Jornal do Colégio - 629

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Jornal do Colégio JORNAL DO COLÉGIO ETAPA  –  2017  •  DE 09/06 A 22/06

CURSO – ENG. MECÂNICA/USP Laura fez Poli e também estudou na Irlanda. Hoje trabalha em TI. Laura Spinelli Pinheiro Perassa graduou-se em Engenharia Mecânica na Poli. Durante o curso ela fez intercâmbio na Irlanda do Norte, onde também conseguiu estágio. Ao retornar, além de completar o curso, estagiou durante um ano na Siemens e hoje trabalha em uma empresa de TI que atende a responsável pelo e-commerce do Grupo Pão de Açúcar, Casas Bahia, Ponto Frio e Extra. Na entrevista ela fala dessa sua variada experiência.

Laura Spinelli Pinheiro Perassa

JC – Quando e por que você escolheu Engenharia Mecânica como carreira? Laura – Quando me inscrevi nos vestibulares eu não tinha decidido se queria Produção ou Mecânica. Tinha ouvido pessoas dizendo que era muito difícil mudar para Enge­ nharia de Produção depois de entrar, então escolhi prestar Produção por via das dúvidas. Mas aí pesquisei um pouco mais e ao passar no vestibular já tinha decidido que era Me­ cânica que eu queria fazer. No fim do 1o ano na Poli eu pedi a transferência. Por que Mecânica? Eu gostava muito de aviões e carros, tinha interesse em sa­ ber como funcionavam. Começou por aí. Depois que entrei na Poli conversei com pessoas da Produção, da Mecânica e de outras engenharias para ter uma opinião sobre como funcionava a estrutura dos cursos, para conhecer as maté­ rias com mais detalhes, então pude ter certeza de que era Mecânica. Além da Fuvest, você prestou outros vestibulares? Prestei Unicamp. Fiz o Enem e passei na UFSCar. Todos para Engenharia Mecânica? Não, eu prestei Engenharia de Produção nas três. Passei em todos. ENTREVISTA

Carreira – Engenharia Mecânica

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CONTO

Adão e Eva – Machado de Assis

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A Poli era um mundo novo para você. Sua adaptação foi tranquila também ou teve alguma dificuldade? Em termos de adaptação, a estrutura de aula não é tão dife­ rente. Claro que não é tão guiado, não tem uma proximidade tão grande com o professor. E encontrei muita gente conhe­ cida do Etapa. A dificuldade realmente é aprender a estudar para as provas, algumas matérias têm muito material dispo­ nível, outras não têm nada além de você mesma. Então, a adaptação é mais na forma de estudo. Você chegou a participar de alguma atividade extracurricular na Poli? No primeiro semestre eu participei de uma equipe de car­ ros de corrida, a equipe SAE. Depois eu fiz duas iniciações científicas e intercâmbio. Que iniciações científicas você fez? A primeira foi no segundo semestre do 1o ano. Era uma ini­ ciação meio informal, não era nada com bolsa. Um profes­ sor tinha uma linha de pesquisa que me interessou, reação e condutores, e ele me deu materiais para ler. E a segunda iniciação científica? Eu tinha me interessado pela linha de pesquisa de outro pro­ fessor, conversei com ele e aí já foi uma coisa mais formal, do­ cumentada, com relatório para apresentar. Pedi bolsa ao CNPq e passei um ano e meio trabalhando com ele. ESPECIAL

ENTRE PARÊNTESIS

Um trabalho... ARTIGO Inventário de fauna e flora em São Paulo surpreende pela alta biodiversidade

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Dez anos de Robótica no Colégio Etapa

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CURSO – ENG. MECÂNICA/USP

Qual foi o tema da pesquisa? A linha de pesquisa era eletromagnetismo. Eu trabalhava especificamente com perdas magnéticas. O tema do meu trabalho era a influência da microestrutura na curva da perda anômala, que é um tipo de perda magnética. Basicamente, são materiais metálicos que vão sofrer algum tipo de perda magnética, o que pode causar um certo tipo de deforma­ ção. O material pode se tornar mais mole, mais duro, mais sujeito a transmitir corrente elétrica ou a ser mais isolante. Esses tipos de variações podem vir da mudança das pro­ priedades magnéticas deles. O intercâmbio foi logo depois dessa iniciação? Não, a iniciação acabou no quinto semestre e eu fui para o intercâmbio no sétimo semestre. Isso em 2014. Você foi para onde? Fui para Belfast, na Irlanda do Norte. Em qual universidade? Na Queen’s University of Belfast. Tinha convênio com a USP? Foi pelo Ciência sem Fronteiras. A USP não estava dando bol­ sas e eu acabei escolhendo o Ciência sem Fronteiras princi­ palmente pela questão da mobilidade. Era mais aberto, com mais possibilidade de escolha de países, de universidades. Por que a Irlanda do Norte? Na verdade, eu escolhi o Reino Unido, e aí você pode es­ colher universidades. A Queen’s me surgiu aos olhos por ser num lugar diferente, então fazia parte da experiência de uma vida diferente que eu queria ter. É uma universidade muito conceituada, principalmente na área aeroespacial. Você morava no campus da universidade? Sim. A universidade tem prédios na cidade, alguns são alo­ jamentos para estudantes e eu morei em dois deles. Morei primeiro num flat, tinha dez quartos individuais e uma cozi­ nha compartilhada. Depois morei numa casa de três anda­ res, com uma cozinha em cada andar para três pessoas. Era mais tranquilo. Durante o intercâmbio você conseguiu visitar outros países? Sim, eles têm uma estrutura de férias diferente. Tem as fé­ rias de Páscoa em abril, de três semanas, e eu pude viajar nessa época. Depois, em setembro, quando tinha termina­ do meu estágio, me sobraram duas semanas e viajei de novo. Nas férias de Natal também. Você foi a quais países? Eu visitei a Europa Central quase toda, o Reino Unido, Re­ pública da Irlanda e Noruega. Você disse que viajou em setembro ao terminar o estágio. Onde você trabalhou? Nas férias de verão você precisa fazer um estágio, desen­ volver uma linha de pesquisa para não ficar três meses sem

