Jornal do Colégio Nº575

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Jornal do Colégio PRIMEIRA QUINZENA DE AGOSTO DE 2014 – NÚMERO 575

ENTREVISTA

“O curso de Mecatrônica é muito bom, dá uma base bem forte.” Cleber Akira Okamoto é formado na Poli em Engenharia Mecatrônica. Teve uma experiência curta como trabalhador no Japão e fez estágios em empresas brasileiras de softwares para a área financeira e consultorias. Tendo passado por muitas experiências, ele não hesita em indicar o curso de Engenharia pelas muitas portas que se abrem.

Cleber Akira Okamoto

JC – Quando e por que você quis seguir Engenharia como carreira? E, especificamente, Engenharia Mecatrônica? Cleber – Desde criança. Eu costumo falar que depois que desisti de ser bombeiro e policial, decidi por Engenharia. No começo, quando tinha uns 12 anos, estava pensando em Naval, porque meu tio era engenheiro naval e eu sempre gostei de água, do mar. Depois eu mudei, comecei a gostar de partes de avião, aeronáutica, e falei: “Quero fazer isso”. No 1o ano aqui no Etapa decidi que era Mecatrônica mesmo. Além da Fuvest, você prestou outros vestibulares? Unicamp, nas opções Mecânica e Elétrica. Não sei em que colocação fiquei, mas passei. Por que você veio estudar no Etapa? Minha irmã já tinha estudado aqui, meus primos também, todo mundo sabia que era um colégio bem forte. Você entrou aqui em que ano? Em 2005, no 1o ano do Ensino Médio. Como você via suas possibilidades de entrar na Poli direto do 3o ano? Eu dizia aos meus pais que dava para passar, talvez não na primeira opção, Mecatrônica. Então eles falavam: estude para pegar a primeira opção. ENTREVISTA

Carreira – Engenharia Mecatrônica CONTO

Gaetaninho – Antônio de Alcântara Machado

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Seu início na Poli foi tranquilo também? No primeiro mês todo mundo se acha o máximo. Os mais maduros sabem encarar que é outro estágio na vida, que o que você fez para trás vale lá. Os imaturos continuam se achando os bons – e eu era um deles. Nesse começo senti o baque. Em Cálculo eu encasquetei com uma operação de derivadas, uma questão de simbologia. Eu achava a operação semanticamente errada, queria entender, mas perdi o fio da meada e isso acabou me desmotivando. Em algum momento você chegou a ter dúvida em relação à escolha que fez? Sim, especificamente em relação à opção pela Mecatrônica, quando comecei a procurar estágio. Isso foi quando? No 3o para o 4o ano da faculdade. Ao procurar estágio a gente começa a ver que Engenharia, de certa forma, é uma coisa só. No 3o e 4o ano o curso de Mecatrônica fica muito pesado. Olhava amigos que estavam na Produção, da minha turma do Etapa entraram comigo uns 10. E, quando fui procurar estágio, vi que em todo lugar havia vagas para Produção. Hoje, já formado, sua visão mudou em relação ao curso? Depois que estagiei mais um pouco, vi que nosso curso abre muitas portas. Por muitas coisas que fui vendo ESPECIAL

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Água: o que falta é qualidade ENTRE PARÊNTESIS

More money

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Física no Etapa

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Alunos recebem medalhas pelo Desafio Etapa Júnior

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ENTREVISTA

quero deixar bem claro que eu não mudaria de curso. O curso de Mecatrônica é muito bom, dá uma base bem forte em muitas coisas. Mas se fosse mudar seria para Produção? Sim, seria essa minha escolha. O que você estudou em cada ano do curso? No 1o ano tem Cálculo I e II, Física I e II. Entram várias matérias básicas de outras áreas do conhecimento: Química, uma matéria chamada PNV, que é da Engenharia Naval, Introdução à Computação, Introdução à Química, Economia, Desenho Técnico, Cálculo Numérico, Álgebra Linear e Mecânica. No 2o ano você passa para a chamada Grande Área? Exatamente. A gente tem aula só com Mecânica, Mecatrônica e Produção. Começam algumas matérias de Mecânica, Mecânica dos Sólidos, Mecânica dos Fluidos, entra Estatística. O primeiro ano de Mecatrônica propriamente é o 3o? Sim. Aí começam algumas coisas como uma Mecânica mais voltada para estruturas, a Mecânica do Solo propriamente dita, Cálculo de Estruturas, Termodinâmica, Vibrações. É bem específico e no final superteórico, mas muito aplicável para quem for trabalhar com isso. Tem três controles, dois deles no 3o ano e um no 4o. No 3o ano a gente vê também as Eletrônicas: Analógica e Digital. No 4o ano começa a entrar Projetos, uma parte mais prática. Começa a ver Computação e termina Transferência de Calor. Qual é a importância do estágio, no seu modo de ver? Fundamental. Você vê o dia a dia, realmente aplica algumas coisas, pode ver se é exatamente o que você quer. Muita gente se encontra no estágio e passa a estudar mais por conta disso. Ele mostra como é trabalhar, ajuda você a tomar um rumo. Quando você começou a estagiar? No final do 3o ano, dezembro de 2010, numa corretora de valores. No primeiro dia o meu gestor me colocou para programar. Ficava programando sistemas para auxiliar os corretores, programava sistema de cadastro, registro de ordens. Aprendi bastante programação e até estava gostando. Em que corretora você estagiou? Flow CCTVM, onde fiquei até agosto de 2011. Meu gestor chegou a propor renovação de contrato, mas eu tinha deixado muita matéria pendente. Até porque estava gostando bastante do estágio, ficava muito na corretora e, muitas vezes, acabava não indo para a faculdade. Resolvi tirar o resto do ano para correr atrás da faculdade e também preparar minha viagem para o Japão. Fui para o Japão em 5 de dezembro de 2011, voltei em 20 de março de 2012.

