Jornal do Colégio Nº568

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Jornal do Colégio SEGUNDA QUINZENA DE MARÇO DE 2014 – NÚMERO 568

ENTREVISTA

Uma paixão pelo paisagismo, pelo design, por fazer o mundo mais bonito. Eza Silveira Martins Renattini formou-se em Arquitetura pela FAU em meados de 2012. Prepara-se para uma pós-graduação em Design de Interiores – e pensa depois seguir doutorado. Aqui ela conta como se preparou para os vestibulares e como foi sua graduação na USP. Ela descreve o trabalho do arquiteto como um profissional “responsável por fazer o mundo mais bonito aos olhos das pessoas” e diz que esse foi o motivo de sua escolha por Arquitetura.

Eza Silveira Martins Renattini

JC – Como você escolheu Arquitetura? Eza – Eu gostava muito de paisagismo, mas descobri que não existia uma faculdade de paisagismo. Para ser paisagista você se forma em Arquitetura. Quando você tomou essa decisão? Quando entrei no Etapa, participei de uma visita à FAU organizada pelo Colégio e me apaixonei de vez. Decidi que Arquitetura era o que eu ia fazer mesmo. Como conheceu o Etapa? Meu irmão estudava no Etapa. Quando ele decidiu que ia fazer Medicina, os meus pais acharam que o Etapa era a melhor opção. Quando passei para o colegial eles perguntaram se eu não queria também estudar no Etapa. O que o seu irmão está fazendo hoje? Ele é médico pediatra e agora faz Residência na USP. Como foi sua adaptação no Colégio? Eu sempre gostei de estudar, sempre estudei muito. A mudança foi que no Etapa é mais puxado, tinha prova todo dia. Eu não tenho dúvidas de que valeu a pena, porque meu irmão passou direto na faculdade, eu entrei direto na FAU. Tenho amigos do Etapa, todos passaram direto.

ENTREVISTA

Carreira – Arquitetura

Como era a sua rotina no Etapa? Eu estudava todos os dias. Tentava estudar a matéria do dia para não acumular. Por mais que eu tivesse certeza de que ia passar, no 3º ano você tem aquela pressão. Nos simulados, as questões que eu errava eu refazia. Tinha um curso que eu fazia específico para Arquitetura (RLA – Reforço de Linguagem para Arquitetura), me ajudou bastante. Como foi sua adaptação na FAU e na Cidade Universitária? A USP é maravilhosa, parece um parque, fiquei encantada quando comecei a estudar lá. A maior diferença que senti foi no estudo mesmo. No Colégio você recebe tudo mastigadinho. Na faculdade você tem de correr atrás. O professor está lá para te ajudar, mas se você não tiver interesse, para ele está tudo bem. Mas se você entender que tem de correr atrás, você pega fácil.

ESPECIAL

ENTRE PARÊNTESIS

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Quem é o pai?

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Estudo identifica possíveis origens de objetos celestes “diferenciados”

CONTO

O tesouro – Eça de Queirós

No 3º ano você chegou a pensar na possibilidade de não entrar direto? Sempre batalhei para passar direto. Para mim era uma coisa natural. Acho que teria sido um choque se não tivesse passado. Eu já tinha prestado Fuvest como treineira no 2º ano e passado para a 2ª fase. Acho que isso me tranquilizou bastante.

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ARTIGO

Conhecendo a Califórnia

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SOBRE AS PALAVRAS

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Pagar o mico

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ENTREVISTA

Como se desenvolve o curso na FAU? A FAU é composta por três departamentos: História, Tecnologia e Projeto. O curso é em cinco anos. Do 1º ao 3º ano é em período integral, tem aulas das 8 às 18 horas. Nos primeiros anos, os professores vão te ensinar a fazer um projeto completo de uma edificação. É você pegar o projeto do zero, fazer construção, estrutura hidráulica, elétrica, tudo que uma casa precisa para ser erguida. Você tem de sair da faculdade sabendo fazer isso. Se é o que você vai fazer na carreira ou não, é uma decisão sua. Especificamente, no 1º ano que matérias você teve? Tive Projeto, Desenho – você faz desenho com esquadro, régua, usa papel-manteiga para aprender a desenhar por cima. Vai aprender representações específicas: onde é concreto você tem de mostrar, onde é madeira você tem de mostrar. Vão ensinar como você tem de entregar um projeto na Prefeitura. Também tive Acústica e Elétrica. E nos Departamentos de Tecnologia e História? A matéria básica de Tecnologia é Ergonomia, em que se aprende como projetar algo para que a pessoa se sinta confortável dentro daquilo. Tecnologia também tem Acústica, Iluminação, matérias em que você tem de aprender o básico. Você não é obrigado a se aprofundar nessas disciplinas, mas o básico você é obrigado a ter. No Departamento de História, no 1º ano tem História da Arte e História da Arquitetura. Mais para frente você vai ter Arquitetura Contemporânea. Depois, no segundo semestre do 3º ano, até o 5º ano, você vai fazendo as optativas. São créditos obrigatórios programados dentro dessas grandes áreas. A matéria que você vai fazer é você que escolhe. O que você fez? Eu gostava muito de Paisagismo, que faz parte do Departamento de Projeto. Fiz duas matérias optativas de paisagismo. Tem gente, por exemplo, que vai para a área de Iluminação, que faz parte da área de Tecnologia. Você tem matérias de iluminação artificial, eu fiz isso como um crédito optativo. Junto com a faculdade, você tinha alguma atividade extracurricular? Eu jogava handebol pela faculdade, os treinos são à noite. E nos horários do almoço às vezes a gente ia para o Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas da USP). Era legal, um jeito de sair um pouco com os amigos. Você fez estágio durante o curso? O estágio é obrigatório? Na minha época não era obrigatório, agora é. Acho muito importante. Eu fiz estágio durante um ano, a partir do meio do 4º ano. Comecei a trabalhar em julho de 2010 e fui até junho de 2011. Estagiei num escritório de paisagismo, chama-se Cida Cutait. Pude aprender muito. Saí para fazer o meu TCC.

