CORDAS: Revista Online da ESTA Portugal, 2019

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Cordas Revista online da ESTA PORTUGAL Outono 2019, Vol.3

Experiências pedagógicas por Johannes Lievaart Tecnologia

Electrifying yourself, por Steve Bingham

Saúde e Criatividade por Pedro de Alcantara

ISSN 2184-1985


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Editorial

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Boas-vindas

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Experiência pedagógica

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Tecnologia:

por Johannes Lievaart Electrifying yourself

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Iniciativas em destaque:

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Saúde e Criatividade

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Investigação

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Aprender na ESTA:

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Livros:

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Torne-se sócio

Encontro de Pedagogia do EAE da Música

Estratégias de interação entre pais-professor-aluno na aprendizagem da viola d’arco ESTA UK Summer School

O ARCO - Contributos Didáticos para o Ensino do Violino


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Associação ESTA Portugal Direção Presidente Jorge Alves Secretário Clarissa Foletto Tesoureiro Luzia Lapo Mesa da Assembleia Geral Presidente Nuno Arrais Primeiro Secretário Madalena Cabral Segundo Secretário Bruno Sousa Conselho Fiscal Presidente Ana Sofia Mota Primeiro Secretário Luis Cunha Segundo Secretário Adélia Certo Contactos gerais Rua Professor Egas Moniz, número 13, 2º Dtº 3810-153, Aveiro Tel. 937601778 estaportugal@gmail.com estaportugal.pt Revista CORDAS Editores Clarissa Foletto, Luzia Lapo, Nuno Arrais e Jorge Alves Designer Ana Luz Produzida e editada pela Associação ESTA Portugal

As afirmações e opiniões publicados na revista CORDAS são de responsabilidade dos autores e não necessariamente expressam a visão da ESTA Portugal. A ESTA é uma organização não governamental com status consultivo do conselho da Europa. A ESTA Portugal é uma associação sem finslucrativos registada com o número NIPC 513105980 com sede na Rua Professor Egas Moniz, número 13, 2º Dtº, 3810-153 Aveiro, Portugal


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EDITORIAL

Em cada edição da nossa revista fazemos um exercício de equilíbrio entre a variedade temática e a profundidade do trabalho dos nossos autores e entrevistados. Nas conversas que vimos mantendo com os colegas que lêem as nossas publicações e com aqueles que participam nas atividades promovidas pela ESTA Portugal, apercebemo-nos de que há um grande interesse pelos assuntos que temos escolhido, especialmente em artigos sobre perspectivas e técnicas de ensino inovadoras, nomeadamente aquelas que contém algum background científico.

Na presente edição vemos plasmada mais uma vez essa diversidade relevante para a profissão de professor de cordas, como a partilha de experiências pedagógicas (Johannes Liverat), a tecnologia associada à utilização de violinos eléctricos (Steve Bingham), a prática integrada da saúde e da criatividade (Pedro de Alcântara) ou uma investigação sobre a interação pais-professor-aluno na aprendizagem da viola d’arco (Ana Sofia Sousa). Também não deixamos de dar destaque a outras iniciativas importantes, desta feita as VI Jornadas de Pedagogia no Ensino Artístico Especializado da Música (Sofia Serra), a ESTA UK Summer School (Hazel Veitch) e a publicação do livro O Arco: Contributos Didáticos para o Ensino do Violino (Ana Catarina Pinto).

Em cada edição da nossa revista fazemos um exercício de equilíbrio entre a variedade temática e a profundidade do trabalho dos nossos autores e entrevistados.

O fio condutor desde a primeira edição (2017) tem sido procurar responder aos interesses e necessidades dos nossos associados. Esperamos que encontrem nestas páginas mais algumas dessas respostas. Deixamos ainda o convite à contribuição com ideias e artigos para as próximas edições da Revista CORDAS, tornando-a cada vez mais rica e mais nossa.

Nuno Arrais, Jorge Alves, Clarissa Foletto e Luzia Lapo


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A 3ª edição da Revista da ESTA já está disponível! Setembro, mês de início de ano letivo, é o escolhido para o nascimento de mais um número.

O ensino da música vive de uma constante necessidade de inovação que só pode ser enriquecida com o contributo de quem nele trabalha e se esforça para que Portugal seja uma referência no panorama musical internacional. E a revista CORDAS quer ser esse meio para potenciar e veicular essa inovação. Há preocupação em abordar temas pertinentes, de forma a serem acolhidos pelos leitores com muita curiosidade. A criação da delegação Portuguesa da ESTA é a maior evidência que a formação contínua e a partilha de saberes e experiências andam lado a lado. É de uma equipa fortemente empenhada, dedicada e atenta às necessidades desta profissão, que esta revista tem a dinâmica crescendo. Os colaboradores e equipa editorial merecem um forte obrigada e a Luzia Lapo merece um especial destaque pela forma como se envolve neste projeto e pela brilhante postura como representou Portugal na ESTA – Cremona 2019.

Boas leituras, Adélia Certo


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EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA Um dia maravilhoso em Portugal Johannes Lievaart Teacher Trainer and examiner of the European Suzuki Association

No dia 13 de Julho a ESTA Portugal convidou-me a passar um dia inteiro em Aveiro para apresentação do Método Suzuki a professores de cordas. Vieram professores de cordas de todo o país passar o dia connosco que demonstraram grande interesse pela temática. Para além de professores de violino e viola, havia professores de violoncelo e contrabaixo. A ESTA deu-me liberdade total para organizar o evento, por isso comecei por fazer uma introdução ao Suzuki: o que é exactamente Educação de Talentos, como funciona, como se estrutura e quais são as principais diferenças em relação aos métodos tradicionais. Também mostrei alguns vídeos dos meus alunos em concerto. A filosofia Suzuki defende que o talento pode ser desenvolvido em qualquer aluno. É uma questão de usar os métodos adequados, começar o mais cedo possível, e trabalhar árdua e afincadamente. Os meus alunos parecem ser de facto talentosos, mas nenhum foi antecipadamente testado e as desistências são raras na minha classe. Suzuki ensina o aluno a ouvir e construir a sua prática instrumental baseada na audição. Isto pode soar muito lógico, mas comparado com outros métodos, Suzuki aprofunda-o ainda mais, o que se reflete nos resultados deste método. A segunda parte da minha apresentação foi sobre o ensino de crianças pequenas. As crianças são como máquinas de aprender: tudo o que fazem é explorar o mundo à sua volta. Mas estas não aprendem de forma académica, de resto, a forma como os professores aprenderam a ensinar. Por isso temos que observar as crianças muito atentamente e encontrar outras formas de fazer passar a nossa mensagem. Claro que também trabalhamos com os pais. Aqui o aspecto central é: como instruir os pais de forma a alcançar bons resultados.


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Depois do almoço falei sobre a técnica de arco Suzuki. Suzuki desenvolveu o seu sistema de arco ouvindo grandes artistas do passado e adequando o método de construção desta técnica aos alunos de iniciação. No entanto, esta metodologia revela-se eficaz também para solucionar problemas de alunos mais avançados. Mais uma vez, ouvir é fundamental, mesmo para os alunos mais novos. No final do dia expliquei a estrutura da formação Suzuki para professores na Europa e os participantes tocaram algumas peças onde praticaram algumas técnicas Suzuki. Acabamos por constatar que grande parte dos participantes no evento estavam interessados em ser professores Suzuki. Para mim foi muito encorajador. Para dar início a uma formação de professores em Portugal será necessário haver uma organização nacional ligada à European Suzuki Association. Desde a minha visita constatei também que em Portugal que existem muitos interessados no método Suzuki para piano e para flauta. Entretanto a European Suzuki Association já designou um dos seus dirigentes para coordenador em Portugal, por isso nada nos impede de começar! Para os leitores deste artigo interessados nas minhas palestras, a ESTA poderá fazer chegar alguns prospectos com informação sobre os diversos tópicos desenvolvidos neste dia.


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Electrifying Yourself! Por Steve Bingham

Como professores, tenho a certeza de que muitos de vocês se irão deparar com alunos que querem “eletrificar” a sua prática de violino. Este artigo tem como objetivo ajudar esses alunos a responder às duas principais questões que tantas vezes me têm feito: “o que preciso?” e “o que posso tocar?”...

O que eu preciso? Em primeiro lugar: “o que preciso?” Tal como na compra de quase todos os instrumento há disponível uma grande gama de modelos e preços. A questão pode ser dividida em três áreas básicas: o instrumento, a amplificação e os acessórios.

Em primeiro lugar, na minha opinião, escolha um instrumento com que se sinta confortável. Isso permitirá que consiga tocar no seu melhor.

