Informativo Fumaça... Já! nº 40 - 2020

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Papo de Fumaceiro: Coronel Gobett, novo Comandante da AFA, conta a sua trajetória pelo EDA.

Circuito de treinamento Parnamirim/RN e Anápolis/GO receberam o Esquadrão para duas semanas de treinamentos.

Semana da Asa Marcada por um voo inesquecível sobre o Rio de Janeiro e pela chegada do Gripen.

E mais:

Novos pilotos Quem se despede 1 | Fumaça... já


2 | Fumaรงa... jรก

Foto: Tenente Marcus Lemos


EDITORIAL Tenente Coronel Marcelo Franklin O ano de 2020 exigiu de todos nós a capacidade de nos adaptarmos às circunstâncias. Mais uma vez, a Esquadrilha da Fumaça viu a necessidade de se afastar do público, com a sua agenda de demonstrações suspensa em decorrência da COVID-19. Por mais doloroso que seja estarmos afastados do público, que é a nossa principal motivação, em momento algum estivemos parados. O ano foi agitado com, a formação de novos pilotos e treinamentos que mantiveram a sua rotina para estarmos sempre preparados e com alto grau de segurança em nossos voos. O segundo semestre do ano ainda nos trouxe momentos marcantes, como um circuito de treinamentos fora de sede, o sobrevoo em diversos pontos turísticos do Rio de Janeiro

e a participação na apresentação oficial do Gripen em Brasília. O ano novo que se inicia traz consigo uma bagagem de esperança e expectativas para que, logo, possamos voltar a soltar o “Fumaça... Já!” que está preso em nossas gargantas. Nas próximas páginas, veja como foram os principais acontecimentos do segundo semestre de 2020. Convido, também, a acompanharem a rotina do Esquadrão nas nossas mídias sociais e também nas da Força Aérea Brasileira. Boa leitura! Ten Cel Av Marcelo Franklin Comandante da Esquadrilha da Fumaça 3 | Fumaça... já


Equipe 2020 Oficiais

Ten Cel Av Franklin Ten Cel Av Garcia Maj Av Wander Maj Esp Av R. Tavares Maj Av Nunes Maj Av Natalício Cap Av Esteves Cap Av Barra Cap Av Bittencourt Cap Av Grothe Cap Av Santoro Cap Av Moreno Cap Av Furlan Cap Av Reis 1º Ten REP Lemos 1º Ten Av Kawka 1º Ten Av Furtado 1º Ten MED Sotana

Anjos da Guarda

SO BEI Lins SO BFT Ribeiro SO BMA Gelson 1S BEP Malvestiti 1S BEV Elias 1S BEP Scatolini 1S BMB Alex 1S BMA Lançoni 1S SAD A. Carvalho 1S BMA R. Teixeira 1S SAI Fraga 1S BEI Hypólito 1S BMB Genovezi 1S SAD Fabrício 2S BMA Senareli 2S BMA M. Vinícius 2S BMA Kleber 2S BMA Tiago Pena

2S BET R. Santos 2S SAD Jaqueline Guerra 2S BSP Renato 2S BMA Gustavo 2S BMA Caio 2S BMA Alexandre 2S BET Cruz 2S BEI Patrícia 2S BMB Lauria 2S BMA Lemos 2S BMB Bueno 2S BEV Patrícia Herdy 2S BMA Filho 2S SAD Adriano 2S SAD Marchetti 2S SAD Alex Sandro 2S BMA Bercke 2S BMA Faria 2S SIN Alisson 3S BMA Valdir CB BLM Bruno Tukmantel CB SAD D. Henrique CB SAD Aquilles CB SAD Vitor Hugo

Soldados

S1 SAD Da Costa S1 BLM Antonio Rodrigues S1 BLM Wlademir S1 BLM Vitor Costa S1 SAD Damiani S1 SAD De Oliveira S1 BLM Verones S2 SNE Ghiotto S2 SNE Caio Maia

14 | Novos pilotos são formados

16 | Pap

22 | Na minha época

24 | Que

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06 | CIRCUITO DE TREINAMENTO Fumaça realiza treinamentos em Parnamirim e Anápolis.

10 | SEMANA DA ASA

po de Fumaceiro

em se despede

20 | Snap

Foto: Tenente Márcio Inforzatto

Esquadrão faz novas fotos no Rio de Janeiro e participa da cerimônia de recepção do Gripen em Brasília.