Que balanço você faz do estágio? Quando você vai trabalhar, vê que a realidade é diferente. Por mais que você corra atrás das coisas na faculdade, você está lá para aprender. Se errar não tem problema. No estágio tem de entregar resultado. A partir dali é o seu nome que está naquilo. É você e você ali. Mas eu aprendi muito. Trabalhava só com a arquiteta, aprendi a conhecer plantas pelo nome, se elas crescem bem no sol, na sombra. Você só aprende na prática mesmo, trabalhando. No último ano do curso, qual era sua maior preocupação? Você tem o TCC que assusta muito as pessoas, você tem de criar uma coisa sua. Tem de entregar um projeto de pesquisa e são os professores que avaliam se ele é válido ou não. Quando você está com seu projeto de pesquisa pronto você vai atrás do seu orientador e aí começa a fazer a pesquisa com ele. O TCC me preocupou um pouco, mas na FAU tem matéria específica para você fazer a tese. Eles ensinam como você tem de proceder para fazer a pesquisa, o que eles estão esperando de você. É uma aula de planejamento para você desenvolver o TCC. Você passa seis meses fazendo essa matéria. Qual foi o tema do seu trabalho? Meu trabalho foi sobre a eficiência energética dos edifícios. Visitei um edifício desenvolvido por um professor meu, um edifício que não usa ar condicionado, os escritórios durante o dia ficam com a iluminação apagada porque entra sol por todas as janelas. Fui avaliar quais foram as características de projeto que ele usou para conseguir criar um edifício que realmente seja sustentável, que use menos energia. O meu TCC foi avaliar esse prédio e compará-lo com outros prédios que gastam energia absurda. E você se preocupou com o mercado de trabalho? O mercado de trabalho não era uma coisa que me preocupava muito porque todo mundo que sai da USP consegue trabalho. Arquitetura tem muitas vertentes: Paisagismo, Planejamento Urbano, Projetista, Design de Interiores, muitas coisas. Arquitetura permite trabalhar como autônomo, fazer projetos na sua casa, ter a sua clientela. Eu sabia que ia conseguir emprego, assim como consegui estágio. Depois de se formar, quanto tempo demorou para você arranjar emprego? Quando eu me formei tinha uma série de projetos de pessoas que eu conhecia para fazer. Trabalhei durante seis meses na minha casa e vi que não era aquilo que eu queria. A falta de rotina não estava me fazendo bem. Fui trabalhar num escritório de paisagismo, Neusa Nakata Arquitetura Paisagística. Trabalhei lá seis meses. O que você está fazendo agora? Estou fazendo cursos de software: o SketchUp, que faz maquete 3D, o AutoCAD, Photoshop, CorelDRAW, Illustrator. São softwares realmente importantes, nenhum arquiteto


ENTREVISTA trabalha sem eles. Se eu soubesse que eles são tão importantes teria feito enquanto estava na faculdade. Não sabia que eles iam me fazer tanta falta. E vou começar uma pós-graduação. Hoje em dia todo mundo fala que uma graduação não é o bastante. Sinto falta de ter uma pós. Tenho tendências para área acadêmica, ser professora. Depois vou fazer mestrado, com certeza, e pretendo fazer doutorado também, com o tempo.