O instrumento: É a nossa primeira paragem e existem inúmeras opções. Os violinos elétricos podem ter 4, 5, 6 ou até 7 cordas, e existem também violinos baixos que têm cordas uma oitava abaixo. Inicialmente, a não ser que se tenha um objetivo musical específico em mente, ignoraria os violinos baixos bem como os de 6 e 7 cordas. Quanto mais cordas se adicionar, mais o instrumento se vai transformando em algo diferente, bastante mais difícil de simplesmente pegar e tocar. Eu costumo usar um violino de cinco cordas, mas se quiserem seguir este caminho é melhor experimentarem os instrumentos, pois o espaçamento das cordas pode variar bastante, o que dá uma sensação muito diferente no seu manuseamento. É útil ter o alcance extra que uma corda dó permite (adicionando a brincadeira que se pode fazer com os amigos violetistas!), mas pode tornar-se difícil de tocar e quando se usam partituras, pode ser complicado ler a alternância entre as claves sol e dó. Há uma grande abundância de violinos elétricos no mercado e muitas vezes parecem fascinantes - com as suas mais diversas formas e cores. Não deixem que isso vos influencie muito! Em primeiro lugar, na minha opinião, escolha um instrumento com que se sinta confortável. Isso permitirá que consiga tocar no seu melhor. Além disso, importa a qualidade do som, que também é influenciada pelo design, mas essencialmente pelo pickup e pelas outras componentes eletrónicas. Inicialmente pode ser muito difícil decidir qual é o melhor tipo de som, pois a qualidade da amplificação usada também tem um impacto enorme. Mas no final, e particularmente se este é o seu primeiro instrumento elétrico, apoio firmemente a opinião de que o conforto é tudo.


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O preço é algo que sem dúvida deveremos ter em consideração. Com instrumentos elétricos nem sempre se dá o caso de que o que compramos vale o que pagamos. Os instrumentos podem custar desde algumas dezenas até várias centenas de euros. Tive alunos que ficaram completamente satisfeitos com os seus instrumentos Yamaha, pela construção sólida a um preço razoável. Nos orçamentos mais elevados muitas vezes estamos a pagar o design espetacular ou o nome do construtor. Eu toquei em vários instrumentos diferentes mas os meus favoritos, por agora, são os de preço médio (a começar abaixo dos 1000 euros), instrumentos da Bridge Violins. São instrumentos muito bem construídos e com um som soberbo. Finalmente, não esqueçam que facilmente podem amplificar um violino acústico usando um pickup dos muitos disponíveis no mercado, esta poderá ser mesmo a melhor opção para alguns violinistas. Dica útil: se tiverem um instrumento de 5 cordas e usarem uma almofada de violino, fará uma enorme diferença ajustar a altura pois ajudará a encontrar a inclinação ideal para tocar confortavelmente. Amplificação: para além de nos dar a possibilidade de estudar sem perturbar os vizinhos, um violino elétrico, sem amplificação, é totalmente inútil! Ao contrário do que se passa na compra do instrumento, no caso da amplificação compra-se exatamente o que se paga; e é possível pagar muitíssimo se assim o quiserem! Para o melhor som em qualquer gama de preços é necessário escolher equipamento destinado à tessitura adequada, por isso um bom amplificador para guitarra normalmente funcionará bem. Amplificadores de teclados também podem funcionar para o efeito. Em larga medida, o que obterá depende da forma como pretende utilizar o seu novo instrumento: comprar um sistema completo de PA, amplificador independente e grandes colunas, pode vir a ser útil para grandes apresentações, mas não para utilizar em casa ou em pequenos espaços. Assim como um amplificador barato de guitarra da loja de música mais próxima não vai funcionar para uma performance numa grande sala de concertos! Experimente sempre os amplificadores antes de comprar, e escolha o melhor que conseguir pagar. Se não tiver certeza de quanta potência vai necessitar, eu aconselharia começar com amplificador portátil decente de guitarra, como um AER Compact 60. Este funcionará bem para pequenos eventos já que, normalmente nas grandes salas há sempre um sistema PA ao qual nos podemos ligar. Há ainda algo mais a ter em consideração se, como eu, quiser usar imensos loops. Uma linha de violino soa bem

vinda de uma única fonte sonora, como um pequeno amplificador, mas assim que adicionamos mais vozes (eu tenho uma peça em que uso mais de vinte loops) tudo pode ficar misturado e acabar por não ser claro. Opto por utilizar duas colunas pré-amplificadas configuradas em stéreo, de forma que, nas minhas performances ao vivo, posso direcionar o som para a esquerda, para direita ou para o centro. Também uso um pequeno amplificador como monitor de palco, para ter a certeza que consigo ouvir claramente os meus loops, o que é vital para o timing de sincronização!

(...) a maioria das pessoas gosta de ter a possibilidade de manipular de formas diferentes o som que produzem, e há um vasto conjunto de equipamentos disponíveis

Dica útil: se o vosso instrumento tiver controlo de volume, devem regular o sinal para o mais alto possível antes de aumentar o volume no amplificador. Também devem estar atentos para não elevarem demasiado os baixos no amplificador, resultando normalmente na projeção de demasiado ruído do arco. Os acessórios: Usando o vosso violino elétrico já podem fazer música ( e muito forte, se ligarem o amplificador bem alto!) . Para alguns isto será suficiente: se só necessitam de aumentar o som do vosso violino para utilização numa banda ou em qualquer tipo de outro ensemble, talvez não necessitem de mais nada. Mas a maioria das pessoas gosta de ter a possibilidade de manipular de formas diferentes o som que produzem, e há um vasto conjunto de equipamentos disponíveis para ajudar nessa tarefa. As possibilidades são imensas e vão além do que se aborda deste artigo, mas há alguns indicadores importantes:

• Stomp boxes e outros pedais: há uma enorme

variedade normalmente direcionada para guitarristas, com preços para todos os bolsos. Um bom pedal delay oferece imensas possibilidades criativas, enquanto os de distorção e filtros de efeitos podem ser muito divertidos e úteis no trabalho com bandas. Tente saber o que os guitarristas seus amigos utilizam, embora o que funciona bem com a guitarra possa soar muito diferente com o violino.

• Unidades de multi-efeitos: alguns músicos preferem utilizar um pedal de multi-efeitos em vez de vários pedais individuais de efeitos. Há muitas opções em


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oferta, tais como os da Boss, Roland, Line 6 entre outros. Uma unidade barata pode ser um bom ponto de partida para descobrir o tipo de efeitos de que gosta mais, antes de passar para uns pedais de maior qualidade.

• Looping: há excelentes pedais individuais

de loop se gostar de explorar esta área de criatividade. O Boss RC50 tem muito a oferecer, mas pode tentar encontrar os modelos mais antigos RC20 ou RC30, que são um ótimo ponto de partida para o looping. O Boss DD20 Gigadelay também é um bom pedal para iniciação aos loops: as funções são bastante básicas, mas tem a vantagem de também funcionar como um excelente pedal de delay. Eu uso frequentemente o Line 6 M13 Stompbox modeller ou o Line 6 Helix, ambas unidades multi-efeitos com funções básicas de looping. Há muitas outras opções no mercado.

• Finalmente, claro que podem usar o computador como gerador de efeitos: isto exige uma curva de aprendizagem acentuada, mas há imenso software de música que é excelente, muito do qual é de utilização livre. Vejam por exemplo o SooperLooper, o Moebius, o Ableton Live e o ALK2 para terem um ideia do que há por aí!

O que posso tocar? Comprou um instrumento, instalou a amplificação e está rodeado de pedais de efeitos! E agora? Este é o ponto onde às vezes as coisas correm mal: toca o instrumento, explora as possibilidade dos pedais de efeitos mas assim que a novidade se desvanecer, o que pode realmente fazer com todo o seu equipamento? Esperemos que tenha pensado nisto antes de aplicar aquele dinheiro que tanto custa a ganhar, e se precisava do violino elétrico para aqueles solos estonteantes na banda de rock, ou para furar a textura da banda de música popular de que faz parte, então provavelmente já sabe onde quer ir musicalmente: só precisa de encontrar os sons certos para a sua música. Mas, e se tudo isto não passou de um impulso do momento? Adora a ideia de ter um instrumento elétrico mas não está certo do que fazer com ele… O meu melhor conselho é usar a imaginação. Há muito pouco repertório escrito especificamente para violino elétrico embora várias pessoas, como eu, estejam a trabalhar nisso! Por isso, junte-se com os seus amigos e improvisem em conjunto. Forme a banda ou o ensemble que sempre sonhou, mas que nunca chegou a juntar, e escreva o seu próprio material. Quer seja acústico ou elétrico, o violino é um instrumento extremamente versátil e encaixará perfeitamente em qualquer estilo musical. E se quiser trabalhar sozinho? Bem, isso foi basicamente o que eu fiz. Comprei o meu primeiro violino elétrico por fantasia, e tenho passado os últimos vinte e tantos anos a tentar explorar todo o tipo de música (não apenas sozinho, mas também com muitos outros músicos interessantes). Evolui gradualmente o equipamento que utilizo, desde o primeiro instrumento violino ligado a um sistema PA em segunda mão, até um de cinco cordas e um violino baixo, ligado ao meu computador portátil, que utilizo com pedais de baixo, pedais controladores midi, pad de percussão de mão e um mini teclado! Se decidir “eletrificar” a sua música, espero que se divirta tanto como eu! Se tiver curiosidade de ver alguns dos trabalhos que fiz como o violino elétrico, por favor visite o meu site stevebingham.co.uk, ou o meu canal do YouTube youtube.com/stevebinghamviolin


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INICIATIVAS EM DESTAQUE


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Encontro de Pedagogia do EAE da Música Por Sofia Serra

