionais nossas e através da contemplação – essa condição de estarem para-além-tempo. Assim, se entenda a acepção de duração…também. Afinal, questionar a percepção, consistência e ―sobreposicionalidade‖ espiritual do tempo … procedendo desde Sto. Agostinho…3 3 Apesar da justeza a preto e branco, evidencia-se uma espécie de atlas de emoções, uma esteticização cartográfica que é edificada em fundamentos humanos. As fotografias são imagens fotográficas que não relatam, não testemunham, não representam, presentificam – na genuína acepção husserliana. Aquelas pessoas estão em epoché (estado de suspensão). A sua presentificação reside nisso mesmo. Encontram-se reduzidas (redução metodologia implícita na fenomenologia estabelecida por Edmund Husserl) à maior perfectibilidade e focagem, querem-se austeras e superiores. 4 A estetização (excessiva, alguns dirão) que a fotografia, em estado de sublimidade, pode provocar tem história e antepassados. Designadamente, quando se trata de fixar rostos, pessoas, paisagens ou objectos (artefactos e obras) de culturas não-europeias. Tal ocorre muito cedo, quando do desenvolvimento dos dispositivos fotográficos em acessoria às investigações arqueológicas e, posteriormente, antropológicas, como se sabe. Impossível não se pensar no quase insuperável esteticismo de Leni Riefensthal, patente nas séries realizadas entre os Núbios do Sudão – salvaguardando, é claro, a intenção subjacente a tais concretizações. A sedução que a fotografia analógica, ao nível de procedimento suscita, exaltase através da concretização acedida a conteúdos iconográficos extremos: em ansiedade cenográfica, colocação corporal ausentada de espontaneidade ou estímulo, hieratismo que convoca as posturas constitutivas de uma estética grega do período arcaico. 5 À semelhança das korai, as figuras esguias femininas encenadas por Ana Telhado estabelecem novos cânones: é uma beleza idealizada, com a diferença de que, em simultâneo, se trata de uma beleza natural. Beleza natural que cada uma das pessoas possui em si e não transmite para outrem.
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―Quanto ao presente, se fosse sempre presente, e não passasse para o pretérito, já não seria tempo, mas eternidade. Mas se o presente, para ser tempo, tem necessariamente de passar para o pretérito, como podemos afirmar que ele existe, se a causa da sua existência é a mesma pela qual deixará de existir?‖ in ―14. O que é o Tempo?‖, Confissões, São Paulo, Editora Nova Cultural, 1999.
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Daí, a consciência afirmativa da duração que os protagonistas assumem, tanto quanto essa duração se torne consciencializada mediante a nossa recepção estética. No caso das figuras hieráticas da Série ―Cartografia‖, verifica-se uma ―rotação‖ de 90º, quando da posição vertical, estas se alongam sobre terra ou sobre a pedra. Numa analítica simbólica, é o duplo reencontro com a substância de valência cosmogónica, rodando entre o ar e a terra. 6 A Beleza cria, efectivamente, no homem um estado intermédio, onde os dois pólos oposicionais — vida física e inteligência — deixam de confrontar-se em sentidos contrários, resolvendo-se em harmonia.4 A mesma ideia, idêntica predisposição se revela no pensamento almadiano, quando entende que, enquanto criadores, a acção dos poetas, ou melhor, dos criadores, dever-se-ia realizar em estado de ingenuidade. Enquanto agentes que contemplam estas fotografias, situamo-nos, transitoriamente num estádio estético que celebra a dimensão antropológica quanto a ontológica. Assim, estas figuras/presenças, cativadas na mais suprema esteticização, proporcionam uma incontornável lição de ética, implementam uma extrapoloção axiológica superior e celebram uma dimensão de dignidade pessoal, absolutamente invulgar. 7 Schiller atribuiu ao poeta a missão de educador da humanidade, a mais alta dignidade para a Arte. O poeta moderno só cumpriria essa missão, se ultrapassasse a perversão do estado civilizado e acedesse ao estado de ingenuidade. Assim, seria reintegrada no seio da humanidade, a totalidade primitiva — a inocência, a candura —, de que se afastara. Neste contexto, parece-me oportuno recordar quanto, o espírito poético imortal na humanidade só desapareceria – seguindo Schiller, totalmente, se a própria humanidade se perdesse a si mesma, ideia concordante, aliás se se quiser uma aproximação do séc. XX português, à argumentação de Almada Negreiros5 relativa, à
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De acordo com a leitura que se faz de Schiller nas Cartas sobre a Educação Estética da Humanidade, "A beleza deve unir os dois estados opostos, suspendendo assim o antagonismo entre ambos. A essência da beleza é a liberdade, entendida como sentido harmonioso das leis, e suprema necessidade interior. Por meio da beleza, o homem é conduzido à forma e ao pensamento; é reconduzido à matéria e recupera o mundo sensível. A beleza liga os dois estados opostos que nunca se podem unir.‖ Mª de Fátima Lambert, "Aproximações a uma definição da educação estética e da ―formação de gosto‖, Revista Portuguesa de Filosofia — Filosofia e Educação II, Janeiro-Junho - Tomo XLIX, 1993, Fascs. 1-2. 5 Verifica-se, portanto a afinidade com a posição de Schiller, na medida em que a nostalgia da humanidade perdida, nunca seria recuperada como outrora fora, nem o poeta voltaria a ser exactamente o mesmo tipo de poeta naïf, embora se pretendesse novamente o pintor do mundo ideal, assumindo o seu instinto forte e indestrutível — o instinto moral que o faz sempre retornar à natureza. Segundo Anatol Rosenfeld no Prefácio à versão brasileira de Cartas sobre educação estética, "Há uma circularidade ou espiralidade da coreografia conceitual que transforma retrocesso em progresso. O retôrno à natureza, como vimos, já não se refere à mesma natureza original, visto que no caminho foram percorridas todas as fâses da consciência. Já não se trata daquela natureza com que o homem físico começa e sim daquela com que o homem moral termina." Cf. p.23
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condição intrínseca da humanidade, proporcionada pelo mito da queda — mítico-poética —, quanto à sua redenção em cada caso individual, pela reinvenção da ingenuidade. Ingenuidade que se chama autenticidade, verdade e, permito-mo dizê-lo, solenidade.
Maria de Fátima Lambert Jan.2010
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S/Título da série “Cartografia”, 2007 Emulsão gelatina e prata s/papel RC 100 x 100 cm Ed. 5
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ANA TELHADO 1981 Nasceu em Lisboa. 2005 Licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS 2005 2006 2007 2008
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Biblioteca - Museu República e Resistência Módulo - Centro Difusor de Arte, Lisboa Módulo - Centro Difusor de Arte, Lisboa Cartografias, Módulo - Centro Difusor de Arte, Lisboa
EXPOSIÇÕES COLECTIVAS 2001 - Pintura e Fotografia no Centro Cultural da Nazaré 2002 - Fotografia e Artes Plásticas, integrada no V Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas Lugar à Dança , no Centro Cultural de Belém 2006 - Colectiva de Finalistas, no Palácio Galveias - Lisboa Colectiva de Finalistas, na Galeria da Capitania de Aveiro 2006 - Arte Lisboa (Módulo), F.I.L., Lisboa 2007 - Arte Lisboa (Módulo), F.I.L., Lisboa 2008 - All work and no play (cur. Luísa Especial), Plataforma Revólver, Lisboa - Arte Lisboa 2008 (Módulo), FIL, Lisboa 2009 - Au Féminin – Cur. Jorge Calado, Fundação Calouste Gulbenkian, Paris (cat.)
OUTRAS PARTICIPAÇÕES 2001 - Concurso de Fotografia da Casa da Juventude de Vila do Conde 2003 - Dançou/interpretou no espectáculo O Som Amarelo de Wassily Kandinsky, no Centro Cultural de Belém 2004 - Ilustração do livro Poemas do Calendário, de Nuno Rebocho - Festival de cinema e vídeo de Espinho - Festival Black and White da Universidade Católica - Concurso de fotografia do Barreiro - Primeiro prémio do Concurso de vídeo do Barreiro - Mostra de Curtas Metragens em Vila Nova - Vila Real 2005 - Vídeo-dança para a Companhia de Dança de Almada - 2º Festival Black and White da Universidade Católica - Festival Internacional de Cinema e Vídeo dos países de língua portuguesa, Imargens – Cabo Verde 2006 - Fotografia para o espectáculo K’mê Deus de António Tavares e Leão Lopes, no Teatro Camões - Lisboa - Mostra de documentários em S. Miguel - Açores 2009 - C o l e c c i o n a r I I I : F o t o g r a f i a , M ó d u l o , L i s b o a
BIBLIOGRAFIA .....Ana Telhado, Papel Manteiga in “Magazine Artes” nº 43 Setembro 2006, Lisboa Exposições, in “Casa & Jardim” nº342 Setembro 2006 ....Ana Telhado expõe em Lisboa, Liberal-Cabo Verde.com .....Ana Telhado, Papel Manteiga in “Magazine Artes” nº 44 Outubro 2006, Lisboa Jorge Rui Peres, Produção contemporânea testa coleccionadores, in “Jornal de Negócios”, 27.10.06 Faro, Pedro, Diáspora, in “L+Arte”, nº40 Setembro, 2007 Especial, Luisa, Cartografias: Paragens, Módulo Maio 2008 Martins, Celso, A.T., in “Expresso”, 17.05.08 .....Ana Telhado, in “Casa & Jardim” nº 363 Junho 2008, Lisboa Valentina, Bárbara, All work and no play, in “Time Out”, 22-28 Outubro 2008
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Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são ―colocados em gavetas‖, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do ―gaveta‖ mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 em 1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
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CRISTINA ATAÍDE "...são bons estes LUGARES de cinza..." (al berto)
2 ACTOS [e um sofá imensamente néo-barroco para o pensamento descansar] ACTO I Em registo fotográfico, definitivamente para ser sempre – presentificam-se as fotografias como imagens de existências, encenações e simulacros mas com tópicos de genuinidade. Os protagonistas entram em cena e são cativados. Assumem os seus lugares no cenário. O adereço é um sofá circular, em material que imita pele - napa mais concretamente; é branco e acolchoado – diga-se, néo-barroco. Do mezzanino obtém-se uma vista em perspectiva aérea dos protagonistas. Os protagonistas vestem roupas coloridas, têm proporções e fisionomias diversificadas e as respectivas posturas demonstram que cada um decide, por si, onde quer ser. Algumas pessoas distribuem-se, sentam-se, em redor do sofá néo-barroco e outras colocam-se na sua proximidade. Mas, privilegiando sempre o círculo como desenho compulsivo a ser fotografado.
“Só termina quando acaba.”
“Pode parar-se o relógio mas não o tempo.”
Estas são frases anónimas que ouvi e memorizei; ou li-as, nem sei bem onde e quando. O facto é que quem as tenha proferido ou escrito, não pretendeu manter posse exclusiva do que pensou e formulou. Talvez porque os respectivos conteúdos remetem para algo – a existência na sua condição precária e de irreversibilidade - que sendo por demais universal, se estende, inexoravelmente, a todos e aos demais. Não importa quem tenha sido o emissor, interessa sim que existam receptores, capazes de as absorver, vomitar ou sobre elas ponderar. Mas estimule-se, dentro de cada um de nós, o sadio convívio com todas as inumeráveis frases que, pelo contrário, existem, procedendo de autores ―alémtempo‖, cuja singularidade delimita territórios próprios; assim, permanecem e retêm suas particularidades originárias (embora susceptíveis de serem apossadas – leia-se interpretadas, etc. - por outras tantas inumeráveis gerações…) É o caso de: “O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.”1 Ou: “É tempo de meio silêncio, de boca gelada e murmúrio, palavra indireta, aviso na esquina. Tempo de cinco sentidos num só.(…)”2 1 Carlos 2 Carlos
Drummond de Andrade, “Mãos dadas”, Antologia Poética, Lisboa, Dom Quixote, 2002, p.149 Drummond de Andrade, “Nosso tempo”, Op. Cit., p.153 3
O tempo. Numa fotografia, supostamente, congela-se o tempo. Congelam-se as figuras no tempo pois deixam de ser pessoas e talvez sejam, transitoriamente, personagens. Não é verdade? “Julgamos que nos libertamos dos lugares que deixamos para trás de nós. Mas o tempo não é o espaço e é o passado que está diante de nós. Deixá-lo não nos distancia. Todos os dias vamos ao encontro daquilo de que fugimos.”3 As imagens fotográficas revelam decisões estéticas de cariz e fundamento antropológico e societário. Tais pressupostos, que igualmente são princípios impulsionadores para a sua concretização, transportam a carga psico-afectiva da autora e adquirem tensão e cumplicidade das suas personagens…quase Pirandello…mas, neste caso, o autor procurou os seus actores tanto quanto as suas personagens o aceitaram. Mais, nos Cadernos que Cristina Ataíde pediu às pessoas organizassem, preservando seus desidérios ou intenções, a conivência entre as imagens visuais e as palavras (caligráficas ou imprimidas) concretiza-se através da ingenuidade — em estado de ingenuidade pessoal. Por sua vez, como condição para a criação, a ingenuidade tem de ser promotora da verdade, essa verdade, mais uma vez, metafórica, do menino que chegou tarde à escola porque esteve a olhar para uma boneca, como nos afirmou Almada Negreiros.4 A verdade das pessoas existe, provada pelo uso das palavras que tomam para si: "O preço de uma pessoa vê-se na maneira como gosta de usar as palavras. Lê-se nos olhos das pessoas. As palavras dançam nos olhos das pessoas conforme o palco dos olhos de cada um."5 As palavras que as pessoas usam são, de algum modo, os seus nomes, o que se associa directamente à relevância que, societária e culturalmente, se atribui ao "nome", um pressuposto de evidência ambígua (seja) — conceptual — para a assunção mas sobretudo o reconhecimento da identidade pessoal. As fitas vermelhas que os suspendem, caindo desde o mezzanino, tecem uma cortina penetrável quanto as emoções possam ser desveladas?! São actos de espera, de perseverança e lucidez. São uma obra feita Todos.
3 Pascal
Quignard, Vida Secreta, Lisboa, Notícias Ed., 1999, p.206 Almada Negreiros, "A Verdade", Invenção do Dia Claro, Ed. Facsimilada, Lisboa, Colares Ed., 19993 p.45 5 Cf. Almada Negreiros, "As Palavras", Op.Cit., p.19 4 Cf.
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INTERMÉDIO Sob auspícios de um fragmento de uma frase de Al berto, pertencente ao poema ―Outras Feridas‖ (in Vigílias), as instalações apresentadas por Cristina Ataíde, glosam a natureza em suas acepções mais primordiais e recônditas. Quer, reivindicando a participação dos seus protagonistas privilegiados – utentes diários do Espaço T – provando que John Cage & demais celebravam a vida ser arte… Quanto nas obras que inventam a paisagem que da percepção visual viaja para dentro do eu, retém as suas imagens mentais e as devolve em desenhos, peças de escultura ou fotografias…Eis todos os LUGARES que são cinza, pigmento, chumbo ou incorpóreas memórias boas… A ingenuidade configurava-se memória íntima, constituída essência poética. Ainda, na senda de Almada Negreiros, a supremacia da ingenuidade como categoria estética por excelência, transfigurada em Graça, mesmo em Sublime, concorda com Schiller, quando o poeta alemão afirmava propiciar os pensamentos mais profundos, visionários e divinos nos "génios", à semelhança dos expressos na inocência da criança…6 A Arte considera o património comum da humanidade, na pluralidade das criações que preservam a memória — individual e colectiva — dos próprios homens ao longo da cronologia, servindo-lhes como impulso igualmente no devir. Alcançar o conhecimento e sabedoria das coisas primordiais; cumprir a missão de autoridade pessoal que é intransmissível — invisível para outrem — portanto, segredo de si mesmo. Pode afastarse a memória dos valores superiores que julgavam/castravam as acções e fenómenos vividos de outrora; ficaria apenas o equívoco da memória deturpada, que impedia uma forma adequada de existir no presente; então, combata-se, acredite-se e ganhe-se a vontade de si próprio ser presente.
6 «La
mentalité naïve entraîne nécessairement aussi un langage de paroles et de gestes qui est naïf lui aussi et qui est l’élément essentiel de la Grâce. » Schiller, Poésie Naïve et Poésie Sentimentale, "Du Naïf", Paris, Aubier, s/d., p.87. Para Schiller, a solução implicava que o homem reencontrasse a unidade, a simplicidade e a necessidade — próprias — do estado de natureza, em liberdade. A perfeição ideal situava-se num estado de confluência e acordo entre a razão e a liberdade do homem, aliadas ao seu instinto. 5
ACTO II “…areias de cor indecisa são bons estes lugares de cinza, para a solidão insuspeita dos pássaros…”7 Obviamente que a paisagem pode ou deve – consoante o determina o artista ou poeta – estar povoada e nela a acontecer algo, o que contraria, por exemplo, o estatismo ingenuista enunciado por Bernardo Soares, onde ele próprio sabe ser ausência múltipla, de "intervalo entre mim e mim".8
Como se pode inferir da observação das 4 obras da série Involvement existem intervalos, episódios da paisagem, portadores de valências complementares. Por um lado, são intervalos reveladores de artisticidade, da dimensão escultural que lhes define muito peculiar carácter: entre a madeira existe um espaço vazio até que a camada de pigmento encarnado permita a respiração chegue até à opacidade irreversível do chumbo. Por outro lado, são intervalos estéticos que organizam, impelem, arritmias pois se trata de suspensões (dir-se-iam, seguindo Edmund Husserl, epoché). Suspendendo, exibindo internamente para cada espectador aceder a si, desocultando, ordenadamente (e agora, seguindo Heidegger), atravessando camadas sucessivas até tocar o núcleo primordial: ―intervalo entre mim e mim‖… Quando a matericidade inequívoca se transporta e é cativada por frottage - procedimento técnico assim designado pelos surrealistas – torna-se leve mas tão transcendente que acusa a dicotomia judaico-cristã de corpo e alma tornados inconciliáveis: Noli me tangere… (pois, claro!)
7 Al
Berto, “Outras Feridas”, Vígilias, Lisboa, Assírio & Alvim, 2004, p.25 Pessoa, Livro do Desassossego, vol. I, Lisboa, Ática, 1983, p.25
8 Fernando
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E, mais uma vez, sabe-se que o eu-pele (Didier Anzieu) é, resolutamente, um conceito de imprescindibilidade estética e ontológica, portanto de compulsiva exigência humana e pessoal. Protege e acusa o próprio e o outro, tornando-os insuspeitos, converte-os à sua necessidade mútua. A madeira é a substância matricial, fértil; matéria aderente ao primordial, pois residindo na terra. A terra é um princípio cosmogónico insuspeito pois dela irrompem as suas raízes. A madeira, embora perecível pelo fogo (esse outro elemento dominante) ainda que carbonizada é capaz de gerar o alimento para a obra, num coercivo relacionamento entre Eros e Thanatos. O pigmento é uma ferida visível, que não se sabe, nasce ou descansa, na epiderme do desenho. Essa pele que o pigmento atravessa, manifesta uma espécie de nudez pictural que se converte em função aderente à paisagem segmentada, pois incompleta. O chumbo, num entendimento hermético, alquímico, simboliza o princípio de onde parte a evolução e a incorruptibilidade. Encontra-se associado a Saturno, donde evocar a simbologia da ―noite saturnina‖ em que o corpo é presa da dissolução e putrefacção…‖9 Todavia, este era avô de Apolo que é a incarnação do Sol (Ouro) …Daí, paradoxalmente, decorrer uma acepção estética diurna tão envolvente e impregnadora/geradora quanto a nocturna! Finalmente, as cinzas significam os resíduos, constituindo ―matericamente‖ o mal pois relacionadas com a ―esfera dos infernos‖. Mas, já Novalis, em Hymnen an die Nacht, exponencializara a sua poeticidade implícita enquanto sinónimo esteticizado (pois metafórico) dos resíduos que os afectos permitem na alma: ―Quisera fundir-me em gotas de orvalho e misturar-me com as cinzas.‖ Relembre-se que a partir do séc. XVI europeu ocidental, na pintura, a paisagem se liberta das figuras que até então a tinham absorvido como fundo (salvaguardando casos específicos), como sublinha Javier Maderuelo: “Quando a pintura utiliza uma linguagem alegórica e os objectos e os fenómenos da natureza adquirem a categoria de símbolo, as árvores, rios, pedras, plantas e animais, assim como a tempestade, amanhecer ou bonança são utilizados nos quadros pelo seu carácter simbólico e não pela sua natureza intrínseca ou pelas suas qualidades compositivas.”10
9 Cf.
Alexander Roob, Alquimia & Misticismo, Lisboa, Taschen, 1997 Maderuelo, El paisaje – génesis de un concepto, Madrid, Abada Ed., 2005, p.213
10 Javier
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A presencialidade (mais do que apresentação ou representação) da natureza através da conceptualização da paisagem atravessou a história da Arte, apoiando-se em fundamentos filosóficos e científicos que emergiram, vacilaram e evoluíram, acompanhando os tempos e os actos dos homens. Na escultura, os elementos da natureza serviram de objecto (ornamentativo) de apoio a estátuas dos períodos clássico tardio e do helenístico. No período medieval, foram convocados como atributos, integrando um vocabulário visual, que a Igreja precisou para se consolidar, patente nas peças da Imaginária e em obras de inscrição arquitectónica ou autónoma. E, assim por diante, não obtendo uma emancipação até entrado o séc. XX, quando a decisão objectual e a intencionalidade dos conceitos artísticos a regenerou – nas complexas acepções do termo. A natureza integra a Arte dita Contemporânea. Como se sabe, procedendo por recurso a estratégias artísticas bem diversificadas e que, na sua fortuita oposicionalidade, se implicam. Ou seja, os registos fotográficos combinam-se aos desenhos esquematizados que orientam, desde os momentos mais preparatórios, o que se converterá em obra finalizada – bi ou tridimensional. O objectivo, talvez, mesmo a missão, seja afirmar: a versatilidade do olhar que regista; que se transfigura em deliberação segmentada, seleccionando o real tornado mais real dentro do artista; que anunciara uma nova literatura artística e estética ao transcender-se, ainda que, paradoxalmente, se materialize (externalizando as imagens mentais e anímicas) convocando a natura naturada a cumprir-se em natura naturante (Spinoza)…pois arte é poiésis.
