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Jornal do Colégio JORNAL DO COLÉGIO ETAPA – 2015 • DE 19/11 A 03/12
ENTREVISTA
“Eu não sou médica de segunda a sexta-feira. Vou de domingo a domingo.” Beatriz Keiko Zambon entrou na Pinheiros em 2005. Sua primeira Residência no Hospital das Clínicas foi em Clínica Médica. A última, em Infectologia, que está terminando. Trabalha em dois hospitais. Nesta entrevista ela conta como se preparou no Etapa, como se desenvolveu na faculdade e quais são seus planos, que incluem pós-graduação em neuroinfecção e uma terceira Residência em UTI.
Beatriz Keiko Zambon
JC – Quando você decidiu estudar Medicina? Beatriz – Decidi na metade do 3o ano aqui no colégio. Sempre tive dúvida sobre o que ia fazer. Numa época pensei em cursar História. Mas eu gostava muito da Medicina, até por conta do meu pai. Ele fez Pinheiros. E eu queria uma carreira que me desse oportunidade de fazer coisas diferentes. Na Medicina você pode ser desde a pessoa que vai cuidar de paciente até quem faz administração hospitalar. Dentro da carreira você pode escolher. Por exemplo, pode fazer Medicina Legal, Medicina do Trabalho.
No segundo semestre do 3o ano, quando você optou por Medicina, mudou sua rotina de estudo? A única coisa que fiz de diferente foi focar para acabar as revisões. E estudei um pouco mais do que costumava estudar. Eu chegava em casa, almoçava, estudava até umas 5 horas da tarde, ia fazer algum esporte, alguma coisa. Jantava, recomeçava a estudar às 8, 9 horas da noite e ia até umas 3 horas da madrugada. Acordava às 6 horas. Consegui manter esse ritmo porque tinha um objetivo bem claro, passar no vestibular.
Quando você prestou vestibular, em quais foi aprovada?
Você já conhecia a Pinheiros?
USP, Unicamp, Unesp, Paulista.
Eu ia muito ao Hospital das Clínicas por conta do meu pai. Mas nunca tinha entrado na Pinheiros, até a matrícula.
Qual o motivo de sua escolha? Eu tinha mais contato com pessoas da Pinheiros. Além de meu pai ter se graduado lá, eu morava perto da faculdade.
E a questão familiar? Meu pai nunca fez muita questão de que eu estudasse na Pinheiros.
Como era seu método de estudos? Eu sempre gostei de ler. E o lance de ter prova todo dia dá uma certa disciplina. ENTREVISTA
Carreira – Medicina CONTO Tiro-de-Guerra no 35 – Antônio de Alcântara Machado
Como foi seu início na faculdade? O 1o ano e metade do 2o são na Cidade Universitária. São duas matérias por dia, uma das 8 horas ao meio-dia, a outra das 2 às 6 horas da tarde. No primeiro dia na Pinheiros eles dão a lista de livros de cada matéria para você ler e cada livro tem 500, 400 páginas. Você fica perdida. Tem que se virar. Mas em uma semana, duas, você meio que pega o ritmo das aulas da faculdade. Os veteranos ajudam bastante, indicando que livro, que capítulo você deve ler, onde buscar. POIS É, POESIA
ARTIGO
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Egito Antigo
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ENTRE PARÊNTESIS
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PUC – Questão de vestibular
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Álvares de Azevedo (1831-1852)
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ENTREVISTA
Que matérias você teve em cada ano?
Em que lugares você estagiou?
No 1 ano tem Bioquímica, Biologia Molecular, as Histologias, Anatomia. No 2o ano tem Fisiologia, continua tendo um pouco de Histologia, tem Prática Médica. No 3o ano começa o ciclo das Propedêuticas, você aprende a examinar e a tirar a história do paciente. Depois da Propedêutica você vai passar pela Clínica Médica, aprende sobre as grandes síndromes, os grandes sintomas, para fechar o diagnóstico e depois o tratamento, uma visão mais da patologia mesmo. No 5o e no 6o ano é o internato, que é o estágio. Sendo que o 6o ano é mais voltado para emergência. Fica-se mais tempo no pronto-socorro.
Do 2o ao 3o ano eu estagiei durante um ano e pouco no laboratório de Neurologia do Hospital das Clínicas. Às vezes ficava na Dermatologia também.
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Qual é a diferença principal do 5o e do 6o ano em relação aos anos anteriores? Até o 4o ano todos os atendimentos que você faz são tutorados por alguém, que guia, que explica. A partir do 5o ano a proposta é que você, aluno, é médico daquele paciente. Óbvio que você sempre vai ser supervisionado. Mas aquele paciente é seu, você vai examiná-lo, você é responsável por colher algum exame, pelo procedimento. Já no 5o ano você meio que vira médico, recebe essa atribuição.