A Escola das Artes e a Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa no Porto realizaram nos passados dias 16 e 17 de novembro as VI Jornadas de Pedagogia no Ensino Artístico Especializado da Música sob o tema “O Ensino de Música na Descentralização Cultural”. Este evento pretendeu promover o debate da aprendizagem musical nas suas múltiplas problemáticas pedagógicas e didáticas e a partilha de experiências entre professores do ensino artístico especializado, com vista à criação de oportunidades de redes de cooperação entre estes profissionais, nas diferentes áreas de especialidades do tema em debate. Alinhando com a descentralização cultural, estas jornadas promoveram a abordagem à Comunidade, particularmente às mais desfavorecidas, trazendo projetos representativos da importância da música nesses contextos. Na conferência inaugural intitulada “Música na Comunidade”, Paul Griffiths (Docente na Guildhall School of Music and Drama em Londres) reforçou o caráter envolvente da música, demonstrando que através dela é possível eliminar barreiras de comunicação e aproximar comunidades utilizando o “fazer música” como um espaço de interseção cultural, partilha e confiança. Paul Griffiths apresentou projetos de intervenção comunitária de escolas, lares de idosos, casas de acolhimento, prisões, hospitais psiquiátricos.

o músico é o facilitador do processo inserindo-se como um participante ativo da expressão pelas artes como forma de promover confiança de grupo


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Segundo Paul, nestes projetos, o músico é o facilitador do processo inserindo-se como um participante ativo da expressão pelas artes como forma de promover confiança de grupo. Num segundo momento Paul Griffiths dinamizou um workshop prático de criatividade pela música exemplificando uma abordagem desprovida de qualquer instrumento em que a percussão corporal e a expressividade vocal serviram de base a essa criatividade. Outros dois workshop se seguiram, com Catarina Costa e Silva em que pela Dança se exploraram coreografias de interação em grupo e o workshop de Percussão Corporal por Luís Arrigo que dinamizou composições da Argentina, Portugal, Brasil e um obra sua escrita para este evento com as várias possibilidades de comunicação do corpo enquanto instrumento.

Paulo Teixeira apresentou projetos em contexto Português a partir do programa de Práticas Artísticas para a Inclusão Social através da música, fotografia, vídeo, teatro, dança e circo como forma de aproximar comunidades (...)

Durante o primeiro dia das Jornadas, Luísa Orvalho (docente UCP) liderou ainda um debate sobre a nova lei da descentralização cultural à qual se seguiu uma sessão de apresentação de posters com investigação produzida no Ensino Artístico de Música no seio do Mestrado em Ensino de Música da UCP. O primeiro dia das Jornadas terminou com um concerto pela Orquestra Juvenil da Bonjóia (OJB) dirigida pelo Maestro Eliseu Silva. A OJB resulta do projeto “Música para todos”, implementado pela Câmara Municipal do Porto em parceria com o Curso de Música Silva Monteiro, sendo um excelente exemplo de eficácia na intervenção pela música em jovens de Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP). O segundo dia de Jornadas iniciou com a palestra “Estratégias de intervenção comunitária: o caso PARTIS” por Paulo Teixeira (Fundador da Logframe e docente na Universidade Católica Portuguesa em Lisboa). Paulo Teixeira apresentou projetos em contexto Português a partir do programa de Práticas Artísticas para a Inclusão Social através da música, fotografia, vídeo, teatro, dança e circo como forma de aproximar comunidades e referiu estratégias de planeamento e desenvolvimento de projetos de intervenção social, dimensões de análise, monotorização e avaliação de candidaturas a financiamento e capacitação dos atores. Durante a pausa para café, que se seguiu, o Coro Ars Vocallis dirigido pela maestrina Helena Lima Venda (ex-estudante do Mestrado em Ensino de Música da Católica - Porto) interpretou arranjos para coro de músicas Portuguesas e Brasileiras. As Jornadas trouxeram, ainda uma mesa redonda sobre “Territorização e Intervenção Comunitária através das Artes” por autarcas com responsabilidade executivas em municípios da região Norte (Júlia Rodrigues-Presidente da CM de Mirandela, Fernando Paulo-Vereador da Educação CM Porto, Sílvia Tavares-Vereadora da Educação da CM Santo Tirso, Luís Diamantino Batista-Vice-Presidente e Vereador da Educação da CM Póvoa Varzim, e Lídia Dias-Vereadora da Educação da CM Braga), tendo estes destacado uma amostragem dos projetos em curso e expressado a importância das associações, redes culturais e apresentado casos concretos de sucesso nos seus municípios: escolas, tunas, bandas e orquestras (incluindo o caso da Orquestra Juvenil da Bonjóia no Porto); festivais; dinâmicas culturais em freguesias periféricas (Braga); apoio a crianças sem condições de acesso ao ensino artístico; a inclusão social pela música; fortalecimento do acesso à cultura; preservação


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e divulgação dos instrumentos musicais regionais. Os participantes concordaram com a necessidade da uma efetiva descentralização cultural, que salvaguarde os interesses e a afetação dos respetivos recursos, mas enfatizaram a fraca auscultação aos municípios, por parte do poder central, com a publicação da nova lei n.º 50/2018, de 16 de agosto, a falta de autonomia e escassos recursos. No painel “Caminhos de Inovação no Ensino da Música” apresentaram-se projetos de intervenção pedagógica, dissertações e investigação produzida dentro da Universidade Católica Portuguesa - Porto com implicações para o ensino artístico da música em diversas escolas. Designadamente, Catarina Nunes pelo projeto “O trabalho de projeto no âmbito da prova de aptidão profissional no Ensino profissional de música: o caso da ESPROARTE” com o desenvolvimento de competências, atitudes e valores do perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória e a sua materialização nas provas de aptidão profissional com desenvolvimento através da metodologia de trabalho de projeto; Irma Amado apresentou “Integração de jovens e adultos no meio artístico através de projetos musicais”. Estes projetos de ópera, desenvolvidos ao longo de dois anos letivos, através da inclusão de adultos e jovens que habitualmente não têm contacto com este tipo de repertório proporcionou uma forma de aproximação entre pessoas e o meio musical. Adalgisa Pontes descreveu o seu trabalho de investigação sobre o perfil do professor de Formação Musical demonstrando a diversidade atual de formações previas destes professores. Elisabete Fernandes mostrou vários projetos e programas de desenvolvimento humano e transformação social através da arte no seio do Conservatório d’Artes de Loures. Esta apresentação foi profundamente marcante pela partilha de testemunhos e a validação do impacto que estes projetos pela música têm nos envolvidos, é um estudo de caso que merece ser mais conhecido e divulgado.


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O pianista Paulo Mesquita apresentou-se num momento musical com a sua obra “curta incursão musical ao interior do piano”. Tendo a intervenção pela música sido analisada nestas jornadas de diversos primas: o enquadramento estrutural e legal, a abordagem pedagógico-didática, a investigação desenvolvida e até o impacto na comunidade, seguiu-se um painel de apresentação de projetos comunitários pelos intervenientes ativos no meio: Ricardo Sousa com o Projeto SYnergia e CADI, pela oferta de atividades inclusivas na área da educação e cultura à comunidade para desenvolvimento da inclusão; Diogo Zão com AMAReMAR mostrou como é possível integrar a música, dança, teatro, ilustração, fotografia e vídeo, cenografia, figurinos e a costura criativa. De José Eduardo Gomes destaca-se a apresentação informalmente emotiva sobre o projeto “Ópera na Prisão”, em que músicos profissionais da Orquestra Gulbenkian e reclusos partilharam o palco. Os impactos deste trabalho evidenciaram a diminuição da reincidência criminal de jovens reclusos.

As VI Jornadas de Pedagogia no Ensino Artístico Especializado da Música não podiam ter encerrado da melhor forma: depois da contextualização apresentada pela Maestrina Elisabete Fernandes na sessão de investigação cujos resultados se mostravam já muito significativos, a sessão final decorreu no auditório Ilídio Pinho da Católica – Porto onde a Orkestra Philarmónikal do Conservatório d’Artes de Loures com cerca de 135 elementos aguardavam os participantes das Jornadas. Mais do que tocar para professores do Ensino Artístico de Música, estes jovens ensinaram a todos uma lição de superação, transformação pessoal e social, o respeito pela música e o sentido de tocar “como se não houvesse vida além daquele concerto”. Fica, portanto, difícil transcrever por palavras o que entre o público e o palco se concretizou em termos humanos e musicais, mas fica a metáfora de que "através das artes podemos tornar o mundo melhor” e a noção da Arte da Possibilidade que pode desempenhar um papel fundamental em todos os aspetos da vida das pessoas, criando novas possibilidades para transformar a vida de cada um (Benjamin Zander).


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SAÚDE E CRIATIVIDADE


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Saúde e Criatividade: Prática Integrada para Instrumentistas de Cordas Por Pedro de Alcantara

É muito tentador, para todos nós, considerar que a aprendizagem do instrumento consiste em achar soluções físicas para problemas técnicos. Como articular uma nota sem criar tensões excessivas nos dedos e no braço? Problema técnico, solução física. Como conseguir um vibrato regular, sem contrair os ombros? Problema técnico, solução física. Como passar de uma corda a outra? Esta lista poderia continuar indefinidamente.

