REVISTA Uma aula de Sustentabilidade e Meio Ambiente | Ed. 04 | Nº 04 - 2016
JOÃO PESSOA 431 ANOS
Um kiwi por semana pelo seu coração
Novas estradas põem em risco o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses
Paraíba tem um cemitério de navios naufragados
Antônio Davi
431 ANOS Espaço Ecológico parabeniza aniversário de 431 anos da cidade de João Pessoa Aos 431 anos, João Pessoa comemora posto de uma das melhores cidades do país para se viver. A capital paraibana se destaca no cenário nacional devido a sua paisagem repleta de verde, qualidade de vida e população acolhedora. Além disso, a cidade possui um grande número de universidades, forte comércio e belas praias.
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Ela já foi fundada com título de cidade, no dia cinco de agosto de 1885. Seu primeiro nome foi Nossa Senhora das Neves. Depois Filipéia de Nossa Senhora das Neves, o que viria a ser uma homenagem ao rei Filipe II de Espanha, quando acontecia a União Ibérica, período em que a Coroa Portuguesa foi unificada com a Espanhola. Mais ainda, Frederiksdt (durante a ocupação holandesa), Parahyba do Norte e, desembocando nos dias atuais, João Pessoa. Ao longo de quase quatro séculos e meio de existência, João Pessoa ostenta uma posição geográfica privilegiada nas Américas. É aqui onde o sol nasce primeiro. O lugar também está entre os melhores do País em qualidade e perspectiva de vida. João Pessoa tem muita história para contar e
mostrar aos seus quase 700 mil moradores e às centenas de turistas que a visitam todos os anos, sobretudo no verão, que dura quase o ano inteiro. Mesmo com todo esse tempo, João Pessoa ainda é um município tranquilo, bonito e moderno, seja em sua postura arquitetônica ou em ações vanguardistas que adota em vários segmentos, como cultural e ambiental. João Pessoa foi a última cidade a ser fundada no século XVI e jamais passou por condição de vila. Este fato está relacionado devido o município ter sido criado pela cúpula da fazenda Real, numa Capitania Real da Coroa Portuguesa. Hoje, suas ruas no Centro Histórico são um verdadeiro convite a conhecer de perto a arquitetura e um pouco da forma de vida do Brasil colonial. A Capital da Paraíba sofreu fortes disputas entre portugueses e holandeses em busca de conquistas e riquezas. Essas batalhas deixaram marcas no seu conjunto arquitetônico e também nos costumes de seu povo. A comunidade franciscana, com seu estilo colonial, mantém forte influência nos prédios e monumentos mais antigos da Filipéia de outrora, como é o caso do Cruzeiro da Igreja de Santo Antônio, com sua imponente arquitetura barroca. Também merecem destaque a Igreja de São Bento, o Hotel Globo, a Casa da Pólvora,
Catedral Metropolitana de Nossa Senhora das Neves e os casarios da Cidade Velha. Tudo isso com o Rio Sanhauá servindo como belíssimo pano de fundo. A cidade de João Pessoa nasceu às margens do Rio Sanhauá. Daí começou a crescer e a escalar suas ladeiras em busca de sua expansão e formação do Centro. A ampliação urbana inevitavelmente ocupou a antiga área rural, e os prédios comerciais e casas residenciais não demoraram a se espalhar. Centenas de anos se passaram e, a partir da segunda metade dos anos 70, com a ascensão da Orla, a economia central da cidade perdeu um pouco de sua importância. No que diz respeito à arquitetura, os bairros do Centro comportam a maior parte das áreas que são objeto de tombamento pelos órgãos de proteção ao patrimônio, dentre elas, o Centro Histórico, Rua das Trincheiras e as proximidades da Rua Odon Bezerra, no bairro de Tambiá. Uma década anterior, após grandes investimentos privados e governamentais dos governos estadual e federal, João Pessoa ganhou novas indústrias e importância, reafirmando sua posição de principal cidade do Estado, em termos econômicos. Lugar que tinha perdido para Campina Grande. Até então, João Pessoa era basicamente administrativa. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |
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Antônio Davi
431 ANOS Nomes
Com o passar do tempo, João Pessoa recebeu várias denominações: Filipéia de Nossa Senhora das Neves, (1588), durante a ocupação holandesa, (1634 e 1654), designou-se Frederiksdt (Cidade de Frederico), em homenagem a Sua Alteza, o Princípe de Orange, Frederico Henrique. Com a reconquista portuguesa, voltou a se chamar Nossa Senhora das Neves, passando depois a ser chamada de Parahyba do Norte (1817). Por conta de uma visita temporária de D. Pedro II do Brasil à cidade em fins de 1859, recebeu provisoriamente o título de Imperial Cidade. Seu nome atual, João Pessoa, é uma homenagem ao político paraibano João Pessoa, assassinado em 1930 na cidade de Recife, por João Dantas, quando era governador, na época presidente do Estado. Ele concorria como candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas e seu assassinato deu início a Revolução de 30. A Assembléia Legislativa Estadual aprovou a mudança do nome da Capital no dia 4 de setembro de 1930.
