Revista Espaço Ecológico

Page 1

REVISTA UMA AULA DE SUSTENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE | ED. 08, Nº 08 - 2018

UM BEM UNIVERSAL

Ilha da Restinga Um santuário preservado e repleto de histórias e lendas

Jardim Botânico Um lugar marcado pela beleza natural e resistência

Barragens Subterrânea Viabilidade ecológica e econômica na utilização de pneus


A PARAÍBA ACABA DE RECEBER O MELHOR DIAGNÓSTICO PARA SUA SAÚDE. A prova de que é preciso ter cabeça para planejar uma obra de alta complexidade e coração para proporcionar saúde de primeiro mundo a todos os paraibanos. Centro de Diagnóstico por Imagem, UTI Neurocirúrgica, UTI AVC, UTI Cardiológica, UTI Pediátrica, 11 Salas de Cirurgias Específicas, 226 leitos e 12 consultórios específicos em cardiologia e neurocirurgia. Este é um hospital de referência e tem os serviços regulados pelo SUS, o paciente deve ser encaminhado de outras unidades de saúde para ser atendido. O encaminhamento deve ser realizado através do Núcleo Interno de Regulação de cada unidade de saúde.

HOSPITAL METROPOLITANO DOM JOSÉ MARIA PIRES


EDITORIAL

Não é tarefa fácil trabalhar a educação Jardim Botânico, um lugar marcado pela beleza ambiental para as boas práticas de preservação natural e resistência. dos recursos naturais existentes no planeta, a A viabilidade ecológica e econômica na exemplo da água, um bem universal ameaçado. utilização de pneus em barragens subterrâneas No entanto, essa tem sido a missão do Espaço é outro assunto apresentado nesta edição. Além Ecológico, em seus 14 anos de existência. disso, a revista traz o pesquisador da Embrapa, Hoje, 1,9 bilhão de indivíduos vivem em José de Souza Silva, com o artigo “A quem áreas que poderão ter escassez severa de água. pertence a água do planeta?”, e o engenheiro Até 2050, o número pode chegar a cerca de 3 eletricista e especialista em Gestão de Empresas, bilhões. E é por isso que o Espaço Ecológico Fernando Nazareno do Nascimento, com o lança mais uma edição de sua revista, cuja artigo “Energias renováveis no Nordeste”. proposta, de um modo geral, é contribuir Ivanildo Santana, Penhinha Teixeira e Ana Paula com matérias que debatam a questão da água publicam a matéria “Rio Gramame quer viver em e incentivem o uso racional, a conservação, a águas limpas”. proteção, o planejamento e a gestão, além do Apesar da diversidade de assuntos, o tema armazenamento e limpeza da água. central da presente edição Mas, esta edição da da Revista Espaço Ecológico Revista Espaço Ecológico te é a água, e pela forma como en di pe Ex também traz artigos o assunto é tratado por - 14 Anos sobre assuntos variados, a Revista Espaço Ecológico diferentes articulistas fica exemplo da entrevista, no a tiv ecu Ex o eçã Dir evidenciada a intenção campo da Medicina, com Gualberto Freire de oferecer elementos o gastroenterologista e analíticos apropriados vel nsá Jornalista Respo especialista em obesidade, à uma boa reflexão, de Alexandre Nunes Eduardo Franca. Traz onde se pode extrair uma DRT-PB 5437 também uma matéria gama de questionamentos Gráfico sobre a Ilha da Restinga, Diagramação e Projeto e conclusões, a partir de um santuário preservado ESTAMPAPB uma leitura mais acurada. e repleto de histórias e estampapb@gmail.com Aproveitamos para desejar lendas, e outra sobre o Foto Capa: Freepick uma boa leitura.

REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

3


Ilha da Res Um santuário preservado e repleto de histórias e lendas

O

s turistas que visitam a Paraíba não deixam de conhecer dois pontos turísticos localizados no litoral Norte do Estado: a Praia pluvial do Jacaré, com direito a contemplar o pôr do sol ao som do Bolero de Ravel executado pelo músico Jurandy do Sax; e a Ilha de Areia Vermelha, privilegiadamente localizada a 2 km da orla marítima de Cabedelo, dentro do Oceano Atlântico. Mas, pequenos grupos de turistas estão descobrindo um local até então desconhecido pela maioria dos visitantes: a Ilha da Restinga, reconhecidamente como um imponente santuário da natureza, que permite aos turistas curtirem um dia bastante diferente e até inusitado. O local é preservado e para chegar o único meio de transporte são os barcos, que podem ser contratados por empresas de receptivo. A administração da Ilha formata pacotes para grupos especiais, com datas e horários pré-estabelecidos. Localizada no estuário do Rio Paraíba do Norte, em uma área de 540 hectares, a Ilha da Restinga é uma das grandes surpresas para os que visitam ou moram na Região Metropolitana de João Pessoa. A ilha oferece aos visitantes trilhas que cruzam vegetação, lagoas e mangues, ideal para os aventureiros e aos estudiosos. O passeio permite também uma inesquecível aula de biologia, pois a biodiversidade permite o conhecimento teórico e prático sobre a flora, fauna e história local. A Ilha da Restinga está distribuída em cinco ecossistemas, em posição privilegiada nas cercanias de cinco municípios litorâneos: Cabedelo, João Pessoa, Santa Rita, Lucena e Bayeux. A ilha é dividida em Restinga de Baixo e de Cima, e graças à iniciativa dos irmãos Evelina e Pedro, é aberta a visitação pública. Grupos de estudantes do primeiro e segundo graus, e até universitários, frequentemente têm sido formados para explorar o turismo ecológico-cultural do local. Geralmente os grupos são formados por 15 pessoas.

4  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

UM POUCO DE HISTÓRIA A Ilha da Restinga já foi denominada pelos ‘Frades Bentos’, quando foi alvo de explorações de pesquisadores subaquáticos. Além do fator da diversidade natural, as pesquisas buscam relíquias que estariam nos mangues circundantes. Diz a lenda que nos seus arredores estariam submersos tesouros deixados por espanhóis, portugueses e holandeses, que em épocas remotas disputaram a soberania daquela faixa de litoral paraibano. Nos livros, os historiadores narram que os holandeses conquistaram a Paraíba em 1634, quando já tinha sido erguido no local o ‘Forte da Ilha da Restinga’. A construção do forte havia sido autorizada pelo então governador Antonio de Albuquerque, mas que nos dias atuais as suas ruínas desapareceram. O ‘Forte da Ilha da Restinga’ foi construído para resistir às invasões, como a dos holandeses, daí o registro das grandes batalhas travadas nas suas imediações e a crença dos aventureiros de que, nas águas turvas que cercam a Ilha existem tesouros em ouro, prata, cobre e bronze, soçobrados juntamente com os barcos de guerra batavos.


estinga

Há uma crença de que na área da ilha existam realmente tesouros. Nos livros de histórias há uma passagem que reforça essa crença, dando conta de que em novembro de 1634 partia do Recife a esquadra holandesa denominada Zuickerland, cujo o objetivo era conquistar a Paraíba. Ao todo eram 32 navios, além de barcaças, com mais de 2,3 mil soldados a bordo. Nas imediações da Restinga foram afundados o brigue holandês Schouppe (1634) e o bergantin Sween, além do vapor inglês Psybe (1852) e o iate norueguês Alert (1893), afirmam os historiadores, repletos de moedas de ouro, prata, bronze e cobre. Um estudo e pesquisa realizado pela Associação Paraibana de Pesquisadores Subaquáticos, junto aos registros da Marinha do Brasil, revelaram a existência de cascos naufragados na raia da ilha da Restinga. Um dos destroços pertence ao brigue holandês Schouppe, que naufragou em 1634, justamente o ano da terceira invasão holandesa à Paraíba. O bergantim Sween, também de nacionalidade holandesa, repousa nas proximidades. O vapor inglês Psybe afundou no local em 1852. Quarenta e um anos mais tarde (1893), foi a vez do iate norueguês Alert, que naufragou entre a Restinga e o local onde hoje se encontra o porto de Cabedelo. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

5


ÁGUA

Princípio básico da vida.