Onde você ficou no Japão? Fiquei na província de Yamanashi, perto de Tóquio. Como foi essa experiência? Eu sempre quis morar fora, mas depois que fui ao Japão vi que aqui, embora com muitos problemas, é um bom país para viver. No Japão meu trabalho era totalmente mecânico, operacional, numa fábrica de doces. Lá você ganha mais dinheiro, mas é numa cultura totalmente diferente da sua. Você trabalha com gente que não vê a família durante 10, 12 anos. Com que pessoas você trabalhou no Japão? Com outros brasileiros. O trabalho é absurdamente ruim, chato, sacrificado. Havia gente fazendo aquilo há oito anos, só para mandar dinheiro para os pais ou filhos aqui no Brasil. Gente que suportava aquilo sem reclamar, porque não tinha outra saída. Algo incrível... Quando você vai trabalhar, tem de se submeter a regras totalmente diferentes das que conhece. Então vi como era me colocar realmente no papel de cidadão de lá e não como turista. Você sente como é trabalhar fora e tira aquela imagem de que tudo lá fora é bom. A viagem e o estágio fizeram você estender seu curso na Poli por mais um ano? Isso. Já tinha algumas matérias que eu tinha deixado por causa do estágio. Como queria pegar um trabalho de formatura mais técnico para tentar substituir um estágio na área, eu resolvi deixar o trabalho de formatura e também algumas matérias para o 6o ano. O que você fez na Poli, depois de voltar do Japão, em 2012? Voltei em março e dei uma relaxada no primeiro semestre. No meio do ano comecei a procurar estágio de novo. Durante o estágio na corretora, descobri que existiam algoritmos que negociavam automaticamente, que a gente chamava de “robôs de negociação”. Achei que ia ser um campo bem interessante, a automatização de negociação. São programas que lançam e recebem ordens automaticamente para a bolsa, sem interferência humana. O que você conseguiu? Primeiro fui procurar estágio numa empresa de software que fazia modelagem de risco. Você colocava uma carteira de investimentos lá, ele fazia toda uma modelagem estatística, calculava o risco na sua carteira de ações. Demorou muito tempo para me darem uma resposta, por isso fui a outro lugar, onde estavam querendo fazer os próprios algoritmos. E como foi nesse lugar? Nessa empresa eles estavam fazendo mais a infraestrutura de negócios do que algoritmos de negociação. A gente estava programando um software que realizava as nego-