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João Pessoa localiza-se na porção mais oriental do Continente sul-americano e do Brasil, com longitude oeste de 34º47’30” e latitude sul de 7º09’28. Limites: limita-se ao norte com o município de Cabedelo pelo Rio Jaguaribe, ao sul com o município do Conde e Rio Gramame, a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com os municípios de Bayeux pelo Rio Sanhauá e Santa Rita pelos rios Mumbaba e Paraíba, respectivamente. No que diz respeito a altitude, a média em relação ao nível do mar é de 37 metros, com altitude máxima de 74 metros nas proximidades do Rio Mumbaba, predominando em seu sítio urbano terrenos planos com cotas da ordem de 10 metros, na área inicialmente urbanizada. O clima da cidade é quente e úmido, do tipo intertropical, com temperaturas médias anuais de 26º C. O inverno inicia-se em março e termina em agosto. São duas estações climáticas definidas, as chuvas ocorrem no período de outono e inverno e durante todo o resto do ano o clima é de muito sol. A denominação mais usual para o clima da cidade é o de tropical úmido.
Divisão municipal
João Pessoa possui 64 bairros, sendo Mangabeira o maior deles. São eles: Zona Norte: Centro, Varadouro, Róger, Torre, Tambiá, Jardim 13 de Maio, Padre Zé, Bairro dos Estados, Bairro dos Ipês, Mandacaru, Alto do Céu, Jardim Esther, Jardim Mangueira e Conjunto Pedro Gondim. Zona Sul: Castelo Branco, Bancários, Jardim São Paulo, Anatólia, Jardim Cidade Universitária, Água Fria, Ernesto Geisel, Valentina Fiegueiredo, Paratibe, Praia do Sol, Conjunto Boa Esperança, José Américo, Costa e Silva, Mangabeira (I a VII), Cidade Verde, Esplanada, Ernani Sátiro, Funcionários (I a IV), Grotão, Conjunto João Paulo II, Distrito Industrial e Bairro das Indústrias. Zona Leste: Cabo Branco, Tambaú, Tambauzinho, Expedicionários, Bessa, Jardim Oceania, Manaíra, Altiplano, Miramar, Jardim Luna, João Agripino e São José.