”Sensação, emoção, gesto e movimento são mais ou menos inseparáveis.

A boa coordenação física é realmente importante para todos os músicos - e isso também quer dizer para todos os professores e alunos de música. No entanto, a componente física não existe independentemente da psicológica e da musical. Para simplificar um pouco, vamos dizer que o seu cotovelo é o que você sente e pensa a respeito do seu cotovelo; o seu polegar é o que você sente e pensa a respeito do seu polegar; e assim por diante. Sensação, emoção, gesto e movimento são mais ou menos inseparáveis. Confrontado com uma partitura, uma escala, um exercício, uma frase musical, o instrumentista terá uma série de pensamentos e emoções que o conduzirão à tomada de decisões psicomotoras que resultam em gestos e movimentos. E são esses gestos e movimentos que dão origem, por assim dizer, aos sons, ou seja, à música. A obra de arte contida na partitura; as sensações e emoções do músico confrontado com a obra de arte; as decisões psicofísicas que dão nascença aos sons; e aquilo que o músico pensa e sente em relação ao seu corpo, da cabeça aos pés, formam um todo. Quando vamos ouvir um recital de violino, por exemplo, ouvimos esse todo em “tempo real”. O todo de Anne-Sophie Mutter é diferente do todo de Leonidas Kavakos, e só precisamos ouvir algumas notas para recebermos o todo - aliás, para discernir as diferenças entre o todo de Mutter e o todo de Kavakos. Na sala de estudo, aprendendo uma nova obra, lidando com as tensões e dores habituais, preocupados com o nervosismo do palco, os nossos problemas podem parecer físicos e técnicos. No entanto, tentar isolar a dimensão física seria contraproducente, pois todas as dimensões da vida do instrumentista estão inter-relacionadas.


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Então como criar a nossa vida musical, como nos libertamos das tensões e dores, e como podemos ensinar os nossos alunos a tocar de maneira saudável? Em primeiro lugar, é importante aceitar a noção do todo e vivê-la plenamente. Para ilustrar esta noção, imaginemos que vai praticar cordas soltas. É claro que é melhor tocar com boa postura, ombros relaxados, o instrumento bem colocado contra seu corpo. Mas não basta! A corda solta, tocada repetidamente, cria um bordão: um som contínuo que contém tanto a fundamental (por exemplo, o sol) e toda a série harmónica dessa fundamental (o sol uma oitava acima da fundamental, o ré uma quinta acima do harmónico precedente, e assim por diante). Acusticamente, musicalmente, humanamente é um fenómeno magnífico. O som é ambíguo - será uma nota ou um acorde? A nossa perceção do som é subjetiva e variável. Há quem ouça só a fundamental, há quem ouça uma massa sonora indistinta e há quem perceba harmônicos precisos: o quinto harmônico, o sétimo e o nono. Há quem ouça, no bordão, toda a história da música contida numa só nota; há quem ouça uma espécie de barulho. Há quem o faça por obrigação, há quem o faça por prazer, há quem o faça por devoção. Há quem ache aborrecido, há quem ache maravilhoso. Para simplificar, o ato de tocar uma corda solta pode ser “profano” ou “sagrado”. Se vivemos o todo, o ato é sagrado. As nossas perceções e intenções, as nossas atitudes de base determinam se vivemos o todo ou se vivemos a parte. Em segundo lugar, é importante desenvolver a criatividade no sentido mais amplo do termo. A aprendizagem e o ensino podem ser uma exploração lúdica. Quando as crianças pequenas brincam sem supervisão, em casa ou em lugares públicos como num parque ou uma praia, divertem-se aprendendo e aprendem divertindo-se. A vasta maioria das crianças tem uma grande capacidade de auto-ensino e auto-aprendizagem. Inventam jogos, inventam personagens, inventam histórias e piadas. Explicam as histórias e os jogos aos irmãos ou aos primos. Demonstram ao mesmo p seu talento para a improvisação e o desejo de estruturar um jogo ou uma história que começa em improvisação livre e que, pouco a pouco, se transforma num procedimento com regras, requisitos, objetivos e começo-meio-fim. Fomos todos assim quando éramos pequenos. Agora adultos, tendemos a dar prioridade às regras, requisitos e objetivos, e a negligenciar (ou mesmo suprimir) a criatividade que, em princípio, precede a busca de estrutura. Para nós e para nossos alunos, é urgente restabelecer essa prioridade da criatividade e reequilibrar o diálogo entre criatividade e estrutura. Existem infinitas maneiras de usar a criatividade na prática e no ensino dos instrumentos de corda. Por exemplo, o professor dá ao aluno um exercício simples. O aluno tenta entender, incorporar e executar o exercício. Em seguida, é dado ao aluno a liberdade (ou mesmo a responsabilidade) de improvisar novas versões do exercício. Outro exemplo: o professor explica ou demonstra um exercício propositadamente incompleto. Cabe ao aluno completar o exercício por sua livre iniciativa, igual a uma criança (ou um adulto) que adivinha como utilizar um brinquedo sem ler o manual de instruções. Sem esquecer todas as maneiras de improvisar musicalmente, seja em modo livre, seja em modo estruturado: uma improvisação que imita um gato; uma improvisação em tremolo sul ponticello; uma improvisação de quatro compassos em dó maior.


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Em terceiro lugar, é útil trabalhar de forma ampla cada vez que temos um objetivo mais ou menos restrito. Por exemplo, antes de decidir como vai segurar o arco, explore muitas possibilidades, inclusive algumas que possam parecer absurdas. Na exploração, trabalhe o tema “Segurar Sem Tensões” com múltiplos objetos: talheres, lápis e caneta, frutas, bolas de tênis e assim por diante. Vamos exagerar um pouco e afirmar que quem sabe manusear bolas de tênis saberá manusear arcos e violinos. Agora vamos explicar o exagero: quem tem mãos inteligentes e sensíveis sabe manusear qualquer objeto. E para desenvolver a sensibilidade das mãos é útil brincar com objetos que pode deixar cair no chão, segurar ou largar com facilidade, apertar e acariciar sem medo de partir o objeto. E quando se perde o medo do objeto, a prática instrumental fica muito mais fácil. É uma maneira indireta de aprender: durante um certo tempo, o objetivo último - segurar o arco com conforto e perícia - fica de lado e o aluno, professor ou músico trabalha “o conforto e a perícia em si mesma” na sua prática quotidiana.

”Com muita

reflexão e prática, com o passar do tempo, com prazer e com amor, pouco a pouco aprendemos que a saúde e a criatividade na verdade são sinónimas.

Em quarto lugar, é útil - na verdade, absolutamente essencial - ter sempre em mente os aspetos linguísticos da expressão musical. Quando ouvimos uma ária de ópera, é óbvio que a música conta uma história. Quando ouvimos ou tocamos uma frase de uma sonata de Mozart para violino e piano também a música conta uma história, tanto, que falamos de “frase” para descrever alguns compassos de música. Há na música instrumental dimensões retóricas, questões e respostas, exclamações, argumentos e humor. E a técnica do instrumentista de corda pode - e deve! - ser totalmente baseada em impulsos linguísticos, na perspectiva da música-como-narrativa. O domínio do arco pode ser baseado em impulsos físicos e mecânicos: “Desdobre o cotovelo. Passe o arco na corda de ré.


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Mais perto do cavalete, mais devagar. Relaxe o ombro.” Ou pode ser baseado em impulsos linguísticos: “Com o seu arco, diga ‘sim, SIM, quero MAIS!” Mesmo os dedos da mão esquerda podem aprender a falar e a cantar em todos os seus gestos. Cada nota longa é uma vogal cantada, cada nota começa com uma vogal ou uma consoante, cada som do músico é uma letra, sílaba, ou palavra de um texto mais ou menos abstrato. Enfim, tocar um instrumento é contar histórias com seu instrumento. Com muita reflexão e prática, com o passar do tempo, com prazer e com amor, pouco a pouco aprendemos que a saúde e a criatividade na verdade são sinónimas. Ser saudável é estar totalmente ancorado na sua própria criatividade, que aliás é a expressão individual da criatividade com “C” maiúsculo - ou seja, a Criatividade como força vital, eterna e universal. Neste sentido, a prática e o ensino dos instrumentos de corda formam um território maravilhoso para a integração da criatividade e da saúde. Todos estes temas estão descritos e explorados no meu livro The Integrated String Player: Embodied Vibration, publicado pela Oxford University Press em dezembro de 2017. O livro é apoiado por um site exclusivo, com 80 clips de vídeo onde explico e demonstro os exercícios do livro. Em junho de 2018, tive o prazer de apresentar o livro e dar um workshop na ESMAE, no Porto, patrocinado pela ESTA-Portugal e com apoio da D’Addario, que ofereceu um jogo de cordas gratuito a cada participante. Link do livro no site: https://www.pedrodealcantara.com/theintegrated-string-player Exemplo de auto-ensino criativo: https://www.youtube.com/watch?v=vXUhyiIalv8 Exemplo de auto-ensino criativo com interferência negativa do um adulto: https://www.youtube.com/watch?time_ continue=2&v=Fa5vyrzb6tc Exemplo de trabalho de “conforto e a perícia em si”: https://www.youtube.com/watch?v=ks-IY21BOw4 Exemplo de demonstração de impulsos linguísticos no jogo instrumental: https://www.youtube.com/watch?v=Uu-bjr1leM4