Mª de Fátima Lambert
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Cristina Ataíde www.cristinataide.com 1951 Nasceu em Viseu. Vive e trabalha em Lisboa. Licenciada em Escultura pela ESBAL. Frequentou o Curso de Design de Equipamento da ESBAL. Foi directora de produção de Escultura e Design da Madein de 1987 a 1996. PRÓXIMAS EXPOSIÇÕES 2009 RETROSPECTIVA, Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, Almada [curadora Emília Ferreira] AQUI, Galeria Magda Bellotti, Madrid LUGARES DE DERIVA, Galeria Fonseca Macedo, Ponta Delgada [curador Paulo Reis] EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS / SOLO EXHIBITIONS 2009 (IM)PERMANÊNCIAS II, instalação integrada na Exposição Corpo, Densidade e Limites, Museu de Arte Contemporânea de Elvas, Paiol [curador João Pinharanda]. TODAS AS MONTANHAS, com Alexandra Oliveira, Galeria Gomes Alves, Guimarães “…são bons ESTES LUGARES DE CINZA para a solidão dos pássaros”, Quase Galeria, Espaço T, Porto [curadora Fátima Lambert] 2008 MANUAL DE INSTRUÇÕES, Galeria Carlos Carvalho – Zoom, Lisboa TODAS AS MONTANHAS DO MUNDO, Giefarte, Lisboa OLHARDIZERSENTIR, Galeria Quattro, Leiria INWARD, Centro Cultural de S. Lourenço, Almancil 2007 LABORATÓRIO ÁRVORE II, Forte de S. João Batista, Foz do Porto ESCULTURA E DESENHO, Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros 2006 PÓ DO MEU CORPO, Galeria Gomes Alves, Guimarães FEEL IT, Galeria Évora-Arte, Évora 2005 DEPOIS TB FLORESCEM, Pavillhão Branco do Museu da Cidade, Lisboa* FICUS, Giefarte, Lisboa. DURANTE O RIO, Chiado 8 Arte Contemporânea, Lisboa e Galeria Fernando Santos, Porto* 2003 (IM)PERMANÊNCIAS, Galeria LUÍS SERPA Projectos, Lisboa INSIDE ME, Museu da Imagem, Braga 37º N; 25º W, Galeria Fonseca Macedo, Ponta Delgada [Conf. João Lima Pinharanda]* 2002 COM O SUOR DO ROSTO, Museu Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco* 2001 ANATOMIA DO SENTIMENTO, com Paulo Cunha e Silva, Galeria André Viana, Porto * SERES FRACTAIS, Galeria Gomes Alves, Guimarães 2000 MEMÓRIA, com Graça Pereira Coutinho, Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, Almada * TRANSMUTAÇÕES II, Galeria Giefarte, Lisboa 1998 SILÊNCIO? com Graça Pereira Coutinho, Sala do Veado, Museu de História Natural, Lisboa * ORGANISMOS FRÁGEIS, Galeria Gomes Alves, Guimarães
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1997 VENTRES EMERSOS, Galeria Trem e Arco, Faro * REENCONTROS, Casa Museu de Almeida Moreira, Viseu 1996 GARDE-FOU, Galeria Graça Fonseca, Lisboa ... DOS CORPOS AUSENTES, Galeria da Universidade, Braga * 1995 ALGUNS PECADOS E UMA VIRTUDE, Museu do Mosteiro de S. Martinho de Tibães, Braga * VERMELHO, Galeria Gomes Alves, Guimarães 1994 OPOSIÇÕES, Galeria Graça Fonseca, Lisboa * OPOSIÇÕES II, Galeria Fernando Santos, Porto * Exposições com catálogo
EXPOSIÇÕES COLECTIVAS (Selecção)/ GROUP EXHIBITIONS (Selection) 2009 MEMORIA PERCIBIDA, Museu de Arte Moderno Carlos Mérida, Guatemala, Miami [curador Eduardo Reboll] * TRINTA ANOS DE DIFERENÇA-II, Galeria Diferença, Lisboa ESTÉTICA SOLIDÁRIA, Associação Abraço, Palácio do Marquês, Lisboa [curador Paulo Reis] 2008 AQUILO SOU EU/ THAT IS ME, auto-retratos de artistas contemporâneos, Fundação Carmona e Costa, Lisboa * PERCURSOS, homenagem a M. José Salavisa, Galeria novaOgiva, Óbidos * LABORATÓRIO AFECTOS, Quinta das Lágrimas, Coimbra * 2007 TRANSFERT (INTEGRATED IN THE CULTURAL FORUM "THE STATE OF THE WORLD", FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN), Museu Tavares Proença Júnior, Castelo Branco [curator: Leonor Nazaré] NA COZINHA DOS ARTISTAS/IN THE ARTIST’S KITCHEN, Centro Cultural São Lourenço, Almansil * COM O VENTO, intervenção na paisagem, Parque da Lavandeira, Vila Nova de Gaia * MUSAS, Fórum Cultural de Ermesinde [curador Paulo Reis] * 2006 LABORATÓRIO TERRA, Tapada da Ajuda, Lisboa DENSIDADE RELATIVA, Centro de Artes de Sines CABINET D’AMATEUR OU ARTE COMO FORMA DE VIDA, Galeria Luís Serpa projectos, Lisboa 2005 DENSIDADE RELATIVA/ RELATIVE DENSITY, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa * ARTE NA URGÊNCIA, Hospital de S. Francisco Xavier, Lisboa 5º PRÉMIO AMADEU DE SOUSA CARDOSO, Amarante * FEIRA DE ARTE CONTEMPORÂNEA, FIL, Lisboa com as Galerias Fernando Santos, Fonseca Macedo e Quattro 15 ANOS, Galeria Gomes Alves, Guimarães * 2004 19 SENTIDOS CONTEMPORÂNEOS, Álvaro Roquette, Lisboa HORIZONTE, 20 anos [1984-2004] Galeria Luís Serpa projectos, Cordoaria Nacional, Lisboa * CRIAR UM LUGAR, Metro da Casa da Música pelo Espaço T, Porto FOTOPORTFÓLIO (20 ANOS), Galeria Luís Serpa, Lisboa IV SIMPÓSIO DA PEDRA, Cantanhede SIMPPETRA '04, Caldas da Rainha 10
2003 ARTE CONTEMPORÂNEA, Colecção CGD, Obras de 1968 a 2002, MEIAC; Badajoz * DESENHO, 1993-2003, Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, Almada A ARTE DOS ARTISTAS, Culturgest, Lisboa * 2002 ARTE CONTEMPORÂNEA, NOVAS AQUISIÇÕES, Colecção CGD - Culturgest, Lisboa * DESENHO CONTEMPORÂNEO, Instituto Açoriano de Cultura, Angra do Heroísmo 2001 ARCO 2001,Galeria André Viana, Madrid REGRESSO À CONDIÇÃO, Museu Almeida Moreira, Viseu 2000 ARCO 2000, Galeria André Viana, Madrid MOTE E TRANSFIGURAÇÕES, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa BOLSAS / GRANTS: Bolseira da F.L.A.D. em 1986, 1988 e 1997. Bolseira da Fundação Oriente em 1998 e 2003. Subsídio Projectos Especiais, SEC, 1991. Subsídios da Fundação Calouste Gulbenkian em 1994,95,98 e 2005. PRÉMIOS/ AWARDS: Prémio Revelação na I Bienal de Sintra, 1987. Prémio Design em Pedra, SK/Marbrito, 1993. Selo Design, Centro Português de Design, 1993. Distinção no Espaço Design 94, Exponor, Porto, 1994. Menção Honrosa de Escultura da 6ª Bienal das Caldas da Rainha, 1995. Escultura seleccionada para os ―Recorridos de ARCO‖, Madrid,1996. Prémio aquisição Unión Fenosa, La Coruña, 1997 e | and 1999. Paisagen blanca, projecto para Blanca, Espanha, 2009
COLECÇÕES PÚBLICAS/ PUBLIC COLLECTIONS BANCO ESPÍRITO SANTO, BES, Lisboa CENTRO DE ARTE MODERNA, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa COLECÇÃO ANTÓNIO CACHOLA, Elvas COLECÇÃO CASA DA CERCA – Centro de Arte Contemporânea, Almada COLECÇÃO DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, Lisboa COLECÇÃO UNIÓN FENOSA, La Coruña, Espanha FUNDAÇÃO P.L.M.J., Lisboa HOTEL AÇORES LISBOA, Grupo Bensaúde, Lisboa
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14 Novembro»»»»»»» 8 de Janeiro
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Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são ―colocados em gavetas‖, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do ―gaveta‖ mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 +1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto 2
construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
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Daniel Melim – Ginguba “Em minha opinião, não há nenhum [caminho] mais atraente do que andar no encalço das próprias ideias, tal como o caçador persegue a caça, sem procurar manter um dado caminho.”1 “...Cada coisa está isolada ante os meus sentidos, que a aceita impassível: um ciclo de silêncio. Cada coisa na escuridão posso sabê-la, como sei que o meu sangue circula nas veias.” 2
1.Das imagens que integram o Museu Imaginário de Daniel Melim vejam-se, nesta exposição, 3 telas de pequeno formato que persistem na perfectibilidade e detalhismo que se conhece na tradição e história da pintura europeia ocidental… Para proceder à devida análise e recepção/ apropriação estética, há que contextualizá-las, relembrando as pinturas apresentadas anteriormente noutras exposições e galerias. Pertencem já à memória recente da sua iconografia muito específica e certamente singular. Tais obras evidenciam uma observação, quanto uma contemplação da maior acuidade articuladas a uma incorporação mental que é desenvolvida até um requinte exaustivo de celebração imaginativa. O detalhe é um dos princípios conceptuais peculiares para realizar uma análise histórica, crítica e estética rigorosas da Arte, em particular no tocante à sua dimensão iconográfica e iconológica. O extraordinário livro de Daniel Arasse intitulado Le détail, é um contributo inestimável, nesta focagem. Daniel Melim, através das suas diferentes séries de pintura, demonstra essa exigência e pertença. Assim se justifica uma breve alusão a peças de pintura que glosam temáticas da história pintura e inscritas no seu Museu Imaginário (André Malraux). 1.Nas paisagens/casa de 2006 (série ―Casa‖, p.ex.)
“Casa”, tinta acrílica, 9x13cm, 2006
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Xavier de Meistre, Viagem à roda do meu quarto, Lisboa, & etc, 2002, p.25 Cesare Pavese – Trabalhar cansa, Lisboa, Ed. Cotovia, 1997, p.71
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2. Naturezas-mortas (2008) de “vegetais/legumes”: bróculos, alho francês, couve ou abóbora…
Couve, tinta acrílica, 40x45cm, 2008
3. Elementos de mobiliário (―almofada de sofá‖, ―caixa de frigorífico‖)
Caixa do frigorífico, tinta acrílica, 40x50cm, 2008
4. Peças de vestuário ou fragmentos de objectos escultóricos (―cabeça de cera‖)
Cabeça de Cera, tinta acrílica, 35x35cm, 2008
5. não olvidando essa representação de um instrumento simbólico e eficiente que serve para pintar:
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Trincha, tinta acrílica, 25x20cm, 2007
Assim, entra-se na brevíssima jornada pictórica através de três simuladas pinturaslivros (fólios) de Daniel Melim: 1.1. Van Gogh usou a problemática dos auto-retratos para sobreviver – enquanto imagem de si e enquanto persistência remanescente para os outros o reconhecerem. Esse reconhecimento assumiu propriedades mítico-simbólicas conferindo um estatuto de lucidez estética que nos pode confundir, talvez... Entre os inúmeros auto-retratos pintados, nesse primeiro livro de história da Arte a que Daniel Melim acedeu, a escolha para réplica auto-gnósica centrou-se num datado de 1886, associando-lhe uma presença incontornável na biografia do pintor holandês: o Dr. Gachet. Nesta composição, o artista português aplica a iconografia em versão reflectora, ou seja, a direcção da pintura original é apresentada como imagem especular – invertida, pois decorrendo do vidro. A deliberação deste jogo de sentidos revistos, para além da intenção pictural – concretizada através da metodologia artística decidida – é propiciadora do diálogo, pois o autoretrato, que está em alteridade e reversibilidade, olha (ou pode olhar) o retratado, num confronto intersujectivo directo plausível. Mas talvez não falem dentro da composição, apenas se pensem ou se deseje que nós os pensemos como entes iconográficos gravitacionais. 1.2. A tela de El Greco, alusiva a São Francisco, orienta-se para a direita na composição – imagem invertida. Nesta sua assunção, Daniel Melim representa somente o busto do santo, acentuando a auréola que confere o reconhecimento de santidade, enfatizado o burel castanho do hábito da Ordem. A outra página – pois se trata de representações de páginas abertas em livro – está ausente de conteúdo.
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1.3. De autor não identificado, mas sabendo-se afecto à Escola de Fontainebleau, Melim, isolou uma das duas figuras femininas do quadro intitulado Portrait de Gabrielle d'Estrées et de la Duchesse de Villars, datado de1594. Seja Gabrielle ou seja a Duquesa, a figura feminina oculta com subtileza a nudez dos ombros, aflorando os seios; o seu olhar oscila entre a candura e a volúpia que é, absolutamente ignorado pelo seu companheiro de dupla folha: o símile invertido do retrato de Erasmus, atribuído a Hans Holbein. Embora não sendo presente nesta mostra, sabe-se da existência de uma outra pintura, pertencente a esta série que glosa o célebre retrato de Antonio Pisanello da Princesa da Casa de Este (Ferrara), datável entre 1436 e 1449. Nessa pintura, o sentido da pintura é revertido, à semelhança do que, anteriormente, se constatou. A figura encontra-se isolada, como no caso de São Francisco d’après El Greco.
2. Das peças-pinturas ou pinturas-esculturadas de Daniel Melim… “Quando, de tanto me esforçar, acabava por sair para o mundo exterior, era para encontrar na minha frente uma realidade que num instante perdera as suas cores, uma realidade frouxa, sem qualquer rasto de frescura, cheirando quase a podridão, mas a única que se me ajustava.” 3 É corrente dizer-se que o homem no mundo, existe na efectividade de um tempo e espaço determinados — inserido numa colectividade, constituindo-se enquanto se reconhece nos, e pelos outros, afirmando presença-alteridade num Todo. Todavia, a intensidade volitiva e a capacidade de, através do acto criativo, aceder à obra, atravessa estes eixos, situando-se numa plataforma mítico-simbólica que, no caso de Daniel Melim, se traduz na sequência de cabeças, bustos e existências das peças configuradas em materializações picturais. Presumo que, durante o acto de produção das mesmas, domine o silêncio de um ambiente natural constitutivo; o que depreendo ao olhar o registo de Daniel Melim fotografado durante esse processo. Na continuidade da natureza, a 3
Yukio Mishima, O templo dourado, Lisboa, Assírio & Alvim, 1985, p.8
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metodologia de trabalho que decidiu (consulte-se o texto de sua autoria) proporciona uma concretização que nos obriga a interrogar a provável origem ou verdade da aparência do visto. As transfigurações e ritualizações do homem no mundo, presentificado nas cabeças-corpos desta série, confrontam-se com um duplo dimensionamento do Todo: por um lado, o mundo como natureza, vida natural; por outro, a humanidade, a vida como convergência societária. A síntese reside na sua assunção arquetipal finalizadora. Em ambas acepções do mundo, em ambos os mundos, a vida apresenta-se na sua unanimidade (ainda que heterogénea e dissidente), constituída por todas as coisas e não sobejando qualquer. O homem no mundo vê-se no espelho de toda a humanidade, em peças de ascendência totémica que denunciam a humanidade inteira, concorrendo para a impositividade de figurações alegóricas, metafóricas e outras. As cabeças, aparentemente, preservam o seu anonimato, permitindo a exploração de traços, volumetrias, efabulações morfológicas, naquilo que de mais diferenciador e radical possuem os retratados enquanto exercendo função simbólica e arquetipal. Atenda-se à titulação das pinturas: 1. Careto 2. Mafarrico 3. Diabo 4.Soldado 5.Pescador 6.Mulher 7.Guarda As cabeças correspondem a elementos que se inscrevem num património popular – subscrevendo uma radicação antropológica simbólica. Os ―caretos‖ que se relacionam com rituais e festas de Carnaval, os ―mafarricos‖ que povoam as lendas e superstições, designação mais carinhosa ou afectiva para os ―diabos‖. Passando às tipificações profissionais eis a peculiaridade de ―soldados‖ e ―guardas‖ que remetem para a regularidade moral social e o reasseguramento comunitário; os ―pescadores‖ que prometem o exercício que alimenta as povoações e as ―mulheres‖ que sustentam toda esta nomenclatura de existências e desempenhos mítico-simbólicos, susceptíveis de uma pragmática profano/religiosa… A série das pinturas-esculturas é, pois, reveladora em toda a sua potencialidade dos termos antropológicos e estéticos que exteriorizam a conciliação, a cumplicidade, para quase aceder ao uníssono cosmogónico, onde o homem, ganhando a certeza do corpo, como escrevia Novalis, sendo parte do Mundo: "...exprime já a autonomia, a analogia com o Todo — em resumo, o conceito de microcosmo. A este membro tem de corresponder o Todo. Tantos sentidos, tantos Modi do Universo — o Universo completo é um Analogon do ser humano em corpo, alma e espírito. Um é a abreviatura, o outro é extensão da mesma substância."4 4
Novalis citado por Rui Chafes, Wuerzburg, Bolton, Landing, Lisboa, Assírio & Alvim – 1998, p.149
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A percepção aproximativa, entre o pensamento de Novalis e as especulações cosmológico-antropológicas susceptíveis de serem extrapoladas a partir da leitura destas pinturas reflectem visibilidade criacional do homem ―cifrado‖ no mundo. Denotam afinidades, reflectindo uma comum influência de endereçamento cosmológico de Platão (veja-se Timeu, 2ª secção), concretamente, quando o filósofo, antes de abordar o problema na sua ordem social e política, se refere de forma demonstrativa ao homem na sua pertença ao universo, sendo o próprio universo: pois o homem se apresenta como um universo em redução, um microcosmo sujeito às mesmas leis e determinações que as do macrocosmo.5 As peças-símbolos de Daniel Melim fruem a sua presença matérica nas pinturas, pertencendo aquilo que constitui o chamado ―imaginário colectivo‖. 6 Quanto, pertencem também ao imaginário pessoal e singular do autor. Se assim o entender, o autor pode gerar inúmeros elementos que venham a povoar as suas telas em devir. Tratar-se-á de aumentar esta espécie de família de seres imaginários, parafraseando Jorge Luís Borges. Aí, podem ascender a um tempo mítico, circular – o tempo do eterno retorno, seguindo Octávio Paz – por contraposição ao nosso tempo linear, o dos humanos. Mas onde, por vias da criação nos é permitido conviver entre fronteiras de mítico e factual… Os seres imaginários de Daniel Melim comungam com os espíritos da água, do ar, mas sobretudo com os da terra que, desde os primórdios da humanidade, se congregam numa visão cosmológica do Ser. A terra opõe-se simbolicamente ao céu. É o aspecto feminino, que contém, que suporta. É densidade, fixação e condensação; é a perfeição passiva: ―Universalmente a terra é uma matriz que concebe as fontes, os minerais, os metais.‖ 7 As cosmogonias surgiram de uma arte combinatória entre a imaginação e a sua irreversível tendência racionalizante. O acto da imaginação é um acto de carácter mágico, uma espécie de encantamento em que se evocam os "objectos" desejados, de modo a que se possam possuir, através da figura do humano. Estes elementos icónicos permitem-nos esboçar uma categorização, uma espécie de gramática visual, a partir da sua definição constitutiva, tendo em consideração a combinatória das vertentes: formal com a intencional e simbólica, de modo a instaurar uma iconologia específica, correspondente ao conceito de homem e de humano transmitido, progredindo para uma leitura de foro antropológico/simbólico. Possuem a força e vontade de poder que se associam aos fetiches. Daniel Melim concebe uma interacção efectiva entre real e imaginário, concretizando um "mundo" onde os valores de existência e não-existência se presentificam em síntese dinâmica. Concluindo: 5
Platão pretendeu com esses desenvolvimentos dar uma explicação geral para o mundo, recorrendo à enunciação da sua Teoria das Ideias. 6 Cf. C. Jung, O Homem e seus símbolos, Botafogo, Ed.Nova Fronteira, 1987 7 Cf. Jean Chevalier e Alain Geerbrandt, Dictionnaire des Symboles, Paris, Robert Laffont, 1969, pp. 940 e ss.
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1. as unidades icónicas das Séries, referidas inicialmente, são fragmentos simbólicos, detalhes virtuosísticos do mundo, tanto quanto as peçaspinturas, trazendo o humano até reduções de consistência, articuladas entre si pela perfectibilidade representativa e conceptual; 2. as peças de pintura de pequeno e concentrado formato são aforismas que remetem para a genuinidade e lucidez de pensamento poético, como é caso da obra de Manoel de Barros... “Tudo que não invento é falso.”8
Maria de Fátima Lambert Nov. 2009
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Manoel de Barros, Livro sobre o Nada, Rio de Janeiro, Ed. Record, 2001, p.67
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Estas pinturas são feitas sobre vidro. O vidro é colocado entre quem pinta e o objecto que, em cada ocasião, for o modelo da pintura. Como no perspectógrafo renascentista, o observador tem de escolher cuidadosamente o seu ponto de vista e estar absolutamente quieto durante o processo de criar a imagem, durante muitas horas. As pinturas são feitas com tinta acrílica. Depois de feita a imagem, é dada sobre o vidro uma última camada de tinta muito espessa. Quando esta camada seca, a pintura é retirada inteira do vidro. Esta autónoma placa de tinta é o que se expõe, colando-se com fita-cola dupla à parede da exposição, à maneira de um poster.
Daniel Melim
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DANIEL MELIM Ginguba A exposição acontece a partir de dois núcleos de trabalho, em que o autor prossegue o seu trabalho de pintura em acrílico sobre vidro que depois é retirada deste e apresentada apenas como camada autónoma de tinta: Num primeiro momento, o autor apresenta reproduções do primeiro livro de pintura que viu em criança: "A Pintura nos Grandes Museus". O livro é apresentado enquanto objecto, aberto, e o que se vê do seu conteúdo são apenas as reproduções das pinturas, não o texto. Escolheram-se planos do livro que reproduzissem retratos individuais. Neste caso, o vidro é sobreposto directamente ao livro aberto, e o processo de pintura é como que um scan selectivo efectuado sobre este. O segundo núcleo é constituído por pinturas feitas a partir de esculturas. As peças foram feitas maioritariamente em barro, sendo destruídas logo após a realização da pintura. Cada peça apresenta a cabeça de uma figura. As pinturas são executadas no mesmo local onde o barro para as peças é retirado da terra: no Alentejo. Neste segundo núcleo, o vidro é colocado como no perspectógrafo renascentista (entre o pintor e o modeloescultura), tendo o pintor que ficar exactamente no mesmo local durante várias horas e trabalhar sempre com um olho fechado. O avô do autor viveu no Alentejo, em África e era o dono do primeiro livro de pintura que este viu. O avô chamava o autor de Ginguba.
Daniel Melim (Coimbra 1982) é licenciado em Artes Plásticas - Pintura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa e esta é a terceira individual nesta Galeria. Tem participado em várias exposições colectivas, tais como no Prémio EDP Jovens Artistas de 2008. As suas obras figuram em várias exposições institucionais e privadas.
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Careto. 2009. Tinta acrĂlica. 82.5 X 78.5cm
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Mulher. 2009. Tinta acrĂlica. 80 x 56cm
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Mafarrico. 2009. Tinta acrĂlica. 79 x 55cm
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Pescador. 2009. Tinta acrĂlica. 72.5 X 74.5cm
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Soldado. 2009. Tinta acrĂlica. 60 X 68cm
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Diabo. 2009. Tinta acrĂlica. 69.5 X 73cm
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Guarda. 2009. Tinta acrĂlica. 76.5 x 67.5cm
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Do Primeiro Livro de Pintura que o Autor viu. 2009. Tinta acrĂlica.37 x 59,5cm
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Do Primeiro Livro de Pintura que o Autor viu. 2009. Tinta acrĂlica.37 x 61cm
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Do Primeiro Livro de Pintura que o Autor viu. 2009. Tinta acrĂlica.37 x 60cm
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DANIEL MELIM
http://a-pintura.blogspot.com 1982 – Nasceu em Coimbra 2006 - Curso de Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. 2009 - Lecciona a disciplina de Desenho na Escola de Arte “Arte Ilimitada”. Vive em Lisboa.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS 2009 2008 2007 2006 -
Ginguba, Quase Galeria, Porto Ginguba, Módulo – Centro Difusor de Arte, Lisboa Amor, Módulo – Centro Difusor de Arte, Lisboa Desenhos murais, Fábrica Features, Lisboa Por a Casa, Módulo – Centro Difusor de Arte, Lisboa
EXPOSIÇÕES COLECTIVAS
2009 - Coleccionar I : Pintura, Módulo, Lisboa 2009 - Desenho Livre, Espaços do desenho, Fábrica do Braço da Prata, Lisboa - Arte Lisboa 2008 (Módulo), FIL, Lisboa - Atlas Projecto de Desenho, Fundação Carmona e Costa, Lisboa (cat.) 2007 - Prémio EDP Novos Artistas 2007, Fundação EDP, Porto (cat) - Isto não é uma flor!, Módulo, Lisboa 2006 - Finalistas de Pintura, Galeria do Palácio Galveias, Lisboa; Salão Nobre do Teatro Aveirense /Antiga Capitania de Aveiro, Galeria dos Paços do concelho / Livraria da Universidade de Aveiro; Cooperativa Árvore,Porto (cat.) - Finalistas de Desenho da Faculdade de Belas-Artes, Sociedade Nacional de Belas-Artes, Galeria Municipal de Torres Novas, Galeria Municipal de Montemor-o-Novo - Construir-Desconstruir, Galeria Forma d’Arte, Estoril - Paisagens, Modulo, Porto 2004 - Meio, Sociedade Harmonia Eborense, Évora PROJECTOS 2008 – Colaboração no Atlas - Projecto de Desenho, org. de André Romão, Gonçalo Sena e Nuno Luz 2007 – Residência artística na Eira33, pesquisa processos de desenho colectivo. BIBLIOGRAFIA Martins, Celso, Ginguba, in “Expresso”, 25.09.09 ....Exposições, in “Agenda Cultural-CML”, Set. 09 Sardo, Delfim, Daniel Melim: A prática quotidiana do desenho, in cat. Prémio EDP Novos Artistas, 2008 Guerra, Sílvia, Perspectiva Actual: Arte Lisboa 08 – Sem terramoto, in “Arte Capital”, Dez. 08 Sardo, Delfim, Daniel Melim: A prática diária do desenho, in cat”Prémio Novos Artistas EDP 2007” Nadais, Inês, No quarto da Vanda, in “Público-Ípsilon”, 14.12.07 Rato, Vanessa, Prémio EDP Novos Artistas, in “Público” 15.06.07 ....Exposições, in “Expresso”, 11.02.06 ....Exposições, in “Expresso”, 20.01.06 ....Exposições, in “Casa & Jardim”, Janeiro 2006 ...D.M., Papel manteiga, in Magazine Artes nº 37 Fev.06 Pomar, Alexandre, Trabalhos em curso, in “Expresso”, 4.02.06 Martins Celso, D.M., in “Expresso”, 11.02.06 Bravo, Aquiles Ortiz, Arriban las primeras noticias del arte 2006, in “El Aragueno” (Cultura), 20.02.06 Pomba, Susana, in “Público”, 21.01.06 Oliveira Luisa Soares de, Construir – Desconstruir, Os novos significados na arte contemporânea, in Construir-Desconstruir, Galeria Forma d’Arte, Estoril, 2006
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Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são “colocados em gavetas”, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do “gaveta” mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 +1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto construído 2
para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
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Por (de)Trás da Aparência, o quê? Viajante Inesperado
Dessiner est pour moi lancer des lignes dans l’espace, même sur le papier. Dessiner est pour moi une forme de danse avec mes deux poignets.1
Por detrás da aparência, supõe uma frente e um atrás…Supõe um antes – durante – um depois. Sendo que a aparência é o durante significativamente instável ou capaz de alguma permanência? …Sendo apenas uma espécie de apeadeiro entre cada um de nós e aquilo que sejam as entranhas, substância ou essência do que é a obra – pelo menos o que seja susceptível de ser visto da obra… Implica a noção de realidade, de efectividade que se “protela” na duração, pois se afirmou a condição e facto de “aparência”. ““Prolonga-se por dias, dura anos”; Goethe, meu herói 1
Jan Fabre - Umbraculum, Paris, Actes du Sud, 2001
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e mestre da expressão simples e prática, mais uma vez acertaste: a duração tem que ver com os anos, com as décadas, com o nosso tempo de vida; (…)”2
As estruturas que Luís Nobre tem concebido, para os seus projectos mais recentes, inscrevem-se (em consentaneidade), pautam-se por uma relacionalidade afirmativa face aos espaços arquitectónicos em causa. Refiramse dois: a intervenção que alastrou pela Casa-Museu Anastácio Gonçalves e no Museu de São Roque (ambos em Lisboa). Num e outro caso, salvaguardando as tipologias – quer arquitecturais, quer funcionais – as suas obras expandiram-se pelas inúmeras salas e quartos (CMAG) e numa das salas magnas do Museu. Isto, para além das incursões de pequenas esculturas em bronze intituladas (curiosamente) Contra-campo.