Zona Oeste: Jaguaribe, Cruz das Armas, Oitizeiro, Rangel, Cristo Redentor, Bairro dos Novaes, Alto do Mateus, Ilha do Bispo e Jardim Veneza. As fotos que ilustram o texto são do premiado fotógrafo paraibano Antonio David, formado pela Universidade Federal da Paraíba. Repórter-fotográfico desde l975, Antonio David já trabalhou nos principais jornais da Paraíba, foi professor substituto de Fotojornalismo na UFPB e coordenador de Fotografia da Secretaria de Estado da Comunicação Institucional. Antônio David ganhou o Prêmio Lambe-Lambe de fotografia (2002) pela Agência Ensaio no Núcleo de Arte Contemporânea. Sua obra integra o acervo do Museu da Imaginação (2006). Em 2007, lançou o livro 30 anos de Fotojornalismo e ganhou em 2011 o 1º lugar no 8º Concurso Nacional Leica-Revista Fotografe Melhor. Assessoria com A União
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SAÚDE
Um kiwi por semana pelo seu coração
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A fruta tem um efeito positivo sobre o colesterol e protege contra o surgimento de placas nas artérias Nem sempre precisamos nos entupir de um alimento para o organismo sair ganhando. Uma prova disso vem do Centro de Saúde La Alamedilla, na Espanha. Pesquisadores recrutaram 1 469 pessoas e coletaram informações sobre seus hábitos alimentares. Depois, essa turma passou por uma série de exames. Com os dados em mãos, não sobrou dúvidas: quem comia ao menos um kiwi por semana apresentava níveis melhores de triglicérides no sangue e, ainda, taxas mais elevadas de HDL, o bom colesterol. Como se não bastasse, esses indivíduos exibiam menos fibrinogênio. E por que isso é bom? Essa proteína está envolvida em processos ameaçadores, como a formação de placas nas artérias – fator propício a infartos e derrames. Segundo o nutricionista Jose Ignacio Recio Rodriguez, um dos autores do estudo, o kiwi é uma das frutas mais ricas em vitaminas e polifenóis, com alta capacidade antioxidante. “Os fitoquímicos encontrados no alimento oferecem benefícios como prevenir o aparecimento de células cancerosas, bem como doenças cardiovasculares”, afirma. O especialista lembra também que existem indícios de que o kiwi dá uma forcinha para a insulina funcionar direito – ou seja, seria útil até para combater o diabete. Fonte: Redação Saúde é Vital
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MEIO AMB Nossa conexão com a natureza pode ser chave a conservação do planeta
Você já ouviu falar em biofilia? O termo, que pode parecer estranho, foi popularizado pelo ecólogo americano Edward O. Wilson em seu livro de mesmo nome publicado em 1984.“Biofilia” vem do grego bios, que significa vida e philia, que significa amor, afeição, ou necessidade de satisfação. Ao pé da letra, biofilia é o amor pela vida. Mas, qual o conceito por trás desse termo? O primeiro a utilizá-lo foi o psicanalista alemão Erich Fromm, para descrever a orientação psicológica de atração por tudo que é vivo e vital. Biofilia é um termo que compreende uma perspectiva científica, da atração pela natureza como um principio evolutivo, mas também tem forte caráter filosófico. Como assim?
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O termo, foi inicialmente utilizado em teorias psicanalíticas que o opunham à atração pela morte. Mesmo sendo usado em diferentes perspectivas, as teorias concordam que a biofilia é um sinal de saúde física e mental. Diversos estudos comprovam os benefícios do convívio com a natureza para a saúde humana.
Biofilia como processo evolutivo
Em sua obra, Edward O. Wilson discorre sobre a ligação emocional que os seres humanos têm com outros organismos vivos e com a natureza. O termo designa essa ligação emocional e desejo instintivo de se afiliar a outras formas de vida, que segundo Wilson, está em nossos genes e se tornou hereditária. Para Wilson, a biofilia está inscrita
no próprio cérebro, expressando dezenas de milhares de anos de experiência evolutiva. Em sua hipótese, o seres humanos procuram inconscientemente essas conexões ao longo da vida. Um exemplo da biofilia é a atração de mamíferos adultos (especialmente humanos) por rostos de mamíferos filhotes, que despertam instinto de proteção. Os olhos grandes e pequenas características de qualquer mamífero jovem despertam uma resposta emocional que ajuda a aumentar as taxas de sobrevivência de todos os mamíferos. Da mesma forma, a hipótese ajuda a explicar porque as pessoas cuidam e às vezes arriscam suas vidas para salvar animais domésticos e selvagens, e mantém plantas e flores em torno de suas casas. Muitas vezes, as flores indicam uma fonte potencial de alimentação. Boa parte das frutas inicia seu desenvolvimento como flor. Para nossos antepassados, foi crucial identificar, detectar e lembrar de plantas que mais tarde forneceriam alimentação. Em outras palavras, o nosso amor natural pela natureza ajuda a sustentar a vida. Contudo, a biofilia é impactada pelas experiências pessoais, sociais e culturais no qual o sujeito está inserido, e vive desde a primeira infância. Nesse sentido, mesmo que a biofilia seja uma tendencia genética, há a necessidade de reforçar o contato com a natureza para que
BIENTE essa conexão se perpetue. Ela carece de um input constante a partir do meio natural, ou seja, um conjunto rico e diversificado de experiências exploratórias em ambiente natural, que reforce as conexões com a natureza. Nós nos relacionamos com o ambiente que nos rodeia de diversas formas e com diferentes intensidades. Existem moradores da cidade que evitam paisagens naturais e moradores rurais que não colocam de jeito nenhum os pés na cidade. Esse senso de habitat é formado a partir de circunstâncias familiares da vida diária em conjunto com nossa raiz instintiva. Simplificando, aprendemos a amar o que nos é familiar: temos a tendência a nos relacionar com o que conhecemos bem e se tornou habitual.