Além das aulas do curso, o que mais você fez na Pinheiros? Lá tem as ligas, os acadêmicos formam grupos de estudo de patologia ou de temas como hipertensão, doenças crônicas, com a tutoria de um professor e de um residente, até de um aluno mais velho. Você atende os pacientes com essas doenças para ter um pouco mais de proximidade com a clínica. Eu fiz liga de Sífilis e DST [Doenças Sexualmente Transmissíveis], fiz a liga de Hanseníase, fiz a liga da Dor. Fiquei quatro anos na liga de Hanseníase, um ano e meio na de Sífilis e um ano na de Dor.
Aulas e ligas. O que mais você fez durante os seis anos da graduação? Fiz parte do MedEnsina, o cursinho da Pinheiros [cursinho de fundo social que usa material do Etapa], dei aula de História do 1o até o 5o ano. Fiz iniciações científicas do 2o até o 5o ano. E você pode também fazer estágios.
Você fez diversas iniciações científicas? Fiz. Do 2o ao 4o ano fiz iniciações em Neuroanatomia, Neuro-oftalmologia, fiz algumas coisas. O que eu mais fiz foi em hanseníase.
Qual é a importância da iniciação científica? A iniciação científica dá a primeira noção de como é seguir uma carreira acadêmica depois. A iniciação científica e a publicação [das pesquisas] contam para a prova de Residência.
Qual é a diferença de fazer estágio no HC e em um hospital particular? No HC a diferença não é tanto de conteúdo, a diferença é a diversidade de pacientes. No HC você vai ver mais casos diferentes.
O estágio é obrigatório? O do 5o ano é obrigatório. Você faz uma parte no HC e uma parte no HU [Hospital Universitário]. Eles dividem, você tem que ter uma ideia de hospital secundário e de hospital terciário. O HU é hospital secundário, o HC é terciário.
O que caracteriza um hospital terciário? É o hospital que tem uma complexidade maior de doentes.
E primário, o que é? UBS [Unidade Básica de Saúde].
Cinco anos após ter terminado a graduação você continua como residente no Hospital das Clínicas. Por que tanto tempo na Residência? Eu fiz dois anos de Residência em Clínica Médica e estou terminando o terceiro ano de Residência em Infectologia.
Por que escolheu Clínica Médica para sua primeira Residência? No meio do caminho você vai aos poucos conhecendo as diversas áreas e define. Clínica entra como pré-requisito para você fazer outras coisas: Pneumologia, Reumatologia, Cardiologia.
O que motivou sua segunda Residência, em Infec tologia? Até por gostar muito de História eu via que as doenças infecciosas mudam um pouco o curso das coisas da humanidade. E o paciente infecto, pelo menos no hospital público, precisa tecnicamente mais de você. Ele é aquele usuário de droga, um paciente que tende a estar mais à margem da sociedade do que os outros. Nesses doentes os problemas sociais são mais evidentes. Ajudando essas pessoas você consegue fazer que melhorem um pouco. Fazendo com que entendam mais a doença deles, você consegue cortar de certa forma o ciclo de transmissão. É uma coisa dinâmica.
Como é a prova para entrar na Residência? Começa com uma prova dissertativa dividida nas cinco grandes áreas. Tem uma questão de Cirurgia, uma de Ginecologia, uma de Pediatria, uma de Clínica e uma de
ENTREVISTA Preventiva. Não tem nada na prova que você não tenha visto na faculdade. Obviamente, a prova do HC tende a cobrar menos rodapé de livro. Depois tem a prova prática, que também não tem nada que você não tenha visto. E aí tem a entrevista. Na minha entrevista eu não conhecia ninguém. Na entrevista de Infecto eu não sabia nem quem estava lá.
Começa a Residência e você tem de dar plantões. Recebia apoio de médicos? Na Residência, quando você está dando plantão, tem um assistente que está sempre por trás de você. Ou um residente mais velho. Qualquer problema você se reporta a essas pessoas. Você é bem escorado com isso. E quem faz Residência também dá plantão fora.
Onde era seu plantão? Dei plantão em clube, ambulância, shopping, show, festas. Você trabalha muito. Vai pegando emprego para ver como é. No meio da R1 [primeiro ano de Residência] peguei um fixo num hospital chamado Pimentas, em Guarulhos, ao lado do Aeroporto de Cumbica. Fiquei no Pimentas uns três anos. Agora, além de Residência no HC, trabalho nos hospitais São Camilo e Brigadeiro.
Nessa fase, trabalhando sozinha, você chegou a ficar insegura ao atender os pacientes? A primeira vez sempre dá medo: “Putz, estou sozinha, tenho que me virar”. Inclusive, na Residência, quando você vai dar uma notícia de falecimento tem sempre alguém com você. Mas chega aquela hora em que você vai ter que fazer isso sozinha. Por mais que eles ensinem a abordar, você não sabe a reação da pessoa que está recebendo a notícia. Essa é a coisa que mais pesou quando comecei a dar plantão sozinha. Por mais que você saiba como tem que agir, nunca é fácil.