O visitante deparava com as peças/humanóides, devidamente inseridas e dialogando com as demais obras da colecção patentes na exposição permanente. Dessa série, 3 peças/criaturas empreenderam viagem até ao Porto, tomando como destino o MNSR. Infiltrando-se no Museu, estancaram isoladas, em residências algo esconsas que ao visitante cabe localizar. 2
Peter Handke - Poema à duração, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p. 27
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Também aqui cabe a noção de “aparência”: perante a extensão do antigo Palácio, o artista coloca as esculturas em locais que carecem ser desvelados, situando-os dentro da aparência, plasmando-as perante o que o público sabe visitar. As esculturas configuram-se enquanto viajantes inesperados, esses que não decidem antecipadamente o detalhismo da viagem antes de a iniciarem, nem tampouco previnem os demais da sua iniciativa – contrariando, quiçá, Michel Onfroy na sua Teoria da Viagem… O viajante na actualidade assume proporções banalizadoras, longe estando – na maioria dos casos – a “pseudo-excentricidade” daqueles que encetavam o Grand Tour! Os artistas, os poetas viajantes destinavam-se uma formação, uma educação estética conclusiva que culminava no fascínio italiano, entre ruínas, perfumes e paisagens. Feliz também o pintor cujo amor pela paisagem o leva a passeios solitários, que sabe exprimir na tela o sentimento de tristeza que lhe inspira um bosque sombrio ou um campo deserto! 3
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Xavier de Meistre - Viagem à roda do meu quarto, Lisboa, & etc, 2002, p.32
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Deambulares baudelairianos, benjaminianos entre outros, tantos os seguidores cujas identidades se achavam em territórios alheios, fora a ambição de desterrados intelectuais, exilados ideológicos ou políticos ao longo de quase 2 séculos. O flâneur, o Wanderer e, vulgo, o passeante, configuraram, bem solidamente, espíritos criadores que, através de desideratos múltiplos, convergiam na urgência de definição identitária. Os poetas, os pintores, os músicos viajantes ensinaram visões do mundo em panorâmicas e em ricas detalhistas peculiaridades. Desde as cartografias expostas em imagens a partir de relatos de outrem até aos testemunhos diarísticos dos cadernos de viagens, os humanos deixaram-se seduzir pela angústia e fruição da viagem, registando elementos (por vezes quase imperceptíveis) … detalhes que glosavam espécies da flora e fauna, quanto das diversidades culturais que os surpreendiam. Talvez, hoje – em certa perspectiva – se queira mais e mais ver o que haja a ver no mundo, “o que [ainda] resta do mundo/ o que deitaram fora” como lembrou Susan Sontag em O Amante do Vulcão. Uns cumprem o registo através de uma escrita poética, ensaística ou ficcional, outros externalizam em imagens e objectos o que seja vivido, imaginado nessas jornadas factuais ou imaginadas mas todas elas – sem dúvida – garantidas pela simbologia e mitologização estruturantes. Em territórios de proximidade ou de afastamento, as jornadas dos artistas percorrem caminhos exteriores ou internos que, porventura, se sobrepõem, isolando elementos visuais e/ou conceptuais que conformam em obra. A tradição da literatura de viagens (em diferentes subtipologias) quanto Cadernos, livros de notas & etc, que diferentes gerações de artistas nos legaram, demonstram continuidade na contemporaneidade e no presente. Esquiços, esboços, aguarelas, pinturas e fotografias organizam um saber de lugares transcorridos, onde a permanência se demora ou reduz. A duração da viagem subsiste na decisão do sujeito que a decide e tem continuidade na recepção de quem a ela acede através da experiência estética – ou seja, qualquer um de nós enquanto espectador, ouvinte, enfim: público. De algum modo, somos sujeitos que – se assim estivermos disponíveis, nos convertemos (também) em viajantes inesperados naquilo que seja a visita a uma exposição ou a presença participadora numa performance. Assim, atrás da aparência das obras, entra-se no mundo mais intimista do autor e viaja-se insuspeitadamente… As criações de arte são sempre resultado do ter-estado-em-perigo, do ter-ido-até-o-fim numa experiência, até um ponto que ninguém consegue transpor. Quanto mais se vai, mais uma vivência se torna própria, pessoal, singular – e o objecto de arte é, afinal, a expressão necessária, irreprimível e o mais definitiva possível dessa singularidade.4
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Rainer Maria Rilke – Da Natureza, da Arte e da Paisagem, Lisboa, Largebooks, 2009, p.15
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Por outro lado, o conjunto de peças que se encontram reunidas na exposição de Luís Nobre, evocam uma atitude de recolha e salvaguarda de sinais e elementos visuais que reconcebe e inventa, a partir de uma iconografia directa ou indirecta. Isto é, nalguns casos, depara-se com fragmentos iconográficos de valência pictogramática, noutras ideogramática e, mesmo, psicogramática (seguindo a nomenclatura de Emmanuel Anati). Se tivesse vivido alguns séculos atrás, provavelmente ter-nos-ia legado álbuns enorme, recheados de exotismos estéticos e congruências artísticas, talvez pontuados por reflexões de ordem narrativa ou descritiva acopladas…Lembro Jean Debret que, no século XIX, gerou um manancial de desenhos que são caso paradigmático dos recintos interiores de viagem (no Brasil) assumidos através do rigor da externalidade dos factos, situações…Mesmo não sendo pródigas as viagens em lugares tão exóticos quanto o foram, existem denominadores comuns: qualquer um de nós, selecciona os mínimos exotismos entre o que outrem queira sejam banalidades. Pombos, vitrais, escamas, metamorfoses “d’aprés Bosch”…enfim, eis uma panóplia infindável de pretextos, de impulsos ou de ancoradouros que avançam sobre labirintos de madeira estabilizados. Por trás da aparência, os viajantes ludibriam-nos em suposto hieratismo e pertença.
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Está-se perante segmentos da contemplação criadora de Luís Nobre, quanto se podem estabelecer diagonais e vértices, inclinações (sempre o movimento no estático “aparente”) e decorrências que sejam pertença de cada um dos espectadores, dos visitantes. O espaço da galeria é pontuado, estabelecendose uma espécie de partitura, cumprida através de uma “notação” peculiar que também se poderia subsumar enquanto cartográfica. Expandindo a ideia um pouco mais, seria algo próximo a um “Atlas de Emoções” (vide Giuliana Bruno), alguns ou tantos mapeamentos individuais a serem inventadas pelo público para seu bel-prazer. Talvez e ainda, a sua maneira, Luís Nobre tenha providenciado algo com afinidade à intenção considerada no livro Fra Mauro na Corte de Veneza do séc. XVI: “Ocorreu-me a ideia de fazer um mapa que desafiasse qualquer categoria e género. Esse mapa conteria todos os mapas, um mapa difícil de ser definido; devido a essa falta de definição, no entanto, esse mapa seria em si uma definição mais precisa.” 5
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James Cowan – O Sonho do Cartógrafo, Meditações de Fra Mauro na Corte de Veneza do séc. XVI, Lisboa, Rocco, 2000
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É uma “substância uniforme, um magma de interiores”, no dizer de John Ashbery.6 Que encontre sua razão agregadora no desenho. Afinal, é através do traço que se pode fisicalizar em pintura ou corporalizar em escultura, uma pessoalidade que se exacerbasse até desígnios supremos ou primordiais. Assim, preside na sua instalação um espírito unificador e divergente ad simultaneum, que ascende ao conceito de desenhos que, assim entendido desde Francisco de Holanda, encontrou reflexo, séculos após, na acepção conceptualizadora e experiencial das afirmações de Jan Fabre, quando este assinala que: J’ai découvert beaucoup de choses et j’ai pu inculquer un peu de l’alchimie du dessin à mon corps. Où l’on voit que le dessin est un processus physique. Car on ne commence à le comprendre que quand on l’a beaucoup pratiqué.7
Como escreveu Ossip Mandelstam, na eternidade “…se gravava um desenho pra sempre/ Irreconhecível de tão recente…”8
Maria de Fátima Lambert Outubro 2010
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Vide John Ashbery, Auto-retrato num espelho convexo e outros poemas, Lisboa, Relógio d’Água, 1995, pp.167/171 7 Jan Fabre, Op.Cit. 8 Ossip Mandelstam, Op.Cit., p.107
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Peças no Museu Soares dos Reis
1. "Contra-campo # 6", 2010, bronze, 22x15x10cm (peça colocada na vitrine da ourivesaria) 2. "Contra-campo # 7", 2010, bronze, 20x12x10cm (peça colocada na cómoda da sala de jantar) 3. "Contra-campo # 8", 2010, bronze, 16x14x8cm (peça colocada na vitrina da sala de pintura/retratos)
Peças Quase Galeria > Tela Sem Titulo, 2010, oleo s/tela > Formica- Desvio #2, 2010, tinta de esmalte s/ formica > Pomba - Recusa #2 lapis/ papel, madeira > Desenho canto - Lond Distance Call #12, 2009, tinta s/papel > Geometria. Geo #2, 2008 acrílico, grafite e tinta da china s/ papel > Escamas - Birds Eye #2, 2008, tinta s/ papel e colagem
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LUÍS NOBRE Nasceu em Lisboa onde trabalha.
FORMAÇÃO ACADÉMICA: 1999 / 01- Licenciatura em Artes Plásticas, E.S.A.D. 1990 / 94- Bacharelato em artes Plásticas, ESAD. (Escola Superior De Arte e Design), Caldas da Rainha 1994 - Frequência do curso de Formação Artística Avançada, Aula do Risco, Lisboa.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS: 2010- Causa-Efeito, Museu de São Roque, Lisboa. Olho de Pássaro, Galeria Reflexus- In Between, Porto. 2009- Três Passos Para a Frente, Galeria Carlos Carvalho- Zoom Escalas, Perspectivas e Superfícies, Casa-Museu Anastácio Gonçalves, Lisboa. 2008- Hold It! (com Eric Siu). Location 1, Nova York, EUA 2007- Paralelo 36, VPFCream Art, Lisboa Backside, Borderline Agency fronteira Luxemburgo - Franca 2006- Marcador Permanente, Casa do Pelourinho. Câmara Municipal de Oeiras 2005- Plano B, Lagar de Azeite, Câmara Municipal de Oeiras/Galeria 24B. - Random Border, Leigh Woods/Spike Island. Bristol, Reino Unido 2004 - Através da Distancia que Nos Separa, Pavilhão Branco. Museu da Cidade Lisboa 2003 - A Barreira Invisível, Centro de Artes. Caldas da Rainha. 2002 - 350º ( Arround) , G.L. Box. Porto.Fábrica de Gelados Globo 1998 - Entre o Céu e o Inferno, Sala do Veado, Museu Nacional de História Natural, Lisboa. 1997 - Sub. 867-874, Museu de José Malhoa, Caldas da Rainha.
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EXPOSIÇÕES COLECTIVAS (Selecção): 2010- Artisterium, History Museu, Tbilissi, Georgia Processo e Transfiguração, Casa da Cerca, Almada. 2008-
Ponto de Vista, Fundação P.L.M.J. Lisboa What Goes Up Must Come Down, Madam Lillies, Londres Laboratorio III (Afectos), Quinta das Lágrimas, Coimbra Laboratório II (Ocupação), Ministério das Finanças, Lisboa Finisterra / Allgarve, Centro Cultural de S.Lourenço Location 1 at Monkeytown, Monkeytown, Brooklyn. E.U.A.
2007-
Fazer Falar O Desenho, Museu de Arte Contemporânea do Funchal 1st. International Biennial of Contemporary Art, Thessalonic. Grécia The Uninterrupted Line, The Basement, Viena, Áustria Disco Baroque, UTS Gallery. Sydney, Australia Objecto Simulacro, Hospital Júlio de Matos, Lisboa Cut and Past, Peloton Gallery, Sidney Australia Debaixo do Tapete, Plataforma Revolver, Lisboa
2006- Urbanismo, Linhas e Contornos, Galeria 24B, Oeiras - Laboratório I ( Terra), Tapada da Ajuda, Lisboa - Year of the Dog, Ale & Porter Arts, Bradford. Reino Unido -Ohh! Naturel. Madam Lillies, Londres. Reino Unido -Natureza Morta. Galeria 7 /, Coimbra -O Manicómio Dr. Heribaldo Raposo. Museu da Cidade, Lisboa th
-5 International Biennial of Contemporary Art 2006, Gyumri. Arménia. 2005 –Cem Desenhos, Maus Hábitos, Porto -Blue Screen, The Cube, Bristol. Inglaterra -E=mc2, Museu da Ciência, Colégio das Artes. Coimbra -A Extensão do Olhar, Centro de Artes de Coimbra -O Contrato Social, Museu Bordalo Pinheiro, Lisboa 2004 - Oh Dear! Galeria Z.D.B. Lisboa - Movimentos Perpétuos, Arte Para Carlos Paredes. Cordoaria Nacional, Lisboa 2003 - Prémio CELPA, (seleccionado) Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva Lisboa. - Os Meus Cromos da Arte Contemporânea, Galeria ZDB, Torre de Moncorvo, Câmara Municipal de Moncorvo. 2001- De Outros Espaços, Sala do Veado, Museu Nacional de História Natural, Lisboa.
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- Paisagem? Armazém 7, Lisboa - Free Ingress, Establishing a Scenario , Galeria Municipal de Budapeste, Hungria. 2000 - Sister Spaces, Southern Exposure., S. Francisco, E.U.A. - Emergências, Fábrica da Pólvora – Lugar Comum, Oeiras. - Caldas da Rainha Arte Contemporânea, Pavilhões do Parque D. Carlos I, Caldas da Rainha. - Alquimias, Convento de S. Francisco. Coimbra. 1999 - V Bienal de Jovens Criadores (Clube Português de Artes e Ideias) Tribunal de Braga. - Nonstopopenning, Galeria Z.D.B. Lisboa. 1998 - Art Attack, Galeria Z.D.B. Lisboa. 1996 - Sete Artistas ao Décimo Mês, Fundação Calouste Gulbenkian Lisboa. 1995 - Identidade. Faculdade de Letras de Lisboa. - IV Bienal Internacional de Escultura e Desenho de Caldas da Rainha. 1993 - V Bienal Internacional de Escultura e Desenho de Caldas da Rainha.
RESIDÉNCIAS E WORKSHOPS 2008- Location 1, Nova York, EUA 2007- Hweilan International Artists Workshop, Taiwan 2006- Dreams or Ilusions, V Biennial of Contemporary Art, Gyumry, Armenia. 2005- Spike Island, Bristol. Reino Unido 2001- Establishing a Scenario, (Germination XIII) Budapest Gallery. Hungria
COLECÇÕES (Selecção): Museu José Malhoa; PCR; P.L.M.J.; Fundação Ilídio Pinho ; Budapest Gallery; Caixa Geral de Depósitos e em várias colecções privadas.
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QUASEGALERIA Rua do Vilar, 54 4050-625 Porto dci@espacot.pt | www.espacot.pt Seg. a Sexta das 10:00h às 13:00h e das 14:00h às 18:00h
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Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são ―colocados em gavetas‖ , verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o da “gaveta” mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 em 1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
JUST DO IT – MÓNICA DE MIRANDA: registos em processo… Uma vez mais, em Just do it, Mónica de Miranda apropriou-se da casa, avançando além da área convencional da Quase Galeria, assim cumprindo os desígnios de ocupação, um dos conceitos que a artista reclama esteticamente e que, ao longo destes anos tem vindo a desmontar, restituir e sobretudo, questionar em moldes gregários e ideológicos. A obra de Mónica de Miranda transporta, na sua substância mais profunda, referências a migrações, globalização, turismo e novas geografias por relação à construção (sustentabilidade que questiona) do/no espaço urbano. Através do seu trabalho consolida visibilidades, incentivando especulações sobre a existência de um “terceiro espaço”: esse território híbrido de desenvolvimento transnacional (? heterotopias à la Michel Foucault?). Essa zona (sem ser na acepção que lhe atribuiu Jean Cocteau…) que absorve a pregnância de encontros transfronteiriços e os diálogos incrustados no tecido do dia-a-dia. A zona solidifica se, devolvendo essas substâncias conceptuais, convertendo-as em morfologias ricas em interferências e constâncias. As topologias adquirem humanidade, servem escopos antropológicos e ideológicos que precisamente conformam a sua estética. Atenda-se a que os locais, os lugares, na obra da artista nunca são “algures”, persistem numa rectificação assertiva e quase irreversível, salvaguardando a flexibilidade que as identidades múltiplas e correspondentes manifestações (criativas, factuais e societárias lhes atribuem.
“Sonhar com um destino é obedecer a um imperativo que, no nosso íntimo, fala uma língua estrangeira. Como se uma espécie de demónio socrático formulasse e traçasse, em nosso lugar, esse raio que inflama o indeciso, o impreciso ou o confuso no nosso foco interior. (…) O corpo colecciona imagens transformadas em ícones.”1
Como a artista afirma: “a arte é como que uma viagem de fronteiras contestadas no terreno das questões de lugar, identidade e pertença.” Assim, se entenda a investigação que desenvolve cruzando e tornando cúmplices ideias, directrizes e concretizações transdisciplinaridade na arte. O seu trabalho caracteriza-se pela utilização de materiais que evocam sentimentos de intimidade e familiaridade, exponencializando acepções conceptuais. 1 Michel
Onfray, Teoria da Viagem - Uma Poética da Geografia, Lisboa, Quetzal, 2009, p.24
Just do it de Mónica de Miranda convida à experiência cultural de intersecções que ligam identidades próprias e localizadas, ao mundo físico e perceptivo que nos rodeia. A topografia da paisagem na sua obra – urbana embora impregnável pela natureza em bruto…- constitui-se enquanto uma espécie de…um certo álbum, uma agenda de vida em constante mutação, promovendo uma acção aberta, em processo. No seguimento de uma investigação interventiva que retrocede até à sua radicação em Inglaterra, o trabalho realizado a partir do seu regresso a Portugal, persiste numa infindável busca de reconfigurações identitárias biunívocas que partem da pessoa singular para a comunidade, a ela retornam, num movimento construído a partir de compulsividades incessantes porque as movimentações comunitárias estão impregnadas de um dinamismo “infinito”. Essa agregação de acções, actuações e eventos condicionados por circunstâncias externas à vontade das pessoas no grupo, nos diferentes grupos/círculos de socialização em que nos movemos, é lucidamente observada, interiorizada, debatida e dinamizada pela artista. A sua obra é instaurada por silêncios, procedentes de pessoas isoladas ou cujo sentimento gregário se revela precário, efémero ou fugaz.
Experimentai dar um empurrão a um pensamento: cairá facilmente; mas o que empurra e o pensamento que é empurrado, ambos produzem esse entretenimento que se chama discussão. Vamos ter uma mais tarde? Ou simplesmente podemos decidir que não vamos ter uma discussão. Como queiram. Mas agora temos os silêncios e as palavras fazem – ajudam a fazer – os silêncios.2
Mas os silêncios nem sempre devem ser temidos ou entendidos como danos irrevogáveis. A quietude na obra de Mónica de Miranda reflecte a não cedência e a convicção inquestionada da “missão estética” que se propõe, evocando a nomenclatura de José Ernesto de Sousa…
Just do it surgiu segundo depoimento da artista na sequência de um trabalho desenvolvido junto de comunidades na zona de Lisboa. A artista constatou a relevância que, para a grande maioria dos jovens, o desporto, enquanto actividade lúdica e competitiva, possui adstrito a uma sedução pelas marcas de artigos desportivos. Mónica de Miranda apropriouse. Trata-se de uma tomada de consciência/ posse em concatenação, pois os jovens capturam marcas e acessórios que os seduzem, no universo das actividades desportivas e 2 John
Cage, “Conferência sobre o nada”, Silence.
denotativas de estereótipos sugestivos ou de mediaticidade incontornável. Tais atitudes são filtradas e expostas nas peças constantes desta mostra. Nomeadamente no que respeita aos atributos/equipamentos, correspondentes a modalidades como futebol ou boxe, transfigurando-os a nível pragmático e semântico. Por outro lado, a artista fixou (apoderouse) imagens que confirmam certa transtemporalidade ontogénica, quanto societária, nas fotografias que habitam as suas caixas de luz.
A cabeça e nuca que presentificam simultaneamente a fisicalidade que impregna Just do it, nas suas distintas conformidades e acepções, e a não-somente-metáfora ao conceito de um mapa singular e simbólico para lá da significância que a própria cabeça/corpo possui em si. É uma sinédoque, pois esta cabeça expõe-se a si mesma mas também transporta o peso da existência humana actual – suas equivocidades, seduções e questionamentos. Por analogia, ainda e em progressão, relativamente à fotografia de uma criança (vista de costas) e colocada perante uma paisagem urbana. Tal paisagem que poderia ser ou não o conteúdo iconográfico da panorâmica…
A capacitação lumínica, das obras mencionadas, propaga as tensões (porventura patentes) pese embora a tranquilidade e consistência identitárias das duas pessoas, salvaguardadas as diferenças etárias. Curiosamente a cabeça do adulto não dispõe de paisagem antes ou depois; afirma-se num território que é o próprio, sem complacências, talvez, por referência a um estádio de confiança e certeza. A imagem da criança é algo expectante, atendendo à postura que endereça para uma movimentação implícita.
As alegorias possuem uma força constitutiva na obra de M. de M. O saco de boxe, orgulhosamente designado por Freedom, é uma obra que pode suscitar a interacção com os visitantes da instalação. As luvas, suspensas de forma negligente, apelam ao seu uso e pragmaticidade mais imediatas. Todavia a minuciosidade estética dos materiais que lhe outorgam uma ergonomia especificam, acentuam a volúpia do desporto em si, transferindo a acção e suas pulsões incontornáveis. A baliza de basquetebol, costurada em malha e a bola que fica retida sem cumprir destino, evocam a angústia do guarda-redes a que aludiu Peter Handke, talvez…O acto não concretizado, algo que acomete os europeus desde que a mitologia grega se decidiu em castigo por ousadia dos humanos perante os deuses…veja-se Prometeu, Hércules ou Orpheu… Os sacos de boxe em azul U(nião)E(uropeia) - que não em azul IKB - fazem a “estrelinha” pensar como pode quedar-se suspensa num combate anti-gravitacional, sendo consolidada na rotação malabarística da bola giratória, acção que é concretizada no vídeo AXIS. A bola, que presentifica o globo terrestre, possui linhas definidoras de territórios, desafiando qualquer mapeamento efectivo. Assim, tornam-se mais reais, decorrendo do impulso, controle ou decisão de quem a domina.
Dimensão lúdica também que, magicamente, apela a um virtuosismo que nem a todos cabe…É ao homem (ser num universo simbólico quanto factual) que compete fazer rodar o mundo, situando-se o eixo da rotação/sustentação na ponta dos dedos e na deliberação do impulso que lhe confere. Atenção particular deve prestar-se à presencialidade da sombra do braço nesta peça de vídeo. Sombra que se reencontra em Changing Hats. Aqui, e de novo, uma figura masculina posiciona-se de costas para o espectador, desenhando a sua performance e destreza. Os chapéus não são de desporto. São chapéus de situação que remetem para épocas e estereótipos societários obsoletos. Talvez por isso funcionem como uma ponte entre tempos, espaços e conflitos que formatam as sociedades, abrindo-lhes a porta para questionamentos, algumas certezas e, sobretudo a congruência do processo de humanização.
Maria de Fátima Lambert
Fevereiro/Junho 2009
Monica de Miranda Mónica de Miranda nasceu no Porto em 1976. Vive e trabalha em Lisboa e Londres. É uma artista visual que tem desenvolvido projectos de arte pública e residências artísticas em galerias e instituições públicas internacionais. Das suas exposições individuais mais recentes destacam-se: Underconstruction (Pav 28-Lisboa , comissariada por Paul Goodwin, 2009), Touring exhibition New Geographies (198 Gallery, Londres, 2007; Plataforma Revólver, Lisboa, 2008 ; Image IC, Amesterdão, 2008 ), In Between Lines (Artery Space, Londres, 2004) e Routes (The Red Gate Gallery, Londres, 2003). O seu trabalho também tem sido regularmente apresentado em diversas mostras colectivas, das quais se referem a título de exemplo: New territories (pav 28 , Lisboa 2009), London Caravan (Iniva, Londres 2008), Mundos Locais (Allgarve, Lagos 2008), London Caravan,( Iniva ,Londres 2008), Estado do mundo (F.C.Gulbenkian, Lisboa, 2007), United Nations (Singapore Fringe Festival, 2007), European’s Workers Union (Bienale de Liverpool e Londres, 2006), We are the revolution (Elastic Gallery/Whitechapell, Londres, 2004), In Search of Identity – New Visions (Doncaster Museum, Doncaster, Reino Unido, 2004), Changing Channels (The Backfabrik, Berlim, 2003) e Memories (Victoria & Albert Museum, Londres, 2002). Tem participado em várias residências internacionais, nomeadamente, Muyehlekete/Triangle Arts (MUSART, Maputo, Moçambique, 2008), O Guru, o Turista e a Globalização (Fundação Oriente/Tamil Nadu, Índia, 2007), Destacam–se ainda outros projectos e workshops desenvolvidos em colaboração nomeadamente: Art of Travel (Tate Britain, Londres, 2008), Verbal Eyes –Trienal of Tate Britain (Londres, 2009) Lore and Other Convergences, (Janini Antonini, Iniva, Londres, 2007), De-colonized Bodies (Guilhermo Gomez Penã ,Live Development Agency, Londres, 2006). Foi já bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian (2009), Arts Council of England (2003, 2005), DG artes (2009). A sua obra esta representada em coleçcões nacionais e internacionais.
axis ' video - video cor 2'' 2009
changing hats , video- 3'' 2009
Goal - instalação- dimensoes variaveis 2006
untitled , 62x42cm - caixa de luz ,foto duratran 2009
Just do it , 62x42cm - caixa de luz duratran 2009
Freedom - instalação- dimensoes variaveis 2006
battle of europe - instalação, tecido, lantejolas, aço, corrente, ganchos , dimensões váriaveis 2009
Untitled - bolas, lantejolas, rede em fio 2009
here and there , 120x60cm - caixa de luz , foto duratran 2009
side walk, instalação - 10 bolas, aço , setim, dimensoes variaveis 2009
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Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são ―colocados em gavetas‖, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do ―gaveta‖ mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 +1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto 2
construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
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PEDRO KALIAMBAI – 35
“Admito que já resolveste o enigma da Criação; e o teu destino? Aceito que desvendaste a Verdade; e o teu destino? Está bem, viveste cem anos felizes e ainda tens muitos para viver; e o teu destino?” Omar Kadhayam
Pedro Kaliambai preparou 35 pinturas de pequeno formato com destino. Tendo visitado o espaço da Q.Galeria há alguns meses atrás, o artista decidiu organizar uma sequência de telas que se lhe adequam, como se de uma espécie de pele artificial e idealizada se tratara. A pele humana é constituída por camadas (derme, epiderme…), à semelhança das sobreposições de guache, ressurgindo, renovando-se em translucidez e transparência sucessivas em pintura plena e expansiva. Verificam-se dois sentidos de leitura: o centrípto – enquanto a composição se autocentra, se coloca dentro de foco, se situa em si mesma; o centrífugo - enquanto cada elemento, integrando a composição, permite uma expansão, ao nível da percepção visual, atravessando o vidro e as fronteiras da moldura. Assim, através da conciliação de ambas forças, a pintura decorre do desenho que a chama e o expande.
