Entrevista Vestibulando - Jornal 1491

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Jornal do Vestibulando

ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA

JORNAL ETAPA – 2015 • DE 23/04 A 06/05

ENTREVISTA

Victor, calouro de Medicina, aos 28 anos. Nem sempre a primeira escolha é a última. Em 2007, Victor Hugo Canton fez Etapa e entrou na Poli, mas não se adaptou. Então tentou Administração. Começou a FEA, mas não havia feito a escolha final. Depois de muito pensar decidiu que Medicina se adaptava a suas preferências. Assim, em 2014, ainda fazendo a FEA, voltou para o Etapa à noite e, em 2015, com 28 anos, tornou-se calouro na Medicina da USP em Ribeirão Preto.

Victor Hugo Canton Em 2014: Etapa Em 2015: Medicina/USP-RP

JV – Você estudou um ano na Poli, foi para a FEA e, antes de se formar, decidiu tentar Medicina. O que motivou essas mudanças? Victor – A opção por Medicina não foi uma decisão do dia para a noite. Fiquei muito tempo pensando em cima disso. Como eu já fazia faculdade, trabalhei em várias áreas desde o 1o ano na FEA, em 2009. Trabalhei em Administração, uma área bem ampla, trabalhei na área contábil, trabalhei em banco, em área comercial de empresa e percebi que tenho dificuldade em lidar com a rotina de escritório. Por isso até tentei várias áreas para ver se me identificava. A escolha por Medicina teve muito a ver com sentir vontade de fazer algo significativo com minha vida.

Além da Fuvest, você prestou outros vestibulares? Foi a terceira vez que tentei Medicina. Antes de vir para o cursinho, prestei duas vezes o vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina. Agora, além da Fuvest, prestei Unicamp, Unifesp, Unesp, Famerp e Famema. Fui aprovado na Fuvest e na Famema.

Você prestou Fuvest para a Medicina da USP em Ribeirão Preto. Quando decidiu prestar Medicina já estava pensando em ir para o interior? Eu não pensava em sair da cidade. Mas, na primeira vez que passei na USP, a casa de meu pai ficava na zona leste, levava duas horas para ir, duas horas para voltar todo dia. Quando entrei na FEA e comecei a trabalhar, tive de morar perto porque não tinha a menor condição de trabalhar oito horas por dia, ter aula e mais quatro horas no mínimo de trânsito. Fui morar perto da USP e do trabalho, na Faria Lima. Morei um tempo com um pessoal que fez transferência da FEA de Ribeirão Preto para São Paulo. Convivendo com

ENTREVISTA

Victor Hugo Canton

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Como foi seu retorno ao cursinho, depois de seis anos como aluno da USP? Eu entrei no período da noite onde fiquei até setembro. Um pouco antes da Revisão mudei para a manhã. Parei de trabalhar para focar no estudo. Assistia às aulas de manhã e ficava estudando no cursinho até a hora em que fechava a Sala de Estudos.

Como estava seu ânimo nos meses em que trabalhava e fazia cursinho à noite? Meu ânimo foi 100% o ano inteiro. Eu queria dar outra direção à minha vida, então precisava passar para poder mudar.

Como era seu método de estudo no ano passado? Quando estava no noturno eu não tinha muito tempo para estudar durante o dia. Eu via a matéria que o professor estava dando, se soubesse resolver os exercícios eu ia fazendo. Se não soubesse, eu prestava atenção na aula. Em História e Geografia eu prestava mais atenção, pois são matérias com conteúdo muito extenso. Assim que mudei para a manhã, eu tinha mais tempo. Prestava muita atenção na aula e fazia exercício durante a tarde inteira. Basicamente, estudava a matéria do dia. Às vezes, quando eu acabava os exercícios da matéria do dia, tentava adiantar a matéria. Mas era difícil, porque é muita coisa todo dia. O comum não era eu adiantar, era faltar tempo.

Como era sua rotina de estudos nos fins de semana? Às vezes eu estudava alguma coisa no sábado à tarde, em casa. No domingo, geralmente não fazia nada. Tirava o dia para descansar.