fazer nada. A universidade ajudou e eu estagiei em uma empresa local que fazia equipamentos laboratoriais: espec­ trômetros, microscópios, câmeras de laboratório.

Os créditos que você teve lá são válidos para o seu currículo da Poli? Sim, eu consegui a equivalência dos créditos que fiz lá. O 4o ano foi o que eu passei lá, voltei e segui a grade normal, como se tivesse trancado a faculdade um ano. Fiz mais um ano de matérias, o 5o, e o 6o ano foi de estágio e TCC. Como foi o retorno à rotina da Poli? Da mesma forma que continuei achando ruins algumas coi­ sas da Poli, coisas que eu achava que não faziam sentido, outras coisas eu entendi porque eram daquele jeito – e por­ que fazem a Poli ser o que é, de as pessoas falarem: “Cha­ me um politécnico para trabalhar. Não importa o trabalho que você vai dar para ele. Só fale quando precisa terminar o trabalho e ele vai estar feito!” Em linhas gerais, o que você teve de matérias em cada ano na Poli? Eles mudaram a estrutura recentemente, não mudou tanto assim, mas algumas ideias já começaram a aparecer. Nos dois primeiros anos é o Ciclo Básico. No 1o ano tinha Cál­ culo, Física, Introdução à Ciência dos Materiais, Introdução à Engenharia, para você mais ou menos aprender o que é um projeto de engenharia. No 2o ano começam matérias de introdução ao curso que você vai fazer. No meu caso eu tive Introdução à Mecânica de Fluidos, Introdução à Mecânica dos Sólidos, processos de fabricação. No 3o ano cada curso fica totalmente separado, fazendo do seu jeito. São quatro especialidades na Mecânica: Automotiva, Termodinâmica, Biomecânica e Aeronáutica. Quais eram as matérias específicas da Mecânica? No 3o e no 4o ano, metade das minhas matérias foram vol­ tadas para Termodinâmica, Transferência de Calor, Termoflux (termodinâmica do fluido), Mecânica de Fluidos. Fora isso, tinha bastante matéria de máquinas e processos de fabrica­ ção: ver como as máquinas funcionam, o que é um torno, quais são as variáveis e as forças que atuam nele, por que alguns materiais são moldados de uma maneira e não de outra, o que é uma solda, como uma engrenagem funciona. Que tema você escolheu para o trabalho de conclusão de curso? Foi na área de Aerodinâmica, eu trabalhei para ver o equilí­ brio aerodinâmico de uma aeronave e como ele é influencia­ do pela variação da velocidade. E o estágio, onde fez? Eu estagiei o 6o ano todo na Siemens, no programa deles de desenvolvimento de talentos. Entrei como estagiária de compras na área metroferroviária, a parte que lida com me­ trô. A Siemens trabalha principalmente em duas áreas de energia: telecomunicações e sinalização, e eletrificação de vias. Não foi um estágio tão técnico, mas pude conhecer


CURSO – ENG. MECÂNICA/USP bastante como funciona o sistema metroviário e aprender sobre eletrificação. Trabalhei também em outro setor da em­ presa, na área de engenharia de turbinas, turbinas a vapor.