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O desenho na sua pintura assume a acepção que lhe foi outorgado por artistas do Renascimento e da modernidade, entendendo-o como aspecto constitutivo do pensamento visual, como capacidade intelectual de sentido integrador; denotativo de um certo discernimento arquetípico, pois propicia (senão mesmo obriga) ao exercício das capacidades intrínsecas que o artista deve promover — e desenvolver para atingir unidade na sua obra. “…Nela se grava um desenho pra sempre, Irreconhecível de tão recente. Escorra do momento a água turva – O desenho amado não esbate à chuva.”1 O desenho, não significava apenas o conjunto dos traços mais ou menos simples, as linhas ou o gráfico que se prevê signifiquem algo existente — de ordem representativa... Evoque-se Almada Negreiros quanto à primazia (e definição) do desenho, atendendo ao seu valor formativo, enquanto dom e exercício educacional, actuando em consentaneidade manifesta, e por transposição, ao trabalho elaborativo do entendimento humano, indutor de conhecimento. A afinidade ao entendimento reconhece-se pela forma como o próprio desenho se desenvolve: rapidez, clareza, simplicidade, ou seja, as qualidades que se reconhecem no desenho. O desenho impõe disciplina, condição única que a garante, assentimento e êxito: obriga a aceitação da obediência, um tipo de obediência que significa lealdade para consigo mesmo, "para com os nossos sentidos, órgãos do entendimento."2
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Ossip Mandelstam, Guarda minha fala para sempre, Lisboa, Assírio & Alvim, 1996, p. 107 Almada Negreiros, "O Desenho", Ensaios, Lisboa, INCM, 1990, p.27
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Poder-se-ia ponderar se o desenho, efectivamente, corresponde à experiência da autoridade pessoal — que implica a consideração integral da pessoa; factor que, aliás, o caracteriza como Arte, à semelhança do modo como a personalidade individual está para a pintura, pertencendo mesmo ao domínio da pintura. Ou seja, quanto o desenho seja caminho – e simultaneamente finalização - para a pintura, donde o caminho para a mencionada autoridade pessoal – seguindo a terminologia. A sua pintura emerge do que está por detrás, impele para a travessia de tempo e espaço ínfimos, zonas intersticiais, espécie de limbos desconvencionalizados…por detrás de segmentos, por detrás de contornos, por detrás de organismos inventados, por detrás de preenchimentos vividos, por detrás de memórias consecutivas…afirmando com Thomas Bernhard: “Por trás das árvores há um outro mundo, eles descem em longos sulcos para as aldeias, para as florestas dos milénios, amanhã perguntam por mim, (…)”3
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Cf. Thomas Bernhard, “Por trás das árvores há um outro mundo”, Na Terra e no Inferno, Lisboa, Assírio & Alvim, 2000, pp.61 e ss.
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Nalgumas das suas telas os sulcos adivinham-se, conformando rugas que poderiam ser excertos de paisagens românticas ou naturalistas. A herança de uma assunção de paisagem que glosa a substância e a identidade, quer do autor, quer dos espectadores. Cruzando vidas, os segmentos agrilhoados nas telas mínimas evocam – no meu imaginário – a sabedoria de Daniel Arasse ao conceber a historiografia da arte através do conceito de ―detalhe‖. Pois as telas podem, assim seja, entender-se como detalhes, cujo desocultamento cabe concretizar. Numa analogia ontológica, a essência e a existência enfadam-se, desencantadas de querelas obsoletas. Um e simesmo, promovendo o desvelamento que as almas, as ideias e as sensibilidades anseiam. Além das subjectividades implícitas em cada uma das 35 peças, existe esse mundo que as alimenta: fragmentos de folhas, pele de seres animais, estames, fósseis, cascas de árvores, barro da terra que se desprende…tudo que nos rodeia suscita pulsar, imprime uma respiração, decide um olhar demorado que atravesse os tempos distintivos das transposições na pintura. Vêem-se 35 pinturas que sabem de permanência, de estabilidade, de fixação que testemunham a passagem do tempo, a ambiguidade da incolumidade cíclica das estações – a sucessão ininterrupta: “Um dia de primavera no fim do mundo. No fim do mundo, de novo o dia passa. O melro chora, como se fossem as suas lágrimas Que molham os ramos cimeiros das árvores.”4 Os conteúdos iconográficos destas pinturas, quase reduzidos a minúsculas notas essenciais, revelam rigorosa depuração e expressam uma consciência austera, quer em termos estéticos, quer picturais. Os motivos apresentados atravessam o vidro que os abriga e expandem-se. As formas geométricas – de teor informal, nalguns casos potencializam uma policromia clarificada e a fundamentação de desenho que as organizam. Pedro Kaliambai plasma um mundo – em termos picturais – que é reconcebido nos segmentos aproximativos na sequência de uma observação da natureza minuciosamente realizada. O mundo pode ser revigorado, voltando à matricidade originária da flora e da fauna, onde se ausentam as morfologias do humano. Todavia, na sua radicação subjazem, pois são singulares os olhos que o recuperam e devolvem em arquetipias, vestígios e indícios. “…O mundo exterior, arrefecido a espaços, tornava-se abrasador. Como dizê-lo? Formava manchas e em seguida raias. “5 Está-se perante 35 episódios de pintura que contêm em si percursos, jornadas e permanências, acompanhando o ritmo de uma existência. Pode divagar-se, desencadear narrativas sobre as substâncias mais inesperadas: cada espectador ao contemplá-las quererá evoluir e participar na imensidão de paisagem interna que aqui se encontra plasmada.
Maria de Fátima Lambert Lx, fev./mar. 2010 4 5
Li Shang-Yin – Chuva na Primavera e outros poemas, Lisboa, Assírio & Alvim, 2001, p.21 Yukio Mishima, O templo dourado, Lisboa, Assírio & Alvim, 1985, p.148
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Sem tĂtulo – 2009, 12x12 cm (cada de um conjunto de 35 pinturas)
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Curriculum Pedro Kaliambai Luís David de Morais nasceu em Luanda em1974 Vive e trabalha em Lisboa Tlmv.961120172 panela_depressao@hotmail.com
Habilitações académicas: 2006 - Curso Avançado de Artes Plásticas no AR.CO 2005 - Workshop de Gravura, no AR.CO, sob a direcção de Ângelo de Sousa 2000 - Licenciatura em Engenharia Zootécnica Prémios: 2008 – Finalista do prémio ANTECIPARTE '08 Feiras: 2010 – Espacio Atlántico – Vigo 2009 – Valencia.Art – Valência 2009 – Foro Sur ’09 – Cáceres 2008 – 8ª edição da ARTE LISBOA – Lisboa Exposições individuais: 2001 – Centro Cultural de Fronteira – Fronteira Exposições colectivas: 2009 – Wallpaper – Galeria 3+1, Lisboa 2008 – Sara & André – Galeria 3+1, Lisboa 2007 – Pavilhão 24A bolseiros & finalistas do AR.CO 06, Lisboa 2005 – 7 na pintura – Igreja de Santiago, Monsaraz 2004 – Almoço de Verão do AR.CO – Quinta de S. Miguel, Almada 2003 – A Arte no Corpo e o Corpo na Arte – Galeria 21, Évora 2003 – Escultura na Cidade – Grupo Pró-Évora, Évora 2001 – Corpo.Nu.Desenho.4 – Grupo Pró-Évora, Évora 2001 – 1º Aniversário da Galeria 21 – Galeria 21, Évora 2000 – Corpo.Nu.Desenho.3 – Grupo Pró-Évora, Évora
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Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são ―colocados em gavetas‖, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do ―gaveta‖ mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 em 1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
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CRISTINA ATAÍDE "...são bons estes LUGARES de cinza..." (al berto)
2 ACTOS [e um sofá imensamente néo-barroco para o pensamento descansar] ACTO I Em registo fotográfico, definitivamente para ser sempre – presentificam-se as fotografias como imagens de existências, encenações e simulacros mas com tópicos de genuinidade. Os protagonistas entram em cena e são cativados. Assumem os seus lugares no cenário. O adereço é um sofá circular, em material que imita pele - napa mais concretamente; é branco e acolchoado – diga-se, néo-barroco. Do mezzanino obtém-se uma vista em perspectiva aérea dos protagonistas. Os protagonistas vestem roupas coloridas, têm proporções e fisionomias diversificadas e as respectivas posturas demonstram que cada um decide, por si, onde quer ser. Algumas pessoas distribuem-se, sentam-se, em redor do sofá néo-barroco e outras colocam-se na sua proximidade. Mas, privilegiando sempre o círculo como desenho compulsivo a ser fotografado.
“Só termina quando acaba.”
“Pode parar-se o relógio mas não o tempo.”
Estas são frases anónimas que ouvi e memorizei; ou li-as, nem sei bem onde e quando. O facto é que quem as tenha proferido ou escrito, não pretendeu manter posse exclusiva do que pensou e formulou. Talvez porque os respectivos conteúdos remetem para algo – a existência na sua condição precária e de irreversibilidade - que sendo por demais universal, se estende, inexoravelmente, a todos e aos demais. Não importa quem tenha sido o emissor, interessa sim que existam receptores, capazes de as absorver, vomitar ou sobre elas ponderar. Mas estimule-se, dentro de cada um de nós, o sadio convívio com todas as inumeráveis frases que, pelo contrário, existem, procedendo de autores ―alémtempo‖, cuja singularidade delimita territórios próprios; assim, permanecem e retêm suas particularidades originárias (embora susceptíveis de serem apossadas – leia-se interpretadas, etc. - por outras tantas inumeráveis gerações…) É o caso de: “O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.”1 Ou: “É tempo de meio silêncio, de boca gelada e murmúrio, palavra indireta, aviso na esquina. Tempo de cinco sentidos num só.(…)”2 1 Carlos 2 Carlos
Drummond de Andrade, “Mãos dadas”, Antologia Poética, Lisboa, Dom Quixote, 2002, p.149 Drummond de Andrade, “Nosso tempo”, Op. Cit., p.153 3
O tempo. Numa fotografia, supostamente, congela-se o tempo. Congelam-se as figuras no tempo pois deixam de ser pessoas e talvez sejam, transitoriamente, personagens. Não é verdade? “Julgamos que nos libertamos dos lugares que deixamos para trás de nós. Mas o tempo não é o espaço e é o passado que está diante de nós. Deixá-lo não nos distancia. Todos os dias vamos ao encontro daquilo de que fugimos.”3 As imagens fotográficas revelam decisões estéticas de cariz e fundamento antropológico e societário. Tais pressupostos, que igualmente são princípios impulsionadores para a sua concretização, transportam a carga psico-afectiva da autora e adquirem tensão e cumplicidade das suas personagens…quase Pirandello…mas, neste caso, o autor procurou os seus actores tanto quanto as suas personagens o aceitaram. Mais, nos Cadernos que Cristina Ataíde pediu às pessoas organizassem, preservando seus desidérios ou intenções, a conivência entre as imagens visuais e as palavras (caligráficas ou imprimidas) concretiza-se através da ingenuidade — em estado de ingenuidade pessoal. Por sua vez, como condição para a criação, a ingenuidade tem de ser promotora da verdade, essa verdade, mais uma vez, metafórica, do menino que chegou tarde à escola porque esteve a olhar para uma boneca, como nos afirmou Almada Negreiros.4 A verdade das pessoas existe, provada pelo uso das palavras que tomam para si: "O preço de uma pessoa vê-se na maneira como gosta de usar as palavras. Lê-se nos olhos das pessoas. As palavras dançam nos olhos das pessoas conforme o palco dos olhos de cada um."5 As palavras que as pessoas usam são, de algum modo, os seus nomes, o que se associa directamente à relevância que, societária e culturalmente, se atribui ao "nome", um pressuposto de evidência ambígua (seja) — conceptual — para a assunção mas sobretudo o reconhecimento da identidade pessoal. As fitas vermelhas que os suspendem, caindo desde o mezzanino, tecem uma cortina penetrável quanto as emoções possam ser desveladas?! São actos de espera, de perseverança e lucidez. São uma obra feita Todos.
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Quignard, Vida Secreta, Lisboa, Notícias Ed., 1999, p.206 Almada Negreiros, "A Verdade", Invenção do Dia Claro, Ed. Facsimilada, Lisboa, Colares Ed., 19993 p.45 5 Cf. Almada Negreiros, "As Palavras", Op.Cit., p.19 4 Cf.
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INTERMÉDIO Sob auspícios de um fragmento de uma frase de Al berto, pertencente ao poema ―Outras Feridas‖ (in Vigílias), as instalações apresentadas por Cristina Ataíde, glosam a natureza em suas acepções mais primordiais e recônditas. Quer, reivindicando a participação dos seus protagonistas privilegiados – utentes diários do Espaço T – provando que John Cage & demais celebravam a vida ser arte… Quanto nas obras que inventam a paisagem que da percepção visual viaja para dentro do eu, retém as suas imagens mentais e as devolve em desenhos, peças de escultura ou fotografias…Eis todos os LUGARES que são cinza, pigmento, chumbo ou incorpóreas memórias boas… A ingenuidade configurava-se memória íntima, constituída essência poética. Ainda, na senda de Almada Negreiros, a supremacia da ingenuidade como categoria estética por excelência, transfigurada em Graça, mesmo em Sublime, concorda com Schiller, quando o poeta alemão afirmava propiciar os pensamentos mais profundos, visionários e divinos nos "génios", à semelhança dos expressos na inocência da criança…6 A Arte considera o património comum da humanidade, na pluralidade das criações que preservam a memória — individual e colectiva — dos próprios homens ao longo da cronologia, servindo-lhes como impulso igualmente no devir. Alcançar o conhecimento e sabedoria das coisas primordiais; cumprir a missão de autoridade pessoal que é intransmissível — invisível para outrem — portanto, segredo de si mesmo. Pode afastarse a memória dos valores superiores que julgavam/castravam as acções e fenómenos vividos de outrora; ficaria apenas o equívoco da memória deturpada, que impedia uma forma adequada de existir no presente; então, combata-se, acredite-se e ganhe-se a vontade de si próprio ser presente.
6 «La
mentalité naïve entraîne nécessairement aussi un langage de paroles et de gestes qui est naïf lui aussi et qui est l’élément essentiel de la Grâce. » Schiller, Poésie Naïve et Poésie Sentimentale, "Du Naïf", Paris, Aubier, s/d., p.87. Para Schiller, a solução implicava que o homem reencontrasse a unidade, a simplicidade e a necessidade — próprias — do estado de natureza, em liberdade. A perfeição ideal situava-se num estado de confluência e acordo entre a razão e a liberdade do homem, aliadas ao seu instinto. 5
ACTO II “…areias de cor indecisa são bons estes lugares de cinza, para a solidão insuspeita dos pássaros…”7 Obviamente que a paisagem pode ou deve – consoante o determina o artista ou poeta – estar povoada e nela a acontecer algo, o que contraria, por exemplo, o estatismo ingenuista enunciado por Bernardo Soares, onde ele próprio sabe ser ausência múltipla, de "intervalo entre mim e mim".8
Como se pode inferir da observação das 4 obras da série Involvement existem intervalos, episódios da paisagem, portadores de valências complementares. Por um lado, são intervalos reveladores de artisticidade, da dimensão escultural que lhes define muito peculiar carácter: entre a madeira existe um espaço vazio até que a camada de pigmento encarnado permita a respiração chegue até à opacidade irreversível do chumbo. Por outro lado, são intervalos estéticos que organizam, impelem, arritmias pois se trata de suspensões (dir-se-iam, seguindo Edmund Husserl, epoché). Suspendendo, exibindo internamente para cada espectador aceder a si, desocultando, ordenadamente (e agora, seguindo Heidegger), atravessando camadas sucessivas até tocar o núcleo primordial: ―intervalo entre mim e mim‖… Quando a matericidade inequívoca se transporta e é cativada por frottage - procedimento técnico assim designado pelos surrealistas – torna-se leve mas tão transcendente que acusa a dicotomia judaico-cristã de corpo e alma tornados inconciliáveis: Noli me tangere… (pois, claro!)
7 Al
Berto, “Outras Feridas”, Vígilias, Lisboa, Assírio & Alvim, 2004, p.25 Pessoa, Livro do Desassossego, vol. I, Lisboa, Ática, 1983, p.25
8 Fernando
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E, mais uma vez, sabe-se que o eu-pele (Didier Anzieu) é, resolutamente, um conceito de imprescindibilidade estética e ontológica, portanto de compulsiva exigência humana e pessoal. Protege e acusa o próprio e o outro, tornando-os insuspeitos, converte-os à sua necessidade mútua. A madeira é a substância matricial, fértil; matéria aderente ao primordial, pois residindo na terra. A terra é um princípio cosmogónico insuspeito pois dela irrompem as suas raízes. A madeira, embora perecível pelo fogo (esse outro elemento dominante) ainda que carbonizada é capaz de gerar o alimento para a obra, num coercivo relacionamento entre Eros e Thanatos. O pigmento é uma ferida visível, que não se sabe, nasce ou descansa, na epiderme do desenho. Essa pele que o pigmento atravessa, manifesta uma espécie de nudez pictural que se converte em função aderente à paisagem segmentada, pois incompleta. O chumbo, num entendimento hermético, alquímico, simboliza o princípio de onde parte a evolução e a incorruptibilidade. Encontra-se associado a Saturno, donde evocar a simbologia da ―noite saturnina‖ em que o corpo é presa da dissolução e putrefacção…‖9 Todavia, este era avô de Apolo que é a incarnação do Sol (Ouro) …Daí, paradoxalmente, decorrer uma acepção estética diurna tão envolvente e impregnadora/geradora quanto a nocturna! Finalmente, as cinzas significam os resíduos, constituindo ―matericamente‖ o mal pois relacionadas com a ―esfera dos infernos‖. Mas, já Novalis, em Hymnen an die Nacht, exponencializara a sua poeticidade implícita enquanto sinónimo esteticizado (pois metafórico) dos resíduos que os afectos permitem na alma: ―Quisera fundir-me em gotas de orvalho e misturar-me com as cinzas.‖ Relembre-se que a partir do séc. XVI europeu ocidental, na pintura, a paisagem se liberta das figuras que até então a tinham absorvido como fundo (salvaguardando casos específicos), como sublinha Javier Maderuelo: “Quando a pintura utiliza uma linguagem alegórica e os objectos e os fenómenos da natureza adquirem a categoria de símbolo, as árvores, rios, pedras, plantas e animais, assim como a tempestade, amanhecer ou bonança são utilizados nos quadros pelo seu carácter simbólico e não pela sua natureza intrínseca ou pelas suas qualidades compositivas.”10
9 Cf.
Alexander Roob, Alquimia & Misticismo, Lisboa, Taschen, 1997 Maderuelo, El paisaje – génesis de un concepto, Madrid, Abada Ed., 2005, p.213
10 Javier
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A presencialidade (mais do que apresentação ou representação) da natureza através da conceptualização da paisagem atravessou a história da Arte, apoiando-se em fundamentos filosóficos e científicos que emergiram, vacilaram e evoluíram, acompanhando os tempos e os actos dos homens. Na escultura, os elementos da natureza serviram de objecto (ornamentativo) de apoio a estátuas dos períodos clássico tardio e do helenístico. No período medieval, foram convocados como atributos, integrando um vocabulário visual, que a Igreja precisou para se consolidar, patente nas peças da Imaginária e em obras de inscrição arquitectónica ou autónoma. E, assim por diante, não obtendo uma emancipação até entrado o séc. XX, quando a decisão objectual e a intencionalidade dos conceitos artísticos a regenerou – nas complexas acepções do termo. A natureza integra a Arte dita Contemporânea. Como se sabe, procedendo por recurso a estratégias artísticas bem diversificadas e que, na sua fortuita oposicionalidade, se implicam. Ou seja, os registos fotográficos combinam-se aos desenhos esquematizados que orientam, desde os momentos mais preparatórios, o que se converterá em obra finalizada – bi ou tridimensional. O objectivo, talvez, mesmo a missão, seja afirmar: a versatilidade do olhar que regista; que se transfigura em deliberação segmentada, seleccionando o real tornado mais real dentro do artista; que anunciara uma nova literatura artística e estética ao transcender-se, ainda que, paradoxalmente, se materialize (externalizando as imagens mentais e anímicas) convocando a natura naturada a cumprir-se em natura naturante (Spinoza)…pois arte é poiésis.