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Circuito de treinamento

Fumaça realiza treinamentos em Parnamirim e anápolis A missão teve como objetivo principal treinar os pilotos e equipe de manutenção fora de sede e manter a doutrina em deslocamentos com o Esquadrão. Texto e Fotos: Tenente Marcus Lemos / Edição: Capitão Grothe

E

ntre os dias 24 de setembro e 9 de outubro de 2020, o Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) realizou um circuito de treinamento operacional nas cidades de Parnamirim (RN) e Anápolis (GO), visando à manutenção da operacionalidade dos pilotos, mecânicos e equipe de apoio do EDA. Ver a Esquadrilha da Fumaça sobrevoando uma cidade em qualquer região do país é uma cena comum nos finais de semana. É sinal de que em breve haverá uma

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demonstração para um grande público. Contudo, com as orientações sanitárias e de distanciamento social decorrentes da pandemia da COVID-19, essa cena teve uma pausa com a suspensão temporária da agenda de demonstrações da Fumaça. “Além dos voos e manutenção, que são corriqueiros para o efetivo do Esquadrão, é imprescindível manter a equipe operacional em todos os procedimentos que, em tempos normais, são parte da rotina do Esquadrão.


Isso inclui desde todos os processos logísticos e interações com a equipe de apoio, a demonstração em diferentes condições climáticas e geográficas, assim como lidar com manutenções necessárias fora de sede”, explica o Comandante do EDA, Tenente Coronel Aviador Marcelo Franklin. “A experiência operacional é fundamental para que o desempenho das demonstrações permaneça com o elevado índice de segurança apresentado ao longo dos anos”, completa o Comandante. Durante o período, não houve demonstrações para o público, sendo os treinamentos realizados em áreas isoladas e distantes de habitações. Além da operacionalidade da equipe, o circuito de treinamento contou com uma extensa agenda de missões para o Esquadrão, tais como treinar o perfil de demonstração ao nível do mar e também em grande altitude, que afetam o desempenho da aeronave; permitir ao piloto o treinamento de voo por instrumentos (IFR, do inglês Instrument

Flight Rules), incluindo descidas IFR em outras localidades; e também realizar treinamentos previstos no Programa de Instrução e Manutenção Operacional nos simuladores de voo do Segundo Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (2°/5° GAV) - Esquadrão Joker, que também opera o A-29 Super Tucano e que oferece apoio logístico ao efetivo do EDA no local. Durante os deslocamentos, a Fumaça foi apoiada por aeronaves de diversos Esquadrões da FAB. Em especial, parte da equipe teve o privilégio de realizar o primeiro voo na nova aeronave KC390 - do 1º GTT - no trecho AnápolisPirassununga.

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Escala técnica em Sa

Chegada na Ala 10, com apoio do Esquadrão Pelicano

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alvador

Ala 10 - Parnamirim/RN Apoio com o KC-390 do 1ยบ GTT (retorno)

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Semana da Asa

Semana da Asa Fumaça sobrevoa o Rio de Janeiro e realiza fotos inéditas com o A-29. E, no Dia do Aviador, acompanha a apresentação do Gripen na Capital Federal. Texto: Capitão Grothe | Foto: Suboficial Ribeiro Campo dos Afonsos, 14 de maio de 1952. Naquele dia, a Esquadrilha da Fumaça realizou a sua primeira demonstração, durante a visita de uma comitiva estrangeira à Escola de Aeronáutica. Os atores da época, munidos de sentimentos nobres com o intuito de motivar seus alunos ao voo acrobático e à pilotagem militar, não imaginavam a bela história que estavam a iniciar. Quando falamos sobre a Fumaça e suas origens, naturalmente remetemos à cidade que foi palco de tantas demonstrações, ao berço do seu surgimento. Uma cidade tão repleta de cartões postais e paisagens