No seu último ano, qual era a sua maior preocupação? Era me formar e a dúvida: “O que vou fazer agora?”. A dú­ vida era se eu queria trabalhar com Engenharia e em qual área. O mercado financeiro e as consultoras de estratégia têm um apelo muito grande, até acho que é um problema da indústria não conseguir se mostrar ativa para os estu­ dantes. Quando entrei na Poli o Brasil estava crescendo e engenheiros eram supernecessários. As coisas mudaram e é pequena a quantidade de pessoas que eu conheço que se formaram comigo ou no ano anterior e trabalham em Engenharia. É uma coisa meio preocupante. Qual é a importância do estágio? É importante porque ele ajuda você a conhecer o seu cur­ so. Você não sabe em que está se formando até trabalhar com aquilo. Esse é outro problema na Poli, a gente não tem tempo de fazer estágio. Eu consegui fazer dois por causa do intercâmbio, um muito focado em Engenharia Mecânica e o outro mais focado em indústria, empresa de grande porte, vendo outros tipos de problemas. Acho que ter mais expe­ riências é importante para entender o que se quer fazer. A remuneração do engenheiro é condizente com sua formação? A indústria paga bastante bem, melhor que muitas carreiras por aí, mas em comparação com outras opções a que nós, engenheiros, somos apresentados, fica bastante abaixo. A área financeira apresenta pagamentos absurdos, irreais. Eu não acho que seja um bom método de comparação, mas é o que apresentam. Você está trabalhando onde? Eu terminei o estágio na Siemens em dezembro e em abril comecei na BExpert, uma consultoria de CRM. É todo tipo de relação de uma empresa com o cliente, tanto cliente pes­ soa física quanto outra empresa. Então, Marketing, Vendas, toda a parte de suporte e SAC, isso tudo é feito com o tipo de sistema que a gente implanta. Atualmente eu fico dentro da empresa do cliente com o qual estamos trabalhando. Qual é o cliente? É a Cnova, empresa responsável pelo e-commerce do Grupo Pão de Açúcar, Casas Bahia, Ponto Frio e Extra. Os e-commerce eram separados e se uniram para formar essa empresa. Seu trabalho deixou de ser relacionado com a formação que teve na Poli? Realmente, uma consultoria de TI não é Engenharia Mecâ­ nica, são coisas diferentes. É uma carreira nova para mim, não conhecia CRM até três meses atrás. Mas a gente aprende, hoje eu já posso explicar o que é isso. O que você tem aprendido? Eu aprendo muito a programar lá. No Etapa eu tinha visto o básico, vi na faculdade outras linguagens e usei porque a

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gente faz trabalhos que precisam de programação, de você fazer códigos para as coisas funcionarem.

Qual é o principal diferencial de um engenheiro recém-formado para se colocar no mercado? Parte é saber correr atrás, ter vontade e dedicação. Muita gente que se forma na Poli acha que a vida vai estar feita a partir daí, mas as coisas não funcionam assim. Além de saber correr atrás, acho que ser humilde é importante. Nin­ guém espera que você chegue no primeiro dia e saiba tudo. Quais matérias que você estudou no Etapa se mostraram mais importantes na faculdade, no intercâmbio e na atividade profissional? Matemática e Física. No Etapa a gente tem uma base muito grande, mais que o normal. A Física que você vê na faculda­ de não é diferente da Física que você aprende no colégio, ela só é mostrada de maneira diferente, com mais Cálculo e alguns conceitos diferentes, que você consegue enten­ der fazendo paralelos com o que viu na escola. A base de Matemática aqui é muito boa e muito importante, você tem uma facilidade maior de entender Cálculo, Álgebra Fatorial, Álgebra Linear. Programação não é toda escola que dá, é uma linguagem simples, mas é uma base muito boa porque muitas linguagens são parecidas. Aprendendo a programar a gente desenvolve o raciocínio lógico, que na Engenharia é importantíssimo. Quais atividades extracurriculares você seguiu durante o Ensino Médio? Fiz as aulas de preparação para olimpíadas de Matemática nos três anos, no último ano até a metade. Participei das olimpíadas também. No 3o ano, preparando-se para os vestibulares, você mudou sua rotina de estudos? Eu estudei da mesma maneira. Para mim era uma coisa bem tranquila, eu gostava bastante de estudar, de fazer re­ sumos. Depois de outubro, tive um mês para revisar o que eu tinha resumido. Você ainda tem amigos aqui da sua época no Etapa? É uma coisa até engraçada, muitas pessoas de que eu era amiga no Etapa hoje eu não vejo muito, foram para outras áreas, mas pessoas que eu conheci assim, “ah, era da mi­ nha sala”, foram para a Poli junto comigo e se tornaram mi­ nhas amigas. Na Poli eu acabei conhecendo também muita gente do Etapa Valinhos. O que você pode dizer a quem vai prestar Fuvest para a Poli neste ano? Boa sorte. Você não precisa se matar de estudar e sim estu­ dar de uma maneira que faça sentido para você. Acho que é mais uma questão de ter calma e se concentrar. Eu gostava muito de levar as minhas redações ao Plantão de Dúvidas e isso me ajudou muito porque eu não sabia escrever e cheguei na Fuvest sabendo realmente fazer uma redação.


