Entrevista do Vestibulando - 1519

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Jornal do Vestibulando

ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA

JORNAL ETAPA – 2016 • DE 15/09 A 28/09

ENTREVISTA

Depois de um ano de preparação sua nota subiu 23 pontos na 1a fase. Caio Silva Teixeira entrou na Poli, no curso de Engenharia Elétrica. Ao terminar o Ensino Médio ele fez 47 pontos na 1a fase da Fuvest. Depois de um ano no cursinho subiu a pontuação para 70. Um ano em que conseguiu se organizar nos estudos e superar defasagens nas matérias de Exatas, principalmente em Matemática. Ao ver seu nome na lista de aprovados não sabia se chorava ou ria: “Foi um êxtase, uma sensação incrível”.

Caio Silva Teixeira Em 2015: Etapa Em 2016: Engenharia Elétrica – USP

JV – Quando e por que você escolheu Engenharia como carreira? Caio – Sempre tive tendência para Exatas e todo mundo falava que eu tinha que fazer Engenharia. Aqui no Etapa pesquisei as várias grades curriculares e vi que como engenheiro eu posso atuar em prol da sociedade. Quero participar de projetos que beneficiem pessoas necessitadas. Projetos, por exemplo, para ajudar idosos, cadeirantes, deficientes físicos, com o uso de tecnologia. Sou um entusiasta de tecnologia.

Além da Fuvest, você foi aprovado onde mais? Fui aprovado na UFABC, pelo Enem, para o curso de Ciências e Tecnologia.

Como você conheceu o Etapa? o

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Eu fiz os Desafios daqui, no 5 e no 9 ano. Participei da preparação para a Olimpíada Brasileira de Matemática aqui também. Acabei vindo para cá.

Você prestou Fuvest ao terminar o Ensino Médio? Prestei. Não fui para a 2a fase, acertei 47 questões, fiquei longe da nota de corte. Acho que isso prova que um ano bem feito vale bastante a pena, dá para subir a nota.

Você estava animado no começo do ano passado? Eu estava bem animado porque queria fazer o cursinho muito bem feito e conseguir talvez até escolher para onde ir. Comecei muito animado,

ENTREVISTA

Caio Silva Teixeira CONTO A Sereníssima República – Machado de Assis

Conseguiu voltar com essa força? Sim. Eu descansei bastante nas férias. A cabeça principalmente. E no segundo semestre eu procurei cuidar de mim, o que não tinha feito no primeiro semestre – dormia pouco, comia mal, muito chocolate, muita porcaria. Passei a cuidar de mim e deu certo, meu ânimo aumentou. Quando precisava descansar, eu descansava.

Você mudou a alimentação e o tempo de sono. Manteve o tempo de estudo? No segundo semestre as matérias ficam um pouco mais complexas, dedicava um pouco mais de tempo para estudar, principalmente Exatas, que eram as minhas matérias prioritárias na 2a fase.

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No início eu estudava sempre lendo a apostila e fazendo os exercícios de todas as matérias do dia. E qualquer dúvida eu ia ao plantão. Aí comecei a testar várias maneiras de estudo, algumas davam certo, outras não. Comecei a dormir mal, chegava em casa cansado, queria estudar, mas não adiantava.

Você chegava em casa a que horas? Dependia do dia e das matérias. Em média, saía daqui às 6 horas, 6 e meia e rapidinho chegava em casa.

Parlamentarismo e presidencialismo Antigas e muito valiosas

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Você ficava de segunda a sexta-feira até umas 6 da tarde mesmo? Sim, eu ficava aqui porque era melhor para mim. Em casa eu não conseguia estudar. Ficava na Sala de Estudos. Principalmente perto de algum plantão que no dia eu sabia que ia precisar. Tinha muita dúvida em Física e Matemática. Matemática era minha pior matéria. Ia direto para os exercícios. Qualquer dúvida, eu lia a apostila. Se não entendesse, entrava no Plantão Virtual. Se ainda restasse dúvida, ia consultar os plantonistas.

Esse era o seu método em todas as matérias? Isso em Exatas. Em Humanas era diferente, eu lia as apostilas. Nas matérias de Exatas eu preferia já tentar os exercícios.

Em Biológicas era como em Humanas? Em Biologia eu ia muito bem e lia a apostila. Ela é completa, tem todos os detalhes necessários e conversa muito bem com os exercícios.

Em quais matérias você ia mais ao plantão?

Como era seu método de estudo?