Foto: Antônio David

Sem ÁGUA, não há vida 6  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO


“A natureza está no homem e o homem está na natureza, porque o homem é produto da história natural e a natureza é condução concreta da existencialidade humana. Mas como o trabalho que está verdadeiramente tecendo a dialética da história, é ele que faz o homem entrar na natureza e a natureza entrar no homem.” Se você não acredita nisto, por favor, me acompanhe nestes raciocínios verdadeiros, científicos e lógicos, vamos lá:

Raciocínio 1

Raciocínio 2

O homem vive até um mês sem comer, porém não sobrevive mais de uma semana sem água. A situação do mundo em relação à água potável pode ser descrita a partir de números, os quais não são muito animadores. O Planeta Água possui 1,4 bilhões de quilômetros cúbicos de água e só 2,5% é água doce. Destes, parte está confinada nas calotas polares e no gelo eterno das montanhas e do que sobrou, desconsidere a maior parte que está escondida no subsolo. Resultado disponível para o consumo do homem é igual a 0,26% ou 90 quilômetros cúbicos. O Brasil é um país privilegiado no quesito “água”, representando 12% do total de água doce mundial

e é exatamente por este fato que muitos discutem por que neste país, existem casos de escassez de água potável. Para explicar tais ocorrências, cita-se três motivos: 1º) A disponibilidade de água potável não é distribuída igualmente por todo o país. Juntas a região Norte e Centro- Oestes somam 84,2% dos recursos hídricos e representam 13,39% da população brasileira. A região Nordeste possui 3,3% e equivale a 28,31% da população. Por fim, o sul e o sudeste reunidos compreendem 12,5% dos recursos hídricos e são simplesmente 57,7% dos habitantes do Brasil; uns com tanto e outros com tão pouco! 2º) A famosa poluição. 3º) Como disse Aldo Rebouças (geólogo/especialista em águas doces), o grande problema brasileiro, ironicamente, é a abundância - “Por termos muita água, a cultura do desperdício impera em todo o país. Nossos problemas são de grande desperdício e degradação da qualidade da água.” Para complementar, concluo com uma citação do livro Água, de MARQ DE VILLIERS, editora Ediouro: “Ciclo hidrológico é a forma como a água circula pelos sistemas

da terra, de uma Altura de 15 quilômetros acima do solo para uma profundidade de cerca de cinco quilômetros. É um sistema químico quase estável e autoregulável, que transfere a água de um ‘reservatório’ para outro em ciclos complexos. Estes reservatórios incluem a umidade atmosférica (nuvens e chuvas), os oceanos, rios e lagos, os lençóis freáticos, os aquíferos subterrâneos, as calotas polares e o solo saturado (a tundra ou as áreas alagadas). O ciclo é o processo de transferência da água de um estado, ou reservatório, para outro através da gravidade ou da aplicação de energia solar, ao longo de períodos que variam de horas a milhares de anos. O sistema todo funciona somente porque mais água evapora dos oceanos do que retorna para ele diretamente na forma de chuva ou de neve. Esta diferença cai na terra sob a forma de chuva, e esta é a diferença que torna nossa vida possível, pois quando a chuva cai, ela o faz em forma de água doce. Há uma renovação não só quantitativa, mas também qualitativa: o processo purifica a água de suas impurezas e a devolve potável, uma água utilizável pela biota, na qual estamos incluídos.” Esta longa citação é necessária, pois nos ajuda a aceitar duas verdades: a quantidade de água disponível é muito grande, porém limitada; a distribuição de água não é uniforme porque o ciclo hidrológico é diferente em diferentes áreas do planeta. Portanto, à medida que exploramos um manancial de água ele se torna escasso. Em razão da complexidade do ciclo hidrológico, a escassez pode demorar horas, dias ou milhares de anos para deixar de existir, à medida que as cidades aumentam, a industrialização e a poluição se intensifica, algumas áreas podem se tornar praticamente inabitáveis ou economicamente inviáveis em razão da carência de água. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

7


Foto: Antônio David

Raciocinio 3

A água é o petróleo do século 21. Além de ser vital, tornou-se uma commodity, com direito a ser exportada, inclusive. Desde os primórdios, que o homem, se preciso for, torna-se um canibal para sobreviver! E este é o alerta! Pode-se achar uma idéia absurda, mas muitos cientistas acham que “a água pode ser o motivo da 3ª Guerra Mundial.” Como é decantado mundialmente, o Brasil é um privilegiado na abundância de recursos hídricos, por isto será um provável alvo de vários conflitos. “Hoje, há mais de 500 conflitos entre países envolvendo disputas pela água, muitos deles com uso de força militar. Nada menos que 18 desses conflitos violentos envolvem o go-

8  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

verno israelense, que vive brigando pelo líquido com os vizinhos. Cerca de 40% do suprimento de água subterrânea de Israel se origina em territórios ocupados, e a escassez de água foi um dos motivos das guerras árabe israelenses passadas.” Muitas regiões mais pobres do país não possuem condições para um saneamento básico digno. Este se refere ao conjunto de: tratamento de água, canalização e tratamento de esgotos, limpeza pública de ruas e avenidas, coleta e tratamento de resíduos orgânicos (em aterros sanitários regularizados) e matérias diversas (através da reciclagem). A ausência deste conjunto, cria a poluição do meio ambiente. Na questão do assunto principal abordado, A ÁGUA, esta poluição pode causar

odor desagradável, danos à fauna e flora aquática, disseminação de doenças, proliferação de algas tóxicas e conseqüentemente morte de peixes, proliferação de outros vetores (ratos, mosquitos, etc). “...cerca de 3 bilhões de habitantes em nosso planeta estão vivendo sem o mínimo necessário de condições sanitárias.”

Raciocinio 4

“Até 90% dos esgotos são lançados nas águas sem tratamento. Todos os anos, de 900 a 1.400 milhões de toneladas de metais pesados, solventes, produtos tóxicos e outros tipos de dejeto são jogados na água pelas indústrias. Cerca de 2 bilhões de toneladas de lixo são despejados em rios, lagos e riachos


todos os dias.” (ONU - 2016) Uma urgente mobilização social irá garantir a sustentabilidade do mundo e principalmente do Brasil. A existência da nossa Revista e Programa ESPAÇO ECOLOGICO existe para que, por meio de ações voltadas para a disseminação de informações sobre as realidades ambientais, todos participem e entendam as necessidades atuais. Uma das maneiras pela qual a mobilização social efetivará uma melhora ambiental, será a plena vontade de preservar o meio ambiente. Constitui um importante fator para que as comunidades beneficiadas e que todos se conscientizem, da real importância da necessidade do melhor para a nossa sobrevivência. O nosso obje-

tivo e trabalho junto à sociedade, é informá-los e capacitá-los para que TODOS UNIDOS supervisionem o devido funcionamento dos sistemas Governamentais e Privados.

Concluindo: “O mundo em que vivemos não nos foi dado por nossos pais e avós, foinos emprestado por nossos filhos e netos”. Não os deixem sem ÁGUA!

Por Ivan Pereira de Araújo Advogado e empresário na Ilha de Bali, na Indonésia

REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

9


PMJP DESENVOLVE AÇÕES PERMANENTES DE

sustentabilidade e preservação DE RECURSOS HÍDRICOS

A

Por Luiz Carlos Lima SecomJP

ções como desassoreamento de rios, limpeza e plantio nas áreas de nascente que envolvem diversas secretarias municipais. Estas são as principais ações contínuas que a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) realiza para cuidar dos recursos hídricos da Capital. Liderado pela Secretaria de Meio Ambiente (Seman), o trabalho é desenvolvido em parceria com outros órgãos e secretarias com o objetivo de concentrar esforços para a sustentabilidade e preservação ambiental. A PMJP realiza um permanente trabalho de monitoramento dos rios da cidade. Os técnicos da Divisão de Estudos e Pesquisas (Diep) da Se-

10  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

mam trabalham no levantamento das condições das principais bacias hidrográficas de João Pessoa. São mapeados os rios Jaguaribe, Cuiá, Gramame, Cabelo, Aratu, Jacarapé, Camurupim e Marés-Sanhauá. O levantamento das informações é feito por uma equipe de engenheiros florestal, ambiental, biólogo e geógrafo, que verifica as condições das nascentes, qualidade da vegetação no entorno dos rios e ainda locais onde há degradação.

Para o secretário da Semam, Abelardo Jurema Neto, conhecer as condições dos rios da Capital é um desafio. “Nossas equipes estão atentas, fiscalizando e cuidando das áreas que precisam de recuperação, mas esse é um esforço de todos os setores da sociedade. Preservar e recuperar recursos hídricos são obrigações urgentes e requer equipes multidisciplinares. É uma questão de sobrevivência não só para as pessoas, bem como para indústrias e outros setores”, disse. O objetivo da ação é fazer um diagnóstico de cada região. Assim, de acordo com Anderson Fontes, chefe do Controle Ambiental da Semam, será possível desenvolver políticas públicas de recuperação de cada rio. “Trata-se de uma ação completa. Envolve todos os setores da Semam para que a gente possa ver a real situação dos nossos recur-


sos hídricos. Com esse diagnóstico em mãos, vamos ser capazes de realizarmos ações específicas para cada rio”, revelou.

Plantio de mudas

Uma outra ação que a Prefeitura realiza para estabelecer o equilíbrio do meio ambiente é o plantio de mudas em torno das nascentes dos rios. No mês de março, uma importante iniciativa marcou o início da execução do Plano de Plantio Urbano (PPU). O primeiro local foi a nascente do Rio Cabelo, no bairro de Mangabeira. A ideia é que outras 500 mudas sejam plantadas em todo o local, de modo a devolver à comunidade uma importante Área de Preservação Permanente (APP) dentro do perímetro urbano. O local passa a ser chamado de Bosque das Águas e

promete mais qualidade de vida aos moradores da região. O secretário Abelardo Jurema Neto destacou que a ação representa apenas o primeiro passo para o reflorestamento da área. “Estamos trazendo a sustentabilidade para esta área, que tem sido uma preocupação do prefeito Luciano Cartaxo. A ação marcou, simbolicamente, o início do que vamos fazer no local, que estava sendo ocupado irregularmente. Vamos transformá-lo no Bosque das Águas, oferecendo mais qualidade de vida à população”, disse.