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CONTO

Adão e Eva Machado de Assis

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ma senhora de engenho, na Bahia, pelos anos de mil setecentos e tantos, tendo algumas pessoas íntimas à mesa, anunciou a um dos convivas, grande lambareiro, um certo doce particular. Ele quis logo saber o que era; a dona da casa chamou-lhe curioso. Não foi preciso mais; daí a pouco estavam todos discutindo a curiosidade, se era masculina ou feminina, e se a responsabilidade da perda do paraíso devia caber a Eva ou a Adão. As senhoras diziam que a Adão, os homens que a Eva, menos o juiz de fora, que não dizia nada, e Frei Bento, carmelita, que interrogado pela dona da casa, D. Leonor: – Eu, senhora minha, toco viola, respondeu sorrindo; e não mentia, porque era insigne na viola e na harpa, não menos que na teologia. Consultado, o juiz de fora respondeu que não havia matéria para opinião; porque as coisas no paraíso terrestre passaram-se de modo diferente do que está contado no primeiro livro do Pentateuco, que é apócrifo. Espanto geral, riso do carmelita, que conhecia o juiz de fora como um dos mais piedosos sujeitos da cidade, e sabia que era também jovial e inventivo, e até amigo da pulha, uma vez que fosse curial e delicada; nas coisas graves, era gravíssimo. – Frei Bento, disse-lhe D. Leonor, faça calar o Sr. Veloso. – Não o faço calar, acudiu o frade, porque sei que de sua boca há de sair tudo com boa significação. – Mas a Escritura... ia dizendo o mestre de campo João Barbosa. – Deixemos em paz a Escritura, interrompeu o carmelita. Naturalmente, o Sr. Veloso conhece outros livros... – Conheço o autêntico, insistiu o juiz de fora, recebendo o prato de doce que D. Leonor lhe oferecia, e estou pronto a dizer o que sei, se não mandam o contrário. – Vá lá, diga. – Aqui está como as coisas se passaram. Em primeiro lugar, não foi Deus que criou o mundo, foi o Diabo... – Cruz! exclamaram as senhoras. – Não diga esse nome, pediu D. Leonor. – Sim, parece que... ia intervindo Frei Bento. – Seja o Tinhoso. Foi o Tinhoso que criou o mundo; mas Deus, que lhe leu no pensamento, deixou-lhe as mãos livres, cuidando somente de corrigir ou atenuar a obra, a fim de que ao próprio mal não ficasse a desesperança da salvação ou do benefício. E a ação divina mostrou-se logo porque, tendo o Tinhoso criado as trevas, Deus criou a luz, e assim se fez o primeiro dia. No segundo dia, em que foram criadas as águas, nasceram as tempestades e os furacões; mas as brisas da tarde baixaram do pensamento divino. No terceiro dia foi feita a terra, e brotaram dela os vegetais, mas só os vegetais sem fruto nem flor, os espinhosos, as ervas que matam como a cicuta; Deus, porém, criou as árvores frutíferas e os vegetais que nutrem ou encantam. E tendo o Tinhoso cavado abismos e cavernas na terra, Deus fez o sol, a lua e as estrelas; tal foi a obra do quarto dia. No quinto foram criados os animais da terra, da água e do ar. Chegamos ao sexto dia, e aqui peço que redobrem de atenção.

Não era preciso pedi-lo; toda a mesa olhava para ele, curiosa. Veloso continuou dizendo que no sexto dia foi criado o homem, e logo depois a mulher; ambos belos, mas sem alma, que o Tinhoso não podia dar, e só com ruins instintos. Deus infundiu-lhes a alma, com um sopro, e com outro os sentimentos nobres, puros e grandes. Nem parou nisso a misericórdia divina; fez brotar um jardim de delícias, e para ali os conduziu, investindo-os na posse de tudo. Um e outro caíram aos pés do Senhor, derramando lágrimas de gratidão. “Vivereis aqui, disse-lhes o Senhor, e comereis de todos os frutos, menos o desta árvore, que é a da ciência do Bem e do Mal.” Adão e Eva ouviram submissos; e ficando sós, olharam um para o outro, admirados; não pareciam os mesmos. Eva, antes que Deus lhe infundisse os bons sentimentos, cogitava de armar um laço a Adão, e Adão tinha ímpetos de espancá-la. Agora, porém, embebiam-se na contemplação um do outro, ou na vista da natureza, que era esplêndida. Nunca até então viram ares tão puros, nem águas tão frescas, nem flores tão lindas e cheirosas, nem o sol tinha para nenhuma outra parte as mesmas torrentes de claridade. E dando as mãos percorreram tudo, a rir muito, nos primeiros dias, porque até então não sabiam rir. Não tinham a sensação do tempo. Não sentiam o peso da ociosidade; viviam da contemplação. De tarde iam ver morrer o sol e nascer a lua, e contar as estrelas, e raramente chegavam a mil, dava-lhes o sono e dormiam como dois anjos. Naturalmente, o Tinhoso ficou danado quan­do soube do caso. Não podia ir ao paraíso, onde tudo lhe era avesso, nem chegaria a lutar com o Senhor; mas ouvindo um rumor no chão entre folhas secas, olhou e viu que era a serpente. Chamou-a alvoroçado. – Vem cá, serpe, fel rasteiro, peçonha das peçonhas, queres tu ser a embaixatriz de teu pai, para reaver as obras de teu pai? A serpente fez com a cauda um gesto vago, que parecia afirmativo; mas o Tinhoso deu-lhe a fala, e ela respondeu que sim, que iria onde ele a mandasse, – às estrelas, se lhe desse as asas da águia – ao mar, se lhe confiasse o segredo de respirar na água – ao fundo da terra, se lhe ensinasse o talento da formiga. E falava a maligna, falava à toa, sem parar, contente e pródiga da língua; mas o diabo interrompeu-a: – Nada disso, nem ao ar, nem ao mar, nem à terra, mas tão somente ao jardim de delícias; onde estão vivendo Adão e Eva. – Adão e Eva? – Sim, Adão e Eva. – Duas belas criaturas que vimos andar há tempos, altas e direitas como palmeiras? – Justamente. – Oh! detesto-os. Adão e Eva? Não, não, manda-me a outro lugar. Detesto-os! Só a vista deles faz-me padecer muito. Não hás de querer que lhes faça mal... – É justamente para isso. – Deveras? Então vou; farei tudo o que quiseres, meu senhor e pai. Anda, dize depressa o que queres que faça. Que morda o calcanhar de Eva? Morderei...