Conexão com a natureza
Em ambientes urbanos, não é tão fácil encontrar espaço para que a biofilia desperte nas pessoas. Em comparação com as culturas anteriores, a tecnologia atual permite um distanciamento da natureza maior do que nunca. Avanços tecnológicos, maior tempo gasto no interior de edifícios e carros, e menos atividades que estimulem a biofilia e o respeito com o meio ambiente. Esses pontos promovem o reforço da desconexão entre os seres humanos e a natureza. Em que medida nossas perspectivas biológicas e sanidade agora dependem da capacidade de bio-
filia? É importante entendermos como biofilia é despertada, como ela prospera, o que exige de nós e como ela está sendo utilizada. A violência sem precedentes, a poluição e a degradação do meio ambiente, demonstram a necessidade de reforçar o vínculo com a natureza. Para salvar espécies e habitats, precisamos retomar o vínculo emocional com ela. A ideia é que os humanos não lutarão para salvar algo ao qual não conseguem se conectar.
Caminhos: educação ambiental, arquitetura biofilia O ecologista social Stephen Kellert afirma a necessidade de atualização das tendências inatas biofílicas diante da aprendizagem em contexto natural. Essas atividades devem contemplar a multidimensionalidade das funções humanas – a necessidade de conhecimento, o apelo estético, o reforço da afetividade e a expansão da criatividade e imaginação. Kellert considera que apenas a natureza vivida diretamente contribui para o pleno desenvolvimento psicossomático de uma consciência ambiental. Nesse contexto, a sociedade urbana opta cada vez mais por formas de contato simbólico com o ambiente natural nas quais a criança configura representações de uma natureza meramente virtual, sabendo o que é uma árvore pois a viu em fotos ou TV, sem nunca ter real-
mente tocado e sentido uma. Esse processo de extinção da experiência real parece fluir paralelamente com extinção da biodiversidade. Por meio de processos educacionais, as crianças podem ser envolvidas com a natureza, caminhando em ambientes naturais, observando de perto os seres vivos. Quando estimulada, a mente da criança se abre para os laços com formas de vida não humanas. A exploração e a recreação, em parques, praias, zoológicos, jardins botânicos e museus é fundamental para esse processo. Dessa forma, a criança adquire conhecimento junto com emoções agradáveis. Na arquitetura, uma estratégia busca reconectar as pessoas com o ambiente natural é o design biofílico. Ele é um complemento para a arquitetura verde, que diminui o impacto ambiental do mundo construído. Um exemplo seria a inclusão de mais espaços verdes na cidade, mais aulas que giram em torno da natureza e a execução de design inteligente para cidades mais verdes que integrem os ecossistemas em um design biofílico.Cada espécie é uma criação única, uma obra-prima da natureza. Preservar o meio ambiente não é uma questão de “gostar ou não de natureza”, mas sim de sobrevivência e busca de equilíbrio com o planeta. Se não salvarmos espécies e ambientes, talvez não possamos salvar nós mesmos. Dependemos mais da natureza do que podemos imaginar. Temos diversas razões para cultivar a biofilia e propagar o respeito à natureza. Nós queremos uma civilização que se moverá em direção à uma relação mais íntima com o mundo natural ou que vai continuar a separar e isolar-se da natureza da qual faz parte? Fonte: Equipe Ecycle
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Ecologia
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Fotos: Fabio Nunes
Se você já encontrou um filhote de passarinho no chão, sabe que o principal instinto é o de ajuda. Porém, é importante saber que para ajudar, é necessário estar atento com algumas situações. Pensando nisso, vimos essa dica diretamente no Facebook do Fabio Nunes, mestre em Ecologia e Recursos Naturais, e resolvemos compartilhar aqui. Olha só as orientações que ele deixou: – Não leve o filhote para longe do local onde o encontrou, é ali que os pais irão procurá-lo e, mesmo fora do ninho, continuarão lhe dando comida. – Tire o filhote do chão para não ser atacado por formigas ou devorado por predadores, o ideal é devolver o filhote ao alcance dos pais, em alguma árvore próxima onde poderia estar seu ninho.