Você vai fazer pós-graduação em que área? Quando pretende começar? Quero fazer a pós-graduação em Design de Interiores. Pretendo começar no meio do ano. A pós em Design de Interiores demora mais ou menos um ano. Na USP? Na USP não tem o curso de Design de Interiores. Estou vendo as opções. Ainda não decidi onde. Quais são as opções? Eu estou pesquisando a Belas Artes e o Mackenzie, mas são cursos difíceis de formar turmas. O Senac é outra opção, tenho duas amigas que estão lá fazendo pós-graduação em Design de Lojas e são apaixonadas pelo curso. Ainda não defini. Vou até a USP conversar com minha orientadora para ver se tem algum curso lá que eu poderia levar. Mas meu intuito, quando começar a fazer pós-graduação, é voltar a trabalhar. Não consigo ficar muito tempo parada em casa. E a USP não oferece pós-graduação no período da noite. Você tem de abrir mão do seu emprego e ficar lá durante o dia. E o mestrado? Se eu for fazer mestrado, com certeza será na USP ou na Itália. Milão tem um curso muito bom. Mas vou fazer primeiro a pós-graduação, pensar direito no que eu quero e aí fazer mestrado. O fato de você querer fazer uma pós-graduação em Design de Interiores significa que está deixando a área de Paisagismo? Eu me sinto pronta para trabalhar em Paisagismo. Em Design, que eu gosto muito, ainda sinto falta de algumas coisas. Acho que foi mais por isso que eu optei por fazer a pós em Design. Não descarto Paisagismo. Uma coisa não exclui trabalhar com a outra. Como é que você vê a sua caminhada até aqui na carreira? Quando entrei na faculdade pensava que ia sair totalmente pronta. Quando você se forma, fala: “Meu Deus, eu não sei nada”. Você começa a trabalhar, é seu nome que está lá, é você que está dando a cara a tapa. Hoje acho que sou mais realizada

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porque encontrei exatamente aquilo que gosto e porque fui fazer cursos que me ajudaram muito na minha carreira.

Como você se imagina profissionalmente daqui a uns 10, 15 anos? Imagino tanta coisa... Gostaria muito de ter um escritório meu, é uma coisa possível na Arquitetura. Me imagino viajando para Milão, lá existe um salão de movelaria todo ano. Eu me imagino até expondo nesse salão. Acho que a gente tem de ter ambição na vida, tem de querer ser alguém. Eu não estudei cinco anos na faculdade para só ter um diploma pendurado na parede. Eu me imagino grande daqui a alguns anos. Espero que eu consiga chegar lá. Como o colégio foi importante para você? Todos os arquitetos que eu conheci e que eram grandes tiveram de se esforçar para chegar lá. É o que eles falam, ninguém consegue nada de mão beijada. O Etapa me ensinou que eu tinha de correr atrás. Se eu queria ser alguém, eu tinha de me destacar, tinha de ser melhor, pelo menos buscar ser melhor. Eu acho que isso é importante em qualquer carreira. Busco me aperfeiçoar naquilo que escolhi porque sei que para ser uma arquiteta top de linha tenho de correr atrás, fazer cursos, congressos, palestras, participar realmente desse meio. Para isso você tem de ser uma pessoa determinada. O Etapa ensina muito isso. Eu me cobro muito, aprendi isso no Etapa. Que recordações você guarda da época do Colégio? São os amigos que tenho, amigos do colégio. A gente acha que quando vai para um colégio desse tamanho não vai se afeiçoar muito, não vai se prender a ninguém. Não foi o meu caso, com certeza. Nós somos um grupo de amigos muito unidos. Dos professores eu sinto falta, tem professores que eu lembro até hoje. Eles souberam me fazer aprender. A gente acha que não vai sentir falta do Colégio. Eu morro de saudades. O que você diria a quem vai prestar Arquitetura no final deste ano? Diria para se esforçar, tudo que o Etapa oferece para você é válido. Passei direto, fiz a faculdade dos meus sonhos. O arquiteto é o responsável por fazer o mundo mais bonito aos olhos das pessoas. Escolhi Arquitetura por isso. Quero fazer um mundo mais bonito para as pessoas que eu amo conviverem. Acho que vale a pena correr atrás dos seus sonhos, vale a pena ver o orgulho estampado no rosto das pessoas que você ama quando você consegue. Meus pais sempre investiram alto na nossa educação, minha e de meu irmão. Nada paga ter visto o orgulho nos olhos de meus pais quando viram meu nome na lista da Fuvest.

Jornal do Colégio ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343


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CONTO

O tesouro Eça de Queirós José Maria Eça de Queirós nasceu na Póvoa de Varzim, a 25 de novembro de 1845. Após os primeiros estudos, realizados no Porto, segue em Coimbra o curso de Direito, numa altura em que estão em moda as ideias de Comte e Proudhon. A “Questão Coimbrã”, deflagrada em 1865, entre românticos comandados por Castilho e realistas chefiados por Antero, encontra-o à margem dos acontecimentos. Formado, depois de algum tempo em Évora, fixa residência em Lisboa, participa do grupo do “Cenáculo” (1868), viaja para o Egito no ano seguinte e colabora nas Conferências do Casino Lisbonense (1871). Segue para Leiria como administrador do Concelho, onde colhe inspiração para O crime do padre Amaro, que viria a ser publicado em 1875. Resolve abraçar a carreira diplomática e vai servir em Havana (1873), Bristol (Inglaterra) e Paris (1878), onde se casa e passa a gozar de tranquilidade necessária à prossecução de sua obra literária, e onde falece a 16 de agosto de 1900. Cultivou o romance (Mistério da estrada de Sintra, em colaboração com Ramalho Ortigão, 1871; O primo Basílio, 1878; O mandarim, 1879; A relíquia, 1887; Os Maias, 1888; A ilustre casa de Ramires, 1900; A correspondência de Fradique Mendes, 1900; A cidade e as serras, 1901; A capital, 1925; O Conde d’Abranhos, 1925; Alves e Cia, 1925), o conto (Contos, 1902), crônica, literatura de viagens e hagiografias (Uma campanha alegre, 2 vols., 1890-1891; Cartas de Inglaterra, 1903; Prosas bárbaras, 1905; Ecos de Paris, Cartas familiares e bilhetes de Paris, 1907; Notas contemporâneas, 1909; O Egito, 1926; Últimas páginas, 1912), etc.