CONTO – Não, interrompeu o Tinhoso. Quero justamente o contrário. Há no jardim uma árvore, que é a da ciência do Bem e do Mal; eles não devem tocar nela, nem comer-lhe os frutos. Vai, entra, enrosca-te na árvore, e quando um deles ali passar, chama-o de mansinho, tira uma fruta e oferece-lhe, dizendo que é a mais saborosa fruta do mundo; se te responder que não, tu insistirás, dizendo que é bastante comê-la para conhecer o próprio segredo da vida. Vai, vai... – Vou; mas não falarei a Adão, falarei a Eva. Vou, vou. Que é o próprio segredo da vida, não? – Sim, o próprio segredo da vida. Vai, serpe das minhas entranhas, flor do mal, e se te saíres bem, juro que terás a melhor parte na criação, que é a parte humana, porque terás muito calcanhar de Eva que morder, muito sangue de Adão em que deitar o vírus do mal... Vai, vai, não te esqueças... Esquecer? Já levava tudo de cor. Foi, penetrou no paraíso, rastejou até a árvore do Bem e do Mal, enroscou-se e esperou. Eva apareceu daí a pouco, caminhando sozinha, esbelta, com a segurança de uma rainha que sabe que ninguém lhe arrancará a coroa. A serpente, mordida de inveja, ia chamar a peçonha à língua, mas advertiu que estava ali às ordens do Tinhoso, e, com a voz de mel, chamou-a. Eva estremeceu. – Quem me chama? – Sou eu, estou comendo desta fruta... – Desgraçada, é a árvore do Bem e do Mal! – Justamente. Conheço agora tudo, a origem das coisas e o enigma da vida. Anda, come e terás um grande poder na terra. – Não, pérfida! – Néscia! Para que recusas o resplendor dos tempos? Escuta-me, faze o que te digo, e serás legião, fundarás cidades, e chamar-te-ás Cleópatra, Dido, Semíramis; darás heróis do teu ventre, e serás Cornélia; ouvirás a voz do céu, e serás Débora; cantarás e serás Safo. E um dia, se Deus quiser descer à terra, escolherá as tuas entranhas, e chamar-te-ás Maria de Nazaré. Que mais queres tu? Realeza, poesia, divindade, tudo trocas por uma estulta obediência. Nem será só isso. Toda a natureza te fará bela e mais bela. Cores das folhas verdes, cores do céu azul, vivas ou pálidas, cores da noite, hão de refletir nos teus olhos. A mesma noite, de porfia com o sol, virá brincar nos teus cabelos. Os filhos do teu seio tecerão para ti as melhores vestiduras, comporão os mais finos aromas, e as aves te darão as suas plumas, e a terra as suas flores, tudo, tudo, tudo...

