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Jornal do Vestibulando
ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA
JORNAL ETAPA – 2015 • DE 09/04 A 22/04
ENTREVISTA
Saiu de 18 abaixo do corte e passou à frente de 88% dos aprovados. Giovana Queiroz de Paula entrou no curso de Relações Internacionais da USP. Foi a 7a colocada entre 60 aprovados. No ano anterior ela tinha feito apenas 40 pontos na 1a fase da Fuvest, ficando 18 pontos abaixo da nota de corte. Aqui ela conta como se preparou no cursinho, superando defasagens em matérias de Exatas e Humanas: “Foi um ano de autoconhecimento, no qual eu pude melhorar tanto em relação às matérias quanto pessoalmente”.
Giovana Queiroz de Paula Em 2014: Etapa Em 2015: Relações Internacionais – USP
JV – Quando você escolheu Relações Inter nacionais como carreira? Giovana – No final de 2012. Eu estava no 3o ano do Ensino Médio na Federal de São Paulo. Antes eu ficava em dúvida entre várias carreiras, mas sempre na área de Humanas. Pesquisei e decidi por Relações Internacionais.
O que levou você a preferir Relações Inter nacionais? Primeiro a grade curricular muito ampla. Eu posso estudar muitas coisas. Achei muito inte ressante essa diversidade. E também a possi bilidade, se eu quiser, de seguir no campo di plomático.
Além da Fuvest, você prestou outros vestibu lares para Relações Internacionais?
No ano passado você se dedicou só ao Etapa. Como foi o início no cursinho? Estava ani mada? Eu estava muito animada. Na minha cabeça ia ser uma experiência que eu ia aproveitar muito, porque ia cobrir minhas defasagens. No cursi nho você cresce muito. É um processo de auto conhecimento.
Qual era seu método de estudo? Eu ficava todos os dias no cursinho, na Sala de Estudos. No primeiro semestre eu entrava às 7 da manhã e ficava até umas 6 horas da tarde. No segundo semestre ficava até umas 8 e meia da noite.
Você estudava a matéria do dia ou outras matérias?
mim. Aqui no cursinho eu lembrava partes que tinha visto e tudo, mas algumas coisas eu tinha que pegar mais forte. A parte de elétrica de Fí sica, Matemática, Geometria e Números Com plexos.
Tinha alguma matéria de que você não gos tava e da qual começou a gostar aqui? No cursinho eu descobri que gostava muito de Química.
O que levou você a gostar de Química? A didática dos professores. Eu me surpreendi. Eu gostava de fazer os exercícios, me dedica va bastante à Química. Acho que foi mérito dos professores.
Em quais matérias você recorria mais ao Plantão de Dúvidas?
Prestei Unesp e, pelo Enem, a UnB [Universi dade de Brasília].
Antes da Revisão eu estudava a matéria do dia. Na Revisão fui vendo o que eu precisava mais, as matérias em que tinha mais defasagem.
Você foi aprovada em quais?
Em qual matéria você tinha mais defasagem?
Em todos.
Você usava também o Plantão na internet?
Matemática. Eu pegava bastante, fazia sempre o exercício do dia. Também tinha dificuldade com Geografia Física.
Sim. Eu usei todos os recursos. No Plantão Virtual, se eu não conseguia entender – às ve zes não dava – eu levava minha resolução para o plantonista ver.
Você se matriculou na USP. Era sua primeira opção mesmo? Era. Sempre quis USP.
Você prestou vestibular direto, ao terminar o Ensino Médio na Federal? a
Prestei. Fiz 40 pontos na 1 fase da Fuvest. A nota de corte de Relações Internacionais foi 58.
Como você veio estudar no Etapa? Na minha escola o Etapa é mais ou menos o caminho básico, tradicional. A gente sai de lá e vem estudar aqui.
ENTREVISTA
Giovana Queiroz de Paula CONTO
O poço – Mário de Andrade
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Além de Matemática e Geografia, você dava prioridade a quais matérias? Fazia bastante exercício de História e pegava também a parte de Física. E Química, porque eu gostava. Eu focava mais na parte dos testes e dos exercícios propostos. Depois via os escritos.
Em que matérias você tinha uma base mais sólida? Em Exatas eu tinha uma base sólida da Fede ral. Apesar disso, Exatas é uma parte difícil para
ARTIGO As transformações da condição feminina depois da Segunda Guerra Mundial (2a parte)
Matemática e Física.
Você estudava também nos fins de semana? No sábado eu fazia os simulados e estudava um pouco. Geralmente pegava as leituras obrigató rias. E, eventualmente, alguma coisa que tives se deixado atrasar e que eu achava importante. No domingo eu descansava.
Nos simulados, quais eram seus resultados? Normalmente ficava no C mais, por aí.
SERVIÇO DE VESTIBULAR
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Inscrições
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ENTREVISTA
Como você usava os simulados para os es tudos? Na parte de Exatas eu pegava as questões que realmente não sabia resolver e ia ao Plan tão de Dúvidas. Os plantonistas me ajudavam.
Você treinava Redação? No começo eu não peguei Redação. Come cei a fazer mais para a metade do segundo semestre. Uma vez por semana. Eu devia ter feito mais, mas acabei indo bem na Fuvest.
Você leu as obras literárias indicadas pela Fuvest como obrigatórias? Não li Viagens na minha terra, de Almeida Garrett, e não consegui terminar A cidade e as serras, de Eça de Queirós. Tentei três vezes. Mas li o livro de resumos.
Qual foi a importância das palestras sobre os livros para você?
Qual foi sua pontuação na 1a fase da Fuvest? Você disse que no ano anterior ti nha feito 40.
Métodos Empíricos de Pesquisa, Instituições de Direito, Fundamentos de Microeconomia e História das Relações Internacionais.
Com o bônus por ter estudado em escola pú blica minha pontuação foi 61. A nota de corte foi 59. Tinha saído da prova achando que não ia entrar.
De que matéria você está gostando mais?
Para a 2a fase, como você conduziu seus estudos? Eu peguei pesado em História, Geografia e Por tuguês, e também Física e Química. Eu pensava assim: “Se for bem no primeiro dia e no tercei ro, eu posso ficar na média no segundo dia”, que pesava mais para mim por causa das Exatas.
Você estudou menos Matemática, Biologia e Inglês? Nas primeiras semanas depois da 1a fase eu peguei pesado em Biologia também.
Para as obras que li elas foram importantes porque os professores ressaltaram alguns pon tos que eu tinha deixado passar. E nas obras que eu não tinha lido foram importantes por que me deram uma base. E consegui usar isso nas provas. Em Português, fui muito bem na 1a fase da Fuvest. Também fui bem na 2a fase.
Quais foram suas notas na 2a fase?
No ano passado, quais foram as principais dificuldades que você enfrentou?
Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pon tuação na Fuvest? E a classificação na car reira?
No começo foi difícil organizar uma rotina de estudo. Foi trabalhoso, mas encontrei o ca minho. Nas matérias, eu tinha defasagem na parte de Humanas, mas é uma área de que gosto, então consegui levar com facilidade. Mas Matemática, para mim, sempre pegou mais.
