Jornal do Vestibulando Nº1482

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Jornal do Vestibulando

ENSINO, INFORMAÇÃO E CULTURA

JORNAL ETAPA  –  2014 •  DE 2/10 A 15/10

ENTREVISTA

Subiu 1 000 posições e entrou em Direito na USP. Willian Lessa Novaes Frontaroli estudou para conquistar uma das 460 vagas da Faculdade de Direito da USP. No ano anterior não tinha conseguido, tendo atingido o 1 439o lugar, ainda muito longe de conseguir o que queria. No cursinho estudou com firmeza, fez as provas com tranquilidade e subiu as mil posições que precisava para ser aprovado.

Willian Lessa Novaes Frontaroli Em 2013: Etapa Em 2014: Direito – USP

JV – Como você conheceu o Etapa e veio estudar aqui? Willian – Alguns alunos mais velhos da minha escola, amigos meus, tinham es­tu­ dado aqui. Vim muito bem reco­men­dado. Com que motivação você começou no cursinho? Quando prestei a Fuvest 2013, eu vi que estava um pouco defasado na matéria, mas comecei no cursinho bem motivado, animado para aprender mesmo, correr atrás, conseguir o que eu queria. Como você estudava? Eu fiz o Extensivo de manhã. Depois das aulas, comecei estudando a matéria do dia, durante a tarde e à noite também. Posteriormente passei a dedicar cada dia da semana a uma matéria. São 8 matérias e 7 dias na semana. Você juntava matérias no mesmo dia? Sim. Às vezes juntava História e Geografia, em que eu tinha mais facilidade. Em quais matérias estavam suas maio­ res dificuldades? Minhas dificuldades eram em Exatas. Matemática e Física demandavam mais estudo. Em Química eu tinha um pouco mais de facilidade. ENTREVISTA

Willian Lessa Novaes Frontaroli

CONTO

Civilização – Eça de Queirós

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Quantas horas você estudava além das aulas? Umas seis, sete horas por dia. Chegava em casa à 1 e meia, almoçava, me dava uma meia hora para uma relaxada e aí pegava firme no estudo. Ia até umas 8 da noite. Você consultava o Plantão de Dúvidas? Ia mais no sábado, que era um pouco mais vazio. Você fez o reforço para Humanas? Sim, fiz o JADE no sábado de manhã. Como foram suas aulas de reforço? Havia temas bem variados nessas aulas. Os exercícios do JADE eram ligados a cada tema. Então, você acaba revisando tudo. Foi bastante produtivo. Você estudava no domingo? Estudava, mas menos. Umas três, quatro horas. Não passava disso. Era de manhã e um pouco depois do almoço. No resto da tarde e à noite só descansava, para chegar renovado na segunda-feira. Você usou o Plantão Virtual? Sim, em todas as matérias. Tem exercício que a gente sabe fazer, mas não fica muito claro. Aí geralmente o Plantão Virtual es­ clarece. O Plantão de Estudos presencial ARTIGO

Teatro brasileiro – Nelson Rodrigues Telescópios investigam relação entre ciclo do Sol e clima

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POIS É, POESIA

Fernando Pessoa (Alberto Caieiro)

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era mais para quando tinha muita dificul­ dade mesmo – mais em Mate­ mática e Física.

Como era seu desempenho nos simulados? Era bem mediano. No primeiro semestre eu tirava com mais frequência C menos. Só no segundo semestre comecei a tirar algum C mais e um ou outro B. O que você achava de seu desempenho nos simulados? Eu sempre tirava notas perto do corte de Direito e ficava preocupado. A gente sempre quer tirar mais, quer fazer o melhor. Você usava esses simulados para seus estudos? Sempre que recebia o resultado dos simu­ la­dos, pegava as questões que eu tinha errado, dava uma conferida e re­visava a ma­téria. Você treinava Redação? Geralmente fazia uma redação ou duas por mês e minhas notas variavam bastante. Às vezes escolhia o tema por conta própria, às vezes era indicação do Fique Esperto. Depois levava a redação para o plantonista. ENTRE PARÊNTESIS

Árvores

SERVIÇO DE VESTIBULAR

Inscrições

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ENTREVISTA

Você assistiu às palestras sobre as obras obrigatórias da Fuvest? Nas palestras eu fazia o seguinte: uma semana antes eu começava a ler o livro, para terminar no dia da palestra. Como o livro estava fresco na memória, ficava mais fácil absorver. Às vezes você não entende o sentido que o autor quis dar ao livro. Na palestra o professor explica muito bem isso, para você entender melhor o contexto em que ele foi escrito. Nesse sentido a palestra dá uma boa ajuda. No vestibular você conseguiu resolver as questões de Literatura? Consegui. As palestras foram bastante esclarecedoras. Teve algum período mais puxado para você no ano passado? Acho que na época da Revisão. Como são muitos exercícios, às vezes não dava tempo de resolver todos. Às vezes a gente não sabe resolver um ou outro, o que é normal, e tenta fazer mais e mais. Isso acaba cansando um pouco mais. Como você ocupava o seu tempo livre? Costumava sair com os amigos, com a família. Às vezes ficava em casa descan­ sando. O que você fez nas férias de julho? Na primeira semana eu viajei para Serra Negra. Nos últimos dois, três dias das férias eu dei uma estudada para pegar o ritmo de novo. A greve deste ano afetou suas aulas na faculdade? Na minha faculdade poucos professores aderiram. Participaram da greve o pessoal da biblioteca, do refeitório, dessa parte de apoio. Dá para a gente levar. Quantos pontos você fez na 1a fase da Fuvest? Fiz 65. Ao prestar direto do 3o ano do Ensino Médio eu tinha feito 59. Nos dois anos a nota de corte foi 57. Os 65 pontos estavam dentro do que você esperava? Estavam. Nos simulados eu sempre tira­ va 65, 64. Mudou alguma coisa no seu estudo da 1a para a 2a fase? Foquei mais na resolução de exercícios escritos, treinava para redigir as respos­ tas. Também resolvia uma ou outra coisa de teste, que às vezes tem uma matéria específica. É bom fazer.

Você só pegou as matérias específicas? Esse foi o foco maior, mas de forma geral continuei estudando tudo. Ao longo do ano qual a fase que mais preocupava você: a 1a ou a 2a? A 2a fase. As questões escritas da 2a fase, incluindo as questões das matérias prio­ ritárias no terceiro dia do exame, me da­ vam um pouco mais de medo. Quais foram suas notas nas provas da 2a fase? No primeiro dia, Redação e Português, tirei 56 nas questões. Na Redação tirei 55. Ficou praticamente igual. No segundo dia, prova geral, com ques­ tões de História, Geografia, Matemática, Física, Química, Biologia e Inglês, qual foi sua nota? Nessa prova eu tive um pouco mais de dificuldade e tirei 62. No terceiro dia é a prova das matérias prioritárias de cada carreira. Para Direito, questões de Geografia, História e Matemática. Como foi? Tirei 56, como no primeiro dia. Essas notas estavam de acordo com o que você previa? Só esperava um pouco mais no segundo dia. Mas, de maneira geral, foi mais ou menos como previa. Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação? E qual sua classificação? Fiz algo em torno de 620 e peguei 498o dentre os 1 541 convocados. No ano anterior, qual foi seu desempe­ nho na 2a fase? Acho que tirei 28 em Português, com 30% de aproveitamento na Redação. Na prova geral do segundo dia, minha nota foi 48. No terceiro dia tirei 50. [Média 469,44 e 1 439o lugar.] Como soube de sua aprovação na Fuvest? Eu vi em casa e comemoramos bastante. Depois vim para a festa aqui no Etapa. Como foi ver o seu nome na lista da Fuvest? Foi uma alegria imensa, todo o esforço que eu fiz durante o ano tinha dado certo, tinha dado resultado, tinha dado frutos. Como foi o dia da matrícula? Foi maravilhoso, muito bacana, foi demais. Foi a primeira vez que entrei na facul­dade, toda aquela emoção.