INVESTIGAÇÃO


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Estratégias de interação entre pais-professor-aluno na aprendizagem da viola d’arco Por Ana Sofia Sousa Introdução A interação entre os pais, o professor e o aluno é um dos pontos-chave para o desenvolvimento da aprendizagem do aluno e da sua evolução com o instrumento (Hallam, 1998; Harris, 2014). McPherson & Zimmerman (2011) e Hoover-Dempsey & Sandler (1997) acreditam que os pais devem estar sempre informadas em todos os aspetos relacionados com a aprendizagem dos alunos e, segundo Davies (1989), os trabalhos de casa enviados para os alunos podem ser um elo de ligação entre aluno-professor e professor-pais. As relações professor-pais também desempenham um papel fundamental na determinação de resultados de aprendizagem bem-sucedidos (Creech & Hallam, 2010). Creech (2006) realizou uma análise às relações entre pais-professor-aluno e apresentou um total de seis géneros de relações entre este trio – o tipo de relação mais benéfico é enunciado como Trio Harmonioso – melhor comunicação e envolvência entre pais-professor-aluno -, e o tipo de relação com menos vantagens é intitulado como Trio Discordante – pouca comunicação e interação entre pais-professor-aluno (por vezes, inexistente!).

Figura SEQ Figura \* ARABIC 1 - Trio Harmonioso (adaptação de Creech, 2006)

Assim, cada vez mais o professor tem a necessidade de intensificar e diversificar as suas estratégias de interação estabelecidas entre este trio, de forma a atingir o Trio Harmonioso, com benefícios para todos os envolvidos. Esta investigação teve como principal objetivo compreender o papel do uso consciente de estratégias de interação entre pais-professor-aluno no ensino e aprendizagem da viola d’arco, oferecer informações gerais sobre os tipos de interação utilizando os modelos de Creech (2016) e sensibilizar para a importância da comunicação no ensino e aprendizagem da viola d’arco de acordo com as investigações de Hallam (1998), Harris (2014), Davies (1989), entre outros. Então, procurei responder às seguintes questões de investigação: Qual é o impacto do uso consciente de estratégias de interação no professor, nos pais e nos alunos?; Que tipo de interação foi gerada entre pais-professor-aluno, através da aplicação consciente das estratégias, seguindo os tipos de interação estudados por Creech (2006)?


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Procedimentos metodológicos Ao nível metodológico, para a concretização da investigação foi utilizado o método investigação-ação. Os participantes constituem uma amostra de quatro Alunos de viola d’arco do 6º ano de escolaridade e respetivas quatro Mães que frequentavam o Curso Básico de Música da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes, pertencente ao Agrupamento nº2 de Abrantes. A investigadora também integra de forma ativa a investigação, por isso também pode ser considerada participante. Cada trio envolveu a professora/investigadora, um aluno e respetiva mãe - resultando assim um total de quatro estudos de caso. A implementação do projeto teve uma duração de 3 meses, entre janeiro e março de 2018 (2º período do ano letivo 2018/2019), e foram recolhidos dados no início da investigação (novembro de 2017), durante (janeiro a março de 2018) e num momento final (março de 2018). Duas estratégias foram implementadas durante o projeto: 1. Estratégia I – Guiões de Estudo semanais que eram enviados para Alunos e Mães de forma a realizarem um trabalho conjunto com indicações, exercícios e métodos fornecidos pela Professora; o Guião de Estudo era depois entregue novamente à Professora, com os calendários de estudo dos Alunos e de presença das Mães, e espaços para eventuais questões/dúvidas preenchidos; 2. Estratégia II – Criação de um Conto Musicado, intitulado “Era uma vez uma Viola D’Arco…”, escrito pelos Alunos e musicado pelos Alunos e suas Mães, que terminou com uma apresentação pública do trabalho final. A estratégia I decorreu numa só fase de implementação – escrita e entrega de um total de 22 guiões de estudo aos alunos e mães e devolução dos mesmo à Professora. Já a estratégia II envolveu um total de quatro fases: (i) Explorar a viola d’arco: procura de novos sons e efeitos; (ii) Escrita da história “Era uma vez uma viola d’arco…”; (iii) Composição de peças musicais pelos alunos e mães; (iv) Ensaios e apresentação do Conto Musicado “Era uma vez uma viola d’arco…” (a apresentação pública ocorreu no mês de março de 2018). Neste projeto de investigação foram utilizados métodos de recolha e análise qualitativos. As ferramentas de recolha de dados utilizadas foram as seguintes: questionários, guiões de estudo preenchidos por Alunos e Mães, planificações para as atividades coletivas entre Alunos e Mães, gravação da Audição Final do Conto Musicado “Era uma vez uma Viola D’Arco…” e entrevistas realizadas a Mães e Alunos. A análise dos dados foi dividida em diferentes fases: (i)Fase de Seleção; (ii) Fase de organização dos dados do Guião de Estudo; (iii) Fase de análise comparativa do diário de campo da

Professora A; (iv) Análise temática das entrevistas a Alunos e Mães, isto é: Reconhecimento de dados, Criação dos códigos temáticos iniciais, Identificação dos temas. Após a análise dos dados de todos os Alunos, Mães e Professora, estes foram triangulados com vista à formulação de conclusões. Implementação do projeto Houve uma fase de planeamento para a implementação do projeto, em que a investigadora promoveu a palestra “O envolvimento parental na aprendizagem do instrumento: contributos para uma prática autónoma”(aberta a toda a comunidade escolar), orientada pela Dra. Clarissa Foletto, e ainda uma reunião inicial informativa para as Mães participantes, onde foi apresentado todo o projeto a implementar, assim como algumas informações importantes para o estudo individual da viola d’arco (condições necessárias para um bom estudo individual; posturas básicas para executar o instrumento; qual o papel dos Pais no mundo musical dos Alunos e na sua progressão). Iniciou-se a implementação das estratégias. A estratégia I – Guião de Estudo - consistiu na apresentação de um guião de estudo semanal pela Professora cada um dos quatro duos Mãe-Aluno, que continha: (i) numa planificação e síntese dos objetivos pretendidos, os conteúdos de aprendizagem e conteúdos programáticos do 2º período; (ii) resumo da aula e dificuldades sentidas, redigido pela Professora; (iii) trabalho de casa para o Aluno; (iv) observações e definições das tarefas a serem orientadas pela Mãe, tendo sempre em atenção a fraca ou ausência formação musical das Mães; (v) calendarização do horário que o Aluno utilizou para estudo durante essa semana; (vi) calendarização do horário que a Mãe utilizou para estar presente durante o estudo do aluno; (vii) espaço para comunicação das dificuldades sentidas e dúvidas da Mãe à Professora. Este guião era devolvido preenchido à Professora no dia anterior à aula seguinte, para que esta pudesse preparar o conteúdo da aula de forma pormenorizada consoante o trabalho executado e dúvidas.


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Observações e definições das tarefas da semana: Aluno

Enc. de Educação presente Escalas e Arpejos - Dó Maior e Dó Menor Harmónico

- Pensar na tonalidade antes de tocar e nas alterações de cada escala.

- Verificar postura geral do aluno (mão direita, mão esquerda, pescoço, tronco, pernas).

- Depois da afinação estudada, controlar a pulsação - 2 tempos por nota (metrónomo).

- Verificar se o aluno tem duas batidas por cada nota.

- Afinação - controlar a afinação na terceira posição, principalmente na escala menor harmónica e respetivo arpejo.

- Certificar que o aluno utiliza sempre de forma eximia o arco de uma ponta à outra, sempre paralelo ao cavalete.

Estudo nº1 - Hofmann - Dividir o estudo em blocos e estudar por partes. Passar apenas para a secção seguinte quando a anterior estiver confortável. Dar mais atenção à 2ª metade do estudo.

- Incentivar o aluno ao estudo das passagens mais complicadas, de forma a que estas não fiquem para último.

- Controlar a postura geral.

- Verificar que o aluno está com uma boa postura.

- Aumentar a pulsação (2 em 2 no metrónomo) em cada uma das partes.

- Certificar que o aluno utiliza a metade inferior do arco e que o mantém paralelo ao cavalete.

- Boa direção do arco e bom som. 1º andamento do Concerto de O. Riedingm op.35 - Cuidar do som na corda dó: necessita mais contacto e peso do braço direito.

- Incentivar o aluno ao estudo das passagens mais complicadas, de forma a que estas não fiquem para último.

A estratégia II – Conto Musicado - consistiu na criação de uma história/conto, que, depois de escrito com ideias apenas dos Alunos, foi musicado com composições da autoria dos Alunos e das Mães e com alguma orientação da professora de instrumento, e com a participação das Mães na componente criativa e apresentação pública. Esta estratégia envolveu quatro fases:

• 1º Fase - Os Alunos tiveram contacto pela primeira vez nas aulas em conjunto com alguns efeitos produzidos pela viola d’arco – como produzi-los e como representá-los na escrita (ex.: sul ponticello, sul tasto, pizzicato à Bartók, glissando, harmónicos naturais, etc.)

