INTRODUÇÃO
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sta cartilha tem o objetivo de facilitar a compreensão dos metalúrgicos da General Motors e do conjunto da classe trabalhadora sobre os planos da montadora no Brasil, onde ela obtém um dos seus maiores lucros em todo o mundo. Editado e diagramado pelo departamento de Comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, o trabalho é fruto de uma minuciosa pesquisa feita pelo pesquisador do Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos SócioEconômicos) Nazareno Godeiro. A saturação do mercado automobilístico nos centros ricos, a exploração de mãode-obra cada vez mais precarizada nas chamadas nações emergentes e a escandalosa remessa de lucros à matriz norte-americana são questões que vamos abordar nesta cartilha, assim como as novas investidas da empresa, que, como em São José dos Campos, no começo de 2010, fez uma forte campanha para forçar os trabalhadores a aceitarem a redução de salários e direitos. Felizmente, a resistência dos metalúrgicos joseenses foi vitoriosa. Mas a luta não acabou. O único caminho para garantir os empregos, direitos e salários dos trabalhadores é a nacionalização da GMB. A construção da consciência dos operários sobre o tema é um grande desafio a todos nós. Esperamos que você faça uma boa leitura e some-se à nossa luta! 1
EXPEDIENTE Pesquisa e redação: Nazareno Godeiro, pesquisador do Ilaese Edição: Rodrigo Correia Supervisão: Ana Cristina Silva Editoração eletrônica: Diego Plenamente Charges: Bruno Galvão Impressão: Gráfica Tiragem: 6 mil exemplares Material produzido e de responsabilidade da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região. Presidente: Vivaldo Moreira Araújo. Endereço: Rua Maurício Diamante, 65, Centro, São José dos Campos, São Paulo. CEP: 12209-570. Telefones: (12) 3946-5312, 3946-5332. Site: www.sindmetalsjc.org.br. Endereço eletrônico: comunicacao@sindmetalsjc.org.br.
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ÍNDICE A chantagem da GM em São José dos Campos ○
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pág. 05
Produção e venda de carros vão bombar até 2015 ○
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pág. 06
Ritmo infernal de trabalho para aumentar lucros ○
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pág. 08
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pág. 09
A produtividade da GM em São José ○
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A exploração do trabalhador da GMB ○
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pág. 14
GM faz “lipoaspiração” ○
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No mundo, montadoras enfrentam sua maior crise ○
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pág. 16
Novo ciclo de crescimento da indústria do carro no Brasil ○
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pág. 20
Os donos da GM ○
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Brasil banca montadoras, que mandam lucros pra fora ○
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Só com a nacionalização GM pode servir ao Brasil ○
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A chantagem da GM em São José dos Campos
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São José dos Campos tem o custo estrutural mais alto entre todas as montadoras da GMB e se medidas não forem tomadas agora para nivelar esta situação, esta
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“A verdade é que a GM de
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Trecho do “Informativo para liderança”, elaborado pela comunicação interna da GM (23/01/2008).
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unidade não vai sobreviver”.
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A postura da GM em 2010 foi uma repetição do que aconteceu em 2008, quando a empresa foi derrotada na sua proposta de impor a redução da
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Nos materiais publicados pela empresa ficou escancarada a postura ofensiva para tentar colocar os trabalhadores contra a parede. Em março de 2010, a publicação da empresa chegou a dizer que a planta de São José não é indispensável para a GM mundial.
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o início de 2010, os trabalhadores da planta da GM de São José dos Campos foram bombardeados pela série de chantagens feita pela empresa. Basicamente, o discurso era: ou os metalúrgicos aceitam as propostas que reduzem salários e direitos ou a unidade não receberá mais investimentos, um passo para fechar. É o popular “ou dá ou desce”.
O presidente da GM, Jaime Ardila (dir.), e o vice-presidente da GMB, Pinheiro Neto (esq.)
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VOCÊ SABIA?
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A chantagem da GM utilizou o discurso do medo como principal arma. Chegou a reunir um grupo de líderes e supervisores para aumentar a pressão em toda a fábrica. Era um teatro: queriam fazer pensar que os trabalha-
Depois de toda essa novela, os trabalhadores permaneceram firmes e, junto com o Sindicato, dizeram não à redução de direitos e salários e ao banco de horas mais uma vez.
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Naquela oportunidade, prefeito, vereadores, empresários e imprensa se uniram para pressionar o Sindicato a aceitar a retirada dos direitos, fato que se repetiu em 2010.
dores concordavam com o que a GM queria impor.