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Hoje, o que você destaca na sua fa­ cul­dade? A qualidade dos professores. São exce­ lentes. A gente tem ótimas aulas e acaba mergulhando de cabeça nas matérias. Isso estimula a estudar cada vez mais. É uma faculdade muito bonita, mas acho que a parte humana é que é mesmo fora de série. Quais matérias você tem neste semes­ tre? Direito Civil, Direito Penal, Direito Cons­ titucional, Introdução à Sociologia Jurí­ dica, Introdução ao Estudo do Direito 2, Teo­ria Geral do Estado, Direito Romano e Fundamentos do Direito, que é optativa. De qual matéria você está gostando mais? Direito Civil. Qual matéria é mais puxada? Direito Constitucional. Direito está confirmando ser sua melhor escolha? Sim, com certeza. É o que eu gosto, é o que eu quero fazer no futuro. Vontade de participar mesmo do mundo jurídico, tentar fazer o possível para melhorar o mundo. Na São Francisco, você está envolvido em outra atividade além da sala de aula? A gente sempre tenta participar das dis­cussões políticas, dos coletivos que tratam de temas específicos para deba­ tes. Os veteranos dão espaço aos calou­ ros quando há discussão sobre deter­ minado assunto? Sim, eles são bem abertos quanto a isso. Como sou calouro, acabo não aprofun­ dando tanto quanto os veteranos que já têm mais conhecimento do assunto. Você tem ideia da área que quer seguir em Direito? Pretendo ser advogado na área tributária ou funcionário público. Mas ainda não é uma ideia fixa. Que dica você pode dar a quem vai pres­tar vestibular este ano? Estudem. Não desistam. Acreditem que dá. E é importante ficar calmo. O controle sobre si mesmo é um ponto importan­ tíssimo. Só com isso, no dia da prova você já passa à frente de várias pessoas que ficam nervosas.

Jornal ETAPA, editado por Etapa Ensino e Cultura REDAÇÃO: Rua Vergueiro, 1 987 – CEP 04101-000 – Paraíso – São Paulo – SP JORNALISTA RESPONSÁVEL: Egle M. Gallian – M.T. 15343


CONTO

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Civilização Conto que originou o romance A cidade e as serras Eça de Queirós

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I

u possuo preciosamente um amigo (o seu nome é Jacinto) que nasceu num palácio, com quarenta contos de renda em pingues1 terras de pão, azeite e gado. Desde o berço, onde sua mãe, senhora gorda e crédula de Trás-os-Montes, espalhava, para reter as Fadas Benéficas, funcho2 e âmbar, Jacinto fora sempre mais resistente e são que um pinheiro das dunas. Um lindo rio, murmuroso e transparente, com um leito muito liso de areia muito branca, refletindo apenas pedaços lustrosos de um céu de verão ou ramagens sempre verdes e de bom aroma, não ofereceria, àquele que o descesse numa barca cheia de almofadas e de champanha gelado, mais doçura e facilidades do que a vida oferecia ao meu camarada Jacinto. Não teve sarampo e não teve lombrigas. Nunca padeceu, mesmo na idade em que se lê Balzac e Musset, os tormentos da sensibilidade. Nas suas amizades foi sempre tão feliz como o clássico Orestes. Do amor só experimentara o mel – esse mel que o amor invariavelmente concede a quem o pratica, como as abelhas, com ligeireza e mobilidade. Ambição, sentira somente a de compreender bem as ideias gerais, e a “ponta do seu intelecto” (como diz o velho cronista medieval) não estava ainda romba nem ferrugenta... E todavia, desde os vinte e oito anos, Jacinto já se vinha repastando de Schopenhauer, do Ecclesiastes, de outros pessimistas menores, e três, quatro vezes por dia, bocejava, com um bocejo cavo3 e lento, passando os dedos finos sobre as faces, como se nelas só palpasse palidez e ruína. Por quê? Era ele, de todos os homens que conheci, o mais complexamente civilizado – ou antes aquele que se munira da mais vasta soma de civilização material, ornamental e intelectual. Nesse palácio (floridamente chamado o Jasmineiro) que seu pai, também Jacinto, construíra sobre uma honesta casa do século XVII, assoalhada a pinho e branqueada a cal – existia, creio eu, tudo quanto para bem do espírito ou da matéria os homens têm criado, através da incerteza e dor, desde que abandonaram o vale feliz de Septa-Sindu, a Terra das Águas Fáceis, o doce país ariano. A biblioteca – que em duas salas, amplas e claras como praças, forrava as paredes, inteiramente, desde os tapetes de Caramânia até ao teto, donde, alternadamente, através de cristais, o sol e a eletricidade vertiam uma luz estudiosa e calma – continha vinte e cinco mil volumes, instalados em ébano, magnificamente revestidos de marroquim4 escarlate. Só sistemas filosóficos (e com justa prudência, para poupar espaço, o bibliotecário apenas colecionara os que irreconciliavelmente se contradizem) havia mil oitocentos e dezessete! Uma tarde que eu desejava copiar um ditame de Adam Smith, percorri, buscando este economista ao longo das estantes, oito metros de economia política! Assim se achava formidavelmente abastecido o meu amigo Jacinto de todas as obras essenciais da inteligência – e mesmo da estupidez. E o único inconveniente deste monumental armazém do saber era que todo aquele que lá penetrava, inevitavelmente lá adormecia, por causa das poltronas, que,