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cinematográficas que fica até difícil escolher o seu melhor ângulo: o Rio de Janeiro. A Esquadrilha da Fumaça cresceu e amadureceu nos céus do Rio. Originouse no Campo dos Afonsos e por algum período ficou sediada no Aeroporto Santos-Dumont. Só quem viveu aquela época pode dizer como era empolgante ver aqueles aviões, juntos, soltando fumaça na orla da cidade. Em seus 68 anos de história e mais de 3900 demonstrações, a capital fluminense fez e continua fazendo parte da história do Esquadrão. E em 2020, pela primeira vez


após a implantação do A-29, a Fumaça teve a oportunidade de registrar imagens de tirar o fôlego nas principais atrações da cidade. No dia 20 de outubro, como parte das comemorações da Semana da Asa, as sete aeronaves A-29 Super Tucano decolaram do Aeroporto Internacional Nelson Jobim, na Ilha do Governador, e sobrevoaram o Rio para uma sessão de fotos nos principais pontos turísticos da cidade a partir da rampa de uma aeronave C-105 Amazonas do 1º/15º GAV - Esquadrão Onça. Na sequência, realizaram uma passagem no Museu do Amanhã durante a solenidade militar do Dia do Aviador e da Força Aérea

Brasileira. O resultado foi uma seleção de imagens de tirar o fôlego, que podem ser conferidas nas próximas páginas. Para finalizar as comemorações do Dia do Aviador, o Esquadrão seguiu para a Capital Federal, onde participou da solenidade militar na Ala 1 com uma breve demonstração aérea. A cerimônia marcou o recebimento do novo caça da Força Aérea Brasileira, o F-39 Gripen, e contou com a presença do Presidente da República. Após o pouso da nova aeronave, a Esquadrilha da Fumaça o “escoltou” até o local de parada no pátio de aeronaves, com direito a fumaça ligada antes do corte dos motores.


Foto: Sargento Johnson

Foto: Tenente Mรกrcio Inforzatto

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Foto: Tenente Marcus Lemos

Foto: Joรฃo Paulo Moralez (Hunter Press)


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Fumaça forma novos pilotos Esquadrão conta, agora, com dois novos pilotos nas posições de #3 e #5 Texto: Tenente Marcus Lemos | Edição: Capitão Grothe | Fotos: Suboficial Ribeiro

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o dia 18 de agosto, a Esquadrilha da Fumaça concluiu com êxito a formação de mais um piloto de demonstração aérea. Após quase sete meses e mais de 80 horas voadas, o Capitão Helton Furlan, que foi escolhido para compor a equipe da Fumaça a partir de 2020, realizou o seu primeiro voo solo na posição de ala esquerda na formação com sete aeronaves. Oriundo da Aviação de Transporte, o Capitão Furlan formou-se na Academia da Força Aérea em 2011 e atualmente possui mais de 1.900 horas de voo. Antes de ingressar na equipe, 16 | Fumaça... já

o piloto era instrutor na Academia da Força Aérea e já havia servido durante três anos no 6º Esquadrão de Transporte Aéreo - Esquadrão Guará - em Brasília (DF). Ao ser parabenizado pela equipe no solo, o piloto recebeu o cachecol do seu instrutor de voo, o Capitão Santoro, e os cumprimentos de todos. “Desde criança acompanho e admiro a Esquadrilha da Fumaça, e hoje posso dizer que estou muito feliz por fazer parte do time que tanto admirei no passado. Da mesma forma como aconteceu comigo, quero incentivar outros jovens a ingressarem na Força Aérea e


seguirem esse mesmo caminho”, disse o Capitão Furlan. A partir de agora, ele está pronto para realizar demonstrações públicas com a equipe, dividindo a posição de número #3 com o seu instrutor. Já no dia 17 de novembro, foi a vez do Tenente Ícaro Furtado realizar o seu voo solo na posição de Ala Externa Esquerda, substituindo o Major Natalício, que passou a ocupar a posição de #7, o isolado. Curiosamente, o Tenente Furtado foi selecionado para compor a equipe a partir de 2021. Porém, em função da agenda de demonstrações suspensa pela pandemia, sua formação foi antecipada e, mesmo ainda sendo instrutor da AFA, o piloto cumpriu um cronograma de missões que o tornou apto a voar como #5 já no fim de 2020.

horas de voo. Ele serviu durante dois anos no 1º/3º GAV - Esquadrão Escorpião - em Boa Vista (RR) antes de se tornar instrutor da AFA. Ao chegar do seu voo solo, o novo integrante foi recebido pelos seus colegas do EDA e pela família, que assistiu ao voo. Na ocasião, recebeu do seu instrutor o seu cachecol de voo, item que simboliza o piloto militar e é entregue, na Fumaça, somente após a conclusão dessa etapa. “Concluir o curso é muito gratificante. No começo há a sensação de que é impossível executar aquelas manobras. Mas à medida que treinamos e avançamos nas missões do curso, você começa a aprender e vem aquela sensação boa de que está realmente conseguindo”, conta o Tenente Furtado. “Estou muito motivado para fazer o meu melhor como piloto da posição #5 para representar bem a Esquadrilha da Fumaça e a Força Aérea Brasileira”, completa o piloto.

