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Riscos Relacionados às Mudanças Climáticas e Transição Energética

Mercado

>No mundo: aumento da demanda por energia e produtos com menor intensidade de carbono levando à redução da demanda por petróleo e consequente queda de preços dos produtos fósseis. Preferência por produtos fósseis com menor intensidade de GEE nos processos produtivos.

>No Brasil: a demanda de nossos produtos pode ser afetada especialmente pelo aumento da demanda por combustíveis alternativos, também estimulados por Políticas Públicas como o programa RENOVABIO.

Médio a longo prazo

>Acompanhamento e avaliação do risco de redução de demanda de nossos produtos em função da transição energética, estimando seus possíveis impactos

>Análise de valor e resiliência do portfólio em comparação com cenários de transição acelerada

>Least Cost Methodology

>Seis compromissos de sustentabilidade em carbono, com visão de curto e médio prazo e ambição de neutralidade em 2050

>Desenvolvimento e oferta de produtos com menor emissão no ciclo de vida e/ou conteúdo renovável, no âmbito do Programa BioRefino

>Aprofundamento de estudos em eólica offshore, hidrogênio e CCUS dentro da estratégia de Diversificação Rentável.

>Investimento em P&D de baixo carbono

Tecnológico

>Perda de competitividade pela não implementação ou implementação de tecnologias pouco eficazes ou pouco custoefetivas para redução de emissões de nossas operações e produtos

Médio a longo prazo

>Acompanhamento do avanço tecnológico em fóruns externos

>Provisão de recurso financeiro através do Fundo de Descarbonização para acelerar a incorporação de opções tecnológicas para a mitigação de emissões

>Programa Carbono Neutro, especialmente a frente de Disrupção

Regulatório

>Aumento de exigências de controle das emissões de GEE nos processos de licenciamento, que podem causar restrições operacionais e penalidades financeiras às nossas atividades

>Complementação da regulação para a adoção de um instrumento de precificação de carbono no Brasil, considerando os seus diversos aspectos e possíveis formatações

Médio prazo

>Monitoramento do risco regulatório com avaliação dos potenciais impactos e oportunidades

>Seis compromissos de sustentabilidade em carbono, com visão de curto e médio prazo e ambição de neutralidade em 2050

GOVERNANÇA, INCENTIVOS E GESTÃO DE RISCOS

Categoria do risco Fator de risco Descrição e impacto Horizonte de tempo Ações

> Monitoramento e avaliação periódica dos resultados nos diferentes níveis de governança da companhia, incluindo a Alta Administração.

Riscos de Transição Legal e Reputacional >Litígios e/ou perda de reputação por não atendimento de compromissos climáticos Médio prazo

>Investimento em transparência: adoção das recomendações do TCFD como referência na divulgação de informações relacionadas ao tema; resposta e acompanhamento de nossos resultados nos diversos índices de avaliação externa, como o CDP e DJSI realizando análise de gaps para melhorias; diálogo pleno com investidores e sociedade sobre nossas estratégias e posicionamento sobre a mudança do clima e transição energética, através do Caderno do Clima, Relatório de Sustentabilidade, website, eventos bilaterais, dentre outros

>Promoção da responsabilidade social e ambiental associada ao negócio, gerando impacto positivo na sociedade e no meio ambiente, fortalecendo a nossa reputação.

>Avaliação do risco de escassez hídrica nas instalações terrestres.

Riscos físicos

Escassez hídrica >Redução de disponibilidade hídrica afetando instalações onshore

Médio a Longo prazo

>Compromisso de sustentabilidade de redução de 40% da nossa captação de água doce até 2030, monitorado pela governança da Companhia, incluindo a Alta Administração.

Alterações meteoceanográficas

>eventos climáticos extremos podem gerar impactos nas instalações e operações

>mudanças em padrões de ventos, ondas, correntes podem alterar as condições de operacionalidade de nossos ativos

Longo prazo

>Estudos para melhoria da previsibilidade das alterações climáticas físicas

>Atualização das normas e especificações técnicas de meteoceanografia incorporando as projeções climáticas futuras;

>Adaptação das instalações existentes e incorporação da variabilidade climática nos projetos de novos empreendimentos

Estudo de risco de precificação

A quantificação do risco de precificação de carbono foi feita a partir de simulações do valor do portfólio que levaram em consideração a possibilidade de implantação de um mercado de carbono no Brasil. Foi estudado o impacto do custo decorrente de um possível sistema cap and trade nacional como instrumento de contenção de emissões operacionais. Atualmente, mais de 97% das nossas emissões operacionais ocorrem no Brasil, razão pela qual nossas análises consideram as características e perspectivas específicas do Brasil nos nossos preços de carbono utilizados em cada cenário.