providas de finas pranchas móveis para sus­ tentar o livro, o charuto, o lápis das notas, a taça de café, ofereciam ainda uma combinação oscilante e flácida de almofadas, onde o corpo encontrava logo, para mal do espírito, a doçura, a profundidade e a paz estirada de um leito. Ao fundo, e como um altar-mor, era o gabinete de trabalho de Jacinto. A sua cadeira, grave e abacial5, de couro, com brasões, datava do século XIV, e em torno dela pendiam numerosos tubos acústicos, que, sobre os panejamentos6 de seda cor de musgo e cor de hera, pareciam serpentes adormecidas e suspensas num velho muro de quinta. Nunca recordo sem assombro a sua mesa, recoberta toda de sagazes e sutis instrumentos para cortar papel, numerar páginas, colar estampilhas, aguçar lápis, raspar emendas, imprimir datas, derreter lacre, cintar documentos, carimbar contas! Uns de níquel, outros de aço, rebrilhantes e frios, todos eram de um manejo laborioso e lento; alguns, com as molas rígidas, as pontas vivas, trilhavam e feriam; e nas largas folhas de papel Whatman em que ele escrevia, e que custavam quinhentos réis, eu por vezes surpreendi gotas de sangue do meu amigo. Mas a todos ele considerava indispensáveis para compor as suas cartas (Jacinto não compunha obras) assim como os trinta e cinco dicionários, e os manuais, e as enciclopédias, e os guias, e os diretórios, atulhando uma estante isolada, esguia, em forma de torre, que silenciosamente girava sobre o seu pedestal, e que eu denominara o Farol. O que, porém, mais completamente imprimia àquele gabinete um portentoso caráter de civilização eram, sobre as suas peanhas7 de carvalho, os grandes aparelhos, facilitadores do pensamento – a máquina de escrever, os autocopistas, o telégrafo Morse, o fonógrafo, o telefone, o teatrofone, outros ainda todos com metais luzidios, todos com longos fios. Constantemente sons curtos e secos retiniam no ar morno daquele santuário. Tique, tique, tique! Dlim, dlim, dlim! Craque, craque, craque! Trrre, trrre, trrre!... Era o meu amigo comunicando. Todos esses fios mergulhados em forças universais transmitiam forças universais. E elas nem sempre, desgraçadamente, se conservavam domadas e disciplinadas! Jacinto recolhera no fonógrafo a voz do Conselheiro Pinto Porto, uma voz oracular e rotunda no momento de exclamar com respeito, com autoridade: – Maravilhosa invenção! Quem não admirará os progressos deste século? Pois, numa doce noite de S. João, o meu supercivilizado amigo, desejando que umas senhoras parentas de Pinto Porto (as amáveis Gouveias) admirassem o fonógrafo, fez romper do bocarrão do aparelho, que parece uma trompa, a conhecida voz rotunda e oracular: – Quem não admirará os progressos deste século? Mas, inábil ou brusco, certamente descon­ certou alguma mola vital – porque de repente o fonógrafo começa a redizer, sem descontinuação, interminavelmente, com uma sonoridade cada vez mais rotunda, a sentença do conselheiro: – Quem não admirará os progressos deste século? Debalde Jacinto, pálido, com os dedos trêmu­ los, torturava o aparelho. A exclamação recome­ çava, rolava, oracular e majestosa:

– Quem não admirará os progressos deste século? Enervados, retiramos para uma sala distante, pesadamente revestida de panos de Arrás. Em vão! A voz de Pinto Porto lá estava entre os panos de Arrás, implacável e rotunda: – Quem não admirará os progressos deste século? Furiosos, enterramos uma almofada na bo­ ca do fonógrafo, atiramos por cima mantas, co­bertores espessos, para sufocar a voz abomi­ nável. Em vão! Sob a mordaça, sob as grossas lãs, a voz rouquejava, surda mas oracular: – Quem não admirará os progressos deste século? As amáveis Gouveias tinham abalado, aper­ tando desesperadamente os xales sobre a cabeça. Mesmo à cozinha, onde nos refugiamos, a voz descia, engasgada e gosmosa: – Quem não admirará os progressos deste século? Fugimos espavoridos para a rua. Era de madrugada. Um fresco bando de raparigas, de volta das fontes, passava cantando com braçados de flores: Todas as ervas são bentas Em manhã de S. João... Jacinto, respirando o ar matinal, limpava as bagas lentas do suor. Recolhemos ao Jasmineiro, com o sol já alto, já quente. Muito de manso abrimos as portas, como no receio de despertar alguém. Horror! Logo da antecâmara percebemos sons estrangulados, roufenhos: “admirará... progressos... século!...” Só de tarde um eletricista pode emudecer aquele fonógrafo horrendo. Bem mais aprazível (para mim) do que esse gabinete temerosamente atulhado de civilização – era a sala de jantar, pelo seu arranjo compreensível, fácil e íntimo. À mesa só cabiam seis amigos que Jacinto escolhia com critério na literatura, na arte e na metafísica, e que, entre as tapeçarias de Arrás, representando colinas, pomares e pórticos da Ática, cheias de classicismo e de luz, renovam ali repetidamente banquetes que, pela sua intelectualidade, lembravam os de Platão. Cada garfada se cruzava com um pensamento ou com palavras destramente arranjadas em forma de pensamento. E a cada talher correspondiam seis garfos, todos de feitios dissemelhantes e astuciosos – um para as ostras, outro para o peixe, outro para as carnes, outro para os legumes, outro para a fruta, outro para o queijo. Os copos, pela diversidade dos contornos e das cores, faziam, sobre a toalha mais reluzente que esmalte, como ramalhetes silvestres espalhados por cima de neve. Mas Jacinto e os seus filósofos, lembrando o que o experiente Salomão ensina sobre as ruínas e amarguras do vinho, bebiam apenas em três gotas de água uma gota de Bordéus (Chateaubriand, 1860). Assim o recomendam Hesíodo no seu Nereu, Díocles nas suas Abelhas. E de águas havia sempre no Jasmineiro um luxo redundante – águas geladas, águas carbonatadas, águas esterilizadas, águas gasosas, águas de sais, águas minerais, outras ainda, em garrafas sérias, com tratados terapêuticos impressos no rótulo... O cozinheiro, mestre Sardão, era daqueles que Anaxágoras equiparava aos retóricos, aos oradores, a todos os que sabem a arte divina de “temperar e servir a ideia”; e em Síbaris, cidade do viver excelente, os magistrados teriam votado a mestre Sardão, pelas festas de Juno Lacínia, a


CONTO

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coroa de folhas de ouro e a túnica milésia que se devia aos benfeitores cívicos. A sua sopa de alcachofras e ovas de carpa; os seus filetes de veado macerados em velho Madeira com purê de nozes; as suas amoras geladas em éter, outros acepipes ainda, numerosos e profundos (e os únicos que tolerava o meu Jacinto) eram obras de um artista, superior pela abundância das ideias novas – e juntavam sempre a raridade do sabor à magnificência da forma. Tal prato desse mestre incomparável, parecia, pela ornamentação, pela graça florida dos lavores, pelo arranjo dos coloridos frescos e cantantes, uma joia esmalta­ da do cinzel de Meurice ou Cellini. Quantas tardes eu desejei fotografar aquelas composições de excelente fantasia, antes que o trinchante as retalhasse! E esta superfinidade do comer condizia deliciosamente com a do servir. Por sobre um tapete, mais fofo e mole que o musgo da floresta da Brocelanda, deslizavam, como sombras fardadas de branco, cinco criados e um pajem preto, à maneira vistosa do século XVIII. As travessas (de prata) subiam da cozinha e da copa por dois ascensores, um para as iguarias quentes, forrado de tubos onde a água fervia; outro, mais lento, para as iguarias frias, forrado de zinco, amônia e sal, e ambos escondidos por flores tão densas e viçosas, que era como se até a sopa saísse fumegando dos românticos jardins de Armida. E muito bem me lembro de um domingo de maio em que, jantando com Jacinto um bispo, o erudito bispo de Chorazim, o peixe emperrou no meio do ascensor, sendo necessário que acudissem, para o extrair, pedreiros com alavancas.