Desassoreamento de rios

Equipes da Defesa Civil e da Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur) de João Pessoa realizam constantemente ações preventivas por toda cidade para amenizar os impactos da degradação ambiental. São realizados

trabalhos de desobstrução de canais, limpeza de galerias, da vegetação e dos córregos. De acordo com Noé Estrela, coordenador da Defesa Civil, essas ações integradas compreendem desassoreamento de rios, capinação, roçagem, remoção de entulhos, demolição de residências, poda de árvores, limpeza de canaletas, loneamento de barreiras, desobstrução e recuperação de galerias pluviais. A redução das ocorrências é fruto de uma ação capitaneada justamente pela Defesa Civil Municipal. O ‘João Pessoa em Ação – Força Municipal de Prevenção de Riscos’ é colocado em prática em parceria com as Secretarias de Infraestrutura (Seinfra), Desenvolvimento Urbano (Sedurb), Desenvolvimento Social (Sedes), Meio Ambiente (Semam) e a Emlur. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

11


ENERGIAS

RENOVÁVEIS NO

volvimento em termos de aproveitamento. Trata-se de energia eólica e fotovoltaica (solar). Para se ter uma ideia do potencial nordestino em energia eólica, dos cinco maiores produtores brasileiros, quatro concentram-se no Nordeste. Rio Grande do Norte lidera o ranking, seguido pela Bahia, com Rio Grande do Sul em terceiro, Ceará em quarto e Piauí em quinto, segundo relatório Resenha Energética Brasileira do Ministério de Minas e Energia. Em 2017, a força dos ventos gerou 3,3 GW de energia, o que é uma quantidade bastante expressiva. A capacidade atual instalada é de 10,5 GW. Em 2016 havia 352 parques eólicos no Brasil, passando para 414 em 2017 e devendo ultrapassar os 500 até 2020. Com relação ao nosso potencial fotovoltaico, atualmente existem 14 Parques na Bahia, já devidamente leiloados pela ANEEL, que fornecerão 400 MW de energia. O Ceará tem dois em construção, e na Paraíba e Rio Grande do Norte têm um cada. Para se ter ideia do potencial nordestino neste tipo de energia, dos 27 MW gerados anos passado, 19 foram gerados no Nordeste. O Brasil está apenas despertando para esse tipo de energia renovável. Nosso potencial a ser explorado é enorme. Deve haver investimentos em ciência e tecnologia nesta área, bem como abertura de mercado para investidores estrangeiros.

NORDESTE

A

Foto: Freepick

matriz energética brasileira é privilegiada em relação aos demais países do mundo, pelo fato de ser a energia hidrelétrica responsável por 29% da geração no país. Para se ter idéia do que isto representa, em nível mundial, o consumo de energias fósseis responde por 81% da geração de energia. Mesmo considerando-se esta situação plenamente favorável de energias renováveis em nossa matriz, cabe salientar que o potencial hídrico é finito. No Nordeste brasileiro ele está praticamente esgotado. O rio São Francisco representa o grande gerador de energia na região, embora o Sistema Elétrico brasileiro seja interligado e a região Norte hoje seja a grande fornecedora de energia elétrica para o resto do país com um potencial a ser ainda plenamente aproveitado. Nossa região dispõe de duas grandes fontes alternativas que estão em pleno uso em muitas regiões do mundo e que aqui começam a experimentar um grande desen-

12  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

Por Fernando Nazareno do Nascimento, Engenheiro Eletricista e Especialista em Gestão de Empresas


REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

13


RIO GRAMAME quer viver em

ÁGUAS LIMPAS Fotos: Thiago Nozi

Por Ivanildo Santana, Penhinha Teixeira e Ana Paula

O

Rio Gramame nasce em Oratória no Município de Pedras de Fogo, Paraíba. Seu curso atinge mais de 54,3 Km de comprimento, banha sete municípios: Alhandra, Conde, São Miguel de Taipu, Cruz do Espírito Santo, Pedras de Fogo, João Pessoa, Santa Rita, abastecendo cerca de 70% da área metropolitana de João Pessoa, capital do Estado. Ao longo do seu caminho até desaguar no mar, complementa os braços de vários rios: Utinga, Pau Brasil, Mamuaba, Camaço, Mumbaba e Água Boa; bem como os riachos Pitanga, Ibura, Piabuçu, Santa Cruz, da Quizada, do Bezerra, do Angelim e o Botamonte. Um conjunto natural de rara beleza, fonte de sustento para várias

14  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

comunidades ribeirinhas, possuindo uma riquíssima biodiversidade que garante a sobrevivência de muitas de suas espécies nativas. Hoje, infelizmente, há um intenso cenário de poluição ocasionado por cerca de 52 indústrias e também pelos agrotóxicos oriundos da plantação de cana de açúcar (com atividades, por exemplo, na sucroalcooleiras, de celulose e porcelanato). Além dessa situação, a realidade de degradação é agravada pelo desmatamento das matas ciliares e pela poluição difusa, causada pela intensa ocupação promovida pelas construções, e pela especulação imobiliária despreocupada com as questões ambientais, o que tem se constituído numa grande ameaça para a vida existente na Bacia Hidrográfica do Rio Gramame, que tem uma extensão territorial de mais de 589Km². O Rio Gramame faz parte da nossa vida, somos o rio, ele é patrimônio vivo que contém a história de nossos ancestrais. As suas águas são um espelho genealógico, onde podemos nos enxergar como parte

dele, afirmar nossa identidade e lutar por nossos ideais, fortalecendo, ao passo que marchamos em direção a eles. O rio é um pai generoso que transborda nossos samburás de camarão, agita nossas redes de pesca sinalizando mais um tucunaré pescado, ou mesmo enfeitando nossos galões com as cordas de caranguejo guaiamu, além de acalmar nossos dias com seu afeto contemplativo. Os dias atuais nos impactam por causa da grande quantidade de efluentes despejados todos os dias no nosso rio. As indústrias não tem uma estação de tratamento para seus rejeitos, e como se não bastasse, nos surpreendemos com a notícia de mais um desastre ambiental ocorrido no último dia 9 de fevereiro de 2018. O vazamento de 40 mil litros de soda cáustica (hidróxido de sódio) dos tanques de uma estação da Companhia de Água e Esgoto da Paraíba - CAGEPA, no curso de água do nosso Gramame. Ao longo dos dias foram prejudicados, também, as moradoras e moradores que dependem diretamente do rio


para as suas atividades de pesca e agricultura, um impacto que compromete, além de tudo, a vida dos ecossistemas. Foram mais de cinco dias sem executar a pesca do camarão, uma das principais espécies que povoam o rio, já que os crustáceos desapareceram dos covos. Os pescadores retiravam do leito as incontáveis espécies mortas que desciam boiando na correnteza, tais como cumatã, curimatã, tucunaré, camurim, mussum, siri, cágados, cobras. Esse drama foi o mais grave vivenciado pelos moradores e moradoras do Vale do Gramame, que há 35 anos vem lutando em defesa do rio, realizando várias rodas de conversas nas comunidades. A partir dessas rodas, foi criado o Fórum da Agenda 21 do Baixo Gramame e através dele conseguimos formalizar algumas denúncias que resultou na criação do 1º TAC - Termo de Ajustamento de Conduta - da Paraíba. O Rio Gramame tem sido degradado continuamente pelo Distrito Industrial de João Pessoa, de onde recebe uma grande carga de efluentes e resíduos tóxicos. Encaminhamos denúncias ao Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal, nos anos de 2006/2007,

quando algumas empresas foram autuadas, pagando estudos de pesquisa realizados pela Universidade Federal da Paraíba. Os resultados foram alarmantes, mas guardado nos muros da academia e nas pastas dos Ministérios. Em 2015 nossa busca pelos relatórios se intensificou para dialogar com as comunidades sobre os resultados obtidos, foi quando o Procurador José Godoy nos cedeu uma cópia dos estudos, ampliando o diálogo e as ações em defesa do Velho Gramame. Criou-se, então, um Fórum de Proteção Permanente do Gramame, hoje, coordenado pelo Procurador José Godoy. Assim, foi lançado um edital para a criação de um selo, que deve ser lançado no mês das águas, uma ação proposta pelo Olho do Tempo Escola Viva. Nessa ocasião haverá, uma programação voltada para a educação ambiental e patrimonial, bem como uma série de atividade que é realizada nos diversos espaços da cidade de João Pessoa, inclusive às margens do Rio Gramame, durante todo o mês. Entre as atividades planejadas, quatro atividades se destacam: 1. Coletiva de imprensa com denúncias das agressões sofridas pelo rio;

2. Audiência Pública com a presença dos prefeitos, presidentes de câmara dos vereadores e representantes afins dos municípios banhados pela Bacia Hidrográfica do Rio Gramame; 3. “Encontro dos Rios com o Mar-Rumo aos Trezentos Tambores”; 4. A Remada do Abraço - Nosso Rio, Nosso Cuidado. Ao longo dos anos, o Olho do Tempo Escola Viva vem desenvolvendo atividades educativas junto a 120 crianças e adolescentes, moradores das seguintes comunidades do Vale do Gramame: Engenho Velho, Mituaçú, Gramame, Ponta de Gramame, Colinas do Sul I e II, Gervásio Maia, Residencial Marinês, Aldeia Tabajaras, Paratibe e Mussum Mago. As atividades são realizadas com as temáticas transversais de Meio Ambiente, Educação e Cultura, onde valorizamos a transmissão dos saberes através da prática da oralidade entre os mais velhos das comunidades, os mestres e seus aprendizes, resgatando a músicas, as danças e outros saberes. Também trabalhamos com informática, trilhas ecológicas, fotografia, patrimônio, leitura, oficinas que despertam o empoderamento e o pertencimento de crianças e REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

15


jovens para o contexto local. O rio Gramame está no centro dos nossos fazeres, está no nosso quintal, somos seus guardiões e ele é nossa causa. O rio dar de beber a mais de um milhão de pessoas na grande João Pessoa, porém as pessoas não sabem de onde vem a água que bebem. Nosso grito ecoa nas cidades e diz; “O Rio Gramame Quer Viver em Águas Limpas”. Para que essa Campanha Permanente intitulada “Rio Gramame Quer Viver em Águas Limpas” possa ser efetivada, medidas devem ser tomadas, sendo as principais: 1. A efetivação de uma Política Pú-

16  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

blica Ambiental para a Bacia Hidrográfica do Rio Gramame. 2. Programa de Requalificação do Rio Gramame; 3. Que sejam efetivadas as Medidas Compensatórias elencadas pelas comunidades, firmadas nos anos de 2013 e 2015, quando as indústrias compensam quanto ao uso da água do rio e os despejos de seus efluentes. 4. Efetivação de uma Política de Educação Ambiental para os municípios que compõem a Bacia do Rio Gramame, buscando a integração entre escolas públicas, privadas e a comunidade. Todas essas medidas amparam

a luta por dias melhores, que viva o rio, em águas limpas. Vamos todos abraçar essa causa que é de todos nós, pela vida! As implicações ligadas à preservação de nossas águas abrangem também o aspecto jurídico, ou seja, a sociedade precisa entender que existe uma obrigação social e legal quanto à proteção e preservação do patrimônio público, como forma de preservação da própria vida. No conceito de patrimônio público estão incluídos os bens públicos, entre eles as águas dos rios, a exemplo do nosso Rio Gramame e todos os outros já citados.