Teve alguma época em que você ficou mais cansada? Durante a Copa do Mundo eu estava cansada. Quando não tinha jogo do Brasil eu ficava no cursinho, quando tinha, eu ia para casa, mas não assistia ao jogo, aproveitava para dormir. Na Revisão eu também estava cansada, por que é muita coisa, a gente tem de direcionar o que vai estudar. Mas consegui levar. Depois foi tranquilo.
Você prestou os vestibulares da USP e da Unesp, e com o Enem buscou vaga na UnB. Onde você achava que tinha mais possibi lidade de entrar? Na Unesp. No ano anterior eu já tinha passado para a 2a fase. Tem Relações Internacionais na Unesp de Marília e Franca. Escolhi Marília.
O que levou você a preferir a USP? Primeiro, o fato de morar em São Paulo a vida toda. O que pesou muito foi a liberdade que eu vou ter a partir do 3o ano de escolher as matérias, direcionar meus estudos. O curso na UnB, por ser mais antigo, é mais engessa do. Isso pesou muito para mim.
Quantos pontos você fez no Enem? Minha nota, de zero a 1 000, foi 711.
No primeiro dia eu me surpreendi, foi meu me lhor dia. Tirei 79 na Redação. Na prova, incluin do as questões, fiquei com 69,5. No segundo dia, que é a prova geral, tirei 56,25. No terceiro, prova de História e Geografia, matérias priori tárias da carreira, tirei 60,42.
Fiz 689,3. Fiquei em 7o lugar, de 60 vagas.
Como você ficou sabendo de sua aprova ção? Eu estava com muito medo de esperar a lista no cursinho e não ter passado. Vi em casa. Es tava com meus pais. Já os tinha preparado: “Se passar, passei, se não passar, estou no cursi nho”. Já tinha feito matrícula para este ano. Aí uma amiga me mandou uma mensagem: “Saiu a lista”. Entrei no site e vi meu nome. Meu pai estava descendo a escada, falei: “Passei”.
Qual foi a sua reação e a de seu pai? Na hora eu não tive reação. Meu pai falou: “O quê?” Repeti: “Passei”. Ele deu um grito, muito emocionante. Ver a alegria dele e da família toda foi melhor do que ver que eu tinha passado.
Como foi o dia da matrícula na USP? Foi maravilhoso, gratificante, todo mundo re ceptivo, todo mundo querendo ajudar. Os ve teranos foram muito legais.
Você já conhecia o prédio do curso de Rela ções Internacionais? Já. No meio do ano passado a Empresa Júnior fez uma apresentação sobre as profissões que você pode exercer quando cursa Relações In ternacionais. Fui lá e conheci o prédio novo. É muito bom, a estrutura é ótima.
Que matérias você tem neste primeiro se mestre? Cinco matérias, uma por dia: Introdução à Ciência Política para Relações Internacionais,
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Eu gostei bastante de Métodos Empíricos de Pesquisa, tive uma aula e achei muito interes sante. O professor não aborda só a parte de estatística, mas também ciências sociais. Ins tituições de Direito é muito interessante, Ciên cia Política também.
Que atividade você pretende exercer depois de se formar? A maioria das pessoas, quando vê um curso de Relações Internacionais, pensa em seguir a área de diplomacia. Eu tenho essa vontade, mas também tenho vontade de fazer mestra do e doutorado, entrar na parte acadêmica e, eventualmente, trabalhar em empresa tam bém. Acho interessante a parte de internacio nalização de empresas.
O que foi marcante para você em seu ano no cursinho? Os professores me marcaram muito, a didá tica deles, foi um contato muito diferente do que eu tive em toda minha vida escolar. E as pessoas que conheci aqui. Estava todo mundo querendo a mesma coisa, a gente se ajudava. Quando alguém estava deixando a peteca cair, a gente dava uma motivação. Os professores e meus amigos.
Como avalia o ano passado, em que você foi tão bem-sucedida, entrando no curso que queria? Foi um ano foi um ano de autoconhecimento, no qual eu pude melhorar tanto em relação às matérias quanto pessoalmente. Foi um ano importante para mim porque conheci pessoas ótimas. Foi valioso. Gostei muito. Apesar de toda a pressão, de todo o cansaço, aproveitei muito.
Que dicas você pode dar a quem está se preparando este ano para prestar vestibu lar? Eu acho que no início você tem de ver quais são os métodos que funcionam para você se encontrar nos estudos. E aproveitar muito todos os recursos que o Etapa oferece, os professores, o material, o Plantão. Ver nessa experiência um processo de crescimento e de autoconhecimento. Além da parte de es tudos, saber quando é necessário dar uma pausa, conversar com os amigos. Mas o im portante é seguir uma rotina. Acho isso es sencial.
O que você diria a quem tentou no ano pas sado e ficou no quase? O importante é não desistir. Sei que é fácil falar, mas o que passou, passou. Se você ficou no quase, há 99% de chance de passar este ano. Você tem de se empenhar, porque seu esforço vai valer a pena no final.
Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343
CONTO
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O poço Mário de Andrade
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li pelas onze horas da manhã o velho Joaquim Prestes chegou no pesqueiro. Embora fizesse força em se mostrar amável por causa da visita convidada para a pescaria, vinha mal-humorado daquelas cinco léguas de fordinho cabritando na estrada péssima. Aliás o fazendeiro era de pouco riso mesmo, já endurecido por setenta e cinco anos que o mumificavam naquele esqueleto agudo e taciturno. O fato é que estourara na lona a mania dos fazendeiros ricos adquirirem terrenos na barranca do Moji pra pesqueiros de estimação. Joaquim Prestes fora dos que inventaram a moda, como sempre: homem cioso de suas iniciativas, meio cultivando uma vaidade de família – gente escoteira por aqueles campos altos, desbravadora de terras. Agora Joaquim Prestes desbravava pesqueiros na barranca fácil do Moji. Não tivera que construir a riqueza com a mão, dono de fazendas desde o nascer, reconhecido como chefe, novo ainda. Bem rico, viajado, meio sem quefazer, desbravava outros matos. Fora o introdutor do automóvel naquelas estradas, e se o município agora se orgulhava de ser um dos maiores produtores de mel, o devia ao velho Joaquim Prestes, primeiro a se lembrar de criar abelhas ali. Falando o alemão (uma das suas “iniciativas” goradas na zona) tinha uma verdadeira biblioteca sobre abelhas. Joaquim Prestes era assim. Caprichosíssimo, mais cioso de mando que de justiça, tinha a idolatria da autoridade. Pra comprar o seu primeiro carro fora à Europa, naqueles tempos em que os automóveis eram mais europeus que americanos. Viera uma “autoridade” no assunto. E o mesmo com as abelhas de que sabia tudo. Um tempo até lhe dera de reeducar as abelhas nacionais, essas “porcas” que misturavam o mel com a samora. Gastou anos e dinheiro bom nisso, inventou ninhos artificiais, cruzou as raças, até fez vir umas abelhas amazônicas. Mas se mandava nos homens e todos obedeciam, se viu obrigado a obedecer às abelhas que não se educaram um isto. E agora que ninguém falasse perto dele numa inocente jataí, Joaquim Prestes xingava. Tempo de florada no cafezal ou nas fruteiras do pomar maravilhoso, nunca mais foi feliz. Lhe amargavam penosamente aquelas mandassaias, mandaguaris, bijuís que vinham lhe roubar o mel da Apis mellifica. E tudo o que Joaquim Prestes fazia, fazia bem. Automóveis tinha três. Aquela marmon de luxo pra o levar da fazenda à cidade, em compras e visitas. Mas como fosse um bocado estreita para que coubessem à vontade, na frente, ele choferando e a mulher que era gorda (a mulher não podia ir atrás com o mecânico, nem este na frente e ela atrás) mandou fazer uma rolls-royce de encomenda, com dois assentos na frente que pareciam poltronas de hol, mais de cem contos. E agora, por causa do pesqueiro e da estrada nova, comprara o for-