II Nas tardes em que havia “banquete de Platão” (que assim denominávamos essas festas de trufas e ideias gerais), eu, vizinho e íntimo, aparecia ao declinar do Sol, e subia familiarmente ao quarto do nosso Jacinto – onde o encontrava sempre incerto entre as suas casacas, porque as usava alternadamente de seda, de pano, de flanelas Jaegher, e de foulard das Índias. O quarto respirava o frescor e aroma de jardim por duas vastas janelas, providas magnificamente (além das cortinas de seda mole Luís XV) de uma vidraça exterior de cristal inteiro, de uma vidraça interior de cristais miúdos, de um toldo rolando na cimalha8, de um estore9 de sedinha frouxa, de gazes que franziam e se enrolavam como nuvens, e de uma gelosia10 móvel de gradaria mourisca. Todos estes resguardos (sábia invenção de Holland & Cia., de Londres) serviam a graduar a luz e o ar – segundo os avisos de termômetros, barômetros e higrômetros, montados em ébano, e a que um meteorologista (Cunha Guedes) vinha, todas as semanas, verificar a precisão. Entre estas duas varandas rebrilhava a mesa de toalete, uma mesa enorme de vidro, toda de vidro, para a tornar impenetrável aos micróbios, e coberta de todos esses utensílios de asseio e alinho que o homem do século XIX necessita numa capital, para não desfear o conjunto suntuário da civilização. Quando o nosso Jacinto, arrastando as suas engenhosas chinelas de pelica e seda, se acercava desta ara – eu, bem aconchegado num divã, abria com in­ dolência uma revista, ordinariamente a Revista Eletropática, ou a das Indagações Psíquicas. E Jacinto começava... Cada um desses utensílios de aço, de marfim, de prata, impunham ao meu amigo, pela influência onipoderosa que as coisas exercem sobre o dono (sunt tyrannia rerum) o dever de o utilizar com aptidão e deferência. E (*) Conforme o texto da Gazeta de Notícias.

assim as operações do alindamento de Jacinto apresentavam a prolixidade, reverente e insu­ primível, dos ritos de um sacrifício. Começava pelo cabelo... Com uma escova chata, redonda e dura, acamava o cabelo, corredio e louro, no alto, aos lados da risca; com uma escova estreita e recurva, à maneira do alfanje11 de um persa, ondeava o cabelo sobre a orelha; com uma escova côncava, em forma de telha, empastava o cabelo, por trás, sobre a nuca... Respirava e sorria. Depois, com uma escova de longas cerdas, fixava o bigode; com uma escova leve e flácida acurvava as sobrancelhas; com uma escova feita de penugem regularizava as pestanas. E deste modo Jacinto ficava diante do espelho, passando pelos sobre o seu pelo, durante catorze minutos. Penteado e cansado, ia purificar as mãos. Dois criados, ao fundo, manobravam com perícia e vigor os aparelhos do lavatório – que era apenas um resumo dos maquinismos monumentais da sala de banho. Ali, sobre o mármore verde e róseo do lavatório, havia apenas duas duchas (quente e fria) para a cabeça; quatro jatos, graduados desde zero até cem graus; o vaporizador de perfumes; a fonte de água esterilizada (para os dentes); o repuxo para a barba; e ainda torneiras que rebrilhavam e botões de ébano que, de leve roçados, desencadeavam o marulho e o estridor de torrentes nos Alpes... Nunca eu, para molhar os dedos, me cheguei àquele lavatório sem terror – escarmentado12 da tarde amarga de janeiro em que bruscamente, dessoldada a torneira, o jato de água a cem graus rebentou, silvando e fumegando, furioso, devastador... Fugimos todos, espavoridos. Um clamor atroou o Jasmineiro. O velho Grilo, escudeiro que fora do Jacinto pai, ficou coberto de empolas13 na face, nas mãos fiéis. Quando Jacinto acabava de se enxugar laboriosamente a toalhas de felpo, de linho, de corda entrançada (para restabelecer a circulação), de seda frouxa (para lustrar a pele) bocejava, com um bocejo cavo e lento. E era este bocejo, perpétuo e vago, que nos inquietava a nós, seus amigos e filósofos. Que faltava a este homem excelente? Ele tinha a sua inabalável saúde de pinheiro bravo, crescido nas dunas; uma luz da inteligência, própria a tudo alumiar, firme e clara sem tremor ou morrão14; quarenta magníficos contos de renda; todas as simpatias de uma cidade chasqueadora e céptica; uma vida varrida de sombras, mais liberta e lisa do que um céu de verão... E todavia bocejava constantemente, palpava na face, com os dedos finos, a palidez e as rugas. Aos trinta anos Jacinto corcovava15, como sob um fardo injusto! E pela moralidade(*) desconsolada de toda a sua ação parecia ligado, desde os dedos até à vontade, pelas malhas apertadas de uma rede que se não via e que o travava. Era doloroso testemunhar o fastio com que ele, para apontar um endereço, tomava o seu lápis pneumático, a sua pena elétrica – ou, para avisar o cocheiro, apanhava o tubo telefônico... Neste mover lento do braço magro, nos vincos que lhe arrepanhavam16 o nariz, mesmo nos seus silêncios, longos e derreados, se sentia o brado constante que lhe ia na alma: “Que maçada! Que maçada!” Claramente a vida era para Jacinto um cansaço – ou por laboriosa e difícil, ou por desinteressante e oca. Por isso o meu pobre amigo procurava constantemente juntar à sua vida novos interesses, novas facilidades. Dois inventores, homens de muito zelo e pesquisa, estavam encarregados, um em Inglaterra, outro na América, de lhe noticiar e de lhe fornecer todas

as invenções, as mais miúdas, que concorressem a aperfeiçoar a confortabilidade do Jasmineiro. De resto, ele próprio se correspondia com Édison. E, pelo lado do pensamento, Jacinto não cessava também de buscar interesses e emoções que o reconciliassem com a vida penetrando à cata dessas emoções e desses interesses pelas veredas mais desviadas do saber, a ponto de devorar, desde janeiro a março, setenta e sete volumes sobre a evolução das ideias morais entre as raças negroides. Ah! nunca homem deste século batalhou mais esforçadamente contra a seca de viver! Debalde! Mesmo de explorações tão cativantes como essa, através da moral dos negroides, Jacinto regressava mais murcho, com bocejos mais cavos! E era então que ele se refugiava intensamente na leitura de Schopenhauer e do Ecclesiastes. Por quê? Sem dúvida porque ambos esses pessimistas o confirmavam nas conclusões que ele tirava de uma experiência paciente e rigorosa, “que tudo é vaidade ou dor, que quanto mais se sabe, mais se pena, e que ter sido rei de Jerusalém e obtido os gozos todos na vida só leva a maior amargura...” Mas por que rolara assim a tão escura desilusão – o saudável, rico, sereno e intelectual Jacinto? O velho escudeiro Grilo pretendia que “Sua Excelência sofria de fartura!”