A água é um bem público por excelência porque dela dependemos para viver e como tal a necessidade de protegê-la é reconhecida pela nossa lei suprema que é a Constituição Federal, no seu artigo 20, item III, que assim define: “São Bens da União: os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos do seu domínio, ou que banhem mais de um estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais.” Assim sendo, ao contrário do que se pensa em geral, as águas têm

dono sim, e somos todos nós. Além da proteção prevista na Constituição Federal, os Estados e Municípios Brasileiros têm a obrigação legal de proteger esse líquido precioso em formato de rio, tamanha é sua importância para nossa sobrevivência. Na Paraíba temos a Lei nº 6.308, de 02 de julho de 1996, que impõe a todos a obrigação de proteger esse bem público que é a água de nossos rios, assim como o Município de João Pessoa também tem legislação que é o Decreto-Lei Nº 4.333, de 30 de agosto de 2005. Portanto, qualquer pessoa, em-

presa ou instituição que descumpre a legislação federal, estadual ou municipal, e provoca qualquer tipo de dano ao patrimônio público, como ocorreu com o Rio Gramame, está cometendo um crime ambiental, estando, portanto, sujeita a ser punida conforme estabelecem as legislações de proteção ao meio ambiente. É preciso que não deixemos de denunciar, nunca, todos os casos de agressão ao meio ambiente, junto aos órgãos de proteção, a exemplo das Curadorias do Meio Ambiente que, por sua vez, têm obrigação legal de atuar em defesa de nosso patrimônio público. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

17


ÁGUA Fotos: Antonio Davi

A

Por Alexandre Nunes

água é um direito vital universal e uma substância fundamental para a ocorrência e manutenção da vida de todos os vegetais e animais do planeta, com destaque para os seres humanos, cujo corpo é composto por dois terços de água. Já o planeta é 70% constituído de água e, mesmo tendo dois terços de sua superfície coberta pela mesma, apenas 0.007% dessa água é própria ao consumo humano e para o uso industrial, já que o restante

18  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

é 97% água salgada, 1.750% águas inacessíveis por se encontrarem em geleiras e 1.243% água de fontes subterrâneas. Sendo um bem universal, é bastante questionável que as águas das reservas hídricas disponíveis no planeta para consumo humano sejam apropriadas por empresas em processos de privatização, engarrafadas e comercializadas. Com relação à substituição do controle público da gestão da água, pela privatização de empresas estatais que administram os sistemas de abastecimento, observa-se em nível internacional um movimento inverso,

no sentido da reestatização dos serviços de água. Essa tendência é confirmada pelo relatório: “Veio para ficar: a reestatização da água como uma tendência global”. A pesquisa foi realizada pelas instituições Unidade Internacional de Pesquisa de Serviços Públicos (PSIRU), Instituto Transnacional (TNI) e Observatório Multinacional. A pesquisa constata que, nos últimos 15 anos, houve pelo menos 180 casos de reestatizações em 35 países, como Alemanha, Argentina, Hungria, Bolívia, Moçambique e França. Em contraposição, neste mesmo perío-


UM BEM UNIVERSAL do, ocorreram poucos casos de privatizações de água. No Brasil, uma das grandes preocupações é com as investidas de grandes conglomerados transnacionais do setor de água para a compra de mananciais do aquífero Guarani, o maior reservatório subterrâneo de água doce do planeta. O aquífero abrange partes dos territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e Brasil. Há rumores que só o Uruguai vota contra a privatização do aquífero. Na opinião do geólogo e professor emérito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),

Luiz Fernando Scheibe, a realização do 8º Fórum Mundial da Água em Brasília, poderia fazer parte de uma agenda de consolidação de acordos entre o governo brasileiro e empresas com vistas à privatização da água no Brasil. “Quando se privatiza algo assim, que é extremamente importante, fundamental para a vida, e que todos devem ter o acesso garantido, tira-se a primazia do que é público e entrega-se para o mercado”, disse o especialista. Segundo ele, as empresas querem aumentar o controle sobre o mercado da água não só por se tratar de matéria-prima fundamental

para seus principais produtos, mas também para explorá-la enquanto commodity. O processo de privatização da água, conforme Scheibe, ocorre pela obtenção de concessão de fontes por meio de parcerias com estados e municípios, pelo engarrafamento e venda, participação e controle em empresas de saneamento e até mesmo pela disputa por uma fatia maior do acesso à água. Um dos principais problemas, de acordo Luiz Fernando Scheibe, é o engarrafamento da água – uma das faces da privatização –, em garrafas plásticas, derivadas de petróleo, mais conhecidas como “pet”,

REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

19


que embora reciclável, a maioria não é reciclada. Junta-se ao meio ambiente e leva séculos para se decompor. Além disso, uma grande parte dessas garrafas vai para os oceanos e a fauna aquática. “Quem pode comprar água engarrafada deixa de exigir qualidade na água que chega pelas torneiras. Com isso, a água pública perderá qualidade” alerta. O Procurador da República José Godoy Bezerra de Souza, que coordena a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, na Paraíba, considera a privatização da água como uma ameaça ao meio ambiente, à saúde e à sobrevivência humana. “Já existe, de um certo modo, um pouco de privatização da água. Já temos água vendida, principalmente engarrafada. No entanto, você transformar totalmente, entregar à iniciativa privada algo essencial para a existência humana como é a água, acho algo muito preocupante. Eu diria que isso pode

20  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

trazer sérios efeitos para a população em geral. Me preocupa bastante esse tema”, comenta. Já o ambientalista Gualberto Freire, diretor executivo do Espaço Ecológico, afirma que é uma aberração muito grande privatizar a água, seja em que condições for. “Por ser um bem universal, a água é para servir a todos os organismos que tenham uma composição predominantemente hídrica existentes no Planeta Terra. A água não é de ninguém, ela não tem dono. Outra coisa, é dever do Estado promover o acesso público à água. Por ser algo essencial para a vida, a água não pode servir aos interesses do mercado”, conclui. Além da ameaça de privatização das águas, principalmente as subterrâneas, as fontes de água doce superficiais, a exemplo de rios, lagos e açudes, sofrem os efeitos das agressões causadas ao meio ambiente, seja pela poluição dos mananciais, pela destruição das matas ciliares e pelo desperdício de água.

A Declaração Universal dos Direitos da Água, em seu Art. 2º reza que “a água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura e a agricultura”. O documento publicado pela ONU, em 22 de março de 1992, deixa claro, em seu Art. 4º, que “o equilíbrio e o futuro do planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam”. As reservas hídricas disponíveis no planeta estão em sério risco de extinção e sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.


Barragens

VIABILIDADE ECOLÓGICA E ECONÔMICA NA UTILIZAÇÃO DE PNEUS PARA

subterrâneas N a região semiárida no interior do Estado da Paraíba, devido a baixa quantidade de chuvas, precipitações irregulares e elevada evaporação dos rios, faz com que a produção agrícola seja restrita e muitas vezes abandonada pelos pequenos agricultores. Pensando numa alternativa sustentável e econômica, idealizou-se a construção de barragens subterrâneas utilizando pneus abandonados em terrenos baldios e nas mediações de oficinas automotoras no município de Santa Luzia - PB. Tal inciativa surgiu a partir do olhar crítico e atencioso da equipe de Vigilância Ambiental municipal, tendo em vista que a preocupação com a destinação de pneus vem aumentando com o passar dos anos e reflete na condição ambiental. Contudo, torna-se necessário articular estratégias ambientais para destinação correta através de reutilização e evitando a degradação ambiental. A barragem subterrânea trata-se de um barramento de um curso de água subterrânea, ou seja, a aplicação de um dispositivo que venha a estancar o fluxo da água que ocorre nos sedimentos arenosos de um

rio superficialmente seco, proporcionando condições para que a água fique armazenada e possibilite a garantia e acúmulo de água. A construção da barragem subterrânea foi baseada na metodologia proposta por Melo et al., (1982), porém, utilizamos pneus usados de caminhão em substituição as pedras utilizadas na pesquisa supracitada. Os pneus foram fixados no solo com areia no seu espaço interno para evitar deslocamento no espaço. Além disso, utilizamos lona plástica para revestir a barragem dos mesmos, evitando a evasão da água (figura 1). O proprietário do sítio relatou que havia aterrado aproximadamente dois mil pneus resgatados no município referido, trazendo benefícios para sua utilização local e ambiental.