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Eva escutava impassível; Adão chegou, ouviu-os e confirmou a resposta de Eva; nada valia a perda do paraíso, nem a ciência, nem o poder, nenhuma outra ilusão da terra. Dizendo isto, deram as mãos um ao outro, e deixaram a serpente, que saiu pressurosa para dar conta ao Tinhoso... Deus, que ouvira tudo, disse a Gabriel: – Vai, arcanjo meu, desce ao paraíso terrestre, onde vivem Adão e Eva, e traze-os para a eterna bem-aventurança, que mereceram pela repulsa às instigações do Tinhoso. E logo o arcanjo, pondo na cabeça o elmo de diamante, que rutila como um milhar de sóis, rasgou instantaneamente os ares, chegou a Adão e Eva, e disse-lhes: – Salve, Adão e Eva. Vinde comigo para o paraíso, que merecestes pela repulsa às instigações do Tinhoso. Um e outro, atônitos e confusos, curvaram o colo em sinal de obediência; então Gabriel deu as mãos a ambos, e os três subiram até à estância eterna, onde miríades de anjos os esperavam, cantando: – Entrai, entrai. A terra que deixastes, fica entregue às obras do Tinhoso, aos animais ferozes e maléficos, às plantas daninhas e peçonhentas, ao ar impuro, à vida dos pântanos. Reinará nela a serpente que rasteja, babuja e morde, nenhuma criatura igual a vós porá entre tanta abominação a nota da esperança e da piedade. E foi assim que Adão e Eva entraram no céu, ao som de todas as cítaras, que uniam as suas notas em um hino aos dois egressos da criação... ... Tendo acabado de falar, o juiz de fora estendeu o prato a D. Leonor para que lhe desse mais doce, enquanto os outros convivas olhavam uns para os outros, embasbacados; em vez de explicação, ouviam uma narração enigmática, ou, pelo menos, sem sentido aparente. D. Leonor foi a primeira que falou: – Bem dizia eu que o Sr. Veloso estava logrando a gente. Não foi isso que lhe pedimos, nem nada disso aconteceu, não é, Fr. Bento? – Lá o saberá o Sr. juiz, respondeu o carmelita sorrindo. E o juiz de fora, levando à boca uma colher de doce: – Pensando bem, creio que nada disso aconteceu; mas também, D. Leonor, se tivesse acontecido, não estaríamos aqui saboreando este doce, que está, na verdade, uma coisa primorosa. É ainda aquela sua antiga doceira de Itapagipe? Extraído de: Várias histórias.

(ENTRE PARÊNTESIS)

Um trabalho... Um trabalho é realizado em duas etapas, gastando-se 2h40min35s na primeira e o dobro desse tempo na segunda; havendo um intervalo de 7 minutos entre as etapas, então, o trabalho todo é executado em: b) 8h30min30s

c) 8h20min10s

d) 8h01min52s

e) 8h15min18s

RESPOSTA alternativa A Trabalho todo = 02h40min35s + 04h80min70s + 7min = 06h127min105s = 08h08min45s.

a) 8h08min45s


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ARTIGO

Inventário de fauna e flora em São Paulo surpreende pela alta biodiversidade Maria Fernanda Ziegler

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m uma determinada área, do tamanho de 140 mil campos de futebol, é possível encontrar tucanos­ -toco (Ramphastos toco) do Cerrado, o muriqui-do-sul (Brachyteles arachnoides) – o maior primata brasileiro – e o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), animal endêmico da Mata Atlântica e em risco de extinção. Há ainda seis espécies de plantas até então desconhecidas pela ciência, além de carismáticas capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris), suçuaranas (Puma concolor capricornensis) e até mesmo uma onça-pintada (Panthera onca), o maior felino das Américas, contabilizando um total de 1 113 espécies da fauna e 4 768 da flora. Os números são surpreenden­ tes, principalmente se for levado em conta que a área em questão está no município de São Paulo. Há uma biodiversidade latente entre o cimento, o asfalto e as poucas áreas verdes, sobretudo nos cinturões verdes do Norte e do Sul da cidade. É o que concluiu o mais recente inventário de fau­ na e flora do município, divulgado pela Secretaria Municipal do Ver­ de e Meio Ambiente (SVMA). O esforço de fazer um inventário da biodiversidade da capital paulista reuniu servidores da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, instituição parceira do Programa BIOTA­ -FAPESP com o Projeto Atlas Ambiental. O levantamento da fauna silvestre é feito desde 1993 e em 2016 foram incluídos dados sobre a flora pela primei­ ra vez. A equipe obtém os dados a partir do levantamento primário em mais de 100 localidades (136 localidades em 2016) e por meio do atendimento de animais silvestres en­ tregues à Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Manejo da Fauna Silvestre da prefeitura. Os resultados incluem ain­ da registros cumulativos de mais de 20 anos de trabalho e alguns estudos realizados por pesquisadores parceiros. No caso das plantas, foi feita uma compilação de dife­ rentes fontes de dados, incluindo amostras de plantas her­ borizadas documentadas no Herbário Municipal, relatórios de vistorias técnicas do Herbário Municipal e referências bibliográficas como levantamentos florísticos ou fitossocio­ lógicos realizados no município desde 1911. O que impressiona é a possibilidade de encontrar espé­ cies novas e a resistência não só de espécies pouco exigen­