• 2º Fase - Os Alunos desenvolveram a história através de

uma discussão de ideias nas aulas em conjunto. A história teria que impreterivelmente de iniciar com “Era uma vez uma viola d’arco…”.. O papel da professora foi simplesmente mediar a discussão entre os Alunos.

• 3º Fase – Alunos e Mães iniciaram a exploração e organi-

zação dos sons e possíveis melodias ou motivos rítmico-melódicos para composição dos próprios temas, adequando-os aos momentos da história já pré-definida, com a correção final da Professora. Professora criou regras de composição para que a criação dos Alunos e Mães não ultrapassasse a possibilidade e capacidade musical de cada um (utilização de um compasso simples; tonalidades até três acidentes na armação de clave; necessidade de haver conteúdo programático com o momento da história; a Mãe tem que participar ativamente como músico na execução da peça.)

• 4º Fase – Alunos, Mães e Professora realizaram ensaios e Apresentação do conto musicado em Audição de Classe de final de período.


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Resultados Através da análise temática aprofundada e do resumo do diário de campo da investigadora, foi possível chegar a conclusão que a relação entre os intervenientes melhorou em todos os trios, pois houve uma maior circulação de informação, não só sobre a evolução do Aluno na aprendizagem do instrumento, mas também do foro psicológico do Aluno.

Figura SEQ Figura \* ARABIC 6 - Impacto das estratégias aplicadas na Interação Mãe-Professora-Aluno (Fonte: elaboração da autora)

A Professora, segundo Mães e Alunos, dedicou-se ao máximo para estabelecer contacto com todos os envolvidos, mostrando interesse e esforçou-se com todos os Alunos de forma a acontecer uma progressão como instrumentistas. Esta aproximação, criou a possibilidade de as Mães tornaram-se mais ativas e atentas à aprendizagem do aluno, mantendo um papel interventivo no estudo, mas também motivacional. Todos os Alunos sofreram alterações no seu método de estudo, tanto no esforço colocado para evoluir, como na quantidade de sessões de estudo por semana. Isto aconteceu devido a uma mudança de atitude por parte dos Alunos, que valorizaram mais as aulas individuais e querem mostrar resultados o mais rápido possível. Através do maior envolvimento no progresso do Aluno pela Professora e pelas Mães, o Aluno sentiu-se mais inclusivo no processo de aprendizagem, o que levou a uma contribuição para a sua realização pessoal. As estratégias I e II geraram alterações na motivação dos Alunos para a aprendizagem da viola d’arco e para o estudo individual, assim como descrito por todos os participantes entrevistados e no diário de campo da investigadora. Figura SEQ Figura \* ARABIC 5 - Partitura “Hino ao Rei Dó!” composta por Aluno (viola) e Mãe (voz, tréculas e prato)

Estas alterações de motivação também se refletiram devido ao contacto diversificado de momentos musicais no dia-a-dia do aluno, pois não teve apenas que estudar sozinho, teve a oportunidade de ouvir


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e experimentar novos instrumentos e relacioná-los com a viola d’arco, e ainda contactar com os colegas mostrando-lhes as suas criações. Considerações finais Após a análise e discussão dos resultados foi possível responder às questões de investigação: (i) Qual é o impacto do uso consciente de estratégias de interação no professor, nos pais e nos alunos?

Os Alunos tornaram-se mais disciplinados, apresentaram um maior sentido de responsabilidade, foram mais ativos na aprendizagem da viola d’arco, autónomos e exigentes com o trabalho a ser desenvolvido

Através da aplicação das duas estratégias planeadas, foi possível despoletar a comunicação de uma forma muito fluente e genuína entre Professora-Aluno, Aluno-Mãe e Mãe-Professora. As Mães mostraram-se mais presentes e atentas à aprendizagem do aluno, mantendo um papel interventivo no estudo, mas também motivacional, contactando com o aluno de forma a focar a sua atenção e a sua motivação para o estudo e interesse no instrumento. Estas conclusões vão ao encontro da informação fornecida por Hallam (1998) relativamente ao que esta autora considera uma relação de sucesso entre pais-alunos na aprendizagem do instrumento. As Mães adquiriram conhecimentos não só da Professora, mas também colheram importantes noções musicais dos Alunos, que as ajudaram compreender o conteúdo lecionada e a trabalhar durante o estudo individual. Os Alunos tornaram-se mais disciplinados, apresentaram um maior sentido de responsabilidade, foram mais ativos na aprendizagem da viola d’arco, autónomos e exigentes com o trabalho a ser desenvolvido. Sentiram-se mais motivados para o estudo individual, o que criou resultados positivos e criou uma maior realização pessoal, e isto torna-se num ciclo positivo – bons resultados levam a que o Aluno queira atingir mais bons resultados. Foram capazes de transportar conhecimentos já adquiridos para novas atividades e desenvolveram novas competências em grupo. Comunicaram sem qualquer problema com a Professora sobre dúvidas, questões sobre a sua evolução e rapidez de progresso e admitiram a ajuda pertinente das Mães durante o seu estudo individual. A Professora teve acesso a novos dados relativos ao foro psicológico e comportamental dos Alunos, adquirindo não só informação por parte dos Alunos durante a aula, mas também ouvindo a voz tão importante das Mães sobre o trabalho que estava a ser desenvolvido em casa. Estas novas informações levaram a que o trabalho desenvolvido com cada Aluno fosse mais individualizado. A Professora foi paciente com todos os Alunos e Mães e refletiu sobre todos os problemas apresentados por ambos, tentando apresentar soluções a curto prazo.


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(ii) Que tipo de interação foi gerada entre pais-professor-aluno, através da aplicação consciente das estratégias? Considerando todos os resultados obtidos nas estratégias aplicadas e a classificação dos tipos de relação entre pais-professor-alunos de Creech (2006), podemos considerar que a interação resultante aproximou-se das características apresentadas pelo grupo seis – Trio Harmonioso, pelas seguintes razões: (a) a Professora foi paciente e dedicada a cada um dos Duos, de forma a que os Alunos conseguissem atingir o seu potencial máximo; (b) as Mães sentiram-se confortáveis e confiantes em se aproximarem da Professora para abordar assuntos relacionados com a aprendizagem da viola d’arco e do forro psicológico do Aluno; (c) os Alunos foram capazes de influenciar o seu percurso de aprendizagem, através de um diálogo aberto com as respetivas Mães e a Professora, aceitaram a palavra das Mães, tornaram-se mais autónomos, o que criou um papel ativo e importante na própria aprendizagem da viola d’arco. Assim, podemos concluir que as estratégias I – Guiões de Estudo – e II – Conto Musicado – são estratégias de interação funcionais e válidas entre pais-professor-aluno, pois causaram impacto positivo na comunicação entre os três vértices do triângulo de interação a um nível de excelência. No entanto, esta investigação possui algumas limitações (i) pelo pequeno número de participantes e de locais implementados; (ii) o facto de a figura parental - “Pais” - serem apenas representados nesta investigação pela figura feminina – Mãe – e não por uma dupla ou elementos do sexo masculino; (iii) pelas razões éticas, pois os Alunos tiveram que ser entrevistados com a presença das respetivas Mães, o que pode ter causado uma inibição tanto do(a) Aluno/Mãe. Investigações futuras devem focar-se no estudo de estratégias de interação pais-professor-aluno e o seu impacto na motivação do Aluno e do Professor. Ainda, poderá ser muito vantajosa a pesquisa da interação entre pais-professor-aluno com famílias de diferentes contextos sociais e étnicos. Para além disso, esta pesquisa baseou-se apenas no ensino e aprendizagem da viola d’arco, por isso, deve ser abrangida a outros instrumentos musicais. Nos dias que correm, não basta ser-se um Professor que transmite conhecimentos. É necessária uma abertura à mudança, ao progresso e uma atitude de reflexão, para que se possa transmitir os conhecimentos, mas de uma forma eficaz e orientar o Aluno a desenvolver o máximo do seu potencial e fortificar as competências sociais e emocionais, que os irão

ajudar a estabelecer a sua personalidade. Esta investigação encontra-se disponível no Repositório Institucional da Universidade de Aveiro, através do link http://hdl.handle.net/10773/24319 .

Referências Bibliográficas

Creech, A. (2006). Dynamics, harmony, and discord: A systems analysis of teacher-pupilparent interation in instrumental learning. University of London. Creech, A., & Hallam, S. (2010). Interpersonal interaction within the violin teaching studio: The influence of interpersonal dynamics on outcomes for teachers. Psychology of Music, 38(4), 403–421. https://doi.org/10.1177/0305735609351913 Davies, D. (1989). As Escolas e as famílias em Portugal: realidade e perspectivas. As Escolas e as famílias em Portugal: realidade e perspectivas. Lisboa: Livros Horizonte. Hallam, S. (1998). Instrumental Teaching: a practical guide to better teaching and learning. Heinemann Educational Publishers. Harris, P. (2014). The Practise Process: revolutionise practice to maximise enjoyment, motivation and progress. Faber Music Ltd. Hoover-Dempsey, K.V., & Sandler, H. M. (1997). Why do parents become involved in their children’s education? Review of Educational Research, 3–42. McPherson, G., & Zimmerman, B. J. (2011). Self-regulation of musical learning. A social cognitive perspective. In R. Colwel & P. R. Webster (Eds.), MENC handbook of research on music learning by Richard Colwell & Peter R. Webster (pp. 131–175). Oxford: Oxford University Press.