Mª de Fátima Lambert
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Cristina Ataíde www.cristinataide.com 1951 Nasceu em Viseu. Vive e trabalha em Lisboa. Licenciada em Escultura pela ESBAL. Frequentou o Curso de Design de Equipamento da ESBAL. Foi directora de produção de Escultura e Design da Madein de 1987 a 1996. PRÓXIMAS EXPOSIÇÕES 2009 RETROSPECTIVA, Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, Almada [curadora Emília Ferreira] AQUI, Galeria Magda Bellotti, Madrid LUGARES DE DERIVA, Galeria Fonseca Macedo, Ponta Delgada [curador Paulo Reis] EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS / SOLO EXHIBITIONS 2009 (IM)PERMANÊNCIAS II, instalação integrada na Exposição Corpo, Densidade e Limites, Museu de Arte Contemporânea de Elvas, Paiol [curador João Pinharanda]. TODAS AS MONTANHAS, com Alexandra Oliveira, Galeria Gomes Alves, Guimarães “…são bons ESTES LUGARES DE CINZA para a solidão dos pássaros”, Quase Galeria, Espaço T, Porto [curadora Fátima Lambert] 2008 MANUAL DE INSTRUÇÕES, Galeria Carlos Carvalho – Zoom, Lisboa TODAS AS MONTANHAS DO MUNDO, Giefarte, Lisboa OLHARDIZERSENTIR, Galeria Quattro, Leiria INWARD, Centro Cultural de S. Lourenço, Almancil 2007 LABORATÓRIO ÁRVORE II, Forte de S. João Batista, Foz do Porto ESCULTURA E DESENHO, Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros 2006 PÓ DO MEU CORPO, Galeria Gomes Alves, Guimarães FEEL IT, Galeria Évora-Arte, Évora 2005 DEPOIS TB FLORESCEM, Pavillhão Branco do Museu da Cidade, Lisboa* FICUS, Giefarte, Lisboa. DURANTE O RIO, Chiado 8 Arte Contemporânea, Lisboa e Galeria Fernando Santos, Porto* 2003 (IM)PERMANÊNCIAS, Galeria LUÍS SERPA Projectos, Lisboa INSIDE ME, Museu da Imagem, Braga 37º N; 25º W, Galeria Fonseca Macedo, Ponta Delgada [Conf. João Lima Pinharanda]* 2002 COM O SUOR DO ROSTO, Museu Francisco Tavares Proença Júnior, Castelo Branco* 2001 ANATOMIA DO SENTIMENTO, com Paulo Cunha e Silva, Galeria André Viana, Porto * SERES FRACTAIS, Galeria Gomes Alves, Guimarães 2000 MEMÓRIA, com Graça Pereira Coutinho, Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, Almada * TRANSMUTAÇÕES II, Galeria Giefarte, Lisboa 1998 SILÊNCIO? com Graça Pereira Coutinho, Sala do Veado, Museu de História Natural, Lisboa * ORGANISMOS FRÁGEIS, Galeria Gomes Alves, Guimarães 1997 VENTRES EMERSOS, Galeria Trem e Arco, Faro * REENCONTROS, Casa Museu de Almeida Moreira, Viseu
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1996 GARDE-FOU, Galeria Graça Fonseca, Lisboa ... DOS CORPOS AUSENTES, Galeria da Universidade, Braga * 1995 ALGUNS PECADOS E UMA VIRTUDE, Museu do Mosteiro de S. Martinho de Tibães, Braga * VERMELHO, Galeria Gomes Alves, Guimarães 1994 OPOSIÇÕES, Galeria Graça Fonseca, Lisboa * OPOSIÇÕES II, Galeria Fernando Santos, Porto * Exposições com catálogo
EXPOSIÇÕES COLECTIVAS (Selecção)/ GROUP EXHIBITIONS (Selection) 2009 MEMORIA PERCIBIDA, Museu de Arte Moderno Carlos Mérida, Guatemala, Miami [curador Eduardo Reboll] * TRINTA ANOS DE DIFERENÇA-II, Galeria Diferença, Lisboa ESTÉTICA SOLIDÁRIA, Associação Abraço, Palácio do Marquês, Lisboa [curador Paulo Reis] 2008 AQUILO SOU EU/ THAT IS ME, auto-retratos de artistas contemporâneos, Fundação Carmona e Costa, Lisboa * PERCURSOS, homenagem a M. José Salavisa, Galeria novaOgiva, Óbidos * LABORATÓRIO AFECTOS, Quinta das Lágrimas, Coimbra * 2007 TRANSFERT (INTEGRATED IN THE CULTURAL FORUM "THE STATE OF THE WORLD", FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN), Museu Tavares Proença Júnior, Castelo Branco [curator: Leonor Nazaré] NA COZINHA DOS ARTISTAS/IN THE ARTIST’S KITCHEN, Centro Cultural São Lourenço, Almansil * COM O VENTO, intervenção na paisagem, Parque da Lavandeira, Vila Nova de Gaia * MUSAS, Fórum Cultural de Ermesinde [curador Paulo Reis] * 2006 LABORATÓRIO TERRA, Tapada da Ajuda, Lisboa DENSIDADE RELATIVA, Centro de Artes de Sines CABINET D’AMATEUR OU ARTE COMO FORMA DE VIDA, Galeria Luís Serpa projectos, Lisboa 2005 DENSIDADE RELATIVA/ RELATIVE DENSITY, CAM, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa * ARTE NA URGÊNCIA, Hospital de S. Francisco Xavier, Lisboa 5º PRÉMIO AMADEU DE SOUSA CARDOSO, Amarante * FEIRA DE ARTE CONTEMPORÂNEA, FIL, Lisboa com as Galerias Fernando Santos, Fonseca Macedo e Quattro 15 ANOS, Galeria Gomes Alves, Guimarães * 2004 19 SENTIDOS CONTEMPORÂNEOS, Álvaro Roquette, Lisboa HORIZONTE, 20 anos [1984-2004] Galeria Luís Serpa projectos, Cordoaria Nacional, Lisboa * CRIAR UM LUGAR, Metro da Casa da Música pelo Espaço T, Porto FOTOPORTFÓLIO (20 ANOS), Galeria Luís Serpa, Lisboa IV SIMPÓSIO DA PEDRA, Cantanhede SIMPPETRA '04, Caldas da Rainha 2003 ARTE CONTEMPORÂNEA, Colecção CGD, Obras de 1968 a 2002, MEIAC; Badajoz * DESENHO, 1993-2003, Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, Almada A ARTE DOS ARTISTAS, Culturgest, Lisboa * 2002 ARTE CONTEMPORÂNEA, NOVAS AQUISIÇÕES, Colecção CGD - Culturgest, Lisboa * DESENHO CONTEMPORÂNEO, Instituto Açoriano de Cultura, Angra do Heroísmo 10
2001 ARCO 2001,Galeria André Viana, Madrid REGRESSO À CONDIÇÃO, Museu Almeida Moreira, Viseu 2000 ARCO 2000, Galeria André Viana, Madrid MOTE E TRANSFIGURAÇÕES, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa BOLSAS / GRANTS: Bolseira da F.L.A.D. em 1986, 1988 e 1997. Bolseira da Fundação Oriente em 1998 e 2003. Subsídio Projectos Especiais, SEC, 1991. Subsídios da Fundação Calouste Gulbenkian em 1994,95,98 e 2005. PRÉMIOS/ AWARDS: Prémio Revelação na I Bienal de Sintra, 1987. Prémio Design em Pedra, SK/Marbrito, 1993. Selo Design, Centro Português de Design, 1993. Distinção no Espaço Design 94, Exponor, Porto, 1994. Menção Honrosa de Escultura da 6ª Bienal das Caldas da Rainha, 1995. Escultura seleccionada para os ―Recorridos de ARCO‖, Madrid,1996. Prémio aquisição Unión Fenosa, La Coruña, 1997 e | and 1999. Paisagen blanca, projecto para Blanca, Espanha, 2009
COLECÇÕES PÚBLICAS/ PUBLIC COLLECTIONS BANCO ESPÍRITO SANTO, BES, Lisboa CENTRO DE ARTE MODERNA, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa COLECÇÃO ANTÓNIO CACHOLA, Elvas COLECÇÃO CASA DA CERCA – Centro de Arte Contemporânea, Almada COLECÇÃO DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, Lisboa COLECÇÃO UNIÓN FENOSA, La Coruña, Espanha FUNDAÇÃO P.L.M.J., Lisboa HOTEL AÇORES LISBOA, Grupo Bensaúde, Lisboa
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GRACA PEREIRA COUTINHO
“House Hunting” Impressão Fotográfica 2005/2007 150X100cm
Rua do Vilar, 54a 54b 4050-625 Porto
Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são “colocados em gavetas”, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do “gaveta” mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, e 3 em 1 e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
1 House Hunting de Graça Pereira Coutinho [“…running away with the house on your back…”] “Para passar de um lugar a outro existem as portas. Em geral são de madeira, mas às vezes não. De ferro em geral são os portões, mas às vezes de madeira. (…)” Arnaldo Antunes, Antologia, V.N.Famalicão, Quasi, 2006, pp.58-59 A House Hunting de Graça Pereira Coutinho iniciou-se em Janeiro de 2005 quando decidiu partir na demanda de si, configurada no arquétipo da casa. Saiu de Londres, onde vivia, e avançou para uma estada (sem duração pré-determinada?) no deserto de Joshua – Tree National Park, ansiando uma mudança radical. “Mudar de casa já era um aprendizado da morte: aquele meu quarto com sua úmida parede manchada aquele quintal tomado de plantas verdes…” Ferreira Gullar, Obra Poética, “Poema sujo”, V.N.Famalicão, Quasi, p.299 Pretendia alugar uma casa, encontrar um local onde trabalhar nos EUA. Os ritmos diferenciados da viagem, a assunção da viagem, a procura que gera uma e outra procura ainda…associados à lentidão do deserto, às aparentes ausências de tudo e qualquer, propiciaram-lhe uma descida na consciência, palpando territórios transferidos simbolicamente para objectos, atributos entendidos como extensões de si mesma. O valor iconográfico das peças de roupa, os sapatos e tudo o mais que apalpa a terra, foi uma forma eficaz de expandir a presença deitada da própria artista no solo. Através do seu corpo próprio, quanto através dos atributos num ou outro momento a envolveram ou a tocaram, as marcas deixadas por Graça Pereira Coutinho no deserto, garantem aos incrédulos a existência de si mesma, subsumada na busca da identidade mais agarrada, mais entranhada. “…mudou de cara e cabelos mudou de olhos e risos mudou de casa e de tempo: mas está comigo está perdido comigo teu nome em alguma gaveta…” Ferreira Gullar, Op.Cit, p.260 No vídeo, então produzido, evidencia-se uma aglutinação, pulsátil e estendida, de unidades iconográficas, na duração e na passagem; são imagens consecutivas, intercaladas por brevíssimos textos intimistas de sua autoria. Nesses excertos concentram-se as evidências mais lúcidas que decorreram e, simultaneamente, impulsionaram decisões, contemplações e actos estéticos fundados em causas de teor antropológico. Ao atender-se a algumas dessas imagens, quando isoladas, recebem-se conteúdos narrativos que foram promovidos através de vestígios, indícios e símbolos, cuja valência estética se aproxima de uma equivocidade semântica. Das imagens desprende-se, a um mesmo golpe de vista, a proximidade formalista e o distanciamento de razão ontológica, curiosamente gerando uma cumplicidade última. “…Na distância a tua casa é a última, sejas quem fores.” Rainer Maria Rilke, O Livro das Imagens, “Intróito”, Lisboa, Relógio d’Água, 2005, p.23 A distância relativamente ao local de partida, a permanência na imensidão do deserto não corresponderam à área necessária de uma casa, não repousaram o self. Ciente de que a casa está dentro de si, o deserto serviu-lhe como indutor para incontornáveis demandas. “…E são portas, chaves, pratos, camas, embrulhos esquecidos, também um corredor, e o espaço entre o armário e a parede onde se deposita certa porção de silêncio, traças e poeira que de longe em longe se remove…e insiste.” (…) Carlos Drummond de Andrade, “Um eu retorcido”, Antologia Poética, Lisboa, Dom Quixote, 2001, p.44 As peças de roupa deitadas sobre a terra arenosa contornam o corpo, preenchendo de cores e volumes irregulares o horizonte. Todavia, as peças e objectos, organizados para serem revelação de dentro, não residiram. Numa errância que, inevitavelmente, evoca Bruce Chatwin versus Jack Kerouac - “On the road”…Ficar num lugar, um e outro dia até que desse lugar algo subisse, atravessando zonas de penumbra que nem o colorido das roupas deixadas pelo corpo tranquilizavam. Assim, um e outro dia exigiam um e outro local,,. quer num perímetro adjacente, quer numa radical distância a ser tomada. A casa, nem em si, nem algures, ainda não havia, sendo tão-somente instantes mais ou menos duradoiros de passagem.
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“…As casas, as cidades, são apenas lugares por onde passando passamos…” Ferreira Gullar, Op.Cit, p.300 Recuperando ideias antigas acerca da casa, Bruce Chatwin afirmou que a errância é herança genética, uma oferenda dos primatas vegetarianos, domada pela leveza antropológica. Os homens compartilham, com os demais animais carnívoros, a inevitabilidade psico-afectiva e gregária – se não mesmo biológica Bruce Chatwin, Anatomia da Errância, Lisboa, Quetzal Editora, 1997, p.95 – de estabelecer uma base, uma caverna, um qualquer “território tribal, possessões ou porto”. Na deambulação, na errância, a imagem da casa – quer exista ou não na realidade, por convenção ou estatuto – é o caminho em si (quase abstracto?) que se percorre; é um objecto/conceito virtual, mas tão sustentado para quem o decide! É a preponderância endógena, a imagem que se deixa conduzir até ao fim do mundo, essa pele invisível que cobre o sujeito: empurra-o, dissolve-o, oprime-o, acarinha-o ou abandona-o, sendo-lhe sempre – qual paradoxo - fiel, pois é si-mesma. “…Abram-me todas as janelas! Arranquem-me todas as portas Puxem a casa toda para cima de mim!” Álvaro de Campos, Poesias, « Saudação a Walt Whitman », Lisboa, Ática, 1980, p.210 Por impositiva que seja, dada a sua teimosia e persistência em reter, conter todos quantos a percorreram, a casa possui as identidades múltiplas, quase sufocando quem a habita no instante. As ausências, os rastos daqueles que habitaram a casa persistem, convertendose, nalguns casos, em fundamentos, em elementos estruturantes para a definição identitária actual de quem dela se apropria. « Les souvenirs du monde extérieur n’auront jamais la même tonalité que les souvenirs de la maison. » Gaston Bachelard, Poétique de l’espace, Paris, P.U.F., 1983, p.25 Como mencionei num outro texto: a casa é uma espécie de outra pele, uma epiderme construtiva que se desejaria pudesse desmoronar ao tempo da respiração, se por acaso! Tanto perdura, sempre e sempre, através da suposta imaterialidade de memórias que são confusos, ambiguidades e equilíbrios de tempos… Assim, se entenda quanto as memórias invisíveis compõem camadas sucessivas, concêntricas, instituindo-se em superfície, confundindo-se num invólucro que, grudado nas pessoas individuais, não é susceptível de lhes ser retirado. Evoquem-se as palavras de Sylvia Plath: “My skin felt like a wall: I am myself. The stone over there is the stone. My beautiful fusion with the things of this world was over.” Sylvia Plath, “Ocean 1212-W”, Die Bibel der Traüme, Frankfurt, Fischer Verlag, 1990, p.141 Pois da irreversibilidade de instantes acumulados se alimenta a casa, incorporando no seu volume…. além de uma qualquer perspectiva com ponto de fuga, todas as emoções e episódios que lá foram vividos. Na casa persistem identidades futuras, passadas com as presentes. “…Construirás - como se diz – a casa térrea Construirás a partir do fundamento…” Sophia de Mello Breyner, “A Casa Térrea”, O Nome das Coisas (1977), Lisboa, Ed. Caminho, 2004, p.39 A casa pode ser insustentável na sua avareza por subjectividades que dela não se escapam nunca ou de todo... Então, casos subsistem em todas vidas de episódios de errância necessária. A errância concretiza-se sobre a terra (de onde se vem, para onde se vai), sob o céu (“que nos protege”, como afirmou Paul Bowles), sob o ar que oprime ou se expele, sob a luz que inunda ou se ausenta. A errância gostaria de nadar, de flutuar sobre a água, de retornar ao útero, porventura. A errância exige o fogo que adormece ao relento ou que queima as memórias, gerando a vida genuína, mas é internamente certa. A errância é, a meu ver, substância privilegiada que ganha consistência para/da poética, do imaginário da matéria, segundo G. Bachelard. Vejam-se as obras de G. Bachelard dedicadas aos 4 elementos primordiais: La Terre et les rêveries du repos; La Terre et les rêveries de la volonté ; L’Eau et les rêves ; L’Air et les songes ; La Psychanalyse du Feu. Exílio, desterro, residência controlada, são punições impostas ou manipuladas e cicatrizam, talvez, a representação simbólica da casa, as suas feridas…Preferencialmente, deveriam ascender a local de pertença e viabilizar uma hipótese de vida construída para a maior parte dos mortais – ou quase todos. Pergunte-se se errâncias são viagens provisórias ou casas inacabadas? Não creio sejam nem provisórias, nem tampouco inacabadas - “I would prefer not to prefer not to?...” 0. A casa obriga a pensar em viagem, em jornadas, em duração e precariedade, tomando no corpo e paisagem as concepções apropriadas. Sendo num espaço/lugar, mitema dominante de sedentarismo, a casa é, também, espaço de viagens/errâncias: sítio donde se parte, local aonde se retorna, quer física quer mentalmente. Quantos buscam na errância a ausência, a negação ou a inexistência de casa, assim quantos empreendem périplos em “demanda” da casa. A casa assume estatutos e funcionalidades obsessivas diversificadas; tanto pode ser uma fundamentação específica e objectiva, como dissolver-se na pessoalidade mais absoluta, tornando-se uma inconsistência dominada por pulsões e sem quaisquer agenciamentos cognitivos. Pensa-se que nada mais haveria o que saber sobre a casa, após tantos séculos a decidi-la e a ponderála, construindo e desmoronando sistematizações em diferentes domínios epistemológicos; que todas as possibilidades teriam sido esgotadas, todas variantes, razões ou sensibilidades. Todavia, acontece sempre que, lendo um texto de um ou outro autor, se nos “fazem” luzes novas e diferentes. Ler sobre a casa escrita, determinada, por/de outrem, estraçalha janelas e derruba vazios. No escrito de outrem sobre a casa, encontra-se a casa que afinal pode existir.
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1. A casa é, com propriedade, uma crença e razão sobre um lugar/fragmento decisório no mundo interno e externo de cada um, revestido por atributos e demais exigências materializadoras. 2. A imagem, a fisicalidade da casa resolvem a dicotomia, reúnem em si, quer a solidariedade da memória e da imaginação, quer os antagonismos, as lutas pelo poder inútil, as decisões legais acontecidas sobre pessoas e bens. 3. A casa é e destina lugar; é causa de superfície e volume, de visitação e permanência; manifesta a diferença entre chegar, viajar e/ou permanecer, estar lá (heideggariano), ficar. 4. Mudar de casa significa construir a casa, construir-se a si, articulado ou dissociado pelas interferências do tráfego e das teias urbanísticas. No percurso que traz ou leva de casa, dura o tempo desconcertado e quase auto-fágico. Tal como Schiller definiu três estádios na evolução da humanidade, culminando no estádio estético, assim acredito que existam estádios sucessivos (porventura sobreposicionais) quando à definição, experiência e objectualidade da casa. Como se sabe, para Schiller, a estética aspirava vencer os antagonismos e paradoxos da realidade histórica da ascensão da burguesia, em que o homem se encontrava fragmentado e dividido, social e politicamente. Ao longo das 27 Cartas de Educação Estética, o filósofo alemão vai direccionando as suas argumentações para a assunção do estado estético (lúdico) que é recurso e meio para atingir o carácter moral subjacente, sendo também fim último - o homem estético. Apenas neste estado, o homem seria integralmente homem, sendo ele próprio uma espécie de obra de arte, não só formal mas intrinsecamente; seria o restabelecimento da humanidade, da civilização humanizada. Nesta utopia estética, o que Schiller pretendia era um novo “estado natural”, que contivesse, ainda, todo o desenvolvimento espiritual e moral, estabelecendo um ambiente de harmonia e equilíbrio em que o homem pudesse viver a sua felicidade. A House Haunting de Graça Pereira Coutinho apresenta parentesco efectivo às ideias de Schiller, consolidando-lhes a utopia em materializações realizadas a partir dos destroços da casa antiga para configurar a casa da utopia plausível. Confirmei, ao longo dos anos, que a casa, é transportada por cada e por si mesmo. Que a busca pela casa é incessante até ao dia em que o espaço se entranha no nosso corpo, procurando-se um todo. Todo esse, contudo, do qual nos desprendemos, quando motivos profundos assim o ditam. Ou seja, a casa pode ser descartável, se algo ou alguém for mais importante que nós mesmos; quando a vivência da nossa casa ultrapassa paredes, portas e soalho; quando uma noção de plenitude dispersa, invisível e feliz se direcciona para do conceito-sentimento que é a casa. “…a dobrar os lençóis lavados e passados a ferro, arrumando-os na gaveta da cômoda, como se a vida fosse eterna. (…).” Ferreira Gullar, Op.Cit, p.307 Tão estranho como querer perder a casa que é sua – transitória ou definitivamente, é procurar uma casa num lugar que é de outrem para que se partilhe esse não-lugar seu, essa não-pertença de quem. Quando se ouviu repetir que a casa não significa, que casa é excesso, que casa não carece ser possuída, quanto se entende que é, quanto mais dói perdê-la. Casa é sim o local de trânsito de todos que passam por onde os mapas de cada pessoa se desenham, é sempre, algures, pois. Desfazer-se a casa de pais ou avós para se remontar a própria; preservam-se as fundações, alicerces genuínos, tão óbvios quanto constrangedores, constritores… “…A casa que eu amei foi destroçada A morte caminha no sossego do jardim A vida sussurrada na folhagem Subitamente quebrou-se não é minha…” Sophia de Mello Breyner, “A Casa”, Dual (1972), Lisboa, Ed. Caminho, 2004, p.9 A casa implica, supõe ou possui: fisicalidade arquitectural; intelectualização e utopia; simbologia e memória individual e gregária - coincidindo ou alternando no tempo; detalhe e totalidade irrevogáveis; móveis, objectos e ausências atributivas; chão, soalho, porta, janela, varandim, clarabóia… parede e localização; corpos e sítios – consubstancializando o diáfano e o matérico; anjos e guardiães da casa – luz e sombra… Mª de Fátima Lambert
exposição individual “House Hunting”
GRACA PEREIRA COUTINHO
“Auto-Retrato 2” Impressão Fotográfica 2007 150X100cm
FORMAÇÃO/EDUCATION 1974-1977 Post-Graduate Degree, St. Martin’s School of Art, Londres/London 1967-1971 Sculpture Course, Escola Superior de Belas Artes, Lisboa/Lisbon PRÓXIMAS EXPOSIÇÕES/UPCOMING EXHIBITIONS Jardim da Quinta das Lágrimas-Coimbra-4 out 2008 EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS/SOLO EXHIBITIONS 2008 Ministério das Finanças Laboratório Ocupação -Lisboa 2OO7 Galeria Sete - Coimbra Museu de Arte Sacra, Funchal 2006 Galeria Luís Serpa, Lisboa Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa/Lisbon 2004 Galeria João Esteves de Oliveira, Lisboa/Lisbon 2003 Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa/Lisbon Sala Veado, Lisboa/Lisbon Museu de Arte Contemporânea, Belém BRASIL Museu Dragão do Mar, Fortaleza BRASIL Palácio das Artes, Belo Horizonte BRASIL 2002 Pavilhão Branco, Museu da Cidade, Lisboa/Lisbon Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro Casa da Cerca- Almada Centro Britânico, Brasília, S. Paulo Centro Cultural ECCO, Brasília
QUASEGALERIA Rua do Vilar, 54 | 4050-625 Porto dci@espacot.pt | www.espacot.pt Seg. a Sexta das 10:00h às 13:00h e das 14:00h às 21:00h Sáb. das 14:00h às 19:00h
2000 Touching the World, Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa/Lisbon 1999 Love Letters, Galeria Porta 33, Funchal, Madeira 1998 Galeria Cesar, Lisboa/Lisbon J. M. Galeria Gomes Alves, Guimarães 1997 Acorn Building, Todd Gallery, Londres/London 1995 Galeria Graça Fonseca, Lisboa/Lisbon 1994 Archaeology and Ethnography Museum of Setúbal, Setúbal Galeria Graça Fonseca, Lisboa/Lisbon 1993 Todd Gallery, Londres/London Galeria Graça Fonseca, Lisboa/Lisbon 1992 Todd Gallery, Londres/London Galeria Graça Fonseca, Lisboa/Lisbon 1991 Galeria Graça Fonseca, Lisboa/Lisbon De Warrande Cultural Centre, Turhont Galeria Fluxus, Porto/ Oporto 1990 Todd Gallery, Londres/London Galeria Porta 33, Funchal 1989 Todd Gallery, Londres/London Calouste Gulbenkian Foundation, Lisboa/Lisbon Galeria Graça Fonseca, Lisboa/Lisbon
1988 Todd Gallery, Londres/London 1987 The Showroom Gallery, Londres/London 1986 Galeria Quadrum, Lisboa/Lisbon Galeria Bertrand, Lisboa/Lisbon 1983 Galeria Arte Moderna, SNBA, Lisboa/Lisbon 1980 Galeria Módulo, Lisboa/Lisbon 1979 Riverside Studios, Londres/London 1978 Galeria Módulo, Porto/Oporto 1975 Galeria Arte Moderna, SNBA, Lisboa/Lisbon EXPOSIÇÕES COLECTIVAS/COLLECTIVE EXHIBITIONS 2008 Quinta das Lágrimas – LABORATORIO AFECTOS-Coimbra Óbidos Homenagem a Salaviza Fundação Calouste Gulbenkian-50 Anos-Lisboa 2007 Museu Vieira da Silva-30 Anos-Alternativa Zero-Lisboa Galeria João Esteves de Oliveira Centro de Arte Comt. António Prates-Ponte de Sor Coleçao PLMJ 2005 Wild Again, Casa Colombo, Museu de Porto Santo, Porto Santo Galeria João Esteves de Oliveira, Lisboa/Lisbon 2004 Colecção da Casa da Cerca, Almada Museu de Etnografia, Setúbal 2003 Casa da Cerca, Colecção do Arquivo, Almada Colecção Caixa Geral de Depósitos, Badajoz Novas Aquisições, Culturgest, Lisboa/Lisbon 2002 Casa de Cerca , Almada 1998 Palácio Foz, Lisboa/Lisbon Sala do Veado , Faculdade de Ciências de Lisboa, Lisboa/Lisbon Olaias Underground Station, Lisboa/Lisbon Galeria Porta 33, Banco Espírito Santo, Funchal 1997 Works on Paper, Galeria Porta 33, Funchal Galeria Cidade de Almada, Almada Alternativa Zero, Serralves Foundation, Porto/Oporto Anatomias Contemporâneas, Oeiras 1996 Ecos da Matéria, MEIAC, Badajoz International Symposium, SNBA, Lisboa/Lisbon Conde Duque, Madrid 1995 Iberia 4, SNBA, Lisboa/Lisbon Cubitt Street, Londres/London Amnesty International, Lisboa/Lisbon Faial International Symposium, Açores/Azores 1994 Todd Gallery, Londres/London Iberia 4, Waterman Gallery, Londres/London 1993 Galeria Graça Fonseca, Lisboa/Lisbon Todd Gallery, Londres/London The Economist, Londres/London Modern Art in Portugal, Culturgest, Caixa Geral de Depósitos, Lisboa/Lisbon Osaka Triennial, Osaka Galeria Porta 33, Ordem dos Médicos, Funchal 1992 Todd Gallery, Londres/London Galeria Graça Fonseca, Lisboa/Lisbon Portuguese Contemporary Art, Silves Museum, Silves 1991 Large Works / Gallery Artists, Todd Gallery, Londres/London
Art 91, Business Design Centre, Londres/London Art London 91, Olympia, Londres/London Opening Exhibition, Todd Gallery, Londres/London Opening Exhibition, Todd Gallery, Needham Road Art Junction, Nice Gallery Artists, Galeria Porta 33, Funchal 1990 Portuguese Painters from the 20th Century, Leal Senado Pavilhão de Portugal, Galeria Graça Fonseca, Lisboa/Lisbon Works on Paper, Todd Gallery, Londres/London Art London 90, Olympia, Londres/London 1989 Ways of Telling, Mostyn Art Gallery, Wales Critic's Space V, Londres/London Layers of Meaning, Harris Museum and Art Gallery, Preston John Moores Exhibition, Liverpool Todd Gallery, Londres/London 1988 Eight Contemporary British Artists, Valência/Valence Homage to the Square, Flaxman Gallery, Londres/London 1987 John Moores Exhibition, Liverpool Critic's Space, Paul Overy, Air Gallery, Londres/London 1986 Calouste Gulbenkian Foundation, Lisboa/Lisbon 1985 Almeida Theatre: Painting and Sculpure for a Performance by Gaby Agis 1984 Drawings, Goëthe Institut, Lisboa/Lisbon 1983 Drawings, Siegburg, Wurzburg, Bona/Bonn 1981 Calouste Gulbenkian Foundation, Lisboa/Lisbon 1980 Paris Biennial 1979 São Paulo Biennial 1978 Portuguese Contemporary Art, Madrid, Spain Der Internationale Kunstmarket, Dusseldorf 1977 Beograd, Belgrado/Belgrade 1976 Portuguese Contemporary Art, São Paulo/Rio de Janeiro, Lunds Kuntshall, Kunts 1975 Portuguese Contemporary Art, Lisboa/Lisbon Trabalhos em varias coleções particulares, Caixa Geral de Depósitos , Fundaçao Antonio Prates, Fundaçao JPLM, Museu de Arte Comtemporânea Belém- Brasil, ,Museu de Arte Comtemporanea Osaka – Japão, Fundação Calouste Gulbenkian, etc
