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8CONSULTÓRIO COMPORTAMENTO A FUNÇÃO DO ELOGIO
Com o apoio:
Admito que as boas práticas parentais possam ter por base o elogio e o reforço positivo. Contudo, questiono-me muito se esta comunicação positiva não será amplamente generalizada no dia-a-dia, prejudicando as nossas crianças. Serão elas sempre incríveis? Sempre inteligentes? Perfeitas? Parece-me que o equilíbrio impera na forma como comunicamos com eles.
DRA. INÊS LOIO
Psicóloga
Não digo com isto que não devemos elogiar, mas sim elogiar melhor! Elogios exagerados e repetidos transparecem um vazio que os olhos das crianças conseguem detetar.
Tente não rotular o seu filho Bem sei que é muito tentador dizer que o nosso filho é muito inteligente quando tem a melhor nota da turma a matemática, mas se elogiarmos o esforço e a dedicação que teve no seu estudo, o elogio será mais construtivo. Porque é que isto acontece? Porque da próxima vez que tiver um teste, apenas se sentirá aprovado quando repetir a mesma nota e não o mesmo esforço.
Não seja vago Elogios clássicos como “que bom trabalho” ou “muito bem” podem parecer elogios inofensivos porque de facto o são. Mas o problema está exatamente aí, são inofensivos e vazios de significado. Acabam por transparecer que, na realidade, não estamos assim tão atentos ao comportamento-alvo.
Seja descritivo Quando descrevemos comportamentos sem os avaliarmos damos autonomia às crianças para sentirem orgulho por elas próprias sem dependerem das opiniões de terceiros. Com estas descrições mostramos também que estamos interessados e atentos à tarefa.
Não misture elogio com críticas Com a frustração do dia-a-dia, podemos facilmente cair neste erro! Quando a criança repetitivamente não cumpre os objetivos que lhe propomos e, de repente, consegue realizar a tarefa sozinha, podemos desorganizá-la com um elogio disfarçado de crítica. Para que o leitor consiga perceber melhor, mostrolhe um caso específico: uma criança nunca arruma os seus brinquedos e um dia chegamos a casa e os brinquedos estão no seu sítio. Podemos dizerlhe “Obrigada por teres arrumado os brinquedos como a mãe te pediu” ou podemos também dizer “Obrigada por teres arrumado os brinquedos na caixa e não os teres deixado espalhados no chão como costumas”. Qual destas duas hipóteses lhe parece mais reforçadora e motivante para a repetição do comportamento desejado? ... exatamente!
Quero acabar este artigo, elogiando-o a si, que leu este artigo até ao fim e que investiu tempo a aprender como elogiar melhor o seu filho. Não é o melhor leitor do mundo, não será o pai ou mãe perfeito/a mas o elogio que lhe faço é verdadeiro, ajustando-me assim às suas necessidades – Esforçou-se por ler e esforçar-se-á por pôr em prática, falhando mesmo assim algumas vezes e tentando de novo no dia a seguir. Parabéns, o esforço é recompensador! Como se sente?