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Aprender na ESTA: ESTA UK Summer School 2018 Por Hazel Veitch

A qualidade destas apresentações e a atmosfera de partilha foram verdadeiramente inspiradoras.

Tive a sorte de ser convidada para participar na ESTA UK Summer School que aconteceu na Universidade de Chichester de 5 a 10 de Agosto de 2018. Foi uma semana intensa de palestras, seminários, concertos, oficinas e muito mais, com muita informação que nós, professores de cordas, necessitamos saber. Contando já com muitos anos de experiência, a ESTA UK Summer School está a ganhar uma reputação mundial de excelência. Este ano encontravam-se representados 10 países, que, juntamente com mais dois cursos que decorriam paralelamente, ESTA PG cert (string teaching) e Audition Perform, permitiu uma enorme partilha de experiências e conhecimentos ao nível da performance e do ensino e aprendizagem em instrumentos de cordas. Todas as noites, os professores e os estudantes do curso Audition Perform ofereceram concertos aos participantes da Summer School e do PG Cert. A qualidade destas apresentações e a atmosfera de partilha foram verdadeiramente inspiradoras. Gary Levinson, concertino principal da Dallas Symphony Orchestra, Juan Miguel Hernandez, violetista do Fine Arts Quartet e professor na Royal Academy em Londres, Robert Demaine, chefe de naipe de violoncelo da LA Philharmonic Orchestra e a pianista Baya Kakouberi entraram no espírito da semana e, generosamente, partilharam o seu tempo e talento connosco tanto dentro como fora do palco.


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ESTA UK SUMMER SCHOOL Uma vez que cada delegação nacional da ESTA se destina a prover necessidades específicas dos seus membros, a organização da Summer School pretende servir como fonte de inspiração e rejuvenescimento para professores britânicos de cordas. Muitos, ao longo do ano, trabalham de forma relativamente isolada, seja em casa ou em programas escolares, saltitando de escola em escola, muitas vezes trabalhando com grupos grandes de iniciantes, e raramente se cruzando com outros professores de música. Uma semana em conjunto com os seus pares em que aprendem, não só com os formadores convidados, mas também uns com os outros, é de valor inestimável.

O conceito de uma semana em que se encontram e aprendem, não só com os convidados, mas também uns com os outros, é inestimável.

Eis o que aprendi String Orchestra: New repertoire/Music technology. Logo após o registo, tivemos uma sessão informal de leitura de repertório com Steve Bingham (editor da ESTA UK), numa formação semelhante a uma orquestra de câmara. Descobrir qual o instrumento de cada um e fazer uma leitura de inúmeras peças que nos poderão ajudar na nossa prática docente, foi uma ótima forma de quebrar o gelo. Depois de se tocar cada peça, estabeleceu-se um diálogo franco e aberto sobre essa obra, independentemente de se considerar boa/útil/limitada ou específica a uma determinada técnica de tocar em conjunto. Acredito que esta sessão ajudou a estabelecer o ambiente acolhedor da semana, valorizando a opinião de todos e colocando-nos à vontade. Mais tarde nessa semana, o Steve também apresentou um seminário em Music Technology, dando-nos a conhecer várias aplicações e a tecnologia mais recente que podemos utilizar, tal como usar tablets virando as páginas com os pés, microfones portáteis, alto-falantes e câmaras. Apresentou-nos a sua opinião sobre os recursos que considera terem uma melhor relação qualidade/preço e de que forma, caso queiramos, os podemos incorporar na nossa rotina diária. Saí de lá com uma grande lista de desejos e com muita pesquisa para fazer! Instrument maintenance. Ainda no primeiro dia, houve uma sessão informativa pelos técnicos da Cardiff Violins, que falaram de uma forma muito interessante e profunda sobre a manutenção dos instrumentos. Também nos explicaram muitos detalhes sobre os porquês da configuração do instrumento. A altura em que se realizou esta sessão foi crucial pois eles estiveram disponíveis durante toda a semana para nos darem conselhos e fazerem exames de rotina aos instrumentos dos participantes. Alexander technique. Todos os dias começaram com uma sessão de Alexander Technique em grupo com Rosamund Hoskins que, enquanto nos explicava as noções básicas, nos fazia tomar consciência da forma como as podemos aplicar nas nossas aulas, ajudando os alunos a encontrar a melhor postura possível. Esta forma de começar o dia deixava-nos cheios de energia para as horas preenchidas que tínhamos diante de nós.


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Group Teaching/Wider opps. Sarah Crooks e Helen Dromey. “Wider opps” (oportunidades alargadas) necessitam alguma explicação. É um conceito relativamente novo no Reino Unido, tem cerca de 20 anos.

Os professores de cordas que trabalham no sistema de escolas públicas têm um período para ensinar violino a uma turma de alunos com 7 anos de idade como parte do seu currículo (Whole Class Ensemble Tuition). Depois é dada a possibilidade de escolha às crianças para continuarem em grupos mais pequenos. É uma situação claramente desafiadora, uma vez que o professor deve incutir uma boa técnica de base ao mesmo tempo que motiva os alunos e, talvez o mais importante, organiza a apresentação de um produto final que impressione os pais. Como podem imaginar, estas duas sessões orientadas por duas das professoras de cursos certificados da ESTA UK foram aterradoras para mim! Fizeram-me agradecer por lecionar num sistema em que me posso concentrar com cada um dos meus alunos na sua aula individual. O “ethos” é o elemento de conjunto no ensino a grupo, que pode ser utilizado para fazer crescer a criança, como uma forma de arte social. São menos importantes as dificuldades associadas ao tocar um instrumento de cordas do que a interação social e a consciência de grupo através da ligação das diferentes capacidades de tocar em conjunto. No entanto, muitos professores, apesar de não trabalharem nesta realidade, lecionam a grupos e as sessões foram recheadas de informação útil. A aplicação prática de muitas ideias de Dalcroze como forma de consciencialização de conjunto, afinação e reforço rítmico e as ideias de Mimi Zweig para o ensino em grupo. www.stringpedagogy.com

Performance Psychology for teachers. Esta foi outra sessão muito bem composta, em que Mike Cunningham explicou o seu treino mental para executantes. Este workshop era específico para os professores ajudarem os seus alunos a ultrapassarem a ansiedade no momento de apresentação, mas também pode ser aplicado a atletas e altos quadros que necessitam ter uma performance otimizada sob pressão. O workshop centrou-se na definição da palavra “bom”. Sou bom? Foi bom? E qual é o significado de bom para o executante e para o ouvinte? Quando nos sentimos julgados, temos a tendência para “tocar de forma segura”, mas ao agir desta forma, estamos a retirar da nossa execução o elemento que nos faz bons – o fluxo. Atribuímos demasiada importância à busca pela perfeição em vez da respiração e do relaxar. A premissa é que ser perfeito nos faz menos habilidosos. Ou tocamos com uma técnica perfeita ou de forma musical. Esta questão foi exemplificada com uma escala. Se tocarmos a escala de forma musical e depois tentarmos ao máximo tocá-la de forma perfeita, compreendemos que a melhor versão foi, provavelmente, a mais musical pois estávamos relaxados e a apreciar a experiência sonora. Seguindo a sugestão do Mike, recomendo que ouçam as Tedtalks de Benjamin Zanders disponíveis no Youtube. Pedagogy. Todas as manhãs, logo depois da sessão sobre Alexander Technique, tivemos uma sessão de pedagogia, divididas em cordas agudas com Louis Pantillon e cordas graves com James Halsey. Foi nestas sessões que as questões técnicas mais profundas foram respondidas ao longo dos cinco dias. Começou por uma análise histórica dos métodos para violino até se chegar à forma como se pode ensinar a resolução de problemas técnicos específicos. Louis Pantillon, aluno de Rostal, foi de uma grande ajuda e generosidade com o seu vasto conhecimento e experiência de ensino. Todas as suas sessões estavam lotadas, com todos os professores de violino e de viola a assistirem. A experiência com o James Halsey foi mais íntima com a classe de cordas graves e as suas sessões foram inspiradoras e intensas.


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Vamoosh music. A sessão prática de Thomas Gregory sobre como aproveitar ao máximo os seus métodos alargou os meus horizontes. Quando começou a ensinar em Londres fazia parte da equipa da Sheila Nelson, pelo que os seus métodos denotam uma forte influência desta pedagoga. Destinam-se a ser utilizados na temida sala de aula, mas estão tão bem organizados que estou convencida de que podem funcionar muito bem com jovens alunos num ambiente de aula individual. São uma coletânea de peças engraçadas com elementos livres/improvisados e o acompanhamento de piano está disponível não só em CD, mas também no spotify, pelo que o professor se pode concentrar no aluno e, ainda assim, usufruir da parte do piano em todas as aulas ou em casa. As peças também podem ser utilizadas em aulas de ensemble pois são iguais para todos os instrumentos. Eu fiquei tão impressionada com este material que comprei o conjunto todo e vou tentar experimentá-lo com os meus alunos!