dinho cabritante, todo dia quebrava alguma peça, que o deixava de mau humor. Que outro fazendeiro se lembrara mais disso! Pois o velho Joaquim Prestes dera pra construir no pesqueiro uma casa de verdade, de tijolo e telha, embora não imaginasse passar mais que o claro do dia ali, de medo da maleita. Mas podia querer descansar. E era quase uma casa-grande se erguendo, quarto do patrão, quarto pra algum convidado, a sala vasta, o terraço telado, tela por toda a parte pra evitar pernilongos. Só desistiu da água encanada porque ficava um dinheirão. Mas a casinha, por detrás do bangalô, até era luxo, toda de madeira aplainada, pintadinha de verde pra confundir com os mamoeiros, os porcos de raça por baixo (isso de fossa nunca!) e o vaso de esmalte e tampa. Numa parte destocada do terreno, já pastavam no capim novo quatro vacas e o marido, na espera de que alguém quisesse beber um leitezinho caracu. E agora que a casa estava quase pronta, sua horta folhuda e uns girassóis na frente, Joaquim Prestes não se contentara mais com a água da geladeira, trazida sempre no forde em dois termos gordos, mandara abrir um poço. Quem abria era gente da fazenda mesmo, desses camaradas que entendem um pouco de tudo. Joaquim Prestes era assim. Tinha dez chapéus estrangeiros, até um panamá de conto de réis, mas as meias, só usava meias feitas pela mulher, “pra economizar”, afirmava. Afora aqueles quatro operários ali, que cavavam o poço, havia mais dois que lá estavam trabucando no acabamento da casa; as marteladas monótonas chegavam até a fogueira. E todos muito descontentes, rapazes de zona rica e bem servida de progresso, jogados ali na ceva da maleita. Obedeceram, mandados, mas corroídos de irritação. Só quem estava maginando que enfim se arranjara na vida era o vigia, esse caipira da gema, bagre sorna dos alagados do rio, maleiteiro eterno a viola e rapadura, mais a mulher e cinco famílias enfezadas. Esse agora, se quisesse tinha leite, tinha ovos de legornes finas e horta de semente. Mas lhe bastava imaginar que tinha. Continuava feijão com farinha, e a carne-seca do domingo. Batera um frio terrível esse fim de julho, bem diferente dos invernos daquela zona paulista, sempre bem secos nos dias claros e solares, e as noites de uma nitidez sublime, perfeitas pra quem pode dormir no quente. Mas aquele ano umas chuvas diluviais alagavam tudo, o couro das carteiras embolorava no bolso e o café apodrecia no chão. No pesqueiro o frio se tornara feroz, lavado daquela umidade maligna que, além de peixe, era só o que o rio sabia dar. Joaquim Prestes e a visita foram se chegando pra fogueira dos camaradas, que logo levantaram, machucando chapéu na mão, bom dia, bom dia. Joaquim tirou o relógio do bolso, com muita calma, examinou bem que horas eram.
Sem censura aparente, perguntou aos camaradas si ainda não tinham ido trabalhar. Os camaradas responderam que já tinham sim, mas que com aquele tempo quem aguentava permanecer dentro do poço continuando a perfuração! Tinham ido fazer outra coisa, dando uma mão no acabamento da casa. – Não trouxe vocês aqui pra fazer casa. Mas que agora estavam terminando o café do meio-dia. Espaçavam as frases, desapontados, principiando a não saber nem como ficar de pé. Havia silêncios desagradáveis. Mas o velho Joaquim Prestes impassível, esperando mais explicações, sem dar sinal de compreen der nem de desculpar ninguém. Tinha um era o mais calmo, mulato desempenado, fortíssimo bem escuro na cor. Ainda nem falara. Mas foi esse que acabou inventando um jeito humilhante de disfarçar a culpa inexistente, botando um pouco de felicidade no dono. De repente contou que agora ainda ficara mais penoso o trabalho porque enfim já estava minando água. Joaquim Prestes ficou satisfeito, era visível, e todos suspiraram de alívio. – Mina muito? – A água vem de com força, sim senhor. – Mas percisa cavar mais. – Quanto chega? – Quer dizer, por enquanto dá pra uns dois palmo. – Parmo e meio, Zé. O mulato virou contrariado para o que falara, um rapaz branco, enfezadinho, cor de doente. – Ocê marcou, mano... – Marquei sim. – Então com mais dois dias de trabalho tenho água suficiente. Os camaradas se entreolharam. Ainda foi o José quem falou: – Quer dizer... a gente nem não sabe, tá uma lama... O poço tá fundo, só o mano que é leviano pode descer... – Quanto mede? – Quarenta e cinco palmo. – Papagaio! escapou da boca de Joaquim Prestes. Mas ficou muito mudo, na reflexão. Percebia-se que ele estava lá dentro consigo, decidindo uma lei. Depois meio que largou de pensar, dando todo o cuidado lento em fazer o cigarro de palha com perfeição. Os camaradas esperavam, naquele silêncio que os desprezava, era insuportável quase. O rapaz não conseguiu se aguentar mais, como que se sentia culpado de ser mais leve que os outros. Arrancou: – Por minha causa não, Zé, que eu desço bem. José tornou a se virar com olhos enraivecidos pro irmão. Ia falar, mas se conteve enquanto outro tomava a dianteira. – Então ocê vai ficar naquela dureza de trabalho com essa umidade! – Se a gente pudesse revezar inda que bem... murmurou o quarto, também regular-
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CONTO
mente leviano de corpo mas nada disposto a se sacrificar. E decidiu: – Com essa chuvarada a terra tá mole demais, e se afunda!... Deus te livre... Aí José não pôde mais adiar o pressentimento que o invadia e protegeu o mano: – ‘cê besta, mano! e sua doença! A doença, não se falava o nome. O médico achara que o Albino estava fraco do peito. Isso de um ser mulato e o outro branco, o pai espanhol primeiro se amigara com uma preta do litoral, e quando ela morrera, mudara de gosto, viera pra zona da Paulista casar com moça branca. Mas a mulher morrera dando à luz o Albino, e o espanhol, gostando mesmo de variar, se casara mas com a cachaça. José, taludinho, inda aguentou-se bem na orfandade, mas o Albino, tratado só quando as colonas vizinhas lembravam, Albino comeu terra, teve tifo, escarlatina, disenteria, sarampo, tosse comprida. Cada ano era uma doença nova, e o pai até esbravejava nos janeiros: ”Que enfermedade le falta, caramba!” e bebia mais. Até que desapareceu pra sempre. Albino, nem que fosse pra demonstrar a afirmativa do irmão, teve um acesso forte de tosse. E Joaquim Prestes: – Você acabou o remédio? – Inda tem um poucadinho, sim sinhô. Joaquim Prestes mesmo comprava o remédio do Albino e dava, sem descontar no ordenado. Uma