I s três irmãos de Medranhos, Rui, Guanes e Rostabal, eram então, em todo o Reino das Astúrias, os fidalgos mais famintos e os mais remendados. Nos Paços de Medranhos, a que o vento da serra levara vidraça e telha, passavam eles as tardes desse inverno, engelhados nos seus pelotes de camelão, batendo as solas rotas sobre as lajes da cozinha, diante da vasta lareira negra, onde desde muito não estalava lume, nem fervia a panela de ferro. Ao escurecer devoravam uma côdea de pão negro, esfregada com alho. Depois, sem candeia, através do pátio, fendendo a neve, iam dormir à estrebaria, para aproveitar o calor das três éguas lazarentas que, esfaimadas como eles, roíam as traves da manjedoura. E a miséria tornara estes senhores mais bravios que lobos. Ora, na primavera, por uma silenciosa manhã de domingo, andando todos três na mata de Roquelanes a espiar pegadas de caça e a apanhar tortulhos entre os robles, enquanto as três éguas pastavam a relva nova de abril – os irmãos de Medranhos encontraram, por trás de uma moita de espinheiros, numa cova de rocha, um velho cofre de ferro. Como se o resguardasse uma torre segura, conservava as suas três chaves nas suas três fechaduras. Sobre a tampa, mal decifrável através da ferrugem, corria um dístico em letras árabes. E dentro, até às bordas, estava cheio de dobrões de ouro! No terror e esplendor da emoção, os três senhores ficaram mais lívidos do que círios. Depois, mergulhando furiosamente

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as mãos no ouro, estalaram a rir, num riso de tão larga rajada que as folhas tenras dos olmos, em roda, tremiam... E de novo recuaram, bruscamente se encararam, com os olhos a flamejar, numa desconfiança tão desabrida que Guanes e Rostabal apalpavam nos cintos os cabos das grandes facas. Então Rui, que era gordo e ruivo, e o mais avisado, ergueu os braços, como um árbitro, e começou por decidir que o tesouro, ou viesse de Deus ou do Demônio, pertencia aos três, e entre eles se repartiria, rigidamente, pesando-se o ouro em balanças. Mas como poderiam carregar para Medranhos, para os cimos da serra, aquele cofre tão cheio? Nem convinha que saíssem da mata com o seu bem, antes de cerrar a escuridão. Por isso ele entendia que o mano Guanes, como mais leve, devia trotar para a vila vizinha de Retortilho, levando já ouro na bolsilha, a comprar três alforjes de couro, três maquias de cevada, três empadões de carne e três botelhas de vinho. Vinho e carne eram para eles, que não comiam desde a véspera: a cevada era para as éguas. E assim refeitos, senhores e cavalgaduras, ensacariam o ouro nos alforjes e subiriam para Medranhos, sob a segurança da noite sem lua. – Bem tramado! – gritou Rostabal, homem mais alto que um pinheiro, de longa guedelha, e com uma barba que lhe caía desde os olhos raiados de sangue até à fivela do cinturão. Mas Guanes não se arredava do cofre, enrugado, desconfiado, puxando entre os dedos a pele negra do seu pescoço de grou. Por fim, brutalmente: – Manos! O cofre tem três chaves... Eu quero fechar a minha fechadura e levar a minha chave! – Também eu quero a minha, mil raios! – rugiu logo Rostabal. Rui sorriu. Decerto, decerto! A cada dono do ouro cabia uma das chaves que o guardavam. E cada um em silêncio, agachado ante o cofre, cerrou a sua fechadura com força. Imediatamente Guanes, desanuviado, saltou na égua, meteu pela vereda de olmos, a caminho de Retortilho, atirando aos ramos a sua cantiga costumada e dolente: Olé! Olé! Sale la cruz de la iglesia, Vestida de negro luto... II Na clareira, em frente à moita que encobria o tesouro (e que os três tinham desbastado a cutiladas) um fio de água, brotando entre rochas, caía sobre uma vasta laje escavada, onde fazia como um tanque, claro e quieto, antes de se escoar para as relvas altas. E ao lado, na sombra de uma faia, jazia um velho pilar de granito, tombado e musgoso. Ali vieram sentar-se Rui e Rostabal, com os seus tremendos espadões entre os joelhos. As duas éguas retouçavam a boa erva pintalgada de papoulas e botões-de-ouro. Pela ramaria andava um melro a assobiar. Um cheiro errante de violetas adoçava o ar luminoso. E Rostabal, olhando o Sol, bocejava com fome. Então Rui, que tirara o sombrero e lhe cofiava as velhas plumas roxas, começou a considerar, na sua fala avisada e mansa, que Guanes, nessa manhã, não quisera descer com eles à mata de Roquelanes. E assim era a sorte ruim! Pois que se Guanes tivesse quedado em Medranhos, só eles dois teriam descoberto