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grade salarial e o banco de horas.
Evidentemente, a luta não acabou. A GM não desistirá de rebaixar os salários e direitos dos trabalhadores aos níveis chineses. É o que veremos em detalhes mais adiante.
E
m 10 de março de 2010, a GM São José completou 51 anos. Do suor do trabalho de várias gerações de operários joseenses saiu parte substancial da riqueza da GM. No ano de 2009, a GM Brasil foi o único setor da GM mundial, junto com a China, que foi lucrativo, coisa que vem se repetindo desde 2006. Por tudo isso, a direção da empresa deveria ter mais respeito com seus trabalhadores e com a nossa comunidade. Infelizmente, não é o que estamos vendo.
Produção e venda de carros vão bombar até 2015 crise da indústria automobilística nos países ricos vai permanecer nos próximos anos. Por isso, a produção e as vendas de carros vão se deslocar para os países pobres mais populosos, como a China, Brasil, Índia e Rússia. Isso deve continuar, pelo menos, até 2015.
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As três plantas da GM no Brasil estão trabalhando com capacidade máxima e muitas horas extras. Mesmo assim, na situação atual, as 6
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Planta de São José dos Campos
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As perspectivas da empresa nas palavras de seu presidente
Jaime Ardila, presidente da GMB, em entrevista à rede Globo, em 25 de novembro de 2009.
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“Acredito que a indústria atingirá patamar muito próximo a 4 milhões de unidades, incluindo caminhões e ônibus para 2012 e 2013. Como a nossa participação de mercado é de, aproximadamente, 20% estamos falando de 800 mil carros, além do que exportamos. Isso faz com que a meta de produzir e vender um milhão de unidades não esteja muito longe. Na verdade, nossa ideia é nos aproximar de um milhão de unidades nessa data.”
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Acontece que a GM quer ir até o limite físico dos trabalhadores. A companhia quer arrebentar com o trabalhador, mantendo os mesmos custos salariais e produzindo dobrado, isto é, quer ganhar fatias no mercado de automóveis arrancando o couro do trabalhador.
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Ora, se a empresa sabe que a produção vai saltar de 600 mil para 1 milhão de veículos, é óbvio que será preciso contratar mais trabalhadores, abrir novos turnos de trabalho e expandir a capacidade produtiva das fábricas.
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unidades não vão alcançar a produção requerida nos próximos anos, que seria próxima a 1 milhão de unidades por ano. Para se ter uma ideia, a produção anual hoje é de cerca de 600 mil veículos.
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Ritmo infernal de trabalho para aumentar lucros
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oda a expectativa dos patrões é de que, em 2010, serão vendidos 3,8 milhões de veículos, incluindo as exportações. Para manter a sua fatia do mercado brasileiro, que é de cerca de 20%, a GM terá que produzir 700 mil veículos e importar outros 60 mil.
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mil, somando um total de 720 mil veículos no ano de 2010.
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Tudo isso significará aumentar ainda mais o ritmo infernal de produção e colocar os trabalhadores operando acima da sua capacidade física. É bicho feio!
VOCÊ SABIA?
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Desta forma, Gravataí produziria 260 mil carros, enquanto São José dos Campos e São Caetano produziriam cada uma cerca de 230
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Acontece que a GM quer atingir sua meta sem contratar novos trabalhadores. Quer ampliar a jornada de trabalho para 45 horas semanais (por meio do banco de horas e de horas extras) e funcionando dois sábados por mês.
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Com o número de funcionários que dispõe hoje, em jornadas normais de 40 horas semanais, operando em dois turnos, o máximo de produção que a empresa alcançaria seria de 600 mil veículos.
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P
ara garantir a produção de 720 mil veículos em 2010 com as atuais 40 horas semanais, a GM teria de contratar 1.000 trabalhadores em Gravataí, 1.800 em São Caetano do Sul e 1.500 em São José dos Campos. Como se vê, o ritmo de trabalho alucinante na produção da GMB está custando, pelo menos, 4.300 empregos. Uma economia de, aproximadamente, R$ 280 milhões. Tal soma representará uma boa parcela do lucro líquido da GMB em 2010.
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unitário de R$ 2.726,00, que totaliza R$ 1.871.399.000,00, (um bilhão, oitocentos e setenta e um milhões, trezentos e noventa e nove mil reais) ou quase 10% do faturamento total da GMB.
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Em um dos muitos informativos que tocam na mesma tecla, a empresa disse que, enquanto em São Caetano a produção subiu de 154 mil, em 1997, para 189 mil veículos, em 2009, em São José esta produção retrocedeu de 280 mil para 179 mil carros, no mesmo período.