III Ora justamente depois desse inverno, em que ele se embrenhara na moral dos negroides e instalara a luz elétrica entre os arvoredos do jardim, sucedeu que Jacinto teve a necessidade moral iniludível de partir para o Norte, para o seu velho solar de Torges. Jacinto não conhecia Torges, e foi com desusado tédio que ele se preparou, durante sete semanas, para essa jornada agreste. A quinta fica nas serras e a rude casa solarenga17, onde ainda resta uma torre do século XV, estava ocupada, havia trinta anos, pelos caseiros, boa gente de trabalho, que comia o seu caldo entre a fumaraça da lareira e estendia o trigo a secar nas salas senhoriais. Jacinto, logo nos começos de março, escrevera cuidadosamente ao seu procurador Sousa, que habitava a aldeia de Torges, ordenando-lhe que compusesse os telhados, caiasse os muros, envidraçasse as janelas. Depois mandou expedir, por comboios rápidos, em caixotes que transpunham a custo os portões do Jasmineiro, todos os confortos necessários a duas semanas de montanha – camas de penas, poltronas, divãs, lâmpadas de Carcel, banheiras de níquel, tubos acústicos para chamar os escudeiros, tapetes persas para amaciar os soalhos. Um dos cocheiros partiu com um cupê, uma vitória, um breque, mulas e guizos. Depois foi o cozinheiro, com a bateria, a gar­ rafeira, a geleira, bocais de trufas, caixas pro­ fundas de águas minerais. Desde o amanhecer, nos pátios largos do palacete, se pregava, se martelava, como na construção de uma cidade. E as bagagens, desfilando, lembravam uma página de Heródoto ao narrar a invasão persa. Jacinto emagrecera com os cuidados daquele êxodo. Por fim, largamos numa manhã de junho, com o Grilo, e trinta e sete malas. Eu acompanhava Jacinto, no meu caminho para Goães onde vive minha tia, a uma légua farta de Torges: e íamos num vagão reservado, entre vastas almofadas, com perdizes e champanha num cesto. A meio da jornada devíamos mudar de comboio – nessa estação que tem um nome sonoro em ola e um tão suave e cândido jardim de roseiras brancas. Era domingo de imensa poeira e sol – e encontramos aí, enchendo a plataforma


CONTO estreita, todo um povaréu festivo que vinha da romaria de S. Gregório da Serra. Para aquele trasbordo18, em tarde de arraial, o horário só nos concedia três minutos avaros. O outro comboio já esperava, rente aos alpendres, impaciente e silvando. Uma sineta badalava com furor. E, sem mesmo atender às lindas moças que ali saracoteavam, aos bandos, afogueadas, de lenços flamejantes, o seio farto coberto de ouro, e a imagem do santo espetada no chapéu – corremos, empurramos, furamos, saltamos para o outro vagão, já reservado, marcado por um cartão com as iniciais de Jacinto. Imediatamente o trem rolou. Pensei então no nosso Grilo, nas trinta e sete malas! E debruçado da portinhola avistei ainda junto ao cunhal da estação, sob os eucaliptos, um monte de bagagens, e homens de boné agaloado que, diante delas, bracejavam com desespero. Murmurei, recaindo nas almofadas: – Que serviço! Jacinto, ao canto, sem descerrar os olhos, suspirou: – Que maçada! Toda uma hora deslizamos lentamente entre trigais e vinhedo; e ainda o sol batia nas vidraças, quente e poeirento, quando chegamos à estação de Gondim, onde o procurador de Jacinto, o excelente Sousa, nos devia esperar com cavalos para treparmos a serra até ao solar de Torges. Por trás do jardim da estação, todo florido também de rosas e margaridas, Jacinto reconheceu logo as suas carruagens, ainda empacotadas em lona. Mas quando nos apeamos no pequeno cais branco e fresco – só houve em torno de nós solidão e silêncio... Nem procurador, nem cavalos! O chefe da estação, a quem eu perguntara com ansiedade “se não aparecera ali o Sr. Sousa, se não conhecia o Sr. Sousa”, tirou afavelmente o seu boné de galão. Era um moço gordo e redondo, com cores de maçã camoesa19, que trazia sob o braço um volume de versos. “Conhecia perfeitamente o Sr. Sousa! Três semanas antes jogara ele a manilha com o Sr. Sousa! Nessa tarde, porém, infelizmente, não avistara o Sr. Sousa!” O comboio desaparecera por detrás das fragas altas que ali pendem sobre o rio. Um carregador enrolava o cigarro, assobiando. Rente da grade do jardim, uma velha, toda de negro, dormitava agachada no chão, diante de uma cesta de ovos. E o nosso Grilo, e as nossas bagagens?... O chefe encolheu risonhamente os ombros nédios. Todos os nossos bens tinham encalhado, decerto, naquela estação de roseiras brancas que tem um nome sonoro em ola. E nós ali estávamos, perdidos na serra agreste, sem procurador, sem cavalos, sem Grilo, sem malas. Para que esfiar miudamente o lance lamen­ tável? Ao pé da estação, numa quebrada da serra, havia um casal foreiro à quinta, onde al­ cançamos, para nos levarem e nos guiarem a Torges, uma égua lazarenta, um jumento branco, um rapaz e um podengo20. E aí começamos a trepar, enfastiadamente, estes caminhos agres­ tes – os mesmos, decerto, por onde vinham e iam, de monte a rio, os Jacintos do século XV. Mas, passada uma trêmula ponte de pau que galga um ribeiro todo quebrado por fragas (e onde abunda a truta adorável) os nossos males esqueceram, ante a inesperada, incomparável beleza daquela serra bendita. O divino artista que está nos Céus compusera, certamente, esse monte numa das suas manhãs de mais solene e bucólica inspiração. A grandeza era tanta como a graça... Dizer os vales fofos de verdura, os bosques quase sacros, os pomares cheirosos e em flor, a frescura das

águas cantantes, as ermidinhas branqueando nos altos, as rochas musgosas, o ar de uma doçura de Paraíso, toda a majestade e toda a lindeza – não é para mim, homem de pequena arte. Nem creio mesmo que fosse para mestre Horácio. Quem pode dizer a beleza das coisas, tão simples e inexprimível? Jacinto adiante, na égua tarda, murmurava: – Ah! que beleza! Eu atrás, no burro, com as pernas bambas, murmurava: – Ah! que beleza! Os espertos regatos riam, saltando de rocha em rocha. Finos ramos de arbustos floridos roçavam as nossas faces, com familiaridade e carinho. Muito tempo um melro nos seguiu, de choupo21 para castanheiro, assobiando os nossos louvores. Serra bem acolhedora e amável... Ah! que beleza! Por entre estes “Ahs!” maravilhados che­ gamos a uma avenida de faias, que nos pareceu clássica e nobre. Atirando uma nova vergada ao burro e à égua, o nosso rapaz, como o seu po­ dengo ao lado, gritava: – Aqui é que estemos! E ao fundo das faias havia com efeito um portão de quinta, que um escudo de armas de velha pedra, roída de musgo, grandemente afidalgava. Dentro já os cães ladravam com furor. E mal Jacinto, e eu atrás dele no burro de Sancho, transpusemos o limiar solarengo, correu para nós, do alto de uma escadaria, um homem branco, rapado como um clérigo, sem colete, sem jaleca, que erguia para o ar, num assombro, os braços esgazeados. Era o caseiro, o Zé Brás. E logo ali, nas pedras do pátio, entre o latir dos cães, surdiu uma tumultuosa história que o pobre Brás balbuciava, aturdido, e que enchia a face de Jacinto de lividez e de cólera. O caseiro não esperava Sua Excelência. Ninguém esperava Sua Excelência. (Ele dizia sua inselência.) O procurador, o Sr. Sousa, estava para a raia desde maio, a tratar a mãe que levara um coice de mula. E decerto houvera engano, cartas perdidas... Porque o Sr. Sousa só contava com Sua Excelência, em setembro, para a vindima. Na casa nenhuma obra começara. E infelizmente para Sua Excelência os telhados ainda estavam sem telhas, e as janelas sem vidraças... Cruzei os braços, num justo espanto. Mas os caixotes – esses caixotes remetidos para Torges, com tanta prudência, em abril, repletos de colchões, de regalos22, de civilização?... O caseiro, vago, sem compreender, arregalava os olhos miúdos, onde já bailavam lágrimas. Os caixotes?! Nada chegara, nada aparecera. E na sua perturbação o Zé Brás procurava entre as arcadas do pátio, nas algibeiras das pantalonas... Os caixotes? Não, não tinha os caixotes! Foi então que o cocheiro de Jacinto (que trouxera os cavalos e as carruagens) se acercou, gravemente. Esse era um civilizado – e acusou logo o governo. Já quando ele servia o senhor Visconde de S. Francisco se tinham assim perdido, por desleixo do governo, da cidade para a serra, dois caixotes com vinho velho da Madeira e roupa branca de senhora. Por isso ele, escarmentado, sem confiança na Nação, não largara as carruagens – e era tudo o que restava a Sua Excelência: o breque, a vitória, o cupê e os guizos. Somente, naquela rude montanha, não havia estradas onde elas rolassem. E como só podiam subir para a quinta em grandes carros de bois – ele lá as deixara em baixo, na estação, quietas, empacotadas na lona... Jacinto ficara plantado diante de mim, com as mãos nos bolsos: – E agora?