Apesar da publicação do Decreto n° 11.075/2022, a definição do instrumento a ser adotado no Brasil ainda está em tramitação no legislativo federal, sendo que os setores e segmentos regulados serão definidos pelo poder executivo.

Consideramos neste estudo a implantação gradual do instrumento e faixas de valores que variam no tempo desde US$ 0/tCO2 até US$ 130/tCO2 dependendo do cenário.

Nossa estratégia de investimentos incorpora a avaliação dos riscos de transição. Os impactos da taxação de carbono no Valor Presente Líquido (VPL) fazem parte da análise de sensibilidade do processo de avaliação dos novos investimentos, sendo necessário que todos possuam VPL positivo em todos os cenários corporativos. Além da análise determinística de VPL nos diversos cenários estratégicos e da análise de sensibilidade de taxação de carbono, são conduzidas análises estocásticas de risco considerando

Impactos físicos das Mudanças Climáticas

Avaliamos o risco físico associado às mudanças climáticas em nossas operações por meio de pesquisa e desenvolvimento da regionalização do clima, com instituições renomadas no Brasil e no exterior (Universidade de São Paulo – USP, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e National Oceanic and Atmospheric Administration – NOAA), de parâmetros considerados potencialmente mais suscetíveis a essas alterações, como disponibilidade de água para nossas refinarias e termelétricas, e padrões de ondas, vento e correntes oceânicas para nossas plataformas, gerando informações qualificadas para o processo de adaptação de nossas operações das bacias do sudeste (Campos, Santos e Espírito Santo).

Para as variáveis ambientais na região oceânica, contamos atualmente com a parceria tecnológica do IAG/USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, IAG) para simular as condições atmosféricas, a circulação oceânica e as ondas futuras sob o efeito das projeções climáticas RCP 4.5 e RCP 8.5 dos Modelos de Sistema Terrestre MPI e HadGEM, utilizando downscaling dinâmico para representação adequada dos fenômenos físicos de interesse das Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo (92% da produção esperada para 2022 está concentrada nestas bacias) a partir dos modelos regionais atmosféricos RegCM4 e WRF e do modelo de ondas WW3. O horizonte de tempo para essas simulações é 2060, com lapso de tempo de 10 anos. Também foram analisadas neste estudo as rodadas de projeções climáticas de 4 modelos de alta resolução do CMIP6 (HighResMIP): HadGEM3-GC31-HM, MRI-AGCM3-2-S, MPI-ESM1.2-XR e ECMWF-IFS-HR.

Em relação às tendências futuras de ventos médios anuais sobre as bacias do sudeste, tanto nas simulações selecionadas do HighResMIP do CMIP6 (SSP5-8.5) quanto nas simulações regionais desenvolvidas para o cenário RCP8.5, observou-se que apenas o HadGEM3 outras incertezas que podem impactar a rentabilidade dos projetos de investimento: preços de petróleo, preços do gás, preços de derivados, taxas de câmbio, custo de investimento, custos operacionais, cronograma de implantação, curva de produção e demanda pelos produtos.

>> Ver Capítulo Cenários e resiliência, Estratégias e portfólio projeta aumento de até 0,3 m/s. Em contraste, a maioria das projeções do projeto mostram tendência de diminuição da intensidade dos ventos entre 25°S-35°S sobre o Atlântico próximo ao continente nas simulações do RegCM4 e entre 15°S-25°S nas do WRF. Ambas as simulações projetam diminuição dos ventos acima do percentil 80% para o período inteiro (2005-2060).

Em relação às tendências sazonais de ventos e ondas, os resultados indicam que não há uma tendência expressiva de mudança do comportamento médio até 2060, apresentando ligeiras tendências de redução e aumento com magnitudes e alturas significativas inferiores a 0,5 m/s e 0,75 m respectivamente. Entretanto, ao avaliar o comportamento da tendência de extremos de vento, verifica-se uma tendência de um ligeiro aumento da frequência de casos de eventos com velocidades superiores ao percentil de 95% para todas as bacias. Na bacia de Santos, velocidades próximas a 15 m/s ocorrem mais frequentemente para o futuro próximo (2006-2030).

Como avanço na incorporação destes resultados nos nossos projetos e operações offshore, foi realizada uma análise da influência destas projeções climáticas nas estimativas de extremos representados nas Especificações Técnicas de meteoceanografia vigentes para as regiões de Tupi (Bacia de Santos), Marlim (Bacia de Campos) e Jubarte – Parque das Baleias (Bacia do Espírito Santo). Em termos gerais, verifica-se que a metodologia aplicada para estimativa de extremos com os dados históricos de referência destas regiões, já apresenta uma abordagem conservadora que contempla a variabilidade identificada nas projeções climáticas futuras desenvolvidas na regionalização climática. Esse resultado permite estimar que as estruturas offshore das bacias do sudeste, que totalizam o maior percentual de produção da companhia, foram dimensionadas de forma adequada à vida útil a que foram projetadas, estando resilientes às alterações climáticas previstas.