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os discursos para tentar impor sua proposta de redução de salários e direitos, a direção da GM descarregou toda a pressão sobre os trabalhadores do complexo de São José dos Campos.
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A produtividade da GM em São José
Porém, este valor nem entra na conta da GM, que busca desqualificar a planta de São José dos Campos, uma estratégia para pressionar os metalúrgicos e, ao mesmo tempo, buscar jogar os trabalhadores das três plantas brasileiras uns contra os outros.
O fato é que a GM guarda todas suas informações a sete chaves, porém é ágil para divulgar dados soltos para favorecer seu discurso e tentar dividir os trabalhadores. Manipulação pura! Utilizando-se de má-fé, a direção da GMB nem informa que existem 1.700 trabalhadores na planta de São José que produzem motores e transmissões que servem para os carros da empresa produzidos em todo o país. Em 2009, foram produzidos nada menos que 686,5 mil motores, ao preço 9
Nas tabelas seguintes, mostraremos que a planta de São José dos Campos é tão produtiva quanto às outras e que, em certo sentido, é até mais produtiva.
Produção por planta Planta
2008 Produção
São José dos Campos São Caetano do Sul Gravataí Total GMB
2009
% sobre o total
211.433 199.914 192.472 603.819
35% 33% 32% 100%
Produção
% sobre o total
190.647 193.030 215.096 598.773
32% 32% 36% 100%
Fonte: estas tabelas foram montadas pelos economistas do ILAESE (Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos), com auxílio do Departamento Econômico do SindMetalSJC, a partir de dados de produção da ANFAVEA (www.anfavea.com.br), aplicada sobre uma tabela de preços médios de carros da GM. Os dados do faturamento e do número de operários são da revista Exame, Melhores e Maiores 2009 (disponível em www.exame.com.br).
Como se pode ver, os números apresentados pela empresa são tendenciosos. A tabela acima mostra que o trabalhador da planta de São José produziu tão bem como os trabalhadores das outras plantas. Além disso, em São José se produz motores para as outras plantas do Brasil e da Argentina, assim como garante as exportações da empresa a partir da fábrica de CKD.
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Portanto, já incorporados estes fatores e descontados os gastos de design dos carros, realizados na planta de São Caetano, chegamos a um resultado que demonstra a planta de São José produzindo mais de 40% do faturamento da GMB:
Faturamento por planta
(em bilhões de R$)
Planta
2008 Faturamento
São José dos Campos São Caetano do Sul Gravataí Total GMB Fonte: idem
10
10,650 7,816 4,493 22,959
% sobre o total
46% 34% 20% 100%
2009 Faturamento
% sobre o total
9,359 6,825 5,092 21,276
44% 32% 24% 100%
Produção em São José rende mais à GM
U
m dos elementos que favorecem o faturamento da empresa é que os carros produzidos em São José dos Campos são mais caros, portanto, rendem mais dinheiro à empresa. Em Gravataí, se produz mais veículos, mas com preços menores. Veja na tabela abaixo a média de preços que sai cada carro, dividido por planta:
Faturamento
por
carro
Planta São José dos Campos São Caetano do Sul Gravataí Média de preço carro GM
(em R$) 2008 45.790,05 40.813,30 26.597,39 38.024,53
2009 43.885,57 36.839,55 26.958,10 35.533,29
Fonte: idem
Cada trabalhador da GMB gerou aproximadamente R$ 1 milhão para a empresa nos anos de 2008 e 2009. São José, pelo preço mais alto dos seus produtos, rendeu mais de R$ 1 milhão e 100 mil por trabalhador:
Valor produzido por trabalhador Planta São José dos Campos São Caetano do Sul Gravataí Média de preço carro GM
(em R$) 2008 1.142.477,14 752.279,82 998.572,43 948.287,34
2009 1.114.987,53 680.249,14 1.095.102,80 921.973,08
Fonte: idem
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É uma conhecida estratégia ideológica utilizada pelos patrões: fazer com que nós pensemos e nos preocupemos com o lucro deles, mesmo que com números manipulados, mas recebamos apenas como operários.
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Os números não mentem. Quem mente é a GM, que utiliza tendenciosamente os dados de produção para que seus trabalhadores sintam-se pressionados a aceitar a perda de direitos, o rebaixamento de salários e a extensão da jornada de trabalho.
11
VOCÊ SABIA?
