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Jornal do Vestibulando
ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA
JORNAL ETAPA – 2015 • DE 05/06 A 17/06
ENTREVISTA
“A maior lição que tirei foi não desistir, sempre seguir em frente.” Eloísa de Souza Fernandes prestou Fuvest ao terminar o Ensino Médio e não foi para a 2ª fase. Entrou no cursinho, superou dificuldades em diversas matérias e hoje é aluna do curso de Psicologia da USP. Nesta entrevista ela conta como se preparou: “Aprendi aqui a estudar, a me organizar melhor. Amadureci muito”. E comenta seu retorno à sede do Etapa: “Chegando aqui, fiquei até emocionada. Sinto muita saudade”.
Eloísa de Souza Fernandes Em 2014: Etapa Em 2015: Psicologia – USP
JV – Quando você escolheu Psicologia como carreira? Eloísa – Desde o 2o ano do Ensino Médio eu me preocupei com o que ia fazer e vi que gostava bastante de Psicologia. É uma coisa que veio assim de dentro. Observar o comportamento das pessoas, ajudá-las de alguma forma.
Além da Fuvest, você prestou outros vestibulares? Prestei Unesp, Mackenzie e PUC, sempre para Psicologia. Fui aprovada em todos. Com o Enem tentei Unifesp para Ciências Sociais e Psicologia. Consegui Ciências Sociais.
Você terminou o Ensino Médio em que ano? Em 2013. Para prestar vestibular, estudei sozinha durante o 3o ano, mas não deu certo. O corte da carreira na Fuvest foi 57 e eu fiz 53.
Você estava confiante ao começar no cursinho? Cheguei bem animada, bem esperançosa de no final do ano conseguir passar.
Você conseguiu manter esse ânimo até o fim do ano? Foi bem difícil, principalmente antes das férias. Vai cansando.
Quais dificuldades você enfrentou nos seus estudos? Acho que a maior dificuldade era a distância. Também demorei muito para achar meu método de estudo e de fazer simulado. Tentei vários, até achar um que foi o bom.
Como era o método que você achou melhor? Eu fazia as listas de exercícios que os professores passavam. Tentava sempre fazer no mesmo dia. Quando tinha muita dificuldade,
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Em alguma matéria você tinha mais defasagem? Várias. Geografia, você vê que na escola não tem nada. Por isso, quando você chega aqui é uma matéria em que acaba tendo dificuldade. Os resumos me ajudaram. Em Física e Matemática eu sempre tinha aquela dificuldade básica de saber como começar o exercício, como interpretar o que era pedido. Em Inglês eu tenho um pouco de dificuldade também.
Em quais matérias você tinha uma base melhor? Fico entre História e Química.
Você dava prioridade a alguma matéria? Eu estudava todas, mas Matemática, Física e Geografia eram as que estudava um pouco mais.
Quando tinha dúvida, você ia ao plantão? O plantão foi essencial para mim. Ao longo do ano inteiro eu frequentei muito. Mas, no começo do ano, ir ao plantão era também uma das minhas dúvidas. Ficava com vergonha de procurar os plantonistas. Só que precisava ir, porque no meu último ano no colégio em que estudei não tinha quem tirasse as dúvidas.
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O tempo geológico
Física e Matemática. Com Redação eu ia toda semana também. Usei, é bom também, ajudava.
Você fazia simulado, quando? Sábado. Reforço de manhã, o RPM, e simulado à tarde.
Qual era seu desempenho nos simulados? Passei o ano inteiro em C menos. Em um ou outro simulado tirei C mais. Nas redações eu ia um pouco melhor, mas variava muito. C menos, C mais, cheguei a tirar A e B.
Nos simulados do RPM, você ficava como? Ficava com C menos e C mais também, um padrão. Eu tinha amigos que queriam Medicina e tiravam a mesma nota que eu.
Como você via a faixa C menos para o vestibular? Saía muito desanimada quando via esse resultado. Ia para casa chorando, muito triste. Ao mesmo tempo, de alguma forma isso me ajudava a pegar mais forte no estudo.