vidraça que o rapaz quebrara, o fazendeiro descontou os três mil e quinhentos do custo. Porém montava na marmon, dava um pulo até a cidade só pra comprar aquele fortificante estrangeiro, “um dinheirão!” resmungava. E eram mesmo dezoito mil-réis. Com a direção da conversa, os camaradas perceberam que tudo se arranjava pelo milhor. Um comentou: – Não vê que a gente esta vendo si o sol vem e seca um pouco, mode o Albino descer no poço. Albino, se sentindo humilhado nessa condição de doente, repetiu agressivo: – Por isso não que eu desço bem! já falei... José foi pra dizer qualquer coisa mas sobresteve o impulso, olhou o mano com ódio. Joaquim Prestes afirmou: – O sol hoje não sai. O frio estava por demais. O café queimando, servido pela mulher do vigia, não reconfortava nada, a umidade corroía os ossos. O ar sombrio fechava os corações. Nenhum passarinho voava, quando muito algum pio magoado vinha botar mais tristeza no dia. Mal se enxergava o aclive da barranca, o rio não se enxergava. Era aquele arminho sujo de névoa, que assim de longe parecia intransponível. A afirmação do fazendeiro trouxera de novo um som apreensivo no ambiente. Quem concordou com ele foi o vigia chegando. Só tocou de leve no chapéu, foi esfregar forte as mãos, rumor de lixa, em cima do fogo. Afirmou baixo, com voz taciturna de afeiçoado àquele clima ruim: – Peixe hoje não dá. Houve silêncio. Enfim o patrão, o busto dele foi se erguendo impressionantemente agudo, se endireitou rijo e todos perceberam que ele decidira tudo. Com má vontade, sem olhar os camaradas, ordenou:
– Bem... é continuar todos na casa, vocês estão ganhando. A última reflexão do fazendeiro pretendera ser cordial. Mas fora navalhante. Até a visita se sentiu ferida. Os camaradas mais que depressa debandaram, mas Joaquim Prestes: – Você me acompanhe, Albino, quero ver o poço. Ainda ficou ali dando umas ordens. Havia de tentar uma rodada assim mesmo. Afinal jogou o toco do cigarro na fogueira, e com a visita se dirigiu para a elevação a uns vinte metros da casa, onde ficava o poço. Albino já estava lá, com muito cuidado retirando as tábuas que cobriam a abertura. Joaquim Prestes, nem mesmo durante a construção, queria que caíssem “coisas” na água futura que ele iria beber. Afinal ficaram só aquelas tábuas largas, longas, de cabreúva, protegendo a terra do rebordo do perigo de esbarrondar. E mais aquele aparelho primário, que “não era o elegante, definitivo”, Joaquim Prestes foi logo explicando à visita, servindo por agora pra descer os operários no poço e trazer terra. – Não pise aí, nhô Prestes! Albino gritou com susto. Mas Joaquim Prestes queria ver a água dele. Com mais cuidado, se acocorou numa das tábuas do rebordo e firmando bem as mãos em duas outras que atravessavam a boca do poço e serviam apenas pra descanso da caçamba, avançou o corpo pra espiar. As tábuas abaularam. Só o viram fazer o movimento angustiado, gritou: – Minha caneta! Se ergueu com rompante e sem mesmo cuidar de sair daquela bocarra traiçoeira, olhou os companheiros, indignado: – Essa é boa!... Eu é que não posso ficar sem a minha caneta-tinteiro! Agora vocês hão de ter paciência, mas ficar sem minha caneta é que eu não posso! têm que descer lá dentro buscar! Chame os outros, Albino! e depressa! que com o barro revolvido como está, a caneta vai afundando! Albino foi correndo. Os camaradas vieram imediatamente, solícitos, ninguém sequer lembrava mais de fazer corpo mole nem nada. Pra eles era evidente que a caneta-tinteiro do dono não podia ficar lá dentro. Albino já tirava os sapatões e a roupa. Ficou nu num átimo da cintura pra cima, arregaçou a calça. E tudo, num átimo, estava pronto, a corda com o nó grosso pro rapaz firmar os pés, afundando na escureza do buraco. José mais outro, firmes, seguravam o cambito. Albino com rapidez pegou na corda, se agarrou nela, balanceando no ar. José olhava, atento: – Cuidado, mano... – Vira. – Albino... – Nhô? – ... veja si fica na corda pra não pisar na caneta. Passe a mão de leve no barro... – Então é melhor botar um pau na corda pra fincar os pés. – Qual, mano! vira isso logo! José e o companheiro viraram o cambito, Albino desapareceu no poço. O sarilho gemeu, e à medida que a corda se desenrolava o gemido foi aumentando, aumentando, até
que se tornou num uivo lancinante. Todos estavam atentos, até que se escutou o grito de aviso do Albino, chegado apenas uma queixa até o grupo. José parou o manejo e fincou o busto no cambito. Era esperar, todos imóveis. Joaquim Prestes, mesmo o outro camarada espiavam, meio esquecidos do perigo da terra do rebordo esbarrondar. Passou um minuto, passou mais outro minuto, estava desagradabilíssimo. Pas sou mais tempo, José não se conteve. Segurando firme só com a mão direita o cambito, os músculos saltaram no braço magnífico, se inclinou quanto pôde na beira do poço: – Achooooou! Nada de resposta. – Achou, manoooo!... Ainda uns segundos. A visita não aguentara mais aquela angústia, se afastara com o pretexto de passear. Aquela voz de poço, um tom surdo, ironicamente macia que chegava aqui em cima em qualquer coisa parecia com um "não". Os minutos passavam, ninguém mais se aguentava na impaciência. Albino havia de estar perdendo as forças, grudado naquela corda, de cócoras, passando a mão na lama coberta de água. – José... – Nhô. Mas atentando onde o velho estava, sem mesmo esperar a ordem, José asperejou com o patrão: – Por favor, nhô Joaquim Prestes, sai daí, terra tá solta! Joaquim Prestes se afastou de má vontade. Depois continuou: – Grite pro Albino que pise na lama, mas que pise num lugar só. José mais que depressa deu a ordem. A corda bambeou. E agora, aliviados, os operários entreconversavam. O magruço, que sabia ler no jornal da vendinha da estação, deu de falar, o idiota, no caso do “Soterrado de Campinas”. O outro se confessou pessimista, mas pouco, pra não desagradar o patrão. José mudo, cabeça baixa, olho fincado no chão, muito pensando. Mas a experiência de todos ali, sabia mesmo que a caneta-tinteiro se metera pelo barro mole e que primeiro era preciso esgotar a água do poço. José ergueu a cabeça, decidido: – Assim não vai não, nhô Joaquim Prestes, percisa secar o poço. Aí Joaquim Prestes concordou. Gritaram ao Albino que subisse. Ele ainda insistiu uns minutos. Todos esperavam em silêncio, irritados com aquela teima do Albino. A corda sacudiu, chamando. José mais que depressa agarrou o cambito e gritou: – Pronto! A corda enrijou retesada. Mesmo sem esperar que o outro operário o ajudasse, José com músculos de amor virou sozinho o sarilho. A mola deu aquele uivo esganado, assim virada rápido, e veio uivando, gemendo. – Vocês me engraxem isso, que diabo! Só quando Albino surgiu na boca do poço o sarilho parou de gemer. O rapaz estava que era um monstro de lama. Pulou na terra firme e tropeçou três passos, meio tonto. Baixou muito a cabeça sacudida com estertor purrr! agitava as mãos, os braços, pernas, num halo de lama pesada que caía aos ploques no chão. Deu aquele disfarce pra não desapontar: – Puta-frio!
