Jornal do Colégio - 628

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Jornal do Colégio JORNAL DO COLÉGIO ETAPA  –  2017  •  DE 26/05 A 08/06

CURSO – MEDICINA/USP “Dei uma reviravolta e decidi fazer Medicina.” Lucas Del Gallo Vieira da Rocha estudou no Colégio Etapa desde o Fundamental e, em 2011, entrou na Medicina Pinheiros. Em 2016 formou-se e irá iniciar a residência médica no Hospital das Clínicas no próximo ano. Neste ano ele está nas Forças Armadas, servindo na Aeronáutica, que tem em São Paulo o Hospital de Força Aérea. Aqui ele descreve em detalhes como é a formação de um médico na Pinheiros e, relembrando seus tempos no colégio, diz: “Aqui construí grande parte da pessoa que sou”.

Lucas Del Gallo Vieira da Rocha

JC – O que levou você a escolher Medicina como carreira? Lucas – Sempre achei que ia fazer alguma coisa de Exatas. Meu pai é engenheiro, minha mãe é física e sempre tive mais contato em casa com o universo de Exatas. Até o 2o ano do Ensino Médio eu queria fazer Engenharia Aeronáutica no ITA. Até estava no Projeto ITA, que tinha exercícios focados nesse vestibular. Só que no 3o ano comecei a estudar direito as coisas e vi que não era bem isso que eu queria fazer. Decidi procurar uma área diferente. Dei uma reviravolta e decidi fazer Medicina. Quando você entrou no Etapa? Entrei na 5a série do Ensino Fundamental. Como foi a escolha pelo Etapa? Meus pais conheciam a fama do colégio. Depois eles trouxeram minha irmã para o 1o ano do Ensino Médio e hoje ela faz Nutrição. Com a troca de carreira no Ensino Médio, você mudou seu método de estudo? Não, só direcionei para o que caía na Fuvest, o modelo de exercícios.

ENTREVISTA

Carreira – Medicina

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CONTO

O viúvo – Artur Azevedo

Você participou das atividades extracurriculares do colégio? Na 5a série fiz preparação para olimpíadas de Física, mas acabei não me identificando muito. No Ensino Médio participei do Clube de Cinema. Era nas quintas-feiras – eu assistia a um filme e vinha discutir. Eram discussões bem interessantes. Como foi o seu início na Pinheiros? Você se adaptou fácil? Eu era dos mais novos da minha turma, mas eu e outros alunos do Etapa que tinham entrado formamos um grupo na primeira semana, antes de começarem as aulas, para ninguém ficar sozinho nas festas, até conhecer o resto da turma. Depois não foi difícil, o pessoal é acolhedor com quem está chegando. Você teve alguma dificuldade com relação à mudança de colégio para faculdade? Um pouco na questão de estudar, por precisar fazer uma busca mais ativa por conhecimento e ir atrás de livros. No colégio a gente tinha tudo na mão. Mas tirava boas notas na faculdade.

ESPECIAL

ENTRE PARÊNTESIS

Quem é o pai?

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Alunos do Fundamental I têm aulas de Educação Financeira

MAS, MÁS, MAIS

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[E OUTRAS QUESTÕES GRAMATICAIS]