Em um dia e meio, trabalhador da GM paga seu salário mensal
C
ada trabalhador de São José rendeu para a GM em 2009, R$ 1.114.987,53.
Porém, o gasto da empresa com este trabalhador alcançou somente R$ 87.843,14 em 2009. Levando em conta que o salário médio na planta de São José em 2009 foi de R$ 3.317,60, acrescente a isso 85% de encargos, multiplique por 13 salários e some R$ 8.054,86 de PLR. Isto significa que, depois de descontados os gastos com o operário, a GM de São José ganhou R$ 1.027.144,39 (um milhão, vinte e sete mil, cento e quarenta e quatro reais e trinta e nove centavos) por cada trabalhador em 2009. Vejam que loucura! Dito de outra forma, em aproximadamente 12 horas de trabalho (um dia e meio), o operário da GM de São José paga seu custo salarial mensal. Trabalha, portanto, 18 dias por mês de graça para a empresa.
12
GM quer fazer mágica com números A empresa se nega a abrir os livros contábeis e, ao mesmo tempo, fica jogando números aleatórios, tirados da cartola, sem conexão entre eles. Tudo isso para confundir a mente do trabalhador e esconder uma verdade muito simples: o trabalhador da General Motors do Brasil é muito produtivo, especialmente os trabalhadores da planta de São José.
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horas semanais e recebem apenas cerca de R$ 500 por mês. Além disso, não têm casa própria e muitos, vindos da zona rural, têm que dormir nas próprias empresas, no sistema de “camas quentes”, no qual vai se revezando a produção e o dormitório, em turnos ininterruptos de trabalho. O presidente da empresa reclama que paga cerca de 8 dólares por hora a um operário da GMB, porém, não informa que este custo é muito mais baixo que nos Estados Unidos, onde a empresa paga 65 dólares por hora a um operário.
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Desde vários anos, os trabalhadores da GMB vêm “custando” menos à empresa. O gráfico a seguir mostra esse movimento:
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Fica claro, então, que o objetivo da companhia é rebaixar os custos até alcançar os níveis de exploração dos operários chineses, que são sujeitos a jornadas de trabalho com mais de 60
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Porém, nada sacia a disposição da empresa em rebaixar os salários e prolongar a jornada de trabalho: “O custo de fabricação [de um veículo no Brasil] é alto, uma vez que o trabalhador brasileiro recebe de 8 a 10 dólares por hora, enquanto o chinês recebe até 2 dólares por hora”, disse o presidente da GM brasileira, Jaime Ardila.
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General Motors do Brasil encerrou o ano de 2009 como a filial com maior lucratividade da GM mundial, ultrapassando até a filial chinesa.
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A
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A exploração do trabalhador da GMB
Fonte: Anuário da Indústria Automobilística brasileira – 2009 – ANFAVEA e Revista Exame Maiores e Melhores 2009
13
VOCÊ SABIA?
A
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Toda a campanha feita pela empresa dizendo que os custos salariais são
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O gráfico da página anterior demonstra que tanto a produção quanto as vendas cresceram mais que o número de trabalhadores. Significa que menos trabalhadores estão produzindo mais carros.
muito altos, desta forma, não passa de propaganda enganosa. O custo da folha salarial da GM Brasil é realmente muito pequeno, já que a empresa gasta somente 8% do faturamento com seus funcionários, que são aqueles que produzem a riqueza da companhia. O gasto maior vem de máquinas, equipamentos e matérias-primas.
riqueza produzida pelo operário fica na maior parte
(cerca de 90%) com os donos da GM, as concessionárias, os banqueiros e o governo. Ano a ano, o arrocho salarial levou à queda do peso relativo dos salários no custo total da companhia. Esta é a contradição da sociedade capitalista, baseada na propriedade privada: quem cria as riquezas na sociedade são penalizados, enquanto aqueles que vivem à custa do trabalho alheio são beneficiados.
A
melhor forma de compreendermos a obsessão dos empresários em aumentar a exploração dos seus operários é estudar o movimento que está sendo feito pela matriz da GM, nos Estados Unidos. A GM, que foi a maior empresa do mundo durante décadas, teve que decretar a concordata em 2009, se declarar impossibilitada de continuar seu funcionamento normal e de pagar seus credores e seus funcionários. Isto é, estava falida.
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GM faz “lipoaspiração”
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O objetivo da concordata foi de fechar as fábricas menos rentáveis, encerrar a produção de carros grandes que consomem muita gasolina,
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Dentro de pouco tempo, os antigos donos (os banqueiros americanos) receberão de volta uma GM novinha em folha, altamente lucrativa, com apenas 200 mil trabalhadores em todo o mundo em 2010, depois de ter alcançado a impressionante marca de 1 milhão de funcionários!