Ingury Prevention. Katherine Butler é uma especialista da mão que se especializou em lesões de músicos. A sua palestra centrou-se no diagnóstico, prevenção e tratamento de lesões dos alunos. Falou sobre as técnicas de aquecimento e de relaxamento, formas saudáveis de estudo, estudar em excesso, respiração, ansiedade e estudo com um espelho. Ela explicou de uma forma muito compreensível todas aquelas questões que abordamos com os nossos alunos, identificando os problemas físicos que advêm dos maus hábitos. Curiosamente, ela também abordou a questão da hiperelasticidade que tantos dos nossos alunos têm e que nos causam tantos problemas enquanto professores. Por exemplo, o que podemos fazer quando um aluno tem dedos que bloqueiam nas articulações.

The Dancing Violin. Creio que este foi o ponto alto da semana para todos. Aleksey Igudesman e o seu violino dançarino. O seu workshop foi sobre “Groove”, improvisação e ultrapassar limites, foi fantástico! A sua premissa é simplesmente: we “play” on stage, we don’t “serious”. A tradução para português não exemplifica bem esta piada, mas acho que percebem. Quando estamos em palco tocamos uma parte e não temos de ser nós mesmos. Podemos ser quem quisermos. Esta premissa, por si só, aborda a ansiedade na atuação. A improvisação pode ser inspirada por algo que nos inspirou. Ao que dizemos tantas vezes “não sei improvisar”, ele responde “Sabes falar... A conversação é um tipo de improvisação”. A sessão foi libertadora, hilariante e muito educativa.

Assista aqui ao vídeo 1 Na última noite, Aleksey juntou-se a Gary Levinson e Juan-Miguel Hernandez, do curso de Audition perform, e a alguns participantes valentes e ofereceram-nos um recital muito divertido com a sua música. Assista aqui ao vídeo 2 Assista aqui ao vídeo 3 Assista aqui ao vídeo 4 Assista aqui ao vídeo 5


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Trade Hall. Decorreu na tarde de quarta. Uma oportunidade para atualizar, investigar e comprar muito do repertório abordado nos dias anteriores, bem como instrumentos, arcos, caixas, etc. Foi ótimo poder parar por algumas horas a meio de uma semana intensa e fazer compras. Foi também uma utilização inteligente do tempo dos representantes das várias marcas, uma vez que a maior parte só esteve presente nessa tarde. Vários deles são membros da ESTA UK e foi uma oportunidade fantástica para obter comentários dos membros e realizar algumas vendas. Improvisation. Foi uma experiência em paisagens sonoras com o violoncelista e especialista em improvisação Chas Dickie. Criar uma cena utilizando um paralelo com técnicas visuais, drones, zoom e luzes, conduzindo a uma imagem sonora em constante mutação. Criar música sem uma partitura na estante permite a emergência de muitas ideias que podem ser utilizadas com estudantes de todas as idades numa aula de grupo. Aconteceram muitas outras situações engraçadas e úteis ao longo da semana como, por exemplo, durante um almoço em que alguns dos participantes começaram uma sessão de leituras à primeira vista e acabamos todos a navegar pelos Concertos brandemburgueses 3 e 6. Todos os anos existe uma mesa de troca de partituras em que podemos deixar material que já não usamos e que pode ser útil para outros. É uma forma excelente de experimentar o desconhecido e encontrar um diamante. Chichester com os seus teatros e universidade é uma cidade deliciosa e justifica uma visita. A universidade é muito calma com um campus acolhedor e um departamento musical próspero. Até tem algumas raposas!

Eu senti-me muito motivada e inspirada por tudo o que aprendi e, sobretudo, pelas pessoas que conheci. Com a possibilidade de observar os três cursos e com tantas atividades a decorrer, senti que não consegui ver tudo. Tenho, realmente, de aprender a estar em três locais em simultâneo.


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O ARCO – Contributos Didáticos para o Ensino do Violino Site de Apoio ao livro: www.catarinavln.wixsite.com/arco Por Ana Catarina Lopes Pinto catarina_vln@hotmail.com CITAR | Escola das Artes – Universidade Católica Portuguesa | FCT SFRH/BD/129825/2017

Sobre o livro Principais Motivações e Objetivos A técnica de arco do violino tem vindo a ser alvo de muitas e diferentes investigações, uma vez que representa um dos principais desafios para os violinistas. Tal como refere Ivan Galamian (1962), existem inúmeras formas tocar violino, contudo, neste livro reside a necessidade de se tentar compreender qual a forma que fisicamente resulta melhor - partindo-se sempre de um pressuposto de que cada indivíduo é diferente do outro e que terá, consequentemente, necessidades físicas e técnicas diferentes (que exigirão consequentemente diferentes adaptações práticas). Pretendeu-se assim criar, à luz de diversas investigações, um documento reflexivo, adaptado à realidade educativa atual e que contribuísse para o ensino e aperfeiçoamento da técnica de arco, dada a falta de bibliografia em português sobre esta temática. Partindo-se desta perspetiva e analisando as exigências atuais da profissão docente, pretendeu-se também que este livro traduzisse um olhar atento sobre as atuais práticas docentes, uma vez que se insere numa ambição docente de constante aperfeiçoamento. Assim, “O Arco – Contributos Didáticos para o Ensino do Violino” tem como principais objetivos auxiliar os professores e os alunos no estudo e, simultaneamente, contribuir para o aperfeiçoamento do ensino e da aprendizagem do violino. Temáticas No livro são aprofundadas as seguintes temáticas: as necessidades específicas da escola do século XXI; os contributos para o ensino resultantes do aparecimento do “método Suzuki”; os principais métodos para violino; a importância dos exercícios de aquecimento e dos alongamentos para a obtenção de uma postura correta no violino; e a importância da técnica de arco na formação de um violinista, onde são estudados ainda assuntos como: as diferentes partes do arco, a escolha do tamanho do arco, os principais cuidados a ter com o arco, o posicionamento da mão direita no arco e a função dos dedos, a produção de som, a importância da mão direita na obtenção de diferentes sonoridades, a responsabilidade da técnica de arco na execução das diferentes dinâmicas, a diferença entre arcadas e golpes de arco, e os diferentes golpes de arco, tendo por base Carl Flesch, com alusões também a autores como Ivan Galamian, Marco Salles e Mariana Salles.


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Mariana Salles (2017): “Foi com muita alegria que pude ler o livro “O arco Contributos Didáticos para o Ensino do Violino” da professora e violinista Ana Catarina Lopes Pinto. Com certeza, uma contribuição inestimável para a área de ensino de performance dos instrumentos de corda, tão escassa de material na língua portuguesa. Tratase de um excelente trabalho sobre a técnica do membro superior direito assim como o cuidado com o corpo em geral, através de exercícios de aquecimento e desaquecimento voltados para o violinista, em forma de um guia prático e direto. Sem dúvida, passa a figurar na bibliografia básica do instrumento, direcionada sobretudo para amantes do instrumento, alunos e professores.”

Site de Apoio ao Livro “O ARCO – Contributos Didáticos para o Ensino do Violino” torna evidente que são inúmeras as exigências para as atuais práticas docentes e que a diferenciação pedagógica e a criação de materiais pedagógicos incidentes nas verdadeiras necessidades dos alunos representam grandes desafios para o professor do século XXI. Neste contexto, destaca-se a criação do site de apoio ao livro, que tem como finalidade facilitar a aprendizagem dos conhecimentos e temáticas presentes no livro através de uma abordagem menos formal, onde são apresentados diversos conteúdos que se consideraram relevantes sobre o arco. Aqui são também apresentados de uma forma simples todos os golpes de arco propostos por Carl Flesch, e disponibilizam-se diversos exercícios de arco e vídeos de aprendizagem sobre o tema (com legendas em português), bem como vídeos com exercícios específicos de aquecimento e alongamentos para violinistas, num formato interativo e acessível (quer para professores, quer para alunos).

Nota Biográfica

É investigadora do CITAR - Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes e bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia, no âmbito do Doutoramento. É autora do livro “O Arco – Contributos Didáticos para o Ensino do Violino”. Doutoranda em Ciência e Tecnologia das Artes, na Universidade Católica Portuguesa, sob orientação de Sofia Lourenço e coorientação de Paulo Ferreira-Lopes, é Mestre em Ensino da Música pela mesma Universidade, Pós-graduada em Performance pela Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco e Licenciada em Violino, pela Universidade do Minho. No âmbito do seu mestrado em Ensino da Música, foi-lhe ainda atribuída uma bolsa de estudo por mérito, referente à média obtida no ano letivo de 2013/14, pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES). Durante a sua formação recebeu orientação dos violinistas António Soares, Eliot Lawson, Augusto Trindade, Ana Pereira, Aníbal Lima, Gerardo Ribeiro, Alexei Mijlin Grodensky e Ilya Grubert. Desenvolveu a sua atividade docente entre 2012 e 2018 na Academia de Música de Viana do Castelo e na Escola Profissional de Música de Viana do Castelo, e a sua classe contou com inúmeros prémios nacionais e internacionais.


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