tes ecologicamente, como as capivaras do rio Pinheiros, como daquelas que precisam de um ecossistema equilibra­ do para sobreviver. É o caso de uma onça-pintada de quase 100 quilos que teve tranquilo andar captado, em janeiro de 2016, enquanto passeava pelo Núcleo Curucutu do Parque Estadual da Ser­ ra do Mar, limite sul da capital paulista. O flagrante foi feito por armadilhas fotográficas do Instituto Pró-Carnívoros, um parceiro do trabalho. “Tanto o muriqui-do-sul, que ainda não tinha registro re­ cente no município de São Paulo, quanto o sagui e a onça­ -pintada são espécies exigentes ecologicamente. A presença de­ les indica uma cadeia preservada, já que não suportam alterações ambientais. É surpreendente e, sem dúvida, uma boa notícia”, disse Anelisa Magalhães, servi­ dora da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente que coordenou a parte de fauna do Inventário da Biodiversidade do Município de São Paulo – 2016, à Agência FAPESP. Logo na estreia da pesquisa de flora no inventário foram registradas seis espécies desco­ nhecidas pelos pesquisadores. Há ainda mais uma – árvore da família Lauraceae – sendo analisada como provavelmen­ te nova. Todas elas estão relacionadas aos esforços de co­ leta realizados durante o projeto “Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo”, financiado pela Fapesp. “A Leandra lapae D’El Rei Souza & Baumgratz, um arbusto da família Melastomataceae, só foi registrada até o presente momento a partir de uma coleta realizada em uma mata ao lado de Parelheiros”, disse Ricardo Garcia, curador do Herbá­ rio Municipal e responsável pela parte de flora do inventário.

Cerrado na metrópole Fazer o levantamento da biodiversidade de uma megaló­ pole como São Paulo de forma periódica tem justamente a função de acompanhar a evolução e alteração das espécies no município, assim como para servir de embasamento científico de políticas públicas. “Com esse trabalho, ficamos sabendo tanto de espécies que eram documentadas historicamente em alguns locais da cidade e que desapareceram, como aquelas que surgi­


ARTIGO ram. Isso ocorre por causa das intensas mudanças ambien­ tais promovidas pela urbanização”, disse Magalhães. O inventário mostra que tanto a flora como a fauna do Cerrado estão se tornando mais presentes. “O tucano-to­ co, por exemplo, é uma espécie comum no Cerrado e que está sendo registrada agora com maior frequência aqui”, disse. Até mesmo a pomba asa-branca (Patagioenas picazuro) é um exemplo de colonização do ambiente urbano. Na déca­ da de 1990, ela era vista poucas vezes e em poucas épocas do ano, atualmente o animal se estabeleceu em toda a ci­ dade. “Quando os habitats são reduzidos pela urbanização e atividades humanas muitas espécies vão desaparecer en­ quanto outras vão se adaptar e aumentar suas populações”, disse Magalhães. Com a flora não é diferente. Do total, 47 espécies foram registradas pela primeira vez na cidade depois de mais de 50 anos sem coletas. São, portanto, espécies que pode­ riam ser consideradas extintas, mas que foram reencon­ tradas. “Isto pode indicar tanto falta de coletas nesse interva­ lo de tempo como, também, que porções do território es­ tão sendo reocupadas por espécies campestres, dadas as atuais condições ambientais. Dentre estas, 20 espécies ocorrem nos biomas Mata Atlântica e Cerrado”, disse Garcia. Originalmente, os campos cerrados, matas, vegetação de várzea e campos alto-montanos eram os tipos de ve­ getação que cobriam o município de São Paulo. Apenas na área do Centro Histórico é que predominavam os campos mais secos (nos morros) e vegetação de várzea nas baixa­ das. Hoje, essas vegetações originais foram quase extintas por completo. Porém, observou-se uma intensificação tam­ bém da flora típica do Cerrado nos últimos anos. No con­ junto das 3 474 espécies vasculares nativas no município, 18 são consideradas como exclusivas do bioma Cerrado,

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sendo que cinco delas possuem registros recentes em am­ bientes naturais (não foram cultivadas). O levantamento possibilitou outra constatação impor­ tante: os parques da cidade de São Paulo têm função essencial ao servirem como ponto de parada para aves. “Eles dão suporte para alimentação e descanso durante os deslocamentos das aves entre os fragmentos de mata. É o caso do Parque Ibirapuera, do Parque da Aclimação e do Parque Buenos Aires, que recebem a visita da arapon­ ga [Procnias nudicolis] durante a primavera, por exemplo. A malha de parques municipais, com sua miscelânea de vegetação nativa e exótica, tem maior relevância ecológica para as aves florestais e migratórias do que se supunha”, disse Magalhães. A bióloga explica que, além da importância dos parques ser confirmada, há ainda necessidade de acompanhar a ar­ borização urbana. “O que você escolhe para plantar na sua cidade vai influenciar na biodiversidade”, disse. Ao longo dos 20 anos de realização do inventário, ele já ser­ viu de base para compensação ambiental de grandes obras. “No fim, isso tudo depende de decisões políticas, mas com o inventário podemos instrumentalizar as decisões”, disse. Magalhães conta que nas obras do Rodoanel, trecho sul, por exemplo, foram criados por compensação ambiental quatro parques naturais, com base nas informações do in­ ventário de fauna e flora. O mesmo ocorreu com a alteração da fiação elétrica da Eletropaulo, em áreas rurais, para um menor risco para a fauna, baseado nos casos de eletrocus­ são relatados pela Divisão de Fauna. “Isso porque conseguimos provar que havia impacto e que animais estavam morrendo eletrocutados. Caso contrá­ rio, poderiam sempre falar que em São Paulo não tem bicho nem planta”, disse. Extraído de: Agência FAPESP – Divulgando a cultura científica, maio/2017.