ENTREVISTA ciações automaticamente, mas eles não tinham o modelo estruturado para negociar. Acabei mandando currículo para mais dois lugares. Fui aprovado nos dois e escolhi a Bovespa. O que você fazia na Bovespa? Lá a gente fazia prefixação, modelo que faz a valorização do ativo financeiro, que era o que eu queria, sempre quis. Só que o trabalho lá é superespecífico, basicamente o que a gente fazia eram derivações diferenciais, parciais de modo computadorizados. E eu vi que esse ambiente técnico não era muito para mim. Trabalhava com pessoas muito qualificadas, mas o aspecto interpessoal era deixado de lado, com pouca interação. Fiquei três meses, de dezembro de 2012 a março de 2013. O que mais você fez, depois desse período na Bovespa? Resolvi trabalhar em consultoria. Era um dos trabalhos que eu sempre tinha rejeitado durante a faculdade inteira, achava que era muito blá-blá-blá. Mais uma entre tantas noções erradas que eu tinha. Tentei 12 consultorias e em todas fui cortado no teste Gmat, que elas exigem. Tive pouco tempo para estudar. Fiquei um tempo em stand by. Estava viajando, uma consultoria me ligou perguntando se queria fazer uma entrevista. Fui à entrevista e acabei passando. Era uma consultoria bem operacional e gostei muito. Um trabalho superdisciplinado, muito legal. Mas o que vi é que o pessoal trabalha muito. Eu sempre achei que eu trabalhava muito lá na corretora, trabalhava 12 horas, mas lá era uma pegada muito mais leve. A gente tinha almoço de duas horas, ficava conversando. O regime de 12 horas nesse outro local era totalmente diferente do que eu fazia na corretora, muito mais puxado. Gostei muito do trabalho, mas não assim – não era para mim. Fiquei só um mês. O ano passado foi seu último ano na Poli. Você tinha de fazer o TCC. Qual foi o tema que você escolheu? Eu queria fazer um exoesqueleto para o pulso. A ideia era auxiliar pessoas com alguma deficiência motora. Ela vestiria um tipo de armadura controlada. No meu 5o ano essa era minha ideia, exoesqueleto para pulso. Mas vi que o nível do TCC era muito mais alto, teria de aperfeiçoar muito o protótipo que fiz. Acabei mudando o tema. No 6o ano me juntei com um colega de faculdade e nosso tema foi uma bancada de teste para coração artificial. Qual é o nome desse trabalho? Bancada de simulação cardiovascular.

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Esse trabalho deu certo? Sim, deu certo. Atualmente, o que você está fazendo? Estou interessado no concurso para o Banco Central. É isso que estou fazendo hoje, estudando para o concurso. Meu objetivo é ir para o serviço público. Você pretende fazer outra graduação? Gostaria de fazer Direito e talvez mestrado em Economia. Como você se vê daqui a 10 anos? Eu me imagino com alguma estabilidade, como funcionário público, em um cargo que me agrade. Uma família, uma vida tradicional, digamos assim. Com relação à Poli, a formação que você teve é condizente com o que o mercado exige? A formação da Poli é específica para quem quer ser engenheiro, mas o que ela dá de bagagem lança você em condições de concorrer com quase todas as outras faculdades no mercado de trabalho. Para o mercado financeiro, acredito que você já sai na frente, para consultoria também. Como está o mercado de trabalho em tecnologia mecatrônica? No Brasil, as empresas são japonesas ou alemãs. Elas não têm por que fazerem pesquisa aqui, já que podem fazer por lá, com pessoal mais capacitado, gerando emprego lá. O que a gente acaba fazendo é tropicalizar tecnologia de fora. Você pega partes, pega tecnologia de lá, traz e monta aqui. Lembrando da época em que estudou, o que você acha que poderia ter feito diferente? Se eu soubesse que o colegial era a minha última chance para aprender Biologia, Geografia e Química, eu teria estudado essas matérias com muito mais paixão. Que recordações você tem do Colégio? Sempre falo que o Etapa foi um dos períodos de que eu tenho mais boas recordações. O que você diria a quem vai prestar Engenharia no fim do ano? O caminho é longo, é difícil. Tente principalmente ver o campo. Olhe mais para frente, veja como é o curso, veja se é o que você quer fazer o resto da vida. O curso muitas vezes não condiz com o que a gente acha que vai fazer. É uma ótima opção, mesmo para quem não tem total convicção do que quer ser no resto da vida.

Jornal do Colégio ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343


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CONTO

Gaetaninho Antônio de Alcântara Machado Em pouco menos de dez anos de atividade, Antônio de Alcântara Machado deixou uma obra significativa, não pelo volume, mas pela atualidade, pela descontração, pela colocação do linguajar ítalo-paulistano na nossa literatura, pelos flagrantes tão saborosos que colhia e sabia transmitir com autenticidade. Nascido em São Paulo em 1901, morreu no Rio de Janeiro em 1935. Antes de Brás, Bexiga e Barra Funda (contos, 1927), intercala estudos com viagens à Europa, artigos para jornais e um volume de impressões de viagens, Pathé-Baby (1926). Para Francisco de Assis Barbosa, Alcântara Machado é “um escritor modernista típico, embora não tivesse participado da famosa Semana de Arte Moderna de 1922”. Em 1928 aparece, sob sua direção, a Revista de Antropofagia, que tamanha influên­ cia teria. Do mesmo ano é seu livro Laranja da China. A partir daí intensifica sua atividade literária e jornalística, publicando críticas, crônicas, contos e ensaios.