CONTO o cofre, e só entre eles dois se dividiria o ouro! Grande pena! Tanto mais que a parte de Guanes seria em breve dissipada, com rufiões, aos dados, pelas tavernas. – Ah! Rostabal, Rostabal! Se Guanes, passando aqui sozinho, tivesse achado este ouro, não dividia conosco, Rostabal! O outro rosnou surdamente e com furor, dando um puxão às barbas negras: – Não, mil raios! Guanes é sôfrego... Quando no ano passado, se te lembras, ganhou os cem ducados ao espadeiro de Fresno, nem me quis emprestar três para eu comprar um gibão novo! – Vês tu? – gritou Rui, resplandecendo. Ambos se tinham erguido do pilar de granito, como levados pela mesma ideia, que os deslumbrava. E, através das suas largas passadas, as ervas altas silvavam. – E para quê – prosseguia Rui. – Para que lhe serve todo o ouro que nos leva? Tu não o ouves, de noite, como tosse? Ao redor da palha em que dorme, todo o chão está negro do sangue que escarra! Não dura até às outras neves, Rostabal! Mas até lá terá dissipado os bons dobrões que deviam ser nossos, para levantarmos a nossa casa, e para tu teres ginetes, e armas, e trajes nobres, e o teu terço de solarengos, como compete a quem é, como tu, o mais velho dos de Medranhos... – Pois que morra, e morra hoje! – bradou Rostabal. – Queres? Vivamente; Rui agarrara o braço do irmão e apontava para a vereda de olmos, por onde Guanes partira cantando: – Logo adiante, ao fim do trilho, há um sítio bom, nos silvados. E hás de ser tu, Rostabal, que és o mais forte e o mais destro. Um golpe de ponta pelas costas. E é justiça de Deus que sejas tu, que muitas vezes, nas tavernas, sem pudor, Guanes te tratava de “cerdo” e de “torpe”, por não saberes a letra nem os números. – Malvado! – Vem! Foram. Ambos se emboscaram por trás de um silvado que dominava o atalho, estreito e pedregoso como um leito de torrente. Rostabal, assolapado na vala, tinha já a espada nua. Um vento leve arrepiou na encosta as folhas dos álamos – e sentiram o repique leve dos sinos de Retortilho. Rui, coçando a barba, calculava as horas pelo Sol, que já se inclinava para as serras. Um bando de corvos passou sobre eles, grasnando. E Rostabal, que lhes seguira o voo, recomeçou a bocejar, com fome, pensando nos empadões e no vinho que o outro trazia nos alforjes. Enfim! Alerta! Era, na vereda, a cantiga dolente e rouca atirada aos ramos: Olé! Olé! Sale la cruz de la iglesia, Toda vestida de negro... Rui murmurou: – Na ilharga! Mal que passe! – O chouto da égua bateu o cascalho, uma pluma num sombrero vermelhejou por sobre a ponta das silvas. Rostabal rompeu de entre a sarça por uma brecha, atirou o braço, a longa espada – e toda a lâmina se embebeu molemente na ilharga de Guanes, quando ao rumor, bruscamente, ele se virara na sela. Com um surdo arranco, tombou de lado, sobre as pedras. Já Rui se arremessava aos freios da égua – Rostabal, caindo sobre Guanes, que arquejava, de novo lhe mergulhou a espada, agarrada pela folha como um punhal, no peito e na garganta. – A chave! – gritou Rui. E arrancada a chave do cofre ao seio do morto, ambos largaram pela vereda – Rostabal adiante, fugindo, com a pluma