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A empresa já saiu da “concordata” e, para isso, teve que passar o facão sem dó: foram fechados 18 complexos industriais, com perda de 34 mil empregos nos Estados Unidos (mais 10 mil fora do país) e foram fechadas 2.400 concessionárias por lá.
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reduzir drasticamente o número de concessionárias, demitir milhares de trabalhadores, rebaixar os salários a níveis asiáticos e passar o mico da dívida bilionária para o governo dos Estados Unidos (isto é, para a população do país).
Quem perdeu foram os trabalhadores da GM e a população mundial, já que foram usados recursos públicos de todo o mundo para “lipoaspirar” a General Motors.
Reestruturação sem dó
D
esde 2006, cerca de 60 mil funcionários da GM perderam seus empregos nos EUA.
A reestruturação da empresa já vinha acontecendo há bastante tempo. A crise mundial só acelerou a dinâmica anterior. Nos EUA, a empresa também tem feito vários ataques aos trabalhadores. Lá, a montadora conseguiu baixar o salário-hora de US$ 73 dos atuais funcionários para US$ 27 por hora aos novos admitidos. Nem precisa dizer que o facão está comendo solto e são os trabalhadores antigos que estão sendo demitidos. O acordo feito com o sindicato United Automotive Workers (UAW) transformou o sindicato em patrão, que agora tem 17% das ações da empresa, em troca de se responsabilizar pela assistência médica de 400 mil aposentados e pelo pagamento de benefícios, sem contar a redução salarial. Infelizmente, o sindicato UAW se rendeu à patronal, entregando numa bandeja a cabeça dos trabalhadores. Em nome de supostamente garantir o nível de emprego, eles entregaram direitos, mas no final das contas compactuaram para a redução da mão-de-obra.
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No mundo, montadoras enfrentam sua maior crise
Linha de produção da GM nos Estados Unidos
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A produção em 2009 caiu em 15 milhões de veículos. Foi a maior queda de produção desde a Segunda Guerra Mundial, já que o mundo havia produzido 70 milhões veículos em 2008.
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Entramos em 2010 com uma indústria automobilística dominada por poucas grandes corporações: apenas 10 empresas dominam 85% do mercado, com 580 plantas, em 55 países, que produziram 55 milhões de veículos.
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Esse colosso entrou no ano de 2009 falido. Porém, foi salvo pela ação coordenada dos governos do mundo, capitaneados pelos governos de países imperialistas, principais interessados na salvação deste grande ramo econômico.
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unto com os bancos, a indústria automobilística é o símbolo do capitalismo moderno. Uma indústria com ramificações em todos os setores e responsável por cerca de 10% de toda a produção de mercadorias no mundo. Em 2008, os prejuízos dessa indústria atingiram 52 bilhões de dólares.
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J
Uma situação bastante complicada e que vai se manter. Em 2010, se prevê um pequeno aumento das vendas nos EUA e o declínio geral no mercado europeu. Esta queda será parcialmente suprida pelo crescimento da China, Índia e Brasil, que alcançarão, juntos, vendas de quase 14 milhões de veículos, nada menos que 25% da produção mundial.
1
Corte brutal de empregos e capacidade produtiva nos mercados saturados norte-americanos e europeus
2
Rebaixamento dos custos de produção em todas as partes do mundo a números próximos aos da China, perto dos baixíssimos 100 dólares de custo salarial por veículo.
3
O deslocamento da produção em grande escala para os mercados “emergentes” e países e cidades com salários mais baixos.
4
Fabricação de carros menores, que gastam menos combustíveis, e de baixo custo.
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Produção de vários veículos em uma mesma plataforma, com utilização das mesmas peças e economia na escala.
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Introdução de novas tecnologias, como os carros elétricos.
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Tendência à associação entre os grandes grupos do setor, terminando em três ou quatro corporações mundiais.
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As multinacionais automobilísticas estão no meio de um amplo processo de reestruturação, em todos os aspectos, desde tecnologia, desenho e do tamanho dos carros, até localização geográfica da produção. Ao lado, veja as principais medidas que deverão ser adotadas:
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A reestruturação da indústria automobilística mundial
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Novo ciclo de crescimento da indústria do carro no Brasil
O
estouro da crise no setor automobilístico mundial, que se combinou com a maior crise econômica mundial desde a grande depressão de 1929, acelerou o deslocamento da indústria automobilística para os países pobres, ditos “emergentes”. Este movimento já vinha de antes, desde o início do século, porém por volta do ano 2005, as multinacionais passam a vender e produzir mais carros fora do seu país de origem, de suas matrizes.