Este é o seu terceiro e último ano na Residência de Infectologia Geral. O que pretende fazer depois?
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recursos para você exercer uma medicina de qualidade. E se você não dá o tratamento correto, está fazendo uma má prática médica. Se me submeto a trabalhar em um lugar em que não tenho condição de trabalhar, estou compactuando com isso e de certa forma sendo negligente. Médicos, se você for ver, não faltam tantos assim, mas eles são mal distribuídos. Eles tendem a se concentrar por conta não só do mercado, mas da estrutura de trabalho. Uma coisa que falta e que ninguém fala é enfermagem. O médico não trabalha sozinho. Pode ser o melhor médico do mundo, mas se não tem a pessoa que dá banho no paciente, que dá medicação, troca fralda, não adianta.
Esses profissionais estão em falta? Na rede pública a quantidade de técnicos em enfermagem por paciente é às vezes defasada em relação até ao que os próprios conselhos preconizam. E a gente vê também que esses profissionais são extremamente mal pagos e desvalorizados.
O que você pode dizer a quem vai prestar vestibular para Medicina? Se você vai fazer Medicina tem que saber uma coisa, você vai trabalhar muito, vai se dedicar muito. Depois do 5o ano da faculdade você deixa de ter sábado, domingo e feriado. Eu não sou médica de segunda a sexta-feira. Vou de domingo a domingo. Você tem que saber que é assim. Outra coisa, durante seis anos da sua vida você vai ganhar zero. Em seguida, durante dois a cinco anos, vai ganhar pouco. E só depois vai entrar no mercado mesmo.
Tinha alguma matéria no colégio que se mostrou importante para você? Uma matéria que é muito importante, à qual às vezes a gente não dava muito valor, é Português e Redação. Na hora em que você está preenchendo um prontuário, escrevendo alguma coisa, vê que devia ter prestado mais atenção. A gente não ligava muito e vê depois que tem importância.
Uma coisa que penso em fazer é uma pós-graduação voltada para neuroinfecção. Se puder, queria ir para a Universidade de Washington, em Seattle. Também penso em fazer uma terceira residência em UTI. Na Infectologia você tem contato com a UTI, mas eu quero me especializar mais. Eu gosto de estudar e no ano retrasado prestei Fuvest de novo, para História.
O que vem de lembrança aqui do Etapa?
Você voltou a estudar num curso de Humanas?
É muito legal fazer Pinheiros, dá aquele selo, enche o ego, mas quando cai na vida profissional você conhece gente boa que fez faculdade e residência em tudo que é lugar. Você percebe que a qualificação não é só da faculdade que fez, conta muito o esforço. Mais para frente o que vai diferenciar você não é só a faculdade em que estudou, mas sim a pessoa que você é.
Fiz um semestre, mas acabei tendo de largar.
Como está o mercado para os médicos recém-formados? O mercado para médico não é ruim. Trabalho sempre se arruma. O grande problema é que alguns lugares não têm
A melhor época da sua vida é quando você está no colégio. Você aprende um pouco de tudo. Tem pessoas realmente interessadas em ensinar, interessadas em que você vire alguém dali para frente.
O que mais você pode dizer para os nossos alunos atuais?
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CONTO
Tiro-de-Guerra no 35 Antônio de Alcântara Machado
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o Grupo Escolar da Barra Funda Aristodemo Guggiani aprendeu em três anos a roubar com perfeição no jogo de bolinhas (garantindo o tostão para o sorvete) e ficou saben do na ponta da língua que o Brasil foi descoberto sem querer e é o país maior, mais belo e mais rico do mundo. O professor Seu Se rafim todos os dias ao encerrar as aulas limpava os ouvidos com o canivete (brinde do Chalé da Boa Sorte) e dizia olhando o relógio: – Antes de nos separarmos, meus jovens discentes, meditemos uns instantes no porvir da nossa idolatrada pátria. Depois regia o hino nacional. Em seguida o da bandeira. O pes soal entoava os dois engolindo metade das estrofes. Aristodemo era a melhor voz da classe. Berrando puxava o coro. A campai nha tocava. E o pessoal desembestava pela Rua Albuquerque Lins vaiando Seu Serafim.
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Saiu do Grupo e foi para a oficina mecânica do cunhado. Fu mando Bentevi e cantando a Caraboo. Mas sobretudo com muita malandrice. Entrou para o Juvenil Flor de Prata F. C. (fundado para matar o Juvenil Flor de Ouro F. C). Reserva do primeiro qua dro. Foi expulso por falta de pagamento. Esperou na esquina o te soureiro. O tesoureiro não apareceu. Estreou as calças compridas no casamento da irmã mais moça (sem contar a Joaninha). Amou a Josefina. Apanhou do primo da Josefina. Jurou vingança. Ajudou a empastelar o Fanfulla, que falou mal do Brasil. Teve ambições. Por exemplo: artista do Circo Queirolo. Quase morreu afogado no Tietê. E fez vinte anos no dia chuvoso em que a Tina (namorada do Linguiça) casou com um chofer de praça na polícia.
