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Jornal do Vestibulando

ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA

JORNAL ETAPA – 2015 • DE 06/08 A 19/08

ENTREVISTA

“Quero focar na área científica, participar de pesquisas”. Pedro Victor Massaroto e Silva, de Jundiaí, fez o Etapa Valinhos e entrou em Medicina na Pinheiros, onde é da primeira turma com a nova grade curricular da faculdade. Esse é um dos temas abordados nesta entrevista, na qual Pedro conta como se preparou no cursinho.

Pedro Victor Massaroto e Silva Em 2014: Etapa Em 2015: Medicina – USP

JV – O que levou você a escolher Medicina como carreira? Pedro – Eu sempre gostei muito da área de Biológicas e tinha um particular interesse no corpo humano. No colegial comecei a pesquisar profissões e vi que Medicina é uma carreira em que você ajuda as pessoas. É uma carreira que também pode lhe dar uma condição financeira boa. E você pode fazer pesquisas na área. Não vi profissão melhor. Como foi estudar no Etapa em Valinhos, morando em Jundiaí? Eu não passei na Fuvest no fim do 3o colegial. Falei: “Se vou fazer cursinho, vou fazer no melhor”. Perguntei a alguns amigos, eles falaram que o Etapa de Valinhos era muito bom, aprovava muito. Alguns amigos já iam para lá, também fui. Como era seu método de estudo? Você estudava no Etapa ou ficava em casa? Eu preferia estudar em casa, sozinho. Eu penso assim: “No vestibular não vai ter ninguém junto e você tem de saber se virar sozinho. Se pega uma questão difícil, tem de achar meios de resolver. Em casa eu ia fazendo exercícios e tentava acertar”. Quebrava a cabeça com as questões. E quando não conseguia resolver? Quando não entendia mesmo, eu via na internet ou ia para o plantonista. Às vezes, um conceito que eu não entendia eu perguntava para o professor. Você estudava quanto tempo por dia? No começo do ano chegava em casa por volta das 2 horas, almoçava rapidinho e ia estudar. Ficava até umas 9, 10 horas da noite.

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Qual foi para você a importância das aulas de Medicina? Eu gostava bastante dessas aulas. Os professores davam uma puxadinha a mais. Tinha exercícios que eles colocavam, de Matemática e Física, e eu falava: “Gente, não sei fazer isto”. Era mais forte e eu sentia que estava me preparando melhor para Medicina. Em qual matéria você tinha mais dificuldade? Exatas sempre adorei. Em Humanas eu gostava de ler História e Geografia, só não gostava de Português. Não gosto dos testes, das questões escritas, de livros, nem de Redação. Já em História e Geografia o bom é que você consegue fazer as questões com o que leu. Minha ideia no começo do ano era passar sem contar com Português. Mas Português pesa muito, não dá para ignorar a matéria. Nos simulados, quais eram os seus resultados? Nos do Enem, ficava em quase todos em A e alguns em B. Nos simulados da 1a fase da Fuvest era só A. Nos da 2a fase eu costumava ficar em A e B.

A arte medieval e a arte renascentista

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Alberto de Oliveira (1857-1937)

Em Redação, você ficava em que faixa? Ficava em C menos, C mais. Nunca passava disso. No geral, você achava que estava bem nos simulados ou podia melhorar? Sempre tentava melhorar. A minha nota costumava ser 86, 85. Sempre me esforçava para tirar mais. Eu ia passando e ouvi uma menina dizer que tinha tirado 86, pensei: “Por que ela tirou 86 e eu não?” Tentava me esforçar mais. Durante o ano, você fazia redação com que frequência? Mais ou menos duas por mês. Quando cheguei, fazia uma por mês. Você leu as obras indicadas como obrigatórias pela Fuvest? Li todas as obras, fui a todas as palestras e vi as videoaulas. Li os resumos. Uma semana antes da 2a fase eu assisti a todas as videoaulas. Tinha algumas coisas que eu não lembrava. As videoaulas do Etapa foram salvadoras. Como as palestras contribuíram para o seu melhor preparo? O legal das palestras é que elas direcionam o que você precisa saber. Eu li os livros antes de ter aula sobre eles. Nas palestras, os professores vão mostrando o que é importante, o que cai, o que é cobrado. Você tinha alguma atividade para relaxar? Fazia natação uma vez por semana. Eu adorava ler coisas sobre como melhorar o desempenho. Exercício físico ajuda a melhorar sua capacidade de aprender. Seu desempenho vai ser melhor se você fizer uma hora de esporte por semana. Ficava bravo comigo mesmo quando não ia à academia.