A experiência deste projeto local por meio da instalação de barragens subterrâneas associada a capacitação em gestão da água, proporcionou ao agricultor, acesso a água para produção agroalimentar de famílias de baixa renda e residentes na zona rural, refletindo na segurança alimentar e nutricional das famílias beneficiadas. Neste sentido, concluímos que a exploração agropecuária na bacia hidráulica de barragem subterrânea é financeira e economicamente viável para o agricultor familiar; é um empreendimento que requer baixo investimento para ser implantado; tem relevância social em função de ocupar mão de obra familiar, de ofertar alimentos e água potável no período de entressafra (estiagem) e é uma alternativa sustentável para o homem do campo, onde se pratica a reutilização e a reciclagem.

Por Murielle Magda Medeiros Dantas

REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

21


A quem pertence a

?

ÁGUA Foto: Antonio Davi

do planeta

22  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO


Só sabe para onde vai quem sabe de onde vem. Nosso futuro dependerá do futuro da água, que depende de como historicamente a percebemos, para iluminar cenários emergentes da disputa pelo controle da água no século XXI. A água, símbolo de vida, agora é fonte de poder e poderá ser causa de guerras. Quem controlar a água terá poder sobre todos os seres vivos, que seriam reféns desse poder absoluto. Mas, e a água tem dono? Em 2018, no Brasil, dois eventos globais respondem diferentemente a essa pergunta. Não percebemos a realidade com os olhos, mas através de nossa visão de mundo. Ao longo de nossa história de vida, verdades culturais constituem uma lente cultural através da qual percebemos o que é e como funciona a realidade. A ciência moderna, vendo o universo como uma engrenagem, propôs a metáfora do mundo-máquina para explicar a sociedade industrial. Depois da Segunda Guerra Mundial, a Escola de Negócios de Harvard propôs a metáfora do mundo-mercado para explicar a globalização. Os movimentos sociais propõem a metáfora do mundo-comunidade de vida para explicar a complexidade, diversidade e diferenças constitutivas da trama de relações, significados e práticas entre todas as formas e modos de vida humana e não humana. Na máquina, tudo que entra se chama recurso e tudo que sai se chama produto. No mercado, os equivalentes são capital e mercadoria. A comunidade de vida é o todo onde prevalece a interdependência entre todos os seres vivos. Na máquina indiferente, a água é recurso natural, algo útil; no mercado egoísta, a água é capital natural, fonte de lucro; na comunidade de vida, solidária, a água é fonte de vida, um direito de todos os seres vivos. Água para o lucro ou para a vida? Em Brasília, de 18 a 23 de março, o Fórum Mundial das Águas, arquitetado pelo Banco Mundial para servir ao Capital, propõe a privatização como solução para a crise hídrica global, enquanto o Fórum Alternativo Mundial da Água, vendo a água como bem comum/direito humano/patrimônio natural, propõe o controle social e a democratização de seu acesso. Nessa disputa, um punhado de empresas do agronegócio, bebida, alimento, mineração, vale-se do poder do capital financeiro para comprar seu acesso a mercados cativos, mão de obra barata, mentes obedientes, corpos disciplinados e matéria prima abundante (principalmente água), ao mesmo tempo que viola o humano, o social, o cultural, o ecológico, o espiritual, o ético. A água não nos pertence; nós e a água somos parte um do outro. Porém, o mundo foi ordenado para o progresso, na colonização, e reordenado para o desenvolvimento, na globalização, pois os mitos do progresso e do desenvolvimento foram inventados para ocultar o capitalismo e a dicotomia civilizado-primitivo, desenvolvido-subdesenvolvido, que historicamente viabiliza sua expansão. Progresso = desenvolvimento = capitalismo. Por que, depois de séculos de progresso/desenvolvimento, a humanidade está mais desigual e o Planeta mais vulnerável? Sem enfrentar essa questão, autorizaremos o Banco Mundial a comercializar o templo sagrado da vida, transformando a água em mercadoria para criar hidronegócios. No falso altar do desenvolvimento, reproduziremos alternativas capitalistas que ameaçam de extinção a vida na Terra. Até quando? A que custo?

Por José de SOUZA Silva, pesquisador da Embrapa. E-mail: jose.souza-silva@ embrapa.br

REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

23


Q

uem tem um pet, precisa estar atento aos detalhes nos preparativos para as longas viagens ou até mesmo pequenos passeios. O objetivo é evitar transtornos tanto para o animal quanto para as pessoas. Devem ser observados itens como alimentação, hidratação, saúde, atestados veterinários, documentação e, principalmente, uma placa de identificação na coleira. A avaliação prévia de um médico veterinário é importante para determinar a saúde do animal, para saber se ele aguenta ou não a viagem. Alguns fatores que são levados em conta envolvem o tempo de viagem, o meio de transporte e a idade do pet. Também deve ser avaliado, além do paciente, se as vacinas e os medicamentos antiparasitários estão em dia e também se o controle de pulga e carrapato está dentro do prazo de vigência.

SEGURANÇA É FUNDAMENTAL

É importante usar uma caixa de transporte específica para animais de estimação, cinto de segurança ou uma cadeira própria para bichos, o que garante a proteção deles durante o trajeto. “É bem importante que o animal esteja acostumado a andar de carro, a usar as caixas de transporte e a usar cinto de segurança. Por isso, acrescenta, é necessário começar com viagens mais curtas com os animais, para que os tutores possam sentir aos poucos o comportamento dos bichos.

ALIMENTAÇÃO E HIDRATAÇÃO

Como a viagem pode causar enjoos nos pets, é aconselhável que eles façam jejum de duas a quatro horas antes do embarque. Alguns animais são mais sensíveis ao movimento e necessitam receber medi-

24  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

Espaço Animal ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO PRECISAM DE IDENTIFICAÇÃO E CUIDADOS NOS PASSEIOS E VIAGENS camentos para minimizar este mal-estar gerado durante a viagem. A recomendação é que seja mantida a hidratação regular do animal, além de ser necessário respeitar o momento de necessidades fisiológicas. Por exemplo, em uma viagem de carro, é aconselhável uma parada a cada duas ou três horas para que o pet possa urinar, defecar ou beber água. Nas viagens mais longas, é aconselhável disponibilizar na caixa de transporte água e bebedouros adaptados.

O QUE FAZER PARA O PET NÃO SE ESTRESSAR?

Ficar dentro de uma caixa, longe do tutor, em meio a outros animais em viagens de longa duração pode ser uma situação estressante para os bichos. Mas mesmo nessas circunstâncias, algumas dicas podem minimizar o desconforto ao animal. Uma delas é colocar dentro das caixas de transporte um objeto,

cobertor ou pano que o pet goste ou que tenha o cheiro que ele está acostumado. Outro fator importante é o animal estar adaptado ao uso da caixa de transporte. Adaptar o animal de forma progressiva é essencial para diminuir o estresse.

OS DOCUMENTOS NÃO PODEM SER ESQUECIDOS

Empresas de viagem geralmente exigem documentos para que os animais sejam transportados em ônibus e aviões. Por isso, os tutores devem sempre se informar do que é necessário para o animal viajar. Em caso de viagens internacionais, as pessoas precisam verificar com o consulado do país de destino quais os documentos necessários, pois as normas variam de um lugar para outro. Conforme explica a médica veterinária, no caso de viagens nacionais, os tutores precisam estar munidos de carteirinha de vacina-


ção atualizada e atestado de saúde do animal, feito por médico veterinário. Em viagens internacionais, é fundamental o Certificado Veterinário Internacional e Certificado Zoosanitário Internacional emitidos pelo Ministério da Agricultura, além da carteirinha de vacinação atualizada e atestado de saúde do animal.

MANTER OS ANIMAIS IDENTIFICADOS

que pode correr para bem longe, especialmente se estiver com medo, e ser encontrado por alguém que tem até boa vontade de encontrar a sua família, terá menores chances de voltar para casa. Portanto, é bom estar atento para curtir os momentos de viagens, passeios e diversão com os animais bem cuidados e identificados, pois, assim, a alegria estará garantida para todos.

Durante os passeios podem ocorrer incidentes que levariam o cachorro a se distanciar do tutor e sumir. Até mesmo um susto pode gerar um comportamento de fuga. Aí, toda a diversão pode terminar em muita tristeza. Os animais identificados possuem maior chance de serem achados nessas horas.