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Então brigou com o cunhado. E passou a ser cobrador da Com panhia Autoviação Gabriele d’Annunzio. De farda amarela e po lainas vermelhas. Sua linha: Praça do Patriarca-Lapa. Arranjou logo uma peque na. No fim da Rua das Palmeiras. Ela vinha à janela ver o Aristo demo passar. O Evaristo era quem avisava por camaradagem to cando o cláxon do ônibus verde. Aristodemo ficava olhando para trás até o Largo das Perdizes. E não queria mesmo outra vida.
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Um dia porém na secção “Colaboração das Leitoras” publi cou A Cigarra as seguintes linhas de Mlle Miosótis sob o título de INDISCRIÇÕES DA RUA DAS PALMEIRAS. “Por que será que o jovem A. G. não é mais visto todos os dias entre vinte e vinte e uma horas da noite no portão da casa da linda Senhorinha F. R. em doce colóquio de amor? A formosa Julieta anda inconsolável! Não seja assim tão mauzinho, Seu A. G.! Olhe que a ingratidão mata...” Fosse Mlle Miosótis (no mundo Benedita Guimarães, aluna mulata da Escola Complementar Caetano de Campos) indagar do paradeiro de Aristodemo entre os jovens defensores da pátria. E saberia então que Aristodemo Guggiani para se livrar do sorteio ostentava agora a farda nobilitante de soldado do Tiro-de -Guerra no 35.
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– Companhia! Per... filar! No Largo Municipal o pessoal evoluía entre as cadeiras do bar e as costas protofônicas de Carlos Gomes para divertimento dos
desocupados parados aos montinhos aqui, ali, à direita, à esquer da, lá, atrapalhando. – Meia volta! Vol... ver! O sargento cearense clarinava as ordens de comando. Puxando pela rapaziada. – Não está bom não! Vamos repetir isso sem avexame! De novo não prestou. – Firme! Pareciam estacas. – Meia volta! Tremeram. – Vol... ver! Volveram. – Abém! Aristodemo era o base da segunda esquadra.
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Sargento Aristóteles Camarão de Medeiros, natural de São Pe dro do Cariri, quando falava em honra da farda, deveres do solda do e grandeza da pátria arrebatava qualquer um. Aristodemo só de ouvi-lo ficou brasileiro jacobino. Aristóteles escolheu-o para seu ajudante-de-ordens. Uma espécie de. – Você conhece o hino nacional, criatura? – Puxa, se conheço, Seu Sargento! – Então você não esquece, não? Traz amanhã umas cópias dele para o pessoal ensaiar para o Sete de Setembro? Abóm.
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Aristodemo deu folga no serviço. Também levou um colosso de cópias. E o primeiro ensaio foi logo à noite. Ou-viram do I-piranga as margens plá-cidas... – Parem que assim não presta não! Falta patriotismo. Vocês nem parecem brasileiros. Vamos! Ou-viram do I-piranga as margens plácidas. Da Inde-pendência o brado re-tumbante! – Não é assim não. Retumbante tem que estalar, criaturas, tem que retumbar! É palavra... como é que se diz mesmo?... é palavra... ah!... onomatopaica: RETUMBANTE! E o hino rolou ribombando: ... da Inde-pendência o brado re-TUMBAN-te! E o sol da li-berdade em raios fuI... De repente um barulho na segunda esquadra. – Que esbregue é esse aí, criaturas? Esbregue danado. O alemãozinho levou um tabefe de estilo. Onde entrou todo o muque de que pôde dispor na hora o Aristo demo. – Está suspenso o ensaio. Podem debandar.
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– Eu dei mesmo na cara dele, Seu Sargento. Por Deus do céu! Um bruto tapa mesmo. O desgraçado estava escachando com o hino do Brasil! – O que é que você está me dizendo, Aristodemo? – Escachando, Seu Sargento. Pode perguntar para qualquer um da esquadra. Em vez de cantar ele dava risada da gente. Eu fui me deixando ficar com raiva e disse pra ele que ele tinha obrigação de cantar junto com a gente também. Ele foi e respondeu que não cantava porque não era brasileiro. Eu fui e disse que se ele não era
CONTO brasileiro é porque então era... um... eu chamei ele de... eu ofendi a mãe dele, Seu Sargento! Ofendi mesmo. Por Deus do céu. Então ele disse que a mãe dele não era brasileira para ele ser... o que eu disse. Então eu fui, Seu Sargento, achei que era demais e estraguei com a cara do desgraçado! Ali na hora. – Vou ouvir as testemunhas do fato, Aristodemo. Depois pro cederei como for de justiça. Fiat justitia como diziam os antigos romanos. Confie nela, Aristodemo.