Aspirante de 2013, o Tenente Furtado é piloto de caça, possuindo aproximadamente 1.750 17 | Fumaça... já


Costumo dizer que a minha história de vida se mistura com a história da Academia da Força Aérea e, posteriormente, com a da Fumaça. Eu nasci em Pirassununga logo após meus pais se mudarem no final da década de 1960 para se estabelecerem no comércio, em um momento no qual a construção da AFA gerava uma expectativa de crescimento econômico local. Assim, passei a minha infância toda convivendo com aviação. Morávamos perto do centro da cidade e, do quintal de casa, eu acompanhava os T-6, T-25 e T-37, que eram aviões de instrução daquele tempo, ingressando no tráfego. Naquela época isso despertou em mim o interesse pela aviação e pela Força Aérea. No início da década de 1980, tive a oportunidade de conhecer o “Cometa Branco”. Assisti a várias apresentações, em eventos no Aeroclube de Pirassununga e nos Portões Abertos da AFA. Na Semana da Asa, a Academia também recebia visitas das escolas locais, e eu participava de todas possíveis. Lembro-me que a visita passava por todos os setores da AFA. Observava com interesse os T-23 e T-25 voando, bem como os instrutores, que usavam o macacão laranja à época. As visitas sempre terminavam na Escola Nossa Senhora de

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Loreto, na Vila dos Sargentos, onde as crianças eram brindadas com um lanchinho e refresco de groselha! No Aspirantado de 1983, com treze anos de idade, eu vi a Fumaça realizar a sua primeira demonstração com os T-27 nas cores vermelha e branca. Aliás, até então eu ia a todas as cerimônias de entrega do Espadim e aos Aspirantados. Já como Aluno da EPCAR, em períodos de férias, eu costumava visitar o hangar da Fumaça e, por vezes, acompanhar os voos de treinamento na vertical da AFA. Depois que me formei na Academia, passei alguns meses em Natal e segui para Santos a fim de realizar o curso de piloto de helicóptero. Minha turma passou quase um ano inteiro, em um curso mais completo, sob o comando do Fumaceiro Siqueira, o “Chumbo”, à época Major. Ao final, segui para Recife, onde tive uma das experiências mais interessantes, vivendo um dos melhores momentos do 2º/8º GAv, pois estava sendo implantada a doutrina de combate aéreo. Voávamos muito e o clima do Esquadrão era muito bom, motivo pelo qual ninguém queria sair de lá. Além do helicóptero, também


voei bastante o T-25. Apesar do propósito do “Tangão”, de prover aos pilotos horas de voo por instrumentos, tínhamos também a oportunidade de fazer algumas acrobacias. Apesar de extremamente feliz e realizado no Esquadrão Poti, em meu terceiro ano na localidade solicitei transferência para a Academia, pois tinha o objetivo de ser instrutor e me candidatar a uma vaga na Fumaça. Apresentei-me na AFA no início de 1997 e dei instrução de T-25 durante dois anos. O ano de 1998 foi especial para mim pois foi quando voei 1091 horas, fui eleito Instrutor Padrão do 2º EIA e atingi as marcas exigidas para o conselho do EDA. Em abril daquele ano, me lembro de ter me apresentado como voluntário para o processo de escolha ao Tenente Coronel Machry, então Comandante da Fumaça. Eu não imaginava ser escolhido naquele conselho, pois até então conhecia pouco apenas alguns Fumaceiros. Esperava somente que a equipe passasse a me conhecer e soubesse do meu interesse pela Fumaça e, quem sabe, ser escolhido alguns anos à frente. Mas, pra minha grata surpresa, fui selecionado naquele mesmo ano. O anúncio foi em um dia de setembro. Havia acabado de chegar em casa após o final do expediente quando o telefone tocou. Atendi, era o Coronel Machry me mandando voltar e passar no EDA imediatamente. Inicialmente pensei que fosse algum problema na minha ficha de inscrição para o conselho, falta de algum dado ou algo do tipo. Quando cheguei, alguém na entrada me disse “Entra por aquela janela!”, apontando

para a sala de estar, que ficava no final do hangar antes da reforma. Não lembro quem deu a ordem mas, mesmo achando estranho e após hesitar por algum tempo, fui até lá e pulei a janela. E quando entrei, estava todo mundo lá dentro pra me receber. No começo eu não entendi, mas depois que vi o Moura ao lado imaginei o que poderia ser. Foi então que o Coronel Machry nos deu a notícia. Depois disso, eu liguei pra minha esposa e para meu pai, que ficaram mais felizes do que eu, pois ainda estava processando tudo aquilo, sem ainda acreditar no que estava acontecendo.

