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Quantificação Integrada de Resiliência: Premissas Alinhadas ao Acordo de Paris
Realizamos as simulações do valor presente líquido do nosso portfólio no cenário Base, através de sensibilidade ao preço do Brent e ao preço do carbono dos cenários externos de referência (STEPS, APS e NZE). O impacto total em cada cenário é a soma dos dois resultados, conforme discutido a seguir:
Para testar a resiliência de nossas premissas, realizamos simulações do impacto dos cenários da Agência Internacional de Energia no valor do nosso portfólio, em atendimento às recomendações do TCFD.
Considera impacto do preço do Brent somente no segmento de E&P. Efeito do preço de carbono antes de impostos.
Nota: O cenário STEPS considera preços de carbono apenas para mercados já regulados, sem definição deste preço para o Brasil e, consequentemente, sem impactos desta variável no valor do portfólio.
O cálculo de sensibilidade ao preço de petróleo considera o impacto do preço do Brent somente no segmento de E&P e manutenção das margens dos demais segmentos. Para cálculo do efeito do preço de carbono considera-se a adoção de um futuro mercado regulado de créditos de carbono baseado em referências internacionais de mercados já em operação (Europa, EUA e China), uma vez que ainda residem muitas incertezas a respeito do funcionamento de um futuro mercado de carbono no Brasil
Utilizando as premissas do cenário externo STEPS, tendo em vista os maiores preços de petróleo, haveria aumento no valor do portfólio em relação ao calculado com as nossas premissas do cenário Base (68%). Na comparação com o cenário externo APS, que já considera a taxação de carbono para países ainda não regulados, como o Brasil, e o balanço com o preço mais alto de petróleo, ainda haveria impacto positivo (23%) no valor do portfólio calculado com as premissas internas.
Os resultados refletem premissas de preço conservadoras dos nossos cenários internos adotados no Plano Estratégico 2023-2027, assim como nossa escolha estratégica de portfólio com alta resiliência à volatilidade de preços frente à transição energética.
A adoção de premissas de preços mais conservadoras tem como objetivo direcionar os investimentos para ativos que são resilientes ao mundo alinhado com os objetivos do Acordo de Paris. Como referência externa à nossa avaliação de resiliência utilizamos o cenário NZE. Este cenário modela alterações significativas no perfil de demanda de energia para alcançar a neutralidade em 2050 (50% probabilidade limitar o aumento de temperatura a 1,5 ºC). Se comparada a quantificação pelo nosso cenário base com o cenário NZE, observa-se que haveria impacto negativo de 82% no valor presente líquido (VPL) do nosso portfólio, tanto pela incidência dos preços de carbono quanto pelo preço de petróleo. No entanto, quando comparamos com o nosso cenário resiliência, o impacto negativo é de 39%, devido ao efeito combinado da diferença entre as curvas de preço de Brent e das premissas para a incidência de preço de carbono.
Ressaltamos que, apesar do preço de longo prazo de petróleo de nosso cenário Resiliência ter trajetória semelhante ao cenário NZE, nossa projeção de demanda por petróleo é superior (57 milhões de barris de petróleo/dia contra 23 milhões de barris de petróleo/ dia, em 2050).
Existem muitas incertezas a respeito da forma e da dinâmica de um futuro mercado de carbono no Brasil, não existindo informações suficientes e confiáveis sobre intenções futuras dos reguladores que permitam considerar o impacto do preço de carbono na valoração de nosso portfólio para fins de estimativas contábeis. No entanto, usamos curvas de preço de carbono associadas aos cenários internos nas análises de risco de portfólio, em análises de sensibilidade de projetos de investimento e na avaliação de elegibilidade para uso do Fundo de Descarbonização.
A Agência Internacional de Energia utiliza um modelo de otimização bottom-up de oferta e demanda de energia, considerando na análise um mix de combustíveis e tecnologias sob uma ótica de minimização de custos, restrições técnicas, econômicas e regulatórias.
Para modelar a oferta de petróleo, a produção para cada país ou grupo de países é projetada de acordo com o tipo de ativo nos quais os investimentos são realizados: campos maduros, novos campos e projetos não convencionais. A lucratividade de cada tipo de projeto é baseada em premissas sobre o custo de capital e operação dos diferentes projetos. Os projetos são priorizados pelo valor presente dos respectivos fluxos de caixa, sendo que os mais rentáveis são desenvolvidos para suprirem a projeção do gap de oferta de produção nos diferentes cenários.
Os resultados publicados no WEO 2022 indicam que novos projetos em águas ultraprofundas no Brasil representam um importante papel no atendimento à demanda de energia (IEA, 2022). Projetam um aumento de 45% na produção do país em 2030, em relação a 2021, no cenário APS (alinhado ao Acordo de Paris), indicando a competitividade da região refletida nos baixos custos e alta eficiência da produção.
Cen Rios E Resili Ncia
Apesar do menor consumo previsto de óleo e gás em todos os cenários, com o declínio natural dos campos de petróleo existentes, novos investimentos são necessários para atendimento da demanda esperada a fim de evitar choques de oferta, e consequentemente, de preços. Utilizamos dados da Agência Internacional de Energia e da S&P Global para testar o alinhamento de nossos projetos aos objetivos do Acordo de Paris. De acordo com a metodologia de menor custo, ou Least Cost Methodology (LCM), a oferta potencial de óleo e gás é comparada à demanda projetada para um determinado cenário, onde novos projetos são graduados de acordo com o breakeven cost, sendo então agrupados para atendimento à demanda pelo menor custo de oferta.
A análise indicou que nossos projetos sancionados, mas que ainda não entraram em operação, e não sancionados, estão alinhados a uma projeção de retração da demanda compatível com o cenário APS da AIE em 2030. De acordo com os dados globais da S&P Global, nossos projetos são resilientes e possuem breakeven médio abaixo de US$ 40 por barril. A metodologia do cálculo do breakeven da S&P inclui custos de exploração, desenvolvimento e operação do campo, em visão prospectiva (point forward). Custos de descomissionamento não são considerados, assim como valores residuais. O valor de breakeven calculado internamente pela Petrobras é inferior ao valor estimado pela metodologia da S&P.