A forma mais simples e eficaz de mudar essa realidade é identificar os cães. Ou seja, manter uma placa de identificação na coleira ou uma coleira com os dados de contato gravados, ou até bordados nela. As informações importantes e essenciais são o nome do cão e um telefone de contato. Esta precaução simples e tranquila de fazer pode resolver um problema de fuga ou desaparecimento de um cão rapidamente: a pessoa que o encontrar provavelmente ligará imediatamente para o número gravado na coleira ou na plaquinha. Mas um cão que escapa sem qualquer tipo de identificação, já

Foto: Freepick

MEDIDA SIMPLES PARA AJUDAR NA LOCALIZAÇÃO

REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

25


Especialista fala sobre prevenção e controle da obesidade

S

egundo pesquisa divulgada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em janeiro deste ano, os índices relativos à saúde em João Pessoa estão preocupantes, porque a cidade está em quarto lugar entre as capitais com mais obesos no país, com 20,2%, perdendo para Rio de Janeiro (RJ), Macapá (AP) e Manaus (AM), que ocupa a primeira posição. Palmas e Distrito Federal têm o menor percentual, de 13,4%. O gastroenterologista Eduardo Franca é especialista em obesidade e, nesta entrevista concedida ao Espaço Ecológico, fala se a obesida-

26  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

de está fora de controle, se cresceu muito e quais as formas de controle da obesidade infantil. Ele também explica o que causa o ganho de peso nas pessoas, como se determina o excesso de peso, os principais problemas para quem está acima do peso e se obesidade é uma doença crônica. O médico gastroenterologista ainda comenta de que forma a natureza pode ajudar a combater a obesidade, o que existe de mais moderno na medicina para tratar a doença. Outro assunto que o médico explica é se o peso da mãe na gravidez tem relação com a obe-

sidade da criança. O especialista conclui a entrevista ressaltando sobre quem engorda mais fácil, os homens ou as mulheres e se embalagens deveriam ter mais informações sobre a composição do produto. O médico Eduardo Franca é membro do Centro de Tratamento Multidisciplinar da Obesidade (CTMO/PB) e é quem capitaneia, na Paraíba, um novo método de redução do estômago já aprovado pela Anvisa no Brasil. Trata-se da Gastroplastia Endoscópica, que permite procedimentos cirúrgicos endoscópicos avançados, sem cortes e menos invasivos para o paciente.


Espaço Ecológico - Dr. Eduardo, segundo o IBGE, o excesso de peso entre crianças de 5 a 9 anos cresce em torno de 25% a 30% nas regiões Norte e Nordeste, de 32% a 40% nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e em torno de 15% em todo Brasil. A obesidade infantil vem aumentando de forma contundente nos últimos anos. Essa doença está fora de controle? Eduardo Franca - Sem dúvida nenhuma. Diria que a obesidade infantil é uma preocupação eminente para o futuro breve. O Brasil vem liderando e perdendo para poucos países, como os Estados Unidos, no primeiro mundo, e para a índia também, mas ele vem liderando na América Latina e América Central. A obesidade nessa faixa etária se dá claramente por uma mudança de comportamento que precisa ser exercida, implementada na população, porque se não for abordada como um problema de saúde pública, vai trazer severas dificuldades para quem está aí por nascer ou por crescer. Espaço Ecológico - Quais as formas de prevenção da obesidade infantil, para que isso realmente seja inibido? Eduardo Franca - O principal fator é educação. Educar a mãe de que ganho de peso e nutrição são dois referenciais díspares. Você pode ter excesso de peso e está desnutrido, ou pode ter até um peso um pouco mais baixo e está bem nutrido. Então, a principal arma é a orientação, conhecimento, educação da população. Obviamente, o acesso à saúde básica muda radicalmente os índices, mas se você permite que a mãe tenha este tipo de conceito implementado na sua rotina, através daquele assistencialismo básico na porta de sua casa, no posto de saúde, isso faz com que ela possa trans-

“O PRINCIPAL FATOR É EDUCAÇÃO. EDUCAR A MÃE DE QUE GANHO DE PESO E NUTRIÇÃO SÃO DOIS REFERENCIAIS DÍSPARES. VOCÊ PODE TER EXCESSO DE PESO E ESTÁ DESNUTRIDO, OU PODE TER ATÉ UM PESO UM POUCO MAIS BAIXO E ESTÁ BEM NUTRIDO. ENTÃO, A PRINCIPAL ARMA É A ORIENTAÇÃO, CONHECIMENTO, EDUCAÇÃO DA POPULAÇÃO”

Espaço Ecológico - Como se determina que a pessoa tem excesso de peso ou obesidade? Eduardo Franca - O excesso de peso, ou sobrepeso, não se caracteriza propriamente como a doença. Então, para simplificar, estratifica-se, separa em faixas, por índice de massa corporal, onde usa-se como parâmetro o peso e a altura. Esse cálculo, facilmente disponível, estratifica em faixas, como as seguintes: de 20 a 25, são pessoas com peso aceitável como normal; de 25 a 30, são pessoas com sobrepeso, mas sem a doença propriamente; e a partir de 30, a obesidade começa a lhe abraçar, nos graus 1, 2, 3 e 4, ou seja, entre 30 e 35, 35 a 40, acima de 40 e acima de 50.

mitir esse conceito para seu filho e trazer saúde para dentro de casa.

Espaço Ecológico - Como se calcula então? Eduardo Franca - O cálculo é básico. A altura ao quadrado (1,70m x 1,70m) dividido por 130 kg. Então, é a altura ao quadrado dividido pelo peso.

Espaço Ecológico - O que causa o ganho exacerbado de peso nas pessoas? Eduardo Franca - A acessibilidade a alimentos ricos em calorias e muitas vezes pobres em nutrientes. Então, o custo de um refrigerante, o custo de um biscoito, de um doce, de uma guloseima, de um carboidrato de refinados, a despeito de pizza, macarrão, bolos, pães, biscoitos, isso faz com que a população, por ter acesso e por isso gerar um certo grau de dependência, pela disposição mais fácil, tenha essa facilidade de ganhar peso. Outros aspectos têm que ser levados em conta. O aspecto genético, por exemplo, favorece os distúrbios comportamentais, a ansiedade, as tensões do dia-a-dia, que canalizam para esse tipo de comportamento alimentar.

Espaço Ecológico - Quais os principais problemas enfrentados por quem está acima do peso? Eduardo Franca - Num país onde grassa a falta de assistência, onde o paciente não tem disponibilidade de saúde pública, as comorbidades que vem agregadas à doença principal, a obesidade, fazem com que as filas nos postos de saúde, nos hospitais, só cresçam. Diria que os principais problemas enfrentados são hipertensão arterial, diabetes, doenças osteoarticulares. Esses problemas são crônicos e, uma vez instalados, com a presença da obesidade concomitante, fazem com que eles não tenham um controle adequado e o paciente aumente o seu risco de morbimortalidade ou de sofrer de doenças ou medo de morrer. Então, o acidente vascular cerebral, o coma REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

27


diabético, os distúrbios grosseiros da coluna, do joelho, da bacia, fazem com que o paciente piore da doença de base, que é obesidade. Espaço Ecológico - Dr. Eduardo, a obesidade é uma doença crônica? Eduardo Franca - Sim. Uma doença crônica de dificílima abordagem, como referenciado anteriormente, que precisa uma visão multidisciplinar de conscientização, desde o seu comportamento alimentar, das doenças relacionadas à própria obesidade, ao aspecto genético, ao meio ambiente onde está inserido. Então, sim, é uma doença crônica. Mesmo naqueles casos radicais de abordagem e, até propriamente com cirurgia bariátrica, perder a referência de que é uma doença crônica, faz com que a doença volte a lhe abraçar. Então, é preciso ter essa noção: viver brigando diuturnamente com a doença, porque se eu relaxar, se eu baixar a guarda, ela vai tomar conta novamente. Espaço Ecológico - O Sr. Falou em meio ambiente. De que forma a natureza pode ajudar no combate à obesidade? Eduardo Franca - Pode ajudar muito. Nós como paraibanos, como pessoenses, somos extremamente privilegiados, por exemplo, pelo meio ambiente que nos cerca. Imagine uma cidade que você quase não tem acessos, por exemplo, a atividades físicas em campo livre, que você não tem tranquilidade, por ter violência em excesso, por ter níveis de estresse aumentados, por ter excesso de prédios, excesso de ritmo de vida, isso faz com que você agregue fatores de estresse que lhe levem a ganho de peso. A diversão em João Pessoa pode ser caminhar na praia, tomar um banho de mar, andar no parque, na lagoa, ir à praça. Às vezes em cidades com índices de industrialização muito grande, você não tem esse acesso.

28  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

“NUM PAÍS, ONDE A AGRICULTURA É O LASTRO INCLUSIVE FINANCEIRO, ONDE TEMOS A VARIEDADE DE FRUTAS, DE LEGUMES E DE OPÇÕES NA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL, FOMENTAR ISSO, CRIAR O HÁBITO, EDUCAR ESSAS CRIANÇAS, TIRANDO ESTE CONSUMISMO DESNECESSÁRIO DE CARBOIDRATO SIMPLES, FAZ TODA DIFERENÇA.”