Como a prática nos simulados ajudou no vestibular? Uma coisa foi reduzir o nervosismo, que é uma parte que pega as pessoas no vestibular. Também me deu uma forma melhor para fazer a prova, não começando de qualquer jeito e vendo em quais partes eu tinha mais conhecimento. Eu pegava a prova, lia inteira e marcava a pergunta como fácil, média ou difícil para mim. O simulado também me ajudava a revisar o que
POIS É, POESIA
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ARTIGO
CONTO
A causa secreta – Machado de Assis
Umas 9, 10 horas da manhã. Fiz o Extensivo à tarde, tinha aula das 2 horas até 6 e 35. Depois continuava estudando até umas 8 e meia, 9 horas da noite. Achava mais tranquilo distribuir os horários de estudo.
Mulheres não revelam idade
Em quais matérias você ia mais ao Plantão de Dúvidas?
Você usou o plantão da internet?
Você chegava aqui a que horas?
ENTRE PARÊNTESIS
ENTREVISTA
Eloísa de Souza Fernandes
principalmente em matérias de Humanas, eu lia bem as apostilas e fazia resumos. Vi que a melhor coisa para mim era vir para cá estudar de manhã. À noite continuava aqui estudando mais um pouco.
Cruz e Sousa (1861-1898)
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SERVIÇO DE VESTIBULAR
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Inscrições
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ENTREVISTA
eu estudava. Eu até levava ao plantão algumas questões que tinha errado.
Na 2a fase, quais foram suas notas?
De qual matéria você está gostando mais?
Como você treinava redação?
No primeiro dia, prova de Português e Redação, tirei 62,25. Na Redação eu tirei 72.
Desde a primeira redação que o professor indicou eu fiz e fui acompanhando com os plantonistas. Foi isso que me ajudou muito a evoluir em Redação.
O segundo dia é a prova geral, com 16 questões de Biologia, Física, Geografia, História, Inglês, Matemática e Química. Quanto você tirou?
Gosto muito de Etologia. Ela estuda o comportamento com base na evolução, e isso me interessa muito.
Você leu os livros indicados pela Fuvest como obrigatórios?
Eu tirei 65,63.
Li no último ano do Ensino Médio e reli no ano passado, no cursinho.
Você assistiu às palestras sobre as obras? Assisti. Elas ajudam muito porque trazem uma análise que você às vezes não tem quando lê os livros. Tinha alguns livros que eu falava: “Nossa, nunca reparei nisso quando li”. Acho que fui bem na prova da Fuvest graças às palestras.
Você acha que é melhor assistir às palestras antes ou depois de ler os livros? Acho que depois. Você tem na cabeça o que leu e vai complementando com o que o professor está falando.
O que você fez durante as férias? Na primeira semana eu descansei bastante. Na segunda semana eu estudei um pouco leve o que faltava para ficar mais bem entendido quando voltasse às aulas.
Fora dos estudos, você tinha alguma atividade para relaxar? Eu toco violão e canto. Às vezes, ao chegar em casa, tocava um pouco.
Você teve de abrir mão de alguma atividade para se preparar para os vestibulares? Eu fazia aula de música, parei. Fazia teclado, parei.
E no terceiro dia, com as matérias prioritárias para Psicologia: Biologia, História e Matemática? Nesse dia eu fui um pouco mal. Tirei 47,92. A prova de Matemática estava muito difícil.
Alguma surpresa, positiva ou negativa, em seus resultados na 2a fase? Fiquei muito contente com a nota em Redação. Acho que condiz com o que eu fiz durante o ano, uma Redação por semana, indo sempre ao plantão tirar dúvidas. Mas no terceiro dia eu gostaria que a nota tivesse sido um pouco maior. Eu estudei bastante Matemática, mas a prova estava um pouco difícil.
Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação na Fuvest? 608,9.
Como você ficou sabendo de sua aprovação na Fuvest? Acordei cedo e já fiquei pronta para vir para cá. Só que esperei para ver em casa no computador. Não conseguia ver, aí meu namorado me ligou dizendo que eu tinha passado. Comecei a chorar muito. Comemorei com minha família e aí vim para cá.