Frota de carros da GM em pátio da montadora
A tabela a seguir mostra, em 10 anos, a estagnação e a queda dos mercados dos países ricos, enquanto cresce a ritmo alucinante o mercado dos países ditos “emergentes”, principalmente China, Índia e Brasil:
Vendas de automóveis em países selecionados / 1999-2008 País EUA China Japão Alemanha Brasil Índia
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
(em milhares de unidades) 2007
2008
16.959 17.402 17.472 17.139 16.967 17.299 17.444 17.047 16.460 13.493 1.832 2.089 2.365 3.243 4.302 5.061 5.762 7.184 8.792 9.380 5.861 5.963 5.906 5.792 5.828 5.853 5.852 5.740 5.354 5.082 4.127 3.693 3.638 3.523 3.502 3.550 3.615 3.772 3.482 3.425 1.257 1.489 1.601 1.479 1.429 1.579 1.715 1.928 2.463 2.820 858 859 887 879 1.076 1.344 1.440 1.754 1.989 1.980
%1999-2008
- 20% +412% - 13% - 17% + 124% + 131%
Fonte: ACEA, ADEFA, ANFAVEA, ANFIA, AUTOMOTIVE NEWS, FCAI, FOURIN, KAMA, OICA, OSD, SMMT
Diferente de outros setores como a mineração, a indústria automobilística não possibilita ganhar os mercados somente com exportações: elas têm de produzir onde vendem. Por isso, se abriu um novo ciclo de investimentos da indústria automobilística mundial e uma reestruturação estratégica nos próximos anos. O Brasil vai se tornar o 4º maior mercado de vendas de carro em 2010. Fica atrás somente da China, com vendas em torno de 13 milhões de veículos, os Estados Unidos que vendem cerca de 11 milhões e o Japão com cerca de 4 milhões de unidades vendidas. O Brasil vai ultrapassar a Alemanha neste ano. 18
Emergentes são razão do crescimento mundial
S
egundo a PriceWaterhouse Company, os quatro principais países “emergentes”, os chamados BRIC (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China), serão responsáveis por 75% do crescimento da indústria automobilística até 2015. Estes países têm uma demanda de aproximadamente 70 milhões de veículos a ser atendida, até 2019 (35 milhões na China e 10 milhões no Brasil). As multinacionais estão de olho neste mercado, pois a população destes países (onde se concentram 42% da população mundial) é mais jovem e a proporção é um carro para sete habitantes ou mais, enquanto que nos Estados Unidos existe um carro para cada habitante.
Os anos de 2008 e 2009, nos quais a indústria automobilística mundial entrou em crise, foram anos de produção e vendas recordes no mercado brasileiro. O gráfico a seguir mostra o desempenho da indústria automobilística no Brasil de 1995 a 2009:
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Os donos da GM
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da GM ficaram com 10% das ações da empresa, e tem a preferência para comprar do governo ou do UAW mais 15%, chegando a 25%.
Alguém pode perguntar: que diferença faz quem é o dono da empresa?
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Nunca a célebre frase de Karl Marx, no Manifesto Comunista, se mostrou tão correta: “O governo moderno não é senão um comitê para gerir o conjunto dos negócios da classe burguesa”.
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Na concordata, os antigos donos
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A história é a seguinte: cortam milhares de postos de trabalho, fecham dezenas de fábricas, reduzem direitos dos trabalhadores e aposentados e... a empresa está saneada e apta a voltar “ao mercado”.
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Apesar de injetar US$ 60 bilhões na empresa e saneá-la, o governo dos Estados Unidos diz não querer ser o dono da GM. Pretende devolver a empresa aos seus antigos donos o mais rápido possível.
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GM hoje é dos Estados Unidos (representados pelo governo Obama, que é dono de 60% da empresa), do sindicato dos trabalhadores United Automotive Workers (17,5% das ações), do governo canadense (12,5%) e de fundos de investimentos norte-americanos (10%).
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Barack Obama, presidente dos Estados Unidos
Faz muita diferença: estes fundos de investimentos não estão preocupados com o país nem com a empresa do ponto de vista operacional. Eles se preocupam se suas ações estão valorizando na bolsa e se o investimento está rendendo lucros rápidos. Não estão preocupados no longo prazo. Querem “money” (dinheiro) e rápido!