*** “ORDEM DO DIA De conformidade com o ordenado pelo Exmo. Sr. Dr. Presidente deste Tiro-de-Guerra e depois de ouvir seis testemunhas oculares e auditivas acerca do deplorável fato ontem acontecido nesta sede do qual resultou levar uma lapada na face direita o inscrito Guilherme Schwertz, no 81, comunico que fica o citado inscrito Guilherme Schwertz, no 81, desligado das fileiras do Exército, digo, deste Tiro-de-Guerra, visto ter-se mostrado indigno de ostentar a farda gloriosa de soldado nacional pelas injúrias infamérrimas que ousou levantar contra a honra imaculada da mulher brasileira e principalmente da Mãe, acrescendo que cometeu semelhante ato delituoso contra a honra nacional no momento sagrado em que se cantava nesta sede o nosso imortal hino nacional. Comunico também que por
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necessidade de disciplina, que é o alicerce em que se firma toda corporação militar, o inscrito Aristodemo Guggiani, no 117, único responsável pela lapada acima referida acompanhada de equimoses graves, fica suspenso por um dia a partir desta data. Dura lex sed lex. Aproveito porém no entretanto a feliz oportunidade para apontar como exemplo o supracitado inscrito Aristodemo Guggiani, no 117, que deve ser seguido sob o ponto de vista do patriotismo, embora com menos violência apesar da limpeza, digo, da limpidez das intenções. Aproveito ainda a oportunidade para declarar que fica expressamente proibido no pátio desta sede o jogo de futebol. Aqui só devemos cuidar da defesa da Pátria! São Paulo, 23 de agosto de 1926. (a) Sargento-Inspetor Aristóteles Camarão de Medeiros.”
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Aristodemo Guggiani logo depois apresentou sua demis são do cargo de cobrador da Companhia Autoviação Gabrielle d’Annunzio. Sob aplausos e a conselho do Sargento Aristóteles Camarão de Medeiros. Trabalha agora na Sociedade de Transpor tes Rui Barbosa, Ltda. Na mesma linha: Praça do Patriarca-Lapa. Extraído de: Brás, Bexiga e Barra Funda.
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Egito Antigo Pirâmides desafiando séculos, esfinges misteriosas, múmias, sarcófagos cobertos de estranhos hieróglifos... A imagem que nos ficou do velho Egito, como diria o poeta, está “cartão-postalizada”. Tudo muito distante de nós, da nossa sensibilidade e dos nossos valores. Como se nunca tivesse existido. Mas não é necessário que seja assim. Enquanto durou, a civilização egípcia foi extremamente rica e requintada, tendo criado uma arte que devemos procurar compreender. Uma arte cujos temas são os mesmos que motivam o homem desde o seu aparecimento no planeta: a morte e o outro mundo, Deus, a guerra, o trabalho, o amor.
Sabatino Moscati
Com uma divindade dirigindo o Estado, que perigos poderiam ameaçar aquele povo tão fechado sobre si mesmo?
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m 1824, com o acervo adquirido de Bernardino Trovetti, cônsul da Itália no Egito, e peças que já existiam no museu da Universidade de Turim, desde o final de 1720, o rei Carlos Félix fundou o Museu Egípcio, que é hoje um dos mais importantes do mundo e, na Itália, o maior no gênero. O museu tem uma longa história de explorações, pesquisas e descobertas, que fizeram da egiptologia italiana um modelo e um exemplo. A civilização egípcia, profundamente diferente da nossa, no tempo, no espaço, nas características e na visão do mundo e da existência, tem exercido um fascínio intenso e misterioso. Esse fascínio do Antigo Egito tem suas raízes profundas em motivos diversos e opostos, mas, basicamente, é um país que nos atrai porque sua experiência humana foi tão grandiosa quanto radicalmente diversa da nossa, ao ponto de constituir
um elemento de oposição e confronto. O fundamento de uma diferença tão ampla está sobretudo nas condições em que surgiu e floresceu a civilização egípcia. Segundo uma célebre definição do historiador grego Heródoto, o Egito é “uma dádiva do Nilo”, o extenso rio que nasce nas montanhas da Etiópia, corre por centenas e centenas de quilômetros através do deserto africano, para desaguar no Mediterrâneo. Ao longo de todo o seu curso, a terra por ele fecundada faz brotar a vida. Mas onde a água não chega, permanece o deserto. Assim, o território egípcio é, por natureza, em parte fértil em parte desolado, o que justifica falar-se de uma “civilização de oásis”.