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do sombrero quebrada e torta, a espada ainda nua entalada sob o braço, todo encolhido, arrepiado com o sabor do sangue que lhe espirrara para a boca; Rui, atrás, puxava desesperadamente os freios da égua, que, de patas fincadas no chão pedregoso, arreganhando a longa dentuça amarela, não queria deixar o seu amo assim estirado, abandonado, ao comprido das sebes. Teve de lhe espicaçar as ancas lazarentas com a ponta da espada – e foi correndo sobre ela, de lâmina alta, como se perseguisse um mouro, que desembocou na clareira onde o sol já não dourava as folhas. Rostabal arremessara para a relva o sombrero e a espada; e debruçado sobre a laje escavada em tanque, de mangas arregaçadas, lavava, ruidosamente, a face e as barbas. A égua, quieta, recomeçou a pastar, carregada com os alforjes novos que Guanes comprara em Retortilho. Do mais largo, abarrotado, surdiam dois gargalhos de garrafas. Então Rui tirou, lentamente, do cinto, a sua larga navalha. Sem um rumor na relva espessa, deslizou até Rostabal, que resfolegava, com as longas barbas pingando. E serenamente, como se pregasse uma estaca num canteiro, enterrou a folha toda no largo dorso dobrado, certeira sobre o coração. Rostabal caiu sobre o tanque, sem um gemido, com a face na água, os longos cabelos flutuando na água. A sua velha escarcela de couro ficara entalada sob a coxa. Para tirar de dentro a terceira chave do cofre, Rui solevou o corpo – e um sangue mais grosso jorrou, escorreu pela borda do tanque, fumegando. Agora eram dele, só dele, as três chaves do cofre!... E Rui, alargando os braços, respirou deliciosamente. Mal a noite descesse, com o ouro metido nos alforjes, guiando a fila das éguas pelos trilhos da serra, subiria a Medranhos e enterraria na adega o seu tesouro! E quando ali na fonte, e além rente aos silvados, só restassem, sob as neves de dezembro, alguns ossos sem nome, ele seria o magnífico senhor de Medranhos, e na capela nova do solar renascido mandaria dizer missas ricas pelos seus dois irmãos mortos... Mortos como? Como devem morrer os de Medranhos – a pelejar contra o Turco! Abriu as três fechaduras, apanhou um punhado de dobrões, que fez retinir sobre as pedras. Que puro ouro, de fino quilate! E era o seu ouro! Depois foi examinar a capacidade dos alforjes – e encontrando as duas garrafas de vinho, e um gordo capão assado, sentiu uma imensa fome. Desde a véspera só comera uma lasca de peixe seco. E há quanto tempo não provava capão! Com que delícia se sentou na relva, com as pernas abertas, e entre elas a ave loura, que recendia, e o vinho cor de âmbar! Ah! Guanes fora bom mordomo – nem esquecera azeitonas. Mas por que trouxera ele, para três convivas, só duas garrafas? Rasgou uma asa do capão: devorava a grandes dentadas. A tarde descia, pensativa e doce, com nuvenzinhas cor-de-rosa. Para além, na vereda, um bando de corvos grasnava. As éguas fartas dormitavam, com o focinho pendido. E a fonte cantava, lavando o morto. Rui ergueu à luz a garrafa de vinho. Com aquela cor velha e quente, não teria custado menos de três maravedis. E pondo o gargalo à boca, bebeu em sorvos lentos, que lhe faziam ondular o pescoço peludo. Oh vinho bendito, que tão prontamente aquecia o sangue! Atirou a garrafa vazia – destapou outra. Mas, como era avisado, não bebeu, porque a jornada para a serra com o tesouro requeria firmeza e acerto. Estendido sobre o cotovelo, descansando, pensava em Medranhos coberto de telha nova, nas altas chamas da lareira por noites de neve, e o seu leito com brocados, onde teria sempre mulheres. De repente, tomado de uma ansiedade, teve pressa de carregar os alforjes. Já entre os troncos a sombra se adensava. Puxou


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CONTO

uma das éguas para junto do cofre, ergueu a tampa, tomou um punhado de ouro... Mas oscilou, largando os dobrões, que retilintaram no chão, e levou as duas mãos aflitas ao peito. Que é, D. Rui? Raios de Deus! Era um lume, um lume vivo, que se lhe acendera dentro, lhe subia até às goelas. Já rasgara o gibão, atirava os passos incertos, e, a arquejar, com a língua pendente, limpava as grossas bagas de um suor horrendo que o regelava como neve. Oh Virgem Mãe! Outra vez o lume, mais forte, que alastrava, o roía! Gritou: – Socorro! Alguém! Guanes! Rostabal! Os seus braços torcidos batiam o ar desesperadamente. E a chama dentro galgava – sentia os ossos a estalarem como as traves de uma casa em fogo. Cambaleou até à fonte para apagar aquela labareda, tropeçou sobre Rostabal; e foi com o joelho fincado no morto, arranhando a rocha, que ele, entre uivos, procurava o fio de água, que recebia sobre os olhos, pelos cabelos. Mas a água mais o queimava, como se fosse um metal derretido. Recuou, caiu para cima da relva, que arrancava aos punhados, e que mordia, mordendo os dedos, para lhe sugar a frescura. Ainda se ergueu, com uma baba densa a escorrer-lhe nas barbas: e de repente, esbugalhando pavorosamente os olhos, berrou, como se compreendesse enfim a traição, todo o horror: – É veneno! Oh! D. Rui, o avisado, era veneno! Porque Guanes, apenas chegara a Retortilho, mesmo antes de comprar os alforjes, correra cantando a uma viela, por detrás da catedral, a comprar ao velho droguista judeu o veneno que, misturado ao vinho, o tornaria a ele, a ele somente, dono de todo o tesouro. Anoiteceu. Dois corvos, de entre o bando que grasnava além nos silvados, já tinham pousado sobre o corpo de Guanes. A fonte, cantando, lavava o outro morto. Meio enterrada na erva negra, toda a face de Rui se tornara negra. Uma estrelinha tremeluzia no céu. O tesouro ainda lá está, na mata de Roquelanes. Extraído de: Massaud Moisés, O conto português, Editora Cultrix/Editora da Universidade de São Paulo.