ARTIGO Política externa dos Estados Unidos (séculos XIX-XX)

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O tabuleiro

Quando tinha dúvidas, você ia ao Plantão? À noite eu procurava tirar dúvida com o professor no intervalo de aula. Tem professores bem solícitos nisso. Quando passei para a manhã, ia ao Plantão. Anotava todas as questões que errava e fazia um resumo de tudo que eu não sabia para poder consultar os plantonistas. Fiz um mural na parede do meu quarto, com um monte de coisas, xerox de resumos, tabelas, parte das apostilas coladas na parede, que eu olhei o ano todo.

Em que matérias você precisava de mais ajuda? O vestibular para Medicina Ribeirão Preto tem Geografia no terceiro dia da 2a fase, em vez de Física. Eu foquei muito em Geografia, porque é uma matéria que, apesar de parecer fácil, quando aprofunda em detalhes fica bem complicada. Frequentei bastante o Plantão de Dúvidas para Geografia, Português e Química. Para Matemática também fui bastante ao Plantão, mas para Física, não muito. Para entrar na Poli em 2008 eu estudei muito Matemática e Física no cursinho.

Você treinava redação? Eu treinei pouco redação. Acho que até por influência do trabalho você se acostuma a escrever. No trabalho você responde e-mail, faz relatório, justifica muita coisa por escrito. Você adquire uma habilidade maior com a escrita. Quando saí do colégio eu tinha dificuldade em escrever 30 linhas. Hoje tenho dificuldade em escrever menos de 60.

Você fez Reforço para Medicina? Fiz o RPM no sábado.

Para você, qual foi a maior importância do Reforço? Acho que o melhor do RPM é que é focado em exercícios.

POIS É, POESIA

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ENTRE PARÊNTESIS

CONTO

Clara dos Anjos – Lima Barreto

eles eu ouvi falar mais de Ribeirão, como era a USP lá, o dia a dia. Foi assim que escolhi.

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)

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SERVIÇO DE VESTIBULAR

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Inscrições

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ENTREVISTA

Nos simulados, quais eram os seus resultados?

Você esperava ir melhor na 1a fase? Fiquei preocupado quando saí da prova, mas quando vi minha nota, vi que não tinha ido tão mal.

Geralmente eu ficava nas faixas B e C mais. Fiz poucos simulados escritos, fazia mais os de testes. E quando passei para a 2a fase não fiz muitos simulados, resolvi provas de anos anteriores. Até porque, como prestei vários vestibulares depois da 1a fase da Fuvest, fiquei praticamente fazendo prova sem parar. Entre Unesp, Famerp e Unifesp, fiz sete provas em 15 dias.

No primeiro dia da 2a fase, Português e Redação, qual foi sua nota?

Quais eram seus resultados nos simulados do RPM?

No segundo dia, na prova geral, tirou quanto?

Geralmente era C mais no RPM. Como o nível é mais alto – o pessoal todo que quer Medicina está ali – é mais difícil ficar nas primeiras faixas.

Tirei 84,38. Achei uma prova muito bem feita. A Fuvest acaba privilegiando mais raciocínio, mais compreensão do conteúdo. Compreensão como um todo, como as coisas se interligam, se relacionam.

Você leu os livros indicados como obrigatórios pela Fuvest, nos quais são baseadas diversas questões das provas de Português? Li mais da metade.

Você assistiu às palestras sobre as obras literárias?

Nessa prova eu tirei 5 na Redação e um pouco mais de 6 nas questões. Fiquei com nota 57,25. Na Redação o tema estava bem complicado.

No terceiro dia, prova de Geografia, Biologia e Química, qual foi sua nota?

terças e quintas-feiras. Na terça as aulas são só de manhã, na quinta só durante a tarde.

Quais matérias você tem neste primeiro semestre? As matérias neste semestre são Anatomia Geral e do Aparelho Locomotor, Biologia Celular, Molecular, Tecidual e do Desenvolvimento, Formação Humanística I, Bioquímica, Primeiros Socorros e Atendimento Pré-hospitalar.

De quais matérias você está gostando mais? A aula mais legal, por enquanto, foi a de Primeiros Socorros, o mais próximo da prática médica no 1o ano. Nessa matéria a gente tem de fazer uma visita à unidade de emergência do Hospital das Clínicas e outra à maternidade. Na Unidade de Emergência assisti a uma craniotomia descompressiva, cirurgia na qual o crânio é aberto para aliviar a pressão interna.

83,33. Fui muito bem também.

Como você acha que vai ser a sua futura atuação na Medicina?

Essas notas eram o que você esperava?