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i, Gaetaninho, como é bom! Gaetaninho ficou banzando bem no meio da rua. O Ford quase o derrubou e ele não viu o Ford. O carroceiro disse um palavrão e ele não ouviu o palavrão. – Eh! Gaetaninho! Vem pra dentro. Grito materno sim: até filho surdo escuta. Virou o rosto tão feio de sardento, viu a mãe e viu o chinelo. – Subito! Foi-se chegando devagarinho, devagarinho. Fazendo beicinho. Estudando o terreno. Diante da mãe e do chinelo parou. Balançou o corpo. Recurso de campeão de futebol. Fingiu tomar a direita. Mas deu meia volta instantânea e varou pela esquerda porta adentro. Eta salame de mestre!

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Ali na Rua Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou carro só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho. O Beppino por exemplo. O Beppino naquela tarde atravessara de carro a cidade. Mas como? Atrás da Tia Peronetta que se mudava para o Araçá. Assim também não era vantagem. Mas se era o único meio? Paciência.

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Gaetaninho enfiou a cabeça embaixo do travesseiro. Que beleza, rapaz! Na frente quatro cavalos pretos empenachados levavam a Tia Filomena para o cemitério. Depois o padre. Depois o Savério noivo dela de lenço nos olhos. Depois ele. Na boleia do carro. Ao lado do cocheiro. Com a roupa marinheira e o gorro branco onde se lia: Encouraçado São Paulo. Não. Ficava mais bonito de roupa marinheira mas com a palhetinha nova que o irmão lhe trouxera da fábrica. E ligas pretas segurando as meias. Que beleza, rapaz! Dentro do carro o pai, os dois irmãos mais velhos (um de gravata vermelha, outro de gravata verde) e o padrinho Seu Salomone. Muita gente nas calçadas, nas portas e nas janelas dos palacetes, vendo o enterro. Sobretudo admirando o Gaetaninho. Mas Caetaninho ainda não estava satisfeito. Queria ir carregando o chicote. O desgraçado do cocheiro não queria deixar. Nem por um instantinho só. Gaetaninho ia berrar mas a Tia Filomena com a mania de cantar o “Ahi, Mari!” todas as manhãs o acordou.

Primeiro ficou desapontado. Depois quase chorou de ódio.

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Tia Filomena teve um ataque de nervos quando soube do sonho de Gaetaninho. Tão forte que ele sentiu remorsos. E para sossego da família alarmada com o agouro tratou logo de substituir a tia por outra pessoa numa nova versão de seu sonho. Matutou, matutou, e escolheu o acendedor da Companhia de Gás, Seu Rubino, que uma vez lhe deu um cocre danado de doído. Os irmãos (esses) quando souberam da história resolveram arriscar de sociedade quinhentão no elefante. Deu a vaca. E eles ficaram loucos de raiva por não haverem logo adivinhado que não podia deixar de dar a vaca mesmo. O jogo na calçada parecia de vida ou morte. Muito embora Gaetaninho não estava ligando. – Você conhecia o pai do Afonso, Beppino? – Meu pai deu uma vez na cara dele. – Então você não vai amanhã no enterro. Eu vou! O Vicente protestou indignado: – Assim não jogo mais! O Gaetaninho está atrapalhando! Gaetaninho voltou para o seu posto de guardião. Tão cheio de responsabilidades. O Nino veio correndo com a bolinha de meia. Chegou bem perto. Com o tronco arqueado, as pernas dobradas, os braços estendidos, as mãos abertas, Gaetaninho ficou pronto para a defesa. – Passa pro Beppino! Beppino deu dois passos e meteu o pé na bola. Com todo o muque. Ela cobriu o guardião sardento e foi parar no meio da rua. – Vá dar tiro no inferno! – Cala a boca, palestrino! – Traga a bola! Gaetaninho saiu correndo. Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou. No bonde vinha o pai do Gaetaninho. A gurizada assustada espalhou a notícia na noite. – Sabe o Gaetaninho? – Que é que tem? – Amassou o bonde! A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras.

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Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho não ia na boleia de nenhum dos carros do acompanhamento. Ia no da frente dentro de um caixão fechado com flores pobres por cima. Vestia a roupa marinheira, tinha as ligas, mas não levava a palhetinha. Quem na boleia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que feria a vista da gente era o Beppino. Extraído de: Brás, Bexiga e Barra Funda.

VOCABULÁRIO banzando: pasmado, distraído. boleia: parte fronteira superior de uma carruagem. cocre: o mesmo que croque; cascudo, pancada na cabeça com o nó dos dedos. palestrino: palmeirense, italianinho. salame de mestre: sair de fininho, enganando o adversário.