Nos outros vestibulares, como você foi?
Você prestou vestibulares para USP, Mackenzie, PUC, Unesp e também o Enem. Qual era sua primeira opção?
Na Unesp eu passei em 10o lugar. No Mackenzie, em 15o. Na PUC eu fiquei numa posição acima do número de vagas, 92o lugar, mas fui chamada na primeira lista. Na Unifesp, em Ciências Sociais, passei em 9o lugar.
Era a USP.
Como foi no dia da matrícula na USP? a
Você se preocupava mais com a 1 ou com a 2a fase da Fuvest? Com a 1a fase, porque eu tinha dificuldade com teste e também por não ter passado no outro ano. Tinha aquela ansiedade de não passar de novo.
Como você foi na 1a fase da Fuvest 2015? Fiz 61 pontos. Quando saiu o corte, 60, nossa, deu um desânimo.
No simulado você fazia quantos acertos? Um pouco mais, 64, 65.
Serviu de estímulo para você estudar mais para a 2a fase? Nos primeiros dias depois do resultado eu fiquei muito desanimada, achava que não ia conseguir ser aprovada na Fuvest. Aí decidi: “Tenho de estudar”.
Fui com minha tia, estava bem nervosa porque nunca tinha ido à USP. Também não tinha contato com ninguém da organização. Eu não tenho Facebook, todo mundo já se conhecia, eu não conhecia ninguém. No dia não falei com ninguém. Só fiz minha matrícula. Mas eu estava muito feliz.
Você tem aula em período integral. Você entra a que hora? Mesmo quando não tenho aula de manhã eu chego às 8 horas. O dia em que saio mais tarde é às 6 horas da tarde.
Que matérias você tem neste semestre? Tenho Estatística, Introdução à Sociologia, Biologia – que se divide em Genética Humana e Evolução –, Psicologia da Aprendizagem, Introdução à Psicologia Clínica, História e Filosofia da Psicologia, Etologia.
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Há alguma matéria que os veteranos avisam que é preciso tomar mais cuidado por ser complicada? O pessoal reclama muito de História e Filosofia da Psicologia. É difícil acompanhar, mas eu gosto.
Você já sabe qual é a área que pretende seguir dentro da Psicologia? Eu me interesso tanto em trabalhar com pesquisa como seguir a carreira clínica. E também gosto muito da área de aprendizagem e educação. Dentro da Psicologia tem uma grande variedade.
Que dicas você dá a quem vai prestar vestibular, para aproveitar melhor o período de preparação no cursinho? Acho que a pessoa tem de ter organização, não pode se perder porque senão o ano acaba passando e ela não consegue se achar. Tem de ter o discernimento de que está no cursinho para estudar. Quando bater o desânimo, não desistir. E quando tirar uma nota ruim no simulado, tentar usar isso a seu favor, se animar mais para estudar.
Como fica marcado para você o ano passado? Chegando aqui, fiquei até emocionada. Sinto muita saudade.
Do que você sente mais saudade? Das aulas, dos professores. Eles conseguiam tanto ensinar a matéria quanto fazer você se sentir bem. Eram muito divertidas as aulas. Além dos professores e das aulas, sinto falta dos meus amigos.
Como o Etapa foi importante para você? Embora isso fosse cansativo, eu gostava de estudar muito. Aprendi aqui a estudar, a pegar uma rotina de estudo.
Agora na Psicologia está mais tranquilo o seu ritmo de estudo? Acho que está pior porque eu tenho muito texto para ler.
Hoje você acha que está diferente de quando veio para o cursinho? Demais. Amadureci muito aqui. Aprendi a me organizar melhor.
O que você tira de lição dessa experiência? São várias lições. A maior lição que tirei foi não desistir, sempre seguir em frente. Se você quer uma coisa mesmo, você é capaz de conquistar. Quando você tem certeza do que quer e se dedica ao estudo, consegue.
Você quer dizer mais alguma coisa para nossos alunos? Continue lutando sempre. Você pode superar todas as dificuldades e alcançar o seu sonho.
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