Nos meses seguintes eu comecei o curso no EDA. Na época, ainda era o Tucano vermelho e branco. Como eu tinha voado pouco o T-27 na AFA, foi a oportunidade de me adaptar ao avião, principalmente na realização das acrobacias.

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Em abril de 2000 ocorreu a parada dos nossos aviões devido a um estudo da EMBRAER que estabelecia novos parâmetros de medição de fadiga. Com isso, ficamos com apenas dois aviões disponíveis. O restante foi recolhido para o PAMA-LS. Esse episódio gerou preocupações sobre o futuro do Esquadrão, pois não sabíamos ao certo o que aconteceria com o Tucano. Foi naquele período de incertezas que a Fumaça lançou o informativo “Fumaça...Já”, como uma das maneiras de promover a imagem da Fumaça e convencer as autoridades sobre a importância do Esquadrão e da sua missão. Alguns meses depois veio a solução: uma resposta conjunta da FAB e a EMBRAER, de construir novas asas para esses aviões, com prioridade para as aeronaves que eram da Fumaça. Foi um empenho muito grande do Comandante da Aeronáutica, do Chefe de Gabinete, da área de material da FAB e do EDA à época. Como tínhamos que manter os nossos treinamentos enquanto não recebíamos nossos aviões de volta, foi determinado que a AFA cedesse seis T-27 do 1º EIA ao Esquadrão,

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e assim foi feito. Os Anjos da Guarda instalaram o sistema de fumaça, fizeram os ajustes necessários e por algum tempo ficamos voando com oito aviões, seis na cor laranja e dois “vermelhinhos”, até recebermos, no segundo semestre de 2001, os primeiros aviões com asas novas e com o novo padrão de pintura nas cores da Bandeira Nacional. Em minha segunda passagem pela Fumaça, como Comandante, o Esquadrão recebeu a missão de implantar o A-29 Super Tucano. Foram muitos desafios, pois era uma aeronave nova, de grande carga alar, e que poucos conheciam suas características em voo acrobático, especialmente à baixa altura. Para que isso fosse possível, foi necessário um aprimoramento doutrinário no Esquadrão como um todo. Como exemplo, o curso teórico de acrobacia aérea foi incluído na grade de aulas para os novos pilotos e foram criados manuais mais detalhados sobre a nossa operação. Tivemos de lidar com situações as quais, no T-27, não precisávamos nos preocupar muito como, por exemplo, o excesso de energia em condições


de baixa temperatura e altitude. Fizemos uma campanha de treinamento em Anápolis, em época muito quente e em maior altitude; e outra em Santa Maria (Saicã) em dias frios, próximo ao nível do mar, decolando logo pela manhã, para conhecer o envelope do avião em diferentes situações climáticas. Promovemos a reunião de Fumaceiros que participaram da implantação do T-27 para que eles compartilhassem conosco as lições aprendidas naquele período. Tudo isso, somado, contribuiu para a evolução doutrinária e operacional da equipe. Destaque deve ser dado à Seção de Material e aos “Anjos da Guarda” que, como sempre na história da Fumaça, venceram todos os desafios de ordem logística. E no Super Tucano não foram poucos! Depois de muito trabalho, realizamos a primeira demonstração com o A-29 no Espadim de 2015, em evento voltado aos novos Cadetes e ao público interno da AFA, a exemplo da primeira demonstração com o T-27 no Aspirantado de 1983. Foi muito gratificante ver o resultado de todo aquele esforço em uma demonstração segura e precisa. Eu vejo que, nesses anos todos de história, a Fumaça acompanhou a evolução da própria FAB no que diz respeito à segurança de voo, profissionalismo e doutrina. Os pilotos mais novos já recebem instruções sobre a filosofia de segurança desde a AFA e aperfeiçoam essa doutrina nos esquadrões operacionais. Com o passar dos anos, ganhou-se em segurança sem, contudo, diminuir a grandeza, a beleza e o impacto positivo que uma demonstração aérea causa no público. Fruto, antes de tudo, do legado deixado por todas as gerações de Fumaceiros. Hoje, à distância, é uma satisfação poder acompanhar as equipes

seguintes voando com um alto padrão de operacionalidade, realizando manobras com precisão e segurança. A consciência que hoje tem um piloto, o conhecimento teórico da máquina e o raciocínio com o gerenciamento de energia, que é a base para o voo acrobático, são diferenciados.