Eu ia bastante em Geografia porque coloquei na cabeça que tinha que me destacar em alguma matéria que não fosse de Exatas. Aí escolhi Geografia como principal e sempre conversava com o plantonista sobre atualidades. Passei a ir bem em Geografia nos simulados e na Fuvest também tive uma nota bem razoável. Principalmente as aulas de Geopolítica me ajudaram muito, até a escolher minha carreira.

Você tinha mais base em quais matérias? Eu tinha mais base na escola em História, Geografia e Biologia. Aqui, eu ia bem em Física porque os

POIS É, POESIA

ARTIGO

ENTRE PARÊNTESIS

Cesto de pães

mas antes das férias do meio do ano estava exausto. Foi uma época difícil, mas coloquei na cabeça que nas férias eu ia descansar e voltaria em agosto com força total.

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Luís Vaz de Camões

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SERVIÇO DE VESTIBULAR

Inscrições

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professores são ótimos. Faziam entender muito bem com poucas palavras. Achava mágico.

No final de semana você estudava? No sábado eu fazia as matérias que não tinha conseguido fazer na semana, dava uma revisada. Às vezes eu pegava só uma matéria, ficava uma horinha estudando e estava bom. No domingo eu só descansava.

Você fazia os simulados? Nunca perdi os da Fuvest. Eu gostava dos simulados pela condição que eles dão para escolher uma sequência de exercícios na prova e de controlar o próprio tempo. Eu sempre fazia em quatro horas, quatro e meia. Não ia muito bem porque não buscava acertar as 90 questões, mas fazer o que eu podia, fazer o meu melhor dentro da estratégia que eu tinha escolhido para aquele simulado.

Como eram essas estratégias? Eu testei muitas maneiras. Testei começar por Português, via que meu desempenho em Português melhorava, mas meu desempenho em Geografia caía. Tentei Geografia e depois História, meu desempenho melhorava nas duas, mas em Português caía. Aí meio que achei o equilíbrio, fazer numa certa ordem e deixar as questões em branco para depois.

Como foi seu desempenho nos simulados?

prova 100%, com a mente organizada e focada na prova. No dia da prova cheguei animado e fiz o melhor que podia.

Como foi então a semana anterior à prova? Peguei muito leve. Antes da Fuvest, um professor falou: “Você estudou o ano inteiro e vai gastar três horas e meia, quatro horas na prova? Não, você vai até o fim, cinco horas de prova. Nem que seja para resolver aquele último exercício que você não está conseguindo, mas no fundo você viu aquilo em algum lugar. Não desista. Você tem que pensar que ali tem que ser sua melhor prova, não é mais um simulado. Aqui você fez simulado para poder chegar na prova com o melhor que conseguiu”.

Para a 2a fase mudou alguma coisa no seu estudo? Mudou porque eu fiquei um pouco acomodado. Não esperava essa nota, achava que ia ser bem mais baixa. Isso foi um grande erro. E me afetou. Comecei a cair de rendimento e não conseguia voltar aos exercícios, principalmente porque agora eram escritos. Minha solução foi pegar provas dos anos anteriores e fazer.

Como você foi na 2a fase? No primeiro dia eu fui bem, tirei 60 nas questões de Português e 76 na Redação. Deu média 68.

Sempre fiquei em C menos e C mais. Tirei um B em matérias de Humanas no Enem e chegava a tirar B em Redação. Quando tirava C menos, pegava a prova e ia de questão em questão para ver o que tinha errado. Eu não quantificava os exercícios, eu qualificava. Sempre fui de querer um estudo qualitativo.

No segundo dia, na prova geral, qual foi sua nota?

Você treinava Redação?

A prova foi mais fácil que nos anos anteriores. Fui razoavelmente bem, tirei uma nota alta, 83,33.

Eu cometi um erro durante o ano que foi fazer poucas redações, mas as redações que fazia, levava ao plantão. Depois da 1a fase eu meio que me assustei e fiz as redações de novo. Também fiz redações de provas antigas, levava ao plantão.

Você leu as obras literárias indicadas pela Fuvest como obrigatórias? Já tinha lido na escola e aqui assisti às palestras. Achei sensacional. Nunca achei que ia ter tanta coisa por trás dos livros. Vi as palestras e assisti de novo no site. Fazia anotações e até li outra vez alguns trechos dos livros.

Qual a diferença entre só ler a obra e além de ler assistir às palestras também? Assistir à palestra é como ler a obra pela visão de outra pessoa. O professor aponta um trecho da obra que para você é só um trecho, mas ele mostra em cada linha informações muito importantes. E você começa a enxergar o livro de outra forma e até desejar ler a obra outra vez.