África e Mediterrâneo. O lótus. Um famoso egiptólogo, Gardiner, comparou a região à sua planta mais conhecida, o lótus: o curso do Nilo seria o talo; o delta, a flor; talo e flor refletindo, na realidade, duas perspectivas, duas naturezas diferentes – a primeira, eminentemente africana; a segun-
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da, eminentemente mediterrânea. Ora, essas duas perspectivas corresponderam também a duas realidades políticas: os reinos do Alto e do Baixo Egito, cuja unificação ocorreu por volta do ano 3 000 a.C. A partir dessa data, a história do país se desenvolveu com surpreendente autonomia e homogeneidade constante, por cerca de 27 séculos, até a conquista de Alexandre. Houve três grandes fases de desenvolvimento, chamadas respectivamente de Antigo, Médio e Novo Reinados, separadas por breves crises e seguidas de uma longa decadência. Mas, basicamente, através dos milênios, prevaleceu a independência do Ramsés II, que reinou de 1290 a 1224 a.C., no trono, com os símbolos do país e as numerosas expepoder nas mãos. Na base da estádições militares ao exterior, tua, que mede 2 m de altura, está rerealizadas pelos egíp cios presentado um dos filhos do faraó. com o intuito de afirmar o poder dos faraós, mais parecem destinadas a defender as fronteiras do que a anexar outras terras. Faltava certamente aos egípcios aquela aspiração de uma monarquia universal, que caracterizou a política de seu maior adversário, a Assíria. No âmbito, portanto, de uma história fundamentalmente autônoma, homogênea e contínua, o Antigo Egito desenvolveu uma civilização cujo traço que mais impressiona à primeira vista é o sentido de segurança, solidez e serenidade que apresentou. Esta característica aparece e se expressa da maneira mais evidente nas grandes estátuas dos faraós. E de onde vinha tanta segurança? Essencialmente, da própria concepção do faraó, que era, certamente, um soberano, mas era, ao mesmo tempo, um deus que se encarnara para governar. Com uma divindade no leme do Estado, que temor ou incerteza poderia existir?
O faraó, um deus. Não o único. Isso não significa, porém, que o faraó fosse o único deus. No mundo das crenças egípcias, os deuses eram numerosíssimos e distinguiam-se por características que desde a Antiguidade chamaram a atenção dos observadores: os componentes animais, que, sem dúvida, encontram suas raízes nas crenças totêmicas da pré-história; o culto da fertilidade, que se expressa admiravelmente na lenda de Ísis e Osíris; nos mitos cósmicos e astrais, que culminam na figura do deus solar Rá. Ao Sol (Aton), centro gerador de vida, os egípcios dedicaram um culto específico, que, num dado momento de sua história, levou-os a uma espécie de monoteísmo, sob Amenófis IV. Ficaram-nos disso os testemunhos da arte e da literatura, que viu – esta última – a composição de um dos hinos mais célebres e representativos da concepção egípcia da existência: “Tu apareces envolto em beleza no horizonte, / ó Aton vivente, princípio da vida! / Quando surges no horizonte do oriente / enches a terra com tua beleza. / És grande, brilhante, excelso sobre toda a região... / O Egito está em festa, acordado, de pé, / porque tu o despertaste. / Quando os corpos se lavam, quando se amarram as vestes, / os braços adoram a tua vinda. /
No mundo inteiro os homens trabalham, / os animais são felizes no pasto, / as árvores e as plantas florescem, / as aves voam de seus ninhos, / abrindo as asas em adoração a ti. / Os peixes no rio nadam na tua direção / e teus raios estendem-se sobre o grande mar verde.”
A morte? Era encarada com serenidade e alegria. Uma outra vida, melhor, feita de caçadas, jogos, banquetes. Como se colocava diante da morte uma visão do mundo tão serena e otimista? Este é um ponto essencial do pensamento do egípcio antigo. Profundamente convencido de que o além renovava e aperfeiçoava as formas da vida terrestre, ele se preocupava em construir túmulos suntuosos – entre os quais permanecem como eterno testemunho de grandiosidade os dos faraós, as pirâmides. Os egípcios mumificavam os corpos para que não se decompusessem, e os cercavam de toda espécie de objetos. Pela mesma razão, ainda, adornavam as paredes dos túmulos com magníficas pinturas reproduzindo o que imaginavam que fosse a existência extraterrena: caçadas, jogos e banquetes, onde não há uma única nota de dor, onde tudo é serenidade e alegria.