Jane Doe de António Rego X7DW_7 hours (1 hora correspondente a cada dia da semana) / Hamburg 2004 – Cor Glasgow People 24¹09² / 1996 - Cor - Som Love Story 49¹17¹¹/ London 2002 - Cor – Som Ahooooo! 18¹26² / London 2001/03 - Cor - Som
Tudo é uma questão de retrato. Questione-se o que seja um retrato, isso é certo. Há que questionar-se, tanto quanto nem o próprio se saiba retrato, retratado, susceptível de ser retrato. Em todos os 4 vídeos temos questão de retrato, retratados, então auto-retratos, de certo modo, entendendo-os assim. Pois, no caso dos artistas, escritores e demais autores, pode ser questão de auto-retrato directo ou diferido, intermedial (ou intermediado). Os retratos podem apresentar pessoas denominadas e conhecidas ou podem ser anónimos. No caso dos anónimos pode ser caso de reconhecimento ou caso de total e absoluta ausência de identidade. Pois, nunca se causa nem cansa a identidade. Talvez. Os anónimos, não reconhecidos ou reclamados por ninguém ganharam um nome: John Doe (masculino) & Jane Doe (feminino). O anonimato, a não identificação tem sexo, género ou raça. Não, nem quero lembrar os corpos na série Morgue de Andres Serrano. Pois, em X7DW_7 [X=anónimo 7=Seven Days Week]1, o protagonista – que não sabe ser protagonista – está vivo, acho, melhor, quero acreditar que sim; vivo da forma melhor que haja para se saber (existir) vivo. Pensei, o que sentiria X7DW_7 (vamos atribuirlhe o título do vídeo) se, por um acaso da sorte (azar da fortuna…), olhasse o vídeo nesta mostra. Reconhecer-se-ia a si? Querer-se-ia a si? Onde estar consigo mesmo, onde ser, pensaria. Não sei. As pessoas têm ritmos, ganham distanciamento quanto a decisões que um dia assumiram e depois repetiram. Aí, os comportamentos de si mesmo debruçam-se para fora, nos atributos que são rituais, paranóias saudáveis ou terríveis. X7DW_7 sugere conceitos equívocos que se inscrevem em efabulações estéticas e poéticas, tais como as antinomias (?) de flânerie, de Wanderer ou revêries figurais transpostas. A obra videográfica X7DW_7 é composta por 7 unidades, cada uma delas correspondendo à duração diária de 1 hora de gravação realizada por António Rego ao longo de uma semana. A cada dia da semana corresponde um visionamento que se encontra aferido a quem visite a mostra, replicando assim a passagem e a extensão dos dias vividos pelo indivíduo que foi filmado – de forma incógnita e supondo uma certa dose de voyeurismo…O quotidiano, a rotina instituída por motivos que se desconhecem para o protagonista X7DW são-nos devolvidos na sua genuidade, seus enigmas e dramas. 1 X7DW – sete dias/semana Glasgow People – os retratos fixos quando estagnam do movimento natural, carecem contemplações tanto quanto nos contemplam. Questiono, recordando Guido Ceronetti, se os rostos fazem parte do corpo…pois de quando em vez também eu me sinto inclinada a duvidar…Surgem desde algures; nos rostos vejam-se os olhos e, com mais pregnância ainda, pergunto-me, os olhos residem nos rostos, estão ou existem, para além de, onde? Olham-nos desde de lá detrás do ecrã ou do monitor, atravessando parede e recordando-me Jean Cocteau e sua teoria de Zone (reveja-se o seu filme Orpheus). Zone é esse território onde tudo parece ser e não é; esse terreno da memória, tão desejada ou temida, que se repete, subsumada a propriedade do tempo mítico como assinalou Octávio Paz. Então, os retratados que olham os seus espectadores são seres sem tempo, que ultrapassam o
tempo e o armadilham, iludindo-nos por os acreditarmos ali – Da Bleiben, Da Sein…parafraseando Heidegger. Olhares interpelativos, designativos ou vislumbrando intimidação, os retratados são “common people”…parcelas identitárias integrando fotografias dribladas em vídeo (reversíveis ou não) que é um documento, um testemunho societário quanto estético. A não assunção denominativa que visibiliza de cada um dos sujeitos presentes neste vídeo poderá supor, numa leitura iconológica quanto antropológica, a perda ou retracção das respectivas identidades. Todavia, a sustentação dos sujeitos/figuras/retratados direccionam-nos para uma outra apropriação, outorgando-lhes a nota identitária que no rosto possui a totalidade de ser singular e individual. Através da impositividade, interpelação das imagens cativadas em Glasgow People, a viagem intersubjectiva ganha novos territórios. O olhar, o olho que vê, a percepção nutrida por uma metodologia e estoicismo que se revê nos outros. A estratégia do reflexo na arte ocidental fixa uma tradição que, procedendo da pintura, expandiu o seu virtuosismo para a fotografia e os registos de movimento, quer no cinema quer no vídeo. Em Love Story, António Rego apresenta-nos inúmeros casos de pessoas que residem com um suposto alter-ego ou ipso-ego. Nomeadamente, apresenta-se a si mesmo, confirmando que, por vezes, o auto.retrato é aquele que melhor comporta a obra do artista em si – e para os outros. A alteridade do eu exerce-se em tempos desincronizados e em tomadas de vista deslocadas, no relativo ao díptico instituído. A cada pessoa apresentada (e não representada) corresponde uma existência musical específica que lhes assegura a identidade, procriando posturas, determinismos gestuais que são sustentados flagrantemente em acto de fumar. Se considerar sejam presentificações de identidades, o que se pretende? Enfatizar a plasticidade ontológica individual, coreografando a equivocidade diferenciada de instantes e duração, concluindo tão à maneira de Peter Handke? Perguntei-me se todos seriam fumadores convictos ou ocasionais. Se esse acto seria uma genuinidade ou um simulacro. De todas formas, os retratados - fumantes ou não fumantes – dão réplica à intencionalidade do autor em os tornar presentes, em os presentificar para além de os apresentar. Usando artifícios que estimulem a constituição de identidades que são designativas, denominativas, contrariamente ao caso de Glasgow People. Para o receptor (não meramente espectador) a actuação, o desempenho de cada uma das pessoas exige uma duração estética quanto antropológica. Entenda-se cada uma das pessoas, captadas enquanto emissor portador de uma mensagem, dirigindo-se a outrem – talvez, tanto quanto para o próprio se auto-comunica/ se auto-reflecte, dada a densidade introspectiva que se percepciona. Este movimento, virado para dentro, conduz para uma certa antropofagia que se revela visceral em Ahooooo! As intermitências entre evocações inclinadas, instituindo eixos diagonais que definem um espaço predominantemente bipolarizado em termos cromáticos é usado – através de uma suposta neutralidade – para exacerbar a crueza pujante da cor. A simbologia e a densidade de um pigmento visceral, evocam a “biconceptualização” deleuziana acerca do caso de Francis Bacon. Nesta obra videográfica de António Rego, mescla-se um efeito caleidoscópico, algo literal com conteúdos de teor antropológico, que remete para conceptualizações escatológicas gerando camadas sucessivas também em termos semântico. A acutilância com que o humano irrompe na carne (chair et viande) do animal, transfigura este em condição quase antropomorfizada que solicita horrores de violência e guerra. É uma iconologia apocalíptica que atinge o vómito, recuperando-se a alma do espectador através da austeridade arquitectural dos edifícios reconduzidos por caminhos inclinados de um autor mergulhado sobre suas próprias entranhas. O ritmo da filmagem, compósita e irreversível, propicia alucinações que são parte integrante de todo e qualquer ritual em tempos prévios a um conhecimento filosófico. Pois o tempo cronológico ancestral, de primordial absorção cenográfica (e dramatúrgica) das imagens retrocede para a sua efectividade mítica, nem sequer mitológica. Culto, ritual e sagrado quanto profano (e profanação), exaltam ao sacrifício, organizando uma volúpia iconoclasta se não fosse de uma tão radical concupiscência estética. Mª de Fátima Lambert Janeiro 2009
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Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são ―colocados em gavetas‖, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do ―gaveta‖ mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 em 1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto 2
construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
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ESPAÇO DE TRABALHO segundo NUNO SOUSA VIEIRA
“O tempo é seu e de qualquer pessoa, até eu. O seu tempo é o tempo que voa. O meu tempo só vai onde eu vou. (…) O seu tempo é o tempo, o meu sou. (…) O meu tempo faz parte de mim, Não do que eu sigo.” (Arnaldo Antunes)
O espaço de trabalho pode ser público ou privado…ou ambos (por certo). Mas, numa dada acepção, é sempre algo de extraordinariamente privado. Naquele entendimento/vertente de ―privado‖ que remete para o uso, fruição ou incomodidade de uma experienciação que pode ser continuada, habituada e, nalguns casos, aglutinadora, senão mesmo avassaladora. O espaço do atelier foi determinado pela progressiva aptidão do artista em o dominar quanto por este se deixar dominar e, finalmente, dispondo-se N.S.V. a usufrui-lo, vocacioná-lo como matéria-prima. Considerem-se espaços dentro de espaços, numa sucessão de tendência ―horizontal‖, em alongamento quase incessante, o que exige uma acepção de passagem de tempo, de extrema cumplicidade e anuência.
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Salvaguardando especificidades e respectivas cronologias, relembro a convicção ontológica de Miguel Ângelo, quando considerava que na matéria pré-existia a forma, cabendo ao artista daquela, retirar o excesso que encobria esta. No caso de Nuno Sousa Vieira, a matéria encontra-se toda esventrada perante si, tomando-a e infligindo-lhe as transfigurações calculadas matematicamente e aplicadas por recurso a procedimentos técnicos adequados. O que conduz à consciencialização da ideia de construção que obedece ao acto deliberativo e condutor. Atenda-se à questão que possa analisar o designado ―acto‖ do artista, consignado como autor: de conceptualizações prévias à acção que as pretende cumprir. Fale-se de acto, de origem, de criação. Conceitos que, uma vez mais, me conduzem a outro autor incontornável: Goethe. A tendência para criar, consubstancializa-se na possibilidade de acção "dinâmica", sem que o homem deseje (apenas) vê-la concluída em absoluto, nomeadamente, a que considera "a sua mais bela criação" — para, assim preservar, a condição, intransferível e pessoal, de criar. Criar implica o acto, a decisão de agir por parte de quem vai agir; acto do humano sobre algo que vai ser originado — a obra a fazer. A posse e domínio da vontade para a acção são tema subjacente no pensamento europeu, simbolizado na célebre estruturação mítica de Fausto, atendendo à versão de Goethe, versado como símile da Acção Divina: "No princípio era o Verbo" vejo escrito, E aqui já tropeço! Quem me ajuda? Tão alto sublimar não posso o verbo, Devo doutra maneira traduzi-lo, Se me inspira o espírito. Está escrito Que "No princípio era o Pensamento". — Medita bem sobre a primeira linha, Apressada não seja a pena tua! Anima, cria tudo o pensamento? Devera estar — "Era ao princípio a Força!"— No momento porém em que isto escrevo Diz-me uma voz que aqui não pare. Inspira-me A final o espírito! alvitre, Solução enfim acho: satisfeito, "No princípio era a Acção!" — escrever devo."1
No caso português, e no decurso das múltiplas (quanto controversas para alguns) deambulações filosóficas e estéticas, Almada Negreiros, cumprindo o Fausto de Goethe, considerava a exigência de proceder, o princípio de acção para criar obra, ordenado pelo primado do pensamento. A obra, produto da criação do homem, pela repetição do acto, externaliza, demonstrando a promessa de acção, vendo-se espelho da necessidade: "Natural ou não, toda a acção é fora da Obra" (...) "A obra é 1
Goethe, Fausto, "Quarto de Estudo" (1250-1264), tradução de Agostinho d'Ornelas, Coimbra, Universidade de Coimbra, 1953, pp.60-61
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possibilidade de acção porque é adivinhação do caminho do próprio sem destruição da unidade sensível. Adivinhar não é agir, é tornar livre a acção."2
As obras de N.S.V. impregnam-se destes princípios que, a meu ver, atravessam o que seja (se queira ou decida) entender como intencionalidade estética, precedida (e, depois prosseguida), através de actos de deliberação artística. O facto da apropriação supor, exigir mesmo, a tomada de posse (não somente física ou matérica) quanto ―analítica‖ e transfiguradora em termos racionalizantes, é testemunhado mediante vestígios e ausências. Vestígios, pois as peças, retiradas do atelier, deixam atrás de si toda uma jornada de sedimentações funcionalistas e operativo-técnicas que não cabe mais questionar (pois se exauriram e/ou subsumaram). Ausências reveladas numa obsolescência que viabilizou a sua transposição para um outro dimensionamento, garante de uma re-assunção identitária. Todavia as ausências prometem maior desocultamento do lugar de onde se geraram anamorfoses tridimensionais consubstanciadas em obra. Cabe
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Almada Negreiros, "Ver", Ver, Lisboa, Arcádia, 1982, pp. 45-46. Parece existir afinidade entre os termos em que Almada coloca esta tríade e a explicitação de três conceitos afins em Aristóteles: O acto é a plenitude ou concretização do ser; a existência é o actus primus, e acto de todos os actos; a acção é actus secundus , acto terminal antes de agir. Portanto, seguindo os termos aristotélicos, apenas em Deus, a essência do agente e o seu acto de existir coincidem na acção, para a Obra. Por analogia estes elementos ontológicos aplicam-se à obra poética, à obra artística — enquanto obra do espírito. Cf. Jacques Maritain, L'Intuition créatrice dans l'Art et dans la Poèsie, Paris, Desclée De Brouwer, 1966, pp.343-344.
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autenticar a obra por sobreposição assimétrica ao lugar esvaziado de onde se acautelou sua fuga.
Retornando à pregnância do tempo. Sem que, neste caso e actual momento meu, queira restaurar o pensamento da duração segundo Peter Handke, decido emprestá-lo de Santo Agostinho… “…Não houve tempo nenhum em que não fizésseis alguma coisa, pois fazíeis o próprio tempo. (…) O tempo longo, já passado, foi longo depois de passado ou quando ainda era presente? Só então podia ser longo (nesse momento
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presente), quando existia alguma coisa capaz de ser longa. O passado já não existia; portanto não podia ser longo aquilo que totalmente deixara de existir. (…) Uma hora compõe-se de fugitivos instantes. Tudo o que dela já debandou é passado. Tudo o que ainda resta é futuro. Se pudermos conceber um espaço de tempo que não seja suscetível de ser subdividido em mais partes, por mais pequeninas que sejam, só a esse podemos chamar tempo presente. Mas este voa tão rapidamente do futuro ao passado, que não tem nenhuma duração. Se a tivesse, dividir-se-ia em passado e futuro. Logo, o tempo presente não tem nenhum espaço. (…) “pareceu-me que o tempo não é outra coisa senão 3 distensão; mas de que coisa o seja, ignoro-o.”
Mas o tempo, transporto em metodologia e, consequentemente concretizado em obra, no caso de N.S.V. domestica uma vertente efectiva e factual, também que, todavia, se articula com as argumentações de teor mais filosófico e metafísicas mesmo. Não são oposicionais, antes se justificam complementares. O tempo de permanência do autor no seu atelier, actualmente, ajusta-se, respeitando a entrada da luz solar, organizando-se, pois, a sua actividade dentro dos condicionalismos decorrentes da natureza directa enquanto luz solar....Restabelecendo e acentuando a vertente cíclica consoante as mutações irreversíveis do ano solar, aqui assumida enquanto unidade estética, laboral e psico-afectiva – portanto, eminentemente simbólica!
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Santo Agostinho, Confissões. SP, Editora Nova Cultural, 1999.
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A obra como acto cumprido, impõe-se como presença do homem, por si, constituinte de acto na continuidade do humano. A "continuidade" fora o legado dos primeiros homens. A continuidade do conhecimento é permite pela especulação sendo possível, própria num tempo anterior ao conhecimento. Numa vertente hermética da estética, a criação da obra de arte, imitando a criação do mundo, é substância do pensamento simbólico e antropológico sobre o processo de personalização estética, viabiliza a própria estética como tal. Em termos míticos, a Criação, encontra-se simbolizada/vertida na vontade de concretizar o acto primeiro na relação par-ímpar (Eva e Adão), à qual subjaz a alteridade de relação, tornada efectiva nos "outros e seus descendentes", condenando-os ao tempo no mundo. Mundo organizado em termos perfeitos, ordenados, harmoniosos, fruto da inteligência e deliberação divinas, herança para os homens imitarem: "Tudo o mais cá em baixo era dos outros e seus descendentes A Terra inteira E o mar E o ar Tudo medido Dividido tudo a régua e compasso 4 Pelos outros e seus descendentes."
Preside conceptualmente a esta série de presença e obra de Nuno S.V. o princípio de continuidade. Designadamente de continuidade ontogenética – o 4
Almada Negreiros, "As Quatro Manhãs - a 1ª manhã", Poesia, Obras Completas, Lisboa, INCM, 1984, p.179
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Pai do artista trabalhou durante longos anos no espaço (leia-se tempo) daquela fábrica. O artista sucede-lhe, embora, nalguns momentos os seus tempos se sobreponham e cruzem. Desenha-se um arco cronológico que pode ser externalizado (permitam-me a extrapolação) em fragmentos da arquitectura física e não somente conceptual da unidade fabril abandonada.
A abordagem da questão reconhece as reflexões de Merleau-Ponty, em Phénoménologie de la Perception, sobre o "princípio de continuidade", inscrito na problemática totalizadora do "tempo"; na forma como o tempo é não só percepcionado, mas essencialmente vivido: o passado é ainda presente e o presente é já passado, deixa de existir presente e passado.5 Todas as experiências da pessoa individual humana, antes ou depois, — emocional e intelectual —, pertencem ao tempo, porque a temporalidade é a forma mais íntima e o carácter mais geral dos "fenómenos psíquicos". E, "le mythe tient l’essence dans l’apparence, le phénomène mythique n’est pas une représentation, mais une véritable présence."6 Seguindo os fundamentos da tradição hermética, quanto à unidade e essência, da eternidade tomada da identidade: "...celle du monde est l’ordre, celle du temps est le changement, celle de la géneration est la vie et la mort." 7 O Tempo, considerado no Todo, é unidade indivisível. "O Tempo é Acto contínuo o Todo."8 Almada considerou que passado, presente e futuro "era" no singular 5
Cf. Merleau-Ponty, Phénoménologie de la Perception, 3ème. partie, II — “La Temporalité”, Paris, Gallimard, 1945, p.469 e ss. 6 Idem, ibidem, p.335 7 Hermès Trismegiste, Le grand texte iniciatique de la tradition occidentale, Paris, Sand, 1996, p.54 8 Almada Negreiros, "Ver", Ver, Op.Cit., p.55
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porque indivisível, sempre o mesmo Todo de tempo. Se representado o Todo do Tempo pelo Círculo, o mesmo círculo representa respectivamente os três tempos, sendo sempre o mesmo. À semelhança de Platão no Timeu9, ao afirmar a correspondência entre a alma do mundo e a alma do homem, entre o macrocosmos e o microcosmos, Almada concebe o homem no mundo, sendo unidade da Unidade, cumprindo o Tempo do Todo, pela continuidade imposta pela cronologia. Como unidade gerada pelo Tempo, a criação do homem é novidade, pois a verdadeira novidade é continuar.10 É a dobragem (pli) de tempo e espaço que infligem as rotações, as quebras; determinam a reversibilidade dos lados e organizam a ambiguidade de reflexo e matericidade; condicionam a presença distorcionante ou a rigorosa adesão geométrica, conduzindo a uma totalidade, à unidade tomada dos fragmentos, dos excessos ou das lacunas de substância. As experiências, os desempenhos que foram abrigados no espaço/tempo de antes de ser o ―atelier‖ impregnam inevitavelmente as esculturas produzidas. Imiscuem-se nas morfologias intencionalizadas, sem risco ou prejuízo de contaminar uma depuração quase radical, rigorosa e estanque. O facto de terem adquirido condição de fisicalidade, melhor, de corporalidade – pois se trata aqui de olhar, tocar, sobretudo pensar, formas incessantes, equívocas porque polissémicas. As obras talvez encaminhem para uma leitura quase imediata, automática – em termos de percepção visual, mas possuem sempre a precisão de serem decifradas, exigem uma acuidade que é cumprida pelo detalhe mais ínfimo. E carece ser subjugada pelo espectador, exactamente na mesma proporção em que este por ela é subjugado...
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Cf. Platão, Timeu, Lisboa, Europa-América, s/d., pp.266-267. Cf. Almada Negreiros, "Ver e a personalidade de Homero II", Ver, p.133
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Concluindo, sabe-se que no Ocidente, o espaço foi, durante muito e muito tempo, uma questão, um problema, quase somente de representação do espaço. E essa vocação gera, ainda hoje, certas confusões em termos teóricos. Depois ficou associado à concepção – quase epifánica – da perspectiva. Na obra de N.V.S. a perspectiva passa ―de fora‖, podendo residir dentro da obra em si. Portanto, o espaço aqui considerado nunca poderia ser um caso, um sistema neutro de coordenadas, pois essa dimensão de duplicidade intrínseca/extrínseca, é muito intelectualmente a consciência e experienciação do vivido (vécu) cruzada com a estabilidade de ser (Sein) e ficar (Bleiben). Se, por um lado o espaço marca distâncias, as obriga, podemos reconvertê-las e concentrá-las em momentos-matéria que contêm quanto são também susceptíveis de conterem. N.S.Vieira gera dinamismo e estabilidade mas suas produções, proporcionando uma pluralidade de pulsões – quando se considera a condição de objectualidade versus subjectividade estéticas. Em concatenação, o tempo adquire a forma de sentido interno (veja-se Kant) que se compacta e distende, ultrapassando a controvérsia implícita de sua acepção estática e dinâmica. A sucessão do tempo pede a reversibilidade do tempo, indo do futuro para o passado, sintetizando-se por instantes no presente, enfim…glosando esse jogo estético que permite a flexibilidade do pensamento dobrado – simbolicamente – nas janelas viradas sobre si mesmas, ocultandose para melhor se revelarem. O espaço como falta, o espaço como singularidade…recorde-se Paul Klee quando afirmava ser o espaço, em si mesmo, uma dimensão temporal (incessante, acrescentaria eu…). “…Apara de janela ou espelho à direita, mesmo Como indicador de meteorologia, que em francês é Le temps, a palavra para tempo, a qual Segue um curso em que as mudanças são apenas Aspectos do todo. O todo é estável dentro Da instabilidade, um globo como o nosso, pousado Sobre um pedestal de vazio, uma bola de pingue-pongue 11 Segura num jacto de água.”
Maria de Fátima Lambert Porto Novo/Lisboa – Agosto/Setembro 2009
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John Ashbery, Auto-retrato num espelho convexo e outros poemas, Lisboa, Relógio d’Água, 1995, pp.169-170
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O meu actual ateliê é nas instalações de uma antiga unidade fabril que iniciou a sua actividade nos anos 60. Esta fábrica de plásticos produzia sacos, baldes, bacias e todo um manancial de outros produtos de plástico. No início da década de 70, foi construído um novo bloco anexo ao já existente, para aí serem instalados os novos escritórios, respondendo ao crescimento económico e empresarial da referida estrutura. Alguns anos mais tarde, as instalações fabris foram aumentadas. Um novo hangar foi construído, mas sem os devidos procedimentos legais, tais como projectos e licenças; o mesmo sucedeu com as sucessivas ampliações da estrutura inicial. A visão da estrutura empresarial como um todo perdeu-se, dando lugar a uma mera adição de partes, que procurava responder às necessidades do mercado, facto que conduziu também à alteração do produto comercializado durante a década de 80, passando a empresa a produzir PVC e TR (transformando resina num novo componente utilizado para a fabricação de solas de borracha e garrafas de plástico). Após sucessivas vendas, a empresa, no início dos anos 90, foi adquirida pelos actuais proprietários que passado algum tempo consideraram as instalações insatisfatórias. As fragilidades de uma construção desordenada e gradualmente degradada, conduziram ao fim daquela unidade fabril. Seguiu-se o seu progressivo desmantelamento e substituição por uma nova estrutura construída a cerca de 20 quilómetros e, nos finais do século XX, o encerramento definitivo desta unidade fabril. Em 2001, este espaço foi-me cedido para ateliê. Depois de ultrapassados os confrangimentos iniciais gerados pelo facto de ir trabalhar nos meus projectos, num espaço dotado de uma enorme carga afectiva, já que o meu pai foi, durante cerca de 35 anos, funcionário da empresa e eu próprio, durante as interrupções lectivas trabalhei naquele espaço, senti-me disponível para olhar para aquelas paredes e responder ao impulso de trabalhar, não só naquele local, mas com o próprio local. De espaço de trabalho, ele passou progressivamente a matéria de trabalho e, actualmente a material de trabalho. Percebi que está tudo lá e eu só tenho que encontrar e descobrir cada proposição plástica, para a poder mostrar.