VOCABULÁRIO assolapado: oculto, dissimulado. botelhas: garrafas, frascos. camelão: tecido grosseiro de pelo de cabra. cerdo: porco. chouto: trote miúdo. círios: velas de cera. côdea: casca, crosta. cofiava: do verbo cofiar – alisar (barba), afagar. cutiladas: a golpes de espada, facão, cutelo. desabrida: violenta, grosseira. desanuviado: tranquilo, sereno, calmo. engelhados: encolhidos, contraídos, enrugados. escarcela: bolsa de couro que se prendia à cintura. guedelha: cabelo desgrenhado e longo. lume: fogo, luz, clarão. maquias: antiga medida de cereais, correspondente a 4,5 litros. maravedis: antigas moedas góticas. pelotes: antigos casacos sem mangas que se traziam por baixo das capas. retouçavam: do verbo retouçar – pastar, pascer. robles: carvalhos. rufiões: brigões, bandidos. silvados: matagais. sítio: lugar, local. sôfrego: ambicioso, ávido. solarengos: donos de solar. torpe: vil, desonesto, nojento. tortulhos: cogumelos.

(ENTRE PARÊNTESIS)

Quem é o pai? Dois homens, Pedro e Paulo, acompanhados de seus filhos Jorge e João, compram livros. Cada livro tem um desconto, em reais, igual ao número de livros comprados. Cada família (pai e filho) teve um desconto de R$ 65,00. Pedro comprou 1 livro a mais do que Jorge, e João comprou apenas 1. Como se chama o pai de João?

RESPOSTA Pedro Jorge João

No de livros comprados Desconto (R$) x x2 x−1 (x − 1)2 1 1

Temos duas possibilidades (U = N): i) Pedro é pai de João. Assim, temos a equação: V = {8} x2 + 1 = 65 + x2 = 64 + x = 8 ii) Pedro é pai de Jorge. Então: x2 + (x − 1)2 = 65 + x2 − x − 32 = 0 V=0 Logo x = 8 e Pedro é o pai de João.


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Estudo identifica possíveis origens de objetos celestes “diferenciados” Elton Alisson