O fascínio da viagem, aventura. Uma produção literária importante, de que, infelizmente, só nos chegaram fragmentos, reflete esta concepção da existência. E nela nota-se a presença de algumas composições que acreditávamos que houvessem surgido na Antiguidade greco-romana. Típicas nesse sentido são os cantos de amor. Eis a voz de uma mocinha que, curiosamente, antecipa alguns versos de Safo: “Meu coração bate veloz / quando penso no meu amor por ti. / Não me deixa andar como as outras pessoas / e salta em seu lugar. / Não me deixa procurar uma veste / nem segurar meu leque. / Não sei mais pintar os olhos / nem me perfumar. / Não palpites, ó meu coração! O amado vem a ti, / mas junto com ele os olhos das pessoas. / Não deixes que elas tenham como dizer / que estou louca de amor. / Fica quieto quando pensas nele, / ó meu coração, não palpites!” Outro gênero literário, que é sinal de amadurecimento intelectual e que antecede diretamente os Provérbios do Antigo Testamento, é representado pelas máximas e conselhos de vida, animados de um espírito de intensa moralidade. Diz, por exemplo, o sábio Amenemope: “Se um pobre te deve, divide a dívida em três partes: esquece duas delas e faz com que só uma reste. Acharás isso como os caminhos da vida: deitarás e dormirás em paz e, de manhã, será como se tivesses recebido uma boa notícia.” E ainda: “É melhor o pão quando o coração é feliz, do que riquezas na dor.” Não menos importante é o desenvolvimento da narrativa, articulada na variedade do romance histórico e do conto fantástico. Um caso clássico do primeiro é, aliás, uma obra que se pode considerar, sem hesitar, como a mais significativa da literatura egípcia. É a história de Sinuhe, um nobre que, por causa de uma conspiração palaciana, é obrigado a fugir do país e asilar-se na Ásia, onde obtém prestígio e fortuna. Com o passar dos anos, porém, a saudade do Egito se torna cada vez mais forte. Por fim, o faraó o chama de volta e o recebe com grandes honras. Não é de admirar que a obra se tenha tornado uma espécie de epopeia nacional, já que reflete as concepções e os ideais mais caros do egípcio antigo: viver em seu próprio país e voltar para lá se for preciso deixá-lo, para morrer em paz na terra natal, depois de construir seu próprio túmulo. O conto fantástico tem perspectivas diferentes: o gosto pela fábula, o fascínio da viagem e da aventura em terras remotas (contanto que se regresse ao país), um certo moralismo que, entretanto, levava à autoindulgência característica do egípcio
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antigo. Tudo isso contribuiu para a criação de histórias como a maravilhosa aventura do náufrago e da serpente que o salva, ou a patética aventura dos dois irmãos em cujo bom relacionamento se intromete uma mulher intrigante e malvada. A novelística de todos os tempos encontra aqui algumas de suas raízes, e raízes muito pouco conhecidas fora do círculo restrito dos especialistas.
Uma arte própria, autônoma. A arquitetura teve suas maiores realizações nas pirâmides, nos templos – com longas alamedas de acesso, ladeadas de esfinges, obeliscos e torreões junto das portas, pátios e salas internas sustentadas por colunas encimadas de capitéis com alto-relevo de folhas de palmeira ou flores de lótus; e nos palácios com vestíbulos e salas centrais com colunas, que precedem as partes internas destinadas aos aposentos dos senhores e às dependências dos criados. A escultura floresceu com igual brilho nas estátuas de deuses, faraós e dignitários, representados em movimento ou sentados no trono. A relativa uniformidade das posições contrasta com a ampla variedade dos traços, nos quais se observa a influência de duas tendências opostas: uma, contida e composta, quase idealizante; a outra, fortemente realista, exasperada nos detalhes. O contraste é mais ligado a motivos profundos de pensamento e de fé: não é em vão que a idade de Amenófis IV, o faraó a quem se Sarcófago e múmia de Kha, o arquiteto que deve a reforma “monodirigiu a construção das necrópoles de Tebas, teística”, é caracterizada a sob a 18 Dinastia. A sepultura foi descoberta por retratos em que o intacta, em 1906, por Ernesto Schiaparelli. rosto ossudo, os lábios cheios, o queixo proeminente, indicam um sofrimento que supera os limites da observação naturalística. Baixo-relevo e pintura, muito difundidos no Antigo Egito, formam um gênero de arte substancialmente unitário, nas paredes dos túmulos e templos. No caso dos túmulos, prevalece a inten-
ção narrativa e comemorativa das façanhas dos faraós; no segundo caso, prevalece a intenção evocativa da vida familiar e privada. Sem dúvida há nesta arte algumas convenções e limitações: a perspectiva é basicamente desconhecida, a figura humana aparece com o rosto de perfil, o olho de frente, ombros e quadris ainda de frente, mas braços e pernas novamente de perfil. No entanto, a capacidade dos artistas domina os elementos com harmonia, num movimento elegante. Vastíssimo é o conjunto das artes chamadas menores. São célebres, e com justiça, o mobiliário, os vidros, as joias: a abundância de objetos preciosos descobertos no famoso túmulo de Tutankamon é, talvez, o exemplo mais significativo dessa produção. Estaríamos tentados a procurar neles os precedentes de experiências modernas e, num sentido técnico, talvez fosse possível achá-los. Mas, no plano da civilização, a ligação é puramente ilusória. Esta arte, como a sociedade de que é a expressão, viveu uma vida própria, amadurecida e substancialmente autônoma. Antes de mais nada, o seu fascínio é o de um mundo maravilhoso e quase mítico, o de uma espécie de idade do ouro a que voltamos com aquela ânsia do belo e do perfeito que reside em todos nós. Esta, parece-nos, é a atração eterna da milenar civilização egípcia. Extraído de: revista História, n. 15.