ENTRE PARÊNTESIS

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POIS É, POESIA

CONTO

O suave milagre – Eça de Queirós

Você estudava no fim de semana também? No sábado de manhã tinha o Reforço para Medicina. À tarde eu ia para a casa da minha avó. No domingo eu dormia até 11 e meia, meio-dia. Depois estudava sete, seis horas.

ARTIGO

ENTREVISTA

Pedro Victor Massaroto e Silva

Estudava direto? Com intervalos. Eu já tinha lido que não dá para ficar estudando 12 horas seguidas, tem de dar intervalos. Então, estudava duas horas, dava um descanso de meia hora, uma hora, e voltava.

A César o que é de César

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SERVIÇO DE VESTIBULAR

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Inscrição

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ENTREVISTA

Como foi no segundo semestre? Depois das férias, eu voltei animado. Também porque estava conseguindo boas notas. Quando chegou a Revisão, comecei a estudar feito um louco. No mês de Revisão, antes do Enem, eu chegava na aula, abria a apostila, separava 90 exercícios em cima da Fuvest e fazia os 90. Chegava em casa, fazia mais 90 questões. Um dia da semana, quando acumulava muita dúvida, eu ficava no plantão. Na 1a fase da Fuvest, quantos pontos você fez? Fiz 80, mas esperava tirar até mais. Na 2a fase, no primeiro dia, prova de Português e Redação, qual foi sua nota? Esperava tirar muito pouco. Quando fiz a correção, falei: “Vou tirar 60”. Mas tirei 69,5, de 100. E na Redação? Tirei 69, muito mais do que esperava. Fiquei surpreso. Quanto tirou no segundo dia, que é a prova geral, com 16 questões de Biologia, Física, Geografia, História, Inglês, Matemática e Química, algumas delas interdisciplinares? Tirei 90,63, fui bem. Estava preocupado porque queria tirar bastante nessa prova. Acho que em 2014 o pessoal não tinha ido bem no segundo dia porque a prova foi muito pesada, a nota máxima tinha sido 85. Mas este ano foi mais fácil. No terceiro dia, com 12 questões das matérias prioritárias para Medicina Pinheiros – Biologia, Física e Química –, qual foi sua nota? Foi 89,58. Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação na Fuvest? Somei 846,5 pontos. Na carreira, como você se classificou? Em 60o lugar. [São 175 vagas na Pinheiros. Ele foi melhor do que cerca de 2/3 dos aprovados] Como ficou sabendo de sua aprovação na Fuvest? No dia do resultado estava almoçando na minha avó. Lá não tem internet boa então pedi a um amigo para olhar a lista e me dizer. Quando ele ligou dando os parabéns, não aguentei, gritei, pulei. Você já conhecia a Pinheiros? Eu tinha ido lá uma vez, no colegial. Era uma excursão com três pessoas que faziam a faculdade. Mas naquele dia não tinha ninguém na Pinheiros e não vi como ela funcionava. Depois que passei, uma veterana, que é também de Jundiaí, me mostrou a faculdade antes de começarem as aulas. Na Pinheiros tem a prática de acolhimento, cada veterano pega um

calouro para ele. Então, antes da matrícula eu já conhecia bastante a faculdade.