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Nada restava senão recolher, cear o caldo do Zé Brás, e dormir nas palhas que os fados nos concedessem. Subimos. A escadaria nobre conduzia a uma varanda, toda coberta, em alpendre, acompanhando a fachada do casarão e ornada, entre os seus grossos pilares de granito, por caixotes cheios de terra, em que floriam cravos. Colhi um cravo. Entramos. E o meu pobre Jacinto contemplou, enfim, as salas do seu solar! Eram enormes, com as altas paredes rebocadas a cal que o tempo e o abandono tinham enegrecido, e vazias desoladamente nuas, oferecendo apenas como vestígio de habitação e de vida, pelos cantos, algum monte de cestos ou algum molho de enxadas. Nos tetos remotos de carvalho negro alvejavam manchas – que era o céu já pálido do fim da tarde, surpreendido através dos buracos do telhado. Não restava uma vidraça. Por vezes, sob os nossos passos, uma tábua podre rangia e cedia. Paramos, enfim, na última, a mais vasta, onde havia duas arcas tulheiras para guardar o grão; e aí depusemos, melancolicamente, o que nos ficara de trinta e sete malas – os paletós alvadios, uma bengala e um Jornal da Tarde. Através das janelas desvidraçadas, por onde se avistavam copas de arvoredos e as serras azuis de além-rio, o ar entrava, montesino e largo, circulando plenamente como em um eirado, com aromas de pinheiro bravo. E lá de baixo, dos vales, subia, desgarrada e triste, uma voz de pegureira23 cantando. Jacinto balbuciou: – É horroroso! Eu murmurei: – É campestre! (continua no próximo número)

VOCABULÁRIO (1) férteis, fecundas, produtivas. (2) erva-doce. (3) profundo, cavernoso. (4) pele de cabra ou bode, tingida do lado da flor, já preparada para artefatos. (5) própria de abade. (6) disposição harmoniosa do tecido em deco­ ração ou no vestuário. (7) pequeno pedestal sobre o qual se assenta imagem, busto, etc. (8) saliência da parte mais alta da parede, onde assentam os beirais do telhado. (9) cortina para janelas, que se enrola e desen­ rola por meio de um mecanismo apropriado. (10) grade de ripas de madeira cruzadas inter­ valadamente, que ocupa o vão de uma janela. (11) sabre de folha curta e larga. (12) experiente, experimentado, escaldado. (13) bolhas provenientes de queimaduras. (14) extremidade carbonizada de torcida ou de mecha. (15) curvava. (16) repuxavam, fazendo dobras ou rugas em; puxavam. (17) que tem aspecto ou feitio de solar. (18) o mesmo que transbordo – baldeação. (19) variedade de pera ou maçã. (20) cão para caça de coelhos. (21) árvore de flores pequenas e casca rugosa e que fornece madeira alva, leve e macia; álamo. (22) presentes, prazeres, gostos, alegrias. (23) pastora.


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ARTIGO

Teatro brasileiro Nelson Rodrigues (1912-1980)

N

elson Rodrigues tornou-se um dos principais dramaturgos do Brasil ao ter sua peça Vestido de noiva levada aos palcos cariocas pelas mãos do diretor polonês Ziembinski em 1943. Foi com ele que o teatro brasileiro ganhou maioridade e entrou efetivamente na modernidade. Ainda muito jovem, iniciou-se no jornalismo em A manhã e A crítica, jornais sensacio­ nalistas de seu pai, Mário Rodrigues. Uma tra­ gédia familiar – o assassínio, na redação de A crítica, de seu irmão Roberto – e outra pes­soal, a tuberculose, deixariam para sempre marcas em sua personalidade e sua obra. Em 1942, estreou a primeira de suas peças, A mulher sem pecado, escrita no ano anterior. Com Vestido de noiva, alcançou fama e, desde então, tornou-se o mais contraditório e pa­ radoxal teatrólogo do Brasil. Afirmava-se rea­cionário e

conservador, mas suas obras pro­ vocavam reações adversas no público e na crítica por tratar de temas polêmicos como adultérios, incestos, morte, dentre outros te­mas tabus. A estrutura de suas peças, ao contrário do teatro que se fazia até então, é aberta, justapondo diversos tempos e situações para traduzir uma visão mais dinâmica da realidade. A linguagem viva e coloquial é transposta diretamente da classe média carioca, principalmente do subúrbio.

Da obra de Nelson Rodrigues, Arnaldo Jabor ex­ traiu o filme Toda nudez será castigada.

Com cenário sofisticado, a montagem de Boni­ tinha, mas ordinária traz Nelson Rodrigues de volta ao palco brasileiro.