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Água: o que falta é qualidade O fim do que parecia ilimitado pode estar mais perto do que se imaginava. “... quero uma água que transpasse os corpos mais duros que o vento do amor ainda não pode roçar uma água que não coubesse em si nem nos vasos infinitos e que não fosse só líquido e de passagem pelos acidentes naturais e que compusesse no ar algo que de tão gasoso desse corpo em mim a alma a almas invisíveis... quero uma água que não jorrasse do vazio do céu nem do jarro da terra e não alimentasse em vão a sede do vão das bocas mas vazasse a fome de um largo coração aos prantos que nunca sentiu por ela nada nem nadou ou bebeu dessa impossível água” (Bené Fonteles)

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gua negociada na Bolsa de Mercadorias & Futuros, BM&F. Será possível? Uma ideia assim, ilógica para os dias atuais, pode vir a se tornar realidade num futuro não muito distante. Segundo a lei do mercado, a escassez de um produto é o que dá valor econômico a ele, e pelos maus-tratos e descaso que vem sofrendo, a água pode se tornar a commodity do século XXI. No mundo, mais de 20 países já sofrem com a falta desse líquido vital e, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas, ONU, nos próximos 25 anos 2,8 bilhões de pessoas viverão em regiões de seca crônica. Afinal, os recursos hídricos existentes são os mesmos desde que o mundo é mundo. Mas a população só vem aumentando. Em 30 anos, a Terra deverá ter cerca de oito bilhões de habitantes e o consumo mundial de água dobra a cada 20 anos. Assim, não será exagero pensar que em pouco tempo as guerras entre países do Oriente Médio podem se transformar em questões mais sérias que a demarcação de terras segundo segmentos religiosos, tornando-se uma questão de sobrevivência, como em 1967, quando um dos motivos das brigas entre Israel e seus vizinhos foi a ameaça, por parte dos árabes, de desviar o fluxo do rio Jordão, cuja nascente fica nas montanhas no sul do Líbano. Mesmo com tudo isso, cidadãos continuam jogando lixo nos rios, empresas ainda poluem reservas subterrâneas de água e o planeta vive cada dia com mais dificuldade. É certo que três quartos da Terra são recobertos por esse líquido essencial, o que quer dizer que num piscar de olhos pode-se encontrar água. Mas também num piscar de olhos o homem é capaz de acabar com essa fonte de vida, pois apenas 1% de todo esse volume é próprio para consumo. O restante forma os oceanos e geleiras, que podem representar uma solução caso a falta d’água seja crônica no futuro, dependendo de tecnologias aplicadas nesse sentido.

E o Brasil, onde fica nesse mar de incertezas? Apesar de ter 8% de toda a água doce existente na superfície do mundo e a maior bacia hidrográfica, o Brasil vive as dores da distribuição desigual de seus recursos hídricos. Isso porque 80% do volume total dessas águas está concentrado na região Norte, que tem a menor densidade populacional do país – apenas 5% dos brasileiros. Entenda-se, portanto, que 95% dos habitantes têm de dividir os 20% das águas restantes. A consequência imediata desse quadro é a crônica escassez hídrica em algumas áreas, como o Nordeste. O crescimento das cidades, intensificado a partir da década de 1950, também trouxe problemas de suprimento de água para várias regiões metropolitanas. O Brasil nunca se preocupou em economizar água, pois este recurso sempre foi considerado inesgotável pela população. Porém, a distribuição geográfica desigual e a poluição dos mananciais, causada pelos dejetos industriais e domésticos, forçam-nos a ter de pensar sobre o uso racional e a conservação da água. Com a possibilidade de a vida estar sendo colocada em xeque, há tempos existe no Brasil um sistema para regulamentar a questão da água. Primeiro com as Ordenações Filipinas, editadas em 1603, depois, o Código Civil de 1916 e, por fim, o Código de Águas, de 1934, que enfatizava o direito do cidadão. Todos, porém, com resultados pouco satisfatórios frente à gravidade do problema de contaminação, aos conflitos de uso e à necessidade de promoção de uma gestão descentralizada e participativa. Em 1997 foi promulgada a lei no 9.433, que dispõe sobre a organização administrativa para a gestão dos recursos hídricos. Ainda hoje em vigor, essa lei estabelece que a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico, e que a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos; a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do poder público, dos usuários e das comunidades. O objetivo é claro: promover o uso sustentável dos recursos hídricos.