ESPECIAL

Dez anos de Robótica no Colégio Etapa

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m 2017, o Colégio Etapa comemora dez anos do cur­ so extracurricular de Robótica. Nesse período, o curso aumentou no número de alunos participantes e con­ sequentemente um expressivo número de medalhas em competições nacionais e internacionais. Ministradas para alunos do 2o ano do Ensino Funda­ mental ao 2o ano do Ensino Médio, as aulas são a prin­ cipal fonte de incentivo para a participação em com­ petições como a First Lego League (FLL), a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), a Competição Brasileira de

Robótica (CBR) e a competição internacional Robocup Jr, dentre outras. Exemplo disso são as alunas Amanda Souza Fernandes e Karina Lin, ambas com 17 anos, que entraram no Etapa para cursar o Ensino Médio e desde o 1o ano se apaixonaram pelo curso. Em 2016, elas venceram a etapa nacional da Competição Latino-Americana de Robótica (Larc), em con­ junto com os colegas Bruno Mura e Cainã Setti. O resultado garantiu a participação da equipe na competição mundial RoboCup, que acontecerá em julho deste ano, no Japão.


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ESPECIAL Sobre a Robótica

A atividade tem como característica inte­ grar diversas áreas do conhecimento como Matemática, Física, Linguagens (Português, Inglês e Programação – tanto literal quanto visual), Lógica, Química, Informática (Progra­ mação), Eletrônica e Mecânica (Manufatura, Elementos de Máquinas e Estruturas). Nas palavras do professor Victor Reis: “Todos esses conhecimentos precisam ser reuni­ dos sob uma ótica integradora de sistemas, que consiste no produto final, que é o robô. Nele, tudo tem que estar integrado e em harmonia”. Mas o aprendizado vai muito além de disciplinas da grade curricular. O ex-aluno do Colégio Etapa, Henrique Martinez Ro­ camora, 18 anos, acredita que os 8 anos de dedicação à robótica lhe renderam mais do que conhecimentos sobre robôs e pro­ gramação. “É preciso desenvolver raciocínio ló­ gico para programar, mas também usar muito a criatividade para solucionar problemas. Além dis­ so, algumas competições como a FLL incentivam o trabalho em grupo, a pesquisa e a amizade”.

Estrutura do curso Os alunos participantes do Curso de Robótica têm uma aula semanal de 50 minutos em que aprendem conceitos e recebem tarefas. Durante o Ensino Fundamental as aulas utilizam kits mais simples que apresentam os elementos de máquinas, enfatizam as montagens mecâni­ cas e introduzem programação. Apenas no 8o ano do EF, os alunos são apresentados à linguagem de programação RobotC, desenvolvi­ da pela Carnegie Mellon Robotics Academy, que é referência mundial AGENDA CULTURAL em desenvolvimento da robótica. No Ensino Médio, os alunos co­ São Paulo – Clube de Cinema (quintas, das 19h às 21h, sala 66) meçam praticando a linguagem Ro­ 22.06 – Meia-noite em Paris (Woody Allen: 2011) botC e passam para a plataforma 29.06 – O quarto de Jack (Lenny Abrahamson: 2016) aberta Arduíno, que permite progra­ São Paulo – Clube de Debate (segunda, das 19h às 22h, sala 60) 19.06 – “A democracia ainda é a melhor solução?” mar de uma forma mais livre. A es­ São Paulo – Clube do Livro (terça, das 19h às 21h, sala 63) trutura física dos robôs é feita com 13.06 – Persépolis (Marjane Satrapi) impressora 3-D, corte a laser, solda, Valinhos – Clube de Cinema (terça, das 14h05min às 16h05min, sala 209) e outras tecnologias disponíveis 27.06 – Relatos selvagens (Damián Szifron: 2014) no laboratório de Robótica. Quem Valinhos – Clube de Debate (quinta, das 14h05min às 17h45min, sala 215) compete também pode frequentar 22.06 – “A democracia ainda é a melhor solução?” o laboratório aos sábados, pois os Valinhos – Clube do Livro (quinta, das 14h05min às 15h45min, sala 216) projetos são desenvolvidos fora do 22.06 – O sol é para todos (Harper Lee) horário das aulas.

Jornal do Colégio

Jornal do Colégio ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP


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