Não tenho intenção de ficar em consultório. Pretendo me especializar numa área. Isso pode mudar, mas a princípio quero me especializar em uma área cirúrgica.

Vi todas na internet.

Foi perto do que eu esperava.

Qual foi a importância das palestras para você?

Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação na Fuvest?

As palestras ajudam muito a perceber coisas que você não percebeu numa primeira leitura. E dos livros que não leu você consegue saber quais são os pontos principais.

770.

Como fica marcado para você o ano passado?

E a classificação na carreira Medicina Ribeirão Preto?

Um ano muito difícil. Trabalhava o dia inteiro, o tempo livre que eu tinha era para estudar. Ficou marcado como um dos anos mais difíceis da minha vida, mas tive a recompensa.

E nos vestibulares, você conseguiu resolver todas as questões de Literatura?

38o.

Na Famema, qual foi sua classificação?

Sim.

3o lugar.

Nas férias de julho, o que você fez?

Se não passasse na Fuvest, você ia para a Famema?

Só descansei. Li alguns livros, não lembro quais, mas não estudei durante aquelas duas semanas.

Tendo descansado nas férias, você conseguiu seguir um bom ritmo de estudos no segundo semestre? Sim, e para isso foi fundamental ter ficado as duas semanas descansando.

Você prestou para todas as faculdades públicas de Medicina. Em qual vestibular você achava que tinha mais chances de ser aprovado? Fuvest. Eu sempre tive mais facilidade com a Fuvest, porque acho que é um vestibular que prestigia mais o raciocínio. É muito mais focado em entender o enunciado e raciocinar em cima e menos em termos de conteúdo. O vestibular da Federal de Santa Catarina, que prestei em 2012 e 2013 é extremamente conteudista, muito pesado.

Na 1a fase da Fuvest, quantos pontos você fez? Fiz 75 pontos. A nota de corte foi 70. Em todas as matérias, tirando Matemática e Física, errei três questões. As outras que errei foram em Matemática e Física. Estava muito difícil.

Nos simulados, quantos pontos você fazia? Geralmente fazia mais, 78, 80. Só em um fiz 71.

Você tem saudade de alguma coisa do ano passado?

O que pensou naquele momento?

Dos professores e colegas sempre tenho um pouco, mas acho que isso faz parte da vida. Você dá um passo e acaba tendo de deixar certas coisas para trás. Mudei para o interior, deixando a família em São Paulo, é complicado, mas acho que é uma fase na vida de todo mundo. Todo mundo passa por isso em algum momento. Cedo ou tarde você tem de seguir em frente.

Só pensei em avisar meu pai, que está me dando uma grande força. Foi a primeira coisa que fiz, liguei para ele.

O que você tira de lição de seu tempo no cursinho, preparando-se para o vestibular de Medicina?

Você já se adaptou à faculdade em Ribeirão Preto?

Tem muito a ver com o esforço. Você tem de acreditar que vai dar certo. Fica essa lição de não desistir apesar do cansaço, da dificuldade, apesar da possibilidade de não dar certo. Aprende a deixar isso de lado e não deixar atrapalhar.

Com certeza, por isso prestei todas.

O que sentiu ao ver que tinha sido aprovado na Fuvest? Quando saiu o resultado e vi meu nome na lista foi um grande alívio.

Estou me integrando ainda, não dá para conhecer cem pessoas assim tão rápido.

O que está achando da cidade? Onde está morando? Já estou muito bem adaptado à cidade. Moro numa república, que tem outras quatro pessoas, uma do 3o ano e três residentes. Tenho um quarto só pra mim, pagando aluguel e tudo. Fica perto do campus da USP. Até o campus demora uns 10 minutos andando. Até o prédio da Medicina, mais uns dez.

Como é o funcionamento do curso, o horário das aulas? Tenho aula das 8 horas da manhã até o meio-dia, e depois das 14 até 18 horas, menos nas

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Você quer dizer mais alguma coisa para os nossos alunos sobre sua experiência no interior? Vida universitária aqui em São Paulo é praticamente uma extensão do colégio. No interior, muitas pessoas moram sozinhas e isso faz toda a diferença em termos de vida universitária. Acaba sendo uma experiência muito mais completa, até de amadurecimento, você conseguir se virar sozinho. A vida universitária é mais completa, mais rica no interior. Além da qualidade de vida, que não tem comparação.

Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343


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