Subsolo: é proibido poluir Antes, porém, de existirem dispositivos legais de sustentabilidade, já existia a lei da natureza, que não reza o mesmo credo das regras humanas. Todos aprendem desde cedo que a evaporação de águas da superfície da terra inicia um ciclo em que, na sequência, os vapores se condensam na atmosfera, ou seja, transformam-se em água, que, ao atingir uma certa quantidade, precipita-se em forma de chuva, voltando à terra. Parte se infiltra no solo e nutre os lençóis subterrâneos, que possuem tamanho volume de água doce que extrapola os 95% do total disponível no mundo. Trata-se da maior e mais bem guardada reserva líquida do planeta, que não sofre impactos de imediato como as águas de superfície. Quando contaminada, porém, é de mais difícil recuperação. À medida que penetra no solo, a água vai sofrendo


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ARTIGO

um processo de filtração em que bactérias e demais micro-organismos são retidos. A distância entre a superfície da terra e a água do subsolo pode variar de poucos a dezenas de metros e funciona como um reator: as bactérias existentes nessa área fazem a biorremediação ou descontaminação do solo, caso ele seja atingido por poluentes. Mas o reator natural não tem poderes supremos, infelizmente. Segundo o geólogo da Sessão de Águas Subterrâneas do Agrupamento de Geologia Aplicada ao Meio Ambiente da Divisão de Geologia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Digeo/ Agama do IPT, Claudio Benedito Baptista Leite, não existe, necessariamente, um agente poluidor mais significativo que outro. A quantidade e a maneira de usá-los são fatores mais preocupantes. Por exemplo, uma região agrícola no interior do estado de São Paulo pode representar um problema para as reservas subterrâneas se receber grandes aplicações de agroquímicos e pesticidas, que penetram no solo e podem contaminar os lençóis. Outra fonte de poluição dessas galerias seriam os cemitérios. “Os produtos resultantes da decomposição dos corpos podem chegar até elas, contaminando-as, e é por isso que a regra básica para a construção de cemitérios impõe que os corpos têm de ficar pelo menos 2,5 m acima dos lençóis”, afirma o geólogo. Os lixões também constituem agentes poluidores significativos, bem como quintais de indústrias que armazenam contaminantes, e postos de combustíveis, cujos tanques sejam muito antigos, pois a corrosão é um dos maiores fatores de contaminação em potencial. Inclui-se nessa lista, ainda na opinião de Leite, a falta de saneamento básico. “Com as fossas de banheiros e cozinhas sem tratamento adequado, a terra parece se transformar num grande queijo suíço, mas com buracos preenchidos por dejetos orgânicos.” Tempo de decomposição de materiais jogados em rios, lagos e mares Corda ........................................... 3 a 4 meses Papel ............................................ 3 a 6 meses Tecido .................................... 6 meses a 1 ano Roupa de lã ............................................ 1 ano Filtro de cigarro ...................................... 5 anos Goma de mascar ................................... 5 anos Madeira pintada .................................. 13 anos Náilon .................................... mais de 30 anos Plástico ................................ mais de 100 anos Metal .................................... mais de 100 anos Saco plástico ..................................... 450 anos Vidro ...................................... 1 milhão de anos Borracha ........................ tempo indeterminado Esse tipo de poluição, assim como a dos pesticidas usados na lavoura, é perigoso porque libera grande quantidade de nitrogênio. “O nitrogênio é um fertilizante fundamental, mas, no solo, transforma-se em nitrato, um importante agente poluidor. Como o que as plantas não assimilam, no caso das plantações, fica retido no solo, quando chove a água vai se infiltrando e carregando o excedente de nitrogênio para as reservas subterrâneas”, diz o geólogo. O excesso de nitrogênio e de outros elementos é prejudicial ao ser humano. Por isso, desde 1988 a Constituição já diz que é “proibido poluir”. Uma vez os lençóis estando isentos de contaminantes, é possível aproveitá-los para o abastecimento total ou parcial da

população, como já ocorre em 75% dos municípios do estado de São Paulo, segundo Leite. Para ele, as vantagens são muitas, a começar pelas financeiras. “A água do subsolo necessita de pouco tratamento, pois é mais bem preservada, podendo ser consumida praticamente in natura. Já as águas da superfície exigem grande controle de qualidade. No fim, o custo da retirada de água dos lençóis é menor que o do tratamento do líquido da superfície.”