Como foi no dia da matrícula? Eu estava tranquilo, estava feliz. Fui com meus pais, que estavam bem animados. Meu pai comprou uma camiseta com a inscrição “Meu bebê passou na USP”. Ele estava chorando de felicidade, até mais que eu. Achei engraçado porque ele nunca me disse: “Você tem que fazer Medicina”. Ele nunca foi disso. Sempre falou: “Você pode fazer o que quiser da sua vida. Apenas estude e faça o que você gostar”. Nesse dia, como foi o contato com o pessoal da faculdade? O pessoal de lá é muito legal. Não teve nenhum trote. A minha veterana me mostrou tudo, depois me levou para a casa dela para mostrar o material que ela tem da escola. Os veteranos são demais. Na faculdade, o que mais chamou sua atenção até agora? Eu pensei que na faculdade ia ser só Medicina, mas lá é um universo. É uma microssociedade, tem esporte, pesquisa, tem alguma coisa em que você vai se enquadrar. Não é uma turma fechada, onde todas as pessoas são de um jeito. Tem gente de todo tipo. Você consegue se enquadrar em algum lugar. Além das aulas, você está fazendo alguma outra atividade? Estou fazendo uma liga de Oftalmologia e vou fazer prova para uma liga contra sífilis. Estou também fazendo um trabalho voluntário na EMA [Extensão Médica Acadêmica], em que a gente vai atender pessoas. O que você faz nesse trabalho voluntário? A gente tem aula toda semana de Propedêutica e aprende a fazer consultas. Você já fez algum atendimento? Fiz. Você não vai sozinho, óbvio, vai com outro calouro e alguns veteranos. Você conversa com pacientes, faz o prontuário, começa a ter uma vida de médico mesmo. Que matérias você teve no primeiro semestre? Neste ano a Pinheiros entrou com um novo currículo. Somos a primeira turma que está no currículo que é voltado para os modelos internacionais das universidades de Toronto e de Harvard. Estou tendo várias matérias: Fundamentos Morfofuncionais da Medicina, na verdade um grande mix de Histologia, Anatomia, Embriologia. A ideia é deixar o curso mais integrado, pegar Histologia e relacionar com Anatomia e com Embriologia. Tive Introdução à Medicina e à Saúde, tive também Bioquímica e Biomoléculas. Essas não mudaram muito. Entrou uma nova, que se chama Discussão Integrada de Casos.

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De que matéria você está gostando mais? Discussão Integrada de Casos. A ideia é pegar um caso clínico e fazer perguntas com o que a gente aprendeu nas matérias básicas. Antes havia reclamações de que coisas que se aprendia no 1o e no 2o ano eram esquecidas, e que só tinha Medicina de verdade no Internato. Agora a gente tem uma matéria que pega as outras e aplica em um caso clínico. Do que você gostou mais até agora, na Pinheiros e na Cidade Universitária? O que me deixa abismado na USP é que você tem muita oportunidade. Se você quer fazer intercâmbio, tem; se você quer fazer iniciação científica, com certeza tem. Você tem de tudo para fazer. Tive uma aula em que eles iam fazer uma dissecção. Abriram um telão no anfiteatro e a gente conversava com a pessoa que estava no laboratório mexendo no corpo. O professor falava: “Agora faz isso” para os alunos verem, ela fazia. Alguém tinha uma dúvida, a pessoa que estava no laboratório explicava. A estrutura deles é animal. Sobre o aspecto humano, que eu acho muito legal, todo mundo quer ajudar. Os veteranos querem ajudar. Você pergunta as coisas, o pessoal ajuda, te mostra. Você tem ideia da área que quer seguir na Medicina? Não. Apesar das novas integrações, não tivemos ainda Cardiologia, Neurologia. Então, não sei. Ainda vou descobrir. Mas tenho certeza de que quero focar na área científica, participar de pesquisas. Como fica marcado para você o ano passado? No Etapa eu aprendi a ser humilde. No 3o colegial, minha escola era meio fraca, eu era muito arrogante. Eu era meio assim: “Se eu não consigo fazer este exercício, ninguém mais consegue, não preciso saber isto”. E não passei na Fuvest. Quando fui para o Etapa de Valinhos, tinha gente muito boa. No Etapa aprendi a valorizar mais o conhecimento dos outros. No Etapa aprendi muito com o conhecimento dos professores e a ser menos arrogante também. Tenho muito que aprender com outras pessoas. Então, hoje você está diferente de quando começou no cursinho? Além de mais humilde, estou mais feliz, porque agora estou na faculdade. Você quer dizer mais alguma coisa para nossos atuais alunos? Vejo muitas pessoas que querem Medicina e estudam 12, 16 horas por dia. Talvez você precise estudar muito, mas no 2o semestre eu estudava oito horas por dia e passei. O importante é focar na produtividade de seu estudo.

Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343


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