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Jornal do Vestibulando
ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA
JORNAL ETAPA – 2014 • DE 21/08 A 03/09
ENTREVISTA
“Na Fuvest passam os mais esforçados. Essa foi uma das minhas qualidades no ano passado.” Arthur Bomfim Hansen fez o Extensivo no ano passado e hoje cursa Relações Internacionais na USP. Na PUC foi o 1o colocado na mesma carreira. Aqui ele conta como se preparou para os vestibulares e fala sobre as possibilidades de atuação profissional na atividade que escolheu.
Arthur Bomfim Hansen Em 2013: Etapa Em 2014: Relações Internacionais – USP
JV – O que motivou você a escolher o curso de Relações Internacionais? Arthur – Relações Internacionais é um curso que abrange muitas áreas, combina comigo. Decidi no 2o ano do Ensino Médio, depois de assistir à palestra sobre profissões na USP. Você terminou o Ensino Médio em 2012 e no ano passado fez cursinho aqui. Como foi seu primeiro contato com o Etapa? Meu irmão já tinha feito cursinho aqui e entrou na Poli. Depois de um ano e meio, voltou para o cursinho e passou na FEA. Além da Fuvest, você prestou outros vestibulares para RI? Prestei PUC. Quando veio para o cursinho, você estava confiante? Eu estava muito confiante no 3o ano, quando prestei Fuvest direto, mas não passei nem para a 2a fase. Quando vim para o Etapa estava decidido a estudar firme mesmo, esperando melhorar. Mas você achava que dava para ser aprovado na Fuvest? No meu primeiro simulado fiz 73 ou 74 pontos. Isso me deu ânimo. Mas, independentemente dos resultados, para mim o mais importante era que eu estava me esforçando. Teve algum momento em que você ficou preocupado que não fosse conseguir? Apesar de minhas notas nos simulados terem diminuído até o meio do ano, daí para frente
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ENTRE PARÊNTESIS
Distribuição de letras
Como era seu método de estudo?
Você fazia muitas redações? Eu fazia uma redação por semana até o meio do ano. Aí começou a ficar difícil, fazia uma a cada duas semanas.
Eu estudava no cursinho. No primeiro dia de aula já fiquei aqui. O Etapa é um lugar muito bom para estudar, é tranquilo.
Você pegava a matéria do dia? Eu sempre estudei a matéria do dia. Quando tinha simulado na sexta-feira e eu não conseguia estudar nesse dia, recuperava um pouco no sábado à tarde.
Você ficava no cursinho até que horas? No começo do ano eu ficava até 5 horas da tarde. No segundo semestre, mais para o fim, ficava até às 7 horas. Tinha dia em que estendia até umas 8 horas.
Você estudava no fim de semana também? No sábado tinha o JADE [Reforço para Jornalismo, Administração, Direito e Economia]. Depois do JADE eu fazia um pouco de exercícios, até umas 4 horas da tarde. Não estudava no domingo. Descansava, procurava ficar tranquilo, relaxado.
Teve alguma época mais pesada para você ao longo do ano? Eu comecei a ficar muito cansado em junho. Em dezembro, depois que adotei uma rotina de acordar às 5 horas da manhã e voltar para casa às 8, também fiquei muito cansado.
Esse estranho H2O [E OUTRAS QUESTÕES GRAMATICAIS]
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Como você ia nos simulados do JADE? No primeiro simulado eu tirei B, mas a maioria era C mais. E nos simulados normais? No primeiro tirei 73, um C mais. Depois minha nota foi caindo, 69, 66, 63. No meio do ano, quando chegou a 61, C menos, liguei um sinal de alerta: “Não estou tão seguro assim”. Você ia ao Plantão de Dúvidas? Eu usava o Plantão pela Internet. Tirava as dúvidas quando chegava em casa. Em Matemática, basicamente. Em História e Geografia nunca tive dúvidas, os exercícios estavam bem explicados. Você leu as obras literárias indicadas como obrigatórias pela Fuvest? Só não li Viagens na minha terra, de Almeida Garret. Mas vi todas as palestras. Vi aqui, vi na Internet. E sempre fazia anotações.