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No ano de 2007, o processo de legalização de toda aquela unidade fabril tornou-se incontornável, o que conduziu a algumas alterações no espaço e entre elas, por razões de segurança, ao corte da luz. Este facto provocou em mim uma tomada de consciência do fim daquele espaço enquanto ateliê, precipitando-me para uma ideia de saída. Os trabalhos que tenho vindo a desenvolver, nascem da associação de uma dupla ideia de saída - a saída das obras do espaço onde foram produzidas para o espaço galerístico e a minha eventual saída daquele espaço. Essa saída, propicia uma simultânea ideia de entrada, do artista e do público. Este pleonasmo de saída e a fortíssima relação que a dicotomia presença ausência, participação - distância assumem nesta situação, este hiato de tempo entre o estar dentro e o estar fora, determinam o desenho do projecto expositivo.
Nuno Sousa Vieira
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Nuno Sousa Vieira - Espaço de Trabalho
Suporte, 2009 3 suportes de metal intervencionados, cunha de madeira, parede pintada. Dimensões variáveis.
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Free in / Free out, 2009 2 janelas de alumĂnio intervencionadas e espelho. 54 x 80 x 19 cm
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Peça para Decidir (sigilo), 2009 Janela de alumĂnio intervencionada, espelho, plinto de contraplacado de madeira pintado, madeira e revestimento de plĂĄstico. 105 x 150 x 95 cm
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NUNO SOUSA VIEIRA Nasceu em Leiria, Portugal em 1971 Vive e trabalha entre Leiria e Lisboa http://www.galeriagracabrandao.com
Estudos de artes visuais Licenciatura em Artes Plásticas, ESTGAD, Caldas da Rainha
Intervenções em espaços públicos 2009 Screen Off, Leira Left to Chance, Lisboa 2008 Left to Chance, Paris 2004 S.P.M. (com Rita Gaspar Vieira), Jardim da Almoínha Grande, Leiria
Exposições individuais (selecção) 2009 Quase Galeria, Espçao de Trabalho, (comissariado por Fátima Lambert), Porto. 2009 Kunsthalle Lissabon, X-Office for a Sculpture (comissariado por João Mourão e Luís Silva), Lisboa. 2009 Carpe Diam, Chão Morto, (comissariado por Paulo Reis), Lisboa. 2009 To Draw An Escape Plan, Galeria Graça Brandão, Lisboa. 2008 Redesenhar, EmptyCube (exposição comissariada por João Silvério), Lisboa. 15 Rectângulos e 5 Movimentos, Espaço Lá de Baixo; Tomar. 2007 Sobre Papel, Lisboa. 2006 SP(H)É(I), Galeria Graça Brandão, Porto. 2005 Project Room, 1hour later e I.R.S. (m/m# 1/6), (exposição comissariada por Miguel Amado), CAV, Coimbra.
Exposições colectivas (selecção) 2007 IV Prémio Internacional de Pintura Diputación de Castallón, Museu de Belas Artes de Castellón, Castelón, Espanha. Q&A, Xuventude da Galiza, Lisboa. Space Oddity, Lisboa. 2006 Jeune Création Européenne, Exposição Itinerante de Arte Contemporânea 22.09.2006 – 22.07.2007
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Montrouge (França), Klalpeda (Lituania), Salzburg (Áustria), Genova (Itália), L´Hospitalet (Espanha), Amarante (Portugal). Constelações Afectivas II - parte 1, Galeria Graça Brandão, Lisboa. Por Causa de Ver, Galeria Palácio de Galveias, Lisboa. NRG´S, Find me, Interpress, Bairro Alto, Lisboa. Opções & Futuros: Obras da Colecção da Fundação PLMJ - Aquisições recentes, espaço AC, Lisboa. 2005 E=mc2, Un Invisible Hour e Un Invisible Hour (projection), (exposição comissariada por Miguel Amado), Museu da Ciência e da Técnica, Coimbra. 2004 IV Prémio de Escultura City Desk, Centro Cultural de Cascais, Cascais.
Colecções Câmara Municipal de Leiria. Câmara Municipal da Maia. C.A.V. Centro de Artes Visuais, Coimbra. Colecção PLMJ, Lisboa. Colecção Teixeira de Freitas, Lisboa. Colecção POP, Porto.
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PHOTOFIDALGA ITINERÂNCIA QUASE GALERIA
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Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são “colocados em gavetas”, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do “gaveta” mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico.
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Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 +1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t
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O projecto Photofidalga nasceu de um espaço nas artes contemporâneas denominado Ateliê Fidalga com sede em São Paulo, Brasil. É pela mão dos artistas Sandra Cinto e Albano Afonso que este atelier tem tido nas artes plásticas, nos últimos 10 anos, um papel fundamental no sentido de dar formação específica e acompanhamento de carreiras aos artistas frequentadores, para alem de incentivar e realizar novas exposições, ou seja novos desafios para este grupo de 61 Artistas. Em 2009, e como intuito da internacionalização da actividade do Ateliê, foi proposto um exercício ao Carpe Diem Arte e Pesquisa, com sede no Palácio Pombal na Rua do Século, em Lisboa: cada um dos artistas realizar um trabalho fotográfico num formato predefinido, sob a égide “carpe diem” e apresenta-lo numa exposição neste mesmo local. Para além disso seria uma fotografia que estaria a venda pela quantia simbólica de cinquenta euros, no qual vinte e cinco% seriam para o Fidalga, para realizar novas produções e os restantes para a instituição acolhedora. O resultado foi uma sala que continha uma mancha de sessenta e uma fotografias, com o mesmo formato, realizadas por artistas que, para além de muitos nunca tinham exposto em Portugal, permitia que o visitante as pudesse adquirir, no sentido literal da compra de uma obra de arte. Posso referir que, para além do sucesso plástico variado de perceber que existem interpretações bastante variadas acerca do termo “Carpe Diem” e que, alguns artistas nunca tinham realizado trabalhos em fotografia como suporte, neste momento já não existem para venda, ou seja o exercício foi atingido como
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objectivo. Esgotou. Para alem disso foram feitas 8 caixas, que também foram todas adquiridas por coleccionadores. A exposição que apresentamos na “Quase galeria”, é a série de exposição que nasce de uma conversa com Curadora Fátima Lambert no sentido de fazer sentido apresentar este exercício, um ano depois na cidade do Porto. A única diferença é que o atelier cresceu e portanto tem mais artistas e portanto as obras não poderão ser vendidas. No entanto, o visitante poderá deleitar-se com a aquisição do Livro do Ateliê Fidalga, que corresponde à primeira publicação de uma série de livros já agendados e perceber melhor a perspectiva do Ateliê. Convido-vos portanto a visitarem uma exposição de um grupo activo e dinâmico que merece a nossa atenção no sentido de perceber que a expressão da arte contemporânea é literalmente a diversidade dos tempos e que vivemos e que, é possível que essa expressão artística possa ser sustentável e acessível ao grande público. Um exemplo a seguir no nosso entender.
Lourenço Egreja Rio de Janeiro, 2010
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“…- Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem. - Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser.”1 “…Acho que o nome empobreceu a imagem.” 2
Sobre aqueles para quem a fotografia é uma prática compulsiva e em gestação. Sobre aqueles para quem a fotografia é um desafio localizado, uma resposta. Sobre aqueles para quem a fotografia é um registo da sua obra criativa, conjurando diferenças. Sobre aqueles artistas – todos – que, em Lisboa, aderiram incondicionalmente a Photofidalga@Palácio de Pombal, como referiu Lourenço Egreja. Não sei quantos fidalgos e fidalgas, conheci em Setembro do ano passado, quando estes viajaram e permaneceram em Lisboa durante algumas semanas, por ocasião da Photofidalga@CarrpeDiem. Foi contagiante a sua coesão,
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Manoel de Barros, “Retrato Quase Apagado em que se Pode Ver Perfeitamente Nada” Manoel de Barros, “Uma Didática da Invenção”, O Livro das Ignorãnças
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salvaguardadas as identidades; a atitude de fruição e seriedade profissional convivendo num espaço carregado de história e actualidade ad simultaneum… O entusiasmo e dedicação dos artistas ficaram bem demonstrados na solidez e coerência das obras apresentadas. Quer isto dizer que, atendendo à diversidade de linguagens correspondentes aos, então 61 autores, gerou-se uma unidade. Essa unidade radica na comunhão de ideais, nessa espécie de espírito de convergência que é enriquecido, precisamente, pela heterogeneidade de ideias, actos e obras. A caixa contendo as 61 fotografias viajou até Norte. Chegou a terras do Porto, onde o rio Douro e o mar se ligam; as ruas serpenteiam-se em texturas urbanas que deixam transparecer diferenças e proximidades…A este conjunto, acrescem mais 4 imagens concebidas especificamente para esta itinerância. As fotografias estendem-se por diferentes salas da casa, onde reside a Quase Galeria. Uma casa recuperada, arquitectura centenária que, é diariamente, vivida por utentes e visitantes. Este espaço, que é igualmente de TODOS (Espaço T), é um projecto/instituição onde se realizam actividades culturais e educacionais promovendo uma solidariedade entre todos que É, que existe. Vejo, assim, afinidades humanistas relativamente ao que imagino seja o Ateliê dos Fidalga…
A disparidade dos conteúdos iconográficos (+ semânticos) constante nas 65 fotografias propõe uma espécie de viagem. Certo que essa viagem seja uma
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deambulação, uma peregrinação pela imaginação criativa, pela intuição geradora, pela conceptualidade enxuta ou pela assunção de referencialidades singulares. As utopias convertem-se em fragmentos de papel onde registos foram imprimidos, com definição e rigor. A respiração do espectador, ao contemplar esta mostra, percepciona intervalos de ser, entre paisagens fabricadas ou naturais, figurações - quiçá fruto de apropriação; auto-retratos perfomatizados, zoomorfias, flora de minúcia maneirista..., registo de obras bi ou tridimensionais, naturezas-mortas (construídas), algo assim como trompe l’oeil que seja terra de ninguém (e de todos) entre a pintura, o desenho…As temáticas, embora diferenciadas, são susceptíveis de serem categorizadas, como mencionei, assinalando-se a concepção de radicação antropológicacultural, pois o artista é pessoa. O mundo fragmentado em relíquias de idêntica medida, significando que todos têm direito a si mesmo e a outrem, numa conversa de culturas.
Maria de Fátima Lambert Porto, Setembro 2010
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Photo Fidalga-itinerância Quase Galeria Lista das Obras 1 Adélia Klinke - Sem título, 2009 2 Adriana Conti Melo – Explorar, 2009 3 Albano Afonso – O Jardim – Madrid, 2009 4 Alice Freire – Caronte, 2009 5 Ana Lucia Mariz – Paisagens silenciosas, 2009 6 Ana Niski Zveibil – Vidas refletidas, 2009 7 Ana Nitzan – Renda, 2009 8 Ana Carolina Pinheiro – Novo Mundo, 2009 9 Ana Sefair Mitre – Mesclando realidades, 2009 10 Andreia Reis - Sem título, 2009 11 Anne Cartault d’Olive – O outro, 2009 12 Antonio Melloneto – Brighton Carousel, 2009 13 Beatriz Bittencourt – Fim de festa, 2009 14 Bettina Vaz Guimarães – Série Morandi nº22, 2009, Tinta acrílica sobre fotografia 15 Bruno Mendonça – Coração coragem para qualquer viagem, 2009 16 Camila Nassif – Mais uma gota, 2009 17 Carla Chaim - Sem título, 2009 18 Carlos Nunes – Carpe Diem, 2009 19 Cecília Walton – Mangue, 2009 20 Célia Macedo – Recortes, 2009 21 Christina Meirelles – Barra do Sahí, 2009 22 Daniel Caballero – Carpe Noctem, 2009 23 Deolinda Aguiar - Sem título, 2008 24 Ding Musa - Sem título, 2009 25 Felipe Cama - Sem título (Série Placas), 2009 26 Felippe Segall - Sem título, 2009 27 Fernanda Assumpção – Antes da Chuva nº 5, 2009 28 Fernando Velazquez - Sem título, 2009 29 Flávio Cerqueira – Pegue, ele é todo seu (colaboração Paloma Oliveira), 2009 30 Gabriel Centurion – Dito Cuelo, 2009 31 Graziela Pinto – Oras Bolas – Estamos todos juntos, 2009 32 Helen Faganello – MERZBAU – 2, 2009 33 Henrique de França - Sem título, 2009 34 Jana - Sem título, 2009 35 Jérôme Florent – Larvas de chocolate, 2009 36 Jofer - Sem título em violeta, 2009 37 Julia Kater - Sem título, 2009 38 Laura Santos Mazzela - Sem título, 2009
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39 Lina Wurzmann – Petra, 2008 40 Luciana Kater – Casulo, 2009 41 Luiz Telles – Brincando com Mboiatatá, 2009 42 Lulli – Trip, 2009 43 Maria Luisa Editore - Sem título, 2009 44 Madu Almeida - Sem título, 2009 45 Malu Saddi - Sem título, 2009 46 Marcelo Amorim - Sem título, 2009 47 Marcia de Moraes – O deslumbramento, 2009 48 Margarida Holler - Sem título, 2009 49 Mariana Palma - Sem título, 2009 50 Maura Brésil - Sem título, 2009 51 Pedro Cappeletti – Pequeno almoço, 2009 52 Regina Sarreta – Quando nada é certo, tudo é possível, 2009 53 Reginaldo Pereira - Sem título, 2009 54 Renata Cruz – Carpe Diem 55 Renata Ursaia - Sem título, 2009 56 Renato Leal – Nuvens, 2009 57 Roberto Fabra – O sonho dentro do sonho, 2009 58 Sandra Cinto – Melodia Celeste, 2009 59 Sandra Lopes - Sem título, 2009 60 Solange Sandoval - Sem título, 2009 61 Vivian Kass – Sem título, 2009, perfuração de agulha sobre fotografia 62 Alice Ricci 63 Bruna Coelho 64 Felippe Moraes 65 Laura Gorski
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Adélia Klinke Jesuítas, PR, 1967. Vive e trabalha em Embu. Formada em Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina em São Paulo. Principais exposições individuais: 2009, MAC Curitiba - Sala Theodoro de Bona - Curitiba - PR; 2008, Mônica Filgueiras Galeria de Arte - São Paulo. Principais exposições coletivas: 2010, SP Arte - Dumaresq Galeria de Arte - Recife/PE; 2009, 60º Salão de Abril - Fortaleza - CE, Entorno de - Funarte - São Paulo - SP, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal; 2008, SP Arte - Mônica Filgueiras Galeria de Arte - São Paulo.
Adriana Conti Melo São Paulo, SP. Vive e trabalha em São Paulo. Formada em Desenho Industrial, já frequentou o Curso O processo criativo ministrado por Charles Watson e História da Arte com Rodrigo Naves. Principais exposições: 2009, Nos limites da Arte - Atelê Fidalga - FUNARTE - São Paulo, Photo Fidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal.
Alice Freire São Paulo, SP, 1981. Vive e trabalha em São Paulo. Formada em Artes Plásticas na FAAP). Principais exposições: 2010, Catrinas - Individual de dois - Galeria Invest Art - São Paulo; 2009, Um lugar: Cinema - Cine SESC - São Paulo, Um Lugar: O Processo de Kafka - SESC Santana - São Paulo, Entorno de / nos limites da Arte FUNARTE - São Paulo, Panorama atual da Fo tografia - Valu Oria Galeria de Arte, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal; 2008, Presente Fidalga - SESC Ribeirão Preto.
Alice Ricci São Paulo, SP, 1985. Vive e trabalha em São Paulo. Formada e Artes Plásticas na FAAP e pós-graduada em Estéticas Tecnológicas na PUC-São Paulo. Principais exposições individuais: 2009, Exposição Espera - Centro Cultural da Usina do
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Gasômetro - Porto Alegre-RS, Exposição Paisagem Transitória - Centro de Estudos Brasileiros da Embaixada do Brasil no México - México DF. Principais exposições coletivas: 2009, Projeto Tripé/ Natureza Morta - Sesc Pompéia - São Paulo, OFF Paraty em Foco - Paraty - RJ; 2008: 11ª Bienal Nacional de Santos/ SP.
Ana Lucia Mariz São Paulo, SP, 1965. Vive e trabalha em São Paulo. Formada em Comunicação Social na FAAP. Principail exposição individual: 2005, Alma Secreta, Pinacoteca do Estado de São Paulo - São Paulo. Principais exposições coletivas: 2010, Programa de Exposições 2010 -MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto - SP; 2009, Entre Tempos - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal, Prêmio Fundação Conrado Wessel de Arte - em Fotogr afia - São Paulo; 2008, Women, Photographers network - selection 2008 - Studio Thomas Kellner - Siegen - Alemanha.
Ana Niski Zveibil São Paulo, SP, 1961. Vive e trabalha em São Paulo Principais exposições: 2010, SP-Arte - São Paulo, Aluga-se - São Paulo; 2009, Território Ocupado - Fundação de Cultura de MS - Campo Grande - MS, Museu de Arte Contemporânea do Paraná - Curitiba - PR, Galeria dos Arcos - Usina do Gasômetro - Porto Alegre - RS, Fotograma Livre Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre - RS, PhotoFidalga Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisb oa - Portugal; 2008, IX Bienal do Recôncavo - Centro Cultural Dannamann - São Félix - Bahia.
Ana Nitzan São Paulo, SP, 1968. Vive e trabalha em São Paulo. Formada em Desenho Industrial na FAAP. Principal exposição individual: 2007, Vazio - Galeria H Fernandes - São Paulo. Principais exposições coletivas: 2010, SP-Arte - Pavilhão Parque do Ibirapuera - São Paulo, Aluga-se - coletiva de 33 artistas - São Paulo; 2009, Entorno de: Nos Limites da Arte - Ateliê Fidalga - FUNARTE - São Paulo, Ateliê Fidalga - 55 artistas - Galeria Carlos Carvalhos Arte Contemporânea - Lisboa - Portugal, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal.
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Ana Sefair Mitre Juiz de Fora, MG. Vive e trabalha em São Paulo. Formada em Educação Artística na Faculdade Belas Artes e pós graduada em História da Arte na FAAP, São Paulo. Frequentou o curso leitura de Portfólios ministrado por Dudi Maia Rosa e Agnaldo Farias - Instituto Tomie Ohtake - São Paulo. Principais exposições: 2009, Entorno de: Nos Limites da Arte - Ateliê Fidalga - FUNARTE - São Paulo, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal, Ateliê Fidalga - Galeria Carlos Carvalhos Arte Contemporânea Lisboa - Portugal; 2008, Sesc Ribeirão Preto- SP
Andreia Reis Niterói, RJ, 1961. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Artes Plásticas na Faculdade Belas Artes e Geografia na USP em São Paulo. Principais exposições: 2009, 41º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba - SP, Entorno de: Nos Limites da Arte - FUNARTE - São Paulo, Ateliê Fidalga - Galeria Carlos Carvalho Arte Contemporânea - Zoon - Lisboa - Portugal, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa Lisboa - Portugal; 2008, Presente Fi dalga - Sesc Ribeirão Preto- SP; 2003, XII Encontro de Artes de Atibaia.
Anne Cartault d’Olive Paris, 1957. Vive e trabalha em São Paulo. Formada na Universidade de Cinema de PARIS VIII (Vincennes). Principais exposições: 2010, Bóias - Fortaleza - CE, Era uma vez...arte conta histórias do mundo - Centro Cultural Banco do Brasil - São Paulo, Barroco - Projeto Parede - Museu de Arte de Ribeirão Preto; 2009, Programa de Exposições - Centro Cultural São Paulo, Intervalles - Orangerie du Chateau Sucy-en-Brie - França, < em style="mso-bidi-font-style: normal;"> IIs se suivent comee des noutons - Ateliê 397 - São Paulo; 2008, Poéticas da Natureza - MAC Ibirapuera - São Paulo.
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Antonio Melloneto São Paulo, SP, 1980. Vive e trabalha em São Paulo. Formado em Artes Plásticas na FAAP em São Paulo. Principais exposições: 2008, As Constituições Brasileiras - Museu de Arte Brasiileira da FAAP; 2007, 10ª Mostra Vídeo Itaú Cultural - Belo Horizonte MG e Belém PA, 11ª Bienal de Santos - SP; 2006, Exposição Zona de Trânsito - Instituto Cervantes - São Paulo.
Bettina Vaz Guimarães São Paulo, SP. Vive e trabalha em São Paulo. Cursou a Faculdade de Artes Plásticas da FAAP em São Paulo. Principais exposições: 2009, Bienal de Cerveira - Portugal, Bienal da Bolívia Siart - La Paz (Premio aquisição), Entre tempos - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa Portugal; 2008, Poéticas da Natureza - MAC - São Paulo - Curadoria Katia Canton, Espaço Cultural Furnas, Galeria Oeste -São Paulo; 2007, Fundação Joaquim Nabuco Recife; 2006, Centro Cultural São Paulo - SP, Desenhos - Museu Victor Meirelles - Florianópolis; 2005, Salão da Bahia - MAM Bahia.
Bruna Coelho São Paulo, SP, 1979. Vive e trabalha em São Paulo Cursou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e Bacharelado em Fotografia no Centro Universitário SENAC. Cursou o Universo da Cor na Íman Foto Galeria com Walter Firmo. Principal exposição: 2004, Exposição Casa Aberta SENAC - São Paulo.
Bruno Mendonça São Paulo, SP, 1987. Vive e trabalha em São Paulo Formado em Comunicação Social na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Principais exposições: 2010, Um inteiro Museu em uma parede - AR[t]CEVIA - International Art Festival Roma/Milão - Itália, SP Arte - Fundação Bienal de São Paulo - Galeria Motor, NOVO Expressão de Moda (Exposição de Arte e Moda) Espaço AEIOU - São Paulo, Não é a Monalisa
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- Galeria Nuvem - São Paulo; 2009, Galeria Nuvem - São Paulo , 7ª Bienal do Mercosul - Grito e Escuta - participação com o coletivo Reféns do Bege - Porto Alegre - RS.
Carla Chaim São Paulo, SP, 1983. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Artes Plásticas e pós graduada em História da Arte na FAAP em São Paulo. Principail exposição individuail: 2008, I Mostra do Programa de Exposições - Centro Cultural São Paulo. Principais exposições coletivas: 2010, 8ª Edição Programa de Exposições MARP Ribeirão Preto - SP, SP Arte - SP Specific - Ibirapuera - São Paulo, 16º Salão Unama Pequenos Formatos - Belém -PA, Studio #17 - The Banff Centre for the Arts - Alberta - Canadá; 2009, Prêmio Energias na Arte - Instituto Tomie Ohtake - São Paulo
Carlos Nunes São Paulo, SP, 1969. Vive e trabalha em São Paulo Formado em Artes Plásticas pela FAAP em São Paulo e estudos na Saint Martin School of Art em Londres. Pincipais exposições individuais: 2010, Triunfo das cores, amor e música sobre os malosos azuis - Centro de Cultura Britânica; 2009, Até o fim - MAC Curitiba - Curitiba, PR. Principais exposições coletivas: 2010, SP Arte Specific - SP Arte - São Paulo, SP; 2009 Entre Tempos - Carpe Diem - Lisboa - Portugal, Entorno de - FUNARTE - São Paulo.
Cecília Walton São Paulo, SP, 1960. Vive e trabalha em São Paulo Formada e Desenho Industrial pela FAAP em São Paulo. Principais exposições individuais: 2008, Espaço Garageria - São Paulo - SP, 2005, Compasso Arquitetura e Design - São Paulo SP. Principais exposições coletivas: 2010, 10+20 - Galeia Emma Thomas - São Paulo - SP; 2009, Entre tempos - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa Portugal; Galeria Carlos Carvalho Lisboa - Portugal; SP Arte - Monica Filgueiras - São Paulo - SP; Entorno de - FUNARTE - São Paulo - SP.
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Célia Macedo São Paulo, SP. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Arquitura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo. Principal exposição individual: 2002, CCBEU - Centro Cultural Brasil Estados Unidos - Santos - SP. Principais ecposições coletivas: 2010, 38˚ Salão de arte contemporânea Luiz Sacilloto - Santo André SP; 2009, 2˚ Salão Fundarte/SEC de Arte 10x10 - Montenegro - RS; Entorno de - FUNARTE SP - São Paulo, 40˚ Chape l Art Show; 2008, Presente Fidalga - SESC Ribeirão Preto - SP; 33˚ SARP - Ribeirão Preto - SP.
Christina Meirelles São Paulo, SP, 1961. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Desenho Industrial pela FAAP em São Paulo. Principal exposição individual: 2008, Programa anual de exposições - Centro Cultural São Paulo - São Paulo - SP; Principais exposições coletivas: 2009, Atelie Fidalga - São Paulo Brasil - Galeria Carlos Carvalho Arte Contemporânea - Lisboa - Portugal, Entre tempos - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa Portugal, PhotoFidalga - Carpe D iem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal; 2008, Poéticas da Natureza - MAC USP - São Paulo - SP.
Daniel Caballero São Paulo, SP, 1972. Vive e trabalha em São Paulo Cursou O Processo Criativo sob orientação de Charles Watson e frequentou o espaço Eden. Principais exposições individuais: 2009, Boas Maneiras - Santo André - SP; Andando, desenho linhas imaginárias que preenchem o espaço com percursos inutéis - Paço Municipal de Santo André - Santo André - SP; Principais exposições coletivas: 2010, Aluga-se - São Paulo - SP; 2009, Do papel ao pixel graphias - Fundação Memorial da América Latina - São Paulo, Papermind-Tijuana, Galeria Vermelho - São Paulo.