– Cuidado onde colocar o animal, pois se você colocar em um galho ele provavelmente voltará a cair. Veja a dica abaixo: – Você pode fazer uma improvisação do ninho com um recipiente forrado (furado embaixo para não acumular água) pendurado em uma árvore (escondido dos humanos), como mostra a foto abaixo. “Funciona muito bem e ele só sairá quando suas asas estiverem desenvolvidas”, explica. – Para garantir, observe de longe se os pais encontram o filhote, pois eles são atraídos pelo chamado dele.
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Alto Mar
Paraíba tem um cemitério de navios naufragados que podem ser vistos pelos turistas os nativos do Brasil
Antônio Davi
Se os turistas encontram belezas inesquecíveis no litoral paraibano, há ainda roteiros que intrigam a imaginação de todos. No litoral paraibano está registrado um cemitério de navios. Isso mesmo. Mergulhadores especializados e documentos da Marinha Brasileira registrados a partir do Século XVI apontam que sinistros incluem um rol de brigues ingleses, escunas e
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caravelas portuguesas e espanholas, navios americanos e de outras nacionalidades, que adernaram para sempre nas praias tabajaras. Registros sobre os locais dos sinistros marinhos
Jacumã
Nessa praia do Litoral Sul, em profundidades que variam de 10 a 45 metros , estão afundados a es-
cuna Jessé, de bandeira portuguesa (1574); as embarcações francesas Pierre (1582), Jumeau (1708), Chargeur D Flote (1712), o Piegge e o Marie II (1722), além dos navios americanos Shorting Star (1856) e Transit (1871). Em 1866 naufragou alí o navio inglês Queen Of The Forthe. Em outras praias próximas, existem cascos que jazem sob a água há mais de 100 anos.
drigues Alves (1924). Na Ilha da Restinga descansam o brigue holandês Schuppe (1634), o vapor inglês Psybe (1852) e o iate norueguês Alert (1893). Na Praia de Fagundes, em Lucena, estão o vapor brasileiro Natal (1903) e o navio italiano Vanadouro (1911). A barca italiana Antonietti está encalhada em um banco de areia da Ilha de Tiriri desde 1873.
Lucena
Tambaú
A nove quilômetros da costa, e em profundidades que variam de 10 a 35 metros , estão naufragados os navios Ship Eriê, de bandeira americana (1873), o inglês Alice (1911) e o espanhol Alvarenga (1926). O Eriê, que naufragou após a ocorrência de um incêndio em suas máquinas, até a década de 1980 era conhecido como o “Queimado”. Na
Praia do Poço, em Cabedelo, estão o vapor Santa Clara (1865) e o iate Laura (1874).