Os projetos Mesmo com tamanha reserva subterrânea, o Brasil sofre com a falta de água, seja pela poluição de mananciais, seja pela falta de chuvas em algumas áreas. Para isso, vêm sendo criados inúmeros projetos. Um deles é o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido Brasileiro, Proágua, do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal. Em sua primeira fase, o Proágua visa atender o Nordeste brasileiro e os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Mas seu objetivo pleno é assegurar a ampliação da oferta de água de boa qualidade em todo o território nacional, com uso racional dos recursos hídricos; atender as demandas por água de modo a promover o desenvolvimento socioeconômico do país em bases sustentáveis e consolidar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; dotar a região semiárida de água para consumo humano e para produção e conclusão de obras inacabadas, como barragens, açudes e adutoras. Desde 1996, quando foi implantado, o Proágua já entregou quatro adutoras, duas na Bahia e duas no Ceará. Ao término das obras, serão 13, o que deve beneficiar cerca de 500 mil pessoas. O consultor técnico do projeto, Lázaro Luiz Neves, afirma que o problema da água no Brasil não se deve à sua pouca quantidade, mas ao seu mau gerenciamento e à má distribuição da população. Um bom exemplo citado por Neves é o estado do Ceará, que faz o melhor gerenciamento de barragens e construiu adutoras para levar água para as cidades mais baixas. “O Ceará tem competência para lidar com essa questão. A prova está na cidade de Fortaleza, onde, apesar de o rio mais próximo, o Jaguaribe, passar a 100 quilômetros, não falta água. Lá foi construído o Canal do Trabalhador para abastecer a cidade. Em contrapartida, Pernambuco tem o rio Capivari cortando a região metropolitana de Recife, que sofre com a constante falta de água.” Outros programas também priorizam a viabilização do consumo de água e tratamento de áreas poluídas, como o ProjetoTietê, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, Sabesp. Durante a primeira etapa, foram gastos 900 milhões de dólares e a capacidade de tratamento de esgotos chegou a 18 m3 na Região Metropolitana de São Paulo, o que representa 65% do total coletado. Com a ampliação das redes de coleta e tratamento, apenas 25% do volume de esgotos é despejado no rio. No fim, o benefício é ainda maior, pois esse sistema de tratamento permite a recuperação ambiental e o reúso planejado da água para fins industriais. A Sabesp ainda mantém outros projetos ligados à água, como o Programa Guarapiranga, para despoluição da represa localizada na região sul da Grande São Paulo, e o Plano Emergencial, que compreende, também, a represa Billings, outro grande manancial poluído. O Programa Água Boa, da Secretaria dos Recursos Hídricos, do Ministério do Meio Ambiente, dessaliniza águas da região Nordeste e atende comunidades a partir de 250 pessoas.


ARTIGO Juntamente com os governos estaduais, companhias estaduais de água, poder municipal e lideranças comunitárias, os técnicos do Água Boa elaboram projetos, acompanham a instalação e manutenção dos equipamentos e treinam operadores escolhidos entre os habitantes locais. O Ministério e a Secretaria lançaram uma série de livrinhos, da coleção Água, Meio Ambiente e Cidadania, para reforçar os cuidados com a água. Um destaque é o A água nossa de cada dia, escrito por Ziraldo.

Exemplos

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Outro caso que ilustra como uma empresa pode contribuir com a questão da água é o da Indústria de Papéis Independência, localizada na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo. “A água que compramos da Sabesp é destinada ao uso exclusivo dos funcionários e da caldeira”, afirma o diretor industrial, Arnaldo Minniti, explicando que a água usada na fabricação dos papéis é retirada do rio Piracicaba e entra nos processos de moagem de papel, lavagem dos filtros e outras etapas industriais e, finalmente, passa por um tanque de decantação e flotação, de onde é retirado um lodo seco compatível com o meio ambiente, ou seja, sua deposição no solo não causa poluição. O lodo seco, na verdade um composto químico, é utilizado como adubo para canavial e pasto num sítio de propriedade da empresa. E a água remanescente, melhor que a retirada do rio na fase inicial do processo, na opinião de Minniti, é reutilizada na fabricação de papéis. “Não devolvemos a água usada ao rio, apenas retiramos mais quando parte é evaporada na etapa de secagem do papel”, diz.