CONTO Foi vestindo, sujo mesmo, com ânsia, a camisa, o pulôver esburacado, o paletó. José foi buscar o seu próprio paletó, o botou silencioso na costinha do irmão. Albino o olhou, deu um sorriso quase alvar de gratidão. Num gesto feminino, feliz, se encolheu dentro da roupa, gostando. Joaquim Prestes estava numa exasperação terrível, isso via-se. Nem cuidava de disfarçar para a visita. O caipira viera falando que a mulher mandava dizer que o almoço do patrão estava pronto. Disse um “Já vou” duro, continuando a escutar os operários. O magruço lembrou buscarem na cidade um poceiro de profissão. Joaquim Prestes estrilou. Não estava pra pagar poceiro por causa duma coisa à-toa! que eles estavam com má vontade de trabalhar! esgotar poço de pouca água não era nenhuma áfrica. Os homens acharam ruim, imaginando que o patrão os tratara de negros. Se tomaram dum orgulho machucado. E foi o próprio magro, mais independente, quem fixou José bem nos olhos, animando o mais forte, e meio que perguntou, meio que decidiu: – Bamo!... Imediatamente se puseram nos preparos, buscando o balde, trocando as tábuas atravessadas por outras que aguentassem peso de homem. Joaquim Prestes e a visita foram almoçar. Almoço grave, apesar do gosto farto do dourado. Joaquim Prestes estava árido. Dera nele aquela decisão primária, absoluta de reaver a caneta-tinteiro hoje mesmo. Pra ele, honra, dignidade, autoridade não tinha gradação, era uma só: tanto estava no custear a mulher da gente como em reaver a caneta-tinteiro. Duas vezes a visita, com ares de quem não sabe perguntou sobre o poceiro da cidade. Mas só o forde podia ir buscar o homem e Joaquim Prestes, agora que o vigia afirmara que não dava peixe, tinha embirrado, havia de mostrar que, no pesqueiro dele, dava. Depois que diabo! os camaradas haviam de secar o poço, uns palermas! Estava numa cólera desesperada. Botando a culpa nos operários, Joaquim Prestes como que distrai a culpa de fazê-los trabalhar injustamente. Depois do almoço chamou a mulher do vigia, mandou levar café aos homens, porém que fosse bem quente. Perguntou si não havia pinga. Não havia mais, acabara com a friagem daqueles dias. Deu de ombros. Hesitou. Ainda meio que ergueu os olhos pra visita, consultando. Acabou pedindo desculpa, ia dar uma chegadinha até o poço pra ver o que os camaradas andavam fazendo. E não se falou mais em pescaria. Tudo trabalhava na afobação. Um descia o balde. Outro, com empuxões fortes na corda, afinal conseguia deitar o balde lá no fundo pra água entrar nele. E quando o balde voltava, depois de parar tempo lá dentro, vinha cheio apenas pelo terço, quase só lama. Passava de mão em mão pra ser esvaziado longe e a água não se infiltrar pelo terreno do rebordo. Joaquim Prestes perguntou si a água já dimi nuíra. Houve um silêncio emburrado dos trabalhadores. Afinal um falou com rompante: – Qual...
Joaquim Prestes ficou ali, imóvel, guardando o trabalho. E ainda foi o próprio Albino, mais servil, quem inventou: – Si tivesse duas caçamba... Os camaradas se sobressaltaram, inquietos, se entreolhando. E aquele peste de vigia lembrou que a mulher tinha uma caçamba em casa, foi buscar. O magruço, ainda mais inquieto que os outros, afiançou: – Nem com duas caçambas não vai não! é lama por demais! tá minando muito... Aí o José saiu do seu silêncio torvo pra pôr as coisas às claras: – De mais a mais, duas caçamba percisa ter gente lá dentro, Albino não desce mais. – Que que tem, Zé! deixa de história! Albino meio que estourou. De resto o dia aquentara um bocado, sempre escuro, nuvens de chumbo tomando o céu todo. Nenhum pássaro. Mas a brisa caíra por volta das treze horas, e o ar curto deixava o trabalho aquecer os corpos movidos. José se virara com tanta indignação para o mano, todos viram: mesmo com desrespeito pelo velho Joaquim Prestes, o Albino ia tomar com um daqueles cachações que apanhava quando pegado no truco ou na pinga. O magruço resolveu se sacrificar, evitando mais aborrecimento. Interferiu rápido: – Nós dois se reveza, José! Desta eu que vou. O mulato sacudiu a cabeça, desesperado, engolindo raiva. A caçamba chegava e todos se atiraram aos preparativos novos. O velho Joaquim Prestes ali, mudo, imóvel. Apenas de vez em quando aquele jeito lento de tirar o relógio e consultar a claridade do dia, que era feito uma censura tirânica, pondo vergonha, quase remorso naqueles homens. E o trabalho continuava infrutífero, sem cessar. Albino ficava o quanto podia lá dentro, e as caçambas, lentas, naquele exasperante ir e vir. E agora o sarilho deu de gritar tanto que foi preciso botar graxa nele, não se suportava aquilo. Joaquim Prestes mudo, olhando aquela boca de poço. E quando Albino não se aguentava mais o outro magruço o revezava. Mas este depois da primeira viagem, se tomara dum medo tal, se fazia lerdo de propósito, e era recomendações a todos, tinha exigências. Já por duas vezes falara em cachaça. Então o vigia lembrou que o japonês de outra margem tinha cachaça a venda. Dava uma chegadinha lá, que o homem também sempre tinha algum trairão de rede, pegado na lagoa. Aí Joaquim Prestes se destemperou por completo. Ele bem que estava percebendo a má vontade de todos. Cada vez que o magruço tinha que descer eram cinco minutos, dez, mamparreando, se despia lento. Pois até não se lembrara de ir na casinha e foi aquela espera insuportável pra ninguém! (E o certo é que a água minava mais forte agora, livre da muita lama. O dia passava. E uma vez que o Albino subiu, até, contra o jeito dele, veio irritado, porque achara o poço na mesma.) Joaquim Prestes berrava fulo de raiva. O vigia que fosse tratar das vacas, deixasse de invencionice! Não pagava cachaça pra ninguém não, seus emprestáveis! Não estava pra alimentar manha de cachaceiro!