Ficar a ver navios
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SERVIÇO DE VESTIBULAR
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ARTIGO
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Como foi o reforço do JADE? Foi mais pautado em exercícios. Neles você vê o que teve durante a semana, só que de forma mais prática. Eram aulas mais tranquilas para mim, mais descontraídas. O melhor era que eu conseguia fixar as matérias.
SOBRE AS PALAVRAS
MAS, MÁS, MAIS
CONTO
O ladrão – Mário de Andrade
Nas férias de julho, o que você fez? Descansei, não estudei nada. Eu realmente precisei daquelas duas semanas de descanso.
ARTIGO
ENTREVISTA
Arthur Bomfim Hansen
foram aumentando. Então senti que poderia conseguir mantendo a calma e a concentração.
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ENTREVISTA
Qual a diferença de assistir a uma palestra sobre uma obra que você leu e sobre uma que não leu? É muito diferente. Quando se chega na palestra tendo lido a obra você não precisa se ater a coisas básicas como nome dos personagens, história. Você se concentra mais nas reflexões sobre as obras.
ça no lugar. Tenho a chance, vou estudar. Na prova de Português e Redação considerei o resultado muito bom. Na prova geral do segundo dia da 2a fase achei que fiquei um pouco abaixo do que imaginava. No terceiro dia foi o esperado.
No vestibular você conseguiu resolver as questões de Literatura? Consegui fazer a maioria.
649,8.
Você teve de abrir mão de alguma atividade para se preparar para os vestibulares? Parei com o futebol. Além da parte de convívio com os amigos – se tinha algum aniversário e eu não podia ir, pedia desculpas. Estava decidido a fazer o que tivesse de ser feito para não repetir no próximo ano.
Passei em 1o lugar na PUC. O curso da PUC também é muito conceituado e é mais antigo que o da USP. Depois que vi o resultado lá, fiquei bem animado. Meu pai sempre falou: se você tiver de ir para a PUC, a gente paga. Isso me deu tranquilidade. Mas USP é USP.
Nos estudos ao longo do ano você deu mais prioridade para a 1a fase da Fuvest ou para a 2a fase? Sempre supervalorizei a 1a fase. Foi um erro que hoje consigo ver. Quantos pontos você fez na 1a fase da Fuvest? Fiz 61, bem abaixo do que eu esperava. Fiquei preocupado, achei que não ia dar, mas depois procurei ficar tranquilo. Tive uns problemas na prova, fui de relógio digital e o fiscal não deixou usar. Não tinha noção do tempo. A nota de corte foi 58. O que você achou? Fiquei 3 pontos acima da nota de corte e achei que não tinha chance. Tinha uma ideia fixa – se ficasse com menos de 4 pontos acima da nota de corte estaria fora. Não ia conseguir, na minha opinião. Mas, conversando com amigos, vi que muita gente fez mais ou menos essa nota. Aí descobri que quem está na 2a fase tem chance. Como você foi no primeiro dia da 2a fase, na prova de Português e Redação? Eu estava tranquilo, tinha lido as obras, tinha assistido a todas as palestras. O que mais me preocupava eram questões de Gramática e de Interpretação de Textos. Errei umas sete questões, mas consegui um desempenho razoável, tirei 61 na prova. Na Redação fiz 65. No segundo dia, com questões de História, Geografia, Matemática, Física, Química, Biologia e Inglês, quanto você tirou? Tirei 64. E no terceiro dia, com questões das matérias prioritárias da carreira, História e Geografia? Qual foi sua nota? Acho que me preparei tanto que chegou na hora fiquei decepcionado. Putz, é só isso? Queria algo mais desafiador. Tirei 66, 67. Alguma surpresa no seu desempenho? Eu tive uma surpresa negativa na 1a fase, meu problema foi o relógio, o tempo. Fiquei mais nervoso na 1a fase do que na 2a. Quando vi a nota fiquei preocupado, mas coloquei a cabe-
Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação?
Você prestou também a PUC. Qual foi seu resultado?
Como foi quando soube da aprovação na USP? No início não acreditei. Tinha confiança no meu desempenho, mas foi uma sensação de alívio. O resultado saiu na sexta-feira e as aulas da PUC iam começar na segunda-feira. Eu já tinha me matriculado lá. Mas eu queria a USP.