Ao longo de sua história, a Fumaça cresceu e evoluiu, e a expectativa é que continue nesse caminho, se adapte aos cenários futuros e acompanhe o crescimento da Força Aérea, sempre cumprindo a sua missão de representála com alto grau de profissionalismo e segurança. Fumaça Já !!!

O Coronel Gobett ingressou no EDA em 1998, tendo voado nas posições de #3 e #7 até 2002. Em 2013, retornou como Comandante do EDA, voando como Líder durante a implantação do A-29 e realizando a primeira demonstração aérea na nova aeronave. Recentemente, no dia 15 de dezembro de 2020, assumiu o Comando da Academia da Força Aérea.

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Formação do novo #7

Major Natalício deixa a posição de Ala Esquerda Externa e, a partir de agora, divide a posição de “Isolado“ com o Capitão Esteves

Foto: Suboficial Ribeiro

N

o dia 18 de novembro, o Major Natalício concluiu o curso de piloto “isolado”, o número 7, realizando o voo solo em um perfil de demonstração na Academia da Força Aérea. Sua estreia foi durante o Aspirantado

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da Turma Chronos, no dia 4 de dezembro, curiosamente na mesma demonstração onde também estreou o seu substituto na posição #5, o Tenente Furtado.


Renovação das pinturas da frota

FAB 5966 é a primeira aeronave a concluir o serviço, que é o primeiro do tipo desde a estreia do A-29

Fotos: Tenente Marcus Lemos

E

m um esforço conjunto da Seção de Material do Esquadrão com os Parques de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMALS) e de São Paulo (PAMASP), foi realizado um planejamento para renovação parcial da pintura de toda a frota do EDA em função do desgaste ocasionado pela

exposição prolongada às intempéries. De outubro até dezembro, as matrículas 5966 e 5717 concluíram o serviço de revitalização parcial e o planejamento é que os serviços no restante da frota continuem em 2021, visando uma melhor apresentação da frota.

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Maj Av Cléryson Wander Teixeira O Major Wander fez parte da equipe de 2015 a 2020, tendo voado nas posições de #2 e #7. Ao final de mais um ciclo segue, agora, transferido para a Academia da Força Aérea.

2º Sgt BMA Gustavo Luís Ament O Sargento Gustavo integra a equipe de Anjos da Guarda desde 2013, atuando na oficina de Motores e Hélice e tendo acompanhado a implantação do A-29 no EDA. Seu próximo destino é a Academia da Força Aérea, na área de manutenção do T-27.

Cb BLM Bruno Tukmantel O Cabo Bruno Tukmantel ingressou no EDA em 2013, ainda como Soldado de 2ª Classe. Desde então progrediu até a atual graduação, atuando na função de Auxiliar de Manutenção na oficina de Estrutura e Pintura. Em fevereiro de 2021, se despede do Esquadrão por ocasião do término de seu período na ativa da FAB.

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27 | Fumaรงa... jรก Fotos: Sargento Bianca


Expediente: Diagramação: 1º Ten REP Marcus Lemos Editores: Cap Av Grothe e 1º Ten REP Marcus Lemos Revisão: Ten Cel Franklin e Maj Nunes Distribuição Digital Contato: Estrada de Aguaí, km 39 Pirassununga - SP Cep:13643-000 Tel: (19) 3565-7236 E-mail: contato@fumaca.org Site FAB: www.fab.mil.br Site EDA: www.fab.mil.br/eda Redes sociais da FAB: facebook.com/aeronauticaoficial twitter: @fab_oficial youtube.com/portalfab instagram.com/fab_oficial

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Redes sociais do EDA: facebook.com/esquadrilhadafumaca twitter: @eda_oficial youtube.com/fumacajah instagram.com/eda_oficial


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