VOCÊ SABIA?
O
s investidores privados responsáveis pela quebra da GM, antes de sua concordata, são as velhas figurinhas carimbadas de Wall Street: Citigroup, muito citada na crise econômica mundial: J. P. Morgan, Fidelity Investments e Franklin Templeton Investments, todos com carteiras bilionárias. Curiosamente, o J.P. Morgan, o Fidelity e o Templeton são também donos da Embraer.
Sede da GM, nos Estados Unidos
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s multinacionais do ramo automobilístico instaladas no Brasil sempre tiveram regalias. Ganharam terrenos para sua instalação, receberam isenção de impostos federais, estaduais e municipais por vários anos
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Brasil banca montadoras, que mandam lucros pra fora e, agora, na crise, foram beneficiadas com a isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e receberam R$ 4 bilhões do governo Lula e outros R$ 4 bilhões do governo do estado de São Paulo (José Serra). 21
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isenções de impostos municipais e estaduais.
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Notem que quando se acentua a crise nas matrizes, a partir de 2008, aumenta drasticamente as remessas de lucros para salvá-las da falência, enquanto aumentou a contribuição e o “pacote de bondades” do governo federal para estas empresas:
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Montada a partir de dados oficiais do BNDES, do Banco Central e da Anfavea, a tabela a seguir demonstra que, em uma década, as multinacionais investiram menos no país (US$ 13,8 bilhões) do que enviaram para o exterior (US$ 15,9 bilhões). Também se demonstrou que estas empresas sobrevivem da contribuição do governo federal e das
INVESTIMENTOS E REMESSA DE LUCROS DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA BRASILEIRA DE 2001 A 2009 Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 TOTAL
Investimentos das montadoras 1.750 976 673 739 1.050 1.451 1.965 2.913 2.305
Desembolsos do BNDES 1.129 878 2.654 2.575 2.022 2.386 1.604 2.491 3.166
13.822
18.905
(em milhões de US$)
Remessas de lucros 415 917 436 274 498 1.340 2.700 5.600 3.800 15.980
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tes”. O Brasil envia US$ 1 bilhão a mais que a China e três vezes mais que Índia e Rússia. Em resumo, os trabalhadores são explorados, demitidos, submetidos a um ritmo de trabalho infernal, tudo para que os lucros obtidos sejam enviados para o exterior, entregues aos grandes banqueiros de Nova York.
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Foi tão grande a remessa de lucros durante a crise econômica internacional, que segundo o Banco Central, o Brasil é o 13º no ranking dos países que mais geram lucro aos investimentos americanos no mundo. É o primeiro dentre os grandes países “emergen-
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Fonte: BNDES. BACEN e Guia Automotivo brasileiro - 2009 - ANFAVEA Investimentos 2009: estimativa de Goldenstein & Cassoti
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A GM foi uma das empresas que mais remeteu lucros para os Estados Unidos. Esta informação é a mais confidencial da companhia. Os trabalhadores brasileiros, que produzem estas riquezas, não têm acesso a esta informação.
Trabalhadores da GM, em São José dos Campos, durante assembleia
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Desta forma, agem todos os governos, seja federal, estadual ou municipal, como no caso de São José dos Campos.
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A nova expansão da planta de Gravataí, com a qual ela passará a produzir de 230 mil para 380 mil carros anualmente, atinge investimentos na or-
Além disso, o governo do Rio Grande do Sul concedeu benefícios fiscais à expansão da fábrica da GM em Gravataí, no valor de R$ 1,4 bilhão. Por este benefício, a GM vai financiar o pagamento de ICMS em 22 anos, sem juros nem correção monetária.
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Por exemplo, para instalar a filial em Gravataí, foram gastos US$ 554 milhões. A metade deste capital foi emprestado pelo governo do Rio Grande do Sul, além de um pacote de incentivos, que incluiu a postergação do recolhimento do ICMS.
dem de R$ 2 bilhões, segundo informou a empresa. Destes 2 bilhões, a metade virá de empréstimos do BNDES e de bancos estaduais, como o BRDE e o Banrisul.
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ale lembrar ainda que, além de serem financiadas pelo governo federal, as empresas são favorecidas por isenções de impostos os mais diversos.
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Subsídios e isenções fiscais
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Como empresa instalada aqui, GM deveria respeitar nossas leis
O vice-presidente da GMB, José Carlos Pinheiro Neto, em evento da montadora
General Motors do Brasil é a sétima maior empresa em operação no Brasil. As duas maiores, a Petrobras e a Vale, prestam informações detalhadas de suas operações. Porém, as grandes empresas multinacionais, como a GMB, se negam a prestar informações.