Então, a diversão é comer e beber, e isso gera um comportamento que desvia você do campo da saúde. Espaço Ecológico - O que existe de mais moderno na medicina para o tratamento da obesidade? Eduardo Franca - Eu diria que, Graças a Deus, o Brasil pelo menos é um dos países que tem conseguido trazer para perto o que há de vanguarda na medicina. Na nossa área de atuação específica, eu traria as cirurgias bariátricas. Hoje, já deixando de ser cirurgias convencionais, ou mesmo feitas por laparoscopia, que são aqueles pequenos furos, e passando a cirurgias minimamente invasivas, como as cirurgias endoscópicas. Então, você, por um recurso da endoscopia, consegue adentrar o estômago desse paciente, remodelar o volume desse estômago e fazer com que ele tenha saciedade muito mais precoce. Assim, como no campo das medica-

ções, há uma série de medicações que se chama substâncias sacietógenas, que são hormônios moduladores da saciedade que você pode usar, além dos antidepressivos. Então, assim, armas existem. É preciso talvez uma política, uma campanha para que o povo tenha acesso a isso, faça com que os resultados sejam sustentados. Espaço Ecológico - Falta campanha educativa para se combater a obesidade? Eduardo Franca - Sem dúvida. Esse é um gancho. Falta acesso da população aos profissionais de saúde, não só os médicos, mas os psicólogos, os orientadores ou educadores físicos, os nutricionistas, os pediatras. Falta, sim, uma visão de que este problema, assim como outros problemas até socioeconômicos, como inflação e segurança, vão trazer sérios danos à população. Se você não enxergar que essas duas próximas gerações vão engordar de maneira patológica, doentia, e não acordar para isso hoje, tentar tratar depois de um obeso mórbido instalado, aí eu diria é só tratar as complicações. Você não evitou, não preveniu a doença. É uma doença crônica, tem que ter a visão da saúde pública, uma parceria ao menos público-privada, mas tem que aproximar o profissional do paciente. Espaço Ecológico - Quem engorda mais fácil e quem tem maior dificuldade para perder peso, os homens ou as mulheres? Eduardo Franca - Estatisticamente, isso muda de acordo com os continentes. Na população mais pobre, como a da América Latina, as mulheres engordam mais do que os homens. Elas estão relacionadas ao uso às vezes de hormônios, ao comportamento de ansiedade, ao vínculo ao carboidrato e o homem tem uma vantagem na hora de perder peso, apesar de não ser tão discipli-


nado quanto a mulher, quando ela decide fazer esse processo de perder peso, mas ele tem massa muscular, que aumenta seu rendimento do ponto de vista de gasto de calorias. Se os dois se submeterem ao mesmo modus operandi de perder peso, o homem, mais do que as mulheres, tem uma vantagem na hora de perder peso. Espaço Ecológico - Todas as embalagens e rótulos dos produtos alimentícios deveriam ser mudados e mostrar em potes quanto tem de açúcar dentro de um refrigerante e quanto tem de óleo num pacote de salgadinho? Eduardo Franca - Por exemplo, vou fazer uma análise em relação ao tabagismo. Essa política de divulgar o que de fato o tabagismo pode trazer, sem dúvida fez com que a população mais jovem deixasse de fumar. As campanhas para que você aborde o uso do cinto de segurança, o próprio consumo de álcool na direção, essas campanhas têm trazido efeitos. Sim, respondo, se as embalagens fossem mais elucidativas, esclarecedoras, fossem reais de fato e não mascarassem o que está por trás, a população ia ter uma noção real, nítida, clara do que é o que ele está consumindo. Se você tivesse noção do consumo de açúcar, dos danos relacionados ao sal e a população tivesse esclarecimento, consumiria muito menos desse tipo de alimento. Espaço Ecológico - O peso da mãe na gravidez tem alguma ligação com a obesidade infantil? Eduardo Franca - Total ligação. A obesidade da mãe muita das vezes, ou o padrão alimentar da mãe, já no intra-útero, cujo bebê a gente chama GIG, ou seja, grande para idade gestacional, esse bebê é fadado a ser um diabético no futuro e a ter um crescimento acima da média da curva ponderal, e ele também é REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

29


fadado a ter, sim, obesidade. Quando a mãe, concomitantemente ao excesso de peso, de nutrição para o bebê, é diabética, esse crescimento é exponencial. Espaço Ecológico - Quais são as estratégias para prevenir a obesidade infantil desde o nascimento? Eduardo Franca - O pré-natal é fundamental. É preciso aliar o pré-natal a uma orientação nutricional e ter a possibilidade da obstetra, ou propriamente da enfermeira do posto saúde, de palestrar sobre isso, dar valores, quebrar aquele tabu de que criança gordinha é criança bonita e criança saudável, isso na verdade já se tem um estigma de uma doença chamada Kwashiorkor, um tipo de desnutrição onde o que a criança é alimentada de maneira excessiva do ponto de vista de carboidratos e ela tem um falso perfil de gordura. As estratégias básicas de explicação para mãe, de acessibilidade da primeira infância, atividades físicas, lúdicas, levar à praça, andar de bicicleta, jogar bola, fomentar campanhas, ter uma visão na televisão de que isso é saudável, isso é salutar e é necessário, sem dúvida nenhuma, muda o comportamento. Se você olha para a praia e ver a oportunidade de caminhar na praia, se você isola aquilo ali, cada vez mais as pessoas se sentem motivadas e vê que aquela rua, que está

30  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

fechada, é hoje uma oportunidade de caminhar. Como aumentaram o número de praças, isso possibilita que uma mãe grávida, uma mãe com seus filhos, enfim, que a população veja essa atividade lúdica como algo saudável. Se você cria esse conceito, uma próxima geração vai colher esse tipo de lucro ou de louro. Então, é fundamental que você traga para a população uma visão de que ter peso saudável, ter atitude de vida saudável, tem, além do ganho obviamente físico, o ganho emocional. Quantas escolinhas de futebol geraram craques, tiraram as pessoas das ruas, da violência, isso é que tem que ser fomentado nesse país. Esse novo presidente que está por vir, os novos governadores que estão por vir, talvez não consigam colher o resultado na primeira gestão, mas deixam uma planta, uma raiz, na verdade, uma semente, plantada para o futuro. Espaço Ecológico - A decisão de retirar refrigerante das escolas foi acertada? Eduardo Franca - Fundamentalmente acertada. Num país, onde a agricultura é o lastro inclusive financeiro, onde temos a variedade de frutas, de legumes e de opções na alimentação saudável, fomentar isso, criar o hábito, educar essas crianças, tirando este consumismo desnecessário de carboidrato

simples, faz toda diferença. A partir daí, se você corta o refrigerante da escola, corta de dentro de casa, a própria Coca-Cola vai entender que é abusivo o uso de açúcar, a oferta de açúcar, e ela tem captado isso. A nível mundial, ela está diminuindo o volume de açúcar, obviamente com uma estratégia de marketing, trocando por adoçantes, nem um pouco saudáveis. Mas, sim, é importante que as pessoas tirem o adoçante, tirem o açúcar do dia a dia e estimulem hábitos alimentares saudáveis e básicos. O consumo local de frutas vai ajudar quem planta frutas, quem vende frutas, quem consome frutas. Isso sem dúvida nenhuma traz muito mais saúde para a população. Espaço Ecológico - Fique à vontade para a mensagem final. Eduardo Franca - Fiquei satisfeito, louvo iniciativas que nos estimulam a interagir com o meio ambiente. Se todos nós fazemos parte do meio ambiente, temos que preservá-lo, o que significa preservar o ser humano. Diria que isso é uma visão de futuro. Acho fundamental plantar esse tipo de mentalidade, para que a gente possa diminuir uma série de agruras, dificuldades que temos de enfrentar hoje e que são passíveis de serem removidas da sociedade, com bom senso, educação e boa vontade.


Jardim Botânico Benjamin Maranhão Um lugar marcado pela

beleza natural e resistência Fotos - Marcela Lopes

Por Meyri Gomes, Marcela Lopes, Cynthia Silva e Alex Márcio

E

m meio à cidade de João Pessoa, capital da Paraíba, habitada por mais de 800 mil pessoas, resistem 517 hectares de Mata Atlântica natural, sendo 343 hectares abrigadas no Jardim Botânico Benjamin Maranhão, local onde a flora e fauna se revelam em um fantástico colorido de flores e de animais livres. O Jardim pertence ao

31  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

Governo do Estado e é administrado pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) desde o ano de 2000. Localizado dentro de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral (UC), classificada como Refúgio de Vida Silvestre Mata do Buraquinho. A UC, dentro das singularidades, consiste atualmente a maior reserva de Mata Atlântica em espaço urbano do País. Com uma flora diversificada a catalogação das plantas é extensa, com mais de tre-

zentas espécies e pouco mais de uma dezena de famílias. A coordenadora do Jardim Botânico, Suênia Oliveira, falou das particularidades da localidade. “Ainda não estimamos o quantitativo da flora existente aqui, por se tratar verdadeiramente de Mata Atlântica natural temos muito que catalogar. Nosso Jardim é diferente em relação aos outros jardins botânicos do País, onde as espécies foram plantadas ou expostas pelo homem. Aqui, temos espécies de REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

31


plantas e árvores, com diferentes períodos de floração”, explicou. De acordo com a bióloga Juliana Coutinho, que pesquisa a botânica do local, a importância do Jardim Botânico, como fragmento de Mata Atlântica, está em assegurar condições necessárias para manutenção de espécies da flora, como também da fauna desse ambiente. “A área apresenta grande relevância biológica que deve ser preservada. O Jardim Botânico exerce o seu papel em promover a conservação da Mata Atlântica da região, coordenando e conduzindo ações, programas de pesquisa e educação ambiental, além de desenvolver e manter coleções documentadas de plantas da Mata Atlântica e outros espécimes apropriados à zona climática do Nordeste”, explicou. Já o Superintendente da Sudema, João Vicente Machado Sobrinho, destacou a importância do trabalho conjunto da população com a autarquia de conscientização da preservação do espaço, por meio da educação ambiental. “Mostrar aos visitantes do jardim a importância da preservação ambiental é criar multiplicadores, cidadãos conscientes e responsáveis por um futuro com menos devastações. São os nossos filhos e netos que herdarão esse planeta e acredito que através da educação ambiental é que as futuras gerações agirão diferentes de nós, no que diz respeito aos cuidados com o meio ambiente”, pontuou. Jardins Botânicos são instituições que mantêm coleções documentadas de plantas vivas, com o objetivo de fomentar a conservação, a exibição e a pesquisa científica, além de promover programas de educação ambiental e o lazer contemplativo. Histórico – A citação da área onde se encontra o Jardim Botânico remonta de 1856 com a denomina-

32  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

Jardins Botânicos são instituições que mantêm coleções documentadas de plantas vivas, com o objetivo de fomentar a conservação

ção de Sítio Jaguaricumbe em registros de terras. Em 1907, o Governo do Estado comprou as terras para iniciar o sistema de canalização do abastecimento d’água da cidade, dois anos depois foi construído o primeiro poço amazonas, para em seguida ser inaugurado o sistema de abastecimento da Capital. No ano de 1940 foi construída a barragem do Buraquinho e em 1953 foi criado o Jardim Botânico Regional, em função do Acordo Florestal da Paraíba, com a finalidade de produção de mudas florestais nativas. A passagem para Área de

Preservação Permanente ocorreu em 1989, o Jardim Botânico Benjamim Maranhão foi finalmente criado no ano de 2000, com inauguração em 2002. Referência para estudos sobre a flora da Mata Atlântica - Boleiras, jacobinas, sabugueiros, mangueiras, perobas e ipês são algumas das espécies vegetais do bioma Mata Atlântica, que visitantes e pesquisadores podem apreciar no Jardim Botânico Benjamim Maranhão (JBBM), em João Pessoa. A identificação do material é realizada com o auxílio de chaves analíticas de mais


de uma informação, diagnoses e descrições encontradas na bibliografia especializada e comparando com material previamente identificado por especialistas.