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Deolinda Aguiar Ribeirão Preto, SP, 1962. Vive e trabalha em Araçatuba Formada em Terapia Ocupacional pela Universidade Católica de Campinas. Estudou pintura desenho e história da arte sob orientação de Osmar Pinheiro, Marco Gianotti e Carlos Fajardo. Principais exposições: 2010, SP Arte Specific -SP Arte - São Paulo - SP, 2009, PhotoFidalga Carpe Diem - Lisboa Portugal, Atelie Fidalga - Galeria Zoon - Lisboa - Portugal; Entorno de FUNARTE SP - São Paulo - SP; 2008, Presente Fidalga – SESC Ribeirão Preto; 2007, 35º Salão de Arte de Piracicaba.
Ding Musa São Paulo, SP, 1979. Vive e trabalha em São Paulo Formado na Faculdade de Fotografia no SENAC SP. Frequentou o Curso de História da Arte com Rodrigo Naves. Principais exposições individuais: 2006, Baldio - Galeria Vermelho - São Paulo, Narrativas - Centro britânico brasileiro Britsh Concil - SP; Principais exposições coletivas: 2010, FIAT LUX - Museo de Arte Contemporaneo Unión Fenosa - A Coruã Espanha, Novas Aquisições - MAM - RJ; 2009, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa Lisboa - PT, Paper Mind - Galeria Vermelho - SP.
Felipe Cama Porto Alegre, RS, 1970. Vive e trabalha em São Paulo Formado em Comunicação na Escola de Comunicações e Artes/ USP e Extensão em Artes Plásticas na FAAP - SP. Principais exposições individuais: 2009, Search:Ericka - Galeria Leme - SP, Vitrine da Coleção de Arte da Cidade - Centro Cultural São Paulo; 2008, Fw: Enc: Attach Usina do Gasômetro - Porto Alegre; Pricinpais exposições coletivas: 2009, Nuevas Miradas Galeria Fernando Pradilla - Madrid - Espanha, Borderless Generation:Contemporary Art From Latin America - Korea Foundation - Seul - Coréia.
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Felippe Moraes Rio de Janeiro, RJ, 1988. Vive e trabalha no Rio de Janeiro e São Paulo Formado em Design de produto pelo Centro Universitário Belas Artes em São Paulo. Participou do Workshop "Procedimentos em Arte Contemporânea" ministrado por Paulo Climachauska no Paço das Artes. Principais exposições: 2010, 9º Salão de Arte Contemporânea de Jataí, AR[t]CEVIA - International Art Festival - Arcevia - Itália; 2009, 7ª Bienal do Mercosul - Rádio Visual - com o coletivo Reféns do Bege, Sem Crise ou Os 4 Opositores - The Hub São Paulo, Entorno de, Nos Limites da Arte - FUNARTE/SP.
Felippe Segall São Paulo, SP, 1974. Vive e trabalha em São Paulo Frequentou o curso O Processo Criativo ministrado por Charles Watson no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo. Cursou Fotografia Colorida e História do Cinema na School of Visual Arts em New York. Principais exposições individuais: 2009, Arquitetura e Memória - Casa Triângulo - SP; 2008, III Mostra Programa de Exposições no Centro Cultural São Paulo; Principais exposições coletivas: 2010, Aluga-se - São Paulo; 2009, 9º Prêmio Porto Seguro Fotografia - Espaço Porto Seguro Fotografia - SP.
Fernanda Assumpção São Paulo, SP, 1979. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Artes Plásticas na FAAP em São Paulo. Principais exposições: 2008, Mostra de Arte da Juventude, SESC Ribeirão Preto, Presente Fidalga -SESC Ribeirão Preto, 33º Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto - MARP; 2005, Programa de Exposição 2005 da Casa da Cultura da América Latina - Brasília, 33º Salão de Arte Contemporânea de Santo André; 2004, VII Bienal do Recôncavo - São Félix - Bahia, Salão Arte Pará 2004 - Belém, 5º Salão de Arte do Sesc Amapá, 9º Bienal de Artes Visuais de Santos - SP.
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Fernando Velazquez Montevidéo, Uruguai, 1970. Vive e trabalha em São Paulo Doutorando em Comunicação e Semiótica pela PUC São Paulo, Mestre em Moda Cultura e Artes (Senac-SP) e pós-graduado em "Vídeo e tecnologias digitales on-line off-line" (Mecad, Barcelona). Principal exposição individual: 2010, Paisagens e auto-retratos - Parque das Ruinas - Rio de Janeiro; Principais exposições coletivas: 2010, FILE - Festival Internacional de a
Linguagem Eletrônica - São Paulo, ARTECH 2010 - 5 Conferência Internacional de Arte Digitalm - Guimarães - Portugal; 2009, 7ª Bienal do Mercosul - Porto Alegre/RS.
Flávio Cerqueira São Paulo, SP, 1983. Vive e trabalha em Guarulhos, SP Formado em Artes Plásticas na Faculdade Paulista de Arte em São Paulo. Principais exposições: 2010, 9º Salão Nacional de Arte de Jataí - Goiás, 38º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto - Santo André/SP, 61º Salão de Abril - Fortaleza/CE, Em Obras Passagem literária da Consolação - São Paulo; 2009, Coletiva - Galeria Nuvem - São Paulo, 37º Salão da Primavera - MAM Rezende - Rio de Janeiro, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal, 57º Salão de Belas Artes de Piracicaba/SP.
Gabriel Centurion São Paulo, SP, 1978. Vive e trabalha em São Paulo Principais exposições: 2010, 38º Salão de Arte Contemporâneo Luiz Sacilotto - Santo André/SP; 2009, 36 Visões do Largo da Batata - Coletivo Galeria - São Paulo, Salão de Artes de Novo Hamburgo/ RS, 9º Salão de Artes Visuais de Guarulhos/SP, Entorno de - FUNARTE São Paulo, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal, 15º Salão UNAMA de Pequenos Formatos - Belém/PA; 2007, Mostra Sesc de Artes, SESC Pinheiros - São Paulo; 2004, CHICO V Festival de Cinema e Vídeo - Palmas/TO.
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Graziela Pinto São Paulo, SP, 1977. Vive e trabalha em São Paulo Cursou a Faculdade Belas Artes em São Paulo e acompanhamento de projetos com Ana Maria Tavares. Principal exposição individual: 2008, Oras Bolas - Galeria Arte em Dobro - Rio de Janeiro. Principais exposições coletivas: 2010, Novas Aquisições 2010 Coleção Gilberto Chateubriand - Rio de Janeiro; 2009, A Coleção II - Galeria Arte em Dobro - Rio de Janeiro, Entre Tempos - Ca rpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal; 2008, Coletiva Fidalga/ Presente - Ribeirão Preto/SP.
Helen Faganello Araçatuba, SP, 1949. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Desenho e Plástica pela Faculdade de Ciências e Letras de Penápolis/SP e frequentou o curso de História da Arte com Rodrigo Naves. Principais exposições: 2009, Entre Tempos e PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal, Nos Limites da Arte FUNARTE/SP; 2008, Helen Faganello - Museu de Arte de Ribeirão Preto/SP; 2006 , Helen Faganello - Espaço In Vitro - São Paulo; 2005, Helen Faganello - Centro Cultural São Paulo CCSP.
Henrique de França São Paulo, SP, 1982. Vive e trabalha em São Paulo Formado em Artes Plásticas pela Universidade São Judas Tadeu e pós-graduando em Design Gráfico na FAAP em São Paulo. Principais exposições: 2010, X Bienal do Recôncavo - São Félix/BA , SP Arte - São Paulo, 38º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto - Santo André/SP, Em Obras - Passagem Subterrânea da Consolação - São Paulo/SP; 2009, Desenho Ocupado - Galeria Leme - São Paulo, 41º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba/SP, 8º Salão Nacional de Jataí/GO.
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Jana São Paulo, SP, 1974. Vive e trabalha em São Paulo Cursou Artes Plásticas e Arquitetura na FAAP em São Paulo. Frequentou os encontros de orientação artística com Leda Catunda no Collegio das Artes em São Paulo. Principais exposições: 2009, Nos Limites da Arte - FUNARTE/SP; 2008, 15º Salão da Bahia - Museu de Arte Moderna - Salvador/BA, Presente Fidalga - Sesc Ribeirão Preto/ SP, 1º Salão de Artes Plásticas de Petrópolis - Centro Cultural Raul de Leoni - Petrópolis/ RJ, < em style="mso-bidifont-style: normal;">Salão Paulista de Arte Contemporânea - Casa das Rosas - São Paulo.
Jérôme Florent São Paulo, SP, 1980. Vive e trabalha em São Paulo Formado em Artes Plásticas na Faculdade Santa Marcelina em São Paulo. Pós-graduando em Linguagens da Arte pela Universidade de São Paulo. Principal exposição idividual: 2010, Individual Simultânea – MARP – Ribeirão Preto – SP. Principais exposições coletivas: 2010, SP Arte Specific – SP Arte – São Paulo – SP; Em Obras – Passagem Literária da Consolação – São Paulo – SP; 2009, Entorno de – Funarte SP – São Paulo – SP; 34˚ SARP – Ribeirão Preto – SP.
Jofer São Paulo, SP, 1981. Vive e trabalha em São Paulo Formado em Artes Plásticas na FAAP em São Paulo. Principais exposições: 2010, Projeto portfolo – Aktuell – São Paulo – SP; 2009, 10 a mil – Escola São Paulo – São Paulo – SP; Entre tempos – Carpe Diem – Lisboa – Portugal; Photo Fidalga – Carpe Diem – Lisboa Portugal; 2007, Ctr_C + Ctrl_V – SESC Pompéia – São Paulo – SP; Mostravideo – Itaú Cultural – São Paulo – SP; Comunismo da forma – Galeria Vermelho – São Paulo – SP.
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Julia Kater Paris, França, 1980. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Pedagogia na PUC em São Paulo e em Fotografia na ESPM em São Paulo. Principais exposições: 2010, 12˚ Salão Nacional de Artes de Itajaí – Itajaí – SC; 10+20 – Galeria Emma Thomas – São Paulo – SP; 2009, Projeto Tripé – Natureza – SESC Pompéia – São Paulo – SP; Ateliê Fidalga – Carlos Carvalho Arte Contemporânea-Zoom – Lisboa – Portugal; PhotoFidalg< /em>a, Espaço Carpe Diem – Lisboa – Portugal; Entorno de – Funarte SP – São Paulo – SP.
Laura Gorski São Paulo, SP, 1982. Vive e trabalha em São Paulo Fomara em Design de Produto no Centro Universitário Belas Artes em São Paulo – São Paulo – SP. Cursou desenho com Carlos Falardo e com Edith Derdyk e História da Arte com Rodrigo Naves. Principais exposições: 2010, X Bienal do Recôncavo - São Feliz - BA; ALUGA-SE – São Paulo – SP; SP Arte Specific – SP Arte – São Paulo – SP; 2009, 37˚ Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto - Santo André – SP; Programa Exposiç ões 2009 - MARP Ribeirão Preto - SP.
Laura Santos Mazzela São Paulo, SP, 1984. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Artes Plásticas na Facudade Santa Marcelina e Pós-graduada em Fotografia no Centro Universitário Senac. Principais exposições: 2010, Mostra de vídeos – Sal ão de Artes Audiovisuais do Recôncavo - Cachoeira, São Félix e Cabaceiras do Paraguaçu – BA; Ateliê Fidalga no Paço das Artes – Paço das Artes – São Paulo – SP; 2009, Entorno De – Funarte SP - São Paulo – SP; PhotoFidalga, Carpe Diem Arte e Pesquisa – Lisboa – Portugal; Ateliê Fidalga 55 artistas - Galeria Carlos Carvalho/Zoom – Lisboa – Portugal.
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Lina Wurzmann São Paulo, SP, 1972. Vive e trabalha em São Paulo Cursou escultura com Vadim Kirilov em Moscou na Rússia e cursou com Leda Catunda O Belo e o Feio e Contextualizando a arte Contemporânea no Collegio das Artes. Principal exposição individual: 2005, Corpo e expressão” - Galeria A Hebraica – São Paulo - SP. Principais exposições coletivas: 2010, Aluga-se – São Paulo – SP; SP Arte Specific – SP Arte – São Paulo – SP; 2009, Ateliê Fidalga – Galeria Carlos Carvalho Arte Contemporânea Zoom – Lisboa - Por tugal; PhotoFidalga – Carpe Diem Arte e Pesquisa – Lisboa - Portugal; Entorno de Nos Limites da Arte – Funarte SP – São Paulo.
Luciana Kater São Francisco, EUA, 1980. Vive e trabalha em São Paulo
Formada em moda na Universidade Paulista em São Paulo. Principais exposições: 2009, PhotoFidalga - Espaço Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa - Portugal; Ateliê Fidalga 55 artistas - Galeria Carlos Carvalho Arte Contemporânea/Zoom – Lisboa – Portugal; Entorno de – Funarte SP - São Paulo – SP; 2008, Presente Fidalga - SESC Ribeirão Preto – Ribeirão Preto – SP.
Luiz Telles Rio Claro, SP, 1964. Vive e trabalha em São Paulo
Formado em Artes Plásticas na Universidade de São Paulo e mestre em Poéticas Visuiais pela Universidade de São Paulo. Principais exposições: 2009, Papermind Brasil - Galeria Vermelho - São Paulo – SP; Nos limites da Arte – Funarte SP - São Paulo – SP; Ateliê Fidalga 55 artistas - Carlos Carvalho Arte Contemporânea/Zoom – Lisboa – Portugal; PhotoFidalga - Galeria Carpe Diem – Lisboa – Portugal; 2008, Presente Fidalga - SESC - Ribeirão Preto – SP; 33˚ SARP - Ribeirão Preto . SP; 2005, FILE - Centro Cultural Fiesp - São Paulo. SP.
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Lulli São Paulo, SP, 1961. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Radio e TV na FAAP em São Paulo. Frequentou o atelie de escultura do MUBE sob orientação de Eduardo Werneck. Principais exposições: 2009, Entorno De – Funarte SP São Paulo – SP; PhotoFidalga, Carpe Diem Arte e Pesquisa – Lisboa – Portugal; Ateliê Fidalga 55 artistas - Galeria Carlos Carvalho/Zoom – Lisboa – Portugal; 2008, Presente Fidalga – SESC Riberirão Preto – Ribeirão Preto – SP.
Madu Almeida São Paulo, SP, 1952. Vive e trabalha em São Paulo
Formada em Comunicação Visual na Universidade Mackenzie. Principais exposições: 2009, Entorno De – Funarte SP – São Paulo – SP; Entre Tempos Carpe Diem Arte e Pesquisa – Lisboa – Portugal; Ateliê Fidalga 55 artistas SP Brasil - Galeria Carlos Carvalho Arte Contemporânea – Lisboa – Portugal; PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa – L isboa – Portugal; Programa de Exposições – MARP - Ribeirão Preto – SP; 37º Salão de Arte Contemporânea de Santo André – Santo André - SP.
Malu Saddi São Paulo, SP, 1976. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Licenciatura em Artes Plástias na FAAP em São Paulo. Principais exposições individuais: 2009, No devaneio nenhuma linha é inerte - Galeria Eduardo Fernandes – São Paulo – SP; 2005, MUMA Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, Curitiba – PR; Museu Vitor Meirelles – Florianópoli s – SC. Principais exposições coletivas: 2009, Desenho ocupado – Galeria Leme – São Paulo, SP; Estranho Cotidiano - Galeria Movimento – Rio de Janeiro - Rj
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Marcelo Amorim Goiânia, GO, 1977. Vive e trabalha em São Paulo Cursou fotografia na Universidade Católica de Goiás e na ESPM em São Paulo. Integrou o grupo de acompanhamento de processos artísticos com Juliana Monachesi e Guy Amado. Integra desde 2009 o Ateliê 397. Principais exposições individuais: 2010, Iniciação - Galeria Oscar Cruz - São Paulo – SP; I Mostra do Programa de Exposições - Centro Cultural São Paulo - São Paulo – SP. Principais exposições coletivas: < strong style="mso-bidi-font-weight: normal;">2010, Ainda Desenho – Galeria Deco – São Paulo – SP; Mostra Inaugural - Galeria Oscar Cruz - São Paulo – SP; Jogos de Guerra - Memorial da América Latina, São Paulo
Marcia de Moraes São Carlos, SP, 1981. Vive e trabalha em São Paulo
Formada em Artes Plásticas na UNICAMP em Campinas e mestre em Artes na UNICAMP em Capinas. Principais exposições individuais: 2010, Personne – Galeria Leme – São Paulo – SP; 2009, Centro Universitário Maria Antonia – São Paulo – SP. Principais exposições coletivas: 2010, Paralela - Liceu de Artes e Ofícios - São Paulo - SP; Em Obras - Passagem subterrânea R. Consolação - São Paulo - SP; Ainda Desenho - Galeria Deco - São Paulo - SP; Desenho Ocupado, Galeria Leme - São Paulo – SP; MARP - Ribeirão Preto – SP; Obra Menor - Ateliê 397 - São Paulo – SP.
Margarida Holler São Paulo, SP, 1946. Vive e trabalha em Jacareí
Cursou aquarela com Ubirajara Ribeiro, desenho com Carlos Fajardo. Frequentou o atelie de gravura do Museu Lasar Segall sob orientação de Claudio Mubarac. Principal exposição individual: 2003, Trilhas da Cultura, Educando pelos caminhos da arte – Jacareí – SP. Principais exposições coletivas: 2010, 10+20 - Galeria Emma Thomas – São Paulo – SP;
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International Small Engraving Salon Carbunari – Romênia; Biblioteca Alexandria International Biennale for Miniature Graphics – Egito.
Maria Luisa Editore Santiago, Chile, 1953. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Desenho Têxtil na Universidad de Chile. Cursou pintura sob orientação de Jesíno Leite Ribeiro e frequentou o núcleo de Arte Contemporânea sob orientação de Antonio Peticov. Principais exposições: 2010, Programa de exposições – MARP - Ribeirão Preto – SP; 38º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto - Santo André – SP; 2009, Programa de exposições – MARP - Ribeirão Preto – SP; Entorno de - Nos Limites da Arte – Funarte SP – Sao Paulo – SP.
Mariana Palma São Paulo, SP, 1979. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Artes Plásticas na FAAP em São Paulo. Principais exposições individuais: 2009, Mariana Palma - Casa Triângulo - São Paulo; 2008, Anestesia Para Transbordar - Galeria Mario Sequeira - Braga - Portugal; 2006, Mariana Palma - Museu Victor Meirelles Florianópolis/SC. Principais expo sições coletivas: 2009, Nova Arte - Centro Cultural Banco Brasil - São Paulo, Investigações Pictóricas - Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói/RJ; Drawings - Pablo's Birthday Gallery - New York - EUA.
Maura Bresil Campinas, SP, 1976. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Arquitetura e Urbanismo na PUC em Campinas/SP. Frequentou o Curso de História da Arte com Rodrigo Naves e Fotografia Contemporânea com Denise Gadelha. Principais exposições: 2009, Barão 955 - São Paulo, Nos Limites da Arte - FUNARTE em São Paulo, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal, Exposição Fidalga Galeria Carlos Carvalho - Lisboa - Portugal; 2008, 17º Encontro de Artes Plásticas de Atibaia/SP, Presente Fidalga - Sesc Ribeirão Preto/ SP.
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Pedro Cappeletti Montevidéo, 1969. Vive e trabalha em São Paulo Frequentou o Curso Procedência e Propriedade Criativa com Charles Watson. Principais exposições: 2010, 35º Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional-Contemporâneo - Ribeirão Preto/SP, SP-Arte / Specfic - Sp Arte - São Paulo; 2009, Entorno de: Nos Limites da Arte FUNARTE -São Paulo, Exposição Ateliê Fidalga - Galeria Zoom - Lisboa - Portugal, PhotoFidalga - Carpe Diem - Lisboa - Portugal; 2008, Presente Fidalga - Sesc Ribeirão Preto.
Regina Sarreta Igarapava, SP, 1958. Vive e trabalha em São Paulo Frequentou o Curso de Escultura com Artur Lercher no Instituto Tomie Ohtake e Escultura e moldes com Laura Vinci no MUBE. Principais exposições individuais: 2009, Projeto Território Ocupado - Fundação de Cultura de MS - Campo Grande/MS; 2007, Regina Sarreta - Marp Museu de Arte Ribeirão Preto/SP; Principais exposições coletivas: 2010, 10 + 20 - Galeria Emma Thomas - São Paulo; 2009, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa Portugal; 2008, IX Bienal do Recôncavo - São Félix - BA.
Reginaldo Pereira Flórida Paulista, SP, 1969. Vive e trabalha em São Paulo Cursou Arquitetura e Urbanismo na PUC em Campinas/SP. Principais exposições individuais: 2009, Medida Provisória - Museu de Arte de Ribeirão Preto/SP; 2007, III Mostra do Programa de Exposições - Centro Cultural São Paulo. Principais exposições coletivas: 2010, Mostra Coletiva - Casa Triângulo - São Paulo; 2009, Estranho C otidiano - Galeria Movimento - Rio de Janeiro, Desenho Ocupado - Galeria Leme - Project Room - São Paulo, Entre Tempos - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal.
Renata Cruz Araçatuba, SP, 1964. Vive e trabalha em São Paulo e Araçatuba Formada em Comunicação Visual na UNESP em Bauru/SP. Frequentou a Facultad de Bellas Artes de la Universidad Autónoma de Madrid - Espanha. Principais exposições: 2010, SP-Arte / Specifc - São Paulo, Museu de Arte Contemporânea do Paraná - Curitiba/PR; 2009, 15º Salão
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Unama de Pequenos Formatos - Belém/PA, Entorno de: Nos limites da Arte - FUNARTE - São Paulo, Ateliê Fidalga - Car pe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal; 2008, Programa Anual de Exposições - MARP -Ribeirão Preto/SP.
Renata Ursaia Nasceu em 1973. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Arquitetura na FAU/USP em São Paulo. Principais exposições individuais: 2010, Renata Ursaia - Centro Cultural São Paulo, O Amestrador - MAC - Curitiba/PR. Principais exposições coletivas: 2010, Mediações - Galeria Motor - São Paulo, Programa de Exposições MARP - Ribeirão Preto/SP; 2009, Nos Limites da Arte - FUNARTE - São Paulo; 2008, Presente Fidalga - Sesc Ribeirão Preto/SP; 2006, Auto-retrato - Galeria Mezaninno - São Paulo; 2004, Tão Longe, Tão Perto - Fotoarte - Brasília.
Renato Leal Santos, SP, 1973. Vive e trabalha em São Paulo Cursou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Santos, SantosSP. Principais exposições: 2010, Programa de Exposições - MARP - Ribeirão Preto/SP; A Coleção III - Galeria Arte em Dobro - Rio de Janeiro; 2009, Ateliê Fidalga - Galeria Carlos Carvalho Arte Contemporânea - Zoom - Lisboa - Portugal, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal; 2008, Poéticas da Natureza - MAC-USP - Parque do Ibirapuera São Paulo.
Roberto Fabra São Paulo, SP, 1965. Vive e trabalha em São Paulo Cursou Fotografia na Arte Contemporânea na Casa do Saber e Fashion Marketing and Desing na St. Martin School of Arts em Londres. Principal exposição individual: 2009, Noite - Livraria Pop - São Paulo. Principais exposições coletivas: 2010, Um livro sobre a Morte - MOMA Machynlleth - País de Gales, Aluga-se - São Paulo; 2009, Entorno de - Ateliê Fidalga FUNARTE - São Paulo, Circulando em outras dimensões - Galeria Gravura Brasileira - São Paulo; 2008, Livro Arbítrio - Galeria Virgílio - São Paulo.
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Sandra Lopes São Paulo, SP, 1948. Vive e trabalha em São Paulo Frequentou o Curso de Gravura em Metal com Cláudio Mubarac e de Técnicas pictóricas integradas com Newman Schutze. Principais exposições: 2010, 16º Salão UNAMA de Pequenos Formatos - Belém/PA, 1º Salão dos artistas sem galeria - São Paulo; 2009, Entorno de - FUNARTE - São Paulo, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal; 2008, Presente Fidalga - Sesc Ribeirão Preto/SP; 2006, 11º Salão Paulista de Arte Contemporânea - MAC - USP - São Paulo.
Solange Sandoval São Paulo, SP, 1957. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Educação Artística na Faculdade Belas Artes em São Paulo. Frequentou cursos com Edith Derdick e Ubirajara Ribeiro. Principais exposições: 2010, Circulando em Outras Dimensões - Sesc Santos/SP; 2009, Entorno de Nos Limites da Arte - FUNARTE - São Paulo, 40º Chapel Art Show - São Paulo, PhotoFidalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa -Portugal; 2008, 12º Salão Paulista de Arte Contemporânea - São Paulo, Livro Arbítrio - B arco - São Paulo.
Vivian Kass São Paulo, SP, 1979. Vive e trabalha em São Paulo Formada em Artes Plásticas na FAAP. Principais exposições: 2010, SP-Arte / Specifc - São Paulo, Programa de Exposições - MARP - Ribeirão Preto/SP, 38º Salão de Arte Contemporânea de Santo André/SP; 20 09, PhotoFIdalga - Carpe Diem Arte e Pesquisa - Lisboa - Portugal, Entorno de/ nos limites da Arte - FUNARTE - São Paulo; 2008, de10 a 1000 - Escola São Paulo - São Paulo; 2004, Coletiva - Escritório de Arte Regina Pinho de Almeida - São Paulo; 2003, Coletiva - C.E.U Rosa de Hiroshima - São Paulo.
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Sandra Cinto Nasceu em Santo André, 1968. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. www.casatriangulo.com
Albano Afonso Nasceu em São Paulo, 1964. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
www.casatriangulo.com
Ateliê Fidalga Rua Fidalga, 299 cep: 05432070 -Vila Madalena São Paulo - Brasil
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