Nelson Rodrigues recria com acuidade e crueza um quotidiano pequeno-burguês e carioca, através do qual o moralista expõe a natureza humana, com raro domínio do trágico e do grotesco, transmitindo uma visão de mundo quase sempre pessimista e desesperada. O rol de suas peças inclui grande parte do que de melhor se fez no teatro brasileiro em quase quarenta anos: além das citadas, Álbum de família (1946), Anjo negro (1947), Senhora dos afogados (1947), Doroteia (1949), Valsa no 6

(1951), A falecida (1953), Perdoa-me por me traíres (1957), Viúva, porém honesta (1957), Os sete gatinhos (1958), Boca de ouro (1959), Beijo no asfalto (1960), Oto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária (1962), Toda nudez será castigada (1965), Anti-Nelson Rodrigues (1973) e A serpente (1978). Entre os muitos filmes baseados em obras suas podem ser citados Boca de ouro (Nelson Pereira dos Santos, 1962), Asfalto selvagem (J. B. Tanko, 1964), A falecida (Leon Hirzsman, 1965), Toda nudez será castigada (Arnaldo Jabor, 1973), A dama do lotação (Neville D’Almeida, 1978), Bonitinha, mas ordinária (Braz Chediak, 1980), Engraçadinha (Haroldo Marinho Barbosa, 1981), Perdoa-me por me traíres (Braz Chediak, 1983) e Boca de ouro (Válter Avancini, 1990). Entre as transposições de obras suas para a televisão, merece des­ taque Engraçadinha (TV Globo, 1995). “Eu devia ter uns 7 anos. A professora sempre mandava a gente fazer compo­ sição sobre estampa de vaca, estampa de pintinho. Uma vez ela disse: ‘Hoje cada um vai fazer uma his­ tória da própria cabe­ ça’. Foi nesse momento que eu comecei a ser Nelson Rodrigues. Porque escrevi uma história tremenda, de adultério.” Playboy, nov./1979.

Telescópios investigam relação entre ciclo do Sol e clima Por Diego Freire

P

esquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universi­ dade Federal Fluminense (UFF) cons­ truíram dois telescópios que vão funcionar de forma sincronizada na detecção contínua de partículas derivadas da radiação do Sol para investigar possíveis relações entre os ciclos solares e as variações climáticas da Terra. O trabalho é resultado da pesquisa “Detec­ ção e estudo de eventos solares transientes e variação climática”, realizada no âmbito de um acordo de cooperação entre a FAPESP e a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) que tem como objetivo apoiar projetos cooperativos e intercâmbio de pesquisa­dores

e estudantes em áreas ligadas às mudanças climáticas globais. De acordo com o coordenador da pesquisa na Unicamp, Anderson Campos Fauth, pro­ fessor associado do Instituto de Física Gleb Wataghin, já se sabe que os ciclos solares e suas flutuações apresentam alguma relação com a intensidade com que os raios cósmicos atingem a Terra, apesar de não serem considerados uma das principais causas das mudanças climáticas globais. “Não existe um consenso sobre o me­ canismo que relaciona a atividade solar e as mudanças climáticas. Há uma hipótese de que o aumento do fluxo de raios cósmicos pode estar associado ao surgimento de nu­

vens baixas, que globalmente exercem um efeito de resfriamento e, nas regiões polares, onde a incidência da radiação solar é baixa, têm impacto contrário, provocando aque­ cimento”, disse. Fauth explica que cientistas têm observado que certos fenômenos climáticos – oceanos mais quentes, maior quantidade de chuvas tropicais, menos nuvens subtropicais, cir­ culação mais intensa de ventos – parecem estar em parte associados ao ciclo de ativi­ dade solar, que dura em média 11 anos. “Entretanto, esses estudos estão em fase inicial e é necessário fazer novas observações das radiações emitidas pelo Sol, princi­ palmente quando surgem atividades como as


ARTIGO explosões solares, e monitorar suas variações sazonais”, ponderou. Diante disso, o trabalho da Unicamp e da UFF com os telescópios foca em um dos sinais do ciclo solar: a presença e o compor­ tamento das partículas múons na atmosfera terrestre. O múon é a mais abundante partícula com carga elétrica presente na superfície da Terra, representando cerca de 80% dos raios cósmi­ cos com carga elétrica em altitudes próximas ao nível do mar. A cada segundo surgem, apro­ ximadamente, 140 múons por metro quadrado. O fato de a partícula quase sempre possuir trajetória retilínea facilita sua de­ tecção com um arranjo de pou­ cos detectores. “Essas partículas permitem estu­ dar os eventos solares em uma região de energia que os satélites e os monitores de nêutrons posicio­ nados na superfí­ cie terrestre não observam”, expli­ Equipamentos serão sin­ cronizados para monitorar cou Fauth. a atividade solar de forma O ano de 2014 ininterrupta e registrar iné propício à de­ formações que podem ser tecção de múons associadas à variação cli­ pelos telescópios mática.

da Unicamp e da UFF. Ao longo deste período, o ciclo atual do Sol atinge sua máxima ativi­ dade: o número de manchas solares observa­ das aumenta consideravelmente e os flares – explosões que ocorrem na superfície do Sol – irrompem com grande intensidade, libertando milhões de toneladas de gás magnetizado. Além disso, Campinas e Niterói, onde os telescópios estão instalados, têm localização privilegiada para a detecção de partículas de­ rivadas da radiação solar, pois estão próximas à região central da Anomalia Magnética do Atlântico Sul (SAA, da sigla em inglês), onde a resistência magnética para entrada de par­ tículas carre­gadas vindas do espaço é muito baixa. A maioria dos detectores de partículas solares energéticas está instalada próximo às regiões dos polos porque, nas outras re­ giões, o campo magnético da Terra desvia as partículas carregadas. Mas na região da SAA há uma intensidade magnética muito inferior, uma espécie de buraco na magnetosfera que se comporta como um funil.

Muonca O telescópio construído na Unicamp, que recebeu o nome Muonca, iniciou em abril a tomada de dados contínua, utilizando quatro detectores de partículas. Os detectores da UFF entraram em funcionamento em junho, no modo monitor – quando se realiza a contagem dos múons, sem determinar ainda sua direção de chegada.

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O Muonca utiliza quatro detectores de partículas idênticos. A partícula múon, ao atravessar o cintilador do detector, produz uma luz que permite o registro de sua passagem. Um computador é utilizado no sistema de aquisição de dados, e as informações brutas são registradas em arquivos diários. O telescópio da Unicamp foi construído em dois anos, incluindo o tempo para os processos de importação, realização dos projetos, desenhos técnicos das peças, execução por técnicos da universidade e de empresas privadas, montagem por membros do grupo de pesquisa, desenvolvimento do software de aquisição de dados e calibração dos detectores, além da programação dos códigos de análise dos dados. O experimento opera continuamente, 24 horas por dia, e os pesquisadores desenvolvem agora um sistema que alerte por e-mail e SMS quando ocorrer algum problema ou possível evento solar na aquisição dos dados. Recentemente, os detectores instalados em Campinas e Niterói registraram simul­ taneamente uma tempestade geomagnética. De acordo com Fauth, os dados estão sendo avaliados para publicação e os primeiros re­ sultados conjuntos dos dois telescópios serão apresentados em setembro no 34o Encontro Nacional de Física de Partículas e Campos, organizado pela Sociedade Brasileira de Física em Caxambu (MG). Extraído de: Agência FAPESP – Divulgando a cultura científica, jul./2014.

POIS É, POESIA

Fernando Pessoa (Alberto Caeiro) XXXI

S

e às vezes digo que as flores sorriem E se eu disser que os rios cantam, Não é porque eu julgue que há sorrisos nas [flores E cantos no correr dos rios... É porque assim faço mais sentir aos homens [falsos A existência verdadeiramente real das flores e [dos rios. Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me [às vezes À sua estupidez de sentidos... Não concordo comigo mas absolvo-me, Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da [Natureza, Porque há homens que não percebem a sua [linguagem, Por ela não ser linguagem nenhuma.