Hoje você se imagina em alguma outra carreira? Estou gostando muito de Microeconomia e me pergunto: será que eu não tenho um quê de Economia? Mas Relações Internacionais abre várias possibilidades. Uma é ser diplomata, que é a escolha mais difícil, muito concorrida. De todos os formandos de RI na USP, 14 foram para a área diplomática. Da última turma que se formou? Não, 14 de todos os anos. Geralmente é um por ano. Diplomacia é muito concorrida, a maioria dos diplomatas é da São Francisco. Além da diplomacia, tem o trabalho em ONGs, mais voltado para o social. Você vê muita gente nessa área. Admiro, mas não é muito para mim. Você também pode trabalhar no governo. Numa palestra no Etapa sobre carreiras, um ex-aluno de RI falou que estava trabalhando no governo e ia para outros países estudar uns projetos sociais e políticos para trazer para cá. É também interessante. Mas a parte com a qual eu mais me identifico é a empresarial, economia no mercado externo, comércio.
De qual matéria você gostou mais?
O que você pode dizer a quem se prepara para os vestibulares do fim do ano mas não se sente confiante? Às vezes a pessoa está meio desanimada, mas nunca é tarde para estudar. Você tem de se esforçar, não tem jeito. Na Fuvest passam os mais esforçados. Essa foi uma das minhas qualidades no ano passado. No 3o ano do Ensino Médio eu me sentia muito inteligente e não estudei por conta disso. Quando entrei no cursinho eu baixei a bola e falei: “Vou estudar como se não soubesse de nada”. Você tem de se esforçar e ter a certeza de que fez tudo que pode. Ter o pensamento de que está fazendo isso por um objetivo, por um ideal, por um sonho. Sempre falei para os meus pais: não tenho certeza de que vou passar, mas estou fazendo tudo que posso.
Gostei mais de Microeconomia, mas eu sou uma exceção, o pessoal gostou bastante de Direito. Direito foi a preferida do pessoal.
Como fica marcado para você o ano passado? Foi um ano de dedicação completa. Um ano de perseverança.
Qual matéria é mais difícil?
Você acha que hoje está diferente de quando começou no cursinho? Com certeza. Tenho muito mais responsabilidade agora, uma mentalidade muito diferente. Eu cresci como pessoa. Consigo diferenciar as coisas: agora é hora de estudar, vamos estudar; agora é hora de diversão, vamos nos divertir. Eu tive de passar aqui pelo Etapa para crescer, para criar responsabilidade, para amadurecer e, principalmente, para conseguir entrar na USP. Acho que esse foi o principal legado do cursinho.
Você conhecia a USP? Já tinha ido lá algumas vezes com meu irmão. Tinha ido à palestra na FEA. Mas para mim era tudo igual, ficava perdido na Cidade Universitária. Em maio comecei a me situar. O prédio do Instituto de Relações Internacionais é bem localizado, com uma estrutura muito boa.
Quais matérias você teve no primeiro semestre? Tive cinco matérias: Métodos Empíricos de Pesquisa – que é basicamente Estatística, Ciências Políticas, História das Relações Internacionais, Direito e Microeconomia.
Direito é muito difícil. Ciências Políticas é difícil, mas é legal. Métodos Empíricos de Pesquisa é um pouco do resumo de Estatística. Para mim era tranquilo. História das Relações Internacionais é uma introdução. Em Microeconomia eu senti uma proximidade maior com a matéria. No geral, as matérias são difíceis, mas o curso em si não é difícil. Dizem que o curso é difícil de entrar, mas quando você está lá dentro é tranquilo.
Do que você mais gostou na USP até agora? Gostei bastante do ambiente. O pessoal vê que você é novo lá e todo mundo te ajuda, não importa que curso seja.
Além das aulas no curso de Relações Internacionais, o que mais você faz? Estou fazendo curso de francês, mas não é na faculdade. Faço perto de casa.
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Você quer dizer mais alguma coisa para o pessoal? Para quem quer Relações Internacionais, quero dizer: não desista. Precisa se esforçar, não tem jeito. É difícil, mas não é impossível. Como o curso é pequeno, todo mundo se conhece, isso é legal. E para quem está desanimado, ainda tem tempo de estudar. Quem está aqui tem o privilégio de aprender.
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