Projetos

*Semeando a inclusão - Crianças com Transtorno do Espectro Autismo (TEA), foram recebidas para atividades de contato e convivência com a natureza do local. O projeto piloto foi inédito e pretende despertar pontos ainda desconhecidos por parte das crianças, com trabalho de inclusão pedagógica e superação da barreira do isolamento. * Vem brincar no Jardim - Diversão, brincadeiras, sorrisos e conscientização ambiental definem as atividades de férias do Jardim Botânico Benjamin Maranhão de João Pessoa. A criançada, de 4 a 12 anos, participa de trilhas ecológicas, oficinas de amarelinha, bola de gude, peão, bambolê, pula corda, elástico, bolinha de sabão, entre outras. A ação visa resgatar as brincadeiras tradicionais e o convívio dos pequenos com a natureza. *Jardim Educador - Desde 2016, o projeto traz palestras, atividades de campo entre outras ações, objetivando estreitar os laços entre a comunidade, academia e instituição. Em 2018, iniciou-se com a palestra “Liderança Outdoor – como oferecer uma experiência ao ar livre de sucesso”, voltada para Educadores, Biólogos e Turismólogos. Espaço e atividades permanentes – O Jardim Botânico Benjamin Maranhão funciona de terça a sábado, das 8h às 16h30. Os ensaios fotográficos e vídeos se encerram às 16h pontualmente. As escolas e grupos com mais de dez pessoas que quiserem visitar o jardim devem ligar para os telefones: (83) 3218-7880 ou 3218-7881, para realizar agendamento. Todas as atividades são gratuitas. Diariamente, acontecem trilhas. Para fazer a atividade, é obrigatório usar calça comprida e sapato fechado. Nos meses de verão, acontece a Trilha dos Visgueiros (Super Trilha), que sai às 8h30. Para fazê-la, é necessário levar água, passar repelente, ter bom preparo físico e gostar de caminhadas e aventuras. No ano de 2017, mais de 11 mil pessoas visitaram o Jardim Botânico, uma média de 900 visitações mensais. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

33


Na Paraíba, hospital-escola promove ensino, pesquisa inéditas e inovação tecnológica

Dermatologista Esther Bastos Palitot

A

Por Alexandre Nunes

Paraíba tem uma posição de vanguarda quando o assunto é pesquisa e inovação tecnológica e um exemplo marcante é o que acontece na Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP) do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), da UFPB, que desenvolve diversos estudos científicos. Um desses estudos foi o que possibilitou o desenvolvimento de um verniz fitoterápico contendo óleo essencial de planta medicinal

34  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

(Lippia sidoides Cham) como nova opção terapêutica para onicomicose, uma infecção fúngica que acomete cerca de 20% da população. A pesquisa foi apresentada como trabalho de conclusão do doutorado da médica dermatologista Esther Bastos Palitot, junto ao Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais Sintéticos e Bioativos (CAPES nível 6) da Universidade Federal da Paraíba. Esther Bastos explica o óleo de Lippia vem sendo estudado há mais de 10 anos pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares em Biomateriais (NEPIBIO), da UFPB.

“Como ele é rico em timol, já se observou em outros estudos que é eficaz no controle de bactérias e fungos da cavidade bucal. Restava testar se esse efeito na formulação de um verniz seria estável e com potencial de uso na dermatologia. Na dermatologia o uso da Lippia é algo inédito e por isso foi solicitada a patente como garantia de preservação de conhecimento por parte da UFPB”, esclarece. O produto foi avaliado em uma Pesquisa Clínica de fase II com pacientes usuários do Hospital Universitário Lauro Wanderley. O ensaio clínico teve a duração de 45 dias, com 30 participantes na idade média de 56 anos, todos portadores de onicomicose. O verniz experimental apresentou eficácia semelhante ao verniz com antifúngico tradicional (ciclopirox olamina). O verniz antimicótico foi patenteado com BR 10 2017 018692 0 pela Agência UFPB de Inovação Tecnológica (INOVA-UFPB). A pesquisadora Esther Bastos espera que, em um ano, o produto já esteja disponível para a população. “Nosso grupo de pesquisa enviou um projeto para um edital de pesquisa clínica do CNPq e já foi aprovado. Nesse edital, o projeto vai integrar um portfólio de prioridades do Ministério da Saúde para financiamento e apoio para pro-


dução do medicamento - fase III e IV de pesquisa clínica. Em adição, a INOVA da UFPB já demonstrou interesse em viabilizar a produção do medicamento com produção do óleo (matéria-prima) de maneira sustentável e aqui mesmo na Paraíba”, comemora. Esther explica que a pesquisa foi sua tese de doutorado do Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioatiavos da UFPB, conceito 6 de excelência pela CAPES. “A execução da parte da pesquisa clínica foi realizada no Setor de Dermatologia, em conjunto com o Setor de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PesqInTech), da Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP), do Hospital Universitário Lauro Wanderley, filial da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), uma estatal vinculada ao Ministério da Educação”, detalha. A Ebserh administra atualmente 39 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

Segundo revela a pesquisadora Esther Bastos Palitot, a Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP), por meio do Setor de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PesqInTech) do Hospital Universitário Lauro Wanderley, além do verniz antimicótico, firmou um acordo de cooperação com a Fiocruz - Biomanguinhos para pelo menos mais três pesquisas ainda esse ano, a exemplo do teste de usabilidade do kit de HIV-AIDS. “Trata-se de uma pesquisa que tem por finalidade verificar o entendimento dos indivíduos que vão fazer uso do kit para identificação de portadores de HIV vendidos nas farmácias”, informa. A segunda é uma avaliação de medicamento para úlceras em pés de pacientes diabéticos: pesquisa a ser realizada no setor de endocrinologia do Hospital Universitário Lauro Wanderley. Na terceira, o Hospital Universitário Lauro Wanderley dá suporte à pesquisa de vacina de febre amarela no município do Conde. “A Paraíba é uma área livre de febre amarela e, portanto, é onde se faz o teste de um grupo-controle”, observa Esther Bastos.

PesqInTech desenvolve outros projetos inovadores

Pesquisa envolve universidade e município do Conde

A pesquisa de verniz fitoterápico, com seus resultados animadores, tem causado um impacto positivo em toda a comunidade acadêmica e estimulado novos pesquisadores a desenvolverem projetos inovadores voltados para o bem-estar da população.

A pesquisa “Estudo clínico da imunidade contra a febre amarela após uma dose de vacina em crianças e adultos: estudo de corte em área não endêmica” tem como principal objetivo, o acompanhamento de pacientes voluntários que foram vacinados contra a doença, e ava-

liar se no período de dez anos após o recebimento da dose da vacina, o paciente permanece imune à doença ou se existe alguma alteração no sistema imunológico. A vacina é aplicada em crianças a partir dos 09 meses de idade e em adultos voluntários que passam a ser acompanhados pelas equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e juntamente com as equipes da Fiocruz e UFPB vão avaliar até quanto tempo o participante fica imune à doença. Os resultados acerca da eficácia da vacina podem servir de base para outros estudos, sejam nacionais ou internacionais. Sobre a Pesquisa A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida por um mosquito. Com a realização da pesquisa no município de Conde, o objetivo é obter um melhor entendimento da duração da proteção da vacina. A pesquisa está sendo realizada na cidade do Conde e vai acompanhar cada voluntário participante durante um período de 10 anos, onde será avaliada a eficácia da vacina no sistema imunológico do paciente no período. No Conde, as Unidades Básicas de Saúde Neves e Conceição foram às selecionadas para a realização da pesquisa. Ela informa a existências de mais pesquisas, como a do desenvolvimento de medicamento para o controle da asma, com apoio do CNPQ, e de um projeto já cadastrado na Gerência de Ensino e Pesquisa relacionada a um centro de pesquisa em alergias. REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO |

35


14 ANOS

Uma aula de Sustentabilidade e Meio Ambiente

Programa Espaço Ecológico | FM 105.5 | Todos os sábados das 8h às 9h www.espacoecologiconoar.com.br 36  | REVISTA ESPAÇO ECOLÓGICO

www.facebook.com/EspacoEcologico


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.