Cabedelo
Na Enseada de Cabedelo naufragaram o iate português João Luiz (1674), a galera francesa Eduard (Século XIX) o vapor Non Pareil (1852), os vapores brasileiros Grão Pará (1909), Alegrette (1911) e Ro-
Localizada no Litoral Norte, a turística Lucena abriga em suas águas a barca inglesa Anne Power (1868) e o vapor americano Said Bin Sultan (1871), conhecido até a década de 1990 como “Vanuária”, uma menção à mulher que morreu afogada ao tentar resgatar peças nos destroços. Mais à frente, na Barra de Mamanguape, as águas tragaram o brigue brasileiro Simpatia (1916). Em Baía da Traição é visto sob águas claras o navio brasileiro Elias. As informações estão no livro Naufrágios no Litoral da Parahyba, do autor Jair Cesar Miranda Coelho. Jair foi o único pesquisador e primeiro a mergulhar, pesquisar, identificar Naufrágios no Litoral da Paraíba. Fonte: Paraíba Já
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BRASIL
Fotos: Patrick Emin
Novas estradas põem em risco o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses
Paulo Nogueira Neto sempre me disse que o Parque Nacional mais espetacular do Brasil é o dos Lençóis Maranhenses, no estado do Maranhão, estabelecido em 1981, com uma área de 155 mil hectares. Além da extraordinária paisagem de suas extensas dunas de areia branca lembrando lençóis, esse parque guarda espécies de três biomas: Amazônia, Cerrado e Caatinga, contendo restingas, mangues, lagoas e praias. E único com estas características no Brasil e, quiçá, no mundo. Uma notícia recente, publicada em jornal conhecido, disse mais ou menos o seguinte: “se você receia pelo futuro do parque visite-o o quanto antes”. A matéria se referia a dois acessos que serão asfaltados
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e chegarão aos povoados próximos de Santo Amaro do Maranhão e Barreirinha. Já existem milhares de pessoas vivendo irregularmente dentro do parque e as margens das novas estradas incentivarão novas ocupações. Ou seja, os acessos aumentam sem que se ataque o problema principal: a falta de regularização fundiária na região e dentro do Parque. Por isso, o gestor do Parque Nacional me repetiu as mesmas palavras – “visite-o agora”. Uma das joias mais espetaculares do sistema brasileiro pode ser
novamente mastigada, devorada, “comida”, termo usado por Fernando Fernandez, em detrimento das gerações futuras ou das nossas crianças de hoje, que porventura venham a gostar desta “esquisitice” chamada Parque Nacional. O quanto os novos acessos ou estradas que unem Maranhão à Paraíba, ou Barreirinha a São Luiz, contribuirão para a implementação ou para a destruição do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses depende das normas estabelecidas, e se serão ou não obedecidas. Ne-
Como sempre, almeja-se o “desenvolvimento do turismo” sem as medidas fundamentais de implementação do Parque Nacional, fato comum no Sistema Brasileiro de Unidades de Conservação. O país se orgulha em divulgar que possui 320 áreas protegidas federais e outras 300 estaduais, mas se esquece do básico: é preciso que elas sejam bem manejadas para que tenham alguma esperança de futuro. Do jeito que estão, vamos perdê-las, cedo ou tarde. Quando este Parque Nacional foi criado existiam em seu interior 140 famílias. O turismo desordenado e sem controle atraiu 7 mil pessoas para os seus limites ou para o seu interior. O que era uma pequeníssima vila é hoje o município que mais cresce na região — Santo Amaro. Até dejetos de porco são encontrados nas lagoas do Parque Nacional. Quem sabe o ministro de meio ambiente atual fara algo para salvar esta maravilha da natureza, única no mundo?
nhuma das duas estradas previstas corta o Parque Nacional. A mais “perigosa” delas chegará ao povoado de Santo Amaro do Maranhão. A outra passará a mais de 30 km de distância. Estradas asfaltadas aumentam o conforto para visitar os atrativos da região. É preciso que se tomem providências como criar estacionamentos externos, cuidar das áreas de preservação permanente e
exigir que os cursos de água não sejam interrompidos. O ICMBio deve exigi-las. Para propiciar tal acesso e aumento expressivo de visitação pública, é necessário também que o Parque dos Lençóis aumente seu efetivo. Hoje existem 4 funcionários no campo para guardar esta joia, enquanto seu plano de manejo prevê mais de cem funcionários.
Os Parques Nacionais não são do ICMBio. São bens de uso comum do povo brasileiro. O ICMBio deve conservar essas áreas precisamente para o povo brasileiro. Assim os Parques Nacionais deveriam ser entendidos, e não como fazendas abandonadas à própria sorte. Eles são fundamentais para a preservação da biodiversidade e para ajudar a prover os serviços ambientais tão necessários à nossa qualidade de vida. São ainda essenciais para melhorar as oportunidades de progresso dos povoados do seu entorno. Fonte: ((O))eco
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