A proteção aos mananciais, por meio dos diversos projetos, parece não ser suficiente para a garantia da água no futuro. Os atuais índices de desperdício são alarmantes. Na agricultura, por exemplo, apenas 40% da água destinada à irrigação cumpre seu papel. Os outros 60% são desperdiçados pela quantidade excessiva empregada, pela aplicação fora do período de necessidade das plantações, pela irrigação em horários impróprios, como nos de maior evaporação, pelo uso de técnicas inadequadas ou falta de manutenção nos sistemas de Fontes: Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da irrigação. Amazônia Legal – Governo do Estado de Pernambuco, Secretaria da Na indústria, já se encontram maneiras econômicas de reuCiência, Tecnologia e Meio Ambiente – Secretaria do Meio Ambiente tilização da água ou de seu tratamento antes de lançá-la no dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal – www.cempre.org.br. esgoto. Um exemplo é a Cervejaria Kaiser, cujo sistema de gestão ambiental reduz perdas durante o processo que podeExtraído de: Banas ambiental. riam acarretar danos à natureza. A base do sistema é o gerenciamento dos resíduos gerados, que podem ser usados como matéria-prima para outros produtos – podendo-se citar adubos e fertilizantes – Os números do prejuízo e a meta é a emissão zero de qualquer • Um litro de óleo lubrificante usado contamina 1 000 000 litros de água. resíduo que possa gerar problemas am• 16 milhões de pessoas na Grande São Paulo gastam 69 mil litros de água por bientais. segundo. A Sabesp consegue produzir, em média, 60 mil litros por segundo. A Kaiser ainda possui a Estação de Tratamento de Dejetos Industriais, ETDI, • Um real a cada 1 000 litros é o valor da água que consumimos. que controla o lançamento de resíduos • O consumo para fazer a barba e escovar os dentes em 10 minutos com a torneira nos rios. Na unidade de Ponta Grossa, aberta é de 24 litros de água, quantidade que uma pessoa poderia beber durante no Paraná, a água utilizada no processo 12 dias. de fabricação da cerveja é retirada do rio • As multas para quem não cumpre a Lei dos Recursos Hídricos variam de 100 a Tibagi e retorna ao meio ambiente com 10 000 reais, dependendo da irregularidade. uma qualidade superior (no que diz res• Em todo o mundo, a irrigação das terras de cultivo responde por 73% do consupeito a sólidos totais e demanda biológimo de água, as indústrias por 21% e o uso doméstico fica com os outros 6%. ca de oxigênio), ou seja, atua como um • 15% ou mais da água tratada nos sistemas de abastecimento são perdidos devido filtro de água dos mananciais de abastea vazamentos nas canalizações. cimento dos municípios.

(ENTRE PARÊNTESIS)

More money O pai matemático de um filho americano recebeu o seguinte telegrama:

RESPOSTA 9 5 67 + 1 085 10 652

O problema consiste em substituir letras por números e descobrir quanto o rapaz está pedindo.


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ESPECIAL

Física no Etapa Professor estoniano Jaan Kalda procurou transmitir conhecimentos necessários em competições científicas para alunos do Etapa

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Olimpíada Internacional de Física (IPhO) é uma competição científica anual que teve sua primeira edição em 1967, na Polônia. Em 2014, o evento aconteceu entre os dias 13 e 21 de julho, em Astana, capital do Cazaquistão. No mês de junho, os alunos do Etapa que se interessavam pelo assunto tiveram uma experiência bastante enriquecedora. Durante uma semana, eles participaram de um treinamento voltado para a competição internacional com o professor estoniano Jaan Kalda. Kalda estudou em instituições como o Moscow Institute of Physics and Technology e a École Polytechnique (França) e, atualmente, trabalha como pesquisador na Estônia. Envolvido com Olimpíadas de Física desde jovem, quando era participante, também dá aulas e treinamentos a times e é responsável pela organização da Estonian-Finnish Olympiad desde 1993. Em 2012 também foi Chefe de Exame Teórico da IPhO.

Nesta semana em que Kalda passou no Colégio Etapa, ele procurou transmitir conhecimentos que acredita serem importantes para o sucesso na olimpíada científica. No entanto, segundo ele, “quando se trata de uma competição, existem duas partes: uma delas é o seu conhecimento, a outra é a sorte”. Além disso, é necessário saber distribuir bem o tempo e ser rápido nas resoluções. “São habilidades técnicas que os estudantes precisam desenvolver e que eles podem obter se treinarem o suficiente”, afirmou. Ao conhecer os alunos brasileiros, o professor elogiou o time: “Eu gosto de ensinar estudantes capazes e isso definitivamente aconteceu aqui. Também aprendi muito sobre o país e o sistema de ensino”, conta. Em sua visão, a delegação brasileira pode esperar um bom resultado: “O ouro é possível e a prata, definitivamente”.

Alunos recebem medalhas pelo Desafio Etapa Júnior A competição é voltada para estudantes do 5º e do 9º ano do Ensino Fundamental

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a edição mais recente do tradicional Desafio Etapa de Matemática, Ciências, Humanidades e Linguagem, quatro alunos do 5o ano do Colégio Etapa obtiveram resultados que merecem ser destacados. Eles receberam, inclusive, medalhas pelo ótimo desempenho. O Desafio Etapa é uma competição cultural voltada para os estudantes do 5o e do 9o ano do Ensino Fundamental, composta de questões de raciocínio matemático e verbal, além de Ciências, Geografia e História. Os melhores colocados recebem bolsas de estudo para o próximo ciclo (Ensino Fundamental ou Médio), de acordo com o seu desempenho na prova. A competição é aberta tanto para os estudantes que já são do Colégio quanto para o público externo. Os alunos que cursam o Etapa conseguiram até 100% de bolsa. Parabéns!


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