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Os camaradas, de golpe, olharam todos o patrão, tomados de insulto, feridíssimos, já muito sem paciência mais. Porém Joaquim Prestes ainda insistia, olhando o magruço: – É isso mesmo!... Cachaceiro!... Dispa-se mais depressa! cumpra o seu dever!... E o rapaz não aguentou o olhar cutilante do patrão, baixou a cabeça, foi se despindo. Mas ficara ainda mais lerdo, ruminando uma revolta inconsciente, que escapava na respiração precipitada, silvando surda pelo nariz. A visita percebendo o perigo, interveio. Fazia gosto de levar um pescado à mulher, si o fazendeiro permitisse, ele dava um pulo com o vigia lá no tal de japonês. E irritado fizera um sinal ao caipira. Se fora, fugindo daquilo, sem mesmo esperar o assentimento de Joaquim Prestes. Este mal encolheu os ombros, de novo imóvel, olhando o trabalho do poço. Quando mais ou menos uma hora depois, a visita voltou ao poço outra vez, trazia afobada uma garrafa de caninha. Foi oferecendo com felicidade aos camaradas, mas eles só olharam a visita assim meio de lado, nem responderam. Joaquim Prestes nem olhou, e a visita percebeu que tinha sucedido alguma coisa grave. O ambiente estava tensíssimo. Não se via o Albino nem o magruço que o revezava. Mas não estavam ambos no fundo do poço, como a visita imaginou. Minutos antes, poço quase seco agora, o magruço que já vira um bloco de terra se desprender do rebordo, chegada a vez dele, se recusara descer. Foi meio minuto apenas de discussão agressiva entre ele e o velho Joaquim Prestes, desce, não desce, e o camarada, num ato de desespero se despedira por si mesmo, antes que o fazendeiro o despedisse. E se fora, dando as costas a tudo, oito anos de fazenda, curtindo uma tristeza funda, sem saber. E Albino, aquela mansidão doentia de fraco, pra evitar briga maior, fizera questão de descer outra vez, sem mesmo recobrar fôlego. Os outros dois, com o fantasma próximo de qualquer coisa mais terrível, se acovardaram. Albino estava no fundo do poço. Agora o vento soprando, chicoteava da gente não aguentar. Os operários tremiam muito, e a própria visita. Só Joaquim Prestes não tremia nada, firme, olhos fincados na boca do poço. A despedida do operário o despeitara ferozmente, ficara num deslumbramento horrível. Nunca imaginara que num caso qualquer o adversário se arrogasse a iniciativa de decidir por si. Ficara assombrado. Por certo que havia de mandar embora o camarada, mas que este se fosse por vontade própria, nunca pudera imaginar. A sensação do insulto estourara nele feito uma bofetada. Si não revidasse era uma desonra, como se vingar!... Mas só as mãos se esfregando lentíssimas, denunciavam o desconcerto interior do fazendeiro. E a vontade reagia com aquela decisão já desvairada de conseguir a caneta-tinteiro, custasse o que custasse. Os olhos do velho engoliam a boca do poço, ardentes, com volúpia quase. Mas a corda já sacudia outra vez, agitadíssima agora, avisando que o Albino queria subir. Os operários se afobaram. Joaquim Prestes abriu os braços, num gesto de desespero impaciente.
CONTO
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– Também Albino não parou nem dez minutos! José ainda lançou um olhar de imploração ao chefe, mas este não compreendia mais nada. Albino apareceu na boca do poço. Vinha agarrado na corda, se grudando nela com terror, como temendo se despegar. Deixando o outro operário na guarda do cambito, José com muita maternidade ajudava o mano. Este olhava todos, cabeça de banda decepando na corda, boca aberta. Era quase impossível lhe aguentar o olho abobado. Como que não queria se desagarrar da corda, foi preciso o José, “sou eu, mano”, o tomar nos braços, lhe fincar os pés na terra firme. Aí Albino largou da corda. Mas com o frio súbito do ar livre, principiou tremendo demais. O seguraram pra não cair. Joaquim Prestes perguntava se ainda tinha água lá em baixo. – Fa... Fa... Levou as mãos descontroladas à boca, na intenção de animar os beiços mortos. Mas não podia limitar os gestos mais, tal o tremor. Os dedos dele tropeçavam nas narinas, se enfiavam pela boca, o movimento pretendido de fricção se alargava demais e a mão se quebrava no queixo. O outro camarada lhe esfregava as costas. José veio, tirou a garrafa das mãos da visita, quis desarrolhar mas não conseguindo isso logo com aqueles dedos endurecidos, abocanhou a rolha, arrancou. José estava tão triste... Enrolou, com que macieza! a cabeça do maninho no braço esquerdo, lhe pôs a garrafa na boca: – Beba, mano. Albino engoliu o álcool que lhe enchera a boca. Teve aquela reação desonesta que os tragos fortes dão. Afinal pôde falar: – Farta... é só tá-tá seco. Joaquim Prestes falava manso, compadecido, comentando inflexível: – Pois é, Albino: se você tivesse procurado já, decerto achava. Enquanto isso a água vai minando.
– Si eu tivesse uma lúiz... – Pois leve. José parou de esfregar o irmão. Se virou pra Joaquim Prestes. Talvez nem lhe transparecesse ódio no olhar, estava simples. Mandou calmo, olhando o velho nos olhos: – Albino não desce mais. Joaquim Prestes ferido desse jeito, ficou que era a imagem descomposta do furor. Recuou um passo na defesa instintiva, levou a mão ao revólver. Berrou já sem pensar: – Como não desce! – Não desce não. Eu não quero. Albino agarrou o braço do mano mas toma com safanão que quase cai. José traz as mãos nas ancas, devagar, numa calma de morte. O olhar não pestaneja, enfiando no do inimigo. Ainda repete, bem baixo, mas mastigando: – Eu não quero não sinhô. Joaquim Prestes, o mal pavoroso que terá vivido aquele instante... A expressão do rosto dele se mudara de repente, não era cólera mais, boca escancarada, olhos brancos, metálicos, sustentando o olhar puro, tão calmo, do mulato. Ficaram assim. Batia agora uma primeira escureza do entardecer. José, o corpo dele oscilou milímetros, o esforço moral foi excessivo. Que o irmão não descia estava decidido, mas tudo mais era uma tristeza em José, uma desolação vazia, uma semiconsciência de culpa lavrada pelos séculos. Os olhos de Joaquim Prestes reassumiam uma vibração humana. Afinal baixaram, fixando o chão. Depois foi a cabeça que baixou, de súbito, refletindo. Os ombros dele também foram descendo aos poucos. Joaquim Prestes ficou sem perfil mais. Ficou sórdido. – Não vale a pena mesmo... Não teve a dignidade de aguentar também com a aparência externa da derrota. Esbravejou: – Mas que diacho, rapaz! vista saia! Albino riu, iluminando o rosto agradecido. A visita riu pra aliviar o ambiente. O outro
camarada riu, covarde. José não riu. Virou a cara, talvez para não mostrar os olhos amolecidos. Mas ombros derreados, cabeça enfiada no peito, se percebia que estava fatigadíssimo. Voltara a esfregar maquinalmente o corpo do irmão, agora não carecendo mais disso. Nem ele nem os outros, que o incidente espantara por completo qualquer veleidade do frio. Quer dizer, o caipira também não riu, ali chegado no meio da briga pra avisar que os trairões, como Joaquim Prestes exigia, devidamente limpos e envoltos em sacos de linho alvo, esperavam pra partir. Joaquim Prestes rumou pro forde. Todos o seguiram. Ainda havia nele uns restos de superioridade machucada que era preciso enganar. Falava ríspido, dando a lei com lentidão: – Amanhã vocês se aprontem. Faça frio não faça frio mando o poceiro cedo. E... José... Parou, voltou-se, olhou firme o mulato: – ... doutra vez veja como fala com seu patrão. Virou, continuou, mais agitado agora, se dirigindo ao forde. Os mais próximos ainda o escutaram murmurar consigo: “... não sou nenhum desalmado...”. Dois dias depois o camarada desapeou da besta com a caneta-tinteiro. Foram levá-la a Joaquim Prestes que, sentado à escrivaninha, punha em dia a escrita da fazenda, um brinco. Joaquim Prestes abriu o embrulho devagar. A caneta vinha muito limpa, toda arranhada. Se via que os homens tinham tratado com carinho aquele objeto meio místico, servindo pra escrever sozinho. Joaquim Prestes experimentou mas a caneta não escrevia. Ainda a abriu, examinou tudo, havia areia em qualquer frincha. Afinal descobriu a rachadura. – Pisaram na minha caneta! brutos... Jogou tudo no lixo. Tirou da gaveta de baixo uma caixinha que abriu. Havia nela várias lapiseiras e três canetas-tinteiro. Uma era de ouro. São Paulo, 26-XII-42 (Terceira Versão).