GOVERNANÇA, INCENTIVOS E GESTÃO DE RISCOS

Outra iniciativa em andamento é o desenvolvimento de um sistema de indicadores de riscos físicos climáticos para as instalações costeiras e offshore, seguindo o exemplo do indicador desenvolvido para risco hídrico das unidades onshore. Ele tem por objetivo a integração da avaliação dos efeitos climáticos através de indicadores de confiabilidade dos parâmetros de projeto, definição de indicadores operacionais com melhoria da estimativa de risco de interrupção de operações de offloading.

Gestão de riscos de escassez hídrica

A disponibilidade de água doce é essencial para as nossas operações, tanto nos processos de produção e processamento de óleo, gás e derivados, quanto nos sistemas de resfriamento e para a geração de vapor. Além do crescimento populacional e do consumo, as mudanças climáticas – e o consequente aumento de eventos extremos, como secas e inundações – pressionam a disponibilidade hídrica atual e futura em várias regiões do mundo.

Dessa forma, é necessário que tenhamos mecanismos desenvolvidos de gestão dos riscos de escassez hídrica para as nossas instalações. Para tanto, realizamos o inventário de uso de recursos hídricos, que abrange todas as nossas instalações usuárias de água – tais como refinarias, térmicas e ativos de produção – e contamos com algumas ferramentas de mapeamento e avaliação de risco hídrico:

> WRI’s (World Resources Institute) Aqueduct Water Risk Atlas, é aplicado anualmente para todas as nossas instalações em terra.

> Índice de Risco de Escassez Hídrica (IREH), é revisitado a cada dois anos, para um conjunto em torno de 45 instalações identificadas como prioritárias para o mapeamento. Nesse conjunto, são abrangidas todas as refinarias e térmicas, além dos ativos de produção e terminais considerados como mais relevantes para a avaliação. O IREH é uma ferramenta de risco interna, desenvolvida em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que considera aspectos de disponibilidade hídrica, vulnerabilidades da bacia hidrográfica e resiliência das nossas instalações.

Além disso, recentemente foi desenvolvido um Sistema de Suporte à Decisão, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), o qual permite a criação de cenários de disponibilidade hídrica utilizando dados projetados de precipitação5 e cobertura do solo para análise do risco e vulnerabilidade no atendimento às demandas de água em nossas unidades. Foram definidas três refinarias, de diferentes características hidrológicas e áreas de abrangência, como unidades piloto para o desenvolvimento do sistema: REPLAN, REPAR e RNEST. Com a conclusão dos pilotos em 2022, avançaremos na implementação do sistema, que será mais um recurso importante para a melhoria contínua da nossa gestão de riscos hídricos.

Além disso, realizamos avaliações de riscos físicos de nossas operações devido as alterações na circulação hidrodinâmica (correntes e vórtices) e constatamos que, ao longo da vida útil de nossos ativos, a magnitude dos impactos está dentro dos parâmetros de segurança já considerados em nossos projetos.

A partir do mapeamento dos riscos de escassez, avaliamos as possíveis ações para sua mitigação ou adaptação a estes. Dentre as ações desenvolvidas ou planejadas estão:

> Estudos aprofundados e em nível local (nível da instalação e bacia hidrográfica) de avaliação de disponibilidade hídrica atual e futura. Envolvem também a identificação de fontes alternativas de captação, tanto locacionais quanto tecnológicas, como reuso.

Em 2022, concluímos estes estudos para 26 instalações prioritárias, dentre refinarias, térmicas e ativos de produção onshore:

> Estudos para a otimização do uso da água, como, por exemplo, otimização dos sistemas de resfriamento em térmicas prioritárias.

> Carteira de ações e projetos que suportam o atingimento do nosso Compromisso de Sustentabilidade em água. Estas ações são focadas no reúso e complementadas por medidas de redução de perdas hídricas ou de adoção de fontes alternativas de água. A evolução de tais ações e projetos é acompanhada periodicamente pela nossa estrutura de Governança em SMS e pela Diretoria Executiva.

Com isso, nossa gestão de riscos de escassez hídrica vem obtendo reconhecimentos externos importantes. Em 2022, obtivemos nota máxima em gestão de “Riscos Relacionados à Água” (pelo 4º ano consecutivo) no Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI World) e o conceito A(Liderança) no CDP Segurança Hídrica (2º ano consecutivo), o qual avalia a gestão de tais riscos em conjunto com outros aspectos relativos à segurança hídrica da companhia.

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