Você fez quantos pontos na 1a fase da Fuvest? 70 pontos. O corte foi 60.

No ano anterior você tinha feito 47. O que achou desse resultado, 10 pontos acima do corte? Eu tinha muito medo de não subir. Foi uma coisa de dia, de saber. Usei a semana pré-Fuvest a meu favor. Descansei, fiz tudo para chegar na

Foi uma prova mais difícil que nos anos anteriores, principalmente Matemática. Não deu tempo de fazer tudo. Minha nota foi 62,8.

E no terceiro dia, das matérias prioritárias da carreira, Matemática, Física e Química?

Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação? Foi 729 e consegui classificação boa para o meu curso.

Como você ficou sabendo de sua aprovação na Fuvest? Vim até aqui. Corri esse risco, cheguei com um amigo. Na hora que vi meu nome foi um êxtase, não sabia se chorava, se ria. Uma sensação incrível. É a “primeira conquista” que a gente faz sozinho. Não tem como esquecer.

O pessoal da Poli já estava no Etapa, com bateria e tudo? Eles cortaram um pouco meu cabelo, me jogaram tinta, organizaram pedágio. Foi bem legal. Conheci já alguns veteranos meus.

O que você tem de matérias neste segundo semestre? Cálculo II, Física II, Álgebra Linear II, Mecânica I e as matérias de Elétrica. Estou tendo Algoritmo e Estrutura de Dados, Laboratório de Programação Orientada a Objetos e Introdução à Engenharia Elétrica.

De qual matéria você está gostando mais? Estou gostando muito de programar. Algoritmos e Laboratório de Programação são minhas favoritas. Introdução à Engenharia Elétrica tem uma dinâmica muito legal. Gostei bastante.

O que você destaca na Poli? Destaco a parte humana. As pessoas são legais, você conhece gente nova, gente de diferentes tipos, do Brasil inteiro, de fora do Brasil. Isso traz uma grande diversidade de pensamentos. Na parte de infraestrutura, os prédios são bem cuidados, tem segurança, banheiro limpo, lanchonete, wi-fi em todo lugar. Tem salas de estudos, com tomadas e tudo. Muito legal.

Você está participando de alguma atividade fora das aulas? Eu participei de algumas reuniões da Atlética, gostei bastante, participei de algumas decisões que eles tomaram. Participei também do campeonato dos bichos, o BichUSP, joguei handebol. Muito legal porque foi a primeira vez que vesti a camisa da Poli. Bateria apoiando, emocionante.

O que você pode dizer a quem está se preparando para prestar vestibular este ano? É importante conhecer seus limites, seus pontos fortes, seus pontos fracos. Você tem que ter seu próprio ritmo, suas próprias decisões. E, mais importante, se cuidar, como já falei. Seu único instrumento na prova é sua mente. Se a sua mente estiver cansada, não vai ser a sua melhor prova. Você tem que estar consciente disso e descansar.

Como fica marcado para você o ano passado? Foi um ano difícil, mas foi um ano legal. Uma época muito boa, de muito aprendizado. Usei o ano para aprender a ter minhas responsabilidades. Isso se reflete na faculdade também. Tudo o que aprende no cursinho, não só Física, Matemática, você vai usar lá: como buscar seus próprios estudos, como se relacionar com as pessoas. O Etapa me ajudou a crescer como pessoa.

Você tem saudade de alguma coisa do ano passado? Tenho muita saudade dos professores. Eles são ótimos, têm ótima didática. Sinto falta principalmente dos professores de Física.

Como foi na matrícula?

O que você tira dessa experiência no cursinho?

A festa da matrícula foi muito tranquila. Você não precisava fazer nada. Eu quis pular na lama, pulei, fiz tudo que podia. Não precisava nem raspar o cabelo se não quisesse. Eu raspei.

Eu não queria falar clichês, mas gosto muito de uma frase que eu ouvia, que é: “Milagres acontecem quando a gente vai à luta. Lutar e ter força de vontade é meio caminho andado”.

Você já conhecia a Poli?

Você quer dizer mais alguma coisa aos nossos alunos atuais?

Não conhecia. Depois de toda a burocracia, lá estavam os veteranos esperando você. Eles te querem lá dentro, é incrível a energia que eles trazem, principalmente o pessoal da minha Engenharia. Conheci alguns deles. Os da Atlética também são muito gente fina.

Quero trazer uma reflexão. Ao acordar de manhã, faça uma pergunta: “Por que e para que estou acordando hoje?” E aí faça outra pergunta: “Vale a pena?” Se não valer, tente outra coisa. Se valer, faça o seu melhor.


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