VOCABULÁRIO alvar: estúpido, ingênuo. asperejou: (do verbo asperejar) tratar al guém com aspereza, repreender. átimo: num instante. bijuís: espécies de abelhas. bocarra: aumentativo de boca. caçamba: balde preso a uma corda para tirar água do poço. cioso: cuidadoso, interessado. desempenado: forte, galhardo, aprumado.
esbarrondar: romper, desmoronar. goradas: (do verbo gorar) frustrar, malograr. hol: (forma aportuguesada da palavra inglesa hall ) vestíbulo, átrio. idolatria: amor, paixão exagerada. leviano: o mesmo que leve. mamparreando: (do verbo mamparrear) en ganar, perder tempo. rompante: (variação de rompente) ação vio lenta, impetuosa, ditada por sentimento de fúria ou de raiva.
samora: (variação de saburá) resíduo do pó len, substância amarela agridoce existente nos alvéolos da colmeia. sobresteve: (do verbo sobrestar) parar, de ter-se, não prosseguir. sorna: escuro, indolente. trabucando: (do verbo trabucar) trabalhar com afinco, labutar. veleidade: pretensão, fantasia, quimera.
Biografia Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945) nasceu e morreu em São Paulo. Desde muito jovem, ligado à poesia, era admirador de Vicente de Carvalho e publicou um livro parnasiano, Há uma gota de sangue em cada poema, em 1917. Diplomou-se pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde passou a lecionar História da Música. Em 1922, participando da Semana de Arte Moderna, lançou o livro de poemas Pauliceia desvairada. Daí em diante a sua atividade literária foi intensa. Foi diretor, em 1934, do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo e um dos colaboradores em sua instauração. Organizou uma discoteca pública. Em 1938, no Rio de Janeiro, lecionou Estética na Universidade do Distrito Federal. Voltou a São Paulo em 1940, na qualidade de funcionário do Serviço do Patrimônio Histórico. Morreu de repente, no dia 25 de fevereiro de 1945, em plena atividade intelectual.
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As transformações da condição feminina depois da Segunda Guerra Mundial (2a parte) Rogério F. da Silva
Há um processo emancipatório em anda mento, sobretudo nas regiões industriais e pós-industriais que, tecnologicamente avan çadas, propiciaram às mulheres um ingresso significativo no mercado de trabalho ao cria rem condições materiais para que elas atin gissem graus sofisticados de qualificação e pudessem assim exercer seus papéis. Toda comunidade ou grupo possui certa coesão social definível em função dos mais variados critérios, como sexo, faixa etária, etnia, atividade profissional, grau de escola ridade e padrões culturais comuns. Deve-se assinalar, por sua vez, que no interior de cada uma dessas comunidades ou grupos sociais sempre haverá uma forte tendência a uma estratificação social em que certos estratos gozem de maior prestígio e poder que os de mais. Não poderia ser diferente no interior do grupo social feminino. Entre as condições criadas em determina das sociedades para que fosse possível a refe rida emancipação feminina, deve-se assinalar que mulheres delegaram tarefas domésticas e de criação dos filhos a outras mulheres, que deveriam ser tão beneficiadas pela emanci pação quanto as primeiras. Referimo-nos aos verdadeiros batalhões das que trabalham em creches ou são empregadas domésticas, ou ainda das que labutam nos fogões dos gran des refeitórios para que uma minoria no inte rior do universo feminino se emancipe. Dessa forma, talvez tão ou mais grave que a estratificação e as clivagens existentes en tre os universos masculino e feminino, há uma grave estratificação e clivagens no interior do próprio universo feminino. Seria portanto possível, à luz de tais evidências, questionar a própria existência de uma “emancipação fe minina” genérica.
A emancipação no interior do universo feminino Não obstante a grande diversidade ante riormente apontada, sobretudo no plano cul tural, se levarmos em conta outros fatores que reagrupem esse universo feminino do ponto de vista dos segmentos sociais, dos graus variados de urbanização e das diferen tes realidades entre os meios rural e urbano, observaremos que fica ainda mais remota a ideia de uma emancipação feminina tal como é geralmente propagada. É evidente que, nas áreas rurais, em centros urbanos menores e em estratos sociais localizados na base da es cala social, a mulher, de maneira geral, continua
“não emancipada” e pouco pode afirmar so bre o referido processo. Mecanismos efetivos de exclusão, sob os mais variados pretextos, perpetuam sua clara posição de inferioridade em relação ao homem. QUEM SUSTENTA A FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Renda mensal
Homem
Mulher
Até R$ 200
44,87%
55,13%
R$ 200 a R$ 500
54,93%
45,07%
R$ 500 a R$ 1.000
71,60%
28,40%
R$ 2.000 a R$ 2.500
81,10%
18,90%
R$ 4.000 ou mais
82,82%
17,08%
Fonte: Fipe – POF, 98/99.
Mesmo em grandes centros urbanos como São Paulo, é notável a exclusão das mulheres do mercado de trabalho, no que diz respeito à sua participação na renda em relação aos homens. Os extremos da tabela são bastante signi ficativos. Na faixa de renda mais baixa, as mu lheres desempenham um papel importante no sustento da família. No outro extremo pou cas mulheres participam, como parece indicar a diferença significativa de salários pagos na divisão entre os sexos.