XVIII

Q

uem me dera que eu fosse o pó da estrada E que os pés dos pobres me estivessem [pisando... Quem me dera que eu fosse os rios que correm E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à [margem do rio E tivesse só o céu por cima e a água por baixo... Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro E que ele me batesse e me estimasse... Antes isso que ser o que atravessa a vida Olhando para trás de si e tendo pena...

XII

O s pastores de Virgílio tocavam avenas e

[outras cousas E cantavam de amor literariamente. (Depois – eu nunca li Virgílio. Para que o havia eu de ler?) Mas os pastores de Virgílio, coitados, são [Virgílio, E a Natureza é bela e antiga.

IX

S

ou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos

E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido. Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto. E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz.

XXXIII

Pobres das flores nos canteiros dos jardins

[regulares. Parecem ter medo da polícia... Mas tão boas que florescem do mesmo modo E têm o mesmo sorriso antigo Que tiveram para o primeiro olhar do [primeiro homem Que as viu aparecidas e lhes tocou levemente Para ver se elas falavam... Extraído de: Poemas completos de Alberto Caeiro. In: Obra poética, Ed. Aguilar, 1965.


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(ENTRE PARÊNTESIS)

Árvores (Fuvest) Uma floresta tem 1 000 000 de árvores. Nenhuma árvore tem mais de 300 000 folhas. Pode-se concluir que: a) existem na floresta árvores com números de folhas distintos. b) existem na floresta árvores com uma só folha. c) existem na floresta árvores com o mesmo número de folhas.

d) o número médio de folhas por árvore é 150 000. e) o número total de folhas na floresta pode ser maior que 1012.

RESPOSTA alternativa C O número máximo de folhas por árvore é 300 000. Se todas as árvores tivessem números distintos de folhas, deveríamos ter, no máximo, 300 001 árvores. Como há 1 000 000 delas, existem necessariamente árvores com mesmo número de folhas.

SERVIÇO DE VESTIBULAR Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Período de inscrição: até 5 de outubro de 2014. Pessoalmente ou via internet. Ende­ reço da fa­culdade: Rua São Francisco Xavier, 524 – Mara­ canã – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 20550-900 – Fone: (21) 2334-0000. Requisito: taxa de R$ 90,00. Cursos e vagas: consultar site www.vestibular.uerj.br Exame: dia 30 de novembro de 2014.

Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) Período de inscrição: até 15 de outubro de 2014. Somente via internet. Endereço da fa­ culdade: Rua Ita peva, 432 – Bela Vista – São Paulo – SP – CEP: 01332-000 – Fone: 0800-770-0423. Requisito: taxa de R$ 150,00. Cursos e vagas: consultar site www.fgv.br/processoseletivo Exames: • Administração de Empresas e Administra­ ção Pública: dia 14 de dezembro de 2014. • Direito: 1ª fase: 20 e 23 de novembro de 2014. 2ª fase: 15 a 19 de dezembro de 2014. • Economia: 1ª fase: 23 de novembro de 2014. 2ª fase: 7 de dezembro de 2014.

Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Período de inscrição: até 13 de outubro de 2014. Somente via internet. Endereço da faculdade: Rua Quatá, 300 – Vila Olímpia – São Paulo – SP – CEP: 04546-042 – Fone: (11) 4504-2649. Requisito: taxa de R$ 200,00. Cursos e vagas: consultar site insper.edu.br/vestibular Exame: dia 2 de novembro de 2014.

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) Período de inscrição: até 15 de outubro de 2014. Somente via internet. Endereço da fa­ cul­dade: Rua Universitária, 1 619 – Jardim Uni­ versitário – Cascavel – PR – CEP: 85819-110 – Fone: (45) 3220-3000. Requisito: taxa de R$ 110,00.

Cursos e vagas: consultar site www.unioeste.br/vestibular Exame: dias 23 e 24 de novembro de 2014. Leituras obrigatórias: • Chove sobre minha infância – Miguel Sanches Neto. • Terras do sem-fim – Jorge Amado. • Senhora – José de Alencar.

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) Período de inscrição: até 8 de outubro de 2014. Somente via internet. Endereço da fa­ culdade: Avenida Amazonas, 5 253 – Nova Suí­ ça – Belo Horizonte – MG – CEP: 30480-000 – Fone: (31) 3319-7033. Requisito: taxa de R$ 90,00. Cursos e vagas: consultar site www.copeve.cefetmg.br Exames: dias 22 e 23 de novembro de 2014.

Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) Período de inscrição: até 6 de outubro de 2014. Somente via internet. Endereço da faculdade: Rodovia Pref. Américo Gianetti, 4 143 – Edifício Minas – Belo Horizonte – MG – CEP: 31630-900 – Fone: (31) 3916-0471. Requisito: taxa de R$ 125,00. Cursos e vagas: consultar site www.uemg.br/vestibular Exame: dia 30 de novembro de 2014. Leituras obrigatórias: • Você verá – Luiz Vilela. • O tempo é um rio que corre – Lya Luft.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Período de inscrição: até 13 de outubro de 2014. Somente via internet. Endereço da facul­ dade: Avenida Paulo Gama, 110 – Farropilhas – Porto Alegre – RS – CEP: 90040-060 – Fone: (51) 3308-6000. Requisito: taxa de R$ 110,00. Cursos e vagas: consultar site www.vestibular.ufrgs.br Exames: dias 4, 5, 6 e 7 de janeiro de 2015. Leituras obrigatórias: • A noite das mulheres cantoras – Lídia Jorge. • O amor de Pedro por João – Tabajara Ruas.

• Dançar tango em Porto Alegre – Sergio Faraco. • Terras do sem-fim – Jorge Amado. • Boca de ouro – Nelson Rodrigues. • As parceiras – Lya Luft. • O guardador de rebanhos – Alberto Caeiro. • Memórias de um sargento de milícias – Manuel Antônio de Almeida. • Esaú e Jacó – Machado de Assis.

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) Período de inscrição: até 15 de outubro de 2014. Somente via internet. Endereço da fa­ cul­ dade: Estrada do Bem-Querer, km 4 – Cam­pus Universitário – Vitória da Conquista – BA – CEP: 45083-900 – Fone: (77) 3424-8757/ 8607. Requisito: taxa de R$ 85,00. Cursos e vagas: consultar site www.uesb.br/vestibular Exame: dias 7, 8 e 9 de dezembro de 2014. Leituras obrigatórias: • Triste fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto. • Sagarana – João Guimarães Rosa. • Clepsidra – Camilo Pessanha.

Escola Superior de Engenharia e Gestão (Eseg) Período de inscrição: até 31 de outubro de 2014. Somente via internet. Endereço da faculdade: da Rua Vergueiro, 1 951 – Vila Mariana – São Paulo – SP – CEP: 04101-000 – Fone: 0800-723-23-33. Requisito: taxa de R$ 45,00. Cursos e vagas: consultar site www.eseg.edu.br Exame: dia 1o de novembro de 2014.

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) Período de inscrição: até 8 de outubro de 2014. Somente via internet. Endereço da faculdade: Avenida Dom José Gaspar, 500 – Coração Euca­rístico – Belo Horizonte – MG – CEP: 30535-901 – Fone: (31) 3319-4444. Requisito: taxa de R$ 105,00. Cursos e vagas: consultar site www.pucminas.br Exame: dia 19 de outubro de 2014.


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