(ENTRE PARÊNTESIS) (PUC) Leia a tirinha ao lado. A balança está equivocada em relação à indicação que deve dar ao peso do sanduíche. Na tira apresentada, a indicação correta para o peso do sanduíche deveria ser: a) 2 000 N d) 2 kg b) 200 N e) 20 g c) 2 N
GARFIELD/Jim Davis
RESPOSTA Alternativa C. A indicação correta do peso de um sanduíche de massa 200 g é dada por: P = m ⋅ g & P = 0,2 ⋅ 10 & P = 2N
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POIS É, POESIA
Álvares de Azevedo (1831-1852) “Spleen” e charutos I Solidão
Nas nuvens cor de cinza do horizonte A lua amarelada a face embuça; Parece que tem frio, e no seu leito Deitou, para dormir, a carapuça.
Ergueu-se, vem da noite a vagabunda Sem xale, sem camisa e sem mantilha, Vem nua e bela procurar amantes; É doida por amor da noite a filha. As nuvens são uns frades de joelhos, Rezam adormecendo no oratório; Todos têm o capuz e bons narizes E parecem sonhar o refeitório. As árvores prateiam-se na praia, Qual de uma fada os mágicos retiros... Ó lua, as doces brisas que sussurram Coam dos lábios teus como suspiros! Falando ao coração que nota aérea Deste céu, destas águas se desata? Canta assim algum gênio adormecido Das ondas mortas no lençol de prata? Minh’alma tenebrosa se entristece, É muda como sala mortuária... Deito-me só e triste, sem ter fome Vendo na mesa a ceia solitária. Ó lua, ó lua bela dos amores, Se tu és moça e tens um peito amigo, Não me deixes assim dormir solteiro, À meia-noite vem ceiar comigo!
M
II Meu anjo
eu anjo tem o encanto, a maravilha, Da espontânea canção dos passarinhos; Tem os seios tão alvos, tão macios Como o pelo sedoso dos arminhos. Triste de noite na janela a vejo E de seus lábios o gemido escuto. É leve a criatura vaporosa Como a frouxa fumaça de um charuto. Parece até que sobre a fronte angélica Um anjo lhe depôs coroa e nimbo... Formosa a vejo assim entre meus sonhos Mais bela no vapor do meu cachimbo. Como o vinho espanhol, um beijo dela Entorna ao sangue a luz do paraíso. Dá morte num desdém, num beijo vida, E celestes desmaios num sorriso!
Jornal do Colégio
Mas quis a minha sina que seu peito Não batesse por mim nem um minuto, E que ela fosse leviana e bela Como a leve fumaça de um charuto!
III Vagabundo Eat, drink, and love; what can the rest avail us? Don Juan, Byron.
E u durmo e vivo ao sol como um cigano, Fumando meu cigarro vaporoso; Nas noites de verão namoro estrelas; Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!
Ando roto, sem bolsos nem dinheiro; Mas tenho na viola uma riqueza: Canto à lua de noite serenatas, E quem vive de amor não tem pobreza. Não invejo ninguém, nem ouço a raiva Nas cavernas do peito, sufocante, Quando à noite na treva em mim se entornam Os reflexos do baile fascinante. Namoro e sou feliz nos meus amores Sou garboso e rapaz... Uma criada Abrasada de amor por um soneto Já um beijo me deu subindo a escada... Oito dias lá vão que ando cismado Na donzela que ali defronte mora. Ela ao ver-me sorri tão docemente! Desconfio que a moça me namora!... Tenho por meu palácio as longas ruas; Passeio a gosto e durmo sem temores; Quando bebo, sou rei como um poeta, E o vinho faz sonhar com os amores. O degrau das igrejas é meu trono, Minha pátria é o vento que respiro, Minha mãe é a lua macilenta, E a preguiça a mulher por quem suspiro. Escrevo na parede as minhas rimas, De painéis a carvão adorno a rua; Como as aves do céu e as flores puras Abro meu peito ao sol e durmo à lua. Sinto-me um coração de lazzaroni; Sou filho do calor, odeio o frio, Não creio no diabo nem nos santos... Rezo a Nossa Senhora e sou vadio! Ora, se por aí alguma bela Bem dourada e amante da preguiça Quiser a nívea mão unir à minha, Há de achar-me na Sé, domingo, à Missa. Extraído de: Melhores poemas de Lira dos vinte anos, Ed. Núcleo, 1994.
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