asteroides associadas à formação de objetos de tipo V: o principal cinturão de asteroides do Sistema Solar, localizado entre Marte e Júpiter, há um pequeno Hansa; Eunomia; e Merxia e Agnia. grupo de objetos celestes chamados asteroides de Ao fazer essa divisão, os pesquisadores constataram tipo V. São supostamente fragmentos do asteroide Vesta, que os asteroides de tipo V originados por essas famílias o segundo objeto com maior massa do cinturão, que inte“respeitam o perímetro” nos quais estão situados. gra o grupo de corpos celestes com crosta basáltica. “Um asteroide de tipo V na região de Hansa, por exemNos últimos anos, foram identificados outros 127 obplo, dificilmente irá para a região de Eunomia”, explicou jetos candidatos a asteroides de tipo V. Com origem não Carruba. “Por sua vez, é pouco provável que um asteroide muito bem compreendida, eles se situam na parte central de tipo V da região de Eunomia caminhe em direção à redo cinturão principal. Os astrônomos acham ser muito imgião das famílias de Merxia e Agnia.” provável que todos sejam fragmentos do Vesta, pela posiFontes de asteroides de tipo V ção orbital em que se encontram. Um estudo realizado por pesquisadores da UniversiOs pesquisadores também demonstraram no estudo dade Estadual Paulista (Unesp) de Guaratinguetá, em que três fontes diferentes de asteroides – como os de colaboração com colegas do InstituEunomia, de Merxia e Agnia e de Hanto Nacional de Pesquisas Espaciais sa – são suficientes para criar populações (Inpe), da Universidade de Namur, na de objetos do tipo V no cinturão princiBélgica, do Observatório de Paris e da pal central, onde se estima que existiu Universidade Pierre e Marie Curie, ampelo menos mais um corpo diferenciado, bos na França, demonstrou que esses além do Vesta. novos asteroides de tipo V no cinturão O objeto que deu origem à família de principal podem ser derivados de ouEunomia, por exemplo, pode ter sido antros asteroides diferenciados, que não teriormente um corpo diferenciado ou o Vesta. Grupo internacional de pesquisadores, parcialmente diferenciado, supõem os Corpos celestes diferenciados são liderado por brasileiros, localiza poten- pesquisadores. ciais fontes de fragmentos de asteroides aqueles que passaram por processos com crosta basáltica (ilustração: Nasa) “A ideia é que, no passado, o corpo que dividiram sua estrutura em camadas principal que deu origem à família de Eugeológicas e quimicamente diferentes entre si e possuem nomia tinha uma crosta basáltica vulcânica que foi complecrosta basáltica, manto e núcleo. tamente destruída e se espalhou pelo cinturão principal”, Os resultados da pesquisa, feita no âmbito do projeto disse Carruba. “Outros estudos também já haviam sugeri“Mobilidade orbital causada por encontros próximos com do que as famílias de Merxia e Agnia também podem ter mais de um asteroide massivo”, apoiado pela FAPESP, sesido originadas de corpos diferenciados.” rão publicados na revista Monthly Notices of the Royal Os modelos de formação desses objetos diferenciados Astronomical Society (MNRAS). são baseados em parâmetros ainda não bem conhecidos, “É bem provável que tenham existido outros objetos dicomo o tamanho mínimo para fazer a diferenciação, as diferenciados que deram origem a esses novos asteroides mensões da região em que foram formados e a eficiência de tipo V, mas ainda não se sabe o número deles”, disse com a qual foram espalhados para o cinturão principal. Valério Carruba, professor da Unesp e primeiro autor do Segundo esses modelos, o número de objetos diferenciaestudo, à Agência FAPESP. dos que poderiam ter chegado ao cinturão principal varia de “Se conseguirmos saber qual é o número mínimo de dois a algumas centenas. “Ainda não sabemos quantos objeobjetos diferenciados que originaram esses novos asteroitos diferenciados foram formados e quando chegaram ao cindes, será possível entender melhor a origem e evolução turão principal”, afirmou Carruba. Segundo ele, “estabelecer dinâmica deles”, avaliou. limites sobre esses números pode nos ajudar a entender meDe acordo com Carruba, a distribuição dos asteroides lhor os cenários que levaram à formação do Sistema Solar”. de tipo V pelo cinturão principal é bastante esparsa. Os pesquisadores propuseram a divisão do cinturão principal Extraído de: Agência FAPESP – Divulgando a cultura científica, central em três regiões onde estão situadas famílias de fev./2014.

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ESPECIAL

Conhecendo a Califórnia Intercâmbio cultural levou alunos do Ensino Médio a San Diego e Los Angeles

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an Diego, a segunda cidade mais populosa da Califórnia – atrás apenas de Los Angeles –, é famosa por suas belas praias, ruas limpas e arborizadas e atmosfera bastante descontraída. Não é à toa que é conhecida como a terra do sol e do surf. San Diego recebe muitos estudantes de vários países e, no mês de janeiro de 2014, os alunos do Ensino Médio do Colégio Etapa também embarcaram nessa viagem. O animado grupo do Colégio Etapa passou o mês estudando e aperfeiçoando os seus conhecimentos da língua inglesa. Para tanto, os jovens foram divididos em turmas diferentes, a partir de um teste de nivelamento, e tiveram aulas no período da manhã. Além de aprenderem e treinarem o idioma, tiveram contato com pessoas de diversos países, o que lhes proporcionou uma visão mais abrangente acerca de lugares e costumes com os quais não estavam acostumados, e permitiu, também, fazer novas amizades, trocar correspondência e tirar muitas fotos... Contudo, é claro que o entretenimento e o turismo não poderiam ficar de fora. Na parte da tarde, após as aulas, os alunos tiveram a oportunidade de fazer vários passeios bem ao estilo do país que os abrigava. Conheceram praias, fizeram compras em grandes outlets da localidade, visitaram a Calçada da Fama e as proximidades do letreiro de Hollywood, entre várias outras coisas. Também visitaram a cidade de Newport Beach, localizada no litoral de Orange County, que ficou muito conhecida devido ao seriado americano The O.C. (titulado no Brasil como The O.C.: Um estranho no paraíso), que foi gravado em suas praias e em modernos cenários. Assistiram a um jogo de hockey e até ensaiaram algumas jogadas, patinaram no gelo e fizeram um campeonato de boliche! Além de treinarem e aperfeiçoarem o inglês, os alunos do Colégio Etapa puderam aprender muito sobre uma cultura diferente da sua. Foi, portanto, um intercâmbio que fez com que eles agregassem novos conhecimentos e experiências, que irão levar para a vida toda.

SOBRE AS PALAVRAS

Pagar o mico De acordo com o Dicionário Houaiss, a expressão, que significa “passar por um vexame”, é originária do jogo do mico. Cada jogador usa as cartas que retira do monte para formar casais de animais e quem fica com a carta do mico-preto, que não tem par, perde a partida. O perdedor tem que sofrer as consequências, como passar por uma situação embaraçosa, e pagar o mico.


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