A
Nos EUA, como é obrigatória a apresentação das informações contábeis e produtivas, existem relatórios anuais, especificando lucros e produção no próprio site da empresa. Porém, essas informações não são detalhadas por país, nem por planta de produção. Isto é um desrespeito da empresa à comunidade onde atua e para com seus trabalhadores, pois a estes interessa saber qual é a verdadeira situação da empresa, já que seus destinos estão entrelaçados com o dela. Desde 2008, as grandes empresas no Brasil são obrigadas a prestar informações sobre suas atividades empresariais ao público. A lei 11.638, promulgada em dezembro de 2007 e ratificada pela Presidência da República, obriga as grandes empresas a apresentarem o balanço patrimonial, a demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados e vários outros itens. A apresentação destes números vai revelar quanto a empresa investe no Brasil e quanto envia de remessas de lucros aos Estados Unidos. Vai revelar a produtividade da empresa e os salários baixíssimos pagos aqui. Os trabalhadores das três plantas da GM no Brasil devem exigir a abertura dos livros contábeis da montadora.
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os impostos, que vêm incorporados, inclusive, no preço das mercadorias.
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Então, por que esse favorecimento às grandes multinacionais? Por que a transferência de bilhões de dólares dos cofres públicos brasileiro, que terminam indo para os Estados Unidos? É uma ironia da história: um dos países com maior desigualdade social no mundo dando dinheiro aos bancos e empresas mais ricas do mundo!
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Favorecimentos que nenhum trabalhador brasileiro tem direito. Nós não ganhamos terreno para construir nossas casas, nem deixamos de pagar IPTU, água, luz ou telefone. Os empréstimos que contraímos são realizados com os juros mais altos do mundo e somos obrigados a pagar todos
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Estado brasileiro sempre ajudou as multinacionais do setor automobilístico, desde a sua implantação no Brasil.
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Só com a nacionalização, GM pode servir ao Brasil
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De acordo com dados do Banco Central, a média anual de remessa de lucros ao exterior cresceu em 277% no governo Lula. Saiu de uma média de US$ 1,29 bilhão, na década de 90, para US$ 4,8 bilhões, atualmente.
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empresas, diante das quais ficamos reféns de chantagens e ameaças de ir embora, não investir, etc.
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O único caminho que garantiria o desenvolvimento da indústria brasileira, os empregos, direitos e salários dos trabalhadores é a estatização destas
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Lula, com toda a sua “dita” popularidade, tinha e tem todas as condições para inverter esse quadro. É algo que está em suas mãos, mas, infelizmente, o lado do governo é dos banqueiros e patrões.
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Apesar de gostar de posar de nacionalista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seus dois mandatos, governou para favorecer estas grandes empresas multinacionais, que dominam a economia brasileira. Na crise, por exemplo, deu dinheiro para as montadoras, que demitiram e aumentaram o ritmo de trabalho. Já os trabalhadores ficaram com o desemprego.
Alguns podem argumentar que as multinacionais têm a tecnologia e nós não temos. Esse raciocínio é totalmente equivocado: nós temos um corpo de profissionais plenamente capazes de
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ros americanos, alemães, japoneses, franceses, etc.
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Não defendemos a falsa nacionalização de Obama, que está saneando a GM para devolver aos banqueiros americanos. Defendemos uma estatização sob controle dos trabalhadores e da comunidade.
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Precisamos exigir do governo Lula que nacionalize e estatize a GM do Brasil, junto com a Volks, a Ford, a Fiat, para que estas empresas, sob a direção dos trabalhadores, possam ser uma alavanca para o desenvolvimento industrial brasileiro e não para a sanha de lucros dos banquei-
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Os trabalhadores da GM do Brasil precisam exigir o fim da exploração e da sangria de recursos brasileiros que vão para os Estados Unidos.
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desenhar qualquer máquina. Um exemplo é o próprio motor flex, desenhado no Brasil e que hoje ganha o mundo.
Enquanto a GM for dirigida por banqueiros nos EUA (que conseguiram levar à falência a maior empresa do mundo), sempre estaremos à beira do abismo, sempre teremos que estar prontos para lutar em defesa dos empregos, salários e da dignidade da classe trabalhadora!
Só a luta muda a vida! 27
Logotipo do Sindicato
www.sindmetalsjc.org.br
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