Os obstáculos à plena emancipação da mulher Se com a devida cautela circunscrevermos, no interior do universo feminino, o grupo das “mulheres emancipadas”, ou que “aspiram à emancipação”, constatamos a existência de grandes dificuldades na direção da ampliação
quantitativa e qualitativa da emancipação da mulher. No mundo do trabalho, por exemplo, há notáveis desníveis de remuneração no exercício das mesmas funções por homens e mulheres. Verifica-se também uma diferença significativa em relação aos tipos de trabalho no interior de cada um dos campos de ação (o feminino e o masculino). Assim, nota-se uma intensa utilização da mão de obra feminina para postos de trabalho que de alguma forma afastam as mulheres das esferas de poder decisório. Por sua vez, peculiaridades da con dição feminina, como a maternidade e a ama mentação também acabam colaborando à sua maneira com esse processo de exclusão. Ao mesmo tempo, observa-se que as condições para a emancipação – a disponibilidade de cre ches, por exemplo – acentuam a estratificação no interior do próprio universo feminino: não podemos esquecer que são mulheres que trabalham nas creches e na faxina doméstica para que a “dona de casa” se emancipe.
Uma transformação em curso A emancipação feminina no âmbito da população mundial será, pois, plausível se, paralelamente a esse processo, for possível disseminar o conjunto das transformações que permitiram a emancipação feminina res trita tal como a temos atualmente. Ressalte -se que tais transformações devem ocorrer não apenas nos planos econômico, social e político, mas também na esfera cultural, com uma secularização maior da sociedade; caso contrário, a emancipação feminina está con denada a circunscrever-se num tempo e num espaço bastante restritos. Por secularização entendemos a postura que procura excluir a transcendência em todas as suas formas de Reprodução
A estratificação no interior do universo feminino
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manifestação como modo de explicação e modelo de conduta para a existência e para a organização das sociedades humanas, sendo recomendável, particularmente, separar ques tões de governo de questões associadas ao sentimento religioso, que são de foro pessoal. Acrescente-se que tais transformações deve rão ser desejadas, buscadas e consentidas pela sociedade como um todo, e não impos tas, pois, se as forem, provavelmente estarão fadadas ao fracasso.
A condição feminina no Brasil No caso do Brasil, nação situada na perife ria dos grandes centros decisórios e com um passado colonial marcado pela existência da escravidão e o predomínio de uma socieda de tipicamente patriarcal, conforme assinalou Gilberto Freyre*, a emancipação feminina ca minhou muito lentamente. As transformações econômicas, sociais, políticas e culturais pro piciadas pelos processos de urbanização e in dustrialização ocorridos no início do século XX, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, estão diretamente associadas à mudan ça dos papéis femininos na sociedade brasilei ra. O voto feminino foi adotado na Constituição de 1934 e a última versão do Código Civil con
tém elementos que abordam questões acerca da emancipação da mulher. Como já destaca mos anteriormente, trata-se de um processo ainda em curso. Para ilustrar tais transformações, podemos destacar alguns contidos no último censo (2000) e as últimas pesquisas do IBGE sobre a condição feminina no Brasil. Assim, observa-se o aumento significativo das mulheres atuando no mercado de trabalho, antes predominan temente masculino. Em 1979, as mulheres correspondiam a 31,7% da população econo micamente ativa do país. Em 1999, essa par ticipação saltou para 41,4%. A ocupação das vagas abertas no mercado de trabalho tam bém mostra uma participação crescente das mulheres. No intervalo entre 1979 e 1989, elas ocupavam 52,2% das vagas oferecidas; entre 1989 e 1997, sua participação atingiu 67,9%. Esses números revelam também a ocor rência de significativas mudanças de com portamento no interior do universo feminino. A participação mais ativa das mulheres no mercado de trabalho acarretou, por exemplo, o adiamento da maternidade, um número me nor de filhos e um maior investimento da ren da das mulheres em educação para melhorar suas condições de disputa em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Os re sultados são notáveis, pois o nível de instru
ção das mulheres, segundo dados de 1999, é superior ao dos homens (45,5% das mulheres contra 36,4% dos homens). Apesar desse au mento significativo da participação das mulhe res no mercado de trabalho, não ocorreu um aumento correspondente em relação à massa de salários pagos. Assim, em média, para ocu pações equivalentes, em 1999, as mulheres recebiam R$ 320,00 e os homens, R$ 534,00. Uma outra dimensão da participação mais ativa das mulheres no mercado de trabalho revelou-se nos dados do censo de 2000. Num país com população estimada em 170 milhões de habitantes, cerca de 25% das famílias são chefiadas por mulheres, cuja expectativa de vida é cerca de dez anos superior à dos ho mens, contribuindo este conjunto para mu danças significativas na pirâmide populacional. O Brasil deixa de ser um país de população majoritariamente jovem, observa-se uma que da na taxa de fecundidade após os anos 60 do século XX e as mulheres têm menos filhos. O país passa a ser predominantemente urba no e as mulheres deixam de trabalhar exclusi vamente no núcleo familiar para disputar va gas antes ocupadas por homens no mercado de trabalho. * Gilberto Freyre. Casa-grande & senzala. Brasí lia: Editora da Universidade de Brasília, 1963.
ALGUMAS PALAVRAS SOBRE O “FIQUE ESPERTO” Quem lê mais, entende melhor e sai na frente! __O Etapa desenvolveu o projeto “Fique Esperto” (“Fiquesperto” ou FE). __O FE vem encartado no Jornal do Vestibulando. Serão fornecidas tarefas Você que envolvem leituras atentas e astúcia para encontrar as sutilezas, recebe seu primeiro os subentendidos, os pressupostos, as ambiguidades de um “Fique Esperto” no Jornal do texto. Corrigir erros encontrados em textos de jornais, revistas Vestibulando do dia 23.04. e cartazes. Além dos exercícios, há uma proposta de redação com temas atualíssimos, sempre casados com leituras e interpretações de textos dos mais diferentes gêneros, Junto com o próximo Jornal do Vestibulando, entendimento de tabelas, gráficos, infográficos, etc., tal o primeiro como ocorrem nos exames vestibulares e no Enem.
AGUARDE
__A cada 14 dias há um novo FE com novas tarefas e novas propostas de redação. Os exercícios do FE vão exigir um tempo pequeno, mas serão de extraordinário valor para você. __Considere o “Fique Esperto” algo especial para dinamizar seus neurônios e alongar suas conexões mentais.
de 2015!
__Um exercício que tem tudo a ver com tudo, principalmente para sedimentar seu conhecimento de forma segura e geral.
SERVIÇO DE VESTIBULAR Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) Período de inscrição: até 04 de maio de 2015. Somente via internet. Endereço da faculdade: rua Humberto Mallard, 1 355 – Santos Dumont – Pirapora – MG – CEP: 39270-000 – Fone: (38) 3749-6950.
Requisito: taxa de R$ 35,00. Cursos e vagas: consultar site www.ifnmg.edu.br/vestibular Exame: dia 24 de maio de 2015.
Leituras obrigatórias: • A hora da estrela – Clarice Lispector. • Quase verbo – Jurandir Barbosa. • Budapeste – Chico Buarque de Holanda.