Concordância verbal

Uma atividade nota 10

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CURSO – MEDICINA/USP

As atividades extracurriculares são uma das características da Pinheiros. De quais você participou? Logo que chega você já conhece a Atlética, o Centro Acadêmico, as extensões. No primeiro semestre eu participei como plantonista no cursinho popular da escola. Tinha o conhecimento ainda fresco na cabeça. Eu era plantonista de História, mas tive de dar uma força também nas outras matérias. Física, Matemática, Química, Biologia. Fiz parte da Atlética a partir do segundo semestre. Jogava polo aquático, uma coisa que nunca tinha feito. Foi um desafio aprender a jogar na piscina, totalmente diferente. Continuei jogando até o final do 6o ano. Participou das ligas? No 2o ano participei da Liga de Emergências Clínicas, no 3o ano entrei na Liga de Diabetes, fiquei até o 4o ano, até fui diretor dessa liga. As faculdades de Medicina de São Paulo fazem juntas, anualmente, o Simpósio Acadêmico de Diabetes Mellitus. Há uma comissão central que funciona de forma rotativa, cada ano uma universidade é responsável pela organização do encontro. Na 4a edição, em 2014, como eu era diretor da liga na Pinheiros, presidi a comissão organizadora. Participaram as faculdades de Medicina da USP, Unicamp, Unifesp, UFSCar, PUC-SP, Puccamp, Famerp, São Camilo, Universidade Federal do ABC, Santa Casa e Faculdade de Saúde Pública da USP. Qual foi a importância das ligas para sua formação? O currículo no curso de Medicina está mudando, mas uma coisa que não tinha era o acompanhamento longitudinal do paciente. No modelo de curso que eu fiz você ia ao hospital numa semana, via um paciente internado, na outra semana podia ser que ele não estivesse mais lá. Também participei da Liga de Urologia no 4o ano, uma liga que tinha uma parte cirúrgica. Os alunos podem ficar quanto tempo em uma liga? Você pode ficar o tempo que quiser. Que matérias você viu na faculdade em cada ano? Os dois primeiros anos formam o chamado Ciclo Básico, com aulas principalmente na Cidade Universitária. As matérias básicas eram Anatomia, as diferentes Fisiologias, Histologia, tinha uma parte de Humanidades, de História da Medicina. No 2o ano tinha um pouco mais de Fisiopatologia das coisas, bases fisiológicas da Clínica Médica. Bases de todas as áreas da Medicina. É uma introdução para o 3o e o 4o ano, que formam o Ciclo Clínico, quando se divide a sala de aula com o hospital. Aí se começa a aprender Propedêutica, como examinar o paciente. Tem diferentes propedêuticas: clínica, cirúrgica, da criança, do idoso. Começam algumas especialidades da Medicina, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Ortopedia. Na minha época, no 3o ano tinha Técnica Cirúrgica, em que se começa a aprender a fazer sutura, pequenos procedimentos.

E no 4o ano? O 4o ano é o grande diferencial da faculdade, tem a grande área de Clínica Médica, que se divide em Cardiologia, Clínica Geral, Geriatria, Pneumologia, Oncologia etc., junto com Cirurgia. A gente vai ao Centro Cirúrgico, vê cirurgias. Isso no primeiro semestre. O segundo semestre era dividido em duas partes: na primeira metade, doenças infecciosas; na outra metade do semestre, Pediatria, Obstetrícia, Ginecologia, Neurologia, Medicina Sexual, Psiquiatria. E o 5o e o 6o ano, como se desenvolvem? No 5o e no 6o ano há o Internato – é exclusivamente hospital. O que vê no livro você começa a ver no paciente e tenta desempenhar o papel de médico. O internato funciona por estágios, por exemplo, na Dermatologia, na Psiquiatria, na Clínica Médica. Tem os pacientes que você vê todo dia, que são responsabilidade sua. No hospital, junto com os professores, você ajuda a fazer prescrição, o que você vai dar de terapêutico para o seu paciente, como é que você investiga o problema dele, e também as angústias dele. Quando começam os plantões? No 5o ano você já começa a dar plantão, mas geralmente é mais ambulatorial. Os pacientes estão nos diferentes ambulatórios, por exemplo, de Psiquiatria, de Dermatologia, e internados nas enfermarias, por exemplo, de Pediatria, Clínica Médica, na Cirurgia. No 6o ano o enfoque passa a ser mais em Emergência, que é pronto-socorro, de Ginecologia e Obstetrícia, de Neurologia, de Cirurgia. Emergência funciona também em UBS? Não, só em hospital. A gente faz rodízio entre os prontos-socorros do Hospital Universitário, o HU da Cidade Universitária, e os prontos-socorros do Hospital das Clínicas. Tem o pronto-socorro de Ortopedia, de Cardiologia no Unicor, tem o pronto-socorro do Instituto Central, que é clínica médica, cirurgia, tem o pronto-socorro do Instituto da Criança, que é referência nacional. Quando você pensou em se especializar? Foi no final do 5o ano, no estágio de Cirurgia Geral e de Cirurgia Obstétrica, em que se tem mais contato com o anestesista. Escolhi Anestesiologia. É uma área sem muito enfoque durante a graduação, só no Internato se consegue ver como esse profissional trabalha. No 6o ano, que era mais de Emergência, também tinha cirurgia e eu comecei a gostar do manejo de paciente mais grave. O anestesista tem um foco muito importante nisso, de manter o paciente vivo, ter os seus cuidados, monitorar os diversos parâmetros, deixar o paciente melhor. O paciente já passou, por exemplo, por um acidente de carro e ainda tem o estresse da cirurgia. O anestesista tenta minimizar isso e entregar o paciente de volta no melhor estado possível. E sem dor.


CURSO – MEDICINA/USP Você prestou Residência no HC? Isso. A Residência de Anestesiologia do HC é referência no Brasil e em outros países, pela variedade – desde a pequena cirurgia até transplante cardíaco, transplante hepático, todas as áreas, desde o paciente pediátrico, criança, até o paciente geriátrico, idoso. Outro ponto vital: é um hospital de inovação, de cirurgias de grandes procedimentos. Realmente a pessoa que se forma lá sai diferenciada. Como é o processo de admissão na Residência? A prova de Residência funciona em duas fases. A primeira fase, no meu ano, com questões de múltipla escolha e questões dissertativas. Antes eram só dissertativas. A primeira fase é igual para todas as Residências? É igual para todo mundo. Há Residências de acesso direto. Por exemplo, você não precisa fazer nenhuma outra Residência para começar a de Anestesiologia. E há Residências com pré-requisitos, como Cardiologia, em que é preciso ter feito antes Residência de Clínica Médica. Nos casos de acesso direto a prova é uniforme e envolve as cinco grandes áreas da Medicina: Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, e Medicina Preventiva e Social. Para Cirurgia Cardíaca o pré-requisito é ter feito Cirurgia Geral. Como é a segunda fase da seleção? A segunda fase se divide entre uma parte prática – são situações que a gente até treina durante a faculdade. São cinco situações, no mesmo dia. É como se fosse um circuito, você passa pelas situações dentro do hospital. Tem situações, por exemplo, para você lidar frente ao paciente. O paciente que traz um exame, você precisa examinar a conduta certa para ele. Aí, junto com a segunda fase, tem a entrevista. Você vai ao Departamento, conversa com o chefe, mostra o seu currículo, o que fez durante a faculdade, porque escolheu a especialidade. É basicamente isso. No último ano, qual era a sua maior preocupação? Escolher a especialização certa e ser aprovado na prova de Residência. Quando começa sua Residência? Só no ano que vem. Fui aprovado e tranquei. Todo médico de universidade pública e de algumas particulares precisa se apresentar para as Forças Armadas. Eu optei por servir na Força Aérea aqui em São Paulo. Tem um processo seletivo, a gente faz prova e também faz exames para ver se está apto ou não. Com base na sua nota, você pode escolher onde quer servir. Essa escolha é feita no final de janeiro. Aqui em São Paulo tem o Hospital de Força Aérea. O sistema da Aeronáutica é quase igual ao sistema de saúde, por escalões, tem unidade básica e tem o hospital mais especializado, que no caso é o Hospital da Força Aérea de São Paulo. Eu optei por servir em um posto médico, de atendimento um pouco mais básico, que fica no Cambuci.

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Esse hospital atende só militar? Isso, ele atende militares tanto da ativa quanto inativos e dependentes de militares. Como é a especialização que você terá? Será como clínico ou médico generalista. Você terá qual salário nesse trabalho? Como o de qualquer outro militar da mesma patente. Qual é sua patente? A gente começa o treinamento como aspirante a oficial. O treinamento acabou em 20 de abril e até 31 de agosto eu sou aspirante a oficial. Depois eu me torno 2o tenente. Se fosse continuar seria promovido até 1o tenente. Nesse concurso que prestei, o médico da Aeronáutica é temporário, ele pode servir no máximo oito anos, depois é desligado. Depois será a Residência no HC. Por quanto tempo? Você vai se especializar em alguma área? A Residência em Anestesiologia é em três anos. A área, especificamente, ainda não sei. Eu espero descobrir na Residência em que, dentro da Anestesiologia, vou querer trabalhar, me especializar ainda mais. Mudou alguma coisa de como você pensava a Medicina quando ia prestar vestibular e agora, formado? Sim, mudou, principalmente por achar no começo que o médico vai resolver todos os problemas. Não é tão bem assim. Você consegue ajudar muita gente, mas o que importa às vezes é trazer conforto para a pessoa, poder resolver as angústias da pessoa, nem tanto curar a pessoa, no intuito de fazer grandes diagnósticos e grandes terapêuticas. Como está a questão da humanização da Medicina na Pinheiros? É questão bem marcante hoje. No currículo novo o que está bom mesmo é o enfoque nessa questão, da humanização da Medicina. Não tratar o paciente como um simples número de leito. É o que estava faltando. Qual a importância do colégio em sua formação? Boa parte da minha infância eu passei no Etapa e aqui construí grande parte da pessoa que sou. As recordações são muito boas, tanto de amigos – que fizeram USP comigo – a gente se encontra em festas, casamentos etc. – quanto dos professores, com quem a gente tinha contato bem próximo. Hoje, formado, você acredita que poderá realizar-se sendo útil para a sociedade, para as pessoas? Sim. Eu vejo isso todo dia. Quando alguém me procura com alguma dúvida, alguma angústia, posso tranquilizá-la. Mesmo sem grandes coisas, um gesto ou palavras já podem fazer uma diferença. Isso faz o meu dia.


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CONTO

O viúvo Artur Azevedo

N

a véspera de partir para a Europa, o doutor Claudino, sem prever o fúnebre espetáculo de que ia ser testemunha, foi despedir-se do seu velho camarada Tertuliano. Ao aproximar-se da casa, ouviu berreiro de crianças e mulheres, e a voz de Tertuliano, que dominava de vez em quando o alarido geral, soltando, num tom estrídulo e angustioso, esta palavra: “Xandoca.” O doutor Claudino apressou o passo, e entrou muito aflito em casa do amigo. Havia, efetivamente, motivo para toda aquela manifestação de desespero. Tertuliano acabava de enviuvar. Havia meia hora que dona Xandoca, vítima de uma febre puerperal, fechara os olhos para nunca mais abri-los. O corpo, vestido de seda preta, as mãos cruzadas sobre o peito, estava colocado num canapé, na sala de visitas. À cabeceira, sobre uma pequena mesa coberta por uma toalha de rendas, duas velas de cera substituíam, aos dois lados de um crucifixo, o bom e o mau ladrão. Tertuliano, abraçado ao cadáver, soluçava convulsivamente, e todo o seu corpo tremia como tocado por uma pilha elétrica. Os filhos, quatro crianças, a mais velha das quais teria oito anos, rodeavam-no aos gritos. Na sala havia um contínuo fluxo e refluxo de gente que entrava e saía, pessoas da vizinhança, chorando muito, e indivíduos que, passando na rua, ouviam gritar e entravam por mera curiosidade. O doutor Claudino estava impressionadíssimo. Caíra de sopetão no meio daquele espetáculo comovedor, e contemplava atônito o cadáver da pobre senhora que, havia quatro dias, encontrara na rua da Carioca, muito alegre, levando um filho pela mão e outro no ventre, arrastando vaidosa a sua maternidade feliz. Tertuliano, mal que o viu, atirou-se-lhe nos braços, inundando-lhe de lágrimas a gola do casaco; o doutor Claudino estava atordoado, cego, com os vidros do pince-nez embaciados pelo pranto, que tardou, mas veio discreta, reservadamente, como um pranto que não era da família. – Isto foi uma surpresa... uma dolorosa surpresa para mim, conseguiu dizer com a voz embargada pela comoção. Parto amanhã para a Europa, no Niger... vinha despedir-me de ti... e dela... de dona Xandoca e... vejo que... que... que... E o doutor Claudino fez uma careta medonha para não soluçar. – Dispõe de mim, meu velho; estou às tuas ordens, bem sabes. – Obrigado, disse Tertuliano numa dessas intermitências que se notam nos maiores desabafos; o Rodrigo, aquele

meu primo empregado no foro, já foi tratar do enterro, que é amanhã às dez horas. Fazendo grandes esforços para reprimir a explosão das lágrimas, o viúvo contou ao doutor Claudino todos os incidentes da rápida moléstia e da morte de dona Xandoca. – Uma coisa inexplicável! Nunca a pobre criatura teve um parto tão feliz... A parteira não esperou cinco minutos... Uma criança gorda, bonita... Está lá em cima, no sótão... hás de vê-la. De repente, uma pontinha de febre que foi aumentando, aumentando... até vir o delírio... Mandei chamar o médico... Quando o médico chegou já ela agoniza... a... va!... E Tertuliano, prorrompendo em soluços, abraçou-se de novo ao doutor Claudino. No dia seguinte, a cena foi dolorosíssima. Antes de se fechar o caixão, Tertuliano quis que os filhos beijassem o cadáver, medonhamente intumescido e decomposto. Ninguém reconheceria dona Xandoca, tão simpática, tão graciosa, naquele montão informe de carne pútrida. Fecharam o caixão, mas Tertuliano agarrou-se a ele e não o queria deixar sair, gritando: – Não consinto! não quero que a levem daqui! – Foi preciso arrancá-lo à força e empurrá-lo para longe. Ele caiu e começou a escabujar no chão, soltando grandes gritos nervosos. Três senhoras caíram também com espetaculosos ataques. As crianças berravam. Choravam todos. De volta do enterro, o doutor Claudino, conquanto muito atarefado com a viagem, não quis deixar de fazer uma última visita a Tertuliano. Encontrou-o num estado lastimoso, sentado numa cadeira da sala de jantar, sem dar acordo de si, rodeado pelos filhos, o olhar fixo no mísero recém-nascido, que a um canto da casa mamava sofregamente numa preta gorda. – Tertuliano, adeus. Daqui a meia hora devo estar embarcado. Crê que, se pudesse, adiava a viagem para fazer-te companhia... Adeus! O viúvo lançou-lhe um olhar vago, um olhar que nada exprimia; sacudiu molemente a mão, e murmurou: – Adeus! Às sete horas da noite o doutor Claudino, sentado na coberta do Niger, contemplando as ondas esplendidamente iluminadas pelo luar, pensava naquele olhar vago de Tertuliano, naquele adeus terrível, e pedia aos céus que o seu velho camarada não houvesse enlouquecido. Meses depois, a exposição de Paris atordoava-o; mas de vez em quando, lá mesmo, na Galeria das Máquinas, no Palácio das Artes, ou na Torre Eiffel, voltava-lhe ao espírito a lembrança daquela cena desoladora do viúvo rodeado pe-


CONTO los orfãozinhos, e repercutia-lhe dentro d’alma o som daquele adeus pungente e indefinível. Interessava-se muito por Tertuliano. Escreveu-lhe um dia, mas não obteve resposta. Pobre rapaz! viveria ainda? a sua razão teria resistido àquele embate violento? Depois de um ano e quatro meses de ausência, o doutor Claudino voltou da Europa, e sua primeira visita foi para Tertuliano, que morava ainda na mesma casa. Mandaram-no entrar para a sala de jantar. Tertuliano estava sentado numa cadeira, sem dar acordo de si, rodeado pelos filhos, o olhar fixo no mais pequenito, que estava muito esperto, brincando no colo da preta gorda. – Tertuliano? balbuciou o doutor Claudino. O viúvo lançou-lhe um olhar vago, um olhar que nada exprimia; sacudiu molemente a mão, e murmurou: – Adeus.

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Depois, dir-se-ia que se fizera subitamente a luz no seu espírito embrutecido. Ele ergueu-se de um salto, gritando: – Claudino – e atirou-se nos braços do velho camarada, exclamando entre lágrimas: – Ah! meu amigo! perdi minha mulher!... – Sim, já sei, mas já tinhas tempo de estar mais consolado... Que diabo! Sê homem! Já lá se vão quatorze meses!... – Como quatorze meses? seis dias... – Ora essa! pois não te lembras que acompanhei o enterro de dona Xandoca? – Ah! tu falas da Xandoca... mas há três meses casei-me com outra... a filha do Major Seabra, há seis dias estou viú... ú... vo! E Tertuliano, prorrompendo em soluços, abraçou de novo ao doutor Claudino. <www.dominiopublico.gov.br>

(ENTRE PARÊNTESIS)

Quem é o pai? Dois homens, Pedro e Paulo, acompanhados de seus filhos Jorge e João, compram livros. Cada livro tem um desconto, em reais, igual ao número de livros comprados.

RESPOSTA

Cada família (pai e filho) teve um desconto de R$ 65,00. 1

1

(x − 1)2

x−1

Jorge

x2

x

Pedro

Desconto (R$)

No de livros comprados

Como se chama o pai de João?

João

Pedro comprou 1 livro a mais do que Jorge, e João comprou apenas 1.

Temos duas possibilidades (U = N): i) Pedro é pai de João. Assim, temos a equação: x2 + 1 = 65 + x2 = 64 + x = 8   V = {8} ii) Pedro é pai de Jorge. Então: x2 + (x − 1)2 = 65 + x2 − x − 32 = 0   V = Ø Logo x = 8 e Pedro é o pai de João.

MAS, MÁS, MAIS [E OUTRAS QUESTÕES GRAMATICAIS]

Concordância verbal Sujeito composto por pessoas gramaticais diferentes O verbo vai para o plural, concordando com a pessoa que tiver preferência: 1a, 2a e 3a pessoas & 1a pessoa do plural 2a e 3a pessoas & 2a pessoa do plural

Ex.: Ele, tu e eu já pertencemos a um passado nostálgico. Tu e ele não falais a mesma linguagem. Obs.: há bons exemplos na Literatura de 3a pessoa do plural para o sujeito na 2a pessoa. “Juro que tu e tua filha me pagam.” (Coelho Neto)


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ESPECIAL

Uma atividade nota 10

N

o segundo domingo de maio, é de praxe, os alunos do Ensino Fundamental I e da Educação Infantil do Colégio Etapa levarem um artesanato para comemorar o Dia das Mães. Em 2017 não foi diferente. Um lindo quadro nasceu para que os alunos presenteassem essa figura muito querida. Na Oficina de Artes foi produzido um porta-chaves para que a mamãe nunca se esqueça onde deixou a chave do carro, ou a chave da porta da casa, ou... Um presente útil e original. Sob a batuta da professora Fernanda Gusen e com a contribuição de toda equipe de professores, os alunos rea­lizaram uma verdadeira obra-prima. Pintura, azulejamento, colocação de ganchos e ornamentação, decalque e outras técnicas foram usadas para que tudo saísse da melhor maneira possível. Foram horas e horas de muito serviço, troca de experiências e interação, afinal, todas as mães merecem esse carinho. E para que a mãe não recebesse presente repetido, os irmãos realizaram artesanatos diferenciados. Tudo foi realizado com muito carinho.


ESPECIAL

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Alunos do Fundamental I têm aulas de Educação Financeira

D

esde o ano passado, alunos do 2o ao 5o ano do Ensino Fundamental I do Colégio Etapa recebem aulas de Educação Financeira a cada quinze dias, no período da manhã. Segundo a professora responsável pelo projeto, Carolina Yoshiga, a ideia surgiu para melhorar a relação dos alunos com o dinheiro. “Alguns tinham dificuldade em conferir o troco na hora do lanche ou saber quanto estavam gastando”, exemplifica. O colégio também levou em consideração o decreto no 7.397/2010, que instituiu a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef) e o Programa de Educação Financeira nas Escolas, que poderá tornar obrigatórias aulas sobre o tema. Responsável pelas aulas e pela elaboração do material didático, Carolina conta que as apostilas foram desenvolvidas de acordo com a idade e as vivências das crianças de cada série. O conteúdo do 4o e 5o anos conta com material mais específico e foi revisado pelo professor Pablo Ganassim, que dá aulas na Eseg.


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ESPECIAL

“Percebemos que antes de falar sobre maneiras de utilizar o dinheiro, era preciso trabalhar uma série de conceitos, como valor, trabalho, bem público, desperdício, reaproveitamento etc”, afirma. Todas as apostilas apresentam material teórico que contém um conceito ligado à Educação Financeira e em seguida aproxima o tema de situações cotidianas dos estudantes. No segundo ano do Ensino Fundamental, os alunos são apresentados à história do dinheiro, desde o sistema de trocas (escambo) até a criação do papel moeda. A apostila do terceiro ano aborda o valor das coisas, já envolvendo os tópicos de economia e desperdício. Para os alunos do quarto ano, os temas são a forma de fabricação das notas e moedas, a importância do trabalho e os problemas do consumo exagerado. Por fim, no quinto ano os estudantes aprendem sobre investimento, orçamento, planejamento e aposentadoria. Cada tema finalizado é sucedido por uma atividade prática, como a criação de um cofrinho, a realização de receitas para aproveitar melhor os alimentos, estudos de caso e até a simulação da abertura e gerenciamento de uma empresa. “O envolvimento dos alunos é muito interessante. Eles começam a perceber no dia a dia as situações abordadas em aula. Tivemos alunos que até chegaram a pedir ao pai para investir em seu nome”, conta Carolina.

AGENDA CULTURAL

São Paulo – Clube de Cinema (quintas, das 19h às 21h, sala 66) 01.06 – O show de Truman (Peter Weir: 1998) 08.06 – Livre (Jean-Marc Vallée: 2015) São Paulo – Clube de Debate (segunda, das 19h às 22h, sala 60) 05.06 – “Os problemas da imigração contemporânea” São Paulo – Clube do Livro (terça, das 19h às 21h, sala 63) 13.06 – Persépolis (Marjane Satrapi) Valinhos – Clube de Cinema (terça e quinta, das 14h05min às 16h05min, sala 209) 30.05 – Aquarius (Kleber Mendonça Filho: 2016) 08.06 – Estrelas além do tempo (Theodore Melfi: 2017) Valinhos – Clube de Debate (quinta, das 14h05min às 17h45min, sala 215) 08.06 – “Os problemas da imigração contemporânea” Valinhos – Clube do Livro (quinta, das 14h05min às 15h45min, sala 216) 01.06 – Branca de Neve (Irmãos Grimm)

Jornal